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1 Trabalho de Cana de Açúcar “No Mundo, no Brasil, no Nordeste, em Pernambuco.”

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Trabalho de

Cana de Açúcar

“No Mundo, no Brasil, no Nordeste, em Pernambuco.”

CODAI – COLÉGIO DOM AGOSTINHO IKAS

ALUNO: JOSÉ ANTÔNIO SIRINO PACHECO/ MANHÃ

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Sumário

Cana de Açúcar no Mundo-------------- Pag. 01 a 16

Cana de Açúcar no Brasil---------------- Pag. 17 a 19

Cana de Açúcar no Nordeste----------- Pag. 20 a 23

Cana de Açúcar em Pernambuco----- Pag. 24 a 31

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A cana-de-açúcar no mundo

A palavra que originou o nome açúcar é, provavelmente, 'grão', 'sarkar', em sânscrito. No leste da Índia, o açúcar era chamado 'shekar', enquanto os povos árabes o conheciam como 'al zucar', que se transformou no espanhol 'azucar', e daí, 'açúcar', em português. Na França, o açúcar é chamado de 'sucre' e, na Alemanha, de 'zücker', daí o inglês 'sugar'.

Não se pode definir com precisão a época do surgimento da cana-de-açúcar no mundo, tampouco dizer, com exatidão, seu berço geográfico. Alguns pesquisadores admitem que a cana-de-açúcar tenha surgido primeiramente na Polinésia; outros arriscam a Papua Nova Guiné. Para esses estudiosos, a primeira aparição da cana no mundo se deu há 6 mil anos. A maior parte dos historiadores, porém, aceita a tese de surgimento da cana entre 10 e 12 mil anos atrás e data em 3.0 a.C. o caminho percorrido pela cana da Península Malaia e Indochina até a Baía de Bengala. A origem asiática da planta é consensual. A cana foi introduzida na China por volta de 800 a.C. e o açúcar cru já era produzido em 400 a.C. Porém, só a partir de 700 d.C. o produto começou a ser comercializado.

A cana e o seu doce caldo foram mantidos em segredo, já que os povos distantes do comércio entre os asiáticos pagavam altas somas em troca de produtos luxuosos. E o açúcar era um deles. A comercialização do açúcar a partir de 700 enriqueceu os árabes e o produto da cana entrou na lista de preciosidades a que os países ocidentais quase não tinham acesso. A cana continuou sua viagem rumo ao Ocidente, passando pela África do Norte até alcançar o Marrocos. Depois, sul da Espanha, por volta de 755, e à Sicília em 950. O primeiro registro da chegada do açúcar na Inglaterra é de 1099 e, em 1150 a Espanha já investia

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em uma florescente indústria canavieira. Em 1319, um quilo de açúcar valia, aproximadamente, US$ 100. Isso manteveo status de artigo de luxo atribuído ao produto da cana e, mais tarde, motivou o aproveitamento de colônias conquistadas para a implantação de cultivares da cana-de-açúcar.

Em 1425, D. Henrique (Príncipe Português) mandou buscar na Sicília as primeiras mudas de cana, que plantou na Ilha da Madeira. Começou, assim, a formação dos primeiros canaviais do Atlântico, que chegaram às Canárias (1480), Cabo Verde (1490) e Açores.

Metrópoles européias, o refino do açúcar ainda era um entrave.

No século XV, todo o açúcar produzido na Europa, era refinado em Veneza e isso anulava a possibilidade de diminuição de custos de transporte.

No Novo Mundo , a primeira inserção da cana deveu-se a Cristóvão Colombo, levada em sua segunda viagem marítima, em 1493, e plantada na República Dominicana, na ilha de La Española, e no Haiti. Daí, a gramínea expandiu-se para Cuba (1516) e México (1520). O primeiro engenho do continente foi instalado em La Española, em 1516.

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A cana chegou ao Brasil por ordem do rei D. Manuel, introduzida na Capitania de SãoVicente pelo governador-geral Martim Afonso de Souza, em 1532, tornando-se a primeira atividade agrícola do País. A cana também se adaptou bem ao clima e ao solo de massapé nordestino, com a vantagem de contar com a produção mais próxima do mercado consumidor europeu.

Em 1600, as lavouras e indústrias da cana do Novo Mundo já haviam se tornado o investimento mais lucrativo do globo e o Brasil tornou-se o maior produtor de açúcar do mundo. Em 1613, o novo engenho de três cilindros foi implantado no Brasil, o que consolidou a posição de liderança como produtor e a liderança comercial da metrópole.

A cultura da cana, foi introduzida na Louisiana, em 1751; no Havaí, em 1802; e na Austrália, em 1823. Também foram criadas outras técnicas de extração, e a descoberta de mais uma função para a cana, ou melhor, para o seu bagaço, em 1838, na Martinica, a produção de papel.

A cana-de-açúcar é, talvez, o único produto de origem agrícola destinado à alimentação que ao longo dos séculos foi alvo de disputas e conquistas, mobilizando homens e nações. A planta que dá origem ao produto encontrou lugar ideal no Brasil. Durante o Império, o país dependeu basicamente do cultivo da cana e da exportação do açúcar. Calcula-se que naquele período da história, a exportação do açúcar rendeu ao Brasil cinco vezes mais que as divisas proporcionadas por todos os outros produtos agrícolas destinados ao mercado externo. 

Foi na Nova Guiné que o homem teve o primeiro contato com a cana-de-açúcar. De lá, a planta foi para a Índia. No "Atharvaveda", o livro dos Vedas, há um trecho curioso:

"Esta planta brotou do mel; com mel a arrancamos; nasceu a doçura.....Eu te enlaço com uma grinalda de cana-de-

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açúcar, para que me não sejas esquiva, para que te enamores de mim, para que não me sejas infiel". A palavra "açúcar" é derivado de "shakkar" ou açúcar em sânscrito, antiga língua da Índia. 

Desconhecida no Ocidente, a cana-de-açúcar foi observada por alguns generais de Alexandre, o Grande, em 327 a.C e mais tarde, no século XI, durante as Cruzadas. Os árabes introduziram seu cultivo no Egito no século X e pelo Mar Mediterrâneo, em Chipre, na Sicília e na Espanha. Credita-se aos egípcios odesenvolvimento do processo de clarificação do caldo da cana e um açúcar de alta qualidade para a época. 

O açúcar era consumido por reis e nobres na Europa, que a adquiriam de mercadores monopolistas, que mantinham relações comerciais com o Oriente, a fonte de abastecimento do produto. Por ser fonte de energia para o organismo, os médicosforneciam açúcar em grãos para a recuperação ou alívio dos moribundos. No início do século XIV, há registros de comercialização de açúcar por quantias que hoje seriam equivalentes R$ 200,00/kg. Por isso, quantidades de açúcar eram registradas em testamento por reis e nobres. 

A Europa rumava para uma nova fase histórica, o Renascimento, com a ascensão do comércio, entre outras atividades. O comércio era feito por vias marítimas, pois os senhores feudais cobravam altos tributos pelos comboios que passavam pelas suas terras ou, simplesmente, incentivavam o saque de mercadorias. Portugal, por sua posição geográfica, era passagem obrigatória para as naus carregadas de mercadorias. Isso estimulou a introdução da cana-de-açúcar na Ilha da Madeira (Portugal), que foi o laboratório para a cultura de cana e de produção de açúcar que mais tarde se expandiria com a descoberta

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daAmérica. 

Cristóvão Colombo, genro de um grande produtor de açúcar na Ilha Madeira, introduziu o plantio da cana na América, em sua segunda viagem ao continente, em 1493, onde hoje é a República Dominicana. Quando os espanhóis descobriram o ouro e a prata das civilizações Azetca e Inca, no início do século XVI, o cultivo da cana e a produçãode açúcar foramesquecidos. 

Oficialmente, foi Martim Affonso de Souza que em 1532 trouxe a primeira muda de canaao Brasil e iniciou seu cultivo na Capitania de São Vicente. Lá, ele próprio construiu o primeiro engenho de açúcar. Mas foi no Nordeste, principalmente nas Capitanias de Pernambuco e da Bahia, que os engenhos de açúcar se multiplicaram. 

Depois de várias dificuldades, após 50 anos, o Brasil passou a monopolizar a produção mundial açúcar. Portugal e Holanda, que comercializavam o produto, tinham uma elevada lucratividade. A Europa enriquecida pelo ouro e prata do Novo Mundo passou a ser grande consumidora de açúcar. As regiões produtoras, especialmente as cidades de Salvador e Olinda prosperaram rapidamente. As refinarias se multiplicavam na Europa, a ponto de Portugal proibir novas centrais de refino em 1559 devido ao grande consumo de lenha e insumos para a clarificação do caldo (clara de ovos, sangue de boi, ossos e gordura de galinha). 

No ano de 1578 Portugal foi anexado pela Espanha. O rei espanhol, Felipe II, católico fervoroso, se opunha duramente à Holanda e Inglaterra, países protestantes.

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O comércio da Holanda entrou em colapso e em 1630 os holandeses invadiram o Brasil permanecendo em Pernambuco até 1654, quando foram expulsos. Para diminuir a dependência do açúcar brasileiro, os holandeses iniciaram a produção açucareira no Caribe e mais tarde os próprios ingleses e franceses fizeram o mesmo em suas colônias, acabando com o monopólio do açúcar brasileiro. 

A descoberta do ouro no final do século XVII nas Minas Gerais retirou do açúcar o primeiro lugar na geração de riquezas, cuja produção se retraiu até o final do século XIX. Mesmo assim, no período do Brasil Império de (1500-1822) a renda obtida pelo comércio do açúcar atingiu quase duas vezes à do ouro e quase cinco vezes à de todos os outros produtos agrícolas juntos, tais como café, algodão, madeiras,etc. 

A partir do início do século XVIII a produção nas ilhas do Caribe e nas Antilhas cresceu e o Brasil perdeu posições na produção mundial deaçúcar. Inglaterra e França disputavam em suas colônias os primeiros lugares na produção. A Inglaterra já era uma grande potência naval. Os holandeses perderam pontos estratégicos no comércio de açúcar. O Haiti, colônia francesa no Caribe, era o maior produtormundial. 

As 13 colônias americanas, que mais tarde deram origem aos EUA, lutavam com dificuldade, apesar de um comércio crescente com as colônias produtoras de açúcar no Caribe e nas Antilhas. Em contrapartida compravam melaço, matéria-prima para o rum, que forneciam à marinha inglesa. Esse comércio era ignorado pelos ingleses e concorreu para o fortalecimento econômico das colônias americanas. Estes fatores foram decisivos não só para a independência das 13 colônias, mas também para o surgimento da grande nação da América do Norte. 

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Os ingleses tomaram Cuba dos espanhóis em 1760, dobraram o número de escravos e fizeram da ilha um dos maiores produtores mundiais de açúcar. Em 1791, uma

revolução de escravos no Haiti aniquilou completamente sua produção de açúcar e os franceses expulsos foram para a Louisiana, dando início à indústria açucareira norte-americana. O Brasil não estava no centro dos acontecimentos mas continuava entre os cinco maiores produtores. 

No início do século XIX, Napoleão dominava a Europa. Seus inimigos, os ingleses, promoveram o bloqueio continental em 1806, graças ao seu maior poder naval. Impedido de receber o açúcar de suas colônias ou de outros lugares além-mar, Napoleão incentivou a produção de açúcar a partir da beterraba, graças à técnica desenvolvida por Andrés Marggraf, químico prussiano, em 1747. Assim, finalmente, a Europa não dependeria mais da importação de açúcar de outros continentes. Por outro lado, em plena revolução industrial, o uso de novas máquinas, técnicas e equipamentos possibilitaram às novas indústrias tanto de beterraba, como decana, um novo patamar tecnológico de produção e eficiência, impossível de ser atingido pelos engenhos tradicionais. 

Aliado a esses fatores, o fim da escravatura sepultava definitivamente o modelo de produção de quatro séculos. Enquanto as modernas fábricas se multiplicavam e novas regiões produtoras surgiam, como a África do Sul, Ilhas Maurício e Reunião, Austrália e em colônias inglesas, francesas ou holandesas, no Brasil os engenhos tradicionais persistiam, ainda que agonizantes. Somente na metade do século XIX é que medidas para reverter essa situação começaram a ser tomadas. 

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O imperador do Brasil, D. Pedro II, era um entusiasta das novas tecnologias e em 1857 foi elaborado um programa de modernização da produção deaçúcar. Assim surgiram os Engenhos Centrais, que deveriam somente moer a cana e processar o açúcar, ficando o cultivo por conta dos fornecedores. Nessa época, Cuba liderava a produção mundial de açúcar de cana com 25% do total e o açúcar de beterraba produzido no Europa e EUA significava 36% da produção mundial. O Brasil contribuía com apenas 5% de um total de 2.640.000 toneladas em 1874. 

Foram aprovados 87 Engenhos Centrais, mas só 12 foram implantados. O primeiro deles, Quissamã, na região de Campos, entrou em operação em 1877 e está em atividade até hoje. Mas a maioria não teve a mesma sorte. O desconhecimento dos novos equipamentos, a falta de interesse dos fornecedores, que preferiam produzir aguardente ou mesmo açúcar pelos velhos métodos, e outras dificuldades contribuíram para a derrocada dos EngenhosCentrais. 

Os próprios fornecedores dos equipamentos acabaram por adquiri-los e montar suas indústrias de processamento de açúcar. A maioria das novas indústrias estava no Nordeste e em São Paulo e passaram a ser chamadas de "usinas de açúcar". Apesar da novidade, o açúcar derivado da cana não fazia frente ao de beterraba (em 1900 ultrapassava mais de 50% da produção mundial). 

A 1ª Grande Guerra, iniciada em 1914, devastou a indústria de açúcar européia. Esse fato provocou um aumento do preço do produto no mercado mundial e incentivou a construção de novas usinas no Brasil, notadamente em São Paulo, onde muitos fazendeiros de café desejavam diversificar seu perfil de produção. No final do século XIX, o Brasil vivia a euforia do café (70%

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da produção mundial estavam aqui). Após a abolição da escravatura, o governo brasileiro incentivou a vinda de europeus para suprir a mão-de-obra necessária às fazendas de café, no interior paulista. Os imigrantes, de maioria italiana, adquiriram terra e grande parte optou pela produção de aguardente a partir da cana. Inúmeros engenhos se concentraram nas regiões de Campinas, Itu, Moji-Guaçu e Piracicaba. Mais ao norte do estado, nas vizinhanças de Ribeirão Preto, novos engenhos também se formaram. 

Na virada do século, com terras menos adequadas ao café, Piracicaba, cuja região possuía três dos maiores Engenhos Centrais do estado e usinas de porte, rapidamente se tornou o maior centro produtor de açúcar de São Paulo. A partir da década de 10, impulsionados pelo crescimento da economia paulista, os engenhos de aguardente foram rapidamente se transformando em usinas de açúcar, dando origem aos grupos produtores mais tradicionais do estado naatualidade. 

Foi nessa época, 1910, que Pedro Morganti, os irmãos Carbone e outros pequenos refinadores formaram a Cia. União dos Refinadores, uma das primeiras refinarias de grande porte do Brasil. Em 1920, um imigrante italiano com experiência em usinas deaçúcar, fundou em Piracicaba uma oficina mecânica que logo depois se transformaria na primeira fábrica de equipamentos para a produção de açúcar no Brasil. Esse pioneiro era Mario Dedini. 

Essa expansão da produção também ocorria no Nordeste, concentrada em Pernambuco e Alagoas. As usinas nordestinas eram responsáveis por toda a exportação brasileira e ainda complementavam a demanda dos estados do sul. A produção do Nordeste somada à de Campos, no norte fluminense, e a rápida expansão das

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usinas paulistas acenavam para um risco eminente: a superprodução. Para controlar a produção surgiu o IAA (Instituto do Açúcar e Álcool), criado pelo governo Vargas em 1933. O IAA adotou o regime de cotas, que atribuía a cada usina uma quantidade de canaa ser moída, a produção de açúcar e também a de álcool. A aquisição de novos equipamentos ou a modificação dos existentes também precisavam de autorização do IAA. 

Por ocasião da 2ª Guerra Mundial, com o risco representado pelos submarinos alemães à navegação na costa brasileira, as usinas paulistas reivindicaram o aumento da produção para que não houvesse o desabastecimento dos Estados do sul. A solicitação foi aceita e nos dez anos subseqüentes os paulistas multiplicaram por quase seis vezes sua produção. No início da década de 50, São Paulo ultrapassou a produção do Nordeste, quebrando uma hegemonia de mais de 400 anos. 

Desde a 2ª Guerra Mundial, os esforços da indústria açucareira brasileira se concentraram na multiplicação da capacidade produtiva. As constantes alterações na cotação do açúcar no mercado internacional e os equipamentos obsoletos forçaram uma mudança de atitude para a manutenção da rentabilidade. Coube à Copersucar - cooperativa formada em 1959 por mais de uma centena de produtores paulistas para a defesa de seus preços de comercialização - a iniciativa de buscar novas tecnologias para o setor. A indústria açucareira da Austrália e a África do Sul representavam o modelo de modernidade desejada. Do país africano vieram vários equipamentos modernos. Na agricultura, a busca por novas variedades de cana mais produtivas e mais resistentes às pragas e doenças, iniciada em 1926, por ocasião da infestação dos canaviais pelo mosaico, foi também intensificada e teve início o controle

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biológico de pragas. Entidades como Copersucar, o IAC (Instituto Agronômico de Campinas) e o IAA-Planalçucar foram responsáveis por esses avanços. Esse período de renovação culminou com a elevação dos preços do açúcar no mercado internacional que atingiram a marca histórica de mais de US$ 1000.00 a tonelada. 

Com os recursos decorrentes desse aumento de preço foi criado pelo IAA o Funproçucar que financiou em 1973 a modernização das indústrias e a maioria das usinas foi totalmente remodelada. Esses fatos foram de importância fundamental para o próprio Brasil enfrentar as crises do petróleo que se seguiram a partir de 1973, através do Proálcool. Esse programa de incentivo à produção e uso do álcool como combustível em substituição à gasolina, criado em 1975, alavancou o desenvolvimento de novas regiões produtoras como o Paraná, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em menos de cinco anos a produção de pouco mais de 300 milhões de litros ultrapassou a cifra de 11 bilhões de litros, caracterizando o Proálcool como o maior programa de energia renovável já estabelecido em termos mundiais, economizando mais de US$ 30 bilhões emdivisas. 

No final da década de 70, apareceram os adoçantes sintéticos, com amplas campanhas publicitárias, para concorrer com o açúcar. Paralelamente nos EUA, o principal mercado consumidor de açúcar, desenvolveu-se a produção de xaropes de frutose, obtidos a partir do milho, para uso industrial, substituindo o açúcar em alimentos e refrigerantes. No início da década de 80, o xarope de frutose ocupou mais de 50% do mercado que originalmente era do açúcar. Nos dias de hoje, praticamente 70% do milho produzido nos EUA, que também é o maior produtor mundial desse cereal, é destinado à produção de xarope de frutose e álcool combustível, elevando os EUA à condição

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de segundo maior produtor mundial de álcool (7 bilhões de litros). Esses novos produtos, suas campanhas e o pequeno incremento na demanda mundial, derrubaram o preço doaçúcar a patamares poucas vezes igualado na históriarecente.

As usinas brasileiras se beneficiaram porque possuíam o álcool como salvaguarda. Apesar das dificuldades, da globalização, da rápida mudança de paradigmas a que está submetida, a indústria açucareira brasileira continua em expansão. Sua produção no final do milênio chegou a 300.000.000 de toneladas de cana moída/ano em pouco mais de 300 unidades produtoras; 17 milhões de toneladas de açúcar e 13 bilhões de litros de álcool. A procura por diferenciação e produtos com maior valor agregado é constante. Novos sistemas de administração e participação no mercado são rapidamente incorporados. O setor não mais se acomoda à resignação do passado e busca novas alternativas, como a co-geração de energia elétrica.

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Cana de açúcar no Brasil

As primeiras mudas chegaram em 1532, na expedição de Martim Afonso de Souza. Aqui, a planta espalhou-se no solo fértil de massapê, com a ajuda do clima tropical quente e úmido e da mão-de-obra escrava trazida da África. Era o início do primeiro ciclo econômico brasileiro, o 'Ciclo da Cana-de-Açúcar'. A colônia enriqueceu Portugal e polvilhou o açúcar brasileiro - assim como aquele produzido na América Central, por franceses, espanhóis e ingleses - em toda a Europa.

A capitania mais importante na época do ciclo da cana era a de Pernambuco, onde foi implantado o primeiro centro açucareiro do Brasil. Depois a Capitania da Bahia de Todos os Santos, e com o desmatamento da Mata Atlântica, os canaviais expandiram-se pela costa brasileira. Mas, para que a cultura prosperasse, foi necessária a criação de engenhos: as 'fábricas' onde a cana virava açúcar. Essas instalações sustentaram a economia açucareira brasileira até o desenvolvimento de novas técnicas em colônias de países concorrentes. Os engenhos e vilas surgidos com a expansão do cultivo de cana-de-açúcar foram responsáveis pelo desenvolvimento da produção, do comércio e da cultura do Nordeste brasileiro.

No ano de 1530, os portugueses começaram a finalmente se fixar em terras brasileiras. Antes disso, os portugueses se limitavam a realizar expedições que protegiam o litoral de invasões estrangeiras, faziam o reconhecimento de terras ainda desconhecidas e promoviam a busca de pau-brasil para serem vendidas em terras europeias.

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Apesar do lucro com o pau-brasil, os portugueses passaram a ter a necessidade de explorar algum tipo de riqueza que fosse mais lucrativa. Sem encontrar ouro por aqui, a administração portuguesa optou pelo início da formação de lavouras de cana-de-açúcar na região do litoral brasileiro. Mas afinal, por qual razão eles resolveram plantar esse tipo de gênero agrícola em terras brasileiras?

A primeira razão se deve ao fato de os portugueses já dominarem as técnicas de plantio da cana-de-açúcar. Esse tipo de atividade era realizado nas ilhas atlânticas de Madeira e Açores, que também eram colonizadas por Portugal. Além disso, o açúcar era um produto de grande aceitação na Europa e oferecia grande lucro. Por fim, também devemos destacar o clima e o solo brasileiro como dois fatores naturais que favoreciam esse tipo de atividade.

As primeiras lavouras apareceram nas regiões litorâneas e logo se desenvolveram com destaque nas capitanias de São Vicente e Pernambuco. Para formar as lavouras, os portugueses utilizaram a formação de grandespropriedades de terra. O uso de grandes lavouras era necessário para que os lucros com a cana-de-açúcar fossem elevados e vantajosos para os produtores e para o governo português.

Contudo, a formação dessas grandes lavouras também exigia a disponibilidade de um grande número de trabalhadores. Em Portugal seria impossível encontrar toda essa mão de obra, já que o país tinha uma população insuficiente para atender essa necessidade. Foi então que as lavouras exigiram o uso da mão de obra dos indígenas ou dos africanos. Em ambos os casos, querendo lucrar ao máximo, os portugueses utilizaram a mão de obra desses dois grupos humanos por meio do trabalho escravo.

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Na organização das lavouras, os donos das fazendas instalavam suas casas nas regiões mais elevadas do terreno. Chamada de “casa grande”, a residência do senhor das terras ficava na parte mais alta por razões estratégicas. Fixando-se nessas regiões poderiam fiscalizar as atividades na lavoura e, ao mesmo tempo, se antecipar a uma possível revolta dos escravos.

Os escravos, por sua vez, ficavam na chamada senzala. Nesse lugar se amontoavam e tinham quase nenhum conforto na hora de descansarem após longas horas de trabalho. O serviço dos escravos era tão intenso que, raramente, um escravo chegava a ultrapassar a casa dos quarenta anos de idade. De tal forma, podemos notar que as lavouras eram sustentadas por uma rotina de trabalho bastante abusiva.

Em algumas lavouras de cana havia o engenho, lugar em que a cana-de-açúcar era transformada em açúcar. Nem todos os donos de terra possuíam engenho, pois a sua manutenção e construção exigia um grande investimento. Dentro do engenho havia três instalações: a moenda, onde era extraído o caldo da cana; a caldeira, onde o caldo era fervido e se transformava em melaço; e a casa de purgar, lugar em que o melaço virava açúcar.

Durante e após a colonização do Brasil, a plantação de cana-de-açúcar foi uma das mais importantes atividades econômicas do país. Apesar dos vários momentos de crise e instabilidade, o açúcar sempre teve grande importância em nossa economia. Atualmente, a cana-de-açúcar também é utilizada para a produção de combustíveis e outros produtos de grande importância em nossa economia.

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Cana de açúcar no Nordeste

Formada pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, a maior parte desta região está em um extenso planalto, antigo e aplainado pela erosão. Em função das diferentes características físicas que apresenta, a região encontra-se dividida em sub-regiões: meio-norte, zona da mata, agreste e sertão.

Sub-regiões e clima:

            O meio-norte compreende da faixa de transição entre o sertão semi-árido do Nordeste e a região amazônica. Apresenta clima úmido e vegetação exuberante, à medida que avança para o oeste.

            A zona da mata estende-se do estado do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia, numa faixa litorânea de até 200 km de largura. O clima é tropical úmido, com chuvas mais frequentes no outono e inverno. O solo é fertil e a vegetação natural é a mata atlântica, já praticamente extinta e substituída por lavouras de cana-de-açúcar desde o início da colonização.

            O agreste é a área de transição entre a zona da mata, região úmida e cheia de brejos, e o sertão semi-árido. Nessa sub-região, os terrenos mais férteis são ocupados por minifúndios, onde predominam as culturas de subsistência e a pecuária leiteira.

            O sertão, uma extensa área de clima semi-arido, chega até o litoral, nos estados do Rio Grande do Norte e do Ceará. As atividades agrícolas sofrem grande limitação, pois os solos são rasos e pedregosos e as chuvas, escassas e mal distribuídas. A vegetação típica é a caatinga. O rio São Francisco é a única fonte de água perene.

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Não é possível contar a história do Brasil sem destinar páginas e mais páginas à cultura canavieira. A cana-de-açúcar chegou em nossas terras junto com os primeiros colonizadores e era item obrigatório na bagagem desses desbravadores. Após dias e dias de viagem confinada nos porões das caravelas, essa resistente gramínea - que para uns é originária da Índia, para outros da Melanésia - sentiu-se em casa ao tocar o solo brasileiro, propagou-se e constitui-se como a primeira atividade econômica organizada do Brasil colônia. Em 1630 havia mais de 150 engenhos produzindo cerca de 2 milhões de arrobas de açúcar. No século XVII, a exportação de açúcar rendeu quase 200 milhões de libras esterlinas à Cora portuguesa.

De 1700 a 1850, a colônia exportou cerca de 450 milhões de arrobas, passando a ser a maior fornecedora mundial de açúcar. Se não dá para dissociar a agricultura canavieira de nossa história, também não é possível contar a história da cana sem abordar a região Nordeste do País. Apesar dos primeiros engenhos terem sido instalados na capitania de São Paulo, a maior proximidade da Corte portuguesa favoreceu aqueles implantados na região Nordeste. A capitania de Pernambuco registra sua primeira exportação de açúcar em 1521 e em 1590 destacava-se por meio da produção de açúcar como a mais importante da colônia. 

Crises ao longo dos séculos, o setor açucareiro nacional enfrentou diversas crises decorrentes da concorrência com os países mais próximos da Europa devido à retração do mercado internacional, à falta de planejamento administrativo, de mão-de-obra especializada para realizar os reparos necessários e à presença de tecnologia ultrapassada. Mesmo assim, até fins do século XIX a cana-de-açúcar ainda era o principal produto agrícola do País, quando perdeu o posto para o café. 

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Também é nesse período que o setor canavieiro nordestino perde o trono para São Paulo, que se favoreceu pelas condições climáticas, solo fértil, topografia plana, preços favoráveis, maior mercado consumidor e mão-de-obra especializada. Ao Nordeste restou o mercado externo. Mas em 1924 a economia açucareira nordestina atravessa nova crise, ocasionada pela queda das exportações e pelo aumento da produção açucareira em São Paulo.

Foi um golpe fatal e, em muitos casos, a produção nordestina apenas se mantinha graças à intervenção governamental que visava a estabilidade dos preços do açúcar e dava um suporte à produção nordestina contar a expansão das usinas paulistas e fluminenses. Com a criação do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) em 1933, e depois do Proálcool, na década de 70, a cultura canavieira nordestina continuou respirando, mas a situação ainda não era das melhores, principalmente para Pernambuco, que perdeu o posto de segundo maior produtor para Alagoas. Na década de 80, a produção estabilizou-se. Em 1986, por exemplo, a produção nordestina alcançou 70 milhões de toneladas. Mas nos anos 90 e após quatro grandes secas, a desregulamentação do setor e o fim da tutela do governo - como costumam dizer - levaram a produção a despencar para a casa dos 40 milhões de toneladas. O cenário foi de quebradeira, desemprego e o nordestino, além de presenciar tradicionais usinas deixando de moer, viu seus industriais e suas fábricas seguirem para o Centro-Sul. Raio X do setor nordestino - com exceção de Alagoas, nos demais Estados a cultura canavieira encolheu drasticamente e apenas recentemente os golpes foram assimilados. Passaram-se, então, a desenvolver mecanismos para aos poucos recuperar a produção perdida. 

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Cana de açúcar em Pernambuco

Em Pernambuco, a atividade canavieira se fundiu à cultura de seu povo. Há muitos anos o Estado deixou o posto de maior produtor de cana. Mesmo assim, em nenhum outro lugar do Brasil encontram-se tantas referências sobre a agroindústria canavieira. Pernambuco não foi apenas um grande produtor de cana e um mestre em açúcar, é também um grande exportador de especialistas canavieiros. Os grandes produtores alagoanos são descendentes de pernambucanos. O primeiro grupo nordestino a invadir o Centro-Sul (Tavares de Melo) é pernambucano. José Pessoa de Queiroz Bisneto, o segundo maior "engolidor" de usinas (só perde para Rubens Ometto Silveira Mello), também é pernambucano. Engenheiros, técnicos e administradores pernambucanos estão espalhados pelas unidades de norte a sul do País. Até mesmo fornecedores decana de Pernambuco resolveram cultivar cana em Minas Gerais.

A zona canavieira pernambucana já teve uma boa malha ferroviária, composta pelas ferrovias da antiga Great Western e pelos ramais construídos pelas usinas para o transporte da cana. No entanto, a partir da metade da década de 1960, as ferrovias ficaram abandonadas sendo substituídas pelas rodovias.

A primeira usina implantada em Pernambuco foi a de São Francisco da Várzea, cuja primeira moagem aconteceu em 1875. Pernambuco já chegou a ter mais de cem usinas. Atualmente, no entanto, existem apenas cerca de 38, algumas, inclusive, encontram-se paralisadas ou desativadas. 

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RELAÇÃO ALFABÉTICA DE USINAS EM PERNAMBUCO

Água Branca* Aliança*Aripibú* Bamburral* Bananal* Barão de Suassuna Barra* Beltrão* Bom Destino* Bom Dia Bom Jesus Bosque* Brasil* Brejo* Bulhões Cabeça de Negro* Cachoeira Lisa* Camurim Grande (Santa Inês)* Capibaribe* Carassú (depois Central Barreiros) Catende Caxangá Central Barreiros Central Nossa Senhora de Lourdes* Central Olho D´Água Coelhas* Colégio* Conceição dos Milagres* Condado* Crauatá* Cruangi (antes Genipapo) Cucaú Cursay* Cuyambuca (MoçaBonita)Desespero* 

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DesterroDois Irmãos*Engenho do Meio*Espírito Santo*

Estreliana 

Firmeza*Floresta (Usina Pinto)*Frei CanecaFreixeiras*Gigantes*Goiana Gravatá*IpojucaJaboatão* Jaguaré*Javunda*José da Costa*José Rufino*Laranjeiras Liberato Marques* Limoeirinho* Lustosa*Mameluco*Manoel Borba*Maria das Mercês*Massauassu* MataryMoreno*Muribeca* Mussú* Mussumbú* Mussupe* Mussurepe* Nossa Senhora Auxiliadora* Nossa Senhora da Vitória* Nossa Senhora das Maravilhas Nossa Senhora do Carmo (antes Sta. Pânfila) Nossa Senhora do Desterro 

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Nova Conceição* Pedroza Penderama* Peri-Peri* Perserverança* Petribú Pirajá* Pirangi* 

Pocinho* 

Porto Alegre* Progresso Colonial (depois Jaboatão)* Pumaty (antes Central Bom Gosto)Regalia* Ribeirão* Rio Una* Roçadinho* SalgadoSant`Anna d`Aguiar*Santa Filonila* Santa Flora*Santa Rita*Santa TeresaSanta TerezinhaSanta Terezinha de Jesus*Santo AndréSanto Inácio*São Félix*São Francisco da Várzea*São João da Várzea* São José (antiga Coelho)São Salvador* Serra-Azul*Serro-Azul* Sibéria*Sibiró Grande* Timbó* Timbó-Assú*Tinoco*Tiúma*TrapicheTrapiche do Cabo*

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Três Marias*Treze de Maio* Trincheiras*Ubaquinha*União e IndústriaUruaé* Vicente Campelo * Usina desativada, paralisada ou incorporada por outra.

Morfologia da cana-de-açúcar

Colmo: Se desenvolve á partir da gema do tolete de cana. Quando a cana é plantada, cada gema pode formar um colmo primário. Colmos secundários chamados de "perfilhos" podem se formar a partir as gemas subterrâneas do colmo primário. Além disso, perfilhos podem formar-se á partir das gemas subterrâneas dos colmos secundários. O colmo é formado por nós e entrenós. O nó é onde a folha está presa ao colmo e onde as gemas e a raiz primária são encontradas. Uma cicatriz da folha pode ser encontrada no nó das folhas quando estas caem. O comprimento e o diâmetro dos nós e entrenós variam muito de com as cultivares e as condições de cultivo.

As cores do colmo vistas nos entrenós dependem das cultivares de cana e das condições ambientais. Por exemplo, a exposição dos entrenós ao sol pode resultar em uma alteração completa de cor. A mesma cultivar cultivada em climas diferentes pode exibir cores diferentes. Todas as cores do talo derivam de dois pigmentos básicos: a cor vermelha da antocianina e o verde da clorofila. A proporção de concentração desses dois pigmentos produz cores de verde ao vermelho púrpuro ao vermelho para quase preto. Colmos amarelos indicam uma relativa falta desses pigmentos. A superfície dos entrenós, com a exceção do anel de crescimento, é mais ou menos coberta por cera. A quantidade de cera depende da variedade.

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O topo do colmo é relativamente baixo em sacarose e, portanto tem pouco valor industrial.

O 1/3 superior do colmo, porém, contém muitas gemas e um bom suprimento de nutrientes, o que o torna valioso na propagação da cana (plantio). Dois tipos de rachaduras podem ser encontradas na superfície do Colmo; rachaduras inofensivas com pequenas espirais, que são restritas a epiderme, e rachaduras de crescimento que podem ser profundas e ocorrem ao longo de toda a extensão do entrenó. Rachaduras de crescimento são prejudiciais pois permitem aumento de perda de água, exposição do colmo para microrganismos e insetos. Rachaduras de crescimento dependem da variedade e condições de crescimento. Folhas: A folha da cana-de-açúcar é dividida em duas partes: bainha e lâmina. A bainha, cobre completamente o colmo, estendendo-se sobre pelo menos um entrenó completo. As folhas se desenvolvem de forma alternada, nos nós, portanto formando duas fileiras em lados opostos. A primeira folha de cima para baixo do colmo com aurículas bem visíveis é designada +1. Para baixo elas recebem, sucessivamente, os números +2, e +3. Para cima, 0, -1, -2 etc. A folha com a aurícula visível (+3) é a considerada adulta e usada em determinações (avaliação do estado nutricional; índice de área foliar) A planta madura de cana de açúcar tem uma superfície foliar, em media, de 0,5 metros quadrado, nas folhas superiores. O número de folhas verdes por colmo é ao redor de dez,(6 a 12) dependendo da variedade e condições de crescimento. O número de folhas é menor em condições de déficit hídrico ou em temperaturas baixas. As folhas velhas ao receberem pouca intensidade luminosa, tornam-se senescentes. As folhas verdes do topo são eretas, com o ápice curvo, podendo as demais serem mais ou menos eretas. Bonnett (1998), ao relatou que em temperaturas médias baixas, inferiores a 8 ºC, o desenvolvimento das folhas de alguns cultivares foi prejudicado. Sinclair et al. (2004), ao estudar o efeito das temperaturas mínimas ideais para o desenvolvimento das folhas, encontrou limites diferentes de temperatura para cada cultivar avaliado, tendo observado que a temperatura

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base para desenvolvimento dos aparatos foliares estaria em torno de 10 ºC, variando conforme o cultivar.

Inflorescência: Quando a planta da cana-de-açúcar atinge uma maturação relativa de desenvolvimento, seu ponto de crescimento pode, sob certo fotoperíodo e condições de umidade do solo, passar de vegetativo para reprodutivo. O ponto de crescimento para de formar folhas e começa a produzir uma inflorescência. A cana é uma planta de dias curtos. Suas condições fotoperiódicas são alcançáveis nos trópicos. A inflorescência da cana de açúcar é uma panícula aberta. Cada panícula possui milhares de flores, cada uma capaz de produzir uma semente. Os sementes são extremamente pequenas e cerca de 250 sementes pesam 1 grama. Para a produção comercial de cana-de-açúcar, o desenvolvimento da inflorescência tem pouca importância econômica. O florescimento é importante para cruzamento e produção de variedades híbridas. Geralmente dias com duração de 12,5 horas e temperaturas noturnas entre 20° e 25° C induzirão o início do florescimento. Condições de crescimento ótimas na fase vegetativa (solo fértil, suprimento abundante de nitrogênio e umidade) restringem a inflorescência enquanto condições de estresse induzem a formação de florescimento.

Raízes: As primeiras raízes formadas são as raízes do tolete, que emergem de banda de raiz primárias acima da cicatriz da folha nos nós do tolete. Raízes do tolete podem emergir dentro de 24 horas após o plantio. Essas raízes são finas e com muitas ramificações, que sustentam a planta em crescimento nas primeiras semanas depois da brotação. Raízes do broto são tipos secundários de raízes, que emergem da base do novo colmo 5 - 7 dias após o plantio. Esta raízes são mais grossas que as raízes do tolete e vão formar o sistema de raiz principal da planta. As raízes do tolete continuam a crescer por um período de 6 - 15 dias após o plantio, a maioria desaparecendo aos 60 - 90 dias enquanto o sistema de raízes do broto desenvolve-se e apropria-se do suprimento de água e nutrientes. Até a idade de três meses, as raízes do tolete contêm menos que 2% da massa seca da raiz.