Ancylostoma Duodenale e Necator Americanos

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ANCILOSTOMÍASE Ancylostoma duodenale e Necator americanos, se assemelham muito quanto a biologia, patogenia, diagnostico, epidemiologia, profilaxia e tratamento. Causam grave anemia e provocam uma deficiência no crescimento físico e metal das crianças. O A. duodenale é mais frequente no hemisfério norte, mas ocorre na América Latina também. O N. americanos é mais frequente nas Américas, África e Ilhas do Pacífico, incluindo aí Austrália. MORFOLOGIA E HÁBITAT Esses parasitos vivem presos à mucosa duodenal pela cápsula bucal, que apresenta uma grande diferença entre as duas espécies: em A. duodenale a cápsula é munida de dentes, enquanto em N. americanos a cápsula contém placas cortantes. Esses vermes medem cerca de 1,0 cm de comprimento. Os machos terminam por uma dilatação, chamada de bolsa copuladora. As outras formas são: ovos, eliminados pelas fezes; larvas rabditoides (medindo 400 micrômetros) e larvas filarioides (medindo 500 micrometros), encontradas em terreno argilo- arenoso, sombreado e úmido ( conforme observado em moitas de bananeiras). CICLO BIOLÓGICO Ciclo biológico é monoxênico, mas necessita de uma fase no solo para saída (eclosão) das larvas de dentro dos ovos e transformação dessas larvas rabditoides (L1) (que saíram dos ovos) em larvas intermediárias (L2) e larvas filarioides infectantes ( L3). Essas larvas são conhecidas como “larvas embainhadas”, pois a cutícula de L2 protegendo a L3, infectante. Esta forma vive de um a seis meses no solo úmido e pode infectar o paciente de duas maneiras: 1) por penetração ativa na pele ou

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ANCILOSTOMÍASE

Ancylostoma duodenale e Necator americanos, se assemelham muito quanto a biologia, patogenia, diagnostico, epidemiologia, profilaxia e tratamento.

Causam grave anemia e provocam uma deficiência no crescimento físico e metal das crianças.

O A. duodenale é mais frequente no hemisfério norte, mas ocorre na América Latina também. O N. americanos é mais frequente nas Américas, África e Ilhas do Pacífico, incluindo aí Austrália.

MORFOLOGIA E HÁBITAT

Esses parasitos vivem presos à mucosa duodenal pela cápsula bucal, que apresenta uma grande diferença entre as duas espécies: em A. duodenale a cápsula é munida de dentes, enquanto em N. americanos a cápsula contém placas cortantes.

Esses vermes medem cerca de 1,0 cm de comprimento. Os machos terminam por uma dilatação, chamada de bolsa copuladora. As outras formas são: ovos, eliminados pelas fezes; larvas rabditoides (medindo 400 micrômetros) e larvas filarioides (medindo 500 micrometros), encontradas em terreno argilo-arenoso, sombreado e úmido ( conforme observado em moitas de bananeiras).

CICLO BIOLÓGICO

Ciclo biológico é monoxênico, mas necessita de uma fase no solo para saída (eclosão) das larvas de dentro dos ovos e transformação dessas larvas rabditoides (L1) (que saíram dos ovos) em larvas intermediárias (L2) e larvas filarioides infectantes ( L3). Essas larvas são conhecidas como “larvas embainhadas”, pois a cutícula de L2 protegendo a L3, infectante.

Esta forma vive de um a seis meses no solo úmido e pode infectar o paciente de duas maneiras: 1) por penetração ativa na pele ou mucosas da boca; 2) por ingestão das larvas junto com água ou alimentos. A complementação do ciclo se dará de acordo com via de contaminação:

a. Quando a infecção é via cutânea ou mucosa, as larvas caem na corrente sanguínea, migram para o coração. Depois para os pulmões, perfuram os alvéolos, sobem a árvore brônquica e ao chegar na faringe podem ser eliminadas ( cuspidas junto com a expectoração produzida) ou ser deglutidas e completarem o desenvolvimento no intestino delgado ( duodeno). Cerca de 30 dias após a infecção cutânea, os helmintos iniciam a postura de ovos que saem nas fezes.

b. Quando a infecção é oral, as larvas chegam ao duodeno e completam o ciclo aí. Cerca de 30 dias depois os vermes já estão adultos e eliminando ovos nas fezes.

PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA

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Provocam alterações locais e sistêmicas (em todo o organismo). Assim, a sintomatologia pode apresentar três fases, com os respectivos sintomas:

1. Cutânea: ocorre pela penetração de dezenas de larvas na pele (pés descalços, nádegas – quando a pessoa senta no solo vestindo calção ou maiô). Esta fase pode não ser percebida, mas quando o é, o paciente queixa-se de uma reação urticariforme, com prurido, eritema e edema.

2. Pulmonar: ocorre durante a passagem das larvas pelos pulmões, ocasionando febre, tosse produtiva (isto é, com liberação de muco conforme ocorre em outros helmintos que apresentam o ciclo pulmonar, tais como o estrongiloídes, o áscaris) e até mesmo a síndrome de Loefler ( pneumonite alérgica). A fase pulmonar pode durar cerca de trinta dias.

3. Intestinal: havendo a presença de grande número de helmintos presos à mucosa duodenal, o paciente queixa-se de dor na porção alta e direita do abdome, apresenta febre, fraqueza e diarreia sanguinolenta. Em infecções menores e crônicas, essa sintomatologia é variável e de longa duração, especialmente o quadro pulmonar e intestinal. Em presença dos helmintos no duodeno, o paciente (especialmente crianças) desenvolvem uma típica anemia ferropriva. Dessa forma, a criança subnutrida e parasitada terá um retardamento do desenvolvimento físico e mental, ou seja, não crescerá em estatura e terá dificuldades de aprendizagem. Em decorrência dessa anemia crônica, essa doença é também chamada de “amarelão” e “opilação”.

DIAGNÓTISCOExame de fezes e achado dos ovos típicos.

EPIDEMIOLOGIA Distribuição geográfica: mundial, isto é, em todas as áreas subdesenvolvidas do mundo. Fonte infecção: humanos parasitados.Forma de transmissão; larvas filarioides ( L3) infectantes;Veículo de transmissão: solo argilo-arenso, úmido e sombreado;Via de Penetração: penetração ativa de larvas na pele ou ingestão das mesmas junto com água e alimentos contaminados pela L3.

PROFILAXIA A profilaxia dessa geo-helmintose ( helmintos que dependem do solo para se desenvolver) consta basicamente do tratamento em massa da população, instalação de serviços de esgoto, uso de calçados, educação sanitária, ambiental e cívica. TRATAMENTO A terapêutica dessas helmintoses deve ser feita procurando-se atingir dois objetivos: eliminar os parasitos pelo uso de medicamentos específicos, promover a reposição de ferro, que pode ser obtida pela melhoria da alimentação ( dieta rica deste elemento) e uso de sulfato ferroso.

ENTEROBIOSE

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Denomina-se enterobiose a doença provocada pelo Enterobius vermicularis, alguns ainda chamam a doença provocada por esse verme de oxiurose.Ampla distribuição geográfica, muitos países e diversas classes sociais, porém, é mais frequente entre as crianças que vivem em ambientes mais restritos.

AGENTE ETIOLÓGICO Filo: Nematoda;Classe: Sercenentea;Família: Oxyuridae;Espécie: Enterobius Vermicularis.

MORFOLOGIA E HÁBITAT Vermes adultos pequenos, medem cerca de 1 cm e vivem no ceco. As fêmeas grávidas são encontradas na região perianal. Os ovos usualmente não são elimanados junto com as fezes, pois as fêmeas grávidas os liberam junto ao ânus, razão pela qual os ovos podem ser encontrados nessa área ou nas roupas de dormir.CICLO BIOLÓGICOApós a cópula, os machos são eliminados e as fêmeas repletas de ovos se dirigem a região anal, especialmente durante a noite. Os ovos elimandos nessa região já contêm larvas de segundo estádio ( L2), que pouco tempo depois se transformam em larvas infectantes ( L3) dentro dos ovos, os quais são ingeridos através de alimentos ou mãos sujas.chegando ao intestino essas larvas eclodem e se dirigem para o ceco onde se transformam em vermes adultos; os machos morrem dentro de 15 dias e as fêmeas se dirigem para o ânus cerca de 50 a 60 dias depois da ingestão de ovos larvados, quando também morrem.

PATOGENIAA única manifestação frequente dessa parasitose é o prurido anal, provocado pela presença de fêmeas grávidas. Alguns casos de apendicite provocada por vermes adultos já foram encontrados. Raramente os ovos presentes na região anal liberam larvas, mais quando isso acontece elas podem penetrar no intesntino grosso, promovendo a reinfecção ( retroinfecção) do paciente. No caso e mulher as larvas podem penetrar na vulva e provocar vaginite, metrite e ovarite.

DIAGNÓSTICOExame da “fita gomada” (ou método de Gaham), através do qual se adere (pela manhã) uma fita gomada transparente na região perianal, que depois é aderida a uma lâmina de vidro examinada ao microscópio. O exame de fezes de rotina não é eficiente, pois raramente surgem ovos desse parasito nas fezes do paciente. EPIDEMIOLOGIADistribuição geográfica mundial. Fonte de Infecção: os próprios humanos, onde um paciente infectado pode contaminar todo o ambiente, principalmente se for hábito sacudir pijamas e roupas de cama, responsável pelo espalhamento dos ovos.Forma de transmissão, ovos larvados

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Veículo de transmissão: alimentos, poeira ou mãos contaminadas;Via de penetração: boca.

PROFILAXIATratamento das pessoas infectadas; não sacudir roupas de cama ou pijamas de pacientes, que devem ser fervidas. O uso de aspirador de pó em domicílios e creches infectados é uma medida eficiente, desde que aplicável.

TRATAMENTOFácil tratamento e se não ocorrer reinfecção haverá cura espontânea, pois as fêmeas são eliminadas cerca de dois meses após a contaminação.

ASCARIDÍASE Doença provocada pelo Ascaris lumbricoides. Esse parasito é de distribuição geográfica mundial, e como ocorreu com o Trichuris trichiura, seus ovos foram encontrados em coprólitos, acompanhando a migração humana desse os primórdios da humanidade.A ascaridiose é uma doença grave, pois acomete milhões de pessoas, especialmente crianças, tornando-as debilitadas, afetando-as física e intelectualmente.Esse helminto é popularmente denominado lombriga, de onde se derivou a palavra ‘lombrigueiro” como sinônimo de vermífugo.

AGENTE ETIÓLOGICOFILO: Nematoda;CLASSE: Sercenentea;FAMÍLIA: ascarididae;ESPÉCIE: Ascaris lumbricoides

MORFOLOGIA E HÁBITATMacho mede cerca de 20 cm de comprimento e a fêmea próximo a 35 cm. Vivem no intestino delgado humano, produzindo grande quantidade de ovos, os quais são cobertos por uma película mamilonada, de cor castanha (semelhamte a do abacaxi).Esses ovos possuem uma massa de células quando são eliminados nas fezes.

CICLO BIOLÓGICO

Machos e fêmeas se acasalam e as fêmeas eliminam grande quantidade de ovos(cerca de 200 mil por dia, durante um ano), os quais chegam ao meio exterior contendo uma malha de células. Estando em ambiente sombreado e úmido, em quinze dias já é possível encontrar no interior de cada ovo uma larva( L1), que em mais de 15 dias se transforma em L2 e com mais quinze dias se transforma em L3 infectante dentro do ovo.

Esses ovos infectantes são ingeridos por nova pessoa, no intestino da qual as larvas eclodem, penetram na mucosa do intestino grosso e caem na corrente sanguínea; passam pelo fígado e depois se diregem para o coração, alcançando os pulmões. Em seguida perfuram os alvéolos,

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sobem a árvore brônquica e chegam até a faringe, onde podem ser expelidas junto com o muco produzido ou ingeridas. Chegam então ao intestino delgado, onde se transformam em machos ou fêmeas. Trinta dias depois iniciam a oviposição( da ingestão dos ovos até as fêmeas comecem a oviposição, passam cerca de 60 dias).

PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA A patogenia da ascaridíase pode apresentar duas fases:1.Pulmonar, ocasionada pela passagem das larvas, com manifestações semelhantes ás dos helmintos que possuem ciclo pulmonar: tosse produtiva,febre e síndrome de Loefler.2. Intestinal, bastante variada, dependente do número de parasitos presentes. Assim,em infecções maiores (100 vermes ou mais) os pacientes apresentam depauperamento físico, magreza, palidez, tristeza e barriga aumentada de volume.

DIAGNÓSTICOExame de fezes por método de rotina e achado de ovo característico.

EPIDEMILOGIA

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA: mundial;FONTE DE INFECÇÃO: os próprios humanos;FORMA DE TRANSMISSÃO: ovos contendo larva infectante;VEÍCULO DE TRANSMISSÃO: alimentos contaminados, mãos sujas, água, poeira, moscas;VIA DE PENETRAÇÃO: boca.

Os ovos dos áscaris permanecem viáveis por mais de um ano nos ambientes domésticos e são resistentes a diversos detergentes e desinfetantes, inclusive hipoclorito de sódio.

PROFILAXIACuidar da higiene pessoal, lavar verduras, beber somente água filtrada, proteger alimentos contra moscas e poeira, reivindicar saneamento básico, contar com educação sanitária, cívica e ambiental.

TRICURÍASE

Trichuris trichiura , parasita de distribuição geográfica mundial e sempre associada a baixas condições sociais e sanitárias da comunidade.

AGENTE ETIOLÓGICOFILO: Nematoda;CLASSE: Sercenentea;FAMÍLIA: Trichuridae;ESPÉCIE: Trichuris trichiura.

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MORFOLOGIA E HÁBITAT O Trichuris apresenta as seguintes formas: fêmeas e machos, que vivem mergulhados na mocosa do intestino grosso humano, especialmente o ceco e colo ascendente; ovos são elimandos juntamente com as fezes, contendo uma massa de células, que no meio exterior, dão origem à larvas larvas (L1), que por sua vez permanecem infectantes no solo por cerca de um ano.Vermes adultos medem cerc de 4,0 cm, apresentam a extremidade anterior muito fina e a posterior mais espessa, conferindo ao helminto a figura de um “chicote”. O macho possue a extremidade posterior rescurvada, enquanto na fêmea essa extremidade é retilínea.

CICLO BIOLÓGICO

O ciclo desse helminto é muito simples: as fêmeas expelem grande quantidade de ovos todos os dias( cerca de 7.000 ovos por dia), que são liberados para o exterior junto com as fezes, contendo apenas uma massa de células. No meio externo sombreado e úmido, essa massa de células dá origem a uma larva (L1), dentro do ovo, que permanece infectante por um ano. Como ocorre em vários helmintos ( e com cistos de protozoários intestinais), os ovos posteriormente podem ser disseminados por moscas, poeira etc e ingeridos junto com alimentos ou água. Os ovos chegam ao intestino delgado onde liberam as larvas, que migram para o intestino grosso, onde se fixam e penetram na mucosa. Neste local elas sofrem quatro mudas e se transformam em vermes adultos. Cerca de dois três meses após a ingestão dos ovos larvados, o paciente inicia a eliminação de ovos pelas fezes. Os vermes adultos vivem cerca de dois a três anos.

PATOGENIA

A grande maioria dos pacientes com tricuríase ( também denominada de tricuríase ou tricucefalose, em razão do antigo nome), não apresenta sintomas ou alterações significativas. Nos casos de infecções maciças, observa-se diarreia, nervosismo, insônia, emagrecimento, anemia, tenesmo. Em alguns pacientes com infecções elevadas pode ocorrer o prolapso retal durante ou não intervalo das evacuações.

DIAGNÓSTICO

Exames de fezes, usando-se métodos de rotina.Ciclo biológico de Trichuris trichiura:

1. Ovos saindo nas fezes humanas contendo uma massa de células;2. Ovos contendo uma larva dentro;3. Larva infectante ( L1) no interior do ovo, contaminando alimentos;4. Ingestão de ovos contendo a L1 infectante no seu interior; sem desenvolver o ciclo pulmonar,

as larvas se desenvolvem no trajeto intestinal até se transformarem em vermes adultos, que penetram na mucosa do intestino grosso.

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EPIDEMIOLOGIA

Distribuição geográfica mundial, especialmente nas áreas mais pobres e desenvolvidas; Fonte de infecção: os humanos ( suínos e cães possuem um parasito muito semelhante ao que

atinge os humanos, mas parece que este não infecta a nossa espécie). Forma de transmissão: ovos contendo larva infectante em seu interior; Veículo de transmissão: mãos sujas, alimentos e água contaminados com ovos larvados; Via de penetração: boca.

É muito semelhante a epidemiologia da tricuríase com a do Ascaris lumbricoides, razão pela qual é muito comum os pacientes serem infectados pelos dois parasitos. A carência de esgotos, a falta e higiene pessoal, a ausência de serviços de água potável e as baixas condições sociais são os fatores que mais influenciam para a ocorrência desses parasitos.

PROFILAXIA

Consiste no tratamento das pessoas infectadas e na adoção e serviços sanitários, juntamente com a adoção sanitária, cívica e ambiental, conforme mostrado acima.TRATAMENTODrogas terapêuticas.