ANSIEDADE Como o nervosismo acaba com o corpo · importante concurso fotográfico do mundo para...

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#138 EDIÇÃO OÁSIS IMAGENS QUE FALAM MAIS DO QUE TEXTOS WILDLIFE PHOTOGRAPHER OF THE YEAR 2013 ANSIEDADE Como o nervosismo acaba com o corpo CIÊNCIA PSICODÉLICA Existe arte na ciência cotidiana PARK CITY A neve cai, o esquiador sorri

Transcript of ANSIEDADE Como o nervosismo acaba com o corpo · importante concurso fotográfico do mundo para...

#138

Edição Oásis

imagEns quE falam mais do quE tExtos

WILDLIFE PHOTOGRAPHER

OF THE YEAR 2013

ANSIEDADE Como o nervosismo

acaba com o corpo

CIÊNCIA PSICODÉLICA

Existe arte na ciência cotidiana

PARK CITY a neve cai, o

esquiador sorri

2/52OáSIS . Editorial

por

Editor

PEllEgriniLuis

N ossa matéria de capa é sobretudo visual, mostrando ao leitor mais de duas dezenas de imagens premiadas do Wildlife Photographer of the Year 2013, o mais

importante concurso fotográfico do mundo para imagens di-retamente ligadas à natureza e aos seres vivos. Um festival de luzes e cores para alegrar os olhos e o coração mais empe-dernido, e mostrar um pouco da beleza inimitável que mamãe natureza sabe criar.

Mas a matéria de fundo neste número de oásis talvez seja a que fala sobre a ansiedade. Se a depressão foi definida como o “mal do século 20”, a ansiedade e suas variações, tais como o estresse, o nervosismo, a inquietude talvez seja o “mal do sé-culo 21”, a tal ponto ela hoje está generalizada, sobretudo nos grandes centros urbanos.

a médio e longo prazo, as consequências da ansiedade podem

A médio e longo prAzo, As consequênciAs dA AnsiedAde podem ser muito grAves, como

indicA o próprio subtítulo dA mAtériA: como o nervosismo AcAbA com o corpo

OáSIS . Editorial

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Editor

PEllEgriniLuis

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ser muito graves, como indica o próprio subtítulo da matéria: Como o nervosismo acaba com o corpo. Mas não apenas o corpo, pois entre outras decorrências, sabe-se agora que o estado ansioso prolongado modifica a percepção da realidade em quem o experimenta, da mesma forma que altera os senti-dos do espaço e do olfato.

Exagero? de modo algum. Pelo menos 16% das pessoas sofre ou já sofreu de alguma forma de ansiedade, pelo menos uma vez na vida. Segundo a moderna psicologia, trata-se de uma herança dos nossos antepassados pré-históricos. Para eles, a ansiedade era indispensável para prever e prevenir os perigos de um mundo extremamente hostil, no qual o perigo se es-condia atrás de cada árvore, de cada pedra. Estas são algumas curiosidades científicas a propósito desse estado mental muito comum nos dias que correm, quando a agitação e as complexi-dades do mundo revelam-se extremamente propícias à criação de estados ansiosos nas pessoas. os remédios para ansiedade constituem agora um dos filões mais lucrativos da indústria far-macêutica internacional.

a pauta se completa com uma conferência sobre as estrei-tas relações entre a ciência e a arte, e uma reportagem sobre Park City, no estado norte-americano de Utah, uma das mais importantes e badaladas estações de esportes de inverno da atualidade. Confira.

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WILDLIFE PHOTOGRAPHER OF THE YEAR 2013Imagens que falam mais do que textos

ImA

gEm

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Wildlife Photographer of the Year é um concurso fotográ-fico naturalista que, todos os anos, empenha-se em valo-rizar e ao mesmo tempo tu-telar os habitats e as formas

de vida ainda não inteiramente contami-nadas pela presença humana. A edição de 2013, da qual apresentamos uma seleção das principais fotografias premiadas, ce-lebra a beleza selvagem chamando a aten-ção, ao mesmo tempo, para a sua fragili-dade.

O concurso é organizado pelo Natural History Museum de Londres em colabo-ração com a BBC Worldwide. Este ano os jurados tiveram o difícil compito de selecionar entre 43 mil fotos enviadas de 96 países diferentes! As fotografias mais bonitas, como as da seleção abai-xo, serão exibidas em exposição no Mu-seu de História Natural londrino de 18 de outubro 2013 até 23 de março 2014. Quem gosta de vida natural e for a Lon-dres no período não pode perder essa mostra. Para quem não vai, aqui está uma série de imagens bem representati-vas do concurso. O

o Wildlife photographer of the Year é um dos concursos naturalistas mais importantes do mundo. estas são as principais imagens premiadas da edição de 2013

Por: EquiPE oásis

1 A verdadeira essência dos elefantes

Quando se pode dizer que uma fotografia alcançou planamente o seu objetivo? Quando ela abandona o mundo dos clichês re-petitivos e lança o observador no seio de uma realidade longínqua, muitas vezes ainda desconhecida, e o faz sentir o perfume da sua essência. Esta foto, obtida após dez anos de pacientes observações, alcança inteiramente tal objetivo. Feita na reserva Northern Tuli Game, no Botswana, ela é um retrato intenso e imediato da vida dos elefantes africanos. Autor: Greg du Toit / Wildlife Photographer of the Year 2013

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2 Mamãe gavial e seus filhotes

Essa coroa de jovens gaviais do Ganges (Gavialis gangeticus, um reptil da família dos crocodilos) empoleirados sobre a cabeça da mamãe gavial, valeu um primeiro lugar – na categoria dedicada aos jovens – a Udayan Rao Pawar, corajoso fotógrafo indi-ano de apenas 14 anos. Para captar a cena, Udayan passou a noite nas margens do rio Chambal, na província indiana de Mad-hya Pradesh, uma área ameaçada pela exploração ilegal de minérios e pela pesca intensiva. Pela manhã, mamãe gavial deixou as águas barrentas atendendo ao chamado dos filhotes que, ao vê-la, subiram rápido na sua cabeça e costas. Autor: Udayan Rao Pawar / Wildlife Photographer of the Year 2013

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3 A fúria dos elementos

Os macacos japoneses (Macaca fuscata) constituem um tema muito amado por fotógrafos naturalistas, sobretudo quando estão se aquecendo nas águas termais típicas do território onde habitam. Jasper Doest, fotógrafo holandês autor desta foto, optou por um retrato do gênero, porem acrescentado de vários elementos perturbadores: o vento gélido que mistura flocos de neve a vapores quentes das fontes termais de Jigokudani, no Japão central. Resultado: uma paisagem surrealista, poética, quase cósmica. Vencedor da categoria Visões Criativas. Autor: Jasper Doest / Wildlife Photographer of the Year

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4 O despertar do Plosky Tolbachik

Na categoria Paisagens Selvagens triunfou essa imagem do vulcão Plosky Tolbachik, situado na península de Kamchatka, no extremo leste da Rússia, fotografado em plena atividade eruptiva em 29 de novembro de 2012, após 36 anos de letargia. Para obter essa extraordinária imagem, o fotógrafo Sergey Gorshkov tomou um helicóptero e subiu a uma altitude na qual o frio chega a 40 graus negativos. No momento da foto, o vulcão soltava penachos de lava altos 200 metros e nuvens de cinzas que tornavam quase impossível a visão da cratera. Autor: Sergey Gorshkov / Wildlife Photograpaher of the Year

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5 Onde está o meu ninho?

Destino turístico muito conhecido e local escolhido por várias espécies de tartarugas marinhas para depor seus ovos, Cancun, na península de Yucatán, no México, corre o risco de reduzir perigosamente os espaços destinados à nidificação dessas cria-turas marinhas. Por sorte, hoje, algumas dessas áreas de nidificação são protegidas. Luis Javier Sandoval, autor desta foto (classificada em primeiro lugar na categoria Comportamento: animais de sangue frio) trabalha normalmente como fotógrafo turístico. Quanto tem tempo livre, Sandoval mergulha para fotografar as tartarugas, com o objetivo de sensibilizar a opinião pública para a necessidade de protegê-las. Autor: Luis Javier Sandoval / Wildlife Photographer of the Year

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6 Quando o amor significa encrenca

Joe McDonald, fotógrafo norte-americano autor desta imagem, estava em um barco sobre as águas de um rio do Pantanal de Mato Grosso, no Brasil, quando uma fêmea de onça pintada se aproximou da margem para beber água. Era o alvo perfeito para uma bela imagem, mas o melhor ainda estava para acontecer. Pouco depois, chegou uma onça macho interessada em namorar a fêmea. Mas ela não gostou do pretendente: mostrou-lhe as garras e, com ferocidade, o botou pra correr. Foram poucos segundos eletrizantes que valeram ao fotógrafo o primeiro prêmio na categoria Comportamento: mamíferos. Joe Mc-Donald/Wildlife Photographer of the Year

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7 Aprisionadas na teia da aranha

Quando as andorinhas-do-mar-pretas-menores (Anous tenuirostris) chegam à ilha de Cousine (arquipélago das Seychelles) em maio, encontram uma armadilha muito perigosa: as resistentes teias elaboradas pela aranhas das palmeiras (Nephila in-aurata), que podem atingir mais de 1 metro e meio de diâmetro. O exemplar da foto ficou aprisionado, apesar de a aranha fêmea, à esquerda, não ter nenhum interesse nesse tipo de presa: ela fez a teia para capturar insetos voadores, e não pássaros. Mas as teias de aranha não são as únicas ameaças para as andorinhas: elas gostam de fazer seus ninhos no alto das Cordyline australis, árvores com sementes grudentas que, às vezes, empapam as penas de suas asas, tornando-as pesadas e impedindo os pássaros de voar. Incapazes de usar suas asas para sair à procura de alimento, as aves muitas vezes caem à terra e morrem. Mas a natureza sabe o que faz: seus restos irão adubar o terreno para que outras plantas possam germinar e crescer, para se tornar residência temporária de outros pássaros. Vencedor da categoria Comportamento: pássaros. Autor: Isak Pretorius/Wildlife Photographer of the Year

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8 Encontro próximos

Os ursos polares passam a maior parte da sua vida na água, embora quase todas as fotos que vemos deles os mostrem sobre o gelo. Com a intenção de mudar as coisas, o fotógrafo norte-americano Paul Souders se dirigiu com uma embarcação à Baía de Hudson, no Canadá, e navegou até encontrar essa jovem fêmea nadando a cerca de 50 quilômetros da costa. Nesse ponto, Souders se atirou às águas e nadou tão próximo à ursa a ponto de poder ouvir a sua respiração. Também a luz, nessa fotogra-fia, é surreal, e o motivo disso é preocupante. À distância, com efeito, estava acontecendo um incêndio, e o que vemos são os clarões filtrados através da fumaça. Vencedor da categoria Animais em seu meio ambiente. Autor: Paul Souders/Wildlife Pho-tographer of the Year

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9 Com a boca na botija

Antecipar o salto dessa raposa, no momento em que ela caçava no Parque Nacional Yellowstone (Wyoming, EUA) foi a parte mais difícil da realização dessa foto. Por sorte, o animal estava tão concentrado na sua tocaia à presa que deu tempo ao fotó-grafo de montar seu equipamento e buscar o melhor enquadramento. Autor: Connor Stefanison/Wildlife Photogrpaher of The Year

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10 Obrigado pelo jantar

Uma fêmea de coruja rajada (Strix varia) se aproxima da câmera fotográfica: o truque existe, mas não se vê. O fotógrafo pen-durou uma isca sobre a câmera. Logo depois de agarrá-la, a ave de rapina se afastou e desapareceu. Autor: Connor Stefani-son/Wildlife Photographer of the Year

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11 Sob o signo de gêmeos

“Todo o esforço físico que tive de enfrentar valeu a pena para fotografar essa mamãe gorila com seus dois bebês”, disse a fotó-grafa Diana Rebman, vencedora do Prêmio Gerald Durrell para Espécies em Perigo. Ate hoje, esta é a quinta vez que um fotó-grafo consegue fotografar filhotes gêmeos de gorila no Parque Nacional dos Vulcões, em Ruanda. Autor: Diana Rebman/Wild-life Photographer of the Year

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12 Dugong: espécie super ameaçada

Douglas Seifert, fotógrafo norte-americano, conseguiu esta imagem de um dugong alimentando-se na baía de Marsa Alam, no Egito. Nas proximidades, um verdadeiro cardume de mergulhadores se aglomera para observar o animal. Este dugong é um dos apenas 11 desses mamíferos aquáticos marinhos que sobrevivem ao longo de 100 quilômetros de litoral. Autor: Douglas Seifert/Wildlife Photographer of the Year

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13 Dois companheiros destronados

C-Boy, um leão de juba negra, e seu companheiro Hildur, outrora controlavam um bom território no Parque Nacional Serengetti, na Tanzânia. Mas foram depostos por um grupo de quatro outros leões machos, conhecidos pelos guarda-parques como “os as-sassinos”. O fotógrafo norte-americano Michael Nichols conseguiu fotografar a dupla destronada sob a chuva, e com a foto gan-hou o prêmio da categoria Animais em seu Meio Ambiente. Autor: Michael Nichols/Wildlife Photographer of the Year

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14 Os olhos do sapo

Com a foto, Lukasz Bozycki, da Polônia, ganhou o prêmio Retratos de Animais. Para realizá-la, ele passou toda uma noite imóvel, à beira de uma poça d’água, e esperou até que o animal surgisse e se colocasse na posição justa. Autor: Lukasz Bozycki/Wildlife Photographer of the Year

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15 E o salmão virou comida

Todos os anos, entre julho e setembro, milhões de salmões migram do oceano e percorrem os riachos até atingir as águas do Lago Kuril, na Rússia, para desovar no mesmo lugar onde nasceram e irão morrer, logo após acasalarem e deporem os ovos. Muitos, no caminho, viram alimento para grandes predadores como o urso pardo da foto. O fotógrafo italiano Valter Bernarde-schi ganhou menção honrosa na categoria Comportamento: mamíferos, com esta fotografia. Autor: Valter Bernardeschi/Wildlife Potographer of the Year

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16 Te agarro pela cabeça

Com um rápido movimento, o crocodilo agarrou uma das patas da tartaruga e em seguida, com uma simples sacudida, abocan-hou a cabeça do animal. A cena foi fotografada pelo mexicano Alejandro Prieto, no litoral do Pacífico do Parque Nacional Corco-vado, na Costa Rica, local acessível unicamente por barco ou avião. A imagem ganhou um prêmio na categoria Comportamento: animais de sangue frio. Autor: Alejandro Prieto/Wildlife Photographer of the Year

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17 Colares de pérolas negras

Parecem colares de pérolas negras que flutuam nas águas dos brejos da região de Solling, na Alemanha. Mas são na verdade ovos de sapos fotografados pelo alemão Solvin Zankl, que ganhou menção especial na categoria Mundos subaquáticos. Autor: Solvin Zankl/Wildlife Photographer os the Year

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18 No reino das fadas

A altura desses dois cogumelos fotografados pelo grego Agorastos Papatsanis é de apenas 30 centímetros. Bastante altos para um cogumelo-guarda-chuva, mas nada perto do que parecem ser dois gigantes graças à técnica do fotógrafo, que venceu na categoria Técnicas criativas. Autor: Agorastos Papatsanis/Wildlife Photographer of the Year

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19 Boa convivência entre humanos e macacos

No norte da Índia, os macacos Rhesus aprenderam a conviver com os humanos, sem maiores complicações além do furto oca-sional de uma fruta ou de um pedaço de pão. Travessuras que as pessoas aceitam com um sorriso, encarando-as como oferendas ao deus dos macacos, Hanuman, uma das principais divindades do panteão hindu. “Esperei mais de duas horas para conseguir essa foto, e fui devorado por enxames de mosquitos”, diz o fotógrafo português Marcos Sobral, vencedor do prêmio na categoria Vida urbana. Autor: Marcos Sobral/Wildlife Photographer of the Year

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20 Um flagrante do ratinho do trigo

Etienne Francey, jovem fotógrafo suíço, conseguiu um prêmio na categoria 15-17 Anos com esta bela foto de um ratinho-do-tri-go, animalzinho tranquilo e inofensivo habitante dos campos da Europa Central. A foto foi tirada nas imediações de Cousset, na Suíça. Autor: Etienne Francey/Wildlife Photographer of the Year

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elo menos 16% das pessoas so-fre ou já sofreu de alguma forma de ansiedade, pelo menos uma vez na vida. Segundo a moderna psicologia, trata-se de uma he-rança dos nossos antepassados pré-históricos. Para eles, a an-siedade era indispensável para prever e prevenir os perigos de um mundo extremamente hostil,

no qual o perigo se escondia atrás de cada árvore, de cada pedra. Estas são algumas

curiosidades científicas a propósito desse estado mental muito comum nos dias que correm, quando a agitação e as complexi-dades do mundo revelam-se extremamente propícias à criação de estados ansiosos nas pessoas. Os remédios para ansiedade cons-tituem agora um dos filões mais lucrativos da indústria farmacêutica internacional.

1. NúmerosCalcula-se que cerca 16/17% das pessoas teve alguma manifestação de ansiedade pelo menos uma vez na vida. Cerca de 5% da humanidade sofre de ansiedade patoló-gica. As mulheres mais do que os homens. Trata-se de uma das moléstias psíquicas mais comuns nos dias que correm.

2. As mil e uma caras da ansiedadeExistem diversos tipos de distúrbio ansio-so. Alguns são caracterizados pelo medo a objetos ou animais, outros pelo medo de se encontrar em determinadas situações so-ciais, outros ainda se baseiam no medo de certos sintomas físicos. Outros distúrbios de ansiedade podem envolver obsessões e rotinas repetitivas, ou repetição de pensa-mentos preocupantes.

3. Nossa necessidade de espaço Todos tendemos a delimitar o espaço ao redor de nós, criando uma fronteira in

PA ansiedade modifica a percepção da realidade, o sentido do espaço e dos odores. é uma moléstia psíquica que pode acarretar graves consequências. mas um pouco de exercício físico ajuda a manter controle sobre ela

Por: EquiPE oásis

visível que ninguém deve ultrapassar. Em condições normais, o alarme soa se alguém se aproxima a menos de 20/40 centímetros do nosso rosto sem “autoriza-ção”. Recentemente, os pesquisadores italianos Chiara Sambo e Gian- Domenico Iannetti descobriram que as pessoas ansiosas precisam de mais espaço do que o normal (seu estudo foi publicado no Journal of Neu-roscience).

4. VertigensQuem sofre de formas graves de ansiedade com frequ-

ência tem problemas de equilíbrio. Às vezes sente vertigens sem causa ou razão definida e sente dificuldade para manter o equilíbrio quando está parado. Um estudo feito pela Univer-sidade de Tel Aviv, em 2009, já de-monstrara que curando os problemas de equilíbrio nas crianças ansiosas, atenuavam-se também os sintomas da ansiedade.

5. Estratégias úteisSegundo uma pesquisa publicada em agosto pela revista científica Emotion, um dos melhores modos para reduzir a ansiedade é ler e interpretar as situ-ações de modo diverso, utilizando um mecanismo mental conhecido como reavaliação cognitiva. O exemplo clás-sico é o do exame ou teste: para não ser tomado pela ansiedade, melhor chamá-lo “vistoria””, ou “pesquisa”,

ou simplesmente “quiz” (teste em forma de passatem-po, em inglês) e passar a considerá-lo como atividade divertida.

6. A expressão facial pode ser má conselheira Uma equipe de pesquisadores capitaneada pelo pro-fessor Chris Fraley chegou à conclusão que as pessoas muito ansiosas tendem a tirar conclusões apressadas e frequentemente equivocadas ao julgar as expressões faciais dos interlocutores. Segundo Fraley, “essa alta sensibilidade perceptiva é um dos motivos pelos quais

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as pessoas muito ansiosas com fre-quência experimentam relações conflituosas: elas tendem a tirar conclusões erradas sobre os estados emotivos e as intenções dos ou-tros”. Quer saber o que geralmente existe por trás da pessoa briguen-tas, comumente chamadas de en-crenqueiras? Um estado de profun-da ansiedade.

7. Meditar faz bemEm 2013, mais um importante es-tudo (Neural correlates of mindful-ness meditation-related anxiety re-lief, di Fadel Zeidan), confirma que as práticas de relaxamento, medi-tação e técnicas como a ioga podem ser importantes redutores da ansie-dade. Mas existem também outros redutores: a ansiedade é inversa-mente proporcional à atividade ce-rebral associada com a regulação cognitiva. Quinze voluntários, sem experiência de meditação, participaram de 4 sessões meditativas da modalidade conhecida como mindful-ness (uma forma de prestar atenção às coisas) de vinte minutos cada uma. A taxa de redução da ansiedade ob-tida no decorrer dessas sessões foi de 39% (as aferições foram efetuadas com ressonância magnética cerebral).

8. Ansiedade hereditáriaUm dos principais fatores que predispõem à ansiedade

é de tipo hereditário. Outro fator fundamental também tem a ver com os genitores: depende do comportamen-to do pai e/ou da mãe. As crianças, segundo alguns psiquiatras da Universidade John Hopkins de Baltimo-re (EUA), têm maiores probabilidades de se tornarem ansiosas quando seus pais as criticam diretamente, ou quando mostram dúvidas a respeito dos filhos ou são emotivamente frios em relação a eles.

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9. O exercício físico reduz a ansiedade Bastam 30 minutos diários de exercícios aeróbicos de intensidade moderada (por exemplo um passeio em bi-cicleta) para que haja uma importante redução do nível de ansiedade e um incremento do estado de tranquili-dade (isso foi demonstrado por várias pesquisas mo-dernas, notadamente uma pesquisa mais recente efetu-ada na Universidade de Maryland, EUA). Mas praticar regularmente um esporte costuma produzir um efeito redutivo ainda mais importante e duradouro. É certo que a atividade física praticada com método contribui para a redução da reação ansiosa diante de situações estressantes.

10. OdoresÀ medida que aumenta a ansiedade, aumenta também a nossa capacidade de reconhecer os odores desagra-dáveis. Isso foi descoberto por pesquisa levada a cabo

pelos psicólogos Elisabeth Krusemark e Wen li, a par-tir de baterias de experiências com uma equipe de 14 voluntários. Essa característica poderia ter um aspecto positivo, já que nos ajudaria a reconhecer a tempo al-gum perigo. Infelizmente, segundo o mesmo estudo, os indivíduos ansiosos tendem a classificar como ruins também os odores neutros.

Existe uma ligação entre a ansiedade e as úlceras?

Esta é uma hipótese velha de muitas décadas que ago-ra retorna com toda a força. Tempos atrás se pensava que o estresse e a ansiedade causassem a úlcera. Mas a descoberta de uma bactéria, a Helicobacter pylori, que causa lesões no estômago, deixou essa hipótese em

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segundo plano. Uma recente pesquisa epidemiológi-ca nos Estados Unidos trouxe de novo à tona a ligação entre úlcera e estresse. A pesquisa descobriu que os indivíduos que sofrem de ansiedade generalizada têm muito mais probabilidade de manifestar úlceras. Além disso, esses mesmos pesquisadores perceberam que a gravidade e o tamanho das úlceras são diretamente proporcionais ao grau de ansiedade do doente.

Como esse estudo era apenas de epidemiologia, não foram aprofundados os estudos sobre as causas, mas os dois cientistas autores dessa investigação, ambos pertencentes ao Departamento de Psiquiatria da Uni-versidade da Califórnia em San Diego, pensam em qua-tro cenários. Poderia ser a ansiedade generalizada a causadora da úlcera; ou então, inversamente, poderia ser a presença de uma úlcera o que leva a um estado de ansiedade; ou um fator ambiental poderia ser a causa das duas patologias; ou, enfim, os ansiosos poderiam ser mais propensos a manifestar úlceras. Tudo isso não contesta a teoria da bactéria Helicobacter como princi-pal causadora da úlcera, mas ajuda no aperfeiçoamento da pesquisa, levando em conta inclusive os fatores psi-cossomáticos como origem das lesões do estômago.

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abian Oefner é um fotógrafo e artista suíço que tenta reunir as disciplinas da arte e da ciên-cia. As imagens psicodélicas que consegue produzir são todas ori-ginárias de fenômenos naturais, captadas através de métodos e técnicas fotográficas e de vídeo. Seus temas incluem ondas sono-ras, fenômenos de iridescência, experiências com ferro e outros

metais em estado líquido, fogo e combus-

F

o artista e fotógrafo suíço Fabian oefner está numa missão de criar peças de arte a partir da ciência cotidiana. nesta palestra fascinante, ele exibe algumas imagens psicodélicas recentes, incluindo fotografias de cristais interagindo com ondas sonoras. e numa demonstração ao vivo, ele mostra o que realmente acontece quando se mistura tinta com líquido magnético- ou quando se coloca fogo em uísqueVídEo: TEd-idEas WorTh sPrEadingTradução: gusTaVo rocha. rEVisão: WandErlEy JEsus

tíveis como o álcool. Seu objetivo fun-damental: criar imagens eu atinjam não apenas o cérebro do expectador, mas também o seu coração.

Fabian oEFnEr

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Tradução integral da conferencia de Fabian Oefner no TED

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Tradução integral da conferencia de Fabian Oefner no TED

Uma imagem vale mais do que mil palavras, então vou come-çar minha palestra parando de falar e mostrando algumas fotos que eu tirei recentemente.Bem, neste ponto, minha palestra já teve seis mil palavras, e acho que deveria parar por aqui.

Ao mesmo tempo, provavelmente devo a vocês uma explicação sobre as imagens que acabei de mostrar. O que estou tentando fazer como fotógrafo, como artista, é juntar os mundos da arte e da ciência. Seja numa imagem de uma bolha de sabão tira-da no momento exato em que estoura, como podem ver nesta imagem, seja num universo feito de pequenas gotículas de tinta a óleo, líquidos estranhos que se comportam de maneira bem peculiar, ou tinta modelada por forças centrífugas, sempre es-tou tentado conectar esses dois campos.

O que eu acho bem intrigante sobre eles é que os dois obser-vam a mesma coisa: são uma resposta aos arredores. E ainda assim, fazem isso de uma maneira bem diferente. Se olharmos para a ciência por um lado, a ciência é uma abordagem bem ra-cional dos arredores, enquanto a arte, por outro lado, normal-mente é uma abordagem emocional dos arredores. O que estou tentando fazer é colocar essas duas visões numa única para que minhas imagens falem tanto para o coração do observador quanto para seu cérebro.Deixem-me demonstrar isso baseado em três projetos.

O primeiro tem a ver com tornar o som visível. Bem, como vo-cês talvez saibam, o som viaja em ondas, e se tiver um alto-fa-lante - um alto-falante não faz nada mais do que pegar o sinal de áudio, transformá-lo numa vibração, que é então transpor-tada pelo ar, é capturada pelo seu ouvido, e transformada num sinal de áudio novamente. Agora eu estava pensando: Como

posso tornar essas ondas de áudio visíveis? E eu criei o seguinte esquema. Peguei um alto-falante, coloquei uma fina folha de plástico sobre o alto-falante, e adicionei pe-quenos cristais sobre o alto-falante. E agora, se eu tocar um som com esse alto-falante,faria com que os cristais se movessem para cima e para baixo. Isso acontece muito rápido, num piscar de olhos, então, junto com a LG, cap-turamos esse movimento com uma câmera que é capaz de capturar mais de três mil quadros por segundo. Vou mostrar-lhes como ficou.(Música: “Teardrop” de Massive Attack)

Muito obrigado. Concordo, ficou impressionante.Mas tenho que contar-lhes uma história engraçada. Eu tive uma queimadura de luz fazendo isso enquanto filma-va em Los Angeles. Em Los Angeles, dá pra ter uma quei-madura de sol decente em qualquer uma das praias, mas

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eu tive a minha num espaço fechado, e o que aconteceu foi que, se quiser tirar fotos a três mil quadros por segundo, você vai precisar de uma quantidade absurda de luz, muita luz. E nós preparamos o alto-falante, e tínhamos a câmera apontada para ele, e muita luz apontando para o alto-falante, e eu ia preparar o alto-falante, colocar os pequenos cristais sobre ele, e faría-mos isso repetidamente, e foi até meio dia que eu percebi que meu rosto estava completamente vermelho por causa das luzes apontando para o alto-falante. O que foi muito engraçado foi que o alto-falante estava vindo só do lado direito, então o lado direito do meu rosto ficou todo vermelho e eu fiquei parecendo o Fantasma da Ópera pelo resto da semana.

Vou mostrar-lhes agora outro projeto que envolve substâncias menos nocivas. Algum de vocês já ouviu falar de ferro fluido?

Ah, alguns já. Excelente. Posso pular essa parte?O ferrofluido tem um comportamento muito estranho. É um líquido que é completamente preto. Tem uma consis-tência oleosa. E tem pequenas partículas de metal nele, que o deixam magnético. Então, se eu colocar esse líqui-do num campo magnético, ele vai mudar de aparência.Tenho uma demonstração ao vivo aqui para mostrar--lhes. Estou com a câmera apontando para baixo para essa lâmina, e sob a lâmina há um imã. Agora vou colo-car um pouco do ferro fluido no imã.

Vamos movê-lo levemente para a direita e focar um pou-co melhor. Excelente.

O que vocês podem ver agora é que o ferro fluido formou pontas. Isso é devido à atração e repulsão das partículas individuais no interior do líquido. Isso já está bem inte-ressante, mas vou adicionar um pouco de aquarela. Essas são somente aquarelas comuns que servem para pintar. Não se pinta com seringas, mas funciona do mesmo jeito. Então o que aconteceu agora é que, quando a aquarela estava flutuando na estrutura, a aquarela não se mistura com o ferro fluido. Isso é porque o próprio ferro fluido é hidrofóbico. Isso significa que não se mistura com água. E ao mesmo tempo, ele tenta manter a posição sobre o imã, e portanto, cria essas incríveis estruturas de canais e minúsculas poças de aquarela colorida.Esse era o segun-do projeto.

Vou mostrar agora o último projeto, que envolve a bebi-da nacional escocesa.

Esta foto, e também esta aqui, foram tiradas usando uís

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que. Agora, vocês podem se perguntar, como ele fez isso? Será que ele bebeu metade de uma garrafa de uísque e então dese-nhou a alucinação que teve de estar bêbado no papel? Posso garantir que estava inteiramente consciente enquanto tirava essas fotos.

O uísque tem 40% de álcool, e o álcool tem algumas proprieda-des bem interessantes.Talvez vocês já tenham experimentado algumas dessas propriedades, mas estou falando das proprie-dades físicas, não as outras. Quando eu abro a garrafa, as mo-léculas de álcool se espalham pelo ar, e isso é porque o álcool é uma substância muito volátil. E, ao mesmo tempo, o álcool é altamente inflamável. Foi com essas duas propriedades que eu pude criar as imagens que vocês estão vendo.Vou demonstrar aqui. O que tenho aqui é um recipiente de vidro vazio. Não há nada dentro. Vou enchê-lo com oxigênio e uísque. E um pouco mais. Agora é só esperar alguns segundos para as moléculas se espalharem pela garrafa. E agora, vamos colocar fogo.

E isso é tudo o que acontece. Vai muito rápido, e não é tão im-pressionante. Posso fazer de novo para mostrar mais uma vez, mas alguém poderia dizer que é um completo desperdício de uísque, e eu deveria bebê-lo em vez disso.Mas deixem-me mostrar em câmera lenta num quarto total-mente escuro o que eu acabei de mostrar-lhes nessa demons-tração ao vivo. O que aconteceu foi que a chama viajou pelo recipiente de vidro de cima a baixo, queimando a mistura de moléculas de ar e o álcool. E as imagens que vocês viram no início, são na verdade uma chama parada no tempo enquanto está viajando pela garrafa, e vocês têm que imaginar que foi virada em 180 graus.E foi assim que essas fotos foram tiradas.Obrigado.

Eu lhes mostrei agora três projetos, e você podem se per-guntar, para que servem? Qual é a ideia por trás? Será que é só um desperdício de uísque? Será que é só um material estranho? Esses três projetos são baseados em fenômenos científicos muito simples, tais como magne-tismo, ondas sonoras, ou aqui, as propriedades físicas de uma substância, e o que estou tentando fazer é usar esses fenômenos e mostrá-los de uma forma poética e nunca antes vista, e portanto convidar o observador a parar por um momento e pensar sobre toda a beleza que está cons-tantemente ao nosso redor.Muito obrigado.

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PARK CITYA neve cai, o esquiador sorri

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ark City, no estado america-no de Utah, é um dos grandes destinos de inverno na atuali-dade. Seu primeiro resort de

esqui foi aberto em 1936 e, de lá para cá, o crescimento de Park City como meca dos esquiadores é impressionante. Mas o gran-de impulso foi dado em 2002, quando Park City foi sede dos Jogos Olímpicos de Inver-no.

Estações de esqui de primeira linha, re-sorts e condomínios de altíssimo nível, a grande maioria oferecendo hospedagem in-out, você pode achar que isso é contar vantagem, mas a verdade é que a neve em Park City tem marca registrada: é consi-derada a melhor “powder” do mundo. A explicação disso, segundo contam os ex-perts, são as nuvens carregadas que che-gam do Pacífico, passam sobre o deserto e logo depois pelo Grande Lago Salgado, o Salt Lake. Parte do excesso de água é per-dido no percurso, e quando as nuvens fi-nalmente chegam a Park City estão pron-tas para descarregar a mais perfeita neve que se possa imaginar. É a chamada “neve primavera”, como é conhecida na Améri-ca Latina, ou neve pó. Na nossa parte sul do hemisfério ela acontece principalmen-te em setembro, mas nunca da qualidade que mostra em Park City. Uma neve que não vira sopa, o que permite um maior controle dos esquis e, claro, maior facili-dade para se deslizar sobre a neve, mesmo que ela chegue até os seus joelhos.

Só para dar uma ideia do luxo oferecido ao turista, em Park City existem nomes que são ícones do requinte e do bom gosto em hotelaria. Entre eles o Waldorf Asto

Po inverno está com pressa. Já começou a nevar nas montanhas que rodeiam park city. A cidade é hoje uma meca do turismo invernal. mas é bom saber que ela também oferece excelentes opções nas outras estações

TExTo E FoTos: JaimE borquEz

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ria, o Saint Regis, o Montage e o Hyatt. Ao lado dos vários hotéis super estrelados, existem vários outros de boa qualidade porém de menor preço, bem como Bread&breakfasts de primeira linha, a precinhos ca-maradas. É um lugar de turistas finos e elegantes, mas é também um point democrático. Park City tem tudo para o passageiro sentir-se em casa.

O transporte é cômodo e gratuito em todos os hotéis e resorts, e há também a rede de ônibus públicos, tam-bém sem custo algum. A destacar a mística que todo lugar turístico que se preza deve ter, e que o pessoal

que trabalha e vive em Park City esbanja: muita sim-patia para com o visitante e uma excepcional qualida-de de serviço. Em resumo: se deseja esquiar em gran-de estilo, sem se preocupar com nada a não ser surfar sobre a neve, ou virar criança novamente e sair por aí à cata de guerrinhas à base de bolas de neve, Park City é a escolha certa.

Passeios zen ou dose plus de adrenalina?

Não é preciso, por outro lado, ser exímio esquiador para desfrutar dos prazeres de Park City. Há instruto-res para você melhorar sua técnica de esquiador. Há

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passeios a cavalo, lindas trilhas para trekking, pas-seios sobre a neve com calçados de raquete, a moda-lidade randonée, ou ski-de-fond, na qual o único que você precisa é calçar o esqui e caminhar entre os bos-ques.

Claro, se deseja uma dose plus de adrenalina, parta para o bobsledge, um trenó de alta velocidade movido pela força de gravidade, com o qual pode-se chegar aos 150 quilômetros horários! Esta é uma modalida-de de esporte olímpico desde os Jogos de Inverno de

1924, mas só em 2002, nas competições olímpicas que ocorreram em Park City, per-mitiu-se que as equipes inclu-íssem também mulheres entre os membros das equipes. A ci-dade inspira mesmo democra-cia e igualdade de direitos... e deveres.

Park City hiberna nas outras estações? Nada mais longe da realidade. Quem visita a re-gião, seja outono, primavera ou verão terá sempre grandes surpresas. Onde antes havia neve, nos meses mais quentes abrem-se trilhas que atraves-sam florestas e grandes cam-pos cobertos de erva verde. Nessas épocas a prática dos esportes outdoor toma conta

do lugar e, o mais importante, é que você não preci-sa ser um participante do Iron Man ou ter escalado o Everest para aproveitar as opções que a cidade e seu entorno natural oferecem. Dia e noite há muita coi-sa para ser feita, desde caminhadas até shows, estes últimos, de graça. Outro ponto a ser levado em conta é que a grande maioria das atividades podem ser rea-lizadas em família, por pessoas de qualquer idade, já que nenhuma delas oferece perigo ou exige grandes esforços físicos. Uma delas, imperdível, é o tour his-tórico feito em bicicleta. Para participar basta saber

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pedalar e até isso pode ser prescin-dível. Este passeio começa na parte alta da montanha e vai descendo pela estrada asfaltada, até chegar à cidade, que é totalmente plana. Qual esforço? Nenhum! Mas se você quer emoções mais fortes em duas rodas duas rodas, as monta-nhas oferecem trilhas incríveis de-senhadas e montadas especialmen-te para os amantes do mountain bike.

Tudo começou com as minas de prata

A história de Park City, seu nasci-mento e evolução, está ligada ao trabalho de mineração. Grandes jazidas de prata foram encontra-das no interior de suas montanhas em 1868 e, como aconteceu na Ca-lifórnia com o ouro, ao se ouvir o grito “há prata em Utah!”, o que antes fora tranquilo reduto dos indí-genas da tribo Ute foi-se transformando em próspe-ro e movimentado povoado mineiro. Vieram grandes investimentos, as minas foram as mais modernas que poderiam existir nesses tempos. Maquinário so-fisticado, centenas de quilômetros de trilhos e nada menos que 1.981 quilômetros de túneis para carregar e transportar o material. Se comparando, esse siste-ma subterrâneo é maior que todo o sistema de metrô da cidade de Nova York! Há nomes famosos entre os

investidores, como Charles Chaplin, por exemplo. O pobre povoado mineiro do começo foi se sofisticando. Apareceram construções modernas , estilos arquite-tônicos como o vitoriano e o cape cod foram mudan-do a cara da cidade. Hoje, muitas dessas casas estão não apenas em pé e habitadas, como constituem seu maior atrativo e legado histórico. As reformas que se fazem nelas são mínimas, nada que mude a estrutura nem a fachada original. Basta comparar fotos de hoje com reproduções antigas para perceber, nitidamente, que o cuidado que se tem para manter a historia ar

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quitetônica da cidade é extremo.

Outros investidores mais modernos, alguns também ligados ao cinema, têm chegado por aqui e se apaixo-nando pela região. É o caso de Robert Redford. Ele é o criador do Sundance Cinema Festival, que se realiza todo início de ano na cidade. Ela se transforma então em uma sucursal de Hollywood, e nós, simples mor-tais, podemos cruzar nas ruas, restaurantes, lojas e barzinhos com nomes que ocupam manchetes globais, como Pierce Brosnan, Al Pacino, Francis Ford Cop-pola e, obviamente, o próprio Redford. Contam que,

durante o Festival, ocorre aqui um fenômeno curioso e possivelmente único. Os famosos não são acossados pelos habitantes nem pelos visitantes da cidade. Eles andam livremente, sem escoltas, aproveitando tudo o que a cidade oferece. Portanto, não estranhe se ao en-trar para comprar na loja da esquina dê, logo de cara, com Brad Pitt ou Julia Roberts. Acalme as batidas de seu coração, finja que você também é um famoso da telona e cumprimente esse povo de forma elegante.

Jantar com Brad e Angelina

Ponto de encontro desses artistas é o restaurante

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como o Good Karma, do sim-pático chef Houman Gohary, que oferece deliciosas criações da cozinha indiana. Vale a pena conferir.

Até um tempo atrás existia a idéia de que em Park City, por ficar dentro de um esta-do onde os mórmons tinham grande presença, não havia espaço nem tolerância para a cervejinha, o uísque e a vida noturna. Saiba que hoje isso é mito. A cidade tem uma bo-emia muito agradável e agi-tadíssima. Como aconteceu isso? Conta a historia que os mórmons começaram a se in-comodar com a apertura de bares e prostíbulos no povoa-do. Difícil que isso não acon-

tecera onde a grande maioria dos habitantes eram jovens mineiros solteiros. Começaram as desavenças entre os mórmons e a população, e a maioria não era compostapelos religiosos. Os mineiros tomaram o ca-minho mais curto para acabar com o problema: incen-diaram as igrejas e expulsaram os mórmons. Hoje, as estatísticas mostram que há só 5% deles em Park City. Na sua visita à cidade não deixe de visitar o No Name Saloon, cujo slogan já diz tudo: Ajudando o pessoal a esquecer seu próprio nome desde 1903.

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Zoom, criação e propriedade de Redford, construído no que fora a estação de trem da cidade. Aqui até os pratos são de cinema. Experimente o filé mignon com batatas souflé e faça vir da adega um bom vinho de Sonoma. Vai ficar surpreso com a qualidade dos pra-tos e, acredite, com os preços do menu bastante mais em conta que qualquer restaurante médio do Brasil. Aliás, esse é outro grande atrativo de Park City, seus mais de 100 restaurantes, todos de alto nível. Há tam-bém restaurante simples portem de excelente cozinha,

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Quem procura cultura e um bom uísque, deve visitar a High West Distillery, que é uma antiga oficina mecânica, transformada em des-tilaria e restaurante. Outro forte da cidade são as compras, tanto nas lojas da Main Street, como no Tanger Outlet Mall. Há 63 lojas de marcas famosas presentes aqui, sempre com preços pra lá de tenta-dores.

Park City é também uma região onde o golfe, no verão, torna-se tão importante quanto o esqui no in-verno. Há 12 campos, seis dos quais são abertos ao público, cada um deles mais espetacular, tanto no cuidado da grama e dos greens, como no entorno natural. Não fique preo-cupado em levar seus tacos, lá tem tudo para alugar.Park City fica a apenas 35 minutos do aeroporto inter-nacional de Salt Lake City. Há oito linhas aéreas ofe-recendo mais de 100 possibilidades de chegada antes do meio dia, alem de voos diretos a 90 destinos norte--americanos. É também considerada a cidade ameri-cana com maior concentração de hotéis de alto nível, com três resorts de primeira linha, Canyons Resort, Park City Mountain Resort e Deer Valley Resort, e entre cada um deles há apenas 5 minutos de distância. Possui mais de 3.845 hectares de terreno próprio para esquiar, 394 pistas e 56 meios de elevação. Viver tudo significa ter as melhores férias da nossa vida.

Mais informações: www.VisitParkCity.comO clima em Park City: www.visitparkcity.com/visi-tors/weather/

Atividades de inverno em Park City: http://www.visitparkcity.com/things-to-do/winter--activities/

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