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Antologia

7 Pecados

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7 Pecados

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Antologia Dos 7 Pecados de Diversos Autores

de países Lusófonos Edição BlogTok, 2010 - Barcelos

xxx p. Il.- 14,8 X 21 cm. ISBN: 978-989-8365-07-1

1. Poesia Lusófona. I. Título.

CDD-869.91

Índice para catálogo sistemático: Poesias: Literatura Brasileira - CDD-869.91

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TITULO: Antologia dos 7 Pecados

AUTORIA: Diversos Autores www.7pecados.blogtok.com

www.casadapoesia.org [email protected]

Revisão: Equipa da Antologia

Capa: Amabilidade: Givec Designer: Paulo Neiva

Impressão e Acabamentos:

ESAG – Barcelos 1ª Edição – Julho 2010 Depósito Legal nº: xxx

ISBN: 978-989-8365-07-1

Copyright © - BlogTok.com Direitos reservados segundo legislação em vigor

Proibida a reprodução total ou parcial sem a autorização da editora.

DEDICATÓRIA

In memoriam

Ao amigo João Vasconcelos

O PECADO

Somos todos indesejáveis No acto de viver.

A inveja será assim um pecado mortal A inveja será assim uma faca de dois gumes.

Seremos todos perdoados na vida eterna. Dos pecados que cometemos

Alguns serão carne para canhão A tentação será mais forte até ao dia da morte

Os pecados serão uma fonte de segredos Até ao dia em que nos libertarmos.

Creio num só Deus, Senhor que é a vida. A maldade é a fonte dos pecados mortais a luz que me alumia

Será salvação, grito e dor Ser e ter um destino

Num mar de imenso amor.

Poema e desenho de João Vasconcelos – Barcelos – Portugal

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AGRADECIMENTOS/PARCERIAS

BlogTok - Portugal

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Casa da Poesia - Brasil www.casadapoesia.org

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Mil – Mov. Int. Lusófono - Lusofonia www.movimentolusofono.org

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Movimento Lev´Arte - Angola www.levarteangola.blogspot.com

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Luso-Poemas - Portugal www.luso-poemas.net

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Grupo Conto e Cena – Brasil www.dianabalis.blogtok.com

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De Moura Alcina www.whispers.blogtok.com

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Estúdio Raposa + Às-Artes - Portugal www.estudioraposa.com

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Amigos de Abril - Portugal www.amigosdeabril.blogtok.com

Givec – França

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A todos os autores, que tão pacientemente nos acompanharam, e em especial a todos aqueles que divulgaram este singular projecto.

APRESENTAÇÃO A antologia virtual é uma proposta dos 'Ciclos de Poesia BlogTok', que reúne poetas, artistas plásticos, e de outras áreas tais como música, canto, etc. Um trabalho cuja temática filosófica gira em torno da abordagem. Os 7 Elementos. A idéia retorna ao início da filosofia, utilizando pequenos recortes, noções, sem adentrar fundo aos conceitos. Entretanto, figuram na composição dos ciclos de poesia as ideias do cosmos e dos mistérios contidos nas filosofias dos sete filósofos, estabelecendo a relação entre os 7 elementos, os 7 pecados e as 7 virtudes. Dessa forma foi aberto o caminho para a nomeação dos pecados, que são no contraponto das virtudes, a sua antítese. Assim nasceu a temática deste primeiro ciclo, a partir deste fundamento, o qual ganhou concretude à medida que o tema envolvendo a 'magia' do '7' era trabalhado. Estabelecida a relação entre os 7 Sábios, os 7 elementos (referencia ao estágio primitivo do espírito), os 7 pecados e as 7 virtudes, estaria aberto o caminho para a nomeação dos pecados, e o primeiro ciclo foi nomeado ' Os 7 Pecados Capitais', daí porquê o inicio dos Ciclos de Poesia BlogTok iniciam pelos 7 pecados. Esta antologia virtual foi sendo construída à medida que os poemas temáticos foram sendo publicados, dando a este formato representativo, não uma forma pronta, acabada, mas um processo dinâmico em construção permanente: A Antologia Virtual dos Ciclos de Poesia BlogTok. Portanto magia do sete, está contida nos sete elementos e está relacionada aos mistérios.

Após o primeiro ciclo 'Os 7 Pecados Capitais', teremos o segundo ciclo considerando as 'As 7 Virtudes' humanas. O pecado requer remissão, assim após o perdão, recupera-se a força do espírito, este estágio reintegrado, justifica na sequência: 'As 7 Virtudes'. Conforme a mesma sistemática de ação, poetas aderentes dos 7 pecados, poderão publicar seus poemas no ciclo dos pecados e no ciclo da virtudes. Assim, desenvolverão um trabalho agregador rico, com espaço para a modernidade, e fácil de transpor a barreira do dogma para o mistério e vice-versa. A base teórica, dos ciclos de poesia, é o censo comum, lógica intuitiva remetendo-a ao imaginário popular.Todos os temas dos ciclos são interrelacionados, e a via do censo comum é a mais simples. Os poetas tiveram e terão ampla liberdade para transitarem nas temáticas, nas mais diversas vertentes, incluindo a crítica sociológica. Durante a composição da antologia impressa, as pontas soltas, foram amarradas, num arremate em prol da poesia, do alcance desejado e do objetivo a ser alcançado. Assim a forma de abordagem das temáticas ganha universalidade na integração, envolvendo cada grupo de 7 temáticas e abarcando todas as grandezas dos elementos, que os sábios enfocaram, no inicio da Filosofia ocidental. O ponto de partida foi a composição no campo das idéias chegando ao sentimento de construção, e descoberta, do que significa 'ser humano', considerando a linha de transição entre o sagrado e o profano e vice-versa. Assim foram concebidos 'Os Ciclos de Poesia BlogTok' que sempre agregarão todos os sites/antologias referentes aos ciclos poéticos, num laborar interativo e em construção permanente.

SUMÁRIO PREFÁCIO/INTRODUÇÃO

CAPÍTULO - 0 - Pecados - 1 Alexandre Durães 2 Carlos Américo 3 Delgado 4 Elisabete Fialho 6 Fernando Júlio 7 Flávio L. Silva 8 João Matos 9 João Negreiros 10 LuisF 11 Marinho 12 Mira Clock 13 Paulo Ferreira 15 Poeta Clandestino 16 Sem Nome 17 Silvia A. Mota 18 Zeizolde Sangama 19 Zélia Nicolodi

CAPÍTULO - 1 - Vaidade - 21 Conceição B 22 Delmar Gonçalves 23 Francisco Coimbra 24 Graciela Cunha 25 Henrique Cachetas 26 Kiokamba Cassua 28 Lucia Constantino 29 Madalena Barranco 30 Márcia S. Luz 31 Marcílio Torres 32 Mena Azevedo 33 Rogério Manzolillo 34 Rosângela 36 Sandra Almeida 37 São Gonçalves 38 Silvia Regina 39 Valdevinoxis 40 Vera Silva

CAPÍTULO - 2 - Avareza - 41 António Martins 42 Arlindo Mota 43 Betha Costa 44 BlackBird 46 Candido 47 CaoPoeta 49 Carla Ribeiro 50 Catarina Camacho 51 Diana Balis 52 Edileia Santos 53 Euclides Cavaco 54 M. Inês Simões 55 Manoel Virgílio 56 Mukanda 57 Pedro Batista 58 Silvério Calçada

CAPÍTULO - 3 - Ira - 59 António Paiva 60 Carlos Silva 62 Carlos Tronco 63 Cidox 64 Fernanda Esteves 65 Francisco Boaventura 66 José Lourenço 67 Kardo Bestilo 68 Kryss Fourakis 69 Liliana Laranjo 70 Namibiano Ferreira 71 Paulo Cesar Coelho 72 Regina Kreft 73 Roque Silveira 74 Rosa Maria Fernandes 75 Sonia Nogueira

CAPÍTULO - 4 - Preguiça - 76 Alexandra Mendes 77 De Moura Alcina 78 Eduarda Mendes 79 Gladys F. Kogl 80 Henrique Pedro 81 Herlander Carvalho 82 José Honório 83 Lucinda Silva 84 Luiz Felipe Coelho 86 Maria Lopes 87 Maria Lurdes Dias 88 Marisa Rosa 89 Regiane Folter 90 Tere Penhabe

CAPÍTULO - 5 - Luxúria - 91 António Casado 93 Carla Bordalo 94 Dolores Marques 95 Domingos Alicata 96 Gabriel Pedro 97 Gladis Deble 98 Ibernise Silva 99 Júlio Saraiva 100 Karla Bardanza 102 L.M.Rap 103 Lecy Sousa 104 Massudidi 105 Ricardo Reis 106 Sandra Fonseca 108 Sly Jordan 109 Tânia M. Camargo 110 Ulysses Laluce 111 Wagner Jardim

CAPÍTULO - 6 - Inveja - 112 Anabela Braga 113 António Cambeta 114 Candido Correia 115 Cláudia Gonçalves 116 Delasnieve Daspet 117 Fatinha Mussato 118 HorrorisCausa 119 Jaber 120 Jandira 121 Mário Osny Rosa 122 Paulo Cardoso 123 Rosangela Colares 125 TrabisDeMentia 126 Vanda Ferreira 127 Vânia Lopez 128 Vóny Ferreira

CAPÍTULO - 7 - Gula - 129 Adriana Costa 130 Antónia Ruivo 132 Domingos da Mota 133 Frederico Salvo 134 Gil Moura 136 Helen de Rose 137 Homo Sapiens 138 Jorge Humberto 139 José Caravana 140 José Silveira 141 Margarete Silva 142 Ranxhs 143 Raul Cordeiro 144 Ribeiro Couto 145 Sterea

146 Pósfacios Sinopses das Edições BlogTok 148 - Sinopse do Livro: Paixão Arde, Desejo Trai 149 - Sinopse do Livro: Caminhos E Descaminhos Do Ser 150 - Sinopse do Livro: Ser Fraterno 151 - Sinopse do Livro: Uma Prosa... Um Verso 152 - Sinopse do Livro: Só Rondel 153 - Sinopse do Livro: Sonetos 154 - Sinopse do Livro: Sonho Meu 155 - Sinopse do Livro: Memórias De Um Tempo Só 156 - Sinopse do Livro: Rodinha 26

PREFÁCIO SERÁ O PECADO, CAPITAL? Antologia é partilha... Compartilhar escrita, poesia, sentimentos em torno de uma só temática onde poetas numa terna aliança entre Portugal e Brasil, reúnem-se através de um ponto de intercâmbio cultural que é esta iniciativa de BlogTok.com, como portal de excelência e utilidade pública, em prol da cultura lusófona. Nas linhas da literatura e da poesia, um instrumento que transforma leitor e escritor. José Santos Lourenço (JSL), lança esta edição da Antologia Poético-Literária 'Os Sete Pecados Capitais', com significado de intercâmbio e afluxo de energias através do milagre da Internet. Aqui se consolida a ideia de que através da economia solidária, é possível trazer autores do mundo virtual para o mundo real, atendendo, portanto, ao requisito da palavra impressa a qual a academia requer para legitimar, as composições dos escritores. Esta é uma edição que marca época, e se torna possível através de alianças históricas, entre vários pontos de cultura, entre novos autores que se aliam em acão cooperada. 'Os Sete Pecados Capitais' no bojo de sua temática carrega assento crítico social, num caminho de ensino e aprendizado. Mostra, ainda, através da linguagem dos poetas e escritores, as pessoas, suas vidas, seus sentimentos, ideais e... Trabalho, enquanto histórica construção humana. O ser humano que vive na miséria, é alguém fora no tempo, mas não se opõe ao progresso, pelo contrário ele deseja o sucesso, a ascensão social, tanto quanto outro qualquer. Entretanto, muitos séculos de vicissitudes históricas, o oprime com exigências desporcionais que o deixam pairar entre a sua condição de ser e a possibilidade de ter. E neste sentido a sociedade quer, antes, que ele tenha, assim, é necessário que ele tenha para que possa ser...

Todavia, aquelas 'exigências desproporcionais' são de uma cultura de empréstimo que lhe permite se preparar para conquistar um dia, de cada vez... Não pensa a vida com uma visão meta, 'além de', mas uma visão sitiada que o prende ao seu redor... Um cárcere sociológico e emocional invisível e permanente. A miséria esteve abandonada a sua própria sorte por todo o curso da história... E todas as suas lutas, seu legado de resistência, apontam apenas para a conquista de cada dia... Homens e mulheres, formiguinhas cidadãs que transportam sua cultura, e resistem bravamente para não desertarem. Neste estado de semi letargia social, a miséria e todas as situações que lhe são peculiares, ainda não foram erradicadas no mundo, e pior tendem a se alastrar rumo ao caos no infinito de um buraco negro... Nesse mister suas amarras se sustentam na unanimidade das teias do poder (VAIDADE, soberba, orgulho), no fausto do consumismo (LUXÚRIA), nas raias da ganância (AVAREZA). Cobiça de quem nunca dá, mas sempre rouba, porque no exercício do poder público, alguém sempre está a enriquecer ilicitamente, quando muitos estão a precisar... A voracidade (GULA), do poder é compulsiva e aniquila todas as possibilidades de atenuar as desigualdades agudas nas estratificações sociais. Diferenças abrem espaço a INVEJA, através do desejo de ser o que não são: Iguais... Porque para a sociedade representativa e organizada, estar pobre é não ser e não sendo, são diferentes. E segue-se a falácia da necessidade de inclusão social... Mas os mecanismos de inclusão' são ainda mais alienadores, mais excedentes ao admitir que aqueles nomeados 'diferentes' precisam ser incluídos. Incluídos em que? Se já são parte de... Já eram mesmo antes de serem... Mas para tanto agora precisam de certificado e reconhecimento burocrático... O da inclusão. Isto, para receberem um apoio clientelístico e engordarem as urnas, numa

'gratidão' programada para muitos ganharem eleições... Para impedirem pessoas de usarem a razão e pensarem com a barriga... Neste contexto a PREGUIÇA, se instala nos feudos de poder que não têm pressa de mudar a situação. E esse ócio alimenta a indigência de uma cidadania latente, que nem chega a saber que é, mesmo já sendo... E o homem ganha denominação de 'carente' e resiste ao conquistar o pão de cada dia... O pão suficiente para um só dia... Isto não é preguiça, não é ser retrógrado, isto não é indolência, isto é antes de tudo ser um forte, ter coragem... Mas os PECADOS da humanidade, em relação a miséria do homem, não ficam circunscritos a estas paragens... Historicamente os miseráveis de corpo e alma, já foram libertados numa fase delicadíssima de sua formação... A exemplo da Revolução Francesa, a grande marca de inversão hegemónica. Estavam abandonados há séculos… Mas passada aquela euforia, de certa forma ainda continuam em estágio de abandono… O mais importante é terem acreditado na sua própria ascensão, na conquista da hegemonia do poder, mas durante o efémero exercício deste poder, não organizaram sua identidade representativa, não conseguiram, no seu tempo histórico eliminar a estratificação social. O Estado contemporâneo não garante mais o trabalho, pois o contrato social, não comporta mais garantias, não tem elasticidade, fora dos gordos acordos que emperram a máquina administrativa, instalada para gerir as coisas do mundo... Todavia sempre restou ao homem a iniciativa própria, a auto gestão de seu laborar, o comércio, onde foi possível construir a sua história.Economia fundada nas trocas genuínas e equalizadoras, diferente da forma como está sendo executada… Mas nem este espaço lhe restou... Tudo está nas mãos do poder, e os requisitos do fisco, as obrigações fiscais, lhes tiram tudo, o que já

seriam restos, no subnível da informalidade do trabalho, nas pequenas iniciativas de comércio, prestação de serviços, etc. Mas ainda assim resta 'ser humano', resta a poesia do verbo, que tem o poder de mudar, revolucionar. Resta o seu sentimento que chora e grita, esperneia e luta, porque vida é poesia. E na poesia tudo se torna possível, tudo encontra razão de ser e estar, porque a vida é o sonho, tanto quanto sonhar é viver. Sonhar é prenúncio de conquistas e de fundações humanizadoras, idealizadas, virtuais, mas pertencendo aos princípios da física passa ser mais real, nos limites onde o sonho se confunde com a realidade, mesmo quando esta reclama e aclama... Sempre na hora certa, um convite ao ser humano ser mais humano... E num clima poético quase devastador... Luiz Gonzaga Jr, lembra em seu cantar de resistência captado no imaginário popular '...Um homem se humilha se castram seus sonhos. E sonho é sua vida, e vida é trabalho. E sem o seu trabalho, o homem não tem honra e sem a sua honra, se morre se mata... Afinal, os focos de resistência persistem na marginalidade, e ganham instituições especiais, educação especial, reeducação de detentos, tantos nomes que não saciam não atendem, porque todos eles ainda, assim, continuam com fomes, muitas fomes... E estão com muita pressa, porque alimento é sobrevivência, e neste caso falta-lhes todo tipo de alimento, para o corpo e para a alma... E assim não dá para ser feliz... Esta antologia poético-literária, tratando de pecados, abre um leque de vertentes a esta abordagem, aos 7 pecados capitais. Estes, estão em toda parte, dentro e fora do homem, porque o que está fora do homem é o sócio-cultural, um grande outro ser humano carregado de história e força, que ele também tem dentro de si. Assim sendo, aqui a reflexão básica está lançada na questão, posta por José Santos Lourenço: Será o pecado, Capital? Ibernise Goiânia (Goiás/Brasil), 20.03.2010 Escritora e Poeta Brasileira.

INTRODUÇÃO Os pecados são considerados desvios de conduta, atitudes que no convívio social criam situações nefastas, danosas aos seres humanos entre si e em relação a si próprio. Entretanto, na via do dogma cristão, o pecado também é considerado uma ofensa a Deus. O papa Gregório Magno no século VI instituiu os sete pecados capitais. 1) Gula: consiste em comer além do necessário e a toda hora (aqui considerado na sua forma mais ampla: uma compulsão voraz, na relação desejo/prazer ); 2) Avareza: é a cobiça de bens materiais e dinheiro (aqui cobiça em relação a coisas, sentimentos e ações sociais, na sua forma mais radical); 3) Inveja: desejar atributos, status, posse e habilidades de outra pessoa (aqui envolvendo ciúme, enquanto desejo compulsivo em tomar o lugar de outrem, receber a atenção a outro destinada, etc); 4) Ira: é a junção dos sentimentos de raiva, ódio, rancor que às vezes é incontrolável (aqui colocando a raiva numa perispectiva de perda da sanidade que pode ser controlada através do conceito de inteligência emocional; 5) Soberba: é caracterizado pela falta de humildade de uma pessoa, alguém que se acha auto-suficiente (aqui emoção levada as ultimas consequências na tentativa de sempre se mostrar melhor que o outro, humilhando, etc); 6) Luxúria: apego aos prazeres carnais (Compulsividade pelos prazeres); 7) Preguiça: aversão a qualquer tipo de trabalho ou esforço físico (aqui uma baixa energia que impede o individuo de conseguir finalizar e empreender seus projetos).

A sociedade moderna, enquanto ideia que representa todos os cidadãos e cidadãs, se constitui unidade na diversidade, se transforma num grande outro e também peca, e mais que isto, exibe pecados capitais. Daí a abordagem possível do perfil social do pecado.'Pecados Capitais', são inerentes a todas as acções humanas, são formadores de personalidade, marcantes traços de carácter. Tão comuns que é preciso vigiar, sempre estar atento, para que os excessos não resvalem para a marginalidade dos 'pecados' mortais, estes sim, são possíveis de serem evitados, embora hajam também susceptibilidades. Esta antologia inicia justo situando o pecado num âmbito mais geral, para a seguir adentrar no mérito, ou demérito, de cada pecado capital. É o que poderá ser apreciado a seguir no 'Capítulo Zero'.

CAPÍTULO 0 – PECADOS "Ela pensava que a ocasião fazia o pecado e ignorava que o pecado forja a ocasião. "Marguerite Valois O drama dos historiadores é conseguir fontes o mais aproximado possível da realidade histórica dos fatos. No entanto a História tem sua própria história, e o homem faz sua história... Esta, por sua vez, transita por veios de projeções diferentes. Situação que através do tempo, age como estranguladora dos registros historiográficos. M. Foucault considera que os registros históricos podem ser feitos pela observação dos poderes que atuaram como sujeição em cada sociedade estudada. Uma visão que extrapola a verdade da linguagem escrita, das fontes consultadas, e das personagens agentes. Uma vez conseguindo contextualizar a coesão de forças que atuaram na projeção dos fatos, o historiador estaria mais próximo da realidade. A linguagem em si, só, não bastaria. O dicionário seria um diluidor deletério de palavras, no caso do 'pecado' a idéia passada pela religião conseguiu situar carne e sexo como sinônimos. Por outro lado, as palavras não apontam para seu significado, até o momento da contextualização das forças que atuaram. Assim estes significantes linguísticos se perpetuam através de milênios como iguais e subordinados a agravantes de julgamento, oriundo do poder e da fé cristã. Para Foucault vivemos apenas num universo discursivo tentamos nos apoiar em certas “verdades” que não passam de respingos do próprio discurso, aí a verdade se dispersa. Só podendo ser captada num contexto mais amplo que o do próprio discurso. Sob essa óptica de multiplicidade não será necessário colocar a concepção de pecado, na camisa de força que a religiosidade das almas sempre, em confronto com o corpo, colocou nos liames da história universal, ou seja o 'Pecado' seria um termo usado dentro de um contexto religioso para designar qualquer desobediência à vontade de Deus. No hebraico e no grego comum, as formas verbais (em hebr. hhatá; em gr. hamartáno) significam "errar", no sentido de errar ou não atingir um alvo, ideal ou padrão. Em latim, o termo é vertido por peccátu. Ibernise in 'Caminhos e Descaminhos do Ser'

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DAEMONS Os Demónios da vaidade Em luxúria e violação sexual De quem gula sem piedade Pecam na avareza total E em monumental sarcasmo Saciam invejosos sua cobiça E destilam ódio em orgasmo Para os prazeres da preguiça… Restam-nos os Daemons divinos; Anjos guardiões e peregrinos Alexandre Durães / J. Santos Barcelos - Portugal [email protected] www.alexx-o.blogtok.com

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SOLIDÃO Sinto o mundo a bombardear Sinto clarões no ar Sinto anjos a gritar Sinto vendavais a arrastá-los. Logo eu sinto uma amnistia A transformar este mundo Em paz, amor e alegria. E o mundo jamais poderá ver Esses anjos a gritar As carroças a voar Os comboios suspensos no ar Os aviões a nadar As formigas a fumar. - E eu? Eu, carregado de ouro e amor para dar, Já estava fatigado de gritar, De gritar deste buraco, Já sem esperança de ver o mundo Se transformar para amar. Quase morria no buraco esquecido Com a fortuna que trazia comigo Sem o mundo me deixar dar. Carlos Américo Barcelos - Portugal [email protected] www.carlosamerico.blogtok.com

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NÚMERO SETE Sete pares de versos outra vez Lembram sete pecados capitais Do homem, sete notas musicais E as Sete Maravilhas que ele fez Em sete quedas, porém ele desfez Fez de sete mares dias semanais Sete grandes potências mundiais, Em sete vidas de um gato siamês... Pintando o sete num soneto estreito Entrega as sete chaves do seu peito Um escritor... Que no arco-íris vê... As sete cores vivas da alegria Escreve sete palmos de fantasia, Poesia de bom fim de semana a você! Delgado Portalegre – Portugal [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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FUGIR Correr atrás de mim ??? De nada vale!!! A mim ninguém consegue agarrar Sou o vento fresco em forma de carícia que marca pela diferença Se agora estou… Depressa deixo de estar A gargalhar falo sério Fixo os olhos bem fundo e leio as almas Prevejo os infortúnios Adivinho as marcas E num baixar de olhos fujo Correr atrás de mim??? De nada vale!!! A mim ninguém consegue agarrar Gosto de ser somente o momento Na lembrança dos olhares com quem me cruzo Se agora estou…depressa deixo de estar Fujo sem nunca cansar Realidade é coisa que não me assusta Realidade… Dela não tenho medo Nos seus olhos mergulho e leio-a sem engasgos … Sem erros Humanos esses… Pobres coitados… Cansam e causam-me pena Atropelam-se, maldizem e iludem-se Para eles olho com desprezo A morte essa trato por tu… Somos velhas amigas Parceiras donas de uma cumplicidade sem igual Onde ela estiver estou EU e… EU não fico sem ELA …

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… Eu confesso Fujo sem nunca cansar Num constante impulso… Fujo de mim Fujo daquilo que sei ser capaz Porque… Porque não quero saber Fujo do que tenho Porque… Porque não quero manter Fujo do que perco Porque… Porque não quero sentir Correr atrás de mim??? De nada vale!!! A mim ninguém consegue agarrar COBARDIA é meu nome Fugir é minha necessidade Elisabete Fialho Alcobaça – Portugal [email protected] www.palavrascomespirito.blogspot.com

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VIVER E MORRER EM PECADO Viver é um pecado Porque os outros são mortais Mesmo sem pecado morres Porque vive em ti O pecado capital E vivendo a minha morte Eu sobrevivo morrendo Porque morrendo vivo Pecando por defeito Fernando Júlio / J. Santos Barcelos - Portugal [email protected] www.nouraladen.blogtok.com

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POEMA DE PEDRA E FLOR Oh não, sou um velho malcriado Não pago a conta da luz Não cheiro como devia cheirar Não planto nem semeio nada Tenho inveja a quem não tenha inveja A quem não peca nem deixa pecar Tenho gula de nada querer, nada enfeitiçar Nem uma mulher de muletas para que caminhe Nem tão pouco daquele homem a cuspir a dor Sou um velho sem bússola e sem caminhos De vez em quando dá-me uma dor no peito Mas isso é dos livros que ando a ler entre marés Desço na vida, subo na morte A fantasia é um bosque no meio de um bosque Ai de mim se conseguisse partir o sol em três E cantasse orgiasticamente ao luar do luar Ó desejo, és tudo o que olho e não vejo! Ó Deus, tanta saudade e nenhuma lembrança! Não publico livros desde 1997 Assassinei vinte mil leitores com a palavra amor E a outros tantos faço corar Pedindo que amem e que sejam felizes nessa ganância Levaram-me o coração para provar que sou bandido Espetaram-lhe a noite mais noite que a noite Compararam o sangue ao leite materno Adiaram-me o desejo de ser pedra Mas, como só acharam poemas e cigarros, Fecharam-me num livro Agora, neste quinto andar da maresia, Repouso a cabeça num poema, E adormeço sem estar agarrado a nada. Excepto a cabeça no poema, A ganhar flor. Flávio L. Silva - Barcelos – Portugal [email protected] - www.flavio.blogtok.com

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PECADOS Vejo-me em soberba na preguiça E invejo a gula. Sou ávaro na ira E pródigo luxúria. João Matos Barcelos - Portugal [email protected] www.lisura.blogtok.com

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QUE VOS CAIA O CÉU EM CIMA Quando os pássaros voam para sul Deixam caminhos e piruetas desenhados no ar. O homem não gosta de ver seus céus riscados, Por isso dizima as aves com espingardas de dois canos. As aves atingidas caem semimortas E enterram os bicos na terra. Os cadáveres embalsamados, ficam nos céus apagados. As aves já não pululam os ares. Taparam as asas com sobretudos cinzentos e andam por aí, Com espingardas de dois canos, a abater aviões. João Negreiros Matosinhos - Portugal [email protected] www.joaonegreiros.blogtok.com

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HAITI Lavam-se os olhos entre rios que escorrem No silêncio da alma Um cais deserto, Sangram os corpos deitados na terra crua Onde o leito adormeceu a voz. Gente sem morada… Caminha com a morte estampada no rosto Ardores que engolem o sol Da terra quente, trágica que roubou o sorriso Entre a lança que trespassou o coração. Casas de lego em migalhas de pedra Jazem, varridas sem perdão Labirintos que se encolhem ao mar que chama Onde gente sem rosto ondula sem destino Sofre… Anda e morre lentamente Entre os poços negros que as engolem. O veneno da terra adormecida Ceifou seus filhos… Naquele breve segundo Neste tempo imortal… Que não apaga a cruel memória Lambe agora as suas feridas Entre farrapos que vestem o seu corpo. Escuta ao longe… Os choros da voz vazia, Os ecos que o mar traz e leva… Neste profanado silêncio, que adormece a vida. Nobres são aqueles que estendem as mãos Mil gestos serão poucos, Mil dialectos serão um só Para que a nação moribunda Seja Fénix renascida, E um dia… Volte a sorrir. LuisF Alcochete - Portugal [email protected] www.marsonhos.blogspot.com

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POSITIVA ANSIEDADE Positiva ansiedade Se reclama na ausência Satisfeita de verdade Se presente sem carência Marinho Barcelos - Portugal [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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VIDA Vida Oh! Injusta vida Que vida é essa Onde o lema é sofrer e sempre sofrer Sou um poço de incerteza Vejo-me a um passo da decadência Estou com a felicidade à beira da falência Meu coração está mais partido e destroçado Do que uma cidade em guerra O meu orgulho está mais ferido e fracassado Do que um soldado derrotado e cheio de culpas A minha auto-estima? Dessa já nem falo Minha mente está vazia e suja Minha alma está impura Porque nesta altura Nada tem censura Oh! Injusta vida Porque és tão má para os bons E para os maus tão justa E ao mesmo tempo És mais bela e curta Do que alguém pode imaginar Mira Clock Luanda - Angola [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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NÃO CREIO Não creio nas palavras que homens escrevem acerca de Deus. As obras humanas parecem-me a maior das vaidades. Não creio em padres, políticos, conselheiros, psicólogos, pais ou outras ferramentas dum passado moribundo. As suas palavras cheiram a medo e o meu Amor chega para afugentá-las. Não creio em cruzes, imagens ou fados. São para mim podres símbolos dum poder que quero morto. Não creio em lei, moral ou justiça escolhendo viver apenas de acordo com aquilo que sou, não com aquilo que os outros esperam que eu seja. Não creio no pecado sinal para mim do nosso pequeno e desmedido humanismo. Pecam os rios, as pedras ou as árvores? Não creio... Creio num espirito humano que deseja a santificação sem questionar de onde vem esse desejo. Num espirito santo não creio... Não creio no ego como ferramenta do Ser nem no ter para parecer. Não creio em arrependimentos ou meas culpas que nos impedem de ver quem realmente somos. Creio sim no assumir de toda a nossa Humanidade doa ela a quem doer. …

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… Não creio em sociedades sejam elas quais forem mas acredito mais que nunca na família que vamos criando neste processo que é viver. Não creio na morte pois ela não precisa da minha crença para ser. Não creio na estabilidade, segurança ou harmonia pois sinto que tudo isso nos faz passar ao lado do que é estar Vivo. Creio em mim e em ti sabendo o quanto ambos estamos limitados á nossa pequena parcela de realidade. Não é por muito querer ou crer que mais vou ser. Paulo Ferreira Norfolk - Reino Unido [email protected] www.palavrascoladas.blogspot.com

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FILHO DO VENTO Eu sou filho do vento Esquecido nos bolsos do tempo Atirado nas traseiras do relento Encravado na pele de um contratempo Sou eu, o rosto do resto da tristeza Nascido no curral do rebanho da pobreza Fruto da biologia de dois seres Mas sem reacção química de amores Numa matemática resultada em eternas dores Carrego nos sacos do rosto Lágrimas enferrujadas Nas mágoas escritas nas folhas do meu absurdo Lidas pelos olhares acorrentados Nos carimbos do meu sofrimento Ignorado por todos e ouvido por nada Quando meu nada fala tudo Sem dúvidas: Eu sou a dúvida da dívida do nada Com juros de lamento Mãe afogou-se nos mares do parto Pai foragido da assunção do meu aparato Leiloou-me na desgraça sem graça Zungou-me nas bacias do desalento Vivo debaixo dos calcanhares da sociedade Um humano desumanizado No silêncio da impiedade Mas os céus farão o que os homens não fizeram Algemarão o âmago da culpa Dos que assim procederam Poeta Clandestino Luanda - Angola [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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ASSIM NOVAMENTE Assim Novamente Custa crer, mas sinto-me assim novamente Um novo encanto, Uma nova emoção Onde ficam apenas as vontades E os desejos, nada mais do que isso Por não se concretizar aquilo que se quer realmente Desfrutar sem medo das opiniões Dos olhares maldosos Desfrutar sem olhar para atrás Concretizar os sonhos sem medo nem receio Com a certeza que serás feliz nem que for Por alguns minutos, mas com alívio por dentro E uma felicidade enorme por fora E dizer a todos fiz porque me deu vontade Porque desejava e aproveitei o máximo, Senão seria mais uma oportunidade perdida As vezes a vida tem dessas coisas, Como olhar para tudo e imaginar o nada Sentir e mentir a si próprio que nada está a acontecer Andar sem saber para aonde Querer chorar sem saber porquê Ter fome e não querer comer Ser um vencedor e sentir-se um fracassado Procurar o que pensar Sentir-se aflito à procura de um colo De alguém que o ampare sem questionar É querer conversar e não ter assunto Dormir sem sentir sono É querer conversar e não ter assunto Ter tudo e sentir–se completamente vazia Querer cantar e não ter voz Custa crer, mas sinto-me assim novamente! Sem Nome Luanda - Angola [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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VÍCIOS - SETE PECADOS CAPITAIS V-Vícios Capitais são: soberba, avareza, Í-Ira, Gula, inveja, luxúria, preguiça, C-Como algo contrário à natureza racional, I-Imperfeições que levam ao mal, à tristeza. O-Os vícios são oposições à Virtude e ao Bem. S-Sabe-se que os Sete Pecados Capitais E-Embora escritos na Idade Média, T-Traduzem questões atuais fundamentais: E-Ética, Ação, Ensino-Aprendizagem. P-Primeiro ponto: a dimensão corporal E-Faz parte da natureza humana, C-Certa, conduz o conhecimento interior, A-Apoiado nas faculdades espirituais D-Da alma humana: Vontade e Inteligência. O-Os pecados são considerados capitais S-Se deles, outros erros forem derivados. C-Cérebro comanda ações e reações, com razão: A-A inveja desfaz a unidade, dilacera o amor. P-Pode-se dizer: a avareza gera dor e desunião. I-Itens de Temas Transversais, pecados capitais T-Têm explicitado preocupações mundiais: A-A razão é o elemento que nos torna humanos. I-Ira, avareza, preguiça, luxúria, gula, vaidade, S-São ações que a sabedoria faz refletir mais. Silvia A. Mota Belo Horizonte - Brasil [email protected] www.recantodasletras.uol.com.br

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O RASGO QUE A NOITE NÃO DEU Quando o arco-íris soou naquela noite, O barulho dos raios. Uma cobra fez voz ao silêncio da tempestade. Quando a voz silenciou o nada Uma voz fez curva no silêncio e Deu vidas às flores de S. Ninguém. E o mato que prosperava a tristeza de mim Sorriu chorando com lágrimas de areia Branca, mas suja também. Assim contam os céus, por ironia de um destino perverso, Na linguagem de mais uma voz, Ninguém nasce de repente um barulho feito gente Do mato ou da aldeia Grande ou pequena Rica ou pobre Mas gente de espírito virgem E que barulho é este que vem em minha direcção Rasgando de repente as nuvens Ou finalmente é o rasgo da que me viu parir?! Zeizolde Sangama Benguela - Angola [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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O VÍCIO NOSSO DE CADA DIA... O orgulho canta tão alto Que é pra não querer ouvir... A voz que vem lá do alto, Censurando esse sentir... Inveja bem baixo canta No mais escuro do ser... Tristemente ela espanta, Alegria e bem querer! A ira é um fogo ardente Que queima a casa por dentro. Como uma onda inclemente, Arrasa de fora ao centro... A cobiça aos pouco mina Nossa generosidade... Sem perceber extermina Qualquer traço de bondade. …

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… A preguiça, Deus acuda, É uma tristeza também... Pois jamais dará ajuda, Nem pra si, nem pra ninguém! Dentre todos esses vícios, Há um que parece pior, Pois é nele sempre o início De toda tristeza maior... A mentira é a rainha Do sentimento menor... É feito erva daninha Que destrói ao seu redor... Mas, tem a maledicência Que é também um bicho atroz Ela é pura violência Que Deus livre a todos nós! Zélia Nicolodi Curitiba - Brasil [email protected] www.emmimumsonhoazul.blogspot.com

CAPÍTULO I – VAIDADE Para a Igreja Católica, a soberba é um dos sete pecados capitais, sendo o mesmo pecado associado à orgulho excessivo, arrogância e vaidade. Segundo o filósofo Tomás de Aquino, a soberba era um pecado tão grandioso que era fora da categoria, devendo ser tratado em separado do resto e merecendo uma atenção especial. Aquino tratava em separado a questão da vaidade, como sendo também um pecado, no entanto a Igreja Católica decidiu unir a vaidade à soberba, acreditando que neles havia um mesmo componente de vanglória, devendo ser então estudados e tratados conjuntamente. A percepção da realidade bloqueada pelo orgulho, impede os olhos da alma de verem a malícia do outro que ao se revelar, decepciona. A vaidade e a soberba, escondem as idéias claras e distintas que Descartes, tanto lutou para detalhar e provar que o ser humano as tem. Aqueles sentimentos levam alguém a pensar ser melhor que o outro. Se este outro for seu subordinado, “a vaca vai pro brejo...” As decisões se tornam imperativas, doa em quem doer. Esta auto- imagem inflada, não corresponde à realidade, mas a necessidade de ser visto, de aparecer se torna cada vez maior. Padrões éticos são desconsiderados e as relações interpessoais se tornam cada vez mais deterioradas, difíceis. O grau de isolamento, de carência afetiva, o modo como cada pessoa experienciou carícias positivas ou negativas na infância, e até a forma de cultura de um povo podem definir o grau de soberba nas relações das pessoas. Existem testes que detectam o grau de soberba na personalidade, impedindo a admissão funcional ou até mesmo influenciando demissões... A única forma de deter esta emoção é monitorá-la observando não a si mesmo, mas aos outros, suas reações, suas críticas... Rever também fatos passados, seus aspectos negativos ajuda a descobrir o elemento detonante da crise, ajudando a evitá-la ou repeti-la, pelo menos sistematicamente, por isso, a vaidade ( considerando-se aqui, também, soberba e orgulho) é pecado capital... Ibernise in 'Caminhos e Descaminhos do Ser'

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AMÊNCIA LIBIDINOSA As labaredas queimam esta amência, Que já não me pertence. As chamas apossam-se da minha libidinosa Vontade de querer ser cinza Desse teu olhar negro, astucioso, Que chamam pelo meu corpo Sem o conhecer, corro. (Fujo de mim, onde estou?...) A minha mente repudia O que o meu corpo deseja, Arder, arder até ao fim... Censuro-me Não te quero! Quero-te! (Olha-me, beija-me...) As chamas da cumplicidade, Cedem sobre nós poderes voluptuosos Ensandecemos o assopro em ardor sem nos tocarmos Conceição B Gaia - Portugal [email protected] www.palavras-soltas.blogtok.com

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E EU SOU EU Aqui estou eu Mestiço de negro e branco Severo e brando Obstinado e ocioso Modesto e orgulhoso Obsessivo e sereno Manso e prudente Agradável e egocêntrico Talvez a lei dos contrários Impere em mim Ou talvez haja apenas Uma simbiose de antíteses O que faz de mim indivíduo Pois é… Eu sou eu. Delmar Gonçalves Quelimane - Moçambique [email protected] www.delmarmaiagoncalves.blogspot.com

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A VAIDADE Sou um galo de Barcelos Emigrado por mão amiga De levar uma recordação Viajei de avião e já poisei Faz anos sobre o frigorifico Também ele novo na altura Esta noite algo se passou Está a vibrar mais e deu-me Um pesadelo de humano Comecei a sentir os sete Pecados capitais e é este O primeiro vai-me manter Vaidoso colorido implante! (Nós galos nos damos conta Da virtude de_ter pecados!) Francisco Coimbra Coimbra - Portugal [email protected] www.recantodasletras.com.br

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VAIDADE Desejo de admiração Imagem negativa Refletida no espelho Como Narciso Aplausos é ídolo da vaidade As lentes do glamour Chegam a refletir Como luz fosforescente O vício praticado ocultamente Dominada como império Paixão como ímpeto Em total desordem Cega para o amor Ela não quer saber da Verdade e tão pouco Da dura realidade Corroendo lentamente A alma Graciela Cunha Santa Maria - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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VAIDADE Será que me olham agora? Vou esperar até estar certo Que não me vêem atento Áquilo que me ignora. Não me olhes sem estar pronto. Enquanto aguardas preparo Sem que notes que reparo O que mostro no que conto. Pareço bem deste lado? Esquece que o outro existe P'ra que eu seja no que viste Apenas imaculado. Gosto de me ver assim. Que tudo de mal que eu tenha E aquilo que me desdenha Fique escondido de mim. Henrique Cachetas Vila Verde - Portugal [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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SORRISOS MUNDIAIS Sorrisos Mundiais Buscarei no além todos os sorrisos Os sorrisos escuros As flores sarcásticas No amanhecer das pedras As rosas embriagadas No partir das vozes Nas terras escuras Onde pedras preciosas Vejo substituindo vidas Aí, buscarei os sorrisos escuros Buscarei no além Os sorrisos encostados nos tambores Percorridos na estrada deitada De florestas sem árvores Na miscelânea desconhecida de quatro pés Buscarei no além Os sorrisos plantados em terras que germinam ferros Os sorrisos ingratos Dos homens honestos Que contam mentiras Os sorrisos das crianças Chamadas culpadas Erguendo taças de feiticeiros inocentes Aí, buscarei os sorrisos inocentes Buscarei na manhã florescida As mulheres Com os restos dos sorrisos Dos homens Na noite alcoólatra Os homens com os excessos Das mulheres Vendo pedras transformando Lágrimas em sorrisos cimentados …

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… N´alegria das três letras convalescentes 168 Buscarei no além Todos os sorrisos Os sorrisos mundiais encontrados em Bagdade Madrid Luxemburgo Joanesburgo Os sorrisos sem cores Buscados em Los Angeles Amsterdão Beijing Berlim Os sorrisos do amanhã Resgatados em Bucareste Hong Kong Bogotá Todos os sorrisos para conglomerar Com os sorrisos negros ultrapassando desespero Sorrisos brancos crispando incerteza Sorrisos verdes na esperança de morte Sorrisos vermelhos regados com lágrimas doces No amarfanhar dos dias Todos os sorrisos Para conglomerar Com os cânticos da minh´alma Kiokamba Cassua Luanda - Angola [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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OLHAI OS LÍRIOS Não se pode ver o bem no horizonte Nem os frutos das árvores, Nem os lírios dos campos, Nem as águas silenciosas das espumas vivas Que caem dos céus sobre as margaridas... Se somente nos querermos Demasiado, tanto e tanto que só nos enxerguemos Como sábios, como deuses, como santos. De que é feita a vida, senão dessa terra Mãe da paz, do amor, da alegria? Aquele que somente enaltece a si mesmo Isola-se por conta própria para consumir-se Na solidão de sua cidadela vazia. Não há a pequena côrte de nós mesmos. Não há uma estrela sozinha brilhando no céu. Somos também planetas, galáxias. Todos, sem exceção, somos iguais. Não é melhor o meu, nem o teu. A perfeição somente é inerente A uma Consciência Maior. Chame como quiser. Ou Deus. Lucia Constantino Paraná - Brasil [email protected] www.cantaresepoesia.blogspot.com

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JUSTA VAIDADE Surge Um olhar Das brumas Da juventude E os ombros Da anciã Sem Alças De sutiã Não se vergam Aos colares E seduzem O tempo das pérolas. Uma mulher Conta sua justa Vaidade Ao luar E desfia Desfiles De estrelas Desde seu melhor lugar. Madalena Barranco Santa Catarina - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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DE CARA LAVADA Não passo base no rosto, Nem ponho rímel nos cílios; Batom guardado e deposto Não serve nem para brilho. Não sei se falta vaidade Ou se é de fato preguiça; Para dizer a verdade, Maquiagem não me atiça. Ainda escuto Caymmi Cantando sua Marina Singelamente sublime Do jeito que Deus a fez. E por que não ser amada Mesmo sem ruge na tez? Márcia S. Luz S. Paulo - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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VAIDADE Vaidade, Alta estima exacerbada, Orgulho de si próprio, Soberba, altivez! Quem te condenou? Exaltação tola De valores tão fugazes! A quem prejudicas? A quem ofendo ou engano, A não ser a mim mesmo, Quando presunçoso, Penso que sou o que não sou, Sonhando acordado?! Vaidade! Quem, pseudo-humilde, Vaidoso da própria humildade, Sob autoritários paramentos, Orgulhoso, Te chamou de pecado? Marcílio Torres Paquetá - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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VAIDADE Corrigir-se da vaidade É imperativo cristão Não se levar por veleidade Nem negligenciar o coração. Pecado capital mais frequente A vaidade corrói alma e espírito Confunde pessoas inconsequentes Cuja advertência provoca conflito. Quem persiste adotar esse ato Consciente está da sua provação A verdade não atinge o insensato Que só pensa em ganhar perdão. Mena Azevedo Bahia - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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VAIDADE …O espelho trincado A minha frente Oposto! Acabou o perfume Meu olor É suor! O tênis de marca Furado na sola da soleira no asfalto No barro dos meus pés... Os desejos? São ilusões submersas No cabelo desgrenhado Na sobrepujança do ego Em si menor Lágrimas Cicatrizes de verdades Marcadas No rosto rasgado Por uma gilete cega E enferrujada Sob máscaras Sobre plásticas Inevitavelmente Na alma... Rogério Manzolillo Rio De Janeiro - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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VAIDADE Trinta e nove anos e meio Me pego diante do espelho A olhar meu corpo de esgueio Marcas do tempo eu receio Um corpo bonito ainda... Nessa visão contemplo a tudo Percebo mudanças repentinas O espectro da velhice. Mudo! Tenho que do corpo cuidar Fazer dieta, hidroginástica Aeróbica, yoga, caminhar. Bem que ajudaria uma plástica E a medicina? Que do rejuvenescimento é oficina Cálcio, ferro, potássio, vitaminas Contra os radicais livres e outras toxinas. A cada dia que se vai Meu corpo antes aliado constante Revoluciona-se e me diz “to nem ai!” Desisto da beleza escravizante! Meu ego se exalta flamejante Sentindo-me jovem e ainda bela Quero ainda despertar olhares picantes Com a sensualidade de anos antes Pelas ruas quando passava Olhares atraia e suspiros arrancava Hoje, quando me chamam de senhora Lembro-me que sou madura agora …

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… Ter suas curvas admiradas É o sonho de toda mulher Mas o tempo é inclemente Amadurece o corpo da gente A beleza madura trás a diferença Destaca-se no olhar, no sorrir É a experiência que marca presença Na mulher que usa o tempo a evoluir A beleza da mulher madura Que da vida bebeu o fel e colheu luzes Experiências que a tornaram segura. Trás a marca de suas lutas e de suas cruzes Rosângela S. Paulo – Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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EU... Eu não sou a que na vida anda perdida, *. Sou a que na vida tem direção consentida, Sou a que faço de meu sonho realidade. Sou uma andante no tempo... Meu lema é felicidade. Sombra de névoa tênue e esvanecida. Transformando as adversidades em animosidade. Caminhando esguia pela cidade, Minha alma vibra e... Nunca adormecida! Não sou aquela que passa e ninguém vê, Sou antítese, não dou esse prazer. Entro em meus devaneios e sei por quê. Sou as minhas razões e minhas emoções, Rasgo-me, reconheço-me mesmo em silêncio. Entro no meu mundo e ensaio canções. *Eu de Florbela Espanca Sandra Almeida Rondônia - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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VESTIDO DE BROCADO A vaidade saiu á rua Toda vestida de brocado Iluminou-se com a luz da lua Para se entregar ao seu amado. Toda ela era presunção No seu porte ostentava No peito trazia a solidão Da pretensão que imaginava. Do ouro todo que trazia De humildade nada entendia Sobre o vestido de brocado Nunca entendeu que tudo é vão Que a riqueza só traz solidão Quando o mais importante é ser amado. São Gonçalves Bertrange L - Luxemburgo [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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NA ESCURIDÃO (A VAIDADE) Olhou-se ao espelho, No móvel em forma de cruz. Disse para o que viu: "Sou, na alta madrugada, O perfeito reflexo De uma noite estrelada Que a todos seduz" Sorriu, E, só então, acendeu a luz... Silvia Regina S. Paulo . Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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VAIDADE Estagnei na magreza da palavra comum E estarreci por não encorpar caderno nenhum, Nem o meu, nem o de outro qualquer Que não quero conhecer, sequer. Entronizo-me à laia de quem já sabe tudo E disfarça o vazio com um linguajar mudo, Feito de meias coisas incorrectas A desenhar esboços de certezas incertas. Aguardo por movimento, Aguardo por força que me dê alento Para rebolar da letargia de altar Que me acanha a vontade de saber estar. Valdevinoxis Viana Do Alentejo - Portugal [email protected] www.valdevino.blogtok.com

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CIÚMES Impiedosamente lanças o grito E destróis-me com a vaidade Do teu ego desmedido, Lançando olhares e gentilezas, Palavras e graças Que m’atraiçoam. Enquanto ardo na fogueira Que ateei com despeito, Rogo para que as chamas Te queimem o orgulho E que os desvios dos caminhos Te tragam tão somente a mim. A cegueira que m’atinge Levanta o punhal E crava-to no peito! Vera Silva Amadora - Portugal [email protected] www.palavras-soltas.blogtok.com

CAPÍTULO I I – AVAREZA Em termos administrativos em qualquer esfera, até em âmbito nacional, a AVAREZA, pode ser reconhecida na tendência à centralização como gesto avarento nas organizações, e até na vida pessoal. Pode significar centralização do poder, e até falta de confiança. O sentimento ávaro, pela desconfiança, leva a centralizar decisões, informações influenciando negativamente os resultados almejados nas tarefas, assim como impedem que os relacionamentos fluam num clima saudável. Este pecado pode levar pessoas a economizar pensamentos, idéias, que podem impedir o envolvimento em projetos importantes para o desenvolvimento nacional, vida pessoal, etc. Esta emoção cria dificuldade de lidar com a diversidade e participação popular, com transparência entrando num clima defensivo, estagnando oportunidades reais de desenvolvimento. A avareza quer seja no grupo, ou individual, também tem a ver com a auto-estima, o medo da perda e retém, retém... Como um usurário… Sendo esta retenção de dinheiro ou afectos, os resultados são concorrentes. Assim o ser humano não se valoriza, não investe em si ou no bem estar, comum. A virtude está no meio, ensinou Aristóteles na Grécia Antiga, então já que não se pode evitar, a avareza (por ser um pecado capital), vale a pena tentar mediações e sublimações no comportamento. Participar mais nos debates dos grandes temas nacionais, pessoais, familiares, etc, ensinando as pessoas mais simples a escolherem melhor, se organizarem, para serem bem representados. Portanto, a vareza não se limita apenas a questões financeiras, diz respeito a relacionamento, generosidade, capacidade de doação humanitária, fraternal, podendo impedir a solidariedade entre homens e até com relação aos cuidados com a natureza. Ibernise in 'Caminhos e Descaminhos do Ser'

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MAIS TRABALHO, MENOS SALÁRIO Hoje te dou mais trabalho Que me dará mais dinheiro... De certeza não atrapalho Teu labor do mês inteiro. Com trabalho extraordinário Cumpriste o teu objectivo; Tenho de encurtar teu salário, Mesmo que não haja motivo. Com grande rigor e mais valia Consegues manter o emprego, Se aos sábados vieres, seria Muito melhor, eu não nego... E demonstraste valentia, Não dou dinheiro, dou um prego!... António Martins Ansião - Portugal [email protected] http://poesia-avulsa.blogspot.com

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NAS LEVADAS Demiurga, a água Transborda Por sobre o próprio Corpo, Submergindo os dedos Que buscam Alento, À medida que a torrente Se lhes escapa. Sorrateira, num ímpeto De cantata, Penetra fundo, Como uma adaga Em peito aberto, Pela dor. Nas levadas, Os pássaros já não cantam Nas suas margens, Apenas ressoam Ecos, pouco audíveis, Da tragédia. Arlindo Mota Setúbal - Portugal [email protected] www.asedadaspalavras.blogspot.com

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AVAREZA Guardar a chaves no peito Todo o amor do mundo Para não perder o coração Betha Costa Belém - Brasil [email protected] www.blig.ig.com.br/poeticaspalavras

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PERFUME Naquela loucura De estar só... De não existir Nem ser cheirado... Corrompeste na insanidade... Nesta tua infantilidade... De não esqueceres nunca o passado... Tornas-te refugiado De ti próprio... Nesta enfadonha sensação... Neste sentimento estrangeiro... De quereres saber quem és... E na tua vontade assassina De te destruíres... Procuras algo... Aquele cheiro insaciável... Dos corpos desnudos de amor... E na tua perdição... Choras um cheiro desconhecido... Não dominas o teu próprio sentimento... O teu amor... O teu pecado corpóreo De simples mortal... Pobre anjo oculto Vestido de pastor... Que passeia o cheiros que ambiciona... Nas armadilhas do corpo de uma ninfa... …

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… Perdes-te... Na loucura do cheiro imortal... De uma beleza quase angelical... Na sensualidade que te é estrangeira De um corpo de rameira... E sonhas na lua Possuir as curvas do teu pecado... Ficas enfeitiçado E choras pois prendeste no teu mistério... O mistério do teu propósito Da tua existência... Desconhecida... Escondida... Numa armadilha... Do teu inexistente... Perfume... BlackBird Cacém - PORTUGAL [email protected] www.wwwblackwings.blogspot.com

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A AVAREZA É mais que uma doença, é uma paixão. É uma obsessão louca por dinheiro. E passa frio e fome o tempo inteiro Para por uma nota no colchão. Alimenta-se de água e seco pão… Não perde da visão o mealheiro, Até ao dia em que o cangalheiro Lhe traga as quatro tábuas do caixão. Vive numa pobreza franciscana, Entre as tábuas velhas da choupana Que lhe serve de cofre e é o seu lar. Não teve sonhos nem tem ilusões… Vive presa ao amor dos seus tostões Até, um dia, a morte os separar. Candido Lisboa - Portugal [email protected] www.contos.poesias.nom.br

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A SINUOSIDADE DA USURA NO BURACO Lavo a mão que se esgota E saio na barca para a aurora junto da cabeça Cantando a tarefa dos homens desesperados Afogando o passo em cada volta de agua Órfão do verde em sono E baloiçando deus no leito Nu, leito da rua selado Angustia ou desejo tanto faz Desde que arranhemos a pele no relento E gritamos a sinuosidade da usura no buraco Contamos os dias duas vezes A noite clara e o dia sol Duas vezes inocente esta hora Este espaço de hora que se move na sua própria vontade A passagem bate nos olhos do poeta no coração E nos pulmões das costas curvadas Somos o café Congestionamos a idade neste momento E espancamos a lentidão do tempo Batemos na fertilidade do ar Nas folhas do morrer hoje Neste anel de fogo exorbitamos a padeira de coisa alguma Temos o sexo branco no meandro do sangue Como escavasse-mos o firme dos nossos remos Saberemos mais tarde Que a queimadura na parte exterior da perna esquerda Vive fragmentos de granito constantes Em bocados sentimentais E da existência Partimos as danças ao meio e da garganta dos sapatos Libertamos as plantas dos pés A mulher deu-me um livro infantil para a moer A mão que tocou o seu marfim quente E a língua que beijou a sua uva canta Canta as palavras do mar criança …

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… Do velho que coleccionava objectos redondos O corpo é um peso circular e a ponte é fresca E prende-se na menina de cabelo amarelo Amamos a eternidade do vento sul E a pimenta dos confins da África moderna Nomeamos as árvores em nosso redor Bebemos calos do pensamento neste degrau Transfigura-se a espuma das flores É o que nos resta na memória saltitar E por agora somos inacabados Continuação do encanto jovial Estamos bem mais gordos quando saímos da rua deitados. Caopoeta Fradelos - Portugal [email protected] www.naentradadoabismo.blogspot.com

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MÃOS DE MÁGOA Choram, magoadas, horas incompletas Estendidas sobre as mãos de um só olhar, Fantasma vulto de horas sem lugar Na compleição de misérias secretas. Erguem-se à luz de estrelas predilectas, Suplicantes de mágoas por contar, E há um sino nos ecos do sonhar Gritando entre fragores de completas. Há uns olhos de morte e de loucura Suplicando um refúgio na amargura De uma alma submersa sob o Calvário. Mas, avaro da luz e da magia, Encerra o mundo a sua fantasia Sob as soturnas penas de um sudário. Carla Ribeiro S. Martinho De Mouros - Portugal [email protected] www.freewebs.com/carlaribeiro

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AVAREZA A manhã despontou, E dentro do seu quarto, sente um prazer imenso, Por mais um acordar rodeado dos seus prémios. Olha em volta, Tudo está no seu lugar, Nada mudou de sitio. As suas pequenas fortunas, Como lhe chama, As suas pequenas maravilhas, Brilham num sol de primavera. Pensa então, Como sua vida é perfeita, Ou quase perfeita, Se apenas pudesse ter dinheiro para comprar os mundo, E todos o que nele contem. Deitado em sua poltrona, feita quase de ouro, Sente a paz dominar a sua vida. Um sentimento que sempre o acompanhou, Desde que se conhece como homem. Mas um dia, uma tempestade assola a sua vida, Domina seu coração e sua alma, E atira-o para um poço fundo e escuro. E ele, perdido em si, Deixa-se afundar, no medo Suas maravilhas, suas riquezas, Permanecem intactas sobre sua mesa, Mas seus sonhos estão a morrer, Seus bens mais preciosos, Estão embutidos na parede de seu quarto, Mas sua mente, perde-se cada vez mais, a cada dia que passa, Ele sente-se a desfalecer perante a vida, Mas seu amado dinheiro, permanece intocável. Até que ele se vai para um outro mundo, E suas riquezas, permaneceram neste mundo para sempre! Catarina Camacho | Madeira - Portugal [email protected] | www.catarinacamacho.blogspot.com

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GANA O desejo bate a porta Atropela a parede que conforta Invade a nua paisagem Perder tempo, jamais. Sair correndo ao pensar, ela quis. O transporte preparado recém As malas já postas na sala de jantar O homem remexe desesperado Implora para ela ficar acalorado O olhar é de interesse abafado O corpo é escultural abastado A vontade da água na boca A ganância é muita na beijoca O relógio vigia, ela que apresse. A viagem ao mundo exaspera Os lugares a sua espera O avião já partirá, o almeja. O cheiro entranhado, é peleja Cede ao destino e veleja Na maçaroca do amor A avidez brilha do alto ardor. Diana Balis Rio De Janeiro - Brasil [email protected] www.dianabalis.blogtok.com

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AVAREZA Eu, tornada chuva, Ambiciono o cerne da terra, Íngua em pústula que sorverei Sob os olhos famintos dos que nada tem. Proclamarei o tempo Terreno expiatório e desarticulado Onde a minha dor - e somente a minha – Terá descendência, amplitude e eco. A ninguém farei partilha Dos rosais funestos que me nascem E serei soberana senhora De todos os pecados do mundo... Edileia Santos Brasília - Portugal [email protected] www.desequilibrio.blogtok.com

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AVAREZA Nunca vê o avarento Nos outros um seu irmão Tem falta de sentimento E de humana compaixão. Vive bem e com fartura Em opulenta riqueza Mas não sente a desventura De quem não tem pão na mesa. Há muitos necessitados Que mendigam com tristeza Quantas vezes confrontados P’la pertinaz avareza. Esta injusta indiferença Que não faz nenhum sentido É quase como doença Sem remédio conhecido. Quem tem a barriga cheia E muitos banquetes come Quase nunca liga meia Aos pobres que passam fome. O avarento egoísta Na vida não tem amigos Nada tem de altruísta É mais pobre que os mendigos !... Euclides Cavaco Ontário - Canada [email protected] www.euclidescavaco.blogtok.com

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SÓ.VI.NICE E vi... Contando as notas para si. Queria do mundo a riqueza, Para guardá-la escondida, Daqueles que vivem em pobreza. Mesquinhez na maneira de agir, Guardar tudo aquilo que não se usa. Enquanto pessoas sem terem o que vestir Passam frio, vergonha intrusa. Apego excessivo ao dinheiro, Traz ao ser estreiteza de espírito. Ser avarento é viver sem conflito. Porém, pobre do amor verdadeiro. M. Inês Simões S. Paulo - Brasil [email protected] www.mis.art.br

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A AVAREZA São sete os pecados capitais, Difícil destacar os principais. Começo co’a letra “a”, a avareza, Puxada por ambição de haver riqueza. Embora boa rima co’a avareza, Não há morada, ali, para a pobreza, O pobre é que é vítima maior Porque, se o ouro não corre, lhe é pior. Assim, deve o dinheiro circular E nunca que num cofre ser fechado. Fazer, a quem precisa, trabalhar Porém o que nos causa mais tristeza É o avaro, tanto a cuidar de seus guardados, Que tenha sua alma em pobreza. Manoel Virgílio Rio De Janeiro - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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COBIÇA Silêncio Quero ouvir apenas o teu coração Que descorda da teimosia do teu cérebro Silêncio Quero perceber o que ele me diz Se entender-lho vou querer compreender Quando compreender terei de perceber Silêncio pois tu es minha e de mais ninguém Mukanda Luanda - Angola [email protected] www.fazemosacontecer.blogspot.com

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A CHEGADA DOS PECADORES Honoráveis convidados deste juízo final Sejam bem-vindos ao monumento da verdade Abrem as portas aos nossos ilustres acusados Ostentam, a meia haste, virtudes e pecados. Mendigam por tostões aos pobres diabos Tartamudeando o verso ao cifrão alheio Avaliam o momento para não gastar o que é vosso Engolindo o saber de Midas como se água se fosse. Reais, diamantes, oiros, fortunas, Revogam, por quaisquer trinta metais, o espírito do certo. Tesura a quem mais precisa cuja fome é mãe podida *1. Imploram clemência aos impostos exigidos A chorar de miséria, com abundância bem escondida. Obscurecendo o sal ao trabalhador escravizado. Nem Santo, nem Sorte, os puderam salvar Sois avareza em tons aglutinados Os ricos senhores da soberba mendicidade. Nota: No *1 era para ser f***da, mas não quero entrar no calão. Pedro Batista Setúbal - Portugal [email protected] www.demanjo.blogspot.com

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AVAREZA Não quero dividir-te com ninguém Nem mesmo partilhar o teu sorriso. Eu quero ter-te sempre que preciso Flor entre as demais do meu harém. E como um marajá pecaminoso Eu vou guardar-te sempre mil zelos. Perder-te é o maior dos pesadelos, Tesouro cobiçado e precioso. Tu ficas prisioneira inocente Dum sádico carrasco decadente Que quer só para si tua beleza. Somítico te guardo e te escondo. Num gesto de ciúme hediondo És vítima de insana avareza. Silvério Calçada Ermesinde - Portugal [email protected] www.eusilverio.blogspot.com

CAPÍTULO III - IRA

Thomas Hobbes (1588-1650), matemático,teórico político e filósofo inglês, em sua obra Leviatã(1651) falou sobre a natureza humana e sobre as necessidades de governos e sociedades, pois considera " o homem lobo do homem", mas este homem deseja acabar com a guerra, e para isso precisa formar sociedades entrando num contrato social... A natureza humana é temperamental (império dos sentidos). Mas as relações em sociedade evoluíram e as noções primitivas do convivío humano, sobre as quais Hobbes reflete, mudaram. Temos Estado constituído, conhecemos a Lei Natural, mas temos o Direito avançado da modernidade. Criou-se, então uma trilha ética de normas de conduta. Mais atuais ainda, são as noções sobre o controle das emoções, baseadas na inteligência emociomal (Golemam, 2005). Sim. A emoção pode ser taticamente treinada como uma habilidade... Esta descoberta libertará homens e mulheres das ações passionais... Aí muito mal poderá ser evitado... O sentimento da raiva toma o indivíduo de assalto. Este, quase sempre, não está preparado mentalmente, para não entrar naquele circuito neurótico, que para o surtado é mentira, negação, fantasia... Latente, não expressa... O fomento da ira é o medo de errar. Ao invés de temer, vem o ataque para defender os próprios fantasmas. Freud ao elaborar sua Teoria da Psicanálise expôs sobre estas questões. Justifica o mestre da psicanálise que é necessário saber o fundamento do seu próprio recalque, conversando ou escrevendo sobre sonhos, pesadelos e sonhos recorrentes, aqueles que se repetem... Tais procedimentos podem ser justificados nos textos: [Histeria (Freud, 1888); Sobre o mecanismo Psíquico dos Fenômenos Histéricos: Comunicação Preliminar (Freud, 1893/1986 b); Neuropsicoses de Defesa (Freud, 1894/1986 c); Psicoterapia da Histeria ( Freud , 1895/1986 d)]. A Inteligência Emocional (1990), definida por Daniel Goleman (1995), John D. Mayer e Peter Saloney (2005), permite desenvolver habilidades para descobrir e reconhecer atitudes em si mesmo e nos outros, que provocam descontroles momentâneos, que afetam seu humor negativamente. Treinar memorizar, decodificar esses enigmas, quase sempre surtem resultados otimistas, promissores. Ibernise in 'Caminhos e Descaminhos do Ser'

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PENSAMENTO PRÓ FUNDO O cão que morde o cão como se fosse o dono. António Paiva Madeira - Portugal [email protected] www.antoniopaiva.net

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AMOR/ÓDIO/RAIVA Já não sei o que sinto Já nem sei se sinto. Dói me não te ver. Dói me não estar contigo, Dói me não saber de ti. Mas pior que tudo isto Dói-me estar contigo e não te tocar Dói-me a tua distância, O teu desprezo. Ainda sinto amor por ti, Mas sinto ódio por mim. Raiva pelas minhas atitudes. Raiva Por ter sido eu a deixar-te fazer tudo. Por nunca ter batido o pé e dizer então e eu? Estou aqui? Não tens tempo para mim? Não queres estar comigo? Sinto que te perdi por minha culpa. Dei-te asas e tu voaste. Não voltaste, Nem muito menos olhaste para trás e pensaste em mim. Seguiste o teu caminho. E eu fiquei... Fiquei sozinho... A pensar... A chorar... …

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… Choro só de me lembrar de ti. Choro... De raiva de mim De ódio de mim Mas no fundo de amor por ti. Carlos Silva Sintra - Portugal [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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CARAPUÇA Ódio Tu que rois a alma Corrompes o espírito Tem piedade dos tristes Ódio Tu que gritas dizendo pensar Mas apenas mostras a tua impotência Tem piedade dos mesquinhos Ódio Tu que pretendes ver Em tudo e em todos O mal, O pecado, O crime Tem piedade dos tolos Ódio Aprende a humildade Lembra-te da historia Do burro com pele de Leão E assim Talvez possas ouvir As gargalhadas De todos aqueles Sãos de espírito Que pretendes Aterrorizar Carlos Tronco Caen - França [email protected] www.troncocarlos.blogspot.com

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ÓDIO SEM LIMITES... Submundo, por ele caminho sem rumo, sem destino... Triste, detonado, irado, espere; Já vem a chuva... Espere um pouco a chuva acabar... Ódio Minha alma se destrói por amor à vingança… Nela quero festejar, minha vitória antes arrancada, por detrás de minhas certezas consideradas boas … Talvez cem por cento isso comento ... Assim louco enfim… Era isso que todos queriam; Vestido de trapos deitado no chão pedindo esmolas Sem nenhum amor no coração Enfim enfim assim chegara vossos fins. Cidox S. Paulo - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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VENTOS IRADOS Adentram-se mágoas Enzimam-se ódios Que azedam a alma. Possuem-nos ecos Das forças do mal Levantam-se ventos Irados de raiva Mesquinhas tormentas Revoltas de nada. Insurgem-se armas Fuzilam-se sonhos São vidas ceifadas Pelo preconceito Mulheres artilhadas Fazem-se explodir Por crenças insanas. Fernanda Esteves Setúbal - Portugal [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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NA VÍRGULA DO GATILHO Violência sem igual dor de sentir Toda essência do mal, um sopro Esmagando a lei contrariando o devir. Descarrega as munições o cano Fumegante, quente tambor estéril, Almas livres cadavérico projéctil, Pontaria afinada dedo insano. Esquemas cruéis, fortes torturas, Camisas-de-forças, doce sanatório Dardos envenenados, punhais sem lisuras, Sem marcha fúnebre, antecipado velório. Junta-se o lixo, acende-se a fogueira Muito fumo enterra o estrume A água passa e limpa a eira, Na mente um tornado no chão verdum. Ferve o sangue, alastra o vício Consomem pragas gente doente Em estado de sitio o suicídio, É absolvição do paciente. Desespera, cega, irado escrito Inconscientemente guardado Não há aviso... Francisco Boaventura Guimarães - Portugal [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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ÓDIO É !… Ódio é água que molha sem molhar É cegueira que enxerga mas não se vê É uma felicidade de um infeliz porquê É prazer em dor por não poder amar É um querer muito o que não se quer É ficar só por não ganhar o coração É negar o bater sentido do querer É ganhar nada por perder a razão É desejar um desejo indesejado É servir um prato frio de sal e sódio É ser odioso por não ter amado Mas como pode causar lugar no pódio De um fado tão triste e malfadado Se tão semelhante a si é esse ódio? José Lourenço Barcelos - Portugal www.poemas.blogtok.com [email protected]

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POEMA DE JOVEM Meu Poema de Jovem Tem frases ditas com ódio Que soam exageradas Ou infantis Coisa de Jovem Desapontado com o Mundo Tem paixões Que só se vive enquanto Jovem Ao escrever e descrever Momentos e coisas que Só um Jovem acha engraçado Só um Jovem concorda Enforca-se Assim exijo que O Mundo seja perfeito Acredito que os homens podem ser honestos Escrevo por um Mundo justo E vivo uma alma pura Coisas de Jovem, hem! Quando eu for Velho A única solução Vai ser rasgar cada folha Deste meu lindo Poema É o que dizem os Kotas Ao criticarem Meu dilema Que eu chamo de Poema! Kardo Bestilo Luanda - Angola [email protected] www.minhasoutrasvidas.blogspot.com

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LOUCURA DE MULHER Perdoa essa desvairada Que te faz espumar de raiva E consegue te tirar do eixo. Tratando-se de fêmea é normal Tamanha excentricidade, Afinal com tantos hormónios, Seria ingenuidade esperar normalidade. Hormônios são nossos demônios. Pobre dos machos que buscam Nos braços de uma mulher Descanso e tranquilidade. Fêmeas lhes dão o regaço, Sexo, filhos e alguma satisfação. Agora, por caridade, Não lamentes a insanidade Que a costuma acompanhar. Aproveita a oportunidade, Usufrui o que vida te dá: Uma mulher a te enlouquecer, Uma mãe para teus filhos parir, Uma insana que te faz irar, Uma fêmea que te faz gozar. Kryss Fourakis Cataguases - Brasil [email protected] www.tragada.blogspot.com

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A GUERRA A guerra feia e fria… Com quem sempre convivi… Que me ensinou a viver… Que me ensinou a crescer… Que me marcou… E que me deu… Maior aconchego dos meus pais… Maior protecção… Maior preocupação… Onde aprendi a ver… Os medos e os conflitos… Como os homens se odiavam E … Como se amavam… E nesta angustia de dor… De maldade… De sofrimento… E… De união… Aprendi a amar… Aprendi a sofrer… A descobrir… E a dar valor… Ao que de melhor há… Ao nosso redor… E saber afinal… Que a vida, é o melhor que há!... Liliana Laranjo Aveiro - Portugal [email protected] www.africaempoesia.blogspot.com

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MAIO PALUSTRE A lagoa do meu kimbo Não reflecte a lua Mas a mágoa dos homens de maio. À prata morta das águas Mordo as pitangas de maio Frutos túrgidos de sangue Sabor lacustre disforme palustre De morte e esquecimento... A lagoa do meu kimbo Não reflecte a lua Mas as máscaras gota a gota caindo Lágrimas no corpo morcego da noite E dos ramos calcinados das árvores Libertam-se fantasmas ásperos de veludo Amortalhando os meus olhos de maio Vestindo ébano coalhado de cadáveres E perfumadas ptomaínas. Namibiano Ferreira Tombwa - Angola [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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IRA Na ira dos desejos, lá vou eu Entre o céu e o mar, procurando Com meus beijos a Pirata do meu mar Rainha dos sete mares, toda linda! Toda má, me deixa a ver navios Nas lembranças do meu gostar... Na ira dos meus desejos, grito Seu nome mar a fora... Pirata Se te acho, vou de encontro Ao seu abraço e até te faço sorrir... Pirata não se iluda, só estou te dando Corda, pra depois beijar-te pelas bordas E mostrar quanto irado é o meu sentir. Paulo César Coelho Rio De Janeiro - Brasil [email protected] www.pcoelho.prosaeverso.net

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IRA Sentimento que despedaça a alma Desatino sem fulgor, uma sombra Que arrasa o coração e caminha Sorrateira atacando a qualquer momento. A alma impura agride abruptamente Descarrega todo desamor Naquele ser indefeso, e quantos São os que padecem nas mãos De monstros que têm no peito Este sentimento pequeno como um Dragão a queimar todos Com suas labaredas de fogo Fazendo vítimas Deixando marcas profundas, São as cicatrizes deixadas Como tatuagens marcantes no Corpo e na alma! Regina Kreft Paraná - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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A IRA Arrancou as vestes, rasgou as carnes Beijou os ossos da lividez em esgares Exibiu as peles, os dentes, a lixivia E nas rugas salgou o ódio e a pífia Masturbou o olhar no sangue da ferida Que recortou a frio e em desmedida Sorveu os impropérios da lingual E os cuspiu altiva na barriga Guardou o rancor debaixo do sovaco Para o destilar em qualquer buraco O cão da cólera besuntou os ouvidos E a cera criada invadiu os convertidos A vingança assestou um calo sarnento Na boca aberta que cedeu ao bafo denso No desvio da razão e da decência. Sobrou o trauma de uma incontinência… Roque Silveira Vila Verde - Portugal [email protected] www.roquesilveira.blogspot.com

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CALO A RAIVA Calo a raiva Que tolda os sentidos Grito Um grito dilacerante Que me dói Tão fundo Tão profundo! As palavras são nenhumas, Gelam-se Na saliva inexistente, Seca-se a boca Qual fonte quebrada… São cardos São espinhos, Fragmentos mutilados Que rasgam a carne Em sangue vivo. Ai, dor dorida… Tivesse morrido ontem Que a luz hoje Não a enxergo! Ceguei tragicamente. Rosa Maria Fernandes Quelimane - Moçambique [email protected] www.ocantodarosa.blogspot.com

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A IRA Mesmo que voltes para casa Não há perdão ao teu regresso A rua será teu lar na praça Eu habitat, teu insucesso Foi-se o menino para a rua Seu lençol a chuva, o sereno A droga era a realidade crua Por anos no mundo obsceno A ira cobriu aquele lar Em vez do perdão e amor Perdeu o poder do abraçar A vida não conheceu a paz A dor rondava em desamor A vingança serviu de capataz Sonia Nogueira Fortaleza - Brasil [email protected] www.sonymai.blogspot.com

CAPÍTULO IV- PREGUIÇA A preguiça é de todos. É prazeroso entregar-se a preguiça. O desequilíbrio acontece quando o indivíduo inicia um ciclo vicioso que o impede de realizar-se, estabelecer-se, em função da inércia ( nesse caso, continuidade da ausência de ação, um “movimento” que detém os processos de auto realização). Este comportamento pode se apresentar como falta de coragem para trabalhar, de realizar as tarefas do cotidiano, desinteresse em aprender coisas novas. A preguiça adia a realização dos projetos, e a pessoa acaba deixando tudo para depois. Neste caso não fica apenas na atitude física, mas uma atitude mental que desqualifica os problemas e as possibilidades de solução. Para fugir da preguiça neurótica, faça uma lista de prioridades e as execute. Trabalhe mais do que planeje. Viva mais do que sonhe, pois como diz Luiz Fernando Veríssimo: “...Embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.” Ibernise in 'Caminhos e Descaminhos do Ser'

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QUERO DORMIR Deixa-me, Não dormirei mais amanhã Deixa-me agora que vivo Dormir então mais um pouco. Dos meus olhos em buracos Não sairão mais mofas penas Em pedaços, como agora, Feitas trapos enrolados Em anestesias de sono. Deixa-me então mais um pouco Cansar emoções de mil passos Não vividas por cobardes Ou falta de circunstâncias. Não vês em mim um só corpo Que precisa de sossego? Deixa-me então em silêncios. Em ondas de dor abafadas Em almofadas dobradas Torcidas por pesadelos. De meus olhos em buracos Não sairão mais amanhã Nem gotas de sal saturadas Nem imagens de luz projectadas Nem sombras de meu ser poente. Deixa-me então, lentamente Viver meu sonho doente Ser livre, ser só, ser sofrente Pois não dormirei mais amanhã. Alexandra Mendes Guimarães - Portugal [email protected] www.alexcruzmendes.blogspot.com

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PREGUIÇA NA CAMA Espraio na cama o sonho da outra noite. Espreguiço-me no teu corpo em massagens mansinhas, Delineio as tuas coxas adormecidas Em segredo bocejo os meus ais ao teu inconsciente. O sonho foi um prazer infernal. Acordo teu desejo carnal, Esta alvorada promete a realidade Suo sensualidade. Espreguiço provocantemente meu corpo Despertando teus sensores ainda adormecidos. Acolhes-me entre teus braços, Fazemos perfeitos laços, Acalentando meus desejos ardentes, Sufocando as convulsões existentes. De Moura Alcina New Jersey - Usa [email protected] www.whispers.blogtok.com

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A REDE DA ENCOSTA Ar e sombra se unem e fogem, Apartando-se como lei de órbita Que gira a rede da encosta, Reflexo de um qualquer estado Que pode ou não ser alma errante. Caem as cores de sons, Discurso anacrónico de todos os tempos, Como arma infligida de areia, No corpo cansado, Deslizando a voz obscura do deserto. Entram nas cavernas os tons da terra, Emergindo as madeiras moldadas de falsos Invernos, Água coalhada de penas que foram essência, Hoje poema riscado de abutres Com palavras de lamentos. Sem disfarces na escrita, Desarmam as gavetas e as lanternas Sem profundidade de escolha, Que se ironiza a cada tendência No velho moinho, que roda a planície de todos os tempos. Eduarda Mendes Algés - Portugal [email protected] www.sol.sapo.pt/blogs/Meduarda/default.aspx

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TUDO PARADO Céu azul... Portão azul... Despetalando devagar O marasmo, O bem querer Que mal me quer. A mão desliza na testa É hora da sesta Balaio vazio Ocre, Oco. À espera de cores Que preguiça! Tudo parado, Parado e morto. Gladys F. Kogl S. Paulo - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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CAVALGANDO A SORTE Cada passo É um pensamento Um apartar do vento Cismado Compassado Com o coração a bater A trote A sofrer De má sorte Como se um cavalo fosse E voasse Sem asas À deriva No tempo E pisasse a mágoa Que me remói Por dentro Henrique Pedro Mirandela - Portugal [email protected] www.henriquepedro.blogspot.com

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PREGUICITE AGUDA Deitar tarde Para levantar-me cedo não há vontade E tarde erguer Há trabalhos urgentes para se fazer No sofá a relaxar Em vez de estar no quarto a estudar Na esplanada com os amigos a beber Em casa há tanto trabalho para se fazer Não me apetece ler Da roupa suja não quero saber O chão não quero varrer Até este poema vou parar de escrever… Herlander Carvalho Lisboa - Portugal [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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POEIRAS FRUSTRADAS O chão está ferido de máquinas Provindas do Ocidente ou do Oriente Que criam cá um tsunami inconsciente E devoram zungueiras nas esquinas Lacrimejam passeios coloniais Por debaixo dessa árvore podada Por buracos na avenida do nada Em cujos suores precipitados andais… Nas folhas de acácias sepultadas Onde o tempo refresca meu medo Já não pousa o amarelo do sol ledo Pois as bolhas desses olhos há atadas… Pouco era o engarrafamento de horas Para nele haver perfurações bruscas Em meio a avenida frondosa de moscas Que apressadas à colerizar iam a oras Nos calcários incrivelmente derrubados Dos solos que sustentam a nossa esperança Se esqueceram de desenhar a crença Para nesse coração jamais haver fardos… José Honório Benguela - Angola [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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PECADO PREGUIÇOSO Sinto vaidade na preguiça Que me sacia toda a gula Em luxúria ira e inveja; Qual avareza pecaminosa Lucinda Silva / J. Santos Moçãmedes - Angola [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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PREGUIÇA Escrever um poema eu ia, A poesia chamava, juro que ia, Mas que trabalho daria! Um poema encomendado... Ai, ai, ai Cadê a inspiração? E se eu disser Que o leite ferveu E derramou... Que a vida cresceu E desandou... Que o dia nasceu E a noite demorou... Será que isso É um poema? Será que o tempo surgiu do desejo E o mundo brotou do tempo, O espaço criando seus labirintos E galáxias? Ou será que o mundo surgiu Do caos e do vazio? …

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… Ou terá sido a palavra, Filha de uma Vontade primordial Para sempre oculta, Que gerou galáxias E os teus olhos? As respostas Se fazem de sonsas E vão ao cinema. Luiz Felipe Coelho Rio Janeiro - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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QUE PREGUIÇA BOA!! Ah! Como é bom Estar aqui sentada neste banco A observar-te chegando ao longe Devagar clareando o céu Dando brilho as nuvens que passam Ah! Como é bom Um pouco de preguiça Para sentir essa brisa Que bate em minha face Leva pra longe os males Como levam as nuvens que passam Ah! Como é bom Esta preguiça Que toda manhã espreguiça Estira o corpo descansado De mais uma noite deitado Sobre um preguiçoso alcochoado Maria Lopes Rio De Janeiro - Brasil [email protected] www.recantodasletras.uol.com.br

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COPO SEM FUNDO Afogo as mágoas Neste copo Sem fundo Que me engole A alma Até à última gota... Como águia Ferida de morte Desço a pique Num mergulho Vertiginoso Rasando a vida Por um fio... E tudo o que quero É tão simples Simplesmente Esquecer... Esquecer Que existo! Maria Lurdes Dias Queluz - Portugal [email protected] www.impulsosdalma.blogspot.com

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PREGUIÇA Segunda-feira, cara feia e lá vem a senhora preguiça Com mãos de carícias em luvas de pelica! Preguiça tem prosa dengosa e é dama de má fama! Senhora de muitas façanhas, te amarra na cama E ainda aponta a aranha que se assanha E tece lentamente sua teia de desdém, Mas diga amém e vamos pra lida Que o sol já entrou E ocupou o lugar da escuridão! Tem essa não! Espanta preguiça! Se estica, se agita e grita: Sai! A vida te chama! Vida que não dorme e nem cochila. Pegue a mochila seu moço... E vai! Marisa Rosa Rio De Janeiro - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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O SONHO DOS PREGUIÇOSOS A vida passou, Passou de repente. Ele, inconsequente, Viu ela passar. Não se mexeu. Assistiu de camarote: Viu seu nascimento, seu crescimento, E sua morte. Ficou sentado, acabado, Encontrou o abandono. Disse estar cansado, Muito cansado, com muito sono. Era mentira, Era errado, Mas ele fez. Desperdiçou A sua vida De uma vez. Viveu trancado, Privado, só a dormir. O que vai ser desse homem Que vive nos sonhos dos preguiçosos Que sempre dormem? Regiane Folter Caraguatatuba - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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A PREGUIÇA A Preguiça é a mãe da displicência, Do desleixo, e abona a covardia, De quem não pode ser como queria, Porque cedo se entrega à indolência. E vai em frente a proclamar carência, Por mais que tenha, ao lado, companhia, Pois o que busca mesmo é freguesia, Para a moeda falsa da indigência. O preguiçoso é perdedor de fato, E de direito, desde que nasceu, Porque cultiva a perda na conduta. A reclamar que tem vazio o prato, Não vê que é tudo que ele mereceu, Colheita justa para quem não luta. Tere Penhabe S. Vicente - Brasil [email protected] www.amoremversoeprosa.com

CAPÍTULO V - LUXÚRIA

“A teoria socrática do bom e do útil, da prudência, entendida pela índole voluptuária de Aristipo, o hedonismo, ou a filosofia, em que toda a humana bem-aventurança se resolve no prazer” (Latino Coelho, A Oração da Coroa, pp. CCXXXVI-CCXXXVII). A luxúria deveria estar, em princípio, associada ao luxo, ou seja o supérfluo 'indispensável' que a igreja relaciona directamente aos prazeres da carne, onde 'a carne' se impõe como sinónimo de sexo. Mas é ou não o sexo uma criação divina.? Há duvidas que tenha sido uma criação não divina, porque era algo inacessível, o fruto proibido que a serpente, tentando Eva, acabou por desalojar a si e o seu Adão do paraíso. Mas se a sexualidade é humana, deve ser obra divina. Algo que ele concebeu, não para que os homens e mulheres se julgassem entre si, mas para que se permitissem e se perdoassem quando estes níveis de comportamento exacerbassem os limites. Tais cercanias uma vez ultrapassadas, poderia caracterizar o pecado da Luxúria. Contudo para o exercício plena da sexualidade humana, não se sabe qual é o limite. Cada ser humano, o constroe, segundo suas experiências e sua libido. Ser luxuriante não é ser pecador, é ser alegre, divertido, ser 'cabeça', arrojado. Assim quem sabe viver com certeza sabe ser luxuriante, ainda que isto possa, para alguns ser significado de 'pecado'. No entanto sendo capital é, e sempre será, facultado a todos, sem nenhuma excepção. Ibernise in 'Caminhos e Descaminhos do Ser'

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VATICANO Tu Que dominas as consciências Com capa bordada a ouro e prata Subjugas a cultura O trabalho, a liberdade, o culto, a vida Como um perfeito agiota Em nome de um deus pretensiosamente vingativo Com o ceptro de um rei sem império Tendo como horizonte o mundo E palavras místicas e serenas És o senhor absoluto de todos os desígnios! Desenhas a sombra de todos os medos com um sorriso Abusas da crendice como um mendigo da fé Buscas na imposição de dogmas e preconceitos ignorantes O poder e a força para exercer o poder Ditas a sabedoria do absurdo aos incultos Apregoas paciência à fome Nos manjares à mesa do desperdício Ensinas a tolerância à miséria Dos que morrem vitimas Dos que pagam a tua ostentação e luxo! Falas em repartir pela pobreza colectiva a pobreza individual Alimentar quem tem fome com panelas vazias Saciar a sede de água aos que morrem sedentos de amor Vestir o nu com as roupas rasgadas dos miseráveis Amparar o amparado nas casas em ruínas Os outros… Os outros… Mas como podias dividir a ostentação Se é na miséria que buscas o pão da tua riqueza E é a incultura que tece o chicote Com que os capatazes os maltratam! …

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… Prometes um mundo de paz, apregoas a paz Com o holocausto do irreal debaixo da batina de pedras preciosas

Armagedom e Lucifer, trombetas divinas e purgatórios Para os pobres pecadores Para os duvidosos Excomunhão Para os que ferem e maltratam o teu rebanho Terras fartas de leite, rios abundantes de pão! Para os que devotos Promessas de um paraíso irreal – Crendices e engano! Para os que ficam A miséria continua… Vaticano! Vaticano! Reúne os despojos de Cristo A coroa de espinhos ainda ensanguentada A túnica branca manchada de suor A cruz de madeira desgastada pelo tempo E parte por esse mundo fora Nu de luxúria Para apregoar a verdadeira paz Para falar do verdadeiro amor. António Casado Setúbal - Portugal [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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LUXÚRIA REPARTIDA Anoitece a esperança em teu rosto Ao tombar na ilusão… da ladainha. Já impera a tristeza como monstro Se te vejo expirar assim sozinha! Irrequieta na esquina, uma menina! A beleza com que enfeitiça o sono: Sorri por fora como uma abelhinha; Chora por dentro até ao sol-posto. Um dia, passarás a ser rainha Dum prazer carnal de libelinha, Repartidos em luxúria de desgosto. O tempo, escasseia na mocinha E nem se trocam anos de velhinha, P’las rugas desenhadas em teu rosto. Carla Bordalo Coimbra - Portugal [email protected] www.mariacarlapoesia.blogspot.com

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E NÓS TOMAREMOS MEIO POR MEIO O amor é como uma urze estendida ao sol Ama-se logo ali... E se das flores silvestres Fizermos um manto singelo A afagar-nos as partes mais íntimas Onde o prazer se descobre Nas suas pétalas coloridas Chegaremos de mansinho E nos tomaremos Meio por meio À tua boca me ofertarei E serei céu virgem Cativo de um olhar rotineiro Há uma flor no entremeio Que me aparta os seios Sempre que te sinto inteiro A beijar-me Os contornos cheios Há um doce embalar Numa corrente Que se acaba No meu corpo Mas que irá desembocar No rio crescente Dos teus beijos Dolores Marques Lisboa - Portugal [email protected] www.novoolharomeu.blogspot.com

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CONFISSÃO Nesta madrugada me peguei A recordar da expressão grave do temido padre da infância, Pronto para meus pecados punir... De joelhos, encabulado E com voz trêmula, Inocentemente confessando: - Pequei contra a castidade... Beijei Maria... Possui Marília... Alisei as coxas da Marlene... Masturbei-me pelas mãos da Martinha... Com o seu mau hálito e olhos atônitos, Ia o reverendo, aflito, logo me condenando ao terço rezar... Não sem antes ouvir o meu hesitante arrepender ... - Nunca mais repita isto, menino! - É pecado grave! Finalizava ele, deixando em mim a certeza do impossível... Até hoje me recordo da sua fanhosa voz... E agora, Com a irreverência senhoril, Tenho receio de reencontrá-lo E confessar-lhe que ainda não me esqueci das coxas da Marlene... Nem dos beijos de Maria, da ajuda da Martinha... Muito menos, do corpo de Marília... E, contrito, confessar-lhe: - Como eram doces os meus pecados... Domingos Alicata Rui De Janeiro - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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LUXÚRIA "Luxúria? " Não cresci. Sou devasso de cisnes Na aurora do parque. Encostado ao talude dela Simulo orgasmos de pouca dura. Ah! Mulher de um raio, Sem cabana a aparar o freio Inventado pela literatura. Gabriel Pedro Barcelos - Portugal [email protected] www.rufia.blogtok.com

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PRAZERES Na leve gaze do manto, Corpo Onde flutuam os seres. Te ofereço meu canto, Minto. Te ofereço prazeres. Só possíveis para a alma Dos que sonharem no Corpo. Gladis Deble R.G. Sul - Brasil [email protected] www.gladisdeblepoesia.blogspot.com

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AMOR E SAMBA Teu corpo em minhas mãos É ritmo de samba e refrão... É bateria, no compasso, Avanço e recuo no espaço... Teu corpo em minhas mãos É desfile, é pura afinação... É gingado que realça harmonia, É sonho, cores e fantasia... Teu corpo em minhas mãos É comissão de frente, exibição, Coreografia de primeira, Mestre sala e porta bandeira... Teu corpo em minhas mãos É vitória, é enredo campeão... É paz na avenida, alegoria, É alegria, encanto e parceria... Ibernise Indiara - Brasil [email protected] www.ibernise.com

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PEGAR OU LARGAR Amo-te mais ainda quando Me dizes palavras sujas Por sermos dois pervertidos É que nos queremos tanto Minha vaca adorada Dou-te leite dás-me mel Ternura & bosta Tudo a mesma coisa Somos dois pervertidos que se merecem Gosto também quando Me desprezas e me mostras A porta da rua: Alma safada que és Sei que me resgatarás no outro Dia de uma sarjeta qualquer depois De me negares três vezes E eu como um cão faminto volto Obediente volto e deito-me Do lado direito da cama mas antes De começarmos tudo de novo Repito agora nos teus ouvidos Que te amo furiosamente te amo Com todas as cores do meu desespero Júlio Saraiva Rio De Janeiro - Brasil [email protected] www.currupiao.blogspot.com

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GOTAS DE DESEJO Quando ela fecha os olhos, O céu multiplica o infinito e Ela sente o além da flor. Mãos descendo, Beijos fluindo, Ela sumindo, Virando mar, Gotas de desejo. O amor arrastando Seu corpo e suas mãos Para as estrelas, para Um caleidoscópio de Cores e matizes. Ela sente... Apenas Sente os olhos felizes. Um alvoroço de passarinhos, Revoada de prazer, asas Abertas ao entardecer. Aquela entrega de amante, Os sonhos tão perto, O peito aberto e distante. …

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… De repente, ela se perde, Às cegas, brincadeira no escuro. Nada pode ver Salvo o que a faz transbordar Para além dos limites do ser. E ela vai, é brinquedo, é som E sussurro, é suspiro e sabor, É o próprio esplendor. Por entre as dobras dos espelhos, Seios e joelhos, peles e poros, Bocas a procura do tempo. Por Entre os vãos dos sentimentos, Apenas ela e o seu sublime Momento... Gotas de desejo, Gotas de amor por entre pernas E mãos, por entre seus beijos de flor. Karla Bardanza Rio De Janeiro - Brasil [email protected] www.karlabardanza.blogspot.com

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O BEIJO VERMELHO! Voz em sussurro... O dia é macho, De mastro a pino! Luxúria, minha prece. Entrega do sentido!... O beijo vermelho, Na ousadia do teu gemido!... Roça-me nos lábios, Essa tua polpa grossa, De pele macia, A carne saborosa, De leito rosa. Que na lingua, enrosca, sacia! Acidez da fruta, saliva. Tragos... Doces e amargos! Brotam do calor, Da tua carne viva! O licor, Minha boca suga... Secreto nó do teu espasmo! Seguro na lambidela, Inesperadamente... Escorrer o sumo desse orgasmo!... L.M.Rap Portalegre - Portugal [email protected] www.lmrap-momentosdepoesia.blogspot.com

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FLASHES Começa nos lábios Luxúria carnuda Dispensa elixir No limite dos sentidos Demasiado humano Céu cabe em taça de champanhe Roupa de fio sintético Que a noite estenda o red carpet A vida é um tomara-que-caia rosa choque Prazer é passarela costa nua O céu é limite de veludo azul Sinta o luxo Delete o lixo Para brilhar na foto com moldura sinuosa Diga X com base na face Tudo é vaidade O resto é luxúria. Lecy Sousa Minas Gerais - Brasil [email protected] www.lecypereira.blogtok.com

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CORAÇÃO EM CHAMAS E restam cinzas da dor que agora inflama No meu pensamento ainda lento Por isso faz-me beijar as saias da lavadeira... Em horas isoladas eu só, pensando em mim Visita-me uma visão com o teu olhar Colorindo meu ser com imagens sem fim E faz este meu cansado ser andar Pôr os pés no asfalto, no barro, na lama Para entrar no labirinto do teu ser E lá ficar deitado contigo na cama Até a vida nos desenterrar, nos ver E nesta altura um vento Bate nas costas da minha cadeira E apaga meu coração em chama Massundidi Uíge - Angola [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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SELVAGEM LUXÚRIA A rede já não balançava. É sexo selvagem de fato: O índio dormiu no ato. E a índia, que estava animada Ficou há ver navios no longe. Esperava os marujos louros. E enquanto não chegavam Aqueles tais holandeses Dava-se, assim mesmo Aos portugueses, mas Só pensava nos mouros. Olhando ao longe o navio Sentiu-se bem excitada. Avistou um mastro enorme. Nadou pelo mar, a galope. Fogoso é o tempo que urge E se fartou com o marujo. Agora, a pobre indiazinha Só vive na praia acenando Para todo barquinho que surge! Ricardo Reis Rio De Janeiro - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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AS TENTAÇÕES DA PALAVRA Encontro-te Em todos os azules Recortado nas distâncias, Nos abismos, Bailam faunos lunares, Em mil formas, Tentações, Abraçam-me. As velas ardem Ao redor do leito, E nesse corpo ,catre, Onde me deito, Uma veia pulsa forte E constante. Secreta a rota De um rio desaguando Suores, Meu sangue doce Percorre os sentidos Do pescoço ao ventre. É tarde, E um sol arde Por dentro, E ninguém mais sabe. Tenta-me a carne, Escamas, pêlos Reviram as mil lâmpadas Dos meus olhos de vidro, Vermelhos. …

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… Flechas alçando os muros O meu refúgio em chamas, Muros, flechas, Chamas, Palavras voam, Confessam, Atravessam mares, Montanhas E nos interstícios da carne, E na alma, Tentam-me. Sandra Fonseca Belo Horizonte - Brasil [email protected] www.a-cor-da-poesia.blogtok.com

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EU QUERO Eu Quero.... Eu quero beijar, beijar muito Deliciar-me no tempero da tua saliva Eu quero cheirar Sentir o teu aroma cru e nu Sem adicionantes Snifar o teu perfume natural E deixar-me levar no meu supernatural Eu quero Eu quero amar-te Tocar-te Afogar-te em meus lençóis de cetim e seda E cobrir-me de organza Para me proteger Das tuas picadas aliciantes Eu quero Escrever, apenas escrever E deixar o teclado Dançar o seu próprio sapateado E não seguir regras, mas voar e querer E voar e querer... Eu quero... Eu quero Um Poema! Sly Jordan Luanda - Angola [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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SEXO x SEXO Da boca escorria Um líquido viscoso, líquen De alga e cogumelo na simbiose De corpos pressionados no muro, Que não era o de Berlim. Liberdade explícita em gestos Meticulosos, jamais ergueriam A bandeira branca. A guerra De apertos compulsivos, Detonando desejos Guardados no íntimo. E explodiam beijos aleatoriamente. Entrementes, já em surto De prazer, falavam num idioma Desconhecido e para Entende-los haveria que praticar O amasso em noite alta onde Podemos experimentar da paz Somente após os riscos da aventura. Emoções inusitadas... Tânia M. Camargo S. Paulo - Brasil [email protected] www.taniamarapoesias.blogspot.com

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LIBERDADE SEM FIM Onde mesmo? Não importa. Talvez num motel, talvez de pé Junto ao portão da rua, talvez Num quarto sob o olhar contrariado dos pais. Talvez perdendo a virgindade Ganhe a liberdade, ou vice-versa! Talvez por prazer Ou não tivera como E que aos amigos justificar. O modernismo impede de ter liberdade de pensar E de caminhar nos próprios desejos. De resto, que importa filhos sem pais Se o desprezo cria pais sem filhos! Ulysses Laluce S. Paulo - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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TU ÉS A DELÍCIA QUE SINTO!! Tu és uma delicia que sinto, Mesmo longe no espaço do tempo, Mas, que com o tempo sentirei em mim, Amei você por fora e por dentro, Te quero pra mim... Sem sentir o tempo, Embora saiba que ele vai passar, Mas, isso não importa, Pois nós não passaremos e não sentiremos o tempo, Pois, só sentiremos nossos corpos a amar, Sentiras meu calor e eu o teu, Terá a minha energia e eu a tua. Não haverá culpa pelo amor despejado um no outro, Só o prazer por fazer o desejo iluminado, No prazer concretizado de dois corpos a se inteirar, Num único movimento, A nos deixar extasiados de um prazer desejado e, A felicidade deste momento jamais esqueceremos, Mesmo que perdure num um único momento, Estes dois corpos a amar. Wagner Jardim S. Paulo - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

CAPÍTULO VI - INVEJA

A inveja é desfazer do bem alheio desejando tê-lo. A estorinha da rapoza e as uvas ilustra bem este sentimento. Há nesta emoção uma dificuldade em admirar o outro, o sentimento de injustiça, perseguição, “ele tem por que eu não? Se não consegue ter, deprecia.”Segundo Lúcia G. Monteiro(Psicóloga Pós-Graduada pela FGV, em Gestão Estratégica), O slogan que define a inveja é : “ Êle é mais do que eu também quero.” A inveja desabilita o ser humano a exercer suas potencialidades, não é só desejo mas também execução. Alguém pode desejar e tudo fazer para que o outro não consiga realizar o que ele estar a invejar. Tentando apagar o brilho do outro, administrativamente, “fritando” o outro. Há que se tomar cuidado para não se confundir com uma situação de competição. A inveja transforma a competição num processo destrutivo, ou seja no seu inverso. Este pecado é transparente, mas não é declarado. Percebe-se no olhar, principalmente. É o mais simples de ser controlado e percebido, mas precisa haver disposição para haver reversão, senão não haverá perdão, nem do conflito conciliação... Ibernise in 'Caminhos e Descaminhos do Ser'

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CRIATURAS DO MAL! Mentes sujas Lançam a mentira, Levantam suas asas E partem... Deixando p'ra sempre Um rastro de dúvidas... Difamam … Enquanto ocultam seus crimes Sob o seu manto vermelho, Conspurcando nossa Sociedade... São pobres de alma, Criaturas do Mal! Anabela Braga Porto - Portugal [email protected] www.anabelabraga.blogtok.com

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INVEJA A inveja é um sentimento de aversão, Um dos 7 pecados capitais É uma reactiva formação Contra os mais fortes e os demais É um sentimento gerado Pela soberba e pelo egocentrismo Com um fim acovardado De disputa do poder pelo canalhismo Os atributos dos outros almejando Já que só por si não o conseguem Por sua intelectualidade os está limitando E a inveja para eles convergem É uma vontade frustrada De possuir as qualidades de um outro ser, Sendo cobiçada e muitas vezes tirada Inveja é invidere, não ver O invejoso, não suporta Que outrem seja melhor, E então assim se comporta Mostrando sua índole no seu pior Temos que ser talvez medíocres Visto que, cada bela impressão que causamos Perdemos as nossas virtudes, E novos inimigos conquistamos. António Cambeta Macau - Tailandia [email protected] www.mardopoeta.blogtok.com

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SINTO-ME ENGANADO COM A INVEJA Estou enganado com a inveja Como uma ilusão alucinada Sinto o vento e a morte cintilar Petardos desfigurados pela potencia Da inveja cujo desejo invisível É a sátira desfigurada e massacrada Que rebenta uma chama adormecida Num leito de amor e tolerância. Para melhor perceber tentei compreender Como tanta inveja num mundo de paz Transforma quem da frente para trás Diz que faz o que não fez Para fazer o que não faz... Por vezes chego a invejar Quem com um simples pestanejar Consegue num ápice compilar Um poema para o mundo recordar Para ser poeta cheguei a pensar Que bastava escrever sempre a rimar Com frases direitas e sem me enganar Uma obra escreveria se calhar Porem, esse sonho de desdém Essa leviandade superficial Gorou-se quando li alguém Como o Fernando Pessoa tão genial... Consigo tolerar a intolerância da fertilidade alterada Da genética que produz choques de sabores De prantos semeados de divergências intelectuais Verdes fluorescentes que encandeiam mentes contaminadas Candido Correia Nantes - França [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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SO_TURNO pra zombar do crepúsculo sol_ vejo cravejado de estrelas sol_ R ......I ..........N ...............D ....................O Cláudia Gonçalves Porto Alegre - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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DISSIMULADA Sorris. Nem ergues o sobrolho. Tens a voz suave. Nem arrogante és. Impressionas a todos com Tua doçura. Mas é isto que te torna perigosa, Pois és falsa. Uma vilã! Tens cara e jeito de anjo, Trejeito de boa pessoa. Mas és diabólica, Ages na surdina, Tramas na escolha. Teu ferrão é quem te derrota Dia a dia aprofundas O destino que cavas: Tua sozinhez! Delasnieve Daspet Campo Grande - Brasil [email protected] www.delasnievedaspet.com.br

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DEBAIXO DA FARINHEIRA! - Princesa, aonde você vai? - Eu? Vou à escola, vou estudar! - Estudar pra quê? - Para ser alguém quando eu crescer! - Princesa precisa ser alguém? - Princesa já é alguém... Já é princesa! - Eu quero ser famosa! - E princesa não é famosa? - É, se seu pai for o rei... - Princesa não precisa de rei para ser famosa! - É? E do que precisa então? - Precisa ser graciosa, risonha e meiga! - E tudo isso você já é... Só falta uma coisa! - O que falta então? - Um Príncipe! - E onde tem um Príncipe? - O Príncipe sou eu! Seu Príncipe! - Ah! Que nada! Você é o Dito Preto! - Sei que sou preto de cor e bêbado por opção, - Mas sou seu príncipe de coração! - Não tenha medo, princesa, quando você crescer, - Vou me casar com você e ser o seu Rei! Toca o sinal da escola... A menina sai correndo e o pobre bêbado Quebrador de pedras, continua o seu trabalho! Fatinha Mussato S. Paulo - Brasil [email protected] www.fatinhamussato.blogtok.com

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IMPORTAM-SE DE ME DEIXAREM EM PAZ? E logo hoje mais que nunca os versos atropelam-se e amontoam-se como pilhas de prato quase a cair no chão. Escalavram esta vontade como quem apanha vento salgado na cara e grita com lábios gretados. Li tanta coisa até hoje. Recebi tantos abraços. Quase que me conheciam e eu ia-me conhecendo a cada abraço a cada verso pronunciado. Às vezes há surpresas assim, como esta à minha frente a contar-me a história da morte de uma garça. Em criança sonhava muitas vezes que era uma garça, de repente deixei de voar, de repente, sem que nada fizesse prever, afastava-me do meio da algazarra familiar e, de repente abria os braços e planava por cima das suas cabeças e caiam versos, mas devo ter crescido de pressa de mais para perder a graça de sonhar. Hoje, de repente senti que a garça voltou e com ela essa vontade quase sacramental chamada a tentação dos versos, mas fitei-os durante horas até ficarem tontos, até que desistiram, até que se foram embora. Não sei para onde, mas também não quero saber, é que o ar está tempestuoso demais para versos e os ventos sem direcção desorientam as garças, quebram ainda mais os nós dos dedos que entrelaçam a inspiração e, é assim que eu quero que continue e, que os versos me deixem em paz. Pois é, é que os versos arrepiam a alma ao fazer-nos perder o chão, pregam-me rasteiras e ainda se riem de nós, dos nossos voos rasantes, sim, porque mesmo quando eu sonhava que era garça, nunca tive aquela graça de planar nos céus, por isso, vou simplesmente deixar o vento entre num outro tom, pedir-lhe o lenço branco de volta, embora possa, entretanto, tropeçar nos cacos da loiça. Horroriscausa Porto - Portugal [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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INVEJA Trinca em falso Parte o dente Rói tíbia e perónio Sem dente para o trincar Congestão de ego Diarreia de egoísmo Verborreia de incompetência Termómetro anal, Quarenta graus á sombra Mente capta outros feitos Que queria seus Mas vomita o esmalte dos dentes Gastos no roer do osso Que não é seu… Jaber Braga - Portugal [email protected] www.jaber.blogtok.com

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MINHA BONECA Minha boneca Olhos tens, boca também Mas não vês e nem falas Mesmo assim ainda te quero bem Por seres minha e não delas Obra da mão do artesão Minha boneca de porcelana Terás de dia e à noite atenção Porque és rara e angolana Mais cedo ou mais tarde Substituir-te-ei por um bebé E não como outras por desdém Minha boneca de porcelana Delicada e frágil Aprecio-te por seres angolana Jandira Luanda - Angola [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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INVEJA Esta tal da inveja De olho grande chamada. Em tudo que lateja Num olhar fica queimada. Morre se saber do que De um pobre invejoso. Que remédio vai se te Daquele já desejoso. No seu intimo latente De sua inveja arraigada. Nada mesmo o pobre sente Desta inveja a malfadada. Mário Osny Rosa Santa Catarina - Brasil [email protected] www.mario.poetasadvogados.com.br

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INVEJA In(glória) sedução Ventura que se deseja Janela in(discreta) In(útil) solidão Vestalino sempre Já(mais) serei tua Inunda pensamentos Vê humanos mundanos Jáz ali, até ao longe In(verdade) não te quero Verbo invejar Jaculo-te fora Paulo Cardoso Elvas - Portugal [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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INVEJA Será que sabemos o que ela é? "Estava recentemente nos EUA, pregando em uma serie de conferencia, quando pela manha, durante um preâmbulo ao tema principal que seria desenvolvido, de costume, naquela Igreja, uma ilustre doutora em NT assumiu o púlpito e fez a sua preleção: "Não devemos ter ciúmes dos outros irmãos (1Co 12:14-25);" Em um inglês clássico, bem articulado e teologicamente impecável, discorrendo soberanamente para uma platéia de alta cultura e profunda reverencia, sobre a Inveja, exatamente como São Paulo coloca no verso infracitado. Eu bebi aquela mensagem como mel e me envolvia naquela preleção, grata a Deus por ter ouvido tão sublime nota. Depois, saímos ate o vestíbulo para tomar um "Branch" servido sempre após as reuniões nas igrejas norte-americanas, quando conversamos sobre a palavra que ela trouxe. Eu nunca ouvi alguém discorrer com tanta profundidade sobre o tema : "Inveja," como naquela manhã. Eu acho que imaginamos que ela não existe em nossos corações de "cristãos". Bem, ela é real e precisa ser tratada em nós, de modo que ela corrói os relacionamentos interpessoais e profissionais e até eclesiásticos, mais precisamente sobre nós todos, e precisa ser assumida como algo que tem um poder de corrosão extremamente nefasto. Poderíamos estar realizando mais, se não fôssemos invejosos. Sabe, como eu defino o que e ser invejoso? Para mim, e pode parecer estranho para você, ser invejoso e querer tudo somente para si!!! Seja enquanto grupo, panela, cartel ou nós mesmos: …

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… EU! Não pense que o que digo tem a ver com egoísmo. Não falo disso. Falo de inveja, por mais paradoxal que a minha definição pareça. O Invejoso não sente alegria no outro pelo que ele é, ou representa. O invejoso é egocêntrico e egoísta. O querer reservar só para si denuncia que ele não deseja incluir, agrupar, trazer para dentro do círculos elementos que não lhe pertençam por definição de sua própria partilha. Por mais incrível que pareça, a inveja em nosso meio é uma desgraça que tem emperrado a marcha verdadeiramente cristã". A inveja... É uma visão de si através do outro. O brilho do outro, parece, vai ofuscar a minha pessoa, meu brilho. Ora, isso não é olhar para si, não é refletir. É olhar-se que nega olhar-se pelos seus próprios olhos, mas como que uma tomada por empréstimo do olho do outro. Só que o conteúdo desse olhar é posto no olho do outro enquanto nós mesmos tentamos nos olhar. A inveja é fruto do egoísmo dos nossos dias, que pensamos que só nós temos a verdade. A inveja endurece os corações, embrutece a alma. A inveja é a auto diminuição pela tentativa da diminuição do outro. A inveja revela a nossa insegurança psicológica (ciência maldita, execrável... Ela tende a nos revelar para nós mesmos e para os outros). Pensamos que vamos sumir, desaparecer, que seremos menos crido e crível. Incrível!!!! Rosangela Colares Ceará – Brasil [email protected] www.rosadosanjos.blogtok.com

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INIMIGOS Eu não tenho inimigos Tenho sim amigos que me odeiam Você sabe A inveja joga na primeira liga E eu sempre à baliza Não entra nem um Adora dar bola para caramba É mesmo! Inimigos não tenho Não assim, de garfo e faca Tenho sim amigos de fato e gravata Sempre ligo e tal Convido para jantar Pago a conta claro Sou muito grato pela companhia E você? Jura?! Aperta aí! Vai um joguinho? Ah! Tudo bem, eu deixo você pagar! Trabisdementia Bombarral- Portugal [email protected] www.luso-poemas.net (webmaster)

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INVEJA Há um tipo de lepra que come, Outra q bebe, outra que rasga; Lepra que alfineta os roteiros de paz Funga a plantação de flores, mofa a fertilidade da terra. Há o mal instalado em retorcido corpo Convulsivo de ira espionando o bem. O mau sonda o bom Portando em ambas mãos escancarado desejo de saquear; Punhais, facões, tridentes; Rajadas sopradas de venenosas goelas Labaredas, Punhais, facões, tridentes; Rajadas sopradas de venenosas goelas Labaredas de irises de incandescidos fornos Tecem alastradas armadilhas Costuradas com perigosa linha de inveja, Lepra munida de sede, fome e outras incontidas ardências. Quilométrica língua cravada na garganta De famintos vermes comendo vivas carnes; Inveja lambe santas sangrias, Deposita venenos Para manter as alargadas chagas Vanda Ferreira Campo Grande - Brasil [email protected] www.fundacaovandaferreira.blogspot.com

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SAUDAÇÕES A INVEJA Gestos delicados Suavidade nas palavras Afinada Sempre deixa uma dúvida Busca algo em nós Se se esconde Fica maior A inveja é um teatro Vânia Lopez Pouso Alegre - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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OS INVEJOSOS Há os que se pavoneiam Os que menosprezam Os que se arrogam... De falsa modéstia! Os que se causticam Com o êxito alheio... Os que se comprometem Apenas... Com os que estão num pedestal! Há os que se esquecem Que a inveja É a arma, dos incompetentes! Vóny Ferreira Leiria - Portugal [email protected] www.7pecados.blogtok.com

CAPÍTULO VII - GULA

A gula literalmente é voracidade, desejar compulsivo...Tal sentimento parece ser uma diversão, porque a gula é concessão, entrega compulsiva a um prazer muito grande está associada a digerir algo, cujo significado não é homônimo, mas é similar... Este pecado pode assumir socialmente uma conotação intelectual. Nesta, o sentido está permeado da idéia de que a funcionalidade desejada está abaixo das potencialidades máximas. Daí a idéia de não saciedade, de querer mais e mais... Se este desejar voraz não atinge o limiar, sublima o desejo desviando-o para outras áreas em busca do prazer (Freud/Para Além do Princípio do Prazer), como exemplo: Compulsividade para comprar, beber, conquistar, etc... A sensação geradora é de que não se está fazendo tudo que se é capaz, ou pensa ser capaz. Em todas as gulas a atitude mental básica (fantasia) é: necessito apreender tudo. O seu contraponto é a fome, a carência extremada... A fome. A fome como problemática mundial, escassez de alimentos, etc. Contudo a fome metaforizada enquanto pulsão, instintual humana, que motiva, dá força e encoraja aos desafios passionais, a fome no seu sentido mais primitivo e ao mesmo tempo, emocional, psicológico como um convite imperativo na busca de dois tipos de alimentos :Um para o corpo outro para a alma. ... Ibernise in 'Caminhos e Descaminhos do Ser'

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GULA Gula O meu olhar Te engole e te bebe Desde tua sombra Até o que respiras Adriana Costa Taguatinga - Brasil [email protected] www.versosbarbaros.blogtok.com

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CLARO QUE É GULA POIS ENTÃO É comer até mais não Primeiro lá vem o pão Traz a reboque acepipes Um pires de azeitonas E não me chateies a mona Outro com umas manteigas Um chouriço ás rodelas Um bocado de mortadela Mais a orelha de coentrada Claro que não falta a salada De polvo pois então Um bacalhau desfiado Mais um queijo de Azeitão A seguir a refeição Primeiro… Uma sopa à maneira De entulho pode ser E convém não esquecer Qualquer bom vinho pra beber De seguida encho o bandulho Com um cozido à portuguesa Com linguiça e farinheira Um naco de boa carne Não falta o chispe e o toucinho Tudo regado com o tal vinho E tragam também um arrozinho Que é para atamancar Este singelo cozidinho …

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… Mas como ainda não estou bem Um prato de peixe aí vem Pode ser linguado, sim senhor Ou então, pargo de bom sabor talvez, uma postita de imperador Mas ainda tenho um buraco Aqui no fundo do estômago Peço logo ao empregado Uma mousse de chocolate Um pudim de abacate E entorno mais uns copitos A seguir um cafezito Um licor de absinto E não pode faltar… o cigarrito Assim se come por cá Comem tudo ao Deus dará E a miséria onde está A crise não chegou cá Ou já… Antónia Ruivo Montemor-O-Novo - Portugal [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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BESTIÁRIO 1 Grandes tubarões: Fervilham, fervem nas águas Amassadas: Exploram. Agitam os cardumes Que perseguem, e apavoram O peixe miúdo. Tantas, tão hiantes as piranhas: Eléctricas, vorazes, espectrais, No mundo feroz dos canibais. Infestam. Abocanham-(se). Alardeiam. Arreganham os dentes. Banqueteiam-se. Domingos da Mota Gaia - Portugal [email protected] www.fogomaduro.blogspot.com

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GULA Que Deus do céu a todos livre do incômodo, Da infâmia que habita o bojo do pecado De possuir o olho maior do que o estômago, De ter esse apetite afoito, exacerbado. Que dê misericórdia aos que passam fome, Mas tenha mais ainda dos que, não a tendo, Enquanto há comida a vista vão comendo, Perdidos na madrasta ânsia que consome. Que possa dar ajuda a tais impenitentes, Pois mesmo sem ter nada encontram-se doentes, Avançam no remédio e esquecem-se da bula. Enfim, que possa dar-lhes a cura bendita Cedendo a cada um a graça infinita. Livrando-os do pecado vil chamado gula. Frederico Salvo Belo Horizonte - Brasil [email protected] www.pistasdemimmesmo.blogspot.com

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HÁS-DE MORRER EMPANTORRADA! A sala estava cheia A mesa repleta das melhores iguarias Uma mesa farta. A Gula se instalou Assentou arraiais Comeu, comeu, comeu… Até não poder mais. Não satisfeita ainda Mandou vir mais uns petiscos E mais uma boa pinga. Não parou de se saciar Até cair para o lado E adormecer De tanto o estômago Empanturrar. Lá fora… Famintos e ao frio Pobres almas morriam de fome Sem ter um pão sequer… Para comer A Gula, porém Pouco se importa! Que almas famintas Desesperem Morram Enquanto esbanja Se empanturra Deite fora O pão… Que aquelas almas famintas Podiam matar a fome. …

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… Maldita Gula! Hás-de morrer Empanturrada Sozinha E espezinhada! Gil Moura Gondomar - Portugal [email protected] www.nos-as-palavras.blogspot.com

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DELICIOSO PECADO! Satânico é o meu desejo De despir seu corpo Naquela manhã ensolarada Tirar da minha boca a fome Dos seus sabores Olhando p´ra você Enquanto te desejo Desfaço da sua pele Em suaves descidas Até que se mostre Eu te mordo a ponta Até chegar o fim Do meu prazer Saciando o mel Da forma em riste Da banana que comi Até o fim!! Helen De Rose S. Paulo - Brasil [email protected] www.helenderose.blogtok.com

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ELES COMEM TUDO… Ó povo, burro, sofrido Deixa-te de lamúrias De mesuras De clubes, de partidos De segredinhos ao ouvido Grita bem alto! Com toda a força dos pulmões Senão Enterram-te vivo Políticos e senhores do capital Corruptos comilões “Eles comem tudo E não deixam nada” E quando mais não houver Que comer Até os ossos acabam por te roer Depois põem-se a salvo Num qualquer paraíso fiscal Ficamos nós, povo burro, sofrido Entretidos A dançar a lambada Mascarados de Entrudo E armados em tolos Melhor é ir votar, sim Convictos Devotos Mas anular os votos Como nunca se viu Fazer manguitos E gritar: «Puta que os pariu! «...A todos!” Homo Sapiens - Valongo - Portugal [email protected] - www.7pecados.blogtok.com

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OS MEUS PECADOS CAPITAIS A comiseração é o pior dos sentimentos, Esventra o mais íntimo de cada um de nós. A indiferença, para como os outros, é algo malquisto, Roubando a integridade das pessoas. O egoísmo é puro servilismo, narcisismo exacerbado, Onde não cabe mais ninguém, senão o próprio doente. A soberba não carrega sozinha os mais infames crimes da sociedade, Pois que leva com ela, quem se atravessa, no seu ímpio caminho. A luxúria está para uns, como a vaidade está para outros, numa Aberração permanente, que os faz seres transtornados, cobiçosos. A cobiça é cega e não suporta o bem-estar de ninguém, Até alcançar o objecto de sua cobiça. A vaidade é como uma puta, que se serve de seus atributos, Destituída de razão, comprável a qualquer custo. A gulodice é ávara e desmedida, tem a barriga nos olhos E não reparte com mais ninguém. A avareza é a pior das doenças, vive do desdém, Para com os demais, e fecha-se entre quatro paredes. O sexo desmedido é o próprio não respeito, Para com o corpo e a sanidade mental. Jorge Humberto Sta Iria De Azóia - Portugal [email protected] www.jorgehumbertopoesia.blogspot.com

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ALIMENTOS À SOLTA Na loja da senhora Maria, Houve grande revolução, O colorau e a pimenta, Os cominhos e o açafrão O atum a estrebuchar Quiz bater na aletria O arroz a apitar Acomodem-se: dizia Ó que grande zaragata Na loja da senhora Maria Já mataram a batata Ó que grande berraria O chá pôs-se de pé Cheio de desesperação O açúcar com um pau Esborrachou o sabão Olhe lá como bate Ouvi dizer ao café Nisto vem o chocolate Meus senhores isto que é! Zanga-se o miosótis Com grosseiro macarrão No fim fizeram-se as pazes E acabou a Revolução José Caravana Barcelos - Portugal [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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BEIJO, GOIBADA E QUEIJO Um beijo é muito bom... A dois; Melhor ainda esse beijo. A não ser; Quem nunca experimentou... 'Goiabada cascão Com queijo' Hum!... José Silveira Niterói - Brasil [email protected] www.palavrasdepoeta.blogspot.com

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MALDITO CORAÇÃO era quase o tempo perfeito de te amar. abrir o céu da boca, pleno de nuvens. levar a língua aos dentes, morder só quando tiver de ser, se não tiver de ser fazê-lo mais tarde. quando as árvores caírem com a saliva garganta abaixo. esta paisagem presa é a mais bela que guardo. tencionava dar-ta quando o mar adormecesse para te ser mais fácil comer terra seca. hoje, cedo, regresso ao horizonte, como o monte alto que socalca a linha. ali quero morrer. talvez nunca tenhas compreendido o verdadeiro sentido do mundo, que mundo é onde estão dois corações para sempre. o meu cai-me de quando em vez pelo corpo abaixo. gostava de to dar no mesmo dia que estas palavras. quando o mar adormecesse e a terra seca te prendesse os pés. nenhum movimento dentro da ausência sobrevive. bem sabes. talvez um dia venhas a compreender o movimento circular do corpo que abraça a solidão. noites aflitas que cortam os braços, como facas. é possível que morra melhor sem braços. não ter como abraçar-me. chorar por baixo. olha: dói-me um bocadinho o coração. Margarete Silva Cabeceiras De Basto - Portugal [email protected] margaretedasilva.blogspot.com

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ÚLTIMO FRUTO O que faz a noite se despir pro luar, não sei. Sinto uma fragrância que me transborda os sentidos Algo que me testa por um momento E meu fôlego pede por mais Meu corpo parece ao menos farto Suculento e saboroso, de deixar cheios os lábios É você que me alimenta doce prazer E te espero rasgar a casca, meu gosto raro Sejamos o certo ou errado Que seja gula ou luxuria Agora conheço o sumo que habita em mim Ranxhs Alagoa - Brasil [email protected] www.7pecados.blogtok.com

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CURTAS DE VERÃO (VII): RAIVAR Quase, quase, me apetecia raivar Gritar e sucumbir Às vezes canso-me até de me ouvir calado De discursar contra a vontade De ser estátua do silêncio da idade Raul Cordeiro Portalegre - Portugal [email protected] http://www.avidadaspalavras.net

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AS CADEIRAS DO PODER “ Muitos libertadores do povo “, Das manhas vis executores, Assestam-se perspicazes Em lúdicas orgias , fomes canibais , Quando transposta é a margem E se sentam nas cadeiras do poder . “ Prometedores de mundos e fundos , Por sinal até os ardis Lhes sobram , o irmão vendem , Mas é sumamente quieto No seu recôndito sacana , Que guardam o punhal traiçoeiro “. E depois ? “ Depois, muitos basbaques Do povo e bate – palmas , contentados Ao óptimo abecedário das inverdades Partidárias , mas municiadas De nutridas e charmosas patacoadas , Votam de novo “! O povo tem a sorte escolhida, O fim imerecido! “” MUITOS LIBERTADORES DO POVO “ AMAM À EXAUSTÃO E A BEL – PRAZER AS HÍPER – MAGNETIZANTES CADEIRAS DO PODER “” E B A S T A !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Ribeiro Couto Maputo - Moçambique [email protected] www.rcpinturaepoesia.blogspot.com

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PARAÍSO Percorres todo o meu pomar À procura da melhor fruta. Do pecado original, do puro deleite, Do colorido enfeite... Vais provando tudo, Afagando texturas, Experimentando firmezas, Testando maturidades, Lambendo sucos... Abres uma romã, Tensa de dádiva incontida, E mordiscas, bago a bago, com luxúria... Embrenhas-te na frondosidade acolhedora Das minhas árvores mais jucundas, Fechas os olhos e delicias-te, Saboreando o bem que a fruta te faz, Doce, polposa, firme, sumarenta... ... E eu, teu paraíso, condescendo, dou-te todos os meus frutos... ... Sem pecado original... Quero-o duplicado, triplicado, quadruplicado... Sterea Peso da Régua - Portugal [email protected] www.7pecados.blogtok.com

Posfácio É preciso seguir acreditando na pureza da alma, posto que ela não se corrompe, independe de educação e sociedade. O bem é um bom e exitoso empreendimento que produziu bons resultados, até porque, o bem sempre está prenhe de boas intenções... O mal não vence o bem, ele é exceção, não é regra. Mas se o ser humano é tomado pela ira, ainda assim ele sabe a quem e porque odeia, mas o espírito domina a alma e a reconduz a escolha do bem, pois a alma é amorosa. Ela gosta de amar, mas não gosta de odiar. Quando odeia, porque odeia? Porque está impedida de amar. E se no amor também sofre, mais ela quer amar. Quer continuar nesta condição porque odiar não é a base, enquanto o amor, é estrutural da vida. Aliás é graças ao ato mais supremo de amar que surge a vida. Para isto também há exceções, mas não são regras... O padrão de amar e fecundar é essencialmente amoroso. Despojado. Dois seres inebriados pela emoção, em especial afecto se entregam ao ato de se amarem. Um ato tão importante, que todos vivem em função dele, e só se resolvem através dele. Como supremacia da existência, o curso do amor é... Amar. Amar, necessitar amar e ser amado, é censo comum na vida de todos os seres humanos. Vale realçar que a natureza fala muito de amor e equilíbrio, é o grande exemplo que esta a nossa volta... Mas esta é uma outra história. Mesmo quem não ama quer aparentar que ama. Por que? Por que o amor é um grande atrativo, é belo, sedutor e é ascendente. O amor vem sempre em primeiro, ainda que, às vezes mascarado no bojo de outros sentimentos, inclusive o ódio. É paradoxal, mas é sentido e pode ser compreendido, porque o objeto do amor é acima de tudo o movimento narcísico, sempre visa o outro no suprassumir de si, e logo volta fortalecido e reluzente, para cada alma que o impulsionou a este sair, que é mais uma entrada que uma saída. Não é à toa que Jesus, esta grande personalidade ética, disse que o

amor é tudo. E por isto foi crucificado, na experiência do oposto do que pregava, foi crucificado justamente pelo ódio, mas o ódio significa as trevas do amor, e o ser iluminado, transcende as trevas e chega sempre a luz. Este é o grande lance do amor, sua capacidade de ser o grande luzeiro da humanidade. Quando Cristo viveu na cruz a situação entre a condenação e a redenção das almas dos homens crucificados, junto consigo, um se redimiu e o outro não. Isto demonstra a mediação da luz (significando Cristo no caso) entre as trevas. E Ele disse, ao homem bom, ainda hoje estarás comigo. Sempre há espaço para escolhas, sempre. Assim o ser não estará predestinado a uma miséria espiritual, porque o ser é fraterno. Um homem quando volta ao lar ele tem abrigo no corpo e na alma. Se assim não fosse, ele não voltaria... Todos têm espaço para escolhas... Uma mulher, sofre ao da-à-luz, ajudando um novo ser a chegar ao mundo, e logo a seguir é tocada pelo amor, e a este novo ser dedica todos os momentos e sua vida, o mesmo acontecendo com o pai... É muito belo o que se vê no olhar deles naquele momento, que vêem o filho pela primeira vez... Este sentimento aperta os laços da família, os encoraja, os faz seguir adiante, há exceções, mais isto via de regra, é a base. Não é o ódio que habita os lares e sim o amor. As crianças, os namorados, os irmãos, os amantes, os amigos, todos esses corações palpitam no amor. Este é o bem maior e a maior de todas as certezas. Quando se ama, não se sabe porquê, mas sabe-se que se ama. Por que? O amor não impõe condições, simplesmente, ama. Amar é simples, porque é primordial. O amor é a grande virtude, entre as 7, que são: Esperança, Fortaleza, Prudência, Amor, Justiça, Temperança e Fe. As 7 Virtudes serão tema do próximo Ciclo de Poesias BlogTok, uma nova antologia virtual, que terá exemplar impresso, neste projecto de economia solidária, que visa o incentivo aos novos autores. Ibernise Barcelos, 10.07.2010.

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SINOPSE DO LIVRO: PAIXÃO ARDE, DESEJO TRAI

A delicadeza da poesia centrada na ótica do objeto do prazer... _______________________ Autora: Ibernise Maria 150 páginas 1a. Edição – 2009 ISBN: 978-85-98219-21-9 Formato: 14 X 21 Edição: BlogTok

Desejar para sentir, sentir para desejar? Esta poética tem forte acento na Teoria da Metapsicanálise Freudiana. Trata do prazer, em qualquer instância como objetivo primordial do ser humano, é como se fosse sua estrela guia, seu norte. E sob a égide do desejo os poemas se aglutinam abordando o amor inocente, o amor jovem, o amor maduro, o amor proibido, tudo isso com ar de sutil erotismo. Dualismos irreconciliáveis (como: alegria/tristeza; amor/ódio; verdade/mentira; vida/morte etc.), transitam entre o sagrado e o profano, expõem a alma em sua capacidade de sentir prazer mesmo em situações adversas como saudade, tristeza e solidão... Até, mesmo, na espera de um evento que se acredita que será feliz... É a fantasia que alimenta o desejo, está em sua base... É o sonho. Por um sonho se vive, se morre. Mas um sonho, que é puro desejo, muitas vezes trai o amador, que deve estar sempre atento, ter cuidado com o que deseja porque... Paixão Arde, Desejo Trai...

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SINOPSE DO LIVRO: CAMINHOS E DESCAMINHOS DO SER

Histórias e sentimentos... Uma poética diferente com sutil acento psicanalítico em várias vertentes da filosofia política. _______________________ Autora: Ibernise Maria 150 páginas 1a. Edição – 2009 ISBN: 978-85-98219-19-6 Formato: 14 X 21 Edição: BlogTok

Este trabalho apresenta uma mostra de poemas sob a forma de artigos em prosa e versos. Várias temáticas estão situadas na via de grandes mestres como Sócrates ,Platão, Aristóteles, Descartes, Karl Marx, Heráclito, Santo Agostinho, Hobbes, Kierkegaard, Friedrich Nietzsche ), W. Dilthey, Heidegger, Ferdinand Saussure, Jean Paul Sartre, Johann Wolfgang Von Goethe, W. Shakespeare, F.M. Dostoievski, entre outros. O destaque da narrativa recai sobre o simples do quotidiano. Na práxis, construída, o argumento da rotina que a vida exibe sob a forma de poesia e que, muitas vezes, passa despercebido ao olhar desatento do observador. Esta proposta literária possibilita esta visão, esta descoberta do sensível, da emoção ao instigar a libido, mostrando que ela está presente, mas se esconde no romance de cada dia.

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SINOPSE DO LIVRO: SER FRATERNO

Os mores numa mostra literária de doze formas poéticas, para alunos e educadores. _______________________ Autora: Ibernise Maria 136 páginas 1a. Edição - 2009 ISBN: 978-85-98219-20-2 Formato: 14 X 21 Edição: BlogTok

Este livro pertence ao núcleo temático educativo da poética didática de Ibernise. Apresenta doze formas poéticas tais como: soneto, rondel, poemas rimados, prosa poética, crônica, conto, carta, poemas livres, trovas, poetrix, duetos e quadras. Poemas que exibem uma chamada de atenção aos valores morais. Poesia a sugerir que as normas de condutas na sociedade precisam ser objeto de prioridade, na família e nas escolas, enquanto núcleos de sustentação da educação. Uma mentalidade basilar que deve trabalhar unida, e assim deve estar inserida no currículo escolar e consequentemente na didática em sala de aula. Tudo isto tendo a poética como veículo condutor que desperta interesses, educa e forma crianças, seres humanos ainda em tenra idade, mais sensíveis e atentos aos arrufos de desumanidade que proliferam tão enfáticos na mídia como se fossem regras e não exceções.

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SINOPSE DO LIVRO: UMA PROSA... UM VERSO

Não é complicado entender cenas, objetos e sonhos... As cenas que nos ensinam a sonhar são sempre poéticas e emocionantes. _______________________ Autora: Ibernise Maria 144 páginas 1a. Edição - 2009 ISBN: 978-989-8365-06-4 Formato: 14 X 21 Edição: BlogTok

Ao longo das páginas de “Uma Prosa… Um Verso”, a autora vai-se metamorfoseando e pontificando emoções. Para mim é claro que, nesta e noutras obras da sua autoria, o amor é assumido como a sua filosofia de vida. Na consciência de si e dos outros, baseada na razão e na sabedoria. Exercendo sobre o leitor o fascínio pelo autêntico e genuíno.Assim no-lo diz Ibernise Maria nos seus versos, retratos a ilustrar o tempo, a nudez do desejo, cavernas submersas de emoção, entre coxas pelo e pele. Cristais de murmúrios em verso a cada passo, nuances a espicaçar todo o desejo, corpos em pauta dedilhados, elegia ao amor, surfando em altas ondas magistrais, deslizando no mar. O ocaso a reeditar o tempo, o encontro nos astros, o cavalgar o Universo, o desfalecer luxurioso na leveza das dunas. Sensações aos cardumes, constelações de espasmos. E, viver, sim viver, viver intensamente, porque afinal de contas, ser feliz depende de nós. Tal como nos é sugerido pela autora; sejamos viciados em ser felizes!

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SINOPSE DO LIVRO: SÓ RONDEL

A impressão que nos fica ao ler este livro é de que o Amanhã não é apenas mais um dia, mas sim uma construção de afetos sobre o dorso do Tempo. _______________________ Autora: Ibernise Maria 118 páginas 1a. Edição - 2009 ISBN: ISBN: 978-989-8365-05-7 Formato: 14 X 21 Edição: BlogTok

A posição de um idioma é definida não só pelo seu caráter de língua materna, mas também pelo seu uso veicular... A literatura lusófona é um desses veículos... A poesia, uma dessas vias... Este é um livro de poemas... Só Rondel... Aqui, através do Rondel, a autora Ibernise Maria brinda à poética e realça a Língua Portuguesa, nas nuances de seu requinte, que é arte literária cuja matemática é o ritmo que faz bater mais forte os nossos corações.

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SINOPSE DO LIVRO: SONETOS

Em 'Sonetos...' assistimos o apelo de união ao espírito lusófono na Épica Coroa de Sonetos 'Lusofonia é Meta Alegoria' onde quinze sonetos reunidos, dão força à união da pátria língua. _______________________ Autora: Ibernise Maria 122 páginas 1a. Edição - 2009 ISBN: 978-85-98219-60-8 Formato: 14 X 21 Edição: BlogTok

A forma do soneto se mantém inalterada até a contemporaneidade. Este livro trata de sonetos, um artesanato de palavras... Para conseguir resultados de enquadramento poético, que obedeça a sua forma básica e que emocione, informe, conte histórias... Sob a égide de sua excelência – A Palavra... Nesta obra, a autora Ibernise Maria faz com que cada palavra se transforme num selo da alma no espaço do ser. Seu destino, sem carteiro, deságua... Quando a mensagem é liberada não tem código, nem é cifrada. Espalha-se... E se multiplica em forma de estrelas... Aqui estrelas que brilham sob a forma de Sonetos... Na poesia da vida.

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SINOPSE DO LIVRO: SONHO MEU

Como no princípio dos tempos, vamo-nos acercando de algo, inaudito, que nos transporta para além de nós mesmos. Há algo que nos rodeia, e que não nos deixa fugir, mesmo que empurremos até nos doer o corpo e as mãos. Estamos cercados por todos os lados: não podemos fugir...até ao dia da suprema libertação. _______________________ Autor: João Vasconcelos 80 páginas 1a. Edição - 2009 Formato: 14 X 21 Edição BlogTok

Neste livro, o autor assume vários estados de alma, vários papéis, como que uma bipolaridade interferisse nos seus moldes racionais, um poeta que inventa o seu real e que acarreta na imaginação a responsabilidade de colocar o Homem fora de preconceitos e regras pré-concebidas. O seu tom confessional transporta-nos para uma melhor compreensão das suas vozes interiores, com jogos de palavras a colocar dúvidas ao próprio leitor - que o tenta puxar para dentro do texto – e por que não ser ele a chave da descoberta do Ser: Ao que Viemos e o que Fazemos aqui na Terra.

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SINOPSE DO LIVRO: MEMÓRIAS DE UM TEMPO SÓ

Memórias de um tempo só, é a concepção de um interior sentimental que se parte em vários pedaços, e que desses pedaços, depois de restaurados, formam os ossos a carne e o sangue de: João Vasconcelos!. _______________________ Autor: João Vasconcelos 80 páginas 1a. Edição - 2009 Formato: 14 X 21 Edição: BlogTok

Neste livro, o autor assume vários estados de alma, vários papéis, como que uma bipolaridade interferisse nos seus moldes racionais, um poeta que inventa o seu real e que acarreta na imaginação a responsabilidade de colocar o Homem fora de preconceitos e regras pré-concebidas. Memórias De Um Tempo Só, é de facto um cordão umbilical entre o real e o imaginário, é um criar de caminhos que nos levem a outros caminhos, é uma provocação para o Homem meditar sobre a sua Inteligência. E, João Vasconcelos consegue uma base onde é possível cada um de nós construir a sua pirâmide, desde que tenhamos em mente que todos sejamos Um, desde que acreditemos que um simples olhar pode dar flor, dentro de uma narrativa que dá margem para o leitor se interrogar e sentir o peso de alguém quando diz: “Amo-te com o amor de cem mil estrelas”.

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SINOPSE DO LIVRO: RODINHA 26

O Homem antes de ser o ente do ser é o ser do-ente. VIESTE AO MUNDO SEM SABER, SE TALVEZ TU QUERIAS VIR; E SE MORRES VAIS SEM QUERER, PARA ONDE TU QUERES IR!... _______________________ Autor: José Lourenço 88 páginas 1a. Edição - 2009 ISBN: 978-989-8365-04-0 Formato: 14 X 21 Edição: BlogTok

Este livro justaposto em título tríplice, contém a dimensão popular (Rodinha 26 - Origem interactiva do livro na frase ‘ O homem antes de ser o ente do ser é o ser do ente - adimensão filosófica (que é a utopia, sentida quando considera as ideias disposta em poesia como ‘Fragmentos de um Sonho’ e a dimensão que é una e múltipla o ‘OX Pó’ um reencontro, um retorno a uma verdade onde se é, e onde se descobre no verdadeiro homem, onde se aloja o poeta... A poesia é a única ligação homem/deus. O Homem que morre porque nasce em si a sua divindade. Uma mensagem para os cépticos que culpam Deus por nos ter abandonado e que nos querem fazer entender as mensagens simbólicas e absurdas dos livros religiosos. Nada mais errado esse axioma: Deus somos nós com as limitações próprias de um ser em construção. Deus és tu.