Angola - Museu do Dinheiro - Banco de Portugal · e usadas como ornamento e moeda corrente no Reino...

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1. ZIMBOS | Angola | Ilha de Luanda | Nácar

Os zimbos eram pequenas conchas recolhidas na ilha de Luanda e usadas como ornamento e moeda corrente no Reino do Congo. São já referidas por Duarte Pacheco Pereira e Rui de Pina nos iní-cios do século XVI. Circularam também como moeda de trocos na Luanda portuguesa até à 2.ª metade do século XVII e eram utiliza-dos na compra de escravos ao Congo.

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2. CAURINS | Maldivas | Nácar

Originários do Índico, os caurins terão sido intro-duzidos nas trocas africanas pelos mercadores muçulmanos e usados como dinheiro no Mali pelo menos desde o século XIV. Até ao século XVIII, os caurins foram um dos meios de paga-mento usados no comércio de escravos. Na 1.ª metade do século XVI, os portugueses impor-tavam-nos do Índico em grandes quantidades para utilização no comércio com a Guiné, Benim e Congo.

3. PANO KUBA | Sudoeste do Congo | Século XX | Ráfia

Embora date do século XX, este pano do povo Kuba (Congo) remete-nos para a importância dos têxteis no comércio com as populações africanas. Em Angola e no Congo, no século XVII, utilizavam-se vários tipos de panos de ráfia (cundes, endebos, enfulas, libongos) como moeda. Os libongos, provenientes do Luango, eram usados na aquisição de escravos e tam-bém no pagamento das tropas portuguesas em Luanda.

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4. MANILHA SENUFO | África Ocidental | Século XIX | Latão

As manilhas foram uma das mais importantes mercadorias usadas pelos europeus no comércio de escravos africanos. Eram de ferro e especialmente de cobre e de latão. Os portugueses importavam grandes quantidades de Antuérpia, nos séculos XV e XVI. Para os inícios do século XVI, Duarte Pacheco Pereira relata a aquisição de escravos na Nigéria e no Benim por 12 a 15 manilhas de latão. No século XVIII, as manilhas de produção inglesa tornaram-se a referên-cia no mercado.

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5. MOEDAS DE OURO | D. Pedro II a D. João VI | 1703-1822 | Ouro

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6. BARRINHAS DE OURO | D. Maria I a D. João VI | 1796-1821 | Ouro

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7. 640 RÉIS D. Pedro II | Rio de Janeiro | 1699 | Prata

8. MOEDA (4000 RÉIS) D. Pedro II | Baía | 1695 | Ouro

BRASIL

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9. 20 RÉIS D. Pedro II | Porto | 1694 | Cobre

10. 1 MACUTA D. José | Lisboa | 1763 | Cobre

ANGOLA

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11. 30 RÉIS D. João V | Moçambique | 1725 | Cobre

12. 4000 RÉIS D. José | Lisboa | 1755 | Ouro

MOÇAMBIQUE

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13. Ação de 400 000 réis | Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba | 24-12-1759

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14. 10 angolares | Angola | 1926

Em Portugal, a escravatura acabou oficialmente apenas em 1878. Contudo, o regime de exploração da mão-de-obra africana persistiu nas colónias sob outras formas até ao Estado Novo, que continuava a olhar as populações africanas como inferiores.Na frente desta nota de Angola, denominada em angolares, pode observar-se uma repre-sentação de populações indígenas no seu estado “primitivo”, tendo por pano de fundo uma imagem e vetor de modernidade e civilização: o caminho-de-ferro. Uma modernidade cons-truída, na verdade, com recurso a mão-de-obra forçada de origem africana.Curiosamente, no mesmo ano (1926) em que se publicava o decreto que criava o angolar e ao abrigo do qual se emitiu esta nota, o Estado promulgava o Estatuto do Indigenato, que con-sagrava a inferioridade jurídica e a subalternidade da maior parte das populações africanas.

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15. 1000 francos | África Ocidental Francesa | 1937-1945

A França foi uma das principais potências coloniais europeias dos séculos XIX e XX. O país administrava um vasto império colonial essencialmente africano, concentrado nos territórios do Magrebe e da África Ocidental.Esta nota de 1000 francos, destinada aos territórios da África Ocidental francesa, surge numa época em que o colonialismo francês estava no seu auge e alia eficazmente arte e ideologia. O centro das duas faces da nota é ocupado por uma composição alegórica em que uma figura feminina, vestida e ornada com uma coroa de oliveira — a França metropolitana —, abraça e protege com o seu manto uma mulher negra e o seu filho, representados nus.A iconografia desta nota remete-nos para uma ideologia colonial paternalista, de proteção e condução das populações negras indígenas, consideradas incapazes de se governarem a si próprias sem orientação, e igualmente para uma ideia de superioridade moral, civilizacional e racial do branco europeu face ao negro.

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16. 1000 dobras | São Tomé e Príncipe | 1977

Após mais de 10 anos de conflito armado, as colónias portuguesas em África fizeram preva-lecer o seu direito à autodeterminação e adquiriram a independência. A instauração da nova ordem política passou também por uma renovação simbólica e identitária que englobava necessariamente a moeda. As imagens dos heróis libertadores e fundadores da pátria foram por isso introduzidas na iconografia das novas notas.Nesta nota de São Tomé e Príncipe, o Estado fez inscrever, entre outros elementos, uma efígie imaginária do rei Amador, líder da grande revolta de escravos que abalou São Tomé em 1595. Amador acabou por ser capturado e executado publicamente de forma brutal e exemplar. Por isso, aos olhos do novo Estado independente, Amador transformou-se num herói-mártir da nação e num símbolo de resistência e libertação contra a escravatura e o poder colonial. O episódio é oficialmente relembrado através do feriado nacional de 4 de janeiro, dia da execução de Amador.