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ANDERSON DA SILVA MACHADO ANÁLISE DO PERFIL IMUNOLÓGICO EM RECÉM- NASCIDOS COM TOXOPLASMOSE CONGÊNITA APRESENTANDO DIFERENTES FORMAS CLÍNICAS DA DOENÇA OCULAR BELO HORIZONTE UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 2014

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ANDERSON DA SILVA MACHADO

ANÁLISE DO PERFIL IMUNOLÓGICO EM RECÉM-NASCIDOS COM TOXOPLASMOSE CONGÊNITA

APRESENTANDO DIFERENTES FORMAS CLÍNICASDA DOENÇA OCULAR

BELO HORIZONTEUNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

2014

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ANDERSON DA SILVA MACHADO

ANÁLISE DO PERFIL IMUNOLÓGICO EM RECÉM-NASCIDOS COM TOXOPLASMOSE CONGÊNITAAPRESENTANDO DIFERENTES FORMAS CLÍNICAS DADOENÇA OCULAR.

Tese de Doutorado apresentada aoPrograma de Pós-graduação emParasitologia do Instituto de CiênciasBiológicas da Universidade Federal deMinas Gerais, Departamento deParasitologia, como requisito parcialpara obtenção do título de Doutor.

Orientador: Dr. Ricardo Wagner de Almeida Vitor - Laboratório deToxoplasmose/Departamento de Parasitologia do Instituto de CiênciasBiológicas/UFMG

Co-orientador: Dr. Olindo Assis Martins Filho – Laboratório deBiomarcadores de Diagnóstico e Monitoração/Instituto René Rachou/Fiocruz

BELO HORIZONTEUNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

2014

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Colaboradores

Dra. Gláucia Manzan Queiroz Andrade (Líder do grupo de pesquisa: UFMG –Grupo Brasileiro de Toxoplasmose congênita)Dr. Daniel Vítor Vasconcelos SantosDra. Ana Carolina Aguiar Vasconcelos Carneiro

Suporte Financeiro

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorFAPEMIG – Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de Minas GeraisCNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Apoio

SES – Secretaria Estadual de Saúde de Minas GeraisNUPAD – Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico - UFMG

Trabalho realizado no Laboratório deBiomarcadores de Diagnóstico eMonitoração do Centro de PesquisaRené-Rachou e no Laboratório deToxoplasmose do ICB/UFMG.

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Dedicatória

A toda minha família e amigos, pela paciência, amizade e

incentivo em todos os momentos.

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"A vantagem de ter péssimamemória é divertir-se muitasvezes com as mesmas coisasboas como se fosse aprimeira vez."

Friedrich Nietzsche

“Você está se concentrandono problema. Se você focarno problema, não conseguiráver a solução. Nunca seconcentre no problema.”

Patch Adams

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Agradecimento especial

Ao professor Ricardo W. A. Vitor por todos os ensinamentos

durante esses sete anos de convivência. Ensinamentos que não se

restringiram ao campo acadêmico, e que certamente nortearão

minha vida. Agradeço por todo carinho, paciência e dedicação.

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Agradeço ao programa de pós-graduação em Parasitologia, na pessoada professora Érika Martins Braga,coordenadora do curso de Pós-graduação do Departamento deParasitologia do Instituto de CiênciasBiológicas da Universidade Federal deMinas Gerais, pela oportunidade dedesenvolver este projeto e pelo apoiorecebido.

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Agradecimentos

Ao Dr. Olindo A. Martins-Filho, por toda paciência e pelos diversos ensinamentos ao

longo dessa jornada.

Aos colaboradores desse projeto, sem os quais não seria possível a realização do

mesmo.

À Dra. Deborah Aparecida Negrão-Corrêa, por me mostrar que a imunologia não é um

bicho de sete cabeças (só tem seis), e que o Toxoplasma gondii é o parasito mais

“cabuloso” de todos.

Aos professores do curso de Pós-graduação em Parasitologia, pelos valiosos

ensinamentos recebidos durante a realização das disciplinas.

Aos amigos da Parasitologia, em especial aos amigos do mestrado, pela amizade e pelos

momentos de descontração que vivenciamos.

Aos amigos do Laboratório de Toxoplasmose, pela agradável convivência, pelas

viagens inesquecíveis e pelos ensinamentos constantes.

À doutoranda Amanda Cardoso, do LBDM, pela amizade e pelo incentivo.

À técnica do Laboratório, Rosálida E. N. Lopes, pela paciência, pelos conselhos e pelos

inestimáveis ensinamentos.

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Índice de fluoxogramas e figuras

Fluoxograma 1: Avaliação oftalmológica em crianças suspeitas de toxoplasmose

congênita................................................................................................................... pg 35

Figura 1: Ilustração da análise convencional de linfócitos do sangue periférico por

citometria de fluxo..................................................................................................... pg 42

Figura 2: Análise de monócitos pró-inflamatórios do sangue periférico.................. pg 43

Figura 3: Análise de monócitos CD14+CD32+ e CD14+CD64+................................ pg 44

Figura 4: Análise de subpopulações de linfócitos T ativados................................... pg 45

Figura 5: Análise das subpopulações de células NK................................................. pg 46

Figura 6: Análise convencional de produção de citocinas por monócitos................ pg 47

Figura 7: Análise das subpopulações de monócitos.................................................. pg 53

Figura 8: Subpopulações de células NK e células T NK.......................................... pg 55

Figura 9: Subpopulações e status de ativação das células T e células B................... pg 57

Figura 10: Assinatura de biomarcadores da imunidade inata a adaptativa............... pg 59

Figura 11: Assinatura de biomarcadores da imunidade inata a adaptativa (Radar).. pg 60

Figura 12: Produção de citocinas por células da imunidade inata............................ pg 62

Figura 13: Produção de citocinas por células da imunidade adaptativa.................... pg 64

Figura 14: Produção de citocinas por células da imunidade inata nos subgrupos de

TOXO........................................................................................................................ pg 65

Figura 15: Produção de citocinas por células da imunidade adaptativa nos subgrupos de

TOXO........................................................................................................................ pg 67

Figura 16: Assinatura de biomarcadores da produção de citocinas pelas células da

imunidade inata e adaptativa..................................................................................... pg 68

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Índice de quadros e tabelas

Quadro 1 - Anticorpos monoclonais marcados com fluorocromos utilizados para análise

de populações, subpopulações celulares e moléculas de superfície........................ pg 37

Quadro 2 - Anticorpos monoclonais utilizados para identificação das subpopulações

leucocitárias na metodologia de citocinas citoplasmáticas...................................... pg 40

Tabela 1 - Registros hematológicos em recém-nascidos com toxoplasmsosecongênita.................................................................................................................. pg 52

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Lista de Abreviaturas

AIDS - Acquired immune deficiency syndrome – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

ACRL – Active and Cicatricial Retinochoroidal Lesion – Lesão retinocoroideana ativa e

cicatrizada simultaneamente

ARL – Active Retinochoroidal Lesion – Lesão retinocoroideana ativa

CCL - Chemokine ligand – Ligante de Quimiocina

CCR – Chemokine receptor - Receptor de Quimiocina

CRL – Cicatricial Retinochoroidal Lesion – Lesão retinocoroideana cicatrizada

DCs – Dendritic cells – Células dendríticas

DNA – Deoxyribonucleic acid - Ácido desoxirribonucleico

ELFA – Enzyme Linked Fluorescent Assay

ELISA – Enzyme-Linked Immunosorbent Assay - Ensaio Imunoenzimático

FITC – Fluorescein isothiocyanate - Isotiocianato de fluoresceína

GM-CSF - Granulocyte-Macrophage Colony-Stimulating Factor – Fator estimulante de

macrófagos e granulócitos

IC – Intervalo de Confiança

IEL - Intraepithelial lymphocytes – Linfócitos intraepiteliais

IFN - Interferon

IgA – Imunoglobulina da classe A

IgG – Imunoglobulina da classe G

IgM – Imunoglobulina da classe M

IL- Interleucina

kDa – kilodaltons

LPS - Lipopolissacarídeo

MCP - Monocyte Chemotactic Protein - proteína quimiotática de monócitos

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MHC – Major Histocompatibility Complex – Complexo principal de histocompatibilidade

MIP - Macrophage Inflammatory Proteins - Proteína inflamatória de macrófagos

MyD – Myeloid differentiation primary response gene - Fator de diferenciação mielóide

NETs – Neutrophil Extracellular Traps

NI – Non Infected – Grupo não infectado (controle)

NK – Natural Killer – Células Natural Killer

NKT – Natural Killer T Cells – Células T Natural Killer

NO – Nitrous Oxide - Oxido nítrico

NRL – No Retinochoroidal Lesion – Sem lesões retinocoroideanas

NUPAD – Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da UFMG

PAMPs – Pathogen-Associated Molecular Patterns - Padrões moleculares associados a

patógenos

PCR - Polymerase Chain Reaction – Reação em cadeia da Polimerase

PE – Phycoerythrin - Ficoeritrina

PerCP – Peridinin Chlorophyll Protein - Cloreto de peridina Clorofila

PETN – Programa Estadual de Triagem Neonatal

PMN – Polimorfonucleares

PRRs – Pattern recognition receptors - Receptores de reconhecimento padrão

RE – Retículo Endoplasmático

ROI – Reactive Oxygen Intermediate - Reativos intermediários de oxigênio

RN – Recém-nascido

SNC – Sistema Nervoso Central

TC - Tricolor

Th – T helper

TGF – Transforming Growth Factor – Fator de transformação do crescimento

TLR – Toll-like Receptors – Receptores Toll-like

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TNFR – Tumor Necrosis Factor Receptor – Receptor do fator de necrose tumoral

TOXO – Recém-nascidos infectados com T. gondii

T. gondii – Toxoplasma gondii

UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais

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SUMÁRIORESUMO......................................................................................................... xivABSTRACT..................................................................................................... xvi1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 011.1. Biologia e transmissão............................................................................... 011.2. Infecção congênita..................................................................................... 031.3. Comprometimento ocular.......................................................................... 061.4. Resposta Imune.......................................................................................... 091.4.1. O epitélio intestinal é a primeira linha de defesa.................................... 101.4.2. O recrutamento de neutrófilos................................................................. 121.4.3. Células dendríticas e a produção de IL-12.............................................. 141.4.4. O papel dos macrófagos na resistência................................................... 171.4.5. O papel das células natural killer........................................................... 181.4.6. O papel do NO e das GTPases................................................................ 201.4.7. A importância da privação de ferro e do triptofano................................ 221.4.8. O papel das células T CD4+ e T CD8+.................................................... 231.4.9. Células B e a produção de anticorpos..................................................... 251.5. A influência da gravidez na infecção......................................................... 271.5.1. A gravidez aumenta a susceptibilidade................................................... 282. OBJETIVO.................................................................................................. 303. METODOLOGIA....................................................................................... 313.1. Pacientes e amostras biológicas................................................................. 313.2. Exames clínicos e grupos de estudo........................................................... 323.3. Coleta de sangue......................................................................................... 363.4. Imunofenotipagem de células mononucleares circulantes......................... 363.5. Preparo de antígeno.................................................................................... 383.6. Análise de marcadores de superfície e citocinas........................................ 393.7. Estratégias de análise................................................................................. 413.8. Análise dos dados....................................................................................... 484. RESULTADOS............................................................................................ 504.1. Registros hematológicos dos recém-nascidos............................................ 504.2. Análise de células monocucleares circulantes................................................. 504.2.1. Análise das subpopulações de monócitos............................................... 504.2.2. Análise das subpopulações de células NK e T NK................................. 514.2.3. Análise das subpopulações de células T e B........................................... 564.2.4. Análise da assinatura de biomarcadores.................................................. 584.3. Análise da produção de citocinas............................................................... 614.3.1. Citocinas produzidas por células da imunidade inata............................. 614.3.2. Citocinas produzidas por células da imunidade adaptativa..................... 634.3.3. Citocinas da imunidade inata (Análise nos subgrupos de TOXO).......... 634.3.4. Citocinas da imunidade adaptativa (Análise nos subgrupos de TOXO). 664.3.5. Análise da assinatura de biomarcadores.................................................. 665. DISCUSSÃO................................................................................................ 696. CONCLUSÕES........................................................................................... 817. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................... 838. ANEXOS...................................................................................................... 101

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RESUMO

O desenvolvimento de uma resposta imune adequada é fundamental para o

controle do T. gondii, mas também para reduzir as sequelas da infecção congênita. A

toxoplasmose ocular é a principal manifestação clínica da toxoplasmose, e o

entendimento dos mecanismos imunopatológicos envolvidos é fundamental para uma

abordagem terapêutica mais adequada. Neste trabalho foi coletado o sangue de recém-

nascidos com toxoplasmose congênita apresentando diferentes formas clínicas da

doença ocular para avaliar possíveis alterações do perfil imunológico através da

imunofenotipagem de células mononucleares circulantes e da análise de citocinas

intracitoplasmáticas após estimulação in vitro. Nossos resultados mostraram que,

devido a infecção congênita, há aumento de linfócitos e monócitos nos recém-nascidos

infectados. Numa análise mais detalhada, verificou-se aumento de monócitos pró-

inflamatórios, indicando que a persistência da resposta pró-inflamatória pode estar

relacionada com o desenvolvimento da patologia. Células NK e células T NK também

estavam aumentadas em recém-nascidos infectados com T. gondii, sendo um fator

importante na resposta imune contra o parasito. A análise da resposta imune adaptativa

mostrou que linfócitos T CD4+ aparentemente estão associados com o fenótipo de lesão

ativa. Adicionalmente, foi mostrado que as células T CD8+ podem ser um importante

biomarcador de morbidade nos recém-nascidos infectados. Em conjunto, os resultados

do perfil fenotípico das células mononucleares circulantes nos recém-nascidos com

toxoplasmose congênita sugerem maturação da resposta imune. Finalmente, verificamos

possíveis alterações na produção de citocinas por parte das células mononucleares

circulantes dos recém-nascidos com toxoplasmose congênita. Na resposta imune inata

verificamos um perfil misto com predominância de citocinas reguladoras em

neutrófilos, perfil pró-inflamatório modulado por IL-10 em monócitos e perfil pró-

inflamatório em células NK. A análise da produção de citocinas em células da

imunidade adaptativa mostrou perfil pró-inflamatório nas células T CD4+ e T CD8+, e

perfil regulatório em células B. A análise da produção de citocinas em subgrupos de

crianças com diferentes manifestações oculares mostrou o aumento de IL-1 e TNF-

somente nas células de recém-nascidos sem lesão ocular ativa. A citocina IL-17

apresentou aumento em neutrófilos e células T CD4+ somente nos recém-nascidos com

lesão retinocoroideana ativa. As principais citocinas pró-inflamatórias no controle da

toxoplasmose, IL-12 e IFN-, estavam aumentadas em monócitos e células T CD4+ de

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todos os grupos com infecção congênita. O presente estudo apresenta-se como uma

excelente oportunidade para o entendimento de alguns aspectos fundamentais da

resposta imune durante a infecção congênita, além do levantamento de possíveis

biomarcadores associados com a lesão retinocoroideana.

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ABSTRACT

The development of an appropriate immune response is critical for control of T. gondii,

but also to reduce the sequelae of congenital infection. Ocular toxoplasmosis is the

major clinical manifestation of toxoplasmosis, and understanding of the pathogenic

mechanisms involved is crucial for a more appropriate therapeutic approach. In this

work we collected the blood of newborns with congenital toxoplasmosis presenting

different clinical forms of ocular disease to assess possible changes in immune profile

by immunophenotyping of circulating mononuclear cells and analysis of

intracytoplasmic cytokines after in vitro stimulation. Our results showed an increase of

lymphocytes and monocytes in infected infants. In more detailed analysis, there was an

increase of proinflammatory monocytes, indicating that the persistence of the pro-

inflammatory response may be associated with the development of pathology. NK and

NK T cells which are important components in the immune response against the

parasite were also expanded in infants infected with T. gondii. Analysis of the adaptive

immune response showed that CD4+ T cells are apparently associated with the

phenotype of active lesion. Additionally, our results demonstrate that CD8+ T cells may

be an important biomarker of morbidity in infants infected with T. gondii. Together,

results of the phenotypic profile of circulating mononuclear cells in infants with

congenital toxoplasmosis suggest maturation of the immune response. Finally we

analyzed possible changes in cytokine production by circulating mononuclear cells of

infants with congenital toxoplasmosis. In innate immune response we found a mixed

profile with a predominance of regulatory cytokines in neutrophils, pro-inflammatory

profile modulated by IL-10 in monocytes, and pro-inflammatory profile in NK cells of

infants with congenital toxoplasmosis. Analysis of cytokine production by cells of the

adaptive immune system shows a pro-inflammatory profile in CD4+ and CD8+ T cells,

and regulatory profile in B cells. Analysis of cytokine production in subgroups of

TOXO showed increased IL-1 and TNF- levels in cells of infants without active

lesions (NRL and CRL) whereas IL-6 and IL-17 cytokines are expanded only in cells of

infants with active retinochoroidal lesions (ARL). The major pro-inflammatory

cytokines in the control of toxoplasmosis, IL-12 and IFN- were elevated in all groups

of cells from children with congenital infection. The present study is an excellent

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opportunity to understand key aspects of the immune response during human congenital

infection and highlighted possible biomarkers associated with retinochoroidal lesions.

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Biologia e Transmissão

Toxoplasma gondii é um protozoário parasito intracelular obrigatório, de

distribuição mundial, que pode ser encontrado em uma grande variedade de hospedeiros

vertebrados (Dubey, 2010). Foi descrito por NICOLLE E MANCEAUX isolado de um

roedor no norte da África (Ctenodactylus gondi) em 1908. O protozoário apresenta

organelas citoplasmáticas características do Filo Apicomplexa, classe Sporozoa, subclasse

Coccidea, ordem Eucoccidiida, subordem Eimeriina e família Sarcocystidae (Pfefferkorn,

1990).

O ciclo de T. gondii é heteroxeno facultativo, com uma fase sexuada que ocorre nas

células intestinais dos hospedeiros definitivos, membros da família Felidae, e outra fase

assexuada, que pode ocorrer nos hospedeiros definitivos e nos hospedeiros intermediários –

mamíferos, incluindo o homem, e aves. No ciclo sexuado o parasito invade os enterócitos e

sofre merogonia, formando os merozoítos que são liberados após o rompimento da célula

hospedeira. Esses merozoítos invadem as células epiteliais adjacentes e sofrem gamogonia,

formando os gametócitos. Os gametócitos originam os gametas masculinos (microgametas)

e os femininos (macrogametas). Os microgametas, que são formas móveis extracelulares,

fecundam os macrogametas localizados dentro dos enterócitos formando o zigoto, que fica

envolto por uma parede resistente, sendo chamado de oocisto. Os felídeos eliminam em

suas fezes oocistos não esporulados, que em condições ambientais propícias como

temperatura, umidade e oxigenação ideais, se tornam infectantes, podendo ser ingeridos por

outros animais, até mesmo pelo ser humano. Cada oocisto esporulado infectante de T.

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gondii possui em seu interior dois esporocistos, cada um contendo quatro células

denominadas esporozoítos (Tenter et al., 2000; Robert-Gangneux & Dardé, 2012).

O ciclo assexuado ocorre nos hospedeiros intermediários e definitivos, e tem início

com a ingestão de oocistos eliminados pelas fezes dos gatos ou cistos teciduais, contendo

bradizoítos, presentes na carne crua ou mal cozida de alguns animais. Após ingestão, a

parede externa dos cistos ou oocistos é rompida por degradação enzimática e as formas

infectantes, bradizoítos ou esporozoítos, respectivamente, são liberadas no lúmen intestinal

onde rapidamente invadem as células do hospedeiro e se diferenciam em taquizoítos

(formas de multiplicação rápida), por divisão assexuada. Os taquizoítos penetram em

qualquer célula nucleada, formando um vacúolo parasitóforo. No interior do vacúolo

parasitóforo sofrem rápidas e sucessivas divisões por endodiogenia, formando novos

taquizoítos, que rompem a célula parasitada e invadem novas células (fase proliferativa). A

disseminação do parasito no organismo ocorre através de taquizoítos livres ou intracelulares

na linfa, ou no sangue circulante, podendo provocar um quadro polissintomático, cuja

gravidade dependerá da quantidade de formas infectantes adquiridas, da cepa do parasito e

da susceptibilidade do hospedeiro (Tenter et al., 2000). Embora o parasito seja intracelular,

pode sobreviver por breves períodos nos líquidos intersticiais e exsudatos (Chiari, 1981) já

sendo comprovada, por exemplo, a presença de taquizoítos na saliva, urina e no leite de

cabra (Chiari & Neves, 1984; Vitor et al., 1991).

O período inicial da infecção – fase proliferativa – caracteriza a fase aguda da

doença. Neste ponto, a toxoplasmose pode evoluir até a morte do hospedeiro, o que pode

ocorrer em fetos ou em indivíduos com comprometimento imunológico, ou se tornar latente

pelo aparecimento de resposta imune específica. Com o desenvolvimento da resposta imune

a proliferação dos taquizoítos é controlada, os parasitos extracelulares desaparecem do

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sangue, da linfa e dos órgãos viscerais, ocorrendo uma diminuição de estágios

intracelulares. Alguns taquizoítos, no entanto, invadem as células e desenvolvem uma

cápsula cística a partir da parede do vacúolo parasitóforo, diminuindo seu metabolismo e

transformando-se em bradizoítos. Os bradizoítos multiplicam-se lentamente e permanecem

no interior do cisto sem desencadear sintomatologia significante no hospedeiro (Dubey &

Frenkel, 1976; Montoya & Liesenfeld, 2004; Robert-Gangneux & Dardé, 2012).

A resposta imune limita a progressão da infecção e o desenvolvimento de novas

lesões, porém não erradica os cistos já existentes localizados em diversos órgãos, que

caracterizam as formas de resistência do parasito. Os cistos podem se romper

ocasionalmente, liberando bradizoítos, que podem evoluir para taquizoítos e reinfectar

células vizinhas, despertando uma reação inflamatória, e sendo rapidamente controlados

pelo sistema imune. Se o hospedeiro apresentar comprometimento na resposta imune, o

bloqueio dessa proliferação pode não ser eficiente, ocasionando num processo localizado ou

sistêmico de recaída da toxoplasmose (Tenter et al., 2000).

1.2 Infecção congênita

Quando uma mulher grávida adquire toxoplasmose, ela pode transmitir o parasito

para o feto. Raramente a transmissão transplacentária ocorre se a gestante se infecta

imediatamente antes da concepção ou se engravida já na fase crônica da doença (Dubey,

2010).

A transmissão congênita ou transplacentária tem sido responsabilizada pela

ocorrência de abortos, natimortos, debilidade e mortalidade neonatal (Dubey, 2010). O risco

de transmissão congênita aumenta progressivamente com a idade gestacional da

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soroconversão materna. Aproximadamente 5% das mulheres que tiveram sua soroconversão

até 12 semanas de gestação e 80% daquelas que tiveram a soroconversão pouco antes do

parto, transmitem a infecção para o feto. Inversamente, o risco de sinais clínicos (lesões

cerebrais ou na retina) numa criança infectada decresce de 60% para fetos de mulheres que

tiveram a soroconversão até a 12ª semana de gestação, para aproximadamente 5% para

aquelas que tiveram a soroconversão próximo do parto (Desmonts et al., 1985). Roberts &

Alexander (1992) demonstraram que a maioria das infecções do primeiro trimestre resultam

em aborto ou reabsorção fetal. O balanço intrigante de maior gravidade dos sinais clínicos

no início da gravidez contra maior frequencia de transmissão congênita de T. gondii ao final

da gravidez motivou Roberts et al. (2008) a especular que a capacidade do T. gondii em

causar uma resposta pró-inflamatória potente poderia provocar aborto no primeiro trimestre

de gravidez. Entretanto, quando as alterações anti-inflamatórias hormonais e imunológicas

que caracterizam a gravidez finalmente se estabelecem, o feto é protegido de danos

causados pelas reações imunológicas, mas, ao mesmo tempo, é mais susceptível de ser

exposto, e infectado pelo parasito. Sabe-se que a transmissão congênita do T. gondii ocorre

por via hematogênica e a infecção placentária é etapa obrigatória. Após a infecção da

placenta, ocorre um intervalo de dias a semanas até a infecção fetal. A duração desse

período não é completamente conhecida e estima-se que seja mais longo no início da

gravidez do que no final. A infecção fetal é mais comum na fase da parasitemia materna

associada com a infecção aguda, mas, após a fase aguda podem persistir focos de parasitos

na placenta, que podem ser liberados na circulação fetal em fase tardia da infecção materna.

Esse é o conceito que justifica a manutenção do tratamento durante toda a gestação, mesmo

quando o feto não está infectado (Gilbert & Peckham, 2002; Kaye, 2011).

Aproximadamente 90% das crianças com toxoplasmose congênita desenvolvem-se

aparentemente normais (Desmonts & Couvreur, 1974). Natimortos ou mortes pós-natais

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ocorrem em aproximadamente 1% dos casos de bebes infectados e aproximadamente 2%

tem sequelas neurológicas graves. A prevalência de sequelas menos graves, que pode não

ser detectada até a idade escolar, não é conhecida, devido ao fato de não existir estudos que

acompanharam as crianças por esse longo período após o nascimento. Existem evidências

de que a intensidade de sintomas clínicos da toxoplasmose congênita é menor em países da

Europa e nos Estados Unidos, quando comparado com países da América do Sul (Gilbert,

2009).

Dados obtidos na Europa demonstram que os sinais clínicos no cérebro ou nos olhos

são encontrados em aproximadamente 17% das crianças infectadas. Calcificação intra-

craniana pode ser detectada ao nascimento, e estima-se que afete 9% das crianças infectadas

e aproximadamente 2% das crianças infectadas tem dilatação ventricular detectada no ultra-

som cerebral. Lesões oculares (retinocoroidite) causadas por reativação de cistos latentes

(bradizoítos) na retina e a reação inflamatória associada, podem aparecer em qualquer

momento da infância, ou mesmo durante a fase adulta. Estudos de “coorte” baseados em

crianças que foram tratadas para toxoplasmose durante o pré-natal e pós-natal mostram que

10% das crianças tiveram retinocoroidite detectada durante a infância, e 23% tiveram pelo

menos uma lesão até os 7 anos de idade. Além disto, mais da metade tiveram algum grau de

prejuízo ocular unilateral (Gilbert & Peckham, 2002; Jones et al., 2003).

Um estudo realizado com crianças nascidas com toxoplasmose no estado de Minas

Gerais demonstrou que aproximadamente 65% das crianças nascidas com toxoplasmose

apresentavam retinocoroidite ao nascimento, das quais 63% apresentavam lesão ativa.

Aproximadamente 17% das crianças nascidas com toxoplasmose apresentavam alteração

neurológica ao nascimento. Analisados em conjunto, estes dados demonstraram que cerca

de 80% dos nascidos com toxoplasmose no estado de Minas Gerais demonstravam algum

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sinal clínico no momento do nascimento (Andrade et al., 2008; Vasconcelos-Santos et al.,

2009; Machado et al., 2010).

A associação do T. gondii com lesões das vias auditivas é relatada desde a década de

50. Em aproximadamente 20% dos casos de toxoplasmose congênita ocorre relato de déficit

auditivo, principalmente nas crianças não-tratadas ou tratadas por períodos curtos. Num

estudo realizado em Belo Horizonte entre 2003 e 2004, 20 recém-nascidos foram

identificados com toxoplasmose pelo programa de Triagem Neonatal. Destas, 4 crianças

apresentavam déficit auditivo, e 3 delas não apresentavam nenhum outro motivo, exceto a

toxoplasmose, que justificasse o déficit apresentado (Andrade et al., 2008). Posteriormente

este estudo foi ampliado para todo o estado de Minas Gerais, onde 43,4% das crianças com

toxoplasmose congênita apresentou algum tipo de déficit auditivo (Resende et al., 2010).

1.3 Comprometimento ocular

Atribui-se à infecção congênita a maioria das lesões oculares causadas pelo T.

gondii (Remington et al 1994; Holland, 2009). Entretanto, elevadas prevalências da

infecção adquirida e da lesão ocular (18% da população) em Erechim, ambas aumentando

com a idade (Glasner et al. 1992), associadas ao relato de que a doença ocular adquirida

pode ser tardia e não simultânea com os sintomas sistêmicos, sugerem que a frequência da

lesão ocular devido à infecção adquirida esteja sendo subestimada. (Gilbert & Stanford,

2000).

A prevalência das lesões oculares na toxoplasmose congênita foi investigada por

vários pesquisadores, mas muitos desses estudos são constituídos por séries de casos

encaminhados a um centro de referência pela presença de manifestações clínicas e

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possibilidade de comprometimento ocular. Nessas casuísticas tem sido observado

comprometimento ocular em 60-80% das crianças, dependendo do tempo de seguimento

dos casos (Gilbert et al., 1999). Observa-se diferença na frequência das lesões oculares de

acordo com o local de realização do estudo, sendo as maiores prevalências observadas na

América do Sul. Nos EUA (Massachusetts) foi relatado acometimento ocular em 27%

(28/103) dos recém-nascidos infectados e identificados pela triagem neonatal (Couvreur et

al., 1993). As coortes realizadas na América do Sul mostraram prevalência de lesão ocular

em 47% (18/38) dos infectados, enquanto na Europa ocidental observou-se sua ocorrência

em 14% (79/550) (Thiebaut et al., 2007).

A lesão ocular mais comum na toxoplasmose é a retinocoroidite. O diagnóstico da

lesão ocular é clínico, depende do aspecto da lesão retiniana, e, na forma clássica, é

facilmente diagnosticável pelo seu formato tipicamente oval e cor creme, durante a fase

aguda (Nussenblat & Belfort, 1994). Acredita-se que a lesão se inicie com uma retinite e,

posteriormente, afete o epitélio pigmentar da retina e coróide. A lesão aguda apresenta-se

como um foco bem definido de necrose de coagulação na retina. Como essa lesão é

decorrente da proliferação do parasito, detecta-se com frequência os antígenos de T. gondii

na área de necrose, por imunohistoquímica (Roberts & McLeod, 1999). As reações de

hipersensibilidade ao parasito desencadeiam os sinais inflamatórios, incluindo a vasculite da

retina, uveíte anterior, reações inflamatórias do vítreo e edema de retina. A cavidade vítrea

pode ficar repleta de células inflamatórias, tornar-se turva, e evoluir para opacidade devido

a alterações no colágeno causadas pela inflamação. Quando ocorre em crianças maiores,

observa-se diminuição da acuidade visual no olho afetado e, geralmente, não há queixa de

dor. Se a lesão envolve a mácula, a visão se torna nitidamente pior. A lesão costuma ser

auto-limitada nos indivíduos imunocompetentes, mesmo sem medicação, e

progressivamente se torna pálida, atrófica e menos elevada. Em consequência da

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inflamação, as células da camada pigmentar da retina migram para o entorno da lesão

atrófica formando um halo hiperpigmentado. Essa alteração é típica, mas nem sempre é

verificada. Lesão satélite, próxima à lesão principal, geralmente é evidência de episódio

repetido de doença ocular. Essa proximidade de lesões é atribuída ao fato de organismos

encistados estarem próximos das lesões antigas (Holland, 2009).

A lesão cicatricial apresenta morfologia variável, de acordo com a virulência do

parasito, da resposta imune do hospedeiro e da precocidade do tratamento. Apresenta-se

geralmente como lesão de bordas nítidas, bem pigmentadas e com área central atrófica.

Quando se observa o aspecto de uma coroa radiada de pigmento dirigindo-se a uma zona

central de necrose, a lesão é denominada “roda de carroça” e considerada muito sugestiva

de toxoplasmose ocular congênita, principalmente quando não tratada. A lesão ocular

precocemente tratada pode se apresentar com aspecto âmbar e sem grande pigmentação em

suas margens. A baixa acuidade visual decorre do envolvimento da mácula pela inflamação.

Observa-se com frequência, traves fibróticas que se iniciam na lesão e se estendem até

outras regiões da retina, representando comprometimento retiniano grave (Oréfice & Bahia-

Oliveira, 2005).

A lesão ocular de aparecimento tardio pode ocorrer em qualquer idade e tem sido

atribuída à persistência de parasitos latentes em cistos tissulares, não suscetíveis à terapia

antimicrobiana disponível e com potencial para reativar após longos períodos da infecção

inicial. Quando as crianças apresentam exame oftalmológico normal durante os primeiros

dois anos de vida, os dados disponíveis sugerem que o risco de aparecimento de lesões

tardias seja pequeno (Gilbert, 2009).

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A reativação da doença ocular crônica é comum na infecção congênita, ocorre no

período de alguns anos após o primeiro episódio e não é previsível. Modelos experimentais

têm evidenciado que a reativação ocorre devido a cistos tissulares localizados nas bordas da

cicatriz. Determinadas condições seriam responsáveis pela conversão de taquizoítos em

bradizoítos e vice-versa e os estudos in vitro parecem associar fatores ao stress do parasito

(Roberts & McLeod, 1999). A toxoplasmose induz uma forte resposta imune mediada por

células e tem sido relatado diferenças nessa resposta e na produção de citocinas entre

pacientes com toxoplasmose ocular adquirida e congênita (Yamamoto et al., 2000), embora

esse achado não seja confirmado por outros pesquisadores (Fatoohi et al., 2006). Os

episódios de reativação da retinocoroidite geralmente têm resolução espontânea em 6-8

semanas e sua evolução pode ser atenuada pelo tratamento (Rothova et al., 1993).

1.4 Resposta Imune

A resposta imune contra o T. gondii é individual, complexa e compartimentalizada

(Filisetti & Candolfi, 2004). Existe um delicado equilíbrio entre a reposta imune do

hospedeiro, que tenta eliminar o parasito, e as estratégias de evasão imune ou

imunomodulação provocadas pelo parasito, que permitem a sobrevivência final de ambos, o

parasito e o hospedeiro. Um desvio desse equilíbrio em qualquer direção é deletéria, como

exemplificado em pacientes com AIDS, em que a perda ou diminuição de um

funcionamento do sistema imune resulta na replicação descontrolada de parasitos

recrudescentes e a morte do hospedeiro devido principalmente a neurotoxoplasmose, se não

tratado adequadamente. Segundo Filisetti & Candolfi (2004) a reposta imune celular é o

elemento chave na resistência do hospedeiro contra a infecção pelo T. gondii e os anticorpos

exercem um papel secundário nessa resistência.

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Um grande número de células hospedeiras diferentes estão envolvidas na resposta

ao T. gondii e a interação entre essas células é crucial na resistência ao parasito. T. gondii é

mais comumente adquirido através da ingestão de cistos teciduais contendo bradizoítos ou

oocistos abrigando esporozoítos. Assim, as células epiteliais do intestino fornecem a

primeira linha de defesa contra o parasita. No entanto, apesar dos mecanismos existentes no

intestino para controlar o T. gondii, um grande número de parasitos ainda são capazes de

migrar através do epitélio e disseminar-se para outras células, tecidos e órgãos. T. gondii

pode invadir e sobreviver muito bem dentro das células tais como células dendríticas e

macrófagos, e aproveitando de suas propriedades migratórias para disseminar por todo o

corpo (Buzoni-Gatel et al., 2006; Sullivan & Jeffers, 2012). A migração de células do

sangue para o local da infecção nos tecidos periféricos segue uma série de eventos

rigidamente controlada, mediada por fatores quimiotáticos difusíveis e moléculas de adesão

de superfície celular.

1.4.1 O epitélio intestinal é a primeira linha de defesa contra T. gondii

Após a ingestão de cistos teciduais ou oocistos de T. gondii, bradizoítos ou

esporozoítos são liberados no intestino delgado e ativamente invadem enterócitos. As

células infectadas então secretam moléculas estimulatórias, em particular MCP-1, (MIP-1α;

CCL3) e MIP-1β (CCL4), que atraem células do sistema imunológico, tais como

neutrófilos, células dendríticas, macrófagos, monócitos e células T (Mennechet et al.,

2002). Essas células, por sua vez, secretam citocinas como IL-12, que estimula a resposta

imune adaptativa via células T CD4+. As células dendríticas da lâmina própria são

responsáveis por capturar os antígenos do parasito e processá-los para a apresentação, afim

de estimular as células T. As células T CD4+ da lâmina própria, por sua vez, sinergizam

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com enterócitos infectados para secretar citocinas pró-inflamatórias como IFN-γ e TNF-α.

IFN-γ ativa os macrófagos, as células dendríticas e os enterócitos para produzirem

moléculas microbicidas, tais como NO, e eliminar o parasita (Buzoni-Gatel et al., 2006).

Enterócitos infectados com T. gondii também produzem IL-15, que participa dos

processos iniciais da resposta imune, mas, se não for regulada, resultará em patogênese. As

células NK e NKT são o alvo da IL-15, resultando na produção de IFN-γ (Buzoni-Gatel et

al., 2006). Camundongos IL-15-/- exibem uma reação inflamatória mais branda na infecção

por via oral de T. gondii e aumento da sobrevida devido à redução da patologia do intestino,

apesar do aumento da carga parasitária (Combe et al., 2006). A transferência passiva de

células T CD4+ normais em camundongos IL-15-/- resulta num aumento da resposta

inflamatória nos camundongos recipientes, o que leva à sua morte. A redução na resposta

CD4+ observada nos camundongos IL-15-/- é justificada pela redução da capacidade de

células dendríticas em produzir IL-12 e, consequentemente, as células CD4+ em produzirem

IFN-γ (Combe et al., 2006). Além disso, a resposta T CD8+ fica comprometida, indicando

que a IL-15 também desempenha um papel no desenvolvimento da resposta T CD8+ de

memória antígeno-específica (Khan et al., 2002). No entanto, esta resposta parece ser

limitada a infecção oral, uma vez que camundongos IL-15-/- infectados por inóculo intra-

peritoneal mostram uma mortalidade semelhante à observada em camundongos selvagens

(Lieberman et al., 2004).

Linfócitos intraepiteliais (IEL) também desempenham papel importante tanto na

resistência quanto na imunopatologia da toxoplasmose intestinal. A secreção de MIP-1α e

MIP-1β por enterócitos estimula a expressão de CCR5, o que resulta na migração de IEL.

Linfócitos intraepiteliais são principalmente células T CD8+ e, numa infecção por T. gondii,

são citotóxicos para enterócitos infectados. Os linfócitos intraepiteliais também são capazes

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de limitar a resposta inflamatória através da produção de citocinas reguladoras como IL-10

e TGF-β (Kasper et al., 2004). O TGF-β é vital na proteção contra ileíte, sendo sua proteção

mediada pela inibição da produção de IFN-γ por células T CD4+ intestinais. Linfócitos

intraepiteliais de camundongos imunizados produzem grandes quantidades de TGF-β e a

sua inibição anula o efeito protetor, o que resulta no desenvolvimento de doença intestinal

em linhagens de camundongos resistentes (Kasper et al., 2004). A transferência adotiva de

linfócitos intraepitelais de camundongos imunizados para camundongos naive pode

fornecer proteção a longo prazo contra a infecção adquirida por via oral, como demonstrado

pela redução da mortalidade (Lepage et al, 1998). Além disso, linhagens de camundongos

sensíveis, podem ser protegidas contra o desenvolvimento da ileíte pela administração de

adenovírus expressando TGF-β (Buzoni-Gatel et al., 2001).

1.4.2 O recrutamento de neutrófilos ao local da infecção por T. gondii

Neutrófilos estão normalmente presentes na corrente sanguínea, onde só sobrevivem

por algumas horas após serem liberados da medula óssea. Eles são as primeiras células

fagocíticas recrutadas ao local da infecção, onde fagocitam e matam agentes patogênicos

pela liberação de compostos anti-microbiais de seus grânulos e pela produção de ROI e NO

(Van Gisbergen et al., 2005). Assim como as funções anti-microbiais, os neutrófilos têm

uma função imuno-regulatória mediada pela liberação de uma série de quimiocinas e

citocinas pró-inflamatórias que atraem e estimulam outras células do sistema imunológico

(Munoz et al., 2011).

Após uma inoculação intra-peritonial de taquizoítos, há o recrutamento local de uma

grande população de neutrófilos, cujo fluxo é dependente de receptores de quimiocina

CXCR2 (Del Rio et al., 2001) e CCR1 (Khan et al., 2001). Assim, camundongos CCR1-/-

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apresentam déficit na proliferação de neutrófilos e são mais suscetíveis à infecção pelo T.

gondii. Isto é associado com um aumento de parasitos no tecido e é independente de uma

resposta imune efetiva mediada por células T (Khan et al., 2001). Nos seres humanos,

CXCR2 juntamente com CXCR1 são receptores de alta afinidade para IL-8 que, juntamente

com CXCL1, são importantes para o recrutamento de neutrófilos (Bliss et al, 2000).

A depleção de neutrófilos no início da infecção resulta no aumento da

susceptibilidade e exacerbação da toxoplasmose, exemplificado pela reversão da resposta

Th1 para uma resposta predominantemente Th2. Quando a depleção é feita em estágios

mais avançados da infecção nenhum efeito é observado, indicando um papel importante

destes na resposta inicial ao T. gondii (Gisbergen van et al, 2005).

Outra evidência da importância de neutrófilos na resistência ao T. gondii vem de

estudos com camundongos que são deficientes na citocina IL-17. IL-17 é a principal

citocina responsável pelo recrutamento e desenvolvimento de neutrófilos, e os animais

deficientes em IL-17 são mais suscetíveis à infecção oral com T. gondii do que os

camundongos selvagens (Kelly et al., 2005). Camundongos IL-17-/- têm aproximadamente

100 vezes mais parasitos no baço, fígado, intestino e cérebro em comparação com

camundongos selvagens, e taquizoítos são observados na lâmina própria de camundongos

IL-17-/-, mas não nos camundongos selvagens. Apesar disso, os animais do tipo selvagem

apresentam patologia mais grave no fígado e no intestino, devido à produção excessiva de

IFN-γ. Animais IL-17-/- desenvolvem imunidade antígeno-específica por célula T e resposta

celular NK normal, mas o recrutamento de neutrófilos e leucócitos polimorfonucleares

(PMN) para a cavidade peritoneal após o inóculo intraperitoneal de T. gondii é

significativamente reduzido. Isto é acompanhado por uma redução no nível da MIP-2 em

camundongos IL-17-/-, especialmente no início da infecção. Assim, durante a infecção por

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T. gondii, a indução precoce de neutrófilos é dependente da sinalização de IL-17, e os

neutrófilos eliminam uma grande quantidade de parasitos durante as fases iniciais. O

resultado da deficiência na sinalização de IL-17 é que a atividade inicial anti-T. gondii fica

prejudicada, levando à incapacidade da resposta imune adaptativa em controlar a carga

parasitária subsequente, resultando em aumento da mortalidade (Kelly et al., 2005). Embora

seja importante no recrutamento e indução de neutrófilos durante a infecção por T. gondii, o

papel da citocina IL-17 ainda é controverso, com alguns estudos mostrando seu papel

deletério durante a infecção e na toxoplasmose ocular (Guiton et al., 2005; Sauer et al.,

2012)

1.4.3 Células dendríticas e a produção de IL-12 em reposta ao T. gondii

A maturação e a ativação das células dendríticas em resposta à infecção por T.

gondii desempenham um papel importante no início da imunidade inata e subsequente

desenvolvimento da imunidade adaptativa. A maturação é descrita como o aumento da

expressão do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) e outras moléculas co-

estimulatórias que aumentam a proliferação de células T naïve, enquanto a ativação é

descrita como a produção de citocinas inflamatórias que regulam a diferenciação das células

T. Em resposta a sinais locais, células dendríticas que carregam antígenos microbianos

migram do local de infecção para o baço onde se acumulam nas áreas de células T e são

responsáveis por grande parte da atividade apresentadora de antígenos nesse órgão,

dirigindo a polarização da resposta Th para Th1 através da produção de IL-12 (Reis e Sousa

et al, 1997).

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As células dendríticas são as principais fontes de produção de IL-12 em resposta a

infecção por T. gondii e são vitais para a resistência contra a infecção in vivo (Scott &

Hunter, 2002). A depleção das células dendríticas suprimem a produção de IL-12 e aumenta

a susceptibilidade de camundongos à infecção aguda, enquanto que, a transferência de

células dendríticas de camundongos selvagens para camundongos que sofreram depleção de

células dendríticas antes da infecção restaura a produção de IL-12 e IFN-γ, e

consequentemente aumenta a resistência à infecção (Liu et al., 2006). A produção de IL-12

por células dendríticas é rápida. Poucas horas após a infecção, a maioria das células

dendríticas presentes no baço migraram a partir da polpa vermelha e da zona marginal para

as áreas de células T e estão produzindo IL-12 (Aliberti et al., 2004). IL-12 é de

importância crucial na ativação de células natural killer (NK) para a produção de IFN-γ,

bem como na direção da proliferação de células T CD4+ e CD8+ do tipo Th1, que também

produzem IFN- γ (Reis e Sousa et al., 1997; Pifer & Yarovinsky, 2011). A neutralização de

IL-12 em camundongos infectados com T. gondii resultam na diminuição da produção de

IFN-γ e aumento da susceptibilidade à infecção aguda com camundongos sucumbindo

devido à proliferação de parasitos (Denkers & Gazzinelli, 1998).

Um receptor, cujo envolvimento foi demonstrado na mobilização de células

dendríticas e na produção de IL-12 após a infecção por T. gondii, é o receptor de

quimiocina CCR5. Durante uma infecção, as células dendríticas migram para locais de

inflamação em resposta a ligantes de quimiocinas CCR5 como (CCL3, 4 e 5), secretados

por neutrófilos. Baços de camundongos CCR5-/- e camundongos tratados com um

antagonista do CCR5 (Met-RANTES), mostraram um padrão alterado na mobilização

esplênica de células dendríticas, sendo que estas não conseguem congregar em áreas de

células T como fariam normalmente. Animais CCR5-/- também apresentam uma grande

redução na produção de IL-12 pelas células dendríticas em resposta ao T. gondii em

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comparação com camundongos selvagens. Estes animais apresentam uma quantidade maior

de cistos teciduais que se correlacionam bem com os níveis séricos mais baixos de IL-12 e

IFN-γ (Aliberti et al., 2000).

Os receptores toll-like sinalizando através da proteína adaptadora MyD88

desempenham um papel igualmente importante na produção de IL-12. As células

dendríticas de camundongos MyD88-/- mostram uma redução significativa na produção de

IL-12 em resposta a taquizoítos de T. gondii ou antígenos solúveis de taquizoítos em

comparação com células dendríticas de camundongos selvagens (Scanga et al., 2002).

A sinalização de membros da superfamília TNFR (tumor necrosis factor receptor)

tais como CD40 também contribuem para a regulação da ativação de células dendríticas. A

interação CD40-CD40L é exigida por algumas células dendríticas humanas para produzir

IL-12, quando induzida por T. gondii (Subauste & Wessendarp, 2000). Acredita-se que esta

exigência de dois sinais tenha um papel regulador contra a liberação excessiva de IL-12

(Denkers et al., 2004). T. gondii também pode induzir a produção de IL-12 por células

dendríticas na ausência de CD40 ligante. Assim, os camundongos CD40L knockout são

capazes de produzir IL-12, embora a um nível mais baixo do que os camundongos do tipo

selvagem. Esses eventos são suficientes para promover o IFN-γ necessário para sobreviver à

infecção aguda (Reichmann et al., 2000).

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1.4.4 O papel dos macrófagos na resistência ao T. gondii

Macrófagos são as células fagocíticas mais importantes no corpo dos vertebrados e

desempenham um papel fundamental na detecção e eliminação de patógenos. Juntamente

com as células dendríticas, eles fornecem a primeira linha de defesa mediada por células,

sendo cruciais para limitar a disseminação inicial e o crescimento de organismos

infecciosos e na modulação das reações imunológicas resultantes (Stafford et al., 2002). As

funções dos macrófagos incluem a produção de citocinas, como IL-12, e apresentação de

antígenos às células T através do MHC e moléculas co-estimulatórias que ajudam a

desencadear as respostas imune-adaptativas, bem como mecanismos microbicidas efetores

tais como fagocitose e degradação fagolisossomal, além da produção de ROI e NO (Butcher

& Denkers, 2002; Stafford et al., 2002).

Macrófagos infectados com T. gondii são uma importante fonte de IL-12 no início

da infecção (Aliberti, 2005). Este IL-12 atua sobre as células NK e, mais tarde, nas células

T, promovendo a produção de IFN-γ, e criando um ciclo de feedback positivo pelo qual

IFN-γ promove ativação clássica dos macrófagos. Esta ativação desempenha um papel

fundamental no controle da infecção intracelular, como parte de uma resposta imune Th1.

Dois sinais são necessários para isso. Primeiro, IFN-γ, secretado por NK e pelas células T

ativam o macrófago e segundo, TNF endógena, produzida pelo macrófago em resposta a

padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs) ligando aos receptores de

reconhecimento padrão (PRRs) na superfície do macrófagos, completam a ativação.

Macrófagos ativados proliferam no local da infecção, onde fagocitam e destroem os

microorganismos pela liberação de enzimas lisossomais, ROI e NO, bem como mecanismos

de privação de nutrientes (Stafford et al., 2002; Mosser, 2003).

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A produção excessiva de citocinas inflamatórias e NO podem resultar em

imunopatologia grave e assim, a atividade dessas células precisa ser bem regulada. Sinais

dos macrófagos ou células vizinhas regulam a ativação de macrófagos e resultam na

produção de citocinas reguladoras, como IL-10 e TGF-β. Camundongos deficientes para

qualquer uma dessas duas citocinas são mais suscetíveis a patologias inflamatórias do que

camundongos selvagens (Mosser, 2003). A fagocitose de células, infectadas ou

inflamatórias em apoptose, pelos macrófagos também desempenha um papel importante na

resolução da inflamação, bem como promove a produção de TGF-β (Zhang & Mosser,

2008).

1.4.5 O papel das células natural killer na produção de IFN-γ em resposta

ao T. gondii

As células natural killer (NK) são linfócitos da resposta imune inata que contribuem

para a resistência precoce ao T. gondii (French et al, 2006; Goldszmid et al, 2007). Células

NK reconhecem e matam as células infectadas e, mais importante, são a principal fonte de

IFN-γ no início da infecção (French et al., 2006). A citotoxicidade celular da NK é

estimulada pela IL-18 produzida por macrófagos e células dendríticas, e aumenta a

proliferação através das ações combinadas de IL-18 e IL-15 (French et al., 2006). Estas

células são produzidas na medula óssea e circulam no sangue. Após a infecção elas migram

para o linfonodo e depois para o local da infecção onde liberam IFN-γ, ativando

classicamente os macrófagos e aumentando a expressão de MHC II. Células NK possuem

uma série de receptores de quimiocinas que facilitam esse processo, o mais importante dos

quais parece ser CCR5. A diminuição da migração de células NK para o local da infecção é

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observada em camundongos CCR5-/- infectados com T. gondii. Embora isso leve a uma

diminuição da resposta inflamatória frente à infecção, o camundongo CCR5-/-

eventualmente sucumbe devido ao aumento da parasitemia (Khan et al., 2006).

A produção de IFN-γ pelas células NK é estimulada por IL-12 produzida pelos

neutrófilos, macrófagos e células dendríticas (French et al., 2006). Em particular, interações

diretas entre células dendríticas e células NK aumentam a produção de IFN-γ por células

NK, bem como aumentam a produção de IL-12 por células dendríticas (Guan et al., 2007).

Isto é mediado através do receptor NKG2D das células NK ligando a ligantes na superfície

da célula dendrítica. Estes ligantes são fracamente expressos por células normais, mas são

estimulados nas células infectadas. A neutralização do receptor NKG2D com anticorpos

resulta em diminuição da produção de IFN-γ (Guan et al., 2007). As células NK também

têm um papel importante no condicionamento da resposta imune adaptativa. Assim, a

neutralização do receptor NKG2D ou a depleção das células NK resulta em redução na

resposta das células T CD4+ e T CD8+(Combe et al, 2006; Guan et al, 2007).

A produção contínua de IFN-γ é fundamental para o controle da infecção aguda e

crônica com T. gondii (Aliberti, 2005). IFN-γ desempenha um papel importante na

diferenciação das formas de replicação rápida, os taquizoítos, característicos de fase aguda,

para as formas de replicação lenta, os bradizoítos, característicos de infecção crônica

(Bohne et al., 1993), além de suprimir a conversão de bradizoítos a taquizoítos, durante a

infecção crônica (Jones et al., 1986). Camundongos deficientes para IFN-γ rapidamente

sucumbem à infecção (Silva et al., 2009), apesar de apresentarem resposta IL-12 intacta, e a

mortalidade é associada com a replicação descontrolada de taquizoítos (Scharton-Kersten et

al., 1996). Por outro lado, a administração de anticorpos anti-IFN-γ a animais cronicamente

infectados resulta em rápida reativação da infecção e subsequente mortalidade dos

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hospedeiros infectados (Yap & Sher, 1999). A produção de IFN-γ também ativa macrófagos

que passam a produzir TNF-α que sinergiza com IFN-γ para iniciar a produção da molécula

microbicida, óxido nítrico (NO). Há uma série de outros mecanismos efetores sob o

controle de IFN-γ que foram previamente descritos como importantes no controle de T.

gondii, incluindo a geração de intermediários reativos de oxigênio (ROI), privação de ferro,

privação de triptofano e ativação da p47 GTPases.

1.4.6 A importância do óxido nítrico, dos reativos intermediários de

oxigênio e das GTPases na resistência ao T. gondii

Óxido nítrico (NO) é produzido durante o metabolismo da L-arginina para citrulina

pela NO sintase (NOS) e é sintetizado por muitas células envolvidas na resposta imune

como macrófagos, linfócitos T, células apresentadoras de antígenos, neutrófilos e células

NK. NO é produzido constitutivamente em baixas concentrações pela NOS-1 e NOS-3 e

tem um papel importante em processos fisiológicos agindo como um agente de relaxamento

vascular, um neurotransmissor e um inibidor da agregação plaquetária (Coleman, 2001).

Uma terceira isoenzima, NOS induzível (iNOS ou NOS-2), é ativada em resposta a

citocinas como IFN-γ, TNF-α e IL-1β para produzir altas concentrações de NO e esta é a

forma comumente associada com a resposta à infecção parasitária. NO pode matar

diretamente taquizoítos de T. gondii, inibindo enzimas mitocondriais e nucleares essenciais

(Brunet, 2001).

A produção de NO pode ser prejudicial ou benéfica ao hospedeiro dependendo do

estágio da infecção por T. gondii. Na infecção aguda, a produção de NO excessiva contribui

para a patologia associada com aumento de citocinas inflamatórias. Assim, os camundongos

tratados com o inibidor de iNOS, aminoguanidina ou camundongos iNOS-/-, que não têm

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capacidade para produzir NO, tiveram aumento da carga parasitária, mas diminuição da

patologia no intestino e no fígado, além do aumento na sobrevivência. No entanto, a longo

prazo, esses camundongos desenvolvem graves lesões necrosantes e replicação

descontrolada de taquizoítos no SNC durante a infecção crônica (Khan et al., 1997;

Scharton-Kersten et al., 1997). NO também é importante no direcionamento da conversão

de taquizoítos à bradizoítos (Bohne et al., 1994). Assim, é possível que o NO possa também

desempenhar um papel importante em manter o parasito em sua forma crônica latente.

A produção de reativos intermediários de oxigênio (ROI) por macrófagos ativados

por IFN-γ tem sido reconhecida por muitos anos como um mecanismo efetor anti-microbial

importante do sistema imune inato. A família dos reativos intermediários de oxigênio

incluem o radical superóxido, peróxido, radicais de hidrogênio e radical hidroxila,

moléculas instáveis que podem reagir com uma variedade de constituintes celulares

cruciais, causando dano. Ânions de superóxido podem também reagir com o NO para

formar um agente oxidante potente, o peroxinitrito, levando a peroxidação lipídica das

membranas celulares (Brunet, 2001). A importância de ROI na resistência ao T. gondii

ainda não é bem esclarecido, uma vez que, enquanto a atividade parasiticida mediada por

ROI tem sido demonstrada em macrófagos humanos (Murray et al., 1985), tem sido

relatado que T. gondii pode ser bastante resistente a ROI produzido por macrófagos murinos

(Chang & Pechere, 1989). Foi ainda demonstrado que camundongos com deficiência na

explosão oxidativa controlam perfeitamente T. gondii na fase aguda e na fase crônica da

infecção (Scharton-Kersten et al., 1997).

As p47 GTPases são uma família de proteínas de 47-48 kDa de tamanho, induzíveis

por IFN-γ, e que possuem atividade GTPase ligando-se a membranas subcelulares, como o

retículo endoplasmático (RE) e as vesículas de Golgi (Butcher et al, 2005). Há pelo menos

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seis membros dessa família em camundongos, embora apenas IGTP e LRG-47 sejam

cruciais na resistência a infecção aguda por T. gondii in vivo. Assim, camundongos

deficientes em IGTP ou LRG-47 sucumbem à infecção aguda de uma maneira semelhante

aos camundongos IFN-γ deficientes (Collazo et al, 2001; Butcher et al, 2005). Além disso,

a inibição IFN-γ dependente de T. gondii por macrófagos é dependente de IGTP e LRG-47

(Butcher et al., 2005). O modo como essas GTPases exercem seus efeitos protetores ainda é

pouco compreendido, mas parece que quando ligadas a membrana são capazes de mediar

disrupções e vesiculação do vacúolo parasitóforo deixando o parasito exposto no citosol. O

parasito é posteriormente cercado por autofagossomas e lisado (Yap et al., 2006). Em

contraste com IGTP e LRG-47, IGP-47 (um terceiro membro da família) não é importante

na resistência à infecção por T. gondii e não é necessário na inibição mediada por

macrófagos do parasito, mas desempenha um papel importante no controle da fase crônica

da infecção (Collazo et al, 2001; Butcher et al, 2005).

1.4.7 A importância da privação de ferro e de triptofano na resistência ao

T. gondii

O ferro é um co-fator crucial em muitos processos metabólicos nas células

eucarióticas, não sendo exceção para T. gondii. Tem sido demonstrado que o IFN-γ é

importante na limitação da disponibilidade de ferro dentro de enterócitos infectados com T.

gondii e, assim, inibe a replicação do parasita dentro dessas células (Dimier & Bout, 1998).

O mecanismo para essa limitação não é bem compreendido e parece ser peculiar aos

enterócitos.

O triptofano é um aminoácido essencial para o T. gondii. A indução da via-

indoleamina 2,3-dioxigenase, mediada por IFN-γ, que degrada o triptofano, efetivamente

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priva T. gondii deste aminoácido, inibindo o seu crescimento em uma variedade de células

in vitro, como fibroblastos fetais, células epiteliais e células endoteliais de várias espécies,

incluindo humanos, camundongos e ratos (Pfefferkorn, 1990; Daubener & MacKenzie,

1999).

1.4.8 O papel das células T CD4+ e T CD8+ durante a infecção pelo T.

gondii

As células T CD4+ e CD8+ são cruciais para a sobrevivência do hospedeiro durante

a infecção crônica, como demonstrado em pacientes com defeitos primários ou adquiridos

na função das células T, que apresentam maior susceptibilidade ao T. gondii (Kang et al.,

2002; Johnson & Sayles, 2002).

Como mencionado anteriormente, as células T CD4+ são fundamentais na

resistência ao T. gondii, sendo seu principal papel na regulação da resposta imune. Estudos

demonstram que o surgimento da toxoplasmose grave é concomitante com o declínio do

número de células T em pacientes infectados com HIV (Israelski & Remington, 1988), e em

modelos com camundongos, o aumento da susceptibilidade durante a fase crônica está

associado com a deficiência de células T CD4+ (Johnson & Sayles, 2002). Além disso,

durante as fases iniciais da infecção, as células T CD4+ contribuem para otimização da

resposta das células T CD8+ e B (Johnson & Sayles, 2002; Lutjen et al., 2006).

A resposta pró-inflamatória desencadeada pela infecção é essencial para a

resistência ao T. gondii. Porém, uma resposta descontrolada leva ao desenvolvimento da

patologia, sendo necessário que o hospedeiro equilibre a resposta imune com o intuito de

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eliminar o parasito, mas minimizar os danos causados a si mesmo (Shaw et al., 2006).

Nesse cenário, a citocina IL-10 tem papel fundamental. Ela é produzida por uma variedade

de células, incluindo macrófagos, células NK, células T e células B. Estudos com

camundongos deficientes para IL-10 mostraram que apesar de exibirem carga parasitária

normal, estes damundongos desenvolvem lesão hepática grave, aumento da produção de

citocinas pró-inflamatórias, e sucumbem devido a uma resposta hiper-inflamatória mediada

por células T CD4+ (Gazzinelli et al., 1996). Outro papel importante da citocina IL-10 é na

desativação de macrófagos, facilitando a sobrevivência do parasito. Estes resultados

fornecem evidências de que a imunoregulação induzida por IL-10 após a infecção com o T.

gondii é benéfica tanto para o parasito quanto para o hospedeiro, favorecendo uma relação

parasito-hospedeiro estável.

Dado que T. gondii é um agente patogênico intracelular, não é surpreendente que as

células T CD8+, que são especializadas em reconhecer e destruir células infectadas com

parasitos, também tenham um papel crítico na resistência à infecção. As células T CD8+

podem controlar a infecção através da produção de citocinas pró-inflamatórias, através de

interações CD40/CD40L, e através de citólise mediada pela perforina em células

hospedeiras infectadas (Gazzinelli et al., 1992; Denkers et al., 1997; Reichmann et al.,

2000). Camundongos deficientes em células T CD8+ apresentam aumento da

susceptibilidade à toxoplasmose, sucumbindo aproximadamente 50 dias após a infecção

(Denkers et al., 1997). Além disso, a transferência de células T CD8+ a partir de

camundongos infectados cronicamente, ou de camundongos vacinados com uma cepa

atenuada do T. gondii, é suficiente para conferir resistência (Parker et al., 1991; Gigley et

al., 2009).

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Como mencionado anteriormente, a resposta das células T CD8+ é otimizada graças

às células T CD4+ (Combe et al., 2005; Lutjen et al., 2006). Embora a depleção de células T

CD4+ não afete os estágios iniciais de expansão e ativação das células T CD8+, as células T

CD4+ são necessárias para a manutenção das funções efetoras das células T CD8+ na fase

crônica da infecção, e tal estímulo é fornecido ainda na fase aguda da doença (Lutjen et al.,

2006).

1.4.9 Células B e a produção de anticorpos em resposta ao T. gondii

O papel crítico dos anticorpos na imunidade ao T. gondii é demonstrado em

experimentos com camundongos MT, que são deficientes para células B. Esses

camundongos apresentam produção normal de IFN-, mas sucumbem a infecção dentro de

3-4 semanas após o desafio, associado com altas cargas parasitárias no SNC (Kang et al.,

2002). O aumento de susceptibilidade é atribuído a falta de anticorpos, já que a

transferência passiva de anticorpos confere proteção a estes mesmos camundongos

(Johnson & Sayles, 2002).

A imunoglobulina M (IgM) é produzida logo após a infecção pelo T. gondii. As IgM

são as melhores ativadoras do sistema do complemento e, devido a sua estrutura, são

capazes de excelente aglutinação e têm um alto nível de citotoxidade. Os principais

antígenos alvo dessas imunoglobulinas são as proteínas de superfície do parasito (Filisetti &

Candolfi, 2004).

A imunoglobulina G (IgG) é uma classe de imunoglobulinas composta de várias

subclasses, que aparecem em proporções desiguais durante a infecção. Em humanos estão

presentes as subclasses IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4. Vários estudos da toxoplasmose humana

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têm demonstrado que IgG1 é a primeira a ser ativada e é dominante no plasma, enquanto

que anticorpos IgG2 e IgG3 são observados em baixos níveis e os anticorpos IgG4 podem

não ser detectados (Huskinson et al., 1989). Anticorpos IgG1 e IgG3 são induzidos por

IFN-α e sua produção é aumentada por ação de IL-10 e TGF-β. A produção de IgG2 é

induzida por IL-2 e aumentada por IL-6, enquanto IgG4 é induzida por IL-4 e IL-13 (Correa

et al., 2007). Os anticorpos IgG e suas subclasses promovem a citotoxidade dependente de

anticorpo ou opsonização, graças aos receptores de Fc presentes nos macrófagos e nas

células polimorfonucleares, ou devido à citólise mediada por complemento ou por células

NK. Ainda em humanos, foi mostrado que a síntese fetal de IgG3 e IgG4 está associada à

gravidade dos sinais clínicos da toxoplasmose congênita, enquanto a produção de IgG1 está

associada à menor gravidade das lesões (Canedo Solares et al., 2008). Souza e Silva et al

(2013) estudaram a produção de IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4 em 190 recém nascidos com

toxoplasmose congênita no estado de Minas Gerais. Foi mostrado que a síntese de IgG2 e

IgG4 anti-rMIC3 de T. gondii está associada a sintomas oculares e neurológicos da

toxoplasmose.

A imunoglobulina A (IgA) é observada em duas formas: IgA de mucosa que é

encontrada nas secreções mucosas e IgA do plasma. Na toxoplasmose, a IgA pode ser

encontrada no trato digestivo e no plasma de animais e de humanos . Segundo Chardès &

Bout (1993), os anticorpos IgA constituem mais de 80% de todos os anticorpos associados a

mucosa e tecido. Essa imunoglobulina persiste por seis a sete meses na toxoplasmose,

entretanto varia bastante na quantidade e duração em adultos e recém-nascidos infectados

pela via congênita. O sistema imune na mucosa possui extensa população de células

linfóides que rapidamente entram em contato com o parasito durante sua penetração

intestinal desencadeando a produção de citocinas e a produção de anticorpos que agem no

local. Estudos indicam que IgA é um elemento importante da imunidade de mucosa contra a

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infecção oral por cistos de T. gondii e, portanto, esse isotipo de anticorpo pode ser

importante para evitar a reinfecção (Denkers & Gazzinelli, 1998). Segundo Defrance et al.

(1992), a resposta de IgA regularmente surge antes de IgG e sua produção é aumentada por

estímulo de IL-10 e TGF-β.

1.5. A influência da gravidez na infecção com T. gondii

As respostas do hospedeiro descritas anteriormente são válidas em indivíduos

normais imunocompetentes. No entanto, a situação que surge durante a gravidez é um

pouco diferente, porque uma série de alterações imunológicas ocorrem, que são destinadas a

favorecer a tolerância materna à aloantígenos paternos, ajudar a implantação bem sucedida

de uma placenta e, posteriormente, garantir a sobrevivência do feto em desenvolvimento.

Alguns hormônios apresentam aumento de concentração na circulação durante a gravidez,

incluindo estrogênio, testosterona e, mais significativamente, a progesterona (Roberts et al.,

2008; Lindsay & Dubey, 2011). Sabe-se que a progesterona inibe IL-12, TNF e a produção

de NO pelos macrófagos (Miller & Hunt, 1996; Jones et al, 2008), aumenta a produção de

IL-10 por células dendríticas (Huck et al, 2005), reduz a atividade das células NK (Roberts

et al, 2001), inibe o desenvolvimento de respostas de células Th1 (Miyaura & Iwata, 2002)

e incentiva o desenvolvimento de uma resposta Th2 (Piccinni, 2000). Essas alterações

ocorrem porque, geralmente, uma resposta imunológica pró-inflamatória do tipo Th1 é

incompatível com gravidez bem sucedida (Raghupathy, 1997). Isto, naturalmente, pode

comprometer a capacidade do hospedeiro de controlar infecções intracelulares e, na

verdade, a gravidade de várias doenças infecciosas pode ser maior durante a gravidez,

incluindo as causadas por Plasmodium falciparum, Leishmania major, Leishmania

donovani e T. gondii, só para citar alguns (Luft & Remington, 1982; Akingbade, 1992;

Shirahata et al, 1992; Pagliano et al, 2005; Coutinho et al., 2012). Por outro lado, o sucesso

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da gestação pode ser afetado da mesma forma pelas doenças infecciosas, como seria pela

resposta pró-inflamatória, comprometendo a saúde da unidade feto-placentária, causando

abortos espontâneos, reabsorção fetal e natimortos (Raghupathy, 1997; Carlier et al., 2012;

Coutinho et al., 2012).

1.5.1 A gravidez aumenta a susceptibilidade ao T. gondii

Alguns estudos mostran que camundongos grávidas são mais suscetíveis à infecção

por T. gondii e isto é associado com uma redução na produção de IFN-γ (Luft &

Remington, 1982;. Shirahata et al., 1992). Esta susceptibilidade inclui um aumento da

mortalidade que, previsivelmente, pode ser revertida pela administração de IFN-γ e IL-2

(Shirahata et al., 1992). Camundongos IL-4-/- grávidas também mostram uma diminuição da

susceptibilidade à toxoplasmose, indicando a importância do IFN-γ associado a respostas do

tipo Th1 na resistência durante a gravidez (Thouvenin et al., 1997). Porém, existem estudos

que também mostram que o aumento da resposta inflamatória está relacionado com o

aumento da susceptibilidade em camundongos grávidas (Coutinho et al., 2012),

demonstrando que o papel da resposta imune durante a infecção na gestação ainda é

controverso.

Embora o aumento da susceptibilidade à infecção primária com T. gondii seja

amplamente aceita no período da gravidez, muito discute-se que a reativação de uma

infecção crônica durante a gravidez seja um evento extremamente raro. No entanto, estudos

recentes colocam esta questão em dúvida. Garweg et al. (2005) acompanharam 18 mulheres

com infecção crônica e constatou-se que sete (ou seja, quase 40%) das mulheres sofreram

reativação da infecção ocular. Roberts et al. (2007) acreditam que a real incidência de

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reativação de infecção crônica durante a gravidez pode, portanto, ser muito maior, pois

passaria despercebida caso ocorra em órgãos menos evidentes do que o olho.

A escassez de estudos referentes a resposta imune durante toxoplasmose congênita,

principalmente estudos com humanos justificam a realização de um estudo visando o

entedimento do perfil do perfil da resposta imune em crianças com toxoplasmose congênita,

bem como a sua associação com aspectos clínicos oftalmológicos da infecção.

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2. OBJETIVO

Objetivo geral:

Analisar o perfil fenotípico e a produção de citocinas pelas células mononucleares

circulantes de recém-nascidos com toxoplasmose congênita correlacionando com as lesões

retinocoroideanas.

Objetivos específicos:

Avaliar possíveis alterações no perfil imunológico em recém-nascidos com

toxoplasmose congênita.

Verificar se possíveis alterações no perfil imunológico estão relacionadas com os

achados clínicos da avaliação oftalmológica.

Determinar qual tipo de resposta imune celular predomina em crianças infectadas

pelo T. gondii.

Verificar se existe relação entre a resposta imune celular de recém-nascidos

infectados com a análise clínica oftalmológica.

Avaliar possíveis biomarcadores da toxoplasmose congênita e das formas clínicas

oftalmológicas da doença.

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3. METODOLOGIA

3.1. Pacientes e Amostras biológicas

As amostras de sangue periférico de recém-nascidos foram obtidas a partir de um

estudo transversal realizado em Minas Gerais no período de 01 de Novembro de 2006 a 31

de maio de 2007. O estudo foi patrocinado pela Secretária Estadual de Saúde de Minas

Gerais, e foi executado pelo Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (NUPAD),

órgão responsável pela execução do programa de triagem neonatal em Minas Gerais. O

projeto foi aprovado pelo comitê de ética da UFMG (COEP), parecer nº 0298/06 (em

anexo).

A triagem inicial foi desenvolvida com crianças participantes do Programa Estadual

de Triagem Neonatal (PETN), utilizando-se a mesma amostra de sangue seco em papel

filtro colhida para realização dos outros exames rotineiros na triagem neonatal, para

pesquisa de IgM anti-Toxoplasma gondii através do kit Elisa Q-Preven®. Em casos

positivos ou indeterminados na triagem neonatal, amostras do sangue periférico da criança

eram recolhidas após a triagem para novos testes, sendo parte dessa amostra encaminhada

ao Laboratório de Toxoplasmose do Departamento de Parasitologia da UFMG e parte

encaminhada ao Laboreatório de Biomarcadores de Diagnóstico e Monitoração do

CPqRR/FIOCRUZ. Após centrifugação do sangue, o soro obtido a partir das amostras foi

armazenado a -20ºC. Na criança foram pesquisados anticorpos IgM através do kit ELFA-

VIDAS®. Estes ensaios foram realizados em um mesmo laboratório terceirizado pelo

NUPAD. Após aproximadamente 12 meses foi realizada nova coleta de sangue periférico

da criança, com o intuito de confirmar o diagnóstico pela persistência de anticorpos IgG

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anti-T. gondii, metodologia que é considerada o padrão ouro para o diagnóstico da

toxoplasmose congênita.

Ao longo do projeto, 146.307 crianças foram triadas pelo Programa Estadual de

Triagem Neonatal, sendo que, 235 apresentaram resultado positivo ou indeterminado na

pesquisa de IgM anti-T. gondii através do kit Q-Preven®. Das 235 crianças, 227 realizaram

consulta médica e exames sorológicos confirmatórios. Cerca de 83% (189/227) tiveram o

diagnóstico de toxoplasmose congênita confirmado. A proporção de crianças que tiveram o

diagnóstico excluído (falso-positivo) foi de 17% (38/227). Todas as crianças infectadas

foram tratadas com sulfadiazina + pirimetamina + ácido folínico durante o primeiro ano de

vida (ínicio do tratamento 24hs após os exames clínicos e a coleta de sangue), e foram

acompanhadas por médicos especialistas por um período mínimo de cinco anos.

3.2. Exames clínicos e grupos de estudo

Da amostra inicial de 227 crianças que apresentaram resultado positivo ou

indeterminado pela triagem para toxoplasmose congênita, 147 foram selecionadas para este

estudo, sendo que 98 tiveram amostras analisadas para imunofenotipagem de células

mononucleares circulantes, 49 para análise de citocinas intracitoplasmáticas, e 19 tiveram

amostras analisadas tanto para imunofenotipagem quanto para análise de citocinas. Todas as

crianças selecionadas possuíam amostra sanguínea ao 12º mês de vida disponível no

Laboratório de Toxoplasmose do Departamento de Parasitologia da UFMG. A relevância da

amostra de sangue coletada no 12º mês de vida está relacionada com o padrão ouro no

diagnóstico da toxoplasmose congênita, que é a persistência de anticorpos IgG anti-T.

gondii ao final de 12 meses.

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Simultaneamente à coleta de sangue, realizada com aproximadamente 57 dias de

vida, as crianças foram submetidas a exames para avaliar possível comprometimento

oftalmológico (fundoscopia). A propedêutica foi realizada por profissionais do Hospital das

Clínicas da UFMG, experientes no atendimento de crianças com toxoplasmose congênita.

Todas as 147 crianças selecionadas para este projeto passaram por avaliação oftalmológica.

As 147 crianças selecionadas foram divididas em dois grupos, tanto para a

imunofenotipagem quanto para a análise de citocinas.

Imunofenotipagem de células mononucleares circulantes

Grupo NI (Não Infectadas - Controle): 22 crianças que apresentaram resultado

negativo para anticorpos IgM pelo kit ELFA-VIDAS e negativo para IgG anti-T. gondii ao

final de 12 meses.

Grupo TOXO (Infectadas): 76 crianças, sendo 72 com persistência de anticorpos

IgG anti-T. gondii ao final de 12 meses e 4 crianças com diagnóstico parasitológico positivo

por inoculação em camundongos (Carneiro et al., 2013), apesar não ter sido coletada

amostra de soro após 12 meses de vida. No grupo TOXO, 15 crianças apresentavam lesão

retinocoroideana ativa (ARL), 24 crianças tinham simultaneamente lesão retinocoroidiana

ativa e cicatrizada (ACRL), 15 crianças apresentavam lesão retinocoroidiana cicatrizada

(CRL) e 22 crianças não apresentavam lesão retinocoroidiana (NRL). As crianças do grupo

controle (NI) não apresentavam lesões oculares sugestivas de toxoplasnose.

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34

Análise de citocinas intracitoplasmáticas após estímulo in vitro

Grupo NI (Não Infectadas - Controle): 10 crianças que apresentaram resultado

negativo para anticorpos IgM pelo kit ELFA-VIDAS e negativo para IgG anti-T. gondii ao

final de 12 meses.

Grupo TOXO (Infectadas): 58 crianças, sendo 56 com persistência de anticorpos

IgG anti-T. gondii ao final de 12 meses e 2 crianças com diagnóstico parasitológico positivo

por inoculação em camundongos, apesar não ter sido coletada amostra de soro após 12

meses de vida. No grupo TOXO 07 crianças apresentavam lesão retinocoroideana ativa

(ARL), 16 crianças tinham simultaneamente lesão retinocoroideana ativa e cicatrizada

(ACRL), 20 crianças apresentavam lesão retinocoroideana cicatrizada (CRL) e 15 crianças

não apresentavam lesão retinocoroideana (NRL). As crianças do grupo controle (NI) não

apresentavam lesões oculares sugestivas de toxoplasnose (Fluoxograma 1).

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35

Fluxograma 1. Avaliação oftalmológica em crianças suspeitas de toxoplasmose congênita.

146.307(Crianças triadas pelo PETN)

235(Resultado

positivo/indeterminado)

98Selecionadas paraimunofenotipagem

15(Lesão retinocoroideana ativa -

ARL)

24(Lesão retinocoroideana ativa

e cicatrizada - ACRL)

15(Lesão retinocoroideana

cicatrizada - CRL)

22(Sem lesão retinocoroideana -

NRL)

22(Controle - NI)

68Selecionadas para análise de

citocinas

07(Lesão retinocoroideana ativa -

ARL)

16(Lesão retinocoroideana ativa

e cicatrizada - ACRL)

20(Lesão retinocoroideana

cicatrizada - CRL)

15(Sem lesão retinocoroideana -

NRL)

10(Controle - NI)

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36

3.3. Coleta de sangue

Além da avaliação clínica detalhada dos recém nascidos, foi realizada coleta de 1,5

mL de sangue com os seguintes propósitos:

0,5 mL (coletado em EDTA) para experimento ex-vivo de imunofenotipagem;

1,0 mL (coletado em Heparina) para cultura de sangue total visando análise do

perfil da resposta imune celular específica para T. gondii.

Parte do sangue foi enviado a um laboratório terceirizado pelo NUPAD para

realização do hemograma.

3.4. Imunofenotipagem de células mononucleares circulantes

Alíquotas de 50L das amostras de sangue total coletado a vácuo em tubos

contendo anticoagulante EDTA (Vacutainer - BD, E.U.A), foram transferidos para tubos de

poliestireno 5mL (Falcon - Becton Dickinson - BD, E.U.A) e incubadas com anticorpos

monoclonais específicos para marcadores de superfície marcados com Ficoeritrina (PE),

com isotiocianato de fluoresceína (FITC), tricolor (TC) e Cloreto de Peridina Clorofila

(PerCP). Foram utilizados anticorpos monoclonais para os seguintes marcadores: CD3,

CD4, CD5, CD8, CD14, CD16, CD19, CD23, CD32, CD56, CD64, HLA-DR, /, /

(Quadro 1). As células e anticorpos foram incubados por 30 minutos à temperatura

ambiente, ao abrigo da luz. Posteriormente, os eritrócitos foram lisados e fixados em 3mL

de solução de lise, por 10 minutos à temperatura ambiente. Em seguida, foi adicionado às

amostras 1mL de PBS-W (PBS pH 7.4, contendo 0.5% BSA e 0.1% de azida sódica) e estas

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37

foram centrifugadas a 1300g por 7 minutos a 18ºC (Centrifuga Beckman Modelo j-6b,

E.U.A). O sobrenadante foi descartado, as amostras lavadas com 2mL de PBS 1X e

novamente centrifugadas a 1300g por 7 minutos a 18ºC. Em seguida, as amostras foram

fixadas com 300L de solução fixadora - MFF (10g/L de paraformaldeído, 1% de

cacodilato de sódio, 6,67g/L de cloreto de sódio, pH 7,2 - reagentes SIGMA, E.U.A). As

amostras foram armazenadas a 4°C até a realização da leitura. A aquisição dos dados

(30.000 eventos) e a análise dos resultados foram realizadas em citômetro de fluxo

(FACScan - BD, E.U.A), utilizando o software do equipamento denominado CellQuestTM.

QUADRO 1 - Anticorpos monoclonais marcados com fluorocromos utilizados para análisede populações, subpopulações celulares e moléculas de superfície.

Anticorpos Fluorocromo Fenótipo Alvo no Estudo

Anti-CD3 FITC Linfócitos T

Anti-CD4 FITC ou TC Linfócitos T auxiliares

Anti-CD5 FITC Linfócitos B1

Anti-CD8 FITC Linfócitos T citotóxicos

Anti-CD14 TC Monócitos

Anti-CD16 FITC ou TC Células NK

Anti-CD19 TC Linfócitos B

Anti-CD23 PE Sub-população de linfócitos B

Anti-CD32 FITC Monócitos

Anti-CD56 PE Células NK

Anti-CD64 FITC Monócitos

Anti-HLA-DR PE Linfócitos T ativados e Monócitos pró-inflamatórios

Anti-/ PE Linfócito T

Anti-/ PE Linfócito T

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3.5. Preparo de antígeno solúvel total de T. gondii (STAg)

O antígeno solúvel total de T. gondii (STAg) foi preparado segundo Gazzinelli et

al., (1991) com modificações, no laboratório de Toxoplasmose do Instituto de Ciências

Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB-UFMG), a partir de taquizoítos

da cepa RH do T. gondii (Sabin, 1941) obtidos por lavagem da cavidade peritoneal de

camundongos previamente infectados, realizada com solução salina tamponada com fosfato

(PBS) pH 7,2. O material foi centrifugado durante 20 segundos a 800g para eliminação de

células contaminantes do camundongo. O sobrenadante foi coletado, homogeneizado e

centrifugado por 10 minutos a 1400g. Em seguida, o sobrenadante foi descartado e o

sedimento contendo os taquizoítos foi ressuspendido em PBS pH 7,2, homogeneizado e

centrifugado por 10 minutos a 1400g. Os taquizoítos foram lavados três vezes com PBS pH

7,2, por centrifugações a 1400g por 10 minutos. Em seguida os parasitos foram contados em

câmara hemocitométrica e a concentração destes acertada para 1x109 taquizoítos/mL. A

suspensão de parasitos foi então processada por ultra-som (Ultrasonic Homogeneizer –

4710; Coler-Palmer Instrument Co.) em 5 ciclos de 40 hertz (em banho de gelo), durante 1

minuto e com intervalos de 1 minuto entre cada ciclo, sendo o rompimento dos parasitos

acompanhados em microscópio óptico. Após a sonicação o material foi centrifugado a

15000g/4oC durante 30 minutos. O sobrenadante (STAg) foi então estocado a –80OC até o

uso. A concentração de proteínas foi determinada pelo método de LOWRY et al. (1951).

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3.6. Análise de marcadores de superfície e citocinas intracitoplasmáticas

após estimulação in vitro

Alíquotas de 1mL de sangue total coletado em heparina foram distribuídas em tubos

de polipropileno de 12mL (Falcon, E.U.A). As células do sangue periférico foram

incubadas na presença de 1mL de meio de cultura RPMI suplementado (L-glutamina 1,6%),

recebendo a denominação de cultura controle (CC) ou na presença de antígeno solúvel de T.

gondii (100L de STAg + 900L de RPMI suplementado), apresentando uma concentração

final de 5g/mL, recebendo a denominação de cultura com estímulo específico (STAg). As

células foram incubadas durante 12 horas em estufa de CO2 5% a 37ºC (Forma Scientific

E.U.A). Em seguida, foi adicionado a cada tubo de cultura 20L de Brefeldina A (SIGMA,

E.U.A), 1mg/mL (concentração final de 10g/mL). As amostras foram incubadas por mais

quatro horas em estufa de CO2 5% a 37ºC. A utilização da Brefeldina assegura a retenção

da citocina no interior da célula, mantendo a citocina no complexo de Golgi.

Após a incubação, 220L de EDTA (SIGMA, E.U.A) 20mM, obtidos de uma

solução estoque de 200mM, diluída 1/10 (concentração final de 2mM) foram adicionados

diretamente às culturas. Os tubos contendo as amostras foram incubados por 10 minutos à

temperatura ambiente. Esse procedimento bloqueia o processo de ativação posterior das

células e garante a obtenção de resultados padronizados e comparáveis. Posteriormente, foi

adicionado à amostra de sangue, 6mL de PBS-W e centrifugadas a 1300g por 7 minutos a

18ºC. O sobrenadante foi aspirado permanecendo um sedimento com volume final de 2mL.

Foram transferidos 500L deste sedimento para tubos de poliestireno de 5mL (FALCON,

E.U.A) previamente identificados e contendo os anticorpos correspondentes (CD4, CD8,

CD14, CD16, CD19) (Quadro 2). Em seguida, estes tubos foram incubados por 30 minutos

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à temperatura ambiente. Posteriormente, os eritrócitos foram lisados e as células fixadas em

3,5mL de solução de lise (Billig) por 10 minutos à temperatura ambiente, ao abrigo da luz.

As células foram centrifugadas a 1300g, por 7 minutos à 18ºC.

QUADRO 2 - Anticorpos monoclonais utilizados para identificação das subpopulaçõesleucocitárias na metodologia de citocinas citoplasmáticas

Anticorpos Fluorocromo Fenótipo Alvo no Estudo

Anti-CD4 TC Linfócitos T auxiliares

Anti-CD8 TC Linfócitos T citotóxicos

Anti-CD14 TC Monócitos

Anti-CD16 TC Neutrófilos e Células NK

Anti-CD19 TC Linfócitos B

O sobrenadante foi descartado e o sedimento homogeneizado em 500L de PBS-W.

Para a detecção de citocinas intracitoplasmáticas foi acrescentado aos tubos 3,0mL de PBS-

P (PBS, pH 7,4 contendo 0,5% de BSA, 0,1% de azida sódica e 0,5% de saponina) por 10

minutos à temperatura ambiente e centrifugados a 1300g por 7 minutos a 18ºC. O

sedimento foi suspenso com PBS-W e a suspensão celular distribuída em poços de placas

com 96 orifícios. A cada 30L de suspensão celular foi adicionado 20L do anticorpo anti-

citocina marcado com PE (TNF-α, IFN-γ, IL-4, IL-12, IL-10, IL-5, IL-8, IL-1, IL-6 ou IL-

17), diluídos 1:50 em PBS-P nos respectivos poços da placa, e posteriormente incubados

por 30 minutos à temperatura ambiente, na ausência de luz. Após a incubação, as células

foram lavadas com 200L de PBS-P e em seguida, com 200L de PBS-W. No final, foram

adicionados 300L de solução fixadora MFF. As amostras contendo a suspensão celular

foram utilizadas para aquisição de dados em citômetro de fluxo (FACScalibur - BD,

E.U.A). Foram analisados cerca de 20.000 eventos dentro da população de linfócitos totais.

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41

A identificação de populações celulares de interesse, bem como a determinação do

valor absoluto destas populações e sub-populações produtoras das diferentes citocinas

foram feitas através do programa FlowjoTM.

3.7. Estratégias de Análise

3.7.1 Análise convencional

A análise convencional foi realizada segundo estratégia proposta por Sathler Avelar

(2003). A Figura 1 ilustra a seqüência de passos para a análise convencional. Esse tipo de

análise consiste na seleção da população celular de interesse em gráficos de distribuição

pontual de tamanho (FSC) versus granulosidade (SSC) (Figura 1A). Após a seleção da

região de interesse (R1), a frequência de subpopulações celulares fluorescentes, dentro de

R1, foi obtida em gráficos bidimensionais de distribuição pontual de fluorescência (Figura

1B).

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Figura 1: Ilustração da análise convencional de linfócitos do sangue periférico por citometria de fluxo. A figura

1A demonstra o perfil de distribuição celular considerando tamanho versus granulosidade celular. A figura 1B

demonstra o perfil de distribuição celular considerando a fluorescência 1 (CD4) versus a fluorescência 2

(CD8), da população selecionada na janela R1 do gráfico.

3.7.2 Análise de monócitos pró-inflamatórios

A análise de monócitos pró-inflamatórios (CD14+CD16+HLA-DR++) foi feita

segundo protocolo proposto por Belge et al. (2002). A Figura 2 ilustra a sequência de

procedimentos para a análise das subpopulações de monócitos pró-inflamatórios. Após a

seleção da região de interesse (R4), baseada em aspectos morfométricos, e

imunofenotípicos, determinadas através de gráficos de distribuição pontual de CD14 versus

granulosidade (SSC) (Figura 2A), foram construídos gráficos de CD14 versus CD16, onde

uma região (Q2) foi determinada para a seleção da população CD14+CD16+ (Figura 2B). O

próximo passo consistiu na combinação das regiões R1 e R2 através da fórmula “G2=R1

and R2”, onde “and” designa a interseção dos eventos presentes simultaneamente em R1 e

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R2. Em seguida, gráficos de CD14 versus HLA-DR, contendo as células em G2, foram

utilizados para quantificar o percentual de células CD14+CD16+HLA-DR++ (Figura 2C).

Figura 2: Análise de monócitos pró-inflamatórios do sangue periférico. (A) Perfil de distribuição CD14 versus

granulosidade, para seleção da populaçõde monócitos – R4. (B) Gráfico de distribuição celular CD14 versus

CD16 para seleção da população CD14+CD16+ - Q2. (C) Gráfico CD14 versus HLA-DR contendo as células

em G2, para quantificar o percentual de monócitos pró-inflamatórios.

3.7.3. Análise das subpopulações de monócitos CD14+CD32+ e

CD14+CD64+

A análise das subpopulações de monócitos CD14+CD32+ e CD14+CD64+ foi feita

por análise semi-quantitativa da intensidade média de fluorescência (IMF) conforme

descrito a seguir: após a seleção da região de interesse (R4), baseado em aspectos

morfométricos em gráficos de distribuição pontual de CD14 versus granulosidade (SSC),

foram construídos gráficos de distribuição puntual de fluorescência CD14 versus CD32

(figura 3B) e CD64, contendo as células selecionadas em R4 (Figura 3A).

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Figura 3: Análise de monócitos CD14+CD32+ e CD14+CD64+. (A) Perfil de distribuição CD14 versus

granulosidade, para seleção da populaçõde monócitos – R4. (B) Perfil de distribuição celular considerando a

fluorescência 1 (CD14) versus a fluorescência 2 (CD32).

3.7.4. Análise de linfócitos T ativados (HLA-DR+)

A análise da freqüência de subpopulações de linfócitos T ativados (HLA-DR+) foi

realizada utilizando-se da estratégia de análise convencional, seguida por cálculos

adicionais para determinar a fração de células T ativadas dentro de uma subpopulação

específica. Esse tipo de análise consistiu na seleção da população celular de interesse,

baseada em aspectos morfométricos, através de gráficos de distribuição puntual de tamanho

(FSC) versus granulosidade (SSC). Após a seleção da região de interesse (R1), o percentual

de subpopulações celulares fluorescentes, dentro da população selecionada, foi obtido em

gráficos bidimensionais de distribuição puntual da fluorescência CD4 ou CD8 e HLA-DR

(Figura 4).

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Figura 4: Análise de subpopulações de linfócitos T ativados (HLA-DR+). (A) Perfil de distribuição tamanho

versus granulosidade, para seleção da populaçõde linfócitos – R1. (B) Perfil de distribuição celular

considerando a fluorescência 1 (CD4) versus a fluorescência 2 (HLA-DR).

3.7.5 Análise de células NK

A análise de subpopulações de células NK foi realizada segundo protocolo proposto

por Gaddy et al. (1997). A Figura 5 ilustra a seqüência de procedimentos para a análise das

subpopulações de células pré-NK (CD3-CD16+CD56-), NK maduras (CD3-CD16+CD56+) e

NK ativadas (CD3-CD16-CD56+). Esse tipo de análise consistiu na seleção da população

celular de interesse em gráficos de distribuição pontual de tamanho (FSC) versus

granulosidade (SSC). Após a escolha da região de interesse (R1) foram construídos gráficos

de CD3 versus CD16, onde uma nova região Q5 foi determinada para a população CD3-

CD16+ (Figura 5A). Posteriormente, gráficos de CD3 versus CD56 foram empregados, onde

uma nova região (Q1) foi determinada para a população CD3-CD56+ (Figura 5B). Em

seguida, após a combinação das regiões R1, Q5 e Q1 através das fórmulas “G2=Q5+Q1 e

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G3=R1 “and” G2” onde “+” representa o somatório de células confinadas nas regiões R1 e

R2 e “and” designa a interseção dos eventos presentes simultaneamente em G2 e R1.

Posteriormente gráficos de CD16 versus CD56, contendo as células em G3, foram

utilizados para quantificar os percentuais das populações CD3-CD16+CD56-, CD3-

CD16+CD56+ e CD3-CD16-CD56+ (Figura 5C).

Figura 5: Análise das subpopulações de células NK. Primeiro foi selecionada a região de interesse (linfócitos)

em gráfico granulosidade versus tamanho. (A) Gráfico de distribuição CD3 versus CD16, para seleção da

populaçõde celular CD3-CD16+ – Q5. (B) Gráfico de distribuição CD3 versus CD56 para selecionar a

população CD3-CD56+ - Q1. (C) Gráfico CD16 versus CD56, contendo as células em G3=R1 “and” G2

(Q1+Q5), para quantificar os percentuais das subpopulações de células NK.

3.7.6. Análise da produção de citocinas por linfócitos, monócitos,

neutrófilos e células NK.

A análise da produção de citocinas pelas células NK e pelos linfócitos T e B foi feita

através da análise convencional. Em gráficos de distribuição pontual de tamanho (FSC)

versus granulosidade (SSC) foi estabelecida a população celular de interesse. Após a

seleção da região de interesse, a frequência das subpopulações celulares produtoras de

citocinas foi obtida em gráficos bidimensionais de distribuição pontual de fluorescência.

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A análise da produção de citocinas pelos monócitos foi feita a partir da construção

de gráficos de fluorescência CD14 versus granulosidade (SSC). A análise da produção de

citocinas foi determinada em graficos bidimensionais de distribuição pontual de

fluorescência CD14 versus citocinas (figura 6).

A análise da produção de citocinas pelos neutrófilos foi feita a partir da construção

de gráficos de fluorescência CD16 ou CD14 ou CD14 versus granulosidade (SSC). A

análise foi determinada em graficos bidimensionais de distribuição pontual de fluorescência

(CD16, CD14 ou CD4) versus citocinas.

Figura 6: Ilustração da análise convencional de produção de citocinas por monócitos. (A) Perfil de distribuição

celular considerando o marcador fenotípico CD14 versus granulosidade celular, para seleção de monócitos –

R4. (B) Perfil de distribuição celular CD14 versus TNF-, da população selecionada na janela R4 do gráfico A.

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3.8. Análise dos dados

Este é um estudo transversal descritivo no qual foram aplicadas três abordagens de

análise de dados para a investigação observacional do perfil imunológico associado com

manifestações oftalmológicas de toxoplasmose congênita: 1) Análise estatística e 2) Análise

de assinatura de biomarcadores. A análise de assinatura de biomarcadores têm se mostrado

importante para detectar, com elevada sensibilidade, pequenas alterações nos perfis

imunológicos que não são detectáveis por métodos estatísticos convencionais.

3.8.1 Análise estatística

O teste de Mann-Whitney foi empregado para a comparação das medianas, já que as

variáveis de interesse apresentavam um comportamento não gaussiano, ou distribuição não-

normal, denominados de dados não paramétricos. A determinação da normalidade da

distribuição dos valores individuais para cada variável bem como as análises estatísticas

foram realizadas através do programa GraphPadPrism (GraphPad Software Inc.), versão

5.0.

Para a análise comparativa entre três ou mais grupos, empregou-se o teste Kruskal-

Wallis seguido pelo teste de comparações múltiplas de Dunn’s, já que os dados

apresentavam um comportamento não gaussiano, ou distribuição não-normal, denominados

de dados não paramétricos. Os dados estão apresentados como dispersão dos valores

individuais sobre os valores medianos (barras) para a análise de TOXO versus NI. Dados da

análise de subgrupos TOXO foram apresentados em formato gráfico box plot destacando a

mediana, juntamente com valores mínimo e máximo. Em todos os casos as diferenças foram

consideradas significativas a p <0,05.

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3.8.2 Análise de assinatura de biomarcadores

A utilização desta abordagem para identificar diferenças relevantes nas assinaturas

fenotípicas do sangue periférico entre os grupos foi adaptado a partir de um estudo pioneiro

realizado por Luiza-Silva et al. (2011). Todos os recém-nascidos foram colocados num

mesmo grupo e foi definida uma mediana global para cada biomarcador analisado.

Diagramas em escala de cinza foram então, montados para determinar a frequência das

crianças que mostram contagem alta de um determinado biomarcador. As frequências foram

compiladas em gráficos de radar para resumir o perfil global da assinatura dos

biomarcadores associado com manifestação clínica da toxoplasmose congênita. Dados

relevantes (> 50%) foram destacados em negrito/sublinhado. O software GraphPad Prism

5.00 (San Diego, EUA) foi utilizado para artes gráficas.

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50

4. RESULTADOS

4.1. Registros hematológicos dos recém-nascidos com toxoplasmose

congênita.

A análise de parâmetros hematológicos mostrou que os recém-nascidos do grupo

TOXO são caracterizados por relevante leucocitose, com aumento da contagem de

monócitos e linfócitos. A análise dos recém-nascidos de acordo com seus registros

oftalmológicos mostrou que essas mudanças são particularmente observadas em pacientes

do grupo ARL. Além disso, também foi observada uma importante monocitose em

pacientes ACRL. Não foram observadas diferenças significativas nos subgrupos NRL e

CRL (Tabela 1).

4.2. Análise de células mononucleares circulantes

4.2.1. Análise das subpopulações de monócitos em recém-nascidos com

toxoplasmose congênita

A análise das subpopulações de monócitos mostrou que os recém-nascidos do grupo

TOXO apresentaram aumento nas populações de monócitos CD14+CD16+ e monócitos pró-

inflamatórios CD14+CD16+HLA-DRhigh (Figura 7A). A análise da expressão de FC-R por

monócitos é mostrado na Figura 7B. Os dados mostram que mudanças relevantes na

expressão de CD32 e CD64 por monócitos ocorrem no grupo TOXO.

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A análise das subpopulações de monócitos nos subgrupos dos recém-nascidos com

toxoplasmose congênita mostrou que o aumento de monócitos pró-inflamatórios

CD14+CD16+HLA-DRhigh é obsevado especificamente no grupo ARL, podendo ser um

marcador importante de lesão retinocoroideana ativa (Figura 7A). Já a análise da expressão

de FC-R por monócitos apresentou diferenças significativas no grupo CRL. Tais diferenças

podem ser sugestivos de que esses marcadores biológicos estão associados à resolução da

retinocoroidite (Figura 7B). A figura 7C mostra histogramas representativos da expressão

de CD32 e CD64 obsersvados no grupo TOXO e no grupo NI.

4.2.2. Análise das subpopulações de células NK e células T NK em recém-

nascidos com toxoplasmose congênita

A análise mostrou que as populações e subpopulações de células NK e de células T

NK estão aumentadas nos recém-nascidos com toxoplasmose congênita (Figura 8). Os

dados referentes à população total de células NK (CD3-CD16+/-CD56+/-) mostrou aumento

nos recém-nascidos do grupo TOXO (Figura 8A). A análise das subpopulações de células

NK mostrou aumento em todas as subpopulações nos recém-nascidos do grupo TOXO,

incluindo CD3-CD16+CD56-, CD3-CD16+CD56+ e CD3-CD16-CD56+. A análise dos

subgrupos de TOXO mostrou aumento na população total de células NK e na subpopulação

de células CD3-CD16-CD56+ no grupo ARL. Os grupos ACRL e CRL mostraram aumento

na subpopulação de células CD3-CD16+CD56+ quando comparados ao grupo NRL (Figura

8A).

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52

Tabela1. Registros hematológicos em recém-nascidos com toxoplasmsose congênita

Parâmetros NI(n=22)

TOXO(n=76)

Subgrupos de TOXO

NRL(n=22)

ARL(n=15)

ACRL(n=24)

CRL(n=15)

Leucócitos 9.3 (5.3-17.3)x103 11.6 (5.6-22.9)x103 11.0 (6.2-17.3)x103 14.5 (7.6-23.0)x103 11.8 (5.7-19.4)x103 11.2 (5.7-18.2)x103

Monócitos 0.8 (0.1-1.9)x103 1.2 (0.1-2.3)x103 1.1 (0.2-2.1)x103 1.4 (0.5-1.7)x103 1.3 (0.2-2.3)x103 1.0 (0.1-2.4)x103

Neutrófilos 1.8 (0.7-4.0)x103 1.7 (0.5-5.7)x103 1.8 (1.0-3.0)x103 1.7 (0.8-3.6)x103 1.6 (0.4-5.3)x103 1.6 (0.9-5.7)x103

Linfócitos 6.2 (3.9-14.2)x103 7.5 (1.0-18.8)x103 7.3 (4.3-14.2)x103 8.5 (5.4-18.1)x103 7.5 (3.9-13.9)x103 7.4 (1.0-13.9)x103

Eosinófilos 0.4 (0.1-0.8)x103 0.4 (0.1-1.7)x103 0.4 (0.08-0.8)x103 0.5 (0.2-1.1)x103 0.4 (0.003-1.7)x103 0.3 (0.06-1.1)x103

Hemáceas 3.5 (2.8-4.5)x106 3.6 (2.9-5.1)x106 3.5 (2.5-4.4)x106 3.68 (3.1-4.1)x106 3.5 (2.4-4.5)x106 3.71 (2.5-4.2)x106

Hb (g/dl) 10.8 (8.5-13.1) 10.5 (8.1-13.9) 10.3 (7.8-13.0) 10.8 (8.3-12.2) 9.9 (7.7-12.9) 10.75 (7.2-12.9)

Hct (%) 31.0 (25.4-39.4) 31.9 (22.1-45.4) 30.6 (23.0-39.1) 32.8 (27.1-37.3) 29.4 (20.8-37.7) 31.8 (23.0-36.9)

Plaquetas 4.8 (1.3-7.3)x105 3,8 (1.1-7.9)x105 4.31 (1.4-6.7)x105 3.35 (1.4-6.3)x105 3.61 (1.4-6.3)x105 2.87 (1.7-4.9)x105

Resultados estão expressos em número de células/mm3. Diferenças signficativas (p<0.05) estão destacadas por negrito e sublinhado. O IC de 95% está entre parênteses.

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53

100 101 102 103 104 100 101 102 103 104

0

101 102 103 104 100 101 102 103 104

15

30

0

30

60

0

20

40

0

15

30

100

Cel

l Cou

nts

(#)

Cel

l Cou

nts

(#)

Intensidade de Fluorescência– Anti-CD64-FITC

Intensidade de Fluorescência – Anti-CD32-FITC

NI TOXO

NI TOXO

A

B C

IMF CD14+CD32+LOG CT x TOXO

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

125

250

IMF CD14+CD64+LOG CT x TOXO

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

300

600

CD

32 e

m c

élul

as C

D14

+ (M

FI)

CD

64 e

m c

élul

as C

D14

+(M

FI)

Expressão de FcR por Monócitos

Subgrupos de TOXO

IMF CD14+CD64+LOG CT x TOXO

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

300

600 p<0.01 p<0.01

IMF CD14+CD32+LOG CT x TOXO

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

125

250 p<0.01 p<0.03

Histograma representativo da citometria de f luxo

Abs CD14+CD16+ CT x TOXO

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

400

800

Abs CD14+CD16+ CT x TOXO

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

400

800 p<0.01

Abs Monócito pró-inflamatório CT x TOXO

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

300

600

Abs Monócito pró-inflamatório CT x TOXO

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

300

600 p<0.01 p<0.02

CD14

+ CD1

6+ H

LA-D

Rhi

gh

(cél

ulas

/mm

3 )

CD14

+ CD1

6+(c

élul

as/m

m3 )

Subpopulação de Monócitos

Subgrupos de TOXOSubgrupos de TOXO

Figura 7: Subpopulação de monócitos (A) e expressão de Fc-R por monócitos (B) no sangue periférico de recém-nascidos comtoxoplasmose congênita (TOXO= ) e controles não-infectados (NI= ; ). O grupo com toxoplasmose congênita ainda foi classificado deacordo com a análise clínica oftalmológica, sendo: Sem lesão retinocoroideana (NRL= ), lesão retinocoroideana ativa (ARL= ), lesãoretinocoroideana ativa e cicatrizada (ACRL= ) e lesão retinocoroideana cicatrizada (CRL= ). Os resultados estão expressos comodispersão dos valores individuais e mediana das contagens celulares absolutas/mm3 (lado esquerdo), ou no formato de box-plot (ladodireito). Diferenças significativas são destacadas por linhas de conexão e os valores de p. (C) Histogramas representativos ilustrando aregulação descrescente de CD32 (painéis superiores) e da regulação crescente de CD64 (painéis inferiores) em monócitos circulantes decrianças com toxoplasmose congênita em relação aos controles não-infectados. As linhas tracejadas foram criadas para enfatizar a mudançana distribuição do histograma para a expressão crescente ou decrescente de Fc-R por monócitos. NI (n=22), TOXO (n=76), ARL (n=15),ACRL (n=24), CRL (n=15) e NRL (n=22).

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54

Com o objetivo de caracterizar os principais fenótipos relacionados com as

características funcionais distintas de células NK, investigamos a freqüência das

subpopulações CD56dim citotóxica e CD56bright imunoreguladora. Os nossos resultados

demonstraram que o decréscimo na percentagem de células CD56bright acompanhado do

aumento na percentagem de células CD56dim foram observados no grupo TOXO, quando

comparado com o grupo NI. Além disso, pode-se observar que embora CD56bright estivesse

reduzida em todos os subgrupos TOXO, as células CD56dim estavam particularmente

aumentadas em ARL, quenado comparado com o grupo NI (Figura 8A).

A análise das subpopulações de células T NK mostrou um aumento significativo de

ambas, CD3+CD16+ e CD3+CD56+, no grupo TOXO em comparação com o NI. As células

CD3+CD16+ estão particularmente aumentadas nos grupos ARL e ACRL, enquanto as

células CD3+CD56+ aumentaram nos grupos ARL e CRL em relação aos controles NI

(Figura 8B).

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55

Abs NK Total CT x TOXO

0

2,500

5,000

Abs CD3-CD56High/CD3- CT x TOXO

NI INF NI NRL ARL ACRL CRL0.0

2.5

5.0

Abs NK Madura CT x TOXO

0

2,000

4,000

Abs NK Madura CT x TOXO

0

2,000

4,000p<0.05

p<0.05

p<0.05

Abs Pré-NK CT x TOXO

0

1,500

3,000

Abs Pré-NK CT x TOXO

0

1,500

3,000 p<0.01

CD3- C

D16+/

- CD5

6+/- (

célu

las/

mm

3 )

CD3- C

D16+ C

D56- (

célu

las/

mm

3 )

CD3- C

D16- C

D56+ (

célu

las/

mm

3 )

CD3- C

D16+ C

D56+

(cél

ulas

/mm

3 )

Subpopulações de células NK

Abs NK Ativada CT x TOXO

NI INF NI NRL ARL ACRL CRL0

400

800

Abs NK Ativada CT x TOXO

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

400

800 p<0.05

p<0.05

Abs CD3-CD56High/CD3- CT x TOXO

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0.0

2.5

5.0 p<0.01

p<0.01

p<0.01p<0.01

p<0.01Abs CD3-CD56High/CD3- CT x TOXO

NI INF NI NRL ARL ACRL CRL0

7

14

Abs CD3-CD56High/CD3- CT x TOXO

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

7

14 p<0.01p<0.01

CD3- C

D16- C

D56dim

(%cé

lula

s)

CD3- C

D16- C

D56br

ight

(%cé

lula

s)

Subgrupos de TOXO Subgrupos de TOXO

0

2,500

5,000p<0.01 p<0.01

Abs CD3+ CD16+ CT x TOXO

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

250

500

Abs CD3+ CD16+ CT x TOXO

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

250

500 p<0.01

p<0.01

p<0.01

Abs CD3+ CD56+ CT x TOXO

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

200

400

Abs CD3+ CD56+ CT x TOXO

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

200

400 p<0.01p<0.01

p<0.01

CD3+ C

D16

+ (c

élul

as/m

m3 )

CD3+ C

D56

+ (c

élul

as/m

m3 )

Subpopulações de células T NK

Subgrupos de TOXO Subgrupos de TOXO

A

B

Figura 8: Subpopulações de células NK (A) e células T NK (B) no sangue periférico de recém-nascidos com toxoplasmose congênita(TOXO= ) e controles não-infectados (NI= ; ). O grupo com toxoplasmose congênita ainda foi classificado de acordo com a análiseclínica oftalmológica, sendo: Sem lesão retinocoroideana (NRL= ), lesão retinocoroideana ativa (ARL= ), lesão retinocoroideanaativa e cicatrizada (ACRL= ) e lesão retinocoroideana cicatrizada (CRL= ). Os resultados estão expressos como dispersão dosvalores individuais e mediana das contagens celulares absolutas/mm3 (lado esquerdo), ou no formato de box-plot (lado direito). Diferençassignificativas são destacadas por linhas de conexão e p-valores. NI (n=22), TOXO (n=76), ARL (n=15), ACRL (n=24), CRL (n=15) e NRL(n=22).

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56

4.2.3. Análise das subpopulações de linfócitos T e B em recém-nascidos

com toxoplasmose congênita

A figura 9 apresenta os resultados relativos à análise da resposta imune adaptativa.

Esses resultados mostram que o grupo TOXO apresentou aumento nas populações de

células T CD4+HLA-DR+, células T CD4+CD8+ (Figura 9A), células B CD19+ e células B1

CD19+CD5+ (Figura 9B) quando comparado ao grupo NI. Além disso foi observado que as

contagens de células T CD4+ do grupo ARL estão aumentadas em relação ao grupo CRL.

Adicionalmente, a contagem de células CD4+HLA-DR+ estão particularmente aumentadas

nos grupos ARL e ACRL em comparação com o grupo NI (Figura 9A), sugerindo que o

aumento de células T CD4+ ativadas está intimamente relacionado com a presença de

lesões retinocoroideanas ativas. Nenhuma mudança nas subpopulações de células B foram

observadas entre os subgrupos de TOXO (Fig. 9B).

Foi também observado aumento na contagem de células TCR, T CD8+ e T

CD8+HLA-DR+ particularmente no grupo TOXO (Figura 9A). A análise dos subgrupos de

TOXO sugere que essas três subpopulações são bons biomarcadores de morbidade, já que

estavam aumentadas em todos os grupos de recém-nascidos com lesão retinocoroideana

(ARL, ACRL e CRL).

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57

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

2,500

5,000

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

2,500

5,000

p<0.01

p<0.05

p<0.05

p<0.05

0

200

400

0

200

400p<0.01

0

1,500

3,000

0

1,500

3,000 p<0.01

p<0.05p<0.05

p<0.05

0

4,000

8,000

0

4,000

8,000 p<0.05

0

4,000

8,000

0

4,000

8,000 p<0.01p<0.05

p<0.05p<0.05

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

750

1,500

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

750

1,500p<0.01

p<0.05p<0.05

TCR

(cél

ulas

/mm

3 )

TCR

+ (cél

ulas

/mm

3 )

CD

4+ (cél

ulas

/mm

3 )

CD

8+ (cél

ulas

/mm

3 )

CD

4+ CD

8+ (cél

ulas

/mm

3 )

CD

4+ HLA

-DR

+ (cél

ulas

/mm

3 )

CD

8+ HLA

-DR

+ (cél

ulas

/mm

3 )

0

7,500

15,000

0

7,500

15,000

Subpopulações de células T

Subgrupos de TOXO Subgrupos de TOXO

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

2,000

4,000

NI TOXO NI NRL ARL ACRL CRL0

2,000

4,000

CD

19+ (c

élul

as/m

m3 )

CD

19+ C

D5+ (c

élul

as/m

m3 )

CD

19+ C

D5- (c

élul

as/m

m3 )

CD

19+ C

D23

+ (cél

ulas

/mm

3 )

0

2,000

4,000

0

2,000

4,000 p<0.05

0

1,250

2,500

0

1,250

2,500

0

2,500

5,000

0

2,500

5,000 p<0.05

Subpopulações de células B

Subgrupos de TOXO

A

B

Figura 9: Principais subpopulações e status de ativação das células T (A) e células B (B) no sangue periférico de recém-nascidos comtoxoplasmose congênita (TOXO= ) e controles não-infectados (NI= ; ). O grupo com toxoplasmose congênita ainda foi classificado deacordo com a análise clínica oftalmológica, sendo: Sem lesão retinocoroideana (NRL= ), lesão retinocoroideana ativa (ARL= ),lesão retinocoroideana ativa e cicatrizada (ACRL= ) e lesão retinocoroideana cicatrizada (CRL= ). Os resultados estão expressoscomo dispersão dos valores individuais e mediana das contagens celulares absolutas/mm3 (lado esquerdo), ou no formato de box-plot (ladodireito). Diferenças significativas são destacadas por linhas de conexão e p-valores. NI (n=22), TOXO (n=76), ARL (n=15), ACRL (n=24),CRL (n=15) e NRL (n=22).

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58

4.2.4. Análise da assinatura de biomarcadores

Com o objetivo de caracterizar o perfil imunológico associado com as

manifestações oftalmológicas distintas de toxoplasmose congênita, nós usamos a

abordagem não-convencional de assinatura de biomarcadores das respostas imune inata e

adaptativa no sangue periférico de crianças com toxoplasmose congênita, como descrito na

metodologia (Figuras 10 e 11).

Os nossos dados mostram que no grupo NI a maioria dos biomarcadores estão com

frequência abaixo dos 50%, sendo exceção MONCD32+, CD3-CD56bright e células T CD4+.

Por outro lado, em todos os subgrupos de TOXO a maioria dos biomarcadores está com

freqüência acima dos 50%. O grupo NRL mostrou aumento em biomarcadores relacionados

com células B (BCD19+, BCD5+, BCD5-, BCD23+), além de TCD3+, TCR+, e de células

T NK na resposta imune inata. Já o grupo CRL mostrou freqüência elevada de

biomarcadores predominantemente da resposta imune inata (MONCD16+,

MONCD16+DRhigh, MONCD64+, células NK, CD16+CD56-, CD16+CD56+, CD16-CD56+,

CD3-CD56dim, CD3+CD16+, células T NK) e de biomarcadores relativos as células T

(TCR+, TCD4+, TCD8+, TCD4+CD8+, TCD8+DR+).

O perfil dos biomarcadores do grupo ARL chamou a atenção, pois todos os

biomarcadores avaliados nessa análise estavam com frequência acima de 50%, com exceção

de MONCD32+ e CD3-CD56bright. O grupo ACRL mostrou um perfil semelhante ao do

grupo ARL, com algumas diferenças nos biomarcadores das células NK e das células B

(Figura 11).

Page 77: ANÁLISE DO PERFIL IMUNOLÓGICO EM RECÉM- NASCIDOS COM ... · imunidade inata e adaptativa..... pg 68. ix Índice de quadros e tabelas Quadro 1 - Anticorpos monoclonais marcados

59

ND ND ND ND

ND

MO

NC

D16

+

MO

NC

D16

+DR

high

MO

NC

D32

+

MO

NC

D64

+

NK-

cells

NKC

D16

+ CD

56-

NKC

D16

+ CD

56+

NKC

D16

- CD

56+

CD

3-C

D56

dim

CD

3-C

D56

brig

ht

CD

3+C

D16

+

NKT

-cel

lsC

D3+

TCR

αβ+

TCR

δσ+

TCD

4+TC

D8+

TCD

4+C

D8+

TCD

4+D

R+

TCD

8+D

R+

BCD

19+

BCD

5+BC

D5-

BC

D23

+

27 23 68 32 32 29 45 33 36 86 29 18 27 48 14 64 14 45 18 18 32 32 45 32%

Imunidade Inata Imunidade Adaptativa

NI

67 73 47 60 67 67 60 80 80 47 73 53 67 60 87 53 80 60 80 80 73 80 60 53

ND ND ND ND ND

ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

ARL

ACR

L

58 63 59 44 58 61 50 43 42 37 54 71 54 48 52 54 58 46 63 58 58 50 50 63

ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

CR

L

NR

L

60 60 29 71 60 53 73 53 53 41 67 53 47 47 53 33 60 53 47 60 27 33 33 33

ND ND

ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

43 38 38 50 41 45 32 50 46 42 36 55 59 50 55 41 50 50 50 45 59 59 59 64%

%

%

%

Assinatura de Biomarcadores na Toxoplasmose Congênita

MO

NC

D16

+

MO

NC

D16

+DR

high

MO

NC

D32

+

MO

NC

D64

+

NK-

cells

NKC

D16

+ CD

56-

NKC

D16

+ CD

56+

NKC

D16

- CD

56+

CD

3-C

D56

dim

CD

3-C

D56

brig

ht

CD

3+C

D16

+

NKT

-cel

lsC

D3+

TCR

αβ+

TCR

δσ+

TCD

4+TC

D8+

TCD

4+C

D8+

TCD

4+D

R+

TCD

8+D

R+

BCD

19+

BCD

5+BC

D5-

BC

D23

+

MO

NC

D16

+

MO

NC

D16

+DR

high

MO

NC

D32

+

MO

NC

D64

+

NK-

cells

NKC

D16

+ CD

56-

NKC

D16

+ CD

56+

NKC

D16

- CD

56+

CD

3-C

D56

dim

CD

3-C

D56

brig

ht

CD

3+C

D16

+

NKT

-cel

lsC

D3+

TCR

αβ+

TCR

δσ+

TCD

4+TC

D8+

TCD

4+C

D8+

TCD

4+D

R+

TCD

8+D

R+

BCD

19+

BCD

5+BC

D5-

BC

D23

+

MO

NC

D16

+

MO

NC

D16

+DR

high

MO

NC

D32

+

MO

NC

D64

+

NK-

cells

NKC

D16

+ CD

56-

NKC

D16

+ CD

56+

NKC

D16

- CD

56+

CD

3-C

D56

dim

CD

3-C

D56

brig

ht

CD

3+C

D16

+

NKT

-cel

lsC

D3+

TCR

αβ+

TCR

δσ+

TCD

4+TC

D8+

TCD

4+C

D8+

TCD

4+D

R+

TCD

8+D

R+

BCD

19+

BCD

5+BC

D5-

BC

D23

+

MO

NC

D16

+

MO

NC

D16

+DR

high

MO

NC

D32

+

MO

NC

D64

+

NK-

cells

NKC

D16

+ CD

56-

NKC

D16

+ CD

56+

NKC

D16

- CD

56+

CD

3-C

D56

dim

CD

3-C

D56

brig

ht

CD

3+C

D16

+

NKT

-cel

lsC

D3+

TCR

αβ+

TCR

δσ+

TCD

4+TC

D8+

TCD

4+C

D8+

TCD

4+D

R+

TCD

8+D

R+

BCD

19+

BCD

5+BC

D5-

BC

D23

+

Subg

rupo

s de

TO

XO

Figura 10: Assinatura de biomarcadores da imunidade inata a adaptativa no sangue periférico de recém-nascidos com toxoplasmosecongênita classificados como: sem lesão retinocoroideana (NRL), lesão retinocoroideana ativa (ARL), lesão retinocoroideana ativa ecicatrizada (ACRL), e lesão retinocoroideana cicatrizada (CRL), comparados com recém-nascidos que tiveram a infecção congênitadescartada (NI). Os diagramas em escala de cinza foram montados utilizando o valor global da mediana de cada subpopulação celularcomo cut-off para determinar se cada um dos recém-nascidos apresentam “baixo” ( )ou “alto” (Inata= ; Adaptativa= ) nívelde uma determinada população celular. A freqüência (%) dos recém-nascidos que apresentam alto nível de uma determinadapopulação celular foi informada na figura e os dados relevantes (>50%) destacados com negrito e sublinhado.

Page 78: ANÁLISE DO PERFIL IMUNOLÓGICO EM RECÉM- NASCIDOS COM ... · imunidade inata e adaptativa..... pg 68. ix Índice de quadros e tabelas Quadro 1 - Anticorpos monoclonais marcados

60

TCD4+

TCD8+

TCD4+CD8+

TCD4+DR+

TCD8+DR+

BCD19+

TCD4+

TCD8+

TCD4+CD8+

TCD4+DR+

TCD8+DR+

BCD19+

CD16+CD56-

CD16+CD56+

CD16-CD56+

CD3-CD56bright

CD3-CD56dim

NI

ARL

ACRL CRL

NRL

TCD3+

TCRαβ+

TCRδσ+

TCD4+

TCD8+

TCD4+CD8+

TCD4+DR+

TCD8+DR+

BCD19+

BCD5+

BCD5-

MONCD16+

MONCD16+DRhigh

MONCD32+

MONCD64+

NK-cells

CD3+CD16+

NKT-cells BCD23+

Subgrupos de TOXO

Escala100

50

0%de

recé

m-n

asci

dos

com

cont

agen

sce

lula

resa

ltas

TCD3+

TCRαβ+

TCRδσ+

TCD4+

TCD8+

TCD4+CD8+

TCD4+DR+

TCD8+DR+

BCD19+

BCD5+

BCD5-

MONCD16+

MONCD16+DRhigh

MONCD32+

MONCD64+

NK-cells

CD16+CD56-

CD16+CD56+

CD16-CD56+

CD3-CD56bright

CD3+CD16+

NKT-cells BCD23+

CD3-CD56dim

TCD3+

TCRαβ+

TCRδσ+

TCD4+

TCD8+

TCD4+CD8+

TCD4+DR+

TCD8+DR+

BCD19+

BCD5+

BCD5-

MONCD16+

MONCD16+DRhigh

MONCD32+

MONCD64+

NK-cells

CD16+CD56-

CD16+CD56+

CD16-CD56+

CD3-CD56bright

CD3+CD16+

NKT-cells BCD23+

CD3-CD56dim

TCD3+

TCRαβ+

TCRδσ+

BCD5+

BCD5-

MONCD16+

MONCD16+DRhigh

MONCD32+

MONCD64+

NK-cells

CD16+CD56-

CD16+CD56+

CD16-CD56+

CD3-CD56bright

CD3+CD16+

NKT-cells BCD23+

CD3-CD56dim

TCD3+

TCRαβ+

TCRδσ+

BCD5+

BCD5-

MONCD16+

MONCD16+DRhigh

MONCD32+

MONCD64+

NK-cells

CD16+CD56-

CD16+CD56+

CD16-CD56+

CD3-CD56bright

CD3+CD16+

NKT-cells BCD23+

CD3-CD56dim

Figura 11: Assinatura de biomarcadores da imunidade inata a adaptativa no sangue periférico de recém-nascidos com toxoplasmose congênita classificados como: sem lesãoretinocoroideana (NRL), lesão retinocoroideana ativa (ARL), lesão retinocoroideana ativa e cicatrizada (ACRL), e lesão retinocoroideana cicatrizada (CRL), comparados comrecém-nascidos que tiveram a infecção congênita descartada (NI). Os gráficos em forma de radar resumem a assinatura de biomarcadores da resposta imune inata ( ) eadaptativa ( ), onde cada eixo exibe a proporção de crianças com altos níveis de uma determinada população celular. Os dados relevantes (> 50%) são ressaltados emnegrito e sublinhado.

Page 79: ANÁLISE DO PERFIL IMUNOLÓGICO EM RECÉM- NASCIDOS COM ... · imunidade inata e adaptativa..... pg 68. ix Índice de quadros e tabelas Quadro 1 - Anticorpos monoclonais marcados

61

4.3 Análise da produção de citocinas

Após a análise do perfil celular predominante na infecção pelo T. gondii e nas diferentes

formas clínicas da doença ocular, realizamos a análise da produção de citocinas por células da

imunidade inata (neutrófilos, monócitos e células NK) e da imunidade adaptativa (linfócitos T e

B). Inicialmente a análise foi feita comparando os recém-nascidos do grupo TOXO e do grupo NI,

e posteriormente comparando as sub-divisões do grupo TOXO de acordo com a apresentação

clínica ocular (NRL, ARL, ACRL e CRL) com o grupo NI.

Para apresentação dos resultados foi feito o cálculo do Index de Citocinas. O cálculo do

Index de citocinas é feito através da divisão do resultado obtido na cultura estimulada com STAg

pelo resultado obtido na cultura controle.

4.3.1 Perfil de citocinas produzidas por células da resposta imune inata

A figura 12 mostra a análise da produção de citocinas por células da resposta imune inata.

A análise de neutrófilos mostrou um perfil misto de citocinas, com predomínio na produção de

citocinas reguladoras (aumento de IL-4, IL5-, IL-10) em comparação com as citocinas pró-

inflamatórias (aumento de TNF- e IL-12) no grupo TOXO quando comparado ao grupo NI. Já a

análise da produção de citocinas por monócitos mostrou um típico perfil pró-inflamatório

(aumento de IL-1, IL-6, IL-12 e TNF-) modulado por IL-10. Interessantemente, a análise de

células NK mostrou um perfil claramente pró-inflamatório, com aumento na produção das

citocinas IFN- e TNF- no grupo TOXO.

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62

IL-8+

NI TOXO0

4

8

IL-1+

NI TOXO0

7

14

IL-6+

NI TOXO0

2

4

TNF-+

NI TOXO0

2

4

IL-12+

NI TOXO0

3

6

IFN-+

NI TOXO0

2

4

IL-4+

NI TOXO0

2

4

IL-5+

NI TOXO0

2

4

IL-10+

NI TOXO0

2

4

IL-17+

NI TOXO0

3

6

IL-1+

NI TOXO0

10

20

IL-6+

NI TOXO0

5

10

TNF-+

NI TOXO0

5

10

IL-4+

NI TOXO0

1

2

IL-10+

NI TOXO0

2

4

IL-12+

NI TOXO0

2

4

IFN-+

NI TOXO0

2

4

TNF-+

NI TOXO0

2

4

IL-4+

NI TOXO0

1

2

NEUTRÓFILOS

MONÓCITOS CÉLULAS NK

Indexdecitocinas(STAg/CC)

**

**

**

** ** * *

*** *

Figura 12: Análise da produção de citocinas por células da imunidade inata do sangue periférico de recém-nascidos comtoxoplasmose congênita (TOXO= ) e controles não-infectados (NI= ). Os resultados estão expressos na forma de barras emediana do cálculo de Index de Citocinas (Cultura estimulada com STAg / Cultura Controle). Diferenças significativas sãodestacadas por linhas de conexão e asterisco. *(p<0,05); **(p<0,01); ***(p<0,001).NI (n=10), TOXO (n=58), ARL (n=07), ACRL (n=16), CRL (n=20), NRL (n=15).

Page 81: ANÁLISE DO PERFIL IMUNOLÓGICO EM RECÉM- NASCIDOS COM ... · imunidade inata e adaptativa..... pg 68. ix Índice de quadros e tabelas Quadro 1 - Anticorpos monoclonais marcados

63

4.3.2 Perfil de citocinas produzidas por células da resposta imune adaptativa

A figura 13 mostra o perfil de citocinas produzidas pelas células da resposta imune

adaptativa. A análise do grupo TOXO mostra que, enquanto as células T CD4+ e T CD8+

apresentam um perfil pró-inflamatório, principalmente mediado pelas citocinas IFN- e TNF-,

as células B desempenham papel modulador através da síntese de IL-10. Nenhum aumento de

citocinas reguladoras foi observado nas células T CD4+ e TCD8+.

4.3.3 Perfil de citocinas produzidas por células da resposta imune inata nas

diferentes formas clínicas da toxoplasmose ocular.

A figura 14 mostra o perfil de citocinas produzidas por células da resposta imune inata

levando-se em consideração as diferentes formas clínicas da toxoplasmose ocular. A análise dos

neutrófilos mostrou aumento das citocinas pró-inflamatórias IL-12 no grupo ACRL e TNF- no

grupo CRL, enquanto que as citocinas reguladoras estavam aumentadas nos grupos NRL (IL-4),

ARL (IL-5) e CRL (IL-10).

A análise de monócitos mostrou aumento das citocinas pró-inflamatórias nos diferentes

grupos de TOXO. A citocina IL-1 estava aumentada nos dois grupos sem lesão ativa (NRL e

CRL), enquanto que a citocina IL-12 estava aumentada em todos os grupos de TOXO. Convém

ainda ressaltar o aumento de IL-6 no grupo ARL e de TNF- no grupo NRL.

Por fim, a análise de células NK mostrou aumento de IFN- nos dois grupos com lesão

ativa (ARL e ACRL), enquanto TNF- novamente estava aumentada no grupo NRL.

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64

IL-8+

NI TOXO0

1

2

IL-4+

NI TOXO0

1

2

IL-5+

NI TOXO0

1

2

IL-17+

NI TOXO0

1

2

IL-10+

NI TOXO0

1

2

TNF-+

NI TOXO0

2

4

IFN-+

NI TOXO0

2

4

IL-4+

NI TOXO0

1

2

IL-10+

NI TOXO0

1

2

TNF-+

NI TOXO0

2

4

CÉLULAS T CD8+

IL-8+

NI TOXO0

2

4

TNF-+

NI TOXO0

1

2

IFN-+

NI TOXO0

2

4

IL-4+

NI TOXO0

1

2

IL-5+

NI TOXO0

1

2

IL-10+

NI TOXO0

1

2

IL-17+

NI TOXO0

1

2

*

*

*

*

***

CÉLULAS B

CÉLULAS T CD4+

Indexdecitocinas(STAg/CC)

Figura 13: Análise da produção de citocinas por células da imunidade adaptativa do sangue periférico de recém-nascidos com toxoplasmose congênita (TOXO= ) econtroles não-infectados (NI= ). Os resultados estão expressos na forma de barras e mediana do cálculo de Index (Cultura estimulada com STAg / Cultura Controle).Diferenças significativas são destacadas por linhas de conexão e asterisco. *(p<0,05); **(p<0,01); ***(p<0,001). NI (n=10), TOXO (n=58), ARL (n=07), ACRL (n=16),CRL (n=20), NRL (n=15).

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65

IL-1+

NI NRL ARL ACRL CRL0

15

30 IL-6+

NI NRL ARL ACRL CRL0

5

10 TNF-+

NI NRL ARL ACRL CRL0

10

20

IL-12+

NI NRL ARL ACRL CRL0

3

6

IL-4+

NI NRL ARL ACRL CRL0

2

4

IL-10+

NI NRL ARL ACRL CRL0

2

4

IL-8+

NI NRL ARL ACRL CRL0

5

10

IL-1+

NI NRL ARL ACRL CRL0

8

16

IL-6+

NI NRL ARL ACRL CRL0

2

4

TNF-+

NI NRL ARL ACRL CRL0

3

6

IL-12+

NI NRL ARL ACRL CRL0

3

6

IFN-+

NI NRL ARL ACRL CRL0

3

6

IL-4+

NI NRL ARL ACRL CRL0

2

4

IL-5+

NI NRL ARL ACRL CRL0

3

6

IL-10+

NI NRL ARL ACRL CRL0

3

6

IL-17+

NI NRL ARL ACRL CRL0

6

12

IFN-+

NI NRL ARL ACRL CRL0

3

6

TNF-+

0

3

6

IL-4+

NI NRL ARL ACRL CRL0

1

2

NEUTRÓFILOS

MONÓCITOS CÉLULAS NK

Indexdecitocinas(STAg/CC)

**

*

**

*

*

*

****

****

**

**

**

*

*

* *

**

* *

*

*

Figura 14: Análise da produção de citocinas por células da imunidade inata do sangue periférico de recém-nascidos com toxoplasmose congênita e controlesnão-infectados (NI= ). O grupo com toxoplasmose congênita foi classificado de acordo com a análise clínica oftalmológica, sendo: Sem lesãoretinocoroideana (NRL= ), lesão retinocoroideana ativa (ARL= ), lesão retinocoroideana ativa e cicatrizada (ACRL= ) e lesão retinocoroideanacicatrizada (CRL= ). Os resultados estão expressos na forma de barras e mediana do cálculo de Index (Cultura estimulada com STAg / Cultura Controle).Diferenças significativas são destacadas por linhas de conexão e asterisco. *(p<0,05); **(p<0,01); ***(p<0,001). NI (n=10), TOXO (n=58), ARL (n=07),ACRL (n=16), CRL (n=20), NRL (n=15).

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66

4.3.4 Perfil de citocinas produzidas por células da resposta imune adaptativa

nas diferentes formas clínicas da toxoplasmose ocular.

A análise da produção de citocinas pelas células T CD4+, T CD8+ e B são demonstradas

na figura 15. As células T CD4+ apresentaram aumento de IFN- em todos os grupos de TOXO,

enquanto que o aumento de TNF- só foi observado nos grupos sem lesão ativa (NRL e CRL) e

o aumento de IL-17 somente no grupo ARL. Já a análise de células T CD8+ mostrou aumento de

TNF- no grupo NRL, e aumento de IFN- no grupo ARL. Não foi observado aumento

significativo em nenhuma das citocinas reguladoras. Por fim, a análise da produção de citocinas

por células B não mostrou nenhuma diferença significativa entre os grupos analisados.

4.3.5 Análise da assinatura da Biomarcadores

Nós utiltizamos a abordagem não convencional da análise da assinatura de

biomarcadores com o intuito de verificar alguma diferença entre os grupos que não foi possível

estabelecer através da análise estatística convencional. Os nossos resultados, demonstrados na

figura 16, mostram uma participação importante de citocinas pró-inflamatórias produzidas tanto

por células da imunidade inata quando da imunidade adaptativa no grupo sem lesão

retinocoroideana (NRL). Resultado semelhante foi observado no grupo com lesão cicatrizada

(CRL), porém também notamos uma participação importante principalmente de monócitos e

neutrófilos na produção de citocinas reguladoras, como IL-4, IL-5, IL-10 e IL-17. Os grupos

ARL e ACRL apresentaram perfil misto, com destaque na produção de algumas citocinas pró-

inflamatórias como IFN- e IL-12 (principalmente o grupo ARL) e algumas citocinas

reguladoras, como IL-4 e IL-10.

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67

IL-8+

NI NRL ARL ACRL CRL0

1

2

TNF-+

NI NRL ARL ACRL CRL0

2

4

IFN-+

NI NRL ARL ACRL CRL0

3

6

IL-4+

NI NRL ARL ACRL CRL0

1

2

IL-5+

NI NRL ARL ACRL CRL0

2

4

IL-10+

NI NRL ARL ACRL CRL0

1

2

IL-17+

NI NRL ARL ACRL CRL0

2

4

IL-8+

NI NRL ARL ACRL CRL0

2

4

TNF-+

NI NRL ARL ACRL CRL0

2

4

IFN-+

NI NRL ARL ACRL CRL0

2

4

IL-5+

NI NRL ARL ACRL CRL0

2

4

IL-10+

NI NRL ARL ACRL CRL0

1

2

IL-17+

NI NRL ARL ACRL CRL0

2

4

IL-4+

NI NRL ARL ACRL CRL0

1

2

TNF-+

NI NRL ARL ACRL CRL0

1

2

IL-4+

NI NRL ARL ACRL CRL0

1

2

IL-10+

NI NRL ARL ACRL CRL0

1

2

CÉLULAS T CD4+

CÉLULAS T CD8+

CÉLULAS B

Indexdecitocinas(STAg/CC)

* *

*

*

*

* **

**

Figura 15: Análise da produção de citocinas por células da imunidade adaptativa do sangue periférico de recém-nascidos com toxoplasmose congênita e controles não-infectados (NI= ). O grupo com toxoplasmose congênitafoi classificado de acordo com a análise clínica oftalmológica, sendo: Sem lesão retinocoroideana (NRL= ), lesãoretinocoroideana ativa (ARL= ), lesão retinocoroideana ativa e cicatrizada (ACRL= ) e lesão retinocoroideanacicatrizada (CRL= ). Os resultados estão expressos na forma de barras e mediana do cálculo de Index (Culturaestimulada com STAg / Cultura Controle). Diferenças significativas são destacadas por linhas de conexão easterisco. *(p<0,05); **(p<0,01); ***(p<0,001). NI (n=10), TOXO (n=58), ARL (n=07), ACRL (n=16), CRL(n=20), NRL (n=15).

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68

Escala100

50

0%de

recé

m-n

asci

dos

com

cont

agen

sce

lula

resa

ltas

ACRL CRL

NI

NRL ARL

BTN

F-a+

M IL-12+

BTN

F-a+

M IL-12+

BTN

F-a+

M IL-12+

BTN

F-a+

M IL-12+

BTN

F-a+

M IL-12+

Figura 16: Assinatura de biomarcadores da produção de citocinas pelas células da imunidade inata e adaptativa no sangue periférico de recém-nascidos comtoxoplasmose congênita classificados como: sem lesão retinocoroideana (NRL), lesão retinocoroideana ativa (ARL), lesão retinocoroideana ativa e cicatrizada(ACRL), e lesão retinocoroideana cicatrizada (CRL), comparados com recém-nascidos que tiveram a infecção congênita descartada (NI). Os gráficos em formade radar resumem a assinatura de biomarcadores de citocinas reguladoras ( ) e citocinas inflamatórias ( ), onde cada eixo exibe a proporção de criançascom altos níveis de uma determinada população celular. Os dados relevantes (> 50%) são ressaltados em sublinhado.

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69

5. DISCUSSÃO

Embora o estudo da resposta imune frente à infecção pelo T. gondii tenha tido grandes

avanços nos últimos anos, a resposta imune durante a infecção congênita e a imunopatologia

da lesão ocular continuam sendo grandes desafios. O entendimento dos mecanismos

imunopatológicos envolvidos na infecção congênita e na toxoplasmose ocular é um pré-

requisito para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas mais eficientes.

Estudos como os de Safadi et al. (2003) e Vasconcelos-Santos et al. (2009) têm

apontado a maior gravidade da infecção congênita nos recém-nascidos do Brasil. Outro

estudo que compara crianças infectadas, identificadas por triagem pré-natal ou neonatal no

Brasil e na Europa Ocidental, sugeriu que a geografia afeta substancialmente na ocorrência e

gravidade do envolvimento ocular na toxoplasmose congênita. Em comparação com 281

recém-nascidos europeus, 30 crianças do Brasil tiveram risco significativamente maior de

desenvolver retinocoroidite e sofreram inflamação recorrente. Para as crianças com lesões, a

dimensão global média foi de lesões maiores com mais lesões múltiplas na coorte brasileira

(Gilbert et al., 2008).

Embora os trabalhos de genotipagem levantem a hipótese de que essa diferença seja

principalmente devido às cepas encontradas no Brasil (Ferreira et al., 2006; Carneiro et al.,

2013), não podemos descartar a resposta imune do hospedeiro como um fator determinante na

maior gravidade das infecções. Sabe-se que a doença ocular é a principal manifestação clínica

da toxoplasmose congênita (Berrebi et al., 2010), e que a ocorrência e a gravidade de lesões

são mais comuns no Brasil do que em outras partes do mundo (Vasconcelos-Santos et al.,

Page 88: ANÁLISE DO PERFIL IMUNOLÓGICO EM RECÉM- NASCIDOS COM ... · imunidade inata e adaptativa..... pg 68. ix Índice de quadros e tabelas Quadro 1 - Anticorpos monoclonais marcados

70

2009; Rey et al., 2013). Além da presença de lesões oculares clinicamente detectáveis ao

nascimento, novas lesões geralmente aparecem ao longo de décadas em aproximadamente um

terço das crianças que recebem tratamento anti-microbial pós-natal e três quartos das crianças

que não recebem tal tratamento (Phan et al., 2008a; Phan et al., 2008b). Apesar da publicação

de alguns trabalhos abordando a papel da resposta imune no controle da toxoplasmose ocular

em modelos murinos, pouco foi estudado sobre o papel das citocinas circulantes na

toxoplasmose ocular em humanos.

O desenvolvimento de uma resposta imune adequada é importante não só para

controlar a replicação do parasito, mas também para reduzir as sequelas da toxoplasmose,

principalmente a lesão ocular. O presente estudo é uma excelente oportunidade para

entendermos as principais mudanças na população e na atividade leucocitária do sangue

periférico nos recém-nascidos com toxoplasmose congênita, e ainda, associar tais mudanças

com as análises clínicas oftalmológicas.

Inicialmente nós analisamos possíveis alterações no perfil fenotípico das células

mononucleares circulantes dos recém-nascidos com toxoplasmose congênita. Nossos

resultados mostraram aumento na população de linfócitos e monócitos desses recém-nascidos.

Sabe-se que o recrutamento de monócitos é essencial na restrição da replicação de T. gondii

em modelos murinos (Mordue & Sibley, 2003; Robben et al., 2005). Apesar da importância

dos monócitos no controle da replicação do parasito, outros estudos mostram que os

monócitos podem servir como “cavalos de tróia”, transportando o parasito para outros locais

do organismo, inclusive sítios imunoprivilegiados (Lachenmaier et al., 2001). Além disso, a

atividade dos monócitos precisa ser cuidadosamente controlada, uma vez que a produção

Page 89: ANÁLISE DO PERFIL IMUNOLÓGICO EM RECÉM- NASCIDOS COM ... · imunidade inata e adaptativa..... pg 68. ix Índice de quadros e tabelas Quadro 1 - Anticorpos monoclonais marcados

71

excessiva de citocinas inflamatórias e NO podem resultar em patologia grave (Mosser, 2003).

Convém destacar que o aumento na população de monócitos só foi estatisticamente

significativo no grupo de recém-nascidos com lesão retinocoroideana ativa (ARL), sugerindo

que a persistência da resposta imune mediada por monócitos está diretamente relacionada

com a patologia observada nestes recém-nascidos.

Após essa análise inicial, nós verificamos se havia alguma mudança nas

subpopulações de monócitos. Foi observado aumento de monócitos pró-inflamatórios

(CD14+CD16+HLA-DR++) nos recém-nascidos com toxoplasmose congênita. Alguns estudos

mostraram que os monócitos pró-inflamatórios são importante fonte de IL-12 quando

estimulados por T. gondii (Mordue & Sibley, 2003; Dunay et al., 2010), e também foi

proposto que estas células contribuem diretamente no controle de T. gondii através da

produção de NO, o que inibe a replicação do parasito. O aumento de monócitos pró-

inflamatórios nos recém-nascidos infectados, especialmente aqueles com lesão ativa, é

indicativo de uma forte e persistente resposta pró-inflamatória. O atraso na modulação da

resposta imune pode estar influenciando diretamente no desenvolvimento da patologia

característica da toxoplasmose, principalmente a retinocoroidite, e talvez seja um dos motivos

de maior gravidade nas infecções congênitas observadas no Brasil.

Células NK e células T NK também estavam aumentadas em recém-nascidos

infectados com T. gondii. Nossos resultados mostraram um significativo aumento na

população de células NK citotóxicas CD56dim em recém-nascidos com lesão retinocoroideana

ativa, e uma importante diminuição de células NK imunoreguladoras CD56bright, quando

comparados aos recém-nascidos não infectados. O aumento nas populações e sub-populações

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de células NK e células T NK é um importante fator da resposta imune contra o parasito

(French et al., 2006).

A análise da resposta imune adaptativa mostrou alguns resultados interessantes.

Linfócitos T CD4+ aparentemente estão associados com o fenótipo de lesão ativa. Apesar de

diversos estudos demonstrarem a importância das células T CD4+ no controle da infecção, a

produção de citocinas inflamatórias, principalmente por células T CD4+, está relacionado com

a morbidade na toxoplasmose (Gazzinelli et al., 1996; Lu et al., 2004). Adicionalmente, nós

observamos que o aumento de células T CD8+ está associado com a presença de

retinocoroidite em recém-nascidos. As células T CD8+ desempenham papel efetor

fundamental contra o parasito (Suzuki et al., 1998), além de matarem macrófagos infectados e

macrófagos que foram expostos a antígenos solúveis do parasito (Hakim et al., 1991). Nossos

resultados demonstram que as células T CD8+ podem ser um importante biomarcador de

morbidade nos recém-nascidos infectados pelo T. gondii.

Os resultados do perfil fenotípico das células mononucleares circulantes nos recém-

nascidos com toxoplasmose congênita sugerem maturação da resposta imune. O aumento nas

populações e sub-populações de linfócitos, monócitos e células NK é importante no controle

da replicação do parasito. Porém, a exacerbação da resposta inflamatória pode estar lesando

os recém-nascidos, sendo um fator determinante na patologia observada. Somente os recém-

nascidos com lesões ativas tiveram aumento de leucócitos (especificamente monócitos,

células NK e linfócitos). Mais do que isso, somente esse grupo de recém-nascidos mostrou

aumento nas populações de monócitos pró-inflamatórios e células NK ativas.

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Após a análise das modificações nos perfis fenotípicos celulares, nós verificamos

possíveis alterações na produção de citocinas por parte das células mononucleares circulantes

dos recém-nascidos com toxoplasmose congênita. Nossos resultados mostram um perfil

claramente pró-inflamatório nas células NK dos recém-nascidos infectados, com aumento na

produção de IFN- e TNF-Sabe-se que a produção de citocinas inflamatórias por parte das

células NK é extremamente importante nos estágios iniciais da infecção, auxiliando no

controle do parasito. Além de reconhecerem e matarem células infectadas, as células NK são

a principal fonte de IFN- no início da infecção, sendo tais funções fundamentais para a

sobrevivência do hospedeiro (French et al., 2006; Khan et al., 2006).

A produção de citocinas pelos monócitos mostrou um perfil claramente pró-

inflamatório, porém modulado por IL-10. Como já mencionado anteriormente, a resposta pró-

inflamatória estimulada pelos monócitos é fundamental para controlar a replicação do parasito

e favorecer a sobrevivência do hospedeiro, porém a exacerbação da resposta pró-inflamatória

têm se mostrado prejudicial ao hospedeiro, sendo uma das principais causas da patologia

observada. O aumento na produção da citocina reguladora IL-10 é fundamental para limitar a

inflamação decorrente da atividade contra o parasito. Estudos em toxoplasmose experimental

demonstraram que a ausência de IL-10 está diretamente ligada com a morte do hospedeiro

pela exacerbação da resposta inflamatória e consequente patologia (Gazzinelli et al., 1996).

Além disso, a IL-10 é uma potente antagonista de macrófagos ativados, e a infecção com

patógenos como o T. gondii aumentam a expressão de IL-10 (Gazzinelli et al., 1992; Khan et

al., 1995).

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A análise da produção de citocinas por neutrófilos mostrou um perfil misto, com

aumento na produção das citocinas pró-inflamatórias IL-12 e TNF-, mas com predomínio no

aumento de citocinas reguladoras (IL-4, IL-5, IL-10 ). O aumento na produção de IL-12 tanto

por monócitos quanto por neutrófilos é interessante, haja vista que o aumento na produção de

IFN- anteriormente mostrado nas células NK, é estimulado por essa citocina (French et al.,

2006). Embora o perfil observado na produção de citocinas por neutrófilos tenha sido misto,

convém destacar a predominância de citocinas reguladoras, o que reforça aspectos já

discutidos anteriormente, isto é, a importância dos mecanismos reguladores da resposta pró-

inflamatória com o intuito de preservar o hospedeiro, mesmo que para tal, favoreça também a

persistência do parasito. Confirmando isto, estudos com camundongos deficientes para IL-4

mostram que a mortalidade é significativamente maior do que em camundongos selvagens,

embora uma resposta persistente de IL-4 a longo prazo também seja prejudicial para o

hospedeiro (Roberts et al., 1996), o que reforça a importância do delicado controle da

resposta imune na interação parasito-hospedeiro.

Os resultados referentes a análise da produção de citocinas por parte das células da

imunidade adaptativa também foram interessantes. As células T CD4+ e T CD8+ mostraram

claramente um perfil pró-inflamatório, com aumento na produção de TNF-e IFN-. Não foi

observado aumento na produção de nenhuma citocina reguladora por parte dessas células. É

bem documentado na literatura o importante papel das células T, principalmente durante a

fase crônica, no controle da infecção pelo T. gondii. A depleção dessas duas sub-populações é

necessária para que ocorra a reativação da doença, sendo que o tratamento com anticorpos

anti-CD4 ou anti-CD8 sozinhos não resulta em aumento da patologia ou da morbidade.

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Ambas as sub-populações são capazes de produzir IFN- e acredita-se que CD4+ e CD8+

atuem juntas na prevenção da reativação da toxoplasmose (Gazzinelli et al., 1991).

As células B apresentaram aumento de células produzindo a citocina reguladora IL-10.

Em 2000, Sayles et al., demonstraram a importância das células B na resistência ao T. gondii

através de experimentos com vacinas com taquizoítos atenuados e camundongos deficientes

em células B. A maior susceptibilidade não era causada por deficiência nas funções das

células T ou em menor capacidade de produção de IFN-. Os autores concluíram que a maior

susceptibilidade dos camundongos deficientes em células B estava relacionada com a não

produção de anticorpos que poderiam ter efeito protetor in vivo bloqueando a infecção de

células do hospedeiro por taquizoítos. Em sua discussão, porém, os autores não deixaram de

levantar a hipótese de que a mortalidade dos camundongos deficientes em células B estivesse

relacionada com uma exacerbada produção de citocinas pró-inflamatórias do tipo Th1, e que

outros componentes produzidos pelas células B poderiam de certa forma regular essa forte

resposta inflamatória. De fato, nossos resultados reforçam essa hipótese. As células B foram

as únicas células da resposta imune adaptativa que apresentaram aumento na produção de uma

citocina reguladora, a IL-10. Conforme já discutido anteriormente, a citocina IL-10 é de

fundamental importância no controle da resposta pró-inflamatória. Aparentemente as células

T CD4+ e T CD8+ estão relacionadas com o controle da infecção após replicação dos estágios

iniciais, através da produção de citocinas pró-inflamatórias, resultando no encistamento do

parasito, enquanto as células B estão relacionadas com o controle da resposta pró-

inflamatória, evitando maiores prejuízos ao hospedeiro. Os resultados de atividade celular

observados nas células da resposta imune adaptativa reforçam a idéia de maturação da

resposta imune nos recém-nascidos com toxoplasmose congênita.

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Após a análise da produção de citocinas comparando os recém-nascidos infectados

com aqueles sem infecção, foi verificado se havia diferença na produção de citocinas entre os

recém-nascidos com diferentes formas clínicas da toxoplasmose ocular. O grupo NRL

apresentou um perfil de citocinas predominantemente pró-inflamatório, mediado

principalmente por TNF-. O grupo ARL apresentou um perfil de citocinas misto, mas com

predominância de células produtoras de citocinas pró-inflamatórias, especialmente IFN-.

Exceção feita nos neutrófilos, com aumento de células produzindo citocinas reguladoras. Já o

grupo ACRL apresentou perfil de citocinas predominantemente pró-inflamatório, mediado

por IFN-e IL-12, e modulado por IL-10 produzido por monócitos. Por fim, o grupo CRL

também apresentou perfil predominantemente pró-inflamatório, mediado principalmente por

TNF-, e modulado por IL-10 produzido pelos neutrófilos e pelos monócitos (Anexo 1).

Interessantemente, a citocina pró-inflamatória TNF- estava aumentada somente nos

grupos sem lesão ativa (NRL e/ou CRL) nas diversas células analisadas (células NK,

neutrófilos, monócitos, células T CD4+ e células T CD8+). Outra citocina pró-inflamatória que

apresentou aumento significativo somente nos grupos sem lesão ativa foi IL-1, embora dessa

vez tenha se registrado o aumento somente na população de monócitos. Em trabalho realizado

por Yamamoto et al. (2000), foi observada maior produção de IL-1 e TNF- nos pacientes

com toxoplasmose ocular pós-natal em relação aos pacientes com toxoplasmose sem

sintomatologia ocular, os pacientes com toxoplasmose ocular congênita ou pacientes sem

infecção. Os autores sugerem que a susceptibilidade a lesão ocular, pelo menos nos pacientes

com toxoplasmose ocular pós-natal, está associada com o aumento na produção de IL-1 e

TNF-. Outros estudos também já mostraram que a persistente produção de TNF- está

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associada com maior dano tecidual, principalmente via reativos de oxigênio, promoção da

angiogênese e quebra da barreira ocular (Santos et al., 2001; Khera et al., 2010; Rey et al.,

2013). De fato, acredita-se que o aumento de TNF- pode eventualmente resultar numa

inflamação ocular mais grave com subseqüente envolvimento macular, levando a uma piora

da visão (Rey et al., 2013). Embora nossos resultados tenham sido divergentes com os

estudos apresentados acima, é necessário cautela ao analisá-los. O aumento de IL-1 e TNF-

nos recém-nascidos sem lesão retinocoroideana (NRL) ou com lesão cicatrizada (CRL) pode

realmente ser um indicativo de que, de alguma forma, essas citocinas estejam relacionadas

com mecanismos preventivos e/ou resolutivos da lesão ocular. Uma outra hipótese seria de

que tais recém-nascidos podem estar perto de desenvolver lesão ocular ou reativar lesões

antigas, embora não tenhamos encontrado aumento de células produzindo tais citocinas nos

grupos ARL e ACRL.

IL-12 estava aumentada em todos os subgrupos de TOXO na análise da população de

monócitos. Já IFN- foi encontrada aumentada em todos os subgrupos de TOXO na análise de

células T CD4+, e especificamente nos grupos ARL e ACRL nas células NK e no grupo ARL

nas células T CD8+. Não é surpresa o resultado referente as citocinas IL-12 e IFN-. São duas

citocinas pró-inflamatórias sabidamente essenciais ao controle da infecção nos estágios

iniciais, e manutenção de uma fase crônica assintomática no hospedeiro (Denkers &

Gazzinelli, 1998). Poucas horas após a infecção, IL-12 já está sendo produzida por células

dendríticas e posteriormente por monócitos, sendo fundamental na ativação das células NK e

direcionamento das células T para um perfil Th1, com consequente produção de IFN-

(Hunter et al., 1995; Pifer & Yarovinsky, 2011). Diversos estudos demonstram que a

neutralização da citocina IL-12 é extremamente danosa ao hospedeiro, e impede uma resposta

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pró-inflamatória mediada por IFN- eficiente, levando na maioria das vezes o hospedeiro a

morte (Khan et al., 1994; Hunter et al.,1995). A produção de IFN- é fundamental tanto na

fase aguda quanto na fase crônica da infecção, desempenhando papel importante na

diferenciação de taquizoítos em bradizoítos na fase aguda, além de suprimir a conversão de

bradizoítos em taquizoítos na fase crônica (Jones et al., 1986). Como já discutido

anteriormente, a associação da resposta pró-inflamatória (IL-12 e IFN- no caso) com a

patologia está relacionado com um descontrole da resposta imune, sendo fundamental a

participação das citocinas reguladoras IL-10, IL-27 e TGF- para a proteção do hospedeiro

(Jankovic et al., 2010; Cyktor & Turner, 2011).

A citocina IL-17 apresentou aumento significativo no grupo com lesão ativa (ARL),

quando as populações celulares de neutrófilos e células T CD4+ foram analisadas. A

descoberta da resposta inflamatória Th17 aumentou o interesse no estudo da citocina IL-17,

considerada fundamental nessa nova via da resposta inflamatória. Além do seu papel anti-

Toxoplasma (Kelly et al., 2005), IL-17 estimula a produção de IL-6 e óxido nítrico, e

amplifica a resposta inflamatória local em sinergia com outros mediadores, como IL-1, TNF-

e IFN-Afzali et al., 2007). Além disso, IL-17 amplifica a reposta inflamatória local

recrutando neutrófilos e monócitos aos sítios de infecção através da produção de IL-8, MCP-1

e GM-CSF (Ye et al., 2001; Miyamoto et al., 2003; Kelly et al., 2005). A citocina IL-17 e sua

resposta inflamatória correspondente já haviam sido reportadas durante a infecção por T.

gondii (Kelly et al., 2005; Guiton et al., 2010)

A expansão de células produtoras de IL-17 em toxoplasmose ocular humana foi

demonstrada por Lahmar et al. (2009) que acompanhou padrões de citocinas no soro e humor

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aquoso de indivíduos com toxoplasmose ocular, uveíte e catarata infecciosa ou não infecciosa.

Níveis elevados de IL-17 foram relatados em amostras de humor aquoso de 70% dos

pacientes que apresentavam toxoplasmose ocular. Este aspecto também foi observado com

outro grupo que apresentava doença ocular inflamatória, mostrando que os processos

inflamatórios podem desempenhar papel importante no estabelecimento de lesão ocular. Em

outro estudo foi demonstrado o papel deletério de IL-17 em termos de patologia e controle

parasitário, e que a neutralização dessa citocina está diretamente relacionada com o aumento

de mecanismos reguladores, como as citocinas IL-27 e a expressão de foxp3 (Sauer et al.,

2012). Nossos resultados corroboram os achados de Lahmar et al. (2009), já que somente o

grupo de crianças com lesão retinocoroideana ativa (ARL) apresentou aumento significativo

de células produtoras de IL-17.

Nossos dados mostraram aumento na população de monócitos produtores da citocina

pró-inflamatória IL-6 e de neutrófilos produtores da citocina reguladora IL-5 somente no

grupo com lesão retinocoroideana ativa (ARL). IL-6 é uma citocina pleiotrópica produzida

por diversos tipos de células, tais como monócitos ativados, fibroblastos, células endoteliais e

linfócitos T e B (Van Snick, 1990). É altamente indutível e é produzida em resposta a uma

série de estímulos inflamatórios, tais como a IL-1, TNF-, produtos virais e bacterianas

(Terry et al., 2000). Além disso, IL-6 contribui para a diferenciação e/ou ativação de

macrófagos e células T e para o crescimento e diferenciação terminal de células B (Van

Snick, 1990). Na toxoplasmose ocular, a IL-6 foi anteriormente detectada no humor vítreo de

gatos e seres humanos (Murray et al., 1990, Lappin et al., 1997). Estudos demonstraram que a

infecção in vitro de células epiteliais do pigmento da retina humana com T. gondii induz IL-6

e inibe a apoptose destas células (Nagineni et al., 2000). A citocina IL-5 é principalmente

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produzida por células T e mastócitos e desempenham um papel importante na imunidade da

mucosa. IL-5 está principalmente associada com a capacidade de induzir eosinofilia, e têm se

mostrado importante na indução de uma resposta do tipo Th2 através da habilidade dos

eosinófilos de produzirem IL-4 nos estágios iniciais da infecção. Foi demonstrado que IL-5

não só atua em sinergia com IL-2 e IL-4 para induzir a produção de anticorpos pelas células

B, mas também, juntamente com TGF- pode aumentar a produção de IgA pelos tecidos

linfóides da mucosa, sendo reconhecida a importância de IgA na inibição da invasão de

enterócitos pelo T. gondii (Mack & McLeod, 1992). Nossos achados corroboram Nickdel et al

(2001), que relataram maior susceptibilidade a infecção aguda e patologia mais grave em

camundongos selvagens, em relação aos nocaute para IL-5.

Entre as perspectivas futuras após a realização deste estudo está a análise da resposta

imune desses recém-nascidos após um ano de tratamento, comparando com os resultados

obtidos aqui. Além disso, existe a possibilidade de novos recém-nascidos participarem do

projeto, permitindo novas análises que não foram possíveis nesse estudo, como a análise de

células dendríticas nos estágios iniciais da infecção.

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6. CONCLUSÕES

Recém-nascidos com toxoplasmose congênita apresentaram perfil fenotípico e

funcional de leucócitos diferente daquele apresentado pelos recém-nascidos sem infecção.

Foi observado nos recém-nascidos infectados: aumento de monócitos pró-

inflamatórios; aumento das populações e subpopulações de células NK e células T NK;

aumento de linfócitos, T CD8+, T CD4+CD8+, CD4+HLA-DR+, CD8+HLA-DR+, CD19+ e

CD19+CD5+.

Recém nascidos com toxoplasmose congênita apresentaram população de neutrófilos

com perfil misto de citocinas, monócitos com perfil pró-inflamatório modulado por IL-10,

células NK com perfil pró-inflamatório, células T CD4+ e T CD8+ com perfil pró-

inflamatório e células B com papel modulador através da síntese de IL-10.

Recém-nascidos apresentando diferentes formas clínicas da doença ocular também

apresentaram diferentes perfis fenotípicos e funcionais de leucócitos entre si.

Recém-nascidos com lesão ocular, seja ativa ou cicatrizada, apresentaram aumento

de linfócitos TCR, T CD8+ e T CD8+HLA-DR+, indicando que tais células podem

funcionar como importantes biomarcadores de morbidade.

Recém-nascidos com lesão retinocoroideana ativa se caracterizaram pelo aumento de

monócitos pró-inflamatórios, células NK, células NK ativas, células NKdim e linfócitos T

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CD4+HLA-DR+. Além disso, apresentaram aumento de neutrófilos produtores de IL-5 e IL-

17, e linfócitos T CD4+ produtores de IL-17.

Recém-nascidos que não apresentaram lesão retinocoroideana ativa se caracterizaram

pelo aumento de monócitos produtores de IL-1 e de células produtoras de TNF-

indicando que o aumento na produção de tais citocinas pode ser um importante indicador

de proteção ou resolução da lesão ocular.

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101

8. ANEXOS

Neutrófilos

Monócitos

Células NK

Células T-CD4+

Células T-CD8+

Células B

Neutrófilos

Monócitos

Células NK

Células T-CD4+

Células T-CD8+

Células B

Neutrófilos

Monócitos

Células NK

Células T-CD4+

Células T-CD8+

Células B

Neutrófilos

Monócitos

Células NK

Células T-CD4+

Células T-CD8+

Células B

NRL ARL

ACRL CRL

Anexo 1: Diagrama mostrando as principais alterações na atividade celular observado em cada um dos gruposclassificados de acordo com a análise clínica oftalmológica.

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102

Anexo 2: Parecer favorável do comitê de ética para realização do trabalho.