Anatomia

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1 Anatomia do Sistema Digestório Lunna Pereira O Sistema Digestório 1. A Cavidade Oral A cavidade oral é o primeiro segmento do canal alimentar (também denominado trato digestório ou trato gastrintestinal), e está localizada no terço inferior da face. É delimitada anteriormente pelos lábios, superiormente pelo palato duro, lateralmente pelas bochechas, posteriormente pelo palato mole (se comunica posteriormente com o istmo das fauces), e inferiormente pelo assoalho muscular da cavidade oral. É formada pela língua, pelos arcos alvéolo-dentais maxilar e mandibular, pelos dentes e pelos óstios dos ductos das glândulas salivares maiores e menores. A parte mais interna aos alvéolos dentais (ou seja, toda a região que se localiza atrás da parte posterior dos alvéolos dentais) é denominada Cavidade da Boca, ou Cavidade Oral Propriamente Dita; e a parte mais externa aos alvéolos dentais (ou seja, a região que se localiza entre a face anterior dos alvéolos dentais e as paredes internas da bochecha e dos lábios) é chamada de Vestíbulo da Boca. O Sistema Digestório é constituído por um canal alimentar longo (formado por cavidade oral, faringe, esôfago, estômago e intestinos delgado e grosso), e por órgãos anexos que auxiliam no processo de digestão (que são o fígado, o pâncreas, as glândulas salivares e a vesícula biliar). Tem a função de promover a digestão enzimática dos alimentos, e a absorção de nutrientes e outros elementos importantes para o organismo.

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Estudo sobre o corpo

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Page 1: Anatomia

1 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

O Sistema Digestório

1. A Cavidade Oral

A cavidade oral é o primeiro segmento do canal alimentar (também denominado trato digestório ou

trato gastrintestinal), e está localizada no terço inferior da face. É delimitada anteriormente pelos lábios,

superiormente pelo palato duro, lateralmente pelas bochechas, posteriormente pelo palato mole (se

comunica posteriormente com o istmo das fauces), e inferiormente pelo assoalho muscular da cavidade

oral.

É formada pela língua, pelos arcos alvéolo-dentais maxilar e mandibular, pelos dentes e pelos

óstios dos ductos das glândulas salivares maiores e menores. A parte mais interna aos alvéolos dentais (ou

seja, toda a região que se localiza atrás da parte posterior dos alvéolos dentais) é denominada Cavidade da

Boca, ou Cavidade Oral Propriamente Dita; e a parte mais externa aos alvéolos dentais (ou seja, a região

que se localiza entre a face anterior dos alvéolos dentais e as paredes internas da bochecha e dos lábios) é

chamada de Vestíbulo da Boca.

O Sistema Digestório é constituído por

um canal alimentar longo (formado por

cavidade oral, faringe, esôfago, estômago e

intestinos delgado e grosso), e por órgãos

anexos que auxiliam no processo de digestão

(que são o fígado, o pâncreas, as glândulas

salivares e a vesícula biliar).

Tem a função de promover a digestão

enzimática dos alimentos, e a absorção de

nutrientes e outros elementos importantes para

o organismo.

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2 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

1.1 Lábios Superior e Inferior

Os lábios superior e inferior (que formam a parede anterior da cavidade oral) delimitam uma fenda

denominada rima da boca, e são unidos lateralmente um ao outro pela comissura labial, que determina o

ângulo da boca. A região de transição entre a mucosa da cavidade oral e a pele, na região dos lábios,

denomina-se área vermelha do lábio (que nada mais é do que os lábios visíveis externamente). Essa área

tem coloração mais avermelhada devido à presença de uma rica rede de capilares sanguíneos que se

evidenciam abaixo da pele extremamente fina dessa região.

No lábio superior, logo acima da área vermelha, existe uma pequena depressão triangular

denominada filtro do lábio superior (no exato ponto de união entre esse filtro e a área vermelha do lábio há

uma discreta elevação chamada tubérculo do lábio superior, que está relacionado com a apreensão de

alimentos e produção de alguns fonemas).

Unindo a asa do nariz à comissura labial existe um sulco discreto denominado sulco nasolabial; e

separando o lábio inferior da região mentual (área do “queixo”) há um outro sulco, mais fundo e

pronunciado, chamado sulco mentolabial.

A vascularização dos lábios é feita, principalmente, pelas artérias labiais superior e inferior; a

drenagem é realizada por veias tributárias da veia facial. A inervação é feita pelos nervos facial, infra-

orbital, mentual e bucal. Vale lembrar que o principal músculo dos lábios é o orbicular da boca.

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1.2 Vestíbulo da Boca

A mucosa que reveste a parede posterior dos lábios é contínua com a que reveste os processos

alveolares, formando uma depressão superior e uma inferior, denominadas fórnices superior e inferior.

Esses fórnices são formados por uma mucosa contínua, que só é interrompida por duas pequenas pregas

medianas chamadas frênulos do lábio superior e inferior, formações fibrosas recobertas por mucosa, que

estão relacionadas com a fonação. A hipertrofia desses frênulos, mais comum no lábio superior, pode

acarretar alterações fonéticas e estéticas, diastemas, a até interferir em restaurações, próteses e

tratamentos ortodônticos.

Entre os músculos masseter e bucinador, há uma pequena formação gordurosa biconvexa

denominada corpo adiposo da bochecha (ou Bola de Bichat) que comumente é foco de processos

infecciosos dentários que formam abcessos, e nos recém nascidos tem função de auxiliar no processo de

sucção. O principal músculo das bochechas é o bucinador.

Na parte interna (mucosa) das bochechas, perto do ângulo da boca, existe um acúmulo de glândulas

sebáceas, que em indivíduos idosos podem estar aumentadas a ponto de se destacarem visualmente na

mucosa, formando manchas amareladas denominadas manchas de Fordyce.

No vestíbulo da boca, a mucosa que reveste o processo alveolar mais próximo ao fórnice é

denominada mucosa alveolar (é uma região mais móvel, bastante avermelhada pela presença de muitos

vasos sanguíneos, com aspecto liso e delicado). Já a mucosa que reveste o processo alveolar mais perto dos

dentes é chamada de gengiva, apresentando coloração rosa pálido, aspecto de casca de laranja, e uma

As bochechas constituem as

paredes laterais da cavidade oral,

delimitando a parte mais externa do

vestíbulo da boca. Internamente, são

revestidas por mucosa, e externamente

(na região da face) por pele. Na região do

segundo molar superior, há a papila do

ducto parotídeo, uma pequena elevação

onde se abre o ducto da glândula

parótida (a maior das glândulas salivares).

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aderência bastante íntima ao osso subjacente. As pequenas projeções de gengiva que entemeiam os dentes

são denominadas papilas interdentais (ou gengivais).

A irrigação do vestíbulo da boca é realizada por ramos das artérias alveolar inferior, bucal e

transversa da face; a drenagem é feita por tributárias das veias facial e temporal superficial, e pelo plexo

venoso pterigóideo; a inervação é realizada pelos nervos facial, bucal e infra-orbital.

1.3 Os Palatos Duro e Mole

O palato duro forma a parede superior da cavidade oral, e é delimitado ântero-lateralmente pelos

processos alveolares das maxilas, sendo contínuo posteriormente ao palato mole. É uma formação óssea

que separa a cavidade oral da cavidade nasal, formada por dois ossos: os processos palatinos das maxilas e

as lâminas horizontais dos ossos palatinos. Toda a região de palato duro é percorrida por diversas artérias

(sendo que a principal é a artéria palatina maior) e nervos.

Percorrendo toda a extensão do palato duro medianamente há uma discreta elevação linear

denominada rafe do palato, que vai da base da úvula palatina, posteriormente, até a papila incisiva,

anteriormente. Da parte mais anterior da rafe do palato, partem pregas mucosas transversais chamadas de

pregas palatinas transversais.

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5 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

Já o palato mole, que é uma formação músculo-membranosa móvel e contrátil, continua

posteriormente com o palato duro e é formado por cinco músculos: tensor do véu palatino, levantador do

véu palatino, palatoglosso, palatofaríngeo, e músculo da úvula. Mais lateralmente, a margem livre do

palato mole se divide em duas pregas: o arco palatoglosso (formado pelo músculo palatoglosso) e o arco

palatofaríngeo (formado pelo músculo palatofaríngeo), que juntos delimitam a fossa tonsilar, onde repousa

a tonsila palatina. Todos esses músculos são inervados pelo nervo vago, com contribuições do acessório

(exceto o tensor do véu palatino, que é inervado pelo trigêmeo).

Quando está em repouso, o palato mole separa a cavidade oral da parte oral da faringe; porém,

durante a deglutição, o palato mole se eleva, separando a parte oral da parte nasal da faringe (o músculo da

úvula contribui nesse processo, fazendo com que a úvula fique mais expandida durante a deglutição).

1.4 O Assoalho da Cavidade Oral

O assoalho da cavidade oral constitui o limite inferior da cavidade oral, e é basicamente formado

pelo músculo milo hióideo. Nessa região, há uma notável elevação na mucosa, formando uma prega

horizontal denominada prega sublingual, onde se abrem vários ductos da glândula sublingual. Essa prega é

interrompida medianamente pelo frênulo da língua, responsável por fixar a língua ao assoalho. Na região de

contato desse frênulo com a prega sublingual, há uma saliência chamada carúncula sublingual, onde se

abrem o ducto da glândula submandibular e o maior ducto da glândula sublingual.

A pele que reveste a parte inferior da língua é fina, deixando transparecer uma rica rede venosa

(cuja principal veia é a veia profunda da língua), que garante a coloração arroxeada dessa região.

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6 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

1.5 As Glândulas Salivares

A glândula parótida, que é a maior glândula salivar, está localizada entre o ramo da mandíbula e o

processo mastóideo, em uma depressão denominada fossa retromandibular. Seus ductos passam pelo

músculo masseter, perfuram o músculo bucinador, e se abrem nas papilas do ducto parotídeo, no vestíbulo

da boca. É percorrida por ramos do nervo facial, artéria carótida externa (e seus ramos terminais), veia

retromandibular e nervo auriculotemporal (apesar disso, é inervada pelos nervos glossofaríngeo e trigêmeo,

e irrigada por ramos da artéria temporal superficial).

Medialmente, as glândulas parótidas se relacionam ao processo estilóide e aos músculos que nele se

inserem; superiormente, se relacionam ao meato acústico externo; posteriormente, ao processo mastóide e

ao músculo esternocleidomastóideo; e anteriormente ao músculo pterigóideo medial e margem posterior do

ramo da mandíbula.

A glândula submandibular, que tem o tamanho aproximado de uma castanha, fica alojada na fossa

(ou fóvea) submandibular, inferiormente ao músculo milo hióideo. Seu ducto excretor, chamado de ducto

submandibular, se abre na carúncula sublingual. Relaciona-se diretamente à veia e à artéria facial. É irrigada

por ramos das artérias lingual e facial, e inervada por ramos do nervo facial (transportados pelo nervo

lingual).

A glândula sublingual se relaciona com o nervo lingual e com o ducto submandibular. É achatada, e

fica alojada na fóvea sublingual, na face medial da mandíbula, superiormente ao músculo milo hióideo.

Possui quinze ductos excretores, que desembocam independentemente no assoalho da cavidade oral, na

prega sublingual, e lateralmente ao frênulo da língua (seu maior ducto desemboca na carúncula sublingual,

As glândulas salivares são

responsáveis pela produção da saliva, e são

divididas em dois grupos distintos: o das

glândulas salivares maiores e o das glândulas

salivares menores.

As glândulas salivares maiores ficam

mais afastadas do revestimento interno da

cavidade oral, onde se abrem por meio de

ductos mais amplos. São representadas por

três tipos de glândulas: a glândula parótida, a

glândula submandibular e a glândula

sublingual.

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7 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

juntamente com o ducto submandibular). Sua irrigação e inervação são semelhantes às da glândula

submandibular.

As glândulas salivares menores são inúmeras, e seus ductos se abrem em diversas partes da

cavidade oral, incluindo regiões próximas ao palato mole, à prega sublingual, na mucosa dos lábios e da

bochecha (sendo que as glândulas salivares menores da bochecha são denominadas glândulas julgais).

Cálculos salivares podem obstruir os ductos das glândulas salivares menores (formando mucoceles) ou

maiores (formando os chamados sialólitos).

1.6 Os Dentes

A primeira dentição, também chamada de dentição primária ou descídua, é constituída por vinte

dentes e termina de se formar por volta dos dois anos de idade. Possui oito dentes incisivos, quatro caninos

e oito molares (não há dentes pré-molares).

Essa dentição é substituída pela permanente, que começa a ser formada por volta dos seis anos de

idade e possui trinta e dois dentes ao todo (sendo oito incisivos, quatro caninos, oito pré-molares e doze

molares). Os dentes incisivos são responsáveis por apreender e cortar alimentos; os caninos são

responsáveis por dilacerar alimentos; já os molares e os pré-molares têm a função de triturar os alimentos.

É importante ressaltar que os dentes mais acometidos pelas cáries são os molares.

O dente é formado por três partes

básicas: a coroa (que é a parte mais externa e

visível do dente), a raiz (que fica mais

internamente nos processos alveolares,

cobertos pela gengiva), e o colo (que é a região

de transição entre raiz e coroa). A maior parte

do dente é formada pela dentina (que delimita

a cavidade polpar, onde existem células, vasos

sanguíneos e nervos), que fica mais

internamente no dente. A dentina é revestida

pelo cemento na parte radicular (região de raiz),

e pelo esmalte na parte coronária (região de

coroa).

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8 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

1.7 A Língua

A língua possui as seguintes partes: um ápice (que é a “pontinha da língua”), um dorso (que é a

região superior da língua, onde ficam as papilas gustativas), duas margens (que são as partes laterais da

língua) e uma superfície inferior (que é a parte de baixo da língua, onde a mucosa é muito fina e repleta de

vasos sanguíneos, e onde se localiza a prega franjada).

ficam próximas ao sulco terminal da língua, são denominadas papilas circunvaladas, que reconhecem o

sabor amargo; nas margens da língua há as papilas folhadas, que reconhecem o sabor azedo; e entre todas

essas papilas, existem papilas filiformes, que garantem o aspecto aveludado da língua, e não estão

relacionadas à gustação. Já a parte pós-sulcal, onde não existem papilas gustativas, é caracterizada pela

presença das tonsilas linguais, circundadas por nódulos linfáticos.

Na parte mais posterior do dorso

da língua, existe um sulco em forma de

letra “V”, chamado de sulco terminal da

língua, que divide o dorso em área pré-

sulcal (ou corpo da língua) e área pós-

sulcal (ou raiz da língua). A área pré-

sulcal é forrada por diversos tipos de

papilas gustativas: as mais anteriores são

chamadas de papilas fungiformes, e são

responsáveis por reconhecer os sabores

doce e salgado; as mais posteriores, que

ficam próximas ao sulco terminal da

língua, são denominadas papilas

circunvaladas, que reconhecem o sabor

amargo; nas margens da língua há as

papilas folhadas, que reconhecem o

sabor azedo; e entre todas essas papilas,

existem papilas filiformes, que garantem

o aspecto aveludado da língua, e não

estão relacionadas à gustação.

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A língua é formada por músculos extrínsecos (genioglosso, ilioglosso, palatoglosso, estiloglosso e

condroglosso) e por músculos intrínsecos (longitudinal superior, longitudinal inferior, transversal e

vertical). A inervação motora desses músculos é feita pelo nervo hipoglosso (exceto o palatoglosso, que é

inervado pelo vago com contribuições do acessório). Os 2/3 anteriores da língua recebem inervação

sensitiva geral do nervo lingual (que é ramo do trigêmeo), e gustativa do nervo corda do tímpano (que é

ramo do nervo facial). Já o terço posterior da língua recebe inervação sensitiva geral e gustativa do

glossofaríngeo. Vale ressaltar que a valécula epiglótica é inervada pelo vago.

2. A Faringe

A faringe é um tubo muscular com mais ou menos 12 centímetros de comprimento, comum aos

sistemas digestório e respiratório. Ela é um canal de passagem para o alimento, direcionando-o da cavidade

oral até o esôfago. Se estende da base do crânio até a margem inferior da cartilagem cricóidea,

anteriormente; e da base do crânio até a 6ª vértebra cervical, posteriormente. Superiormente, a faringe se

limita com o osso esfenóide e com a parte basilar do osso occipital.

A irrigação da faringe é feita pelas artérias faríngea ascendente, maxilar e facial (todas ramos da

artéria carótida externa); a drenagem venosa é realizada por plexos venosos da faringe; a drenagem

linfática é feita para linfonodos cervicais e profundos; a inervação é realizada pelo Plexo Faríngeo

(constituído pelos nervos vago, glossofaríngeo e ramo simpático do gânglio cervical superior).

É anatomicamente dividida em três porções

distintas: parte nasal da faringe (também chamada de

nasofaringe, se localizando posterior ao nariz e

superior ao palato mole), parte oral da faringe

(também denominada orofaringe, fica localizada

posterior à boca) e parte laríngea da faringe (também

denominada laringofaringe, fica posterior à laringe).

A faringe possui duas camadas de músculos:

uma camada circular externa (formada pelos

músculos constritores superior, médio e inferior) e

uma camada longitudinal interna (constituída pelos

músculos palatofaríngeo, estilofaríngeo e

salpingofaríngeo).

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10 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

3. O Esôfago

O esôfago mede aproximadamente 25 centímetros de comprimento e 2 centímetros de diâmetro.

Continua inferiormente com a faringe, se iniciando, portanto, em nível da 6ª vértebra cervical. Seu término

fica no óstio cárdico, uma abertura que comunica o esôfago ao estômago (que recebe a denominação clínica

de esfíncter esofágico inferior). Quando vazio, fica na forma de um tubo achatado; quando cheio, porém,

adquire formato circular. Se fixa à traquéia por uma camada de tecido conjuntivo frouxo; se relaciona

lateralmente aos lobos direito e esquerdo da glândula tireóide, e também com as bainhas caróticas

esquerda e direita.

O esôfago possui, assim como a faringe, duas camadas musculares, sendo uma longitudinal externa

e uma circular interna. Uma característica exclusiva do esôfago é a presença de tipos diferentes de fibras

musculares, dependendo da região esofágica: o primeiro terço do esôfago é formado por musculatura

estriada esquelética, o terço final por musculatura lisa, e o terço intermediário por uma mistura desses dois

tipos de músculo.

Ao longo de seu trajeto, o esôfago possui algumas constrições, que são resultado da diminuição do

tamanho da luz por ação muscular. A primeira delas é a chamada constrição cervical, que fica na junção

faringoesofágica (ou seja, no ponto de união entre faringe e esôfago). É causada pelo músculo constritor

inferior da faringe, e recebe a denominação clínica de esfíncter superior do esôfago. Dos dentes incisivos

até essa constrição cervical, há uma distância média de 16 centímetros.

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A segunda é a constrição bronco-aórtica (também denominada de constrição torácica), que se forma

onde o esôfago é cruzado pelo arco da aorta (a uma distância de aproximadamente 23 centímetros dos

incisivos) e pelo brônquio principal esquerdo (a 27,5 centímetros de distância dos incisivos).

A última é a constrição diafragmática, que surge no ponto em que o esôfago atravessa o hiato

esofágico presente no músculo diafragma (a mais ou menos 40 centímetros dos dentes incisivos). Nessa

região existe um ligamento denominado Ligamento Frenicoesofágico, que permite movimentos

independentes do diafragma e do esôfago. É comum que um pedaço do estômago “invada” esse hiato

esofágico, dificultando a passagem dos alimentos e podendo causar refluxo gastroesofágico (esse refluxo

pode ocasionar a migração de células gástricas resistentes à ácido para a porção final do esôfago, o que é

uma situação patológica).

O esôfago é irrigado pelas seguintes artérias: tireóideas inferiores, brônquicas, esofágicas (que são

ramos diretos da aorta), frênica inferior e gástrica esquerda (que é um dos três ramos do tronco celíaco).

A drenagem venosa é feita pelas veias tireóideas inferiores e pelas veias esofágicas (que drenam

para a veia ázigo). Ocorrem anastomoses entre as tributárias da veia gástrica esquerda e veias esofágicas, o

que permite a comunicação entre o sistema porta e a veia cava superior.

A drenagem linfática é feita pelos vasos linfáticos para os linfonodos paratraqueais e cervicais

profundos inferiores.

A inervação da parte superior do esôfago é somática sensitiva e motora. A parte inferior apresenta

inervação parassimpática vagal, e simpática e sensitiva visceral pelo Plexo Esofágico. A região cervical do

esôfago recebe fibras somáticas através de ramos dos nervos laríngeos recorrentes, e fibras vasomotoras

cervicais dos troncos simpáticos cervicais. Vale lembrar que o nervo vago esquerdo contorna o arco da aorta

e sobe novamente, e o nervo vago direito contorna a artéria subclávia direita e sobe também; esses nervos

que tornam a subir são os nervos recorrentes que inervarão estruturas como a faringe e o esôfago. O

esôfago possui, também, inervação intrínseca realizada pelo Plexo Entérico (constituído pela união dos

Plexos Mioentérico e Submucoso), que é controlado pelo nervo vago e fica entre as camadas musculares.

4. O Estômago

O estômago é uma bolsa muscular que constitui a parte mais expandida de todo o canal alimentar.

Se localiza entre o esôfago e a parte inicial do intestino delgado, denominada duodeno. É importante

ressaltar que a junção esofagogástrica, ou seja, a região de união entre esôfago e estômago, fica localizada

no antímero esquerdo do corpo, em nível da 11ª vértebra torácica (T11). Na grande maioria das pessoas,

esse órgão apresenta formato semelhante à letra “J”, podendo variar de acordo com o biotipo e com o

conteúdo alimentar que estiver sendo armazenado em seu interior. Sua principal função fisiológica é

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12 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

promover a digestão enzimática de proteínas, principalmente, promovendo a formação do quimo por meio

da ação do suco gástrico sobre os alimentos. É interessante saber que o estômago é capaz de se expandir

para acolher um volume de até três litros.

O estômago possui dois óstios diferentes: um mais superior, que recebe a denominação de óstio

cárdico, e fica no ponto de junção entre a última porção do esôfago e a abertura do estômago; e outro mais

inferior, denominado óstio pilórico, que comunica a parte final do estômago com o início do duodeno.

O estômago possui duas curvaturas: a curvatura maior do estômago, e a curvatura menor do

estômago. Essas duas regiões, somadas à parte posterior do óstio cárdico, são as únicas partes do órgão em

questão que não são recobertas por peritôneo (uma vez que são pontos de entrada e saída de vasos

sanguíneos). A curvatura menor forma uma margem côncava, e apresenta em sua parte mais inferior a

incisura angular, que estabelece o limite entre o corpo gástrico e a parte pilórica do estômago. Já a

curvatura maior é mais convexa.

O estômago é recoberto por uma mucosa contínua, que o protege contra a ação ácida do suco

gástrico. Essa mucosa forma estrias longitudinais em todo o seu interior, as chamadas pregas gástricas,

sendo que elas são mais numerosas na parte pilórica e na curvatura maior. Na extensão da curvatura menor,

durante a deglutição, surge uma formação temporária denominada canal gástrico, quando as pregas

gástricas próximas a essa curvatura se organizam de modo a formar longas pregas longitudinais únicas que

O órgão possui quatro partes

principais, e anatomicamente distintas. A

primeira delas é a cárdia, que circunda o

óstio cárdico; após, há o fundo gástrico, que

constitui a parte superior mais dilatada do

órgão, que se relaciona à cúpula esquerda do

diafragma; o corpo gástrico, que é a principal

parte do órgão, ficando entre o fundo

gástrico e o antro da parte pilórica; e a parte

pilórica, que é a região afunilada de “saída do

estômago” (constituída pelo antro pilórico,

pelo canal pilórico, e pelo piloro. Essa última

estrutura, por sua vez, é formada pela união

entre o óstio pilórico e o esfíncter pilórico).

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13 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

facilitam a passagem de saliva, líquido e pequenas quantidades de alimento mastigado, quando o estômago

estiver quase vazio.

O órgão se relaciona anteriormente ao músculo diafragma (ao qual se liga por meio do Ligamento

Gastrofrênico), lobo esquerdo do fígado e parede anterior do abdome. Posteriormente, se relaciona ao

pâncreas e à Bolsa Omental (que é um espaço entre o pâncreas e o estômago, formado por peritôneo. A

face posterior do estômago forma a maior parte da parede anterior dessa bolsa). Vale ressaltar que além do

Ligamento Gastrofrênico, o estômago também possui outros dois ligamentos: o Gastroesplênico (que o liga

ao baço) e o Gastrocólico (que o liga ao colo transverso do Intestino Grosso).

A musculatura gástrica é formada por fibras que se dispõem em três diferentes direções

(longitudinais, circulares e oblíquas), sendo que o espessamento da camada circular é responsável por

formar os esfíncteres do órgão.

A irrigação do estômago é feita, em maior parte, pelo sangue que provém de anastomoses entre as

artérias gástricas direita e esquerda (sendo que a primeira é ramo da artéria hepática comum e a última do

tronco celíaco), que irrigam a curvatura menor. As artérias gastromental direita (que vem da hepática

comum) e gastromental esquerda (que é ramo da artéria esplênica) irrigam a curvatura maior.

A drenagem venosa é realizada pelas veias gástricas direita e esquerda, que drenam para a veia

Porta do Fígado; veias gástricas curtas e veia gastromental esquerda (que drenam para a veia esplênica);

veia gastromental direita, que drena para a veia mesentérica superior. Importante ressaltar que existe uma

veia chamada veia pré-pilórica, que drena para a veia gástrica direita por meio de anastomoses portocavas.

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14 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

A linfa proveniente dos 2/3 superiores do órgão vão para linfonodos gástricos; a que provém do

fundo e corpo parte para linfonodos pancreaticoesplênicos; a proveniente do 1/3 inferior vai para

linfonodos pilóricos; do 1/3 distal da curvatura maior para os linfonodos pancreaticoduodenais e

gastromentais.

A inervação parassimpática é feita pelo tronco vagal anterior (ramos gástricos anteriores) e pelo

tronco vagal posterior (ramos gástricos posteriores). A inervação simpática provém de T6 a T9, nervo

esplâncnico maior e plexo celíaco.

5. O Intestino Delgado

O intestino delgado é o principal local de absorção de alimentos digeridos, e é formado por três

porções: o duodeno, o jejuno e o íleo.

A primeira porção do intestino delgado é chamada de duodeno, e se inicia no piloro (a “saída” do

estômago) em uma região chamada de junção gastroduodenal, que fica à direita no corpo. Tem a forma da

letra “C”, é relativamente curto, e tem seu término na flexura duodeno jejunal (que é o ponto de união

entre o duodeno e a próxima parte do intestino delgado, o jejuno). Essa flexura fica à esquerda no corpo,

mais ou menos no nível da segunda vértebra lombar (L2). Exceto nos seus dois centímetros iniciais, o órgão é

praticamente imóvel.

de 7 a 10 centímetros e ficando localizada à direita das vértebras L1, L2 e L3; nessa região está a Papila

Maior do Duodeno, onde se abre a Ampola Hepatopancreática (formada pela união entre o Ducto

Pancreático Principal e o Ducto Colédoco). A parte horizontal, que também é conhecida como parte inferior,

mede de 6 a 8 centímetros e cruza a vértebra L3; entre essa parte horizontal e a coluna vertebral passam a

O duodeno é dividido em

quatro partes: superior, descendente,

horizontal e ascendente. A superior

(também chamada de Ampola do

duodeno) se inicia logo após o final do

estômago, mede aproximadamente 5

centímetros e fica anterolateralmente

ao corpo da vértebra L1. A

descendente é a parte mais longa e

mais verticalizada do órgão, medindo

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15 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

Veia Cava Inferior, a aorta e o músculo Psoas Maior. A parte ascendente mede cerca de 5 centímetros,

começando à esquerda de L3 e seguindo superiormente até a margem superior de L2.

A maior parte do duodeno está fixada pelo peritôneo a estruturas na parede abdominal posterior,

sendo considerada, portanto, parcialmente retroperitoneal. É importante ressaltar que o duodeno não

apresenta mesentério, que é uma prega peritoneal presente nas outras regiões do intestino delgado. Entre o

duodeno e o fígado, há uma conexão peritoneal denominada Ligamento Hepatoduodenal, que juntamente

com o Ligamento Hepatogástrico forma o chamado Omento Menor.

A parte proximal do duodeno é irrigada pela artéria gastroduodenal (ramo do tronco celíaco) e por

seu ramo, a artéria pancreático-duodenal superior (que pode se anastomosar com a pancreático-duodenal

inferior). A região mais distal do órgão é nutrida pela artéria mesentérica superior, que origina a artéria

pancreático-duodenal inferior. A drenagem venosa é realizada por veias que desembocam na Veia Porta do

Fígado, tanto diretamente quanto por meio das veias mesentérica superior e esplênica. A inervação é feita

pelo nervo vago e por nervos esplâncnicos maior e menor (por meio dos Plexos Celíacos e Mesentérico

Superior).

O íleo é a parte que se inicia após o jejuno, representando cerca de 3/5 do intestino delgado que

segue ao duodeno. Possui artérias retas mais curtas que as do jejuno (portanto é menos vascularizado, e

possui uma coloração rosa clara), tem paredes mais finas, muitos nódulos linfóides (Placas de Peyer), mais

gordura no mesentério, e pregas circulares mais esparsas, baixas ou até ausentes.

A vascularização do jejuno e do íleo é realizada pela artéria mesentérica superior, cujos ramos

seguem entre as camadas de mesentério originando os arcos arteriais e vasos retos. A drenagem venosa é

feita pela veia mesentérica superior. Os vasos linfáticos são especializados nas vilosidades intestinais,

A próxima parte do intestino delgado é o

jejuno, que se inicia na Flexura Duodeno Jejunal

e representa 2/5 de todo o intestino delgado

que segue ao duodeno. A maior parte do jejuno

fica localizada no quadrante superior esquerdo

do abdome. É muito vascularizado (muito mais

do que o íleo, por isso sua coloração é mais

avermelhada), possui artérias longas, paredes

espessas, menos gordura no mesentério, pregas

circulares grandes e altas, e poucos nódulos

linfóides (conhecidos como Placas de Peyer).

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16 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

absorvendo gordura e recebendo a denominação de vasos lactíferos. A inervação é realizada pelos gânglios

e neurônios que formam o Plexo Entérico (que é formado pela união dos Plexos Submucoso e Mioentérico).

6. O Intestino Grosso

O intestino grosso é mais calibroso, porém mais curto que o intestino delgado. É local de absorção

de água e de resíduos indigeríveis do quimo. Se divide em: ceco, colo ascendente, colo transverso, colo

descendente, colo sigmóide, reto e canal anal.

O ceco é a primeira porção do intestino grosso, estando localizado no quadrante inferior direito do

abdome. Tem início no óstio ileal e se estende até o início do colo ascendente. Em sua parte póstero-medial,

possui um pequena extensão denominada Apêndice Vermiforme, que é formado por tecido linfóide, tem de

6 a 10 centímetros de comprimento, e não está relacionado à digestão ou absorção de nutrientes (sua

inflamação, por motivos diversos, causa a patologia chamada apendicite). Esse apêndice é irrigado pela

artéria apendicular (que é ramo da artéria ileocólica) e drenado pela veia ileocólica (que é ramo da veia

mesentérica superior).

Em seu interior, o ceco possui uma pequena saliência conhecida como Papila ileal, que é o ponto de

união entre o final do íleo e o início do intestino grosso. O ceco é vascularizado pela artéria ileocólica (ramo

da artéria mesentérica superior) e drenado pela veia ileocólica (ramo da veia mesentérica superior). Os

vasos linfáticos recolhem a linfa e a drenam para linfonodos ileocólicos. A inervação é feita pelo Plexo

Mesentérico Superior.

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17 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

O colo do intestino grosso é dividido em quatro regiões: o colo ascendente, colo transverso, colo

descendente e colo sigmóide (esse último se separa do reto pela junção retossigmóidea). Essa região do

intestino possui duas flexuras: a flexura cólica direita, também denominada flexura hepática, que fica entre

o colo ascendente e o transverso; e a flexura cólica esquerda, também chamada de flexura esplênica, que

fica entre o colo transverso e o descendente. A flexura cólica esquerda se fixa ao diafragma por meio do

Ligamento Frenocólico.

discretos saquinhos de gordura, chamados apêndices adiposos do colo, pendendo das paredes do intestino

grosso. Essas três estruturas são exclusivas do intestino grosso, sendo inexistentes no intestino delgado.

Do colo transverso pende uma lâmina de peritôneo denominada mesocolo transverso, que divide a

cavidade abdominal em compartimento supracólico (onde ficam o estômago, o fígado e o baço) e

compartimento infracólico (onde ficam o intestino delgado e os colos ascendente e descendente). Esse

mesocolo é equivalente ao mesentério presente no intestino delgado.

Além disso, o colo transverso também é local de fixação do Omento Maior, que é uma estrutura

peritoneal rica em tecido adiposo que se origina na curvatura maior do estômago, descende, e depois torna

a subir para se prender no colo transverso do intestino grosso. O tecido gorduroso desse omento tende a se

expandir muito com o ganho de peso, dando origem à característica de “barriguinha de cerveja”.

O colo é vascularizado por ramos da artéria mesentérica superior (para o colo ascendente, flexura

cólica direita e colo transverso) e da artéria mesentérica inferior (para o colo descendente, sigmóide e

flexura cólica esquerda). Na região de arco justacólico ocorre a anastomose entre as artérias cólica média e

cólica esquerda. A drenagem venosa é realizada por veias tributárias das veias mesentéricas superior e

inferior. A drenagem linfática é feita para linfonodos mesentéricos superiores e inferiores. A inervação do

colo é realizada pelos plexos mesentéricos superior e inferior; a parte mais distal do colo é inervada pelos

nervos esplâncnicos pelvinos por meio dos nervos hipogástricos e plexo hipogástrico inferior.

Em toda a extensão do colo,

exceto na junção retossigmóidea,

existem fitas musculares denominadas

tênias do colo (mesocólica, omental e

livre), que são responsáveis pela

formação de pequenas saculações na

parede do órgão, denominadas

haustrações. Além disso, existem

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18 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

O reto se inicia na chamada junção retossigmóidea, que representa o ponto de encontro entre o

colo sigmóide do intestino grosso e o reto. Possui uma região um pouco mais dilatada, denominada de

ampola do reto. Finaliza na junção anorretal, a partir da qual começa o canal anal. Próximo a essa junção,

existe uma região onde há seios anais (que produzem e liberam muco por meio da abertura das válvulas

anais), separados por colunas anais. A área que fica logo abaixo desses seios chama-se pécten anal, e a linha

que liga as bases de todos os seios anais denomina-se linha pectinada.

O canal anal se estende da face

superior do diafragma da pelve até o

ânus, medindo cerca de 3 centímetros. É

circundado pelos músculos esfíncteres

interno e externo do ânus. Essa região é

comumente acometida por uma patologia

denominada hemorróida, que pode ser

interna (que dói menos, e ocorre onde a

inervação é visceral) ou externa (que dói

mais, e ocorre onde a inervação é

somática).

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19 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

A vascularização do reto e do canal anal é feita pelas artérias retal superior (ramo da mesentérica

inferior), retal média (ramo da ilíaca interna), retal inferior (ramo da ilíaca interna) e sacral mediana (ramo

da aorta). A drenagem é feita por veias retais superior, média e inferior (por essas veias é feita a

anastomose portocava, que liga a veia cava inferior ao Sistema Porta Hepático). A inervação é feita por

Plexos retais superior e médio, e por nervos pudendos (nervos retais inferiores) que provém dos sistemas

simpático e parassimpático.

7. O Pâncreas

O pâncreas é uma glândula mista (endócrina e exócrina, portanto), acessória da digestão, localizada

no nível da segunda vértebra lombar (L2). É um órgão retroperitoneal que fica alojado transversalmente na

cavidade abdominal. Anteriormente se relaciona ao mesocolo transverso do intestino grosso e ao estômago.

À direita se relaciona ao duodeno, e à esquerda com o baço.

cauda), sendo que cada uma dessas regiões estabelece contato com diferentes órgãos, ou partes de órgãos.

O ducto pancreático principal é longo, e vai da cauda até a cabeça do órgão. Na cabeça do pâncreas,

esse ducto geralmente se une ao ducto colédoco para formar a Ampola Hepatopancreática, que se abre na

Papila Maior do duodeno. Já o ducto pancreático acessório é mais curto, e se abre na Papila Menor do

duodeno (geralmente, ele se comunica com o ducto pancreático principal).

A cabeça do pâncreas é a parte mais expandida do órgão e se localiza à direita dos vasos

mesentéricos, sendo envolvida pelo duodeno. A porção mais inferior da cabeça se projeta medialmente para

a esquerda, formando o chamado processo uncinado (que fica posteriormente aos vasos mesentéricos).

Posteriormente, se relaciona às veias renais direita e esquerda, veia cava inferior e artéria renal direita. Na

É responsável por produzir o suco

pancreático (que é liberado no duodeno por

meio dos ductos pancreáticos principal e

acessório), além de hormônios como o

glucagon e a insulina que são liberados

diretamente na corrente sanguínea para

que atinjam as células alvo.

O pâncreas se divide em quatro

partes distintas (cabeça, colo, corpo e

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20 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

região póstero-superior, a cabeça do pâncreas apresenta um sulco onde fica alojado o ducto colédoco, que é

responsável por levar a bile produzida no pâncreas ao duodeno.

O colo do pâncreas, que é a região que fica entre a cabeça e o corpo, se localiza anteriormente aos

vasos mesentéricos superiores. A face anterior do colo é recoberta por peritôneo e fica adjacente ao piloro

do estômago. Posteriormente ao colo as veias mesentérica superior e esplênica se unem para formar a veia

porta do fígado.

O corpo do pâncreas, que se inicia logo após o colo, é a região mais longa do órgão. Está posicionado

sobre a aorta, a veia renal esquerda e a artéria renal esquerda. Fica à esquerda dos vasos mesentéricos

superiores. Sua face anterior é recoberta por peritôneo, e constitui o assoalho da Bolsa Omental.

A cauda é a região final do órgão. Se localiza, juntamente com os vasos esplênicos, entre as lâminas

do Ligamento Esplenorenal. Posteriormente, se relaciona com a veia esplênica e com o rim esquerdo. Já a

artéria esplênica é um vaso que transita superiormente ao corpo e cauda do pâncreas.

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21 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

A irrigação do órgão é feita pelas artérias pancreáticas (que são ramos da artéria esplênica), pela

artéria pancreático-duodenal superior (ramo da artéria gastroduodenal), e pela artéria pancreático-

duodenal inferior (ramo da artéria mesentérica superior). A drenagem venosa é realizada por veias

tributárias da veia esplênica e da veia mesentérica superior. A drenagem linfática é feita para linfonodos

esplênicos, celíacos e hepáticos. A inervação provém dos plexos celíaco e mesentérico superior (formados

por fibras parassimpáticas do nervo vago e simpáticas do nervo esplâncnico torácico).

8. O Fígado

O fígado é uma glândula acessória da digestão, estando localizado na cavidade abdominal. A sua

maior parte fica alojada no hipocôndrio direito (lado direito do corpo). É protegido pelas costelas, e a maior

parte está em contato com o músculo diafragma (toda essa região do órgão que se relaciona diretamente

com o diafragma não é recoberta por peritôneo, e recebe a denominação de Área Nua do Fígado. Além da

área nua, a única região do fígado que não é recoberta por peritôneo é a região Porta do Fígado).

O fígado possui duas faces distintas: a diafragmática e a visceral. A face diafragmática é convexa, e

está em contato com o diafragma; essa face é subdividida em faces superior, anterior e posterior. Já a face

visceral fica voltada inferior e posteriormente, mantendo contato com o duodeno, o colo, estômago,

esôfago e rim (sendo que esses órgãos deixam impressões bastante visíveis nessa região do fígado).

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22 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

Na face visceral, é possível verificar a presença de duas fissuras sagitais (direita e esquerda) e uma

transversa. A fissura sagital direita possui, anteriormente, a fossa da vesícula biliar e, posteriormente, o

sulco da veia cava inferior. Já a fissura sagital esquerda possui a fissura do ligamento redondo (que é

remanescente da veia umbilical do feto) anteriormente, e a fissura do ligamento venoso (que é

remanescente do ducto venoso fetal) posteriormente. Unindo essas duas fissuras, há o Sistema Porta.

Unindo a Porta do Fígado ao duodeno há o Ligamento Hepatoduodenal; e unindo o fígado ao

estômago há o Ligamento Hepatogástrico. Esses dois ligamentos compõem, juntos, o chamado Omento

Menor. Pelo Ligamento Hepatoduodenal passa a Tríade Portal, formada pelo Ducto Colédoco, pela artéria

hepática própria e pela veia porta do fígado (a veia é o elemento mais posterior da tríade, e o ducto

colédoco é o mais anterior).

O fígado possui dois lobos topográficos (direito e esquerdo), divididos pelo Ligamento Falciforme na

face diafragmática. Já na face visceral, as fissuras do ligamento redondo e venoso dividem os lobos direito e

esquerdo do fígado; ainda na face visceral, o lobo direito tem dois lobos acessórios (o lobo caudado, que fica

entre a fissura do ligamento venoso e o sulco da veia cava inferior; e o lobo quadrado, que fica entre a

fissura do ligamento redondo e a fossa da vesícula biliar). Por sua vez, o lobo caudado apresenta dois

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23 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

processos: o processo papilar, que vai em direção ao lobo direito; e o processo caudado, que vai em direção

à Porta do Fígado.

Além dessa divisão anatômica, o fígado também é dividido funcionalmente, com base na

distribuição dos elementos da tríade portal. Na face visceral, há o lobo funcional direito (que fica à direita

do sulco da veia cava inferior e da fossa da vesícula biliar) e o lobo funcional esquerdo (que fica à esquerda

dessas mesmas duas estruturas). Na face diafragmática, os lobos funcionais direito e esquerdo são divididos

por uma linha imaginária que une a fossa da vesícula biliar ao sulco da veia cava inferior. Os lobos funcionais

da face diafragmática são subdivididos em diversos outros lobos.

Os ductos biliares intra hepáticos do lobo funcional direito se unem para formar o ducto hepático

direito. Os do lobo esquerdo se unem para formar o ducto hepático esquerdo. Esses dois ductos, por sua

vez, se unem para formar o ducto hepático comum.

O fígado é irrigado pela artéria hepática própria e pela veia Porta do fígado. A artéria hepática

própria, que se divide em direita e esquerda (sendo que cada uma irriga um lobo funcional diferente) é

responsável por irrigar somente de 20 a 25% do órgão, mais precisamente todo o tecido conjuntivo que fica

ao redor da tríade portal. De 75% a 80% da irrigação provém da veia porta do fígado (formada pela união da

veia mesentérica superior com a veia esplênica), que se divide em ramos direito e esquerdo para nutrir os

lobos funcionais.

A drenagem é feita por veias hepáticas, que drenam diretamente para a veia cava inferior (veias

coletoras se unem para formar essas veias hepáticas).

O fígado é o maior órgão produtor de linfa. Os vasos linfáticos superficiais e profundos da parte

anterior do fígado drenam para linfonodos hepáticos, que drenam para os celíacos, e depois para a cisterna

do quilo. Os vasos linfáticos da região posterior drenam para linfonodos frênicos, depois para os linfonodos

mediastinais, e deles para os ductos torácico ou linfático direito.

9. A Vesícula Biliar

Fica alojada na fossa da vesícula biliar, e se divide em fundo, corpo e colo. Internamente, na região

do colo, há uma prega espiral que mantém a vesícula sempre aberta. O fundo se relaciona com o colo

transverso (ou com a flexura cólica direita). O corpo se relaciona com o duodeno. O colo se relaciona com o

ducto cístico.

O ducto cístico, que fica próximo ao colo da vesícula biliar, se une ao ducto hepático comum para

formar o ducto colédoco. Por sua vez, o ducto colédoco (que transita posterior ao duodeno e na parte

superior da face posterior da cabeça do pâncreas) se une ao ducto pancreático para formar a Ampola

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24 Anatomia do Sistema Digestório – Lunna Pereira

Hepatopancreática, que se abre na papila maior do duodeno. O ducto acessório da vesícula biliar se abre na

papila menor do duodeno.

A vesícula biliar, assim como o ducto cístico, é irrigada principalmente pela artéria cística (que se

origina da artéria hepática direita). A drenagem venosa do colo e do ducto cístico é feita pelas veias císticas,

que entram diretamente no fígado ou drenam através da veia porta para o fígado, depois de se unirem às

veias que drenam os ductos hepáticos e a parte proximal do ducto colédoco; já as veias do fundo e do corpo

da vesícula biliar drenam diretamente para sinusóides hepáticos.

A drenagem linfática é feita para linfonodos hepáticos, por meio dos linfonodos císticos. A

inervação é feita pelo plexo nervoso celíaco (para fibras de dor aferentes viscerais e simpáticas), nervo vago

(parassimpático) e nervo frênico direito.