Análise: Está olhando por quê?

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Carlos Alberto Parreira, técni- co da África do Sul, elogiou a efi- ciência da seleção brasileira e disse que o time está jogando “como se estivesse treinando”, ontem, em sua última coletiva antes de enfrentar a França. Tam- bém elogiou Dunga e os atletas. “O time todo tem muita qualida- de e experiência. Os jogadores estão tão confortáveis em campo que parecem estar treinando”, afirmou. O técnico disse ainda que gostou do que viu na vitória por 3 a 1 contra a Costa do Mar- fim, no domingo. Falando na “condição de torce- dor do Brasil”, o técnico do tetra em 1994 e da campanha fracas- sada em 2006 disse que o que faz a diferença para a seleção é sua eficiência no ataque. “O time tem condições de chegar à frente sem pisar no ace- lerador. Quan- do cria cinco oportunida- des, aproveita três. Temos essa vantagem e isso pode ser o dife- rencial do Bra- sil”, avaliou. / JAMIL CHADE Jamil Chade Luiz Antônio Prósperi ENVIADOS ESPECIAIS JOHANNESBURGO A Fifa deve se pronunciar ainda hoje sobre os incidentes com Dunga e a imprensa após a vitó- ria (3 a 1) do Brasil contra Costa do Marfim, no domingo. O trei- nador pode ser punido com mul- ta ou receber simples advertên- cia pelos xingamentos ao árbitro francês Stephane Lannoy, que apitou o jogo, ao atacante Drog- ba e ao comentarista Alex Esco- bar, da TV Globo. Hoje a entidade também deci- de quantos jogos Kaká será sus- penso por ter sido expulso na partida diante dos marfinenses. A expectativa é de fique fora ape- nas do confronto com Portugal, na sexta-feira, em Durban. Até o fim da noite de ontem em Johannesburgo, a Fifa anali- sava que medidas deveriam ser tomadas no caso Dunga. A deci- são será anunciada por meio de comunicado oficial. O treinador corre o risco de ser punido em artigo do Código Disciplinar da Fifa, que prevê suspensão ou multa por “ofensas aos árbitros e profissionais envolvidos no evento esportivo”. Há poucos meses, o técnico da Argentina, Diego Maradona, foi punido com a suspensão de dois meses e multa de US$ 25 mil por também ofender jornalistas nu- ma entrevista coletiva depois de conquistar a classificação para a Copa. “Que chupem todos e que continuem chupando”, disse aos jornalistas. A Fifa tem em suas regras um artigo de seu código disciplinar que pune comportamentos que sejam considerados ofensivos. Ontem, a entidade confirmou que avaliaria o incidente de Dun- ga, assistindo a fitas de vídeo do episódio. Também ontem, o Es- tado não obteve resposta sobre qual foi a conclusão. Antes da Copa, porém, a Fifa instruiu seus árbitros a punir o uso de palavrões pelos jogado- res em campo. Wayne Rooney, esquentadinho atacante inglês, foi alertado por sua federação de que teria de evitá-los. Editorial da Globo. Imagens da televisão captaram os xingamen- tos de Dunga a Lannoy após a vitória do Brasil. E também ao atacante Drogba, da Costa do Marfim. Outro momento de irri- tação do treinador foi na entre- vista coletiva. Desferiu pala- vrões contra o jornalista Alex Es- cobar, da TV Globo, no Soccer City, 15 minutos depois do final do jogo. O incidente provocou edito- rial da TV Globo, no Fantástico, domingo, lido pelo apresenta- dor Tadeu Schmidt. O Estado apurou ontem que o editorial é a palavra oficial e final da Rede Globo sobre o caso. A CBF não se pronunciou, on- tem, sobre o destempero de Dun- ga e possíveis punições. Ricardo Teixeira, presidente da CBF, e Rodrigo Paiva, diretor de comu- nicação, se reuniram no fim da tarde, mas a pauta teria sido ape- nas a Copa do Mundo de 2014 e não as recentes polêmicas do treinador. Patrocinadores da seleção também não se pronunciaram, mas há um certo desconforto das empresas com as recentes atitudes do treinador. Dunga coman- dou treinamento do time reserva, on- tem, em Johannes- burgo, e parecia estar tranquilo. 1938 foi o ano em que Leônidas da Silva marcou um gol descalço, apenas de meia 5/6/1938 Brasil 6 Polônia 5 Leônidas da Silva fez um gol com o pé descalço, enquanto sua chuteira era consertada 30/7/1966 Inglaterra 4 Alemanha 2 O chute de Hurst foi na trave e no chão, mas o juiz deu o gol 22/6/1986 Argentina 2 Inglaterra 1 Maradona fez, com a ‘mão de Deus’, um dos gols mais polêmicos das Copas Irregularidades vão desde o gol sem chuteira de Leônidas, em 38, até o marcado por Maradona com a mão em 86 CURIOSIDADE O que leva uma pessoa a indispor-se com alguém? Muitos podem ser os fatores. Normalmente o que não se imagina é que o sucesso possa ser responsável por esse tipo de situação. Ao con- trário. Pessoas que conseguem estar em lugar dedestaqueequetêmresultadospositivosden- tro do que poderiam desejar (ou acima disso) também podem desconstruir sua imagem pela dificuldade de estabelecer relações adequadas. Mas como sair-se bem diante da pressão, do estresse que atropela todos em tempos de glo- balizaçãoedeinformaçãonavelocidadedopen- samento? Talvez a experiência e o treinamento para determinados momentos possam fazer com que alguém se saia melhor dizendo ou fa- zendo algo que não gostaria que se tornasse público. Ainda que não seja exatamente esse o ditado, pode-se dizer que quem está na frente das câmeras pode se queimar. Ainda mais se essas câmeras estiverem em meio a uma coleti- va de imprensa. Estar preparado para falar com a imprensa pode ser um dos grandes pesadelos dos que não estão acostumados a isso, e, an- teontem, Dunga mostrou que experiência e su- cesso não bastam. É preciso ter equilíbrio. Ofuteboltemespaçogarantidonamídia,ain- da mais em tempos de Copa. Entrevistas de jogadores são famosas pelos chavões, pelas fra- sescélebresquenadaacrescentam.Quandoen- contramosalguém queconseguesereficiente – o não-convocado Ronaldo, como inegável exemplo–, isso acaba pordestoar. Nosso coach tem mostrado quanto se pode irritar a quem está, em princípio, de seu lado, como se pode negar informações a quem, por princípio, a elas tem direito. O que faltaria a ele? Acredito que uma boa dose de orientação e bom senso, afi- nal, coerência, segundo ele, é seu sobrenome. E vale lembrar que quando alguém está em posi- ção de representação, deixa de falar (agir) so- mente por si, passa a gerar significado para os que representa: e dá-lhe CBF a administrar cri- ses, como se não bastasse o futebol! É PROFESSOR DE COMUNICAÇÃO DA USP E DA CÁSPER LÍBERO “Foi minha culpa não ter adotado a maneira correta de atuar” Robson Morelli ENVIADO ESPECIAL JOHANNESBURGO O lance no qual Luís Fabiano do- mina a bola duas vezes com o bra- ço antes de marcar o segundo gol do Brasil na vitória por 3 a 1 sobre a Costa do Marfim, jogo válido pela segunda rodada do Grupo G da Copa do Mundo da África do Sul, foi apenas mais um em uma lista de equívocos cometidos pe- los juízes ao longo da história das Copas do Mundo. Mesmo sem tocar na bola, são muitos os casos em que a arbitra- gem deu uma “mãozinha” para algumas equipes. No caso de Luís Fabiano, a conivência foi do francês Stephane Lannoy, que não observou os toques do brasi- leiro – primeiro com o braço es- querdo, na disputa com o zaguei- ro marfinense, depois com o di- reito para ajeitar a bola. Não observou? Cena curiosa foi registrada na sequência e dei- xou muita gente com a pulga atrás da orelha. Quando voltava para o campo brasileiro, a fim de permitir o reinício do jogo, Luís Fabiano corria ao lado de Lan- noy. O árbitro virou para o brasi- leiro e, com gestos claros, per- guntava se o jogador havia usado o braço. Sem o menor constrangi- mento, o atacante apontava para o peito. “Disse para ele que ‘no’”, divertiu-se Luís Fabiano após a partida, aliviado após livrar-se do incômodo jejum de gols que o perseguia desde a apresentação em Curitiba. “O primeiro toque foi sem querer, então pode. O se- gundo foi a mão santa.” História antiga. Alguns erros da arbitragem chamaram mais a atenção, ora por envolverem atletas brasileiros, ora por se- rem decisivos. Em 1938, o craque Leônidas da Silva marcou três ve- zes na vitória por 6 a 5 sobre a Polônia. Em um dos gols, estava sem o par de chuteiras, que tira- ra para que fosse consertado, pois “abrira o bico” e não havia sobressalente. Aliás, foi o lama- çal que impediu o árbitro de no- tar a violação à regra. Em 1966, a Inglaterra organi- zou e venceu o Mundial. Mas o gol de Hurst, o terceiro dos ingle- ses na final diante da Alemanha, provoca discussões até hoje. A bola bateu no travessão e caiu so- bre a linha do gol. Em outro lance polêmico que entrou para a história, a Inglater- ra foi vítima. Na Copa de 1986, no México, a Argentina venceu por 2 a 1 e foi à semifinal. Diego Maradona marcou os dois, um deles com mão, que ficou conhe- cido como “La mano de Dios”. MALÍCIA faltas Kim Jong-hun, técnico da Coreia do Norte, assumindo a responsabilidade pela derrota histórica Gol de Luís Fabiano entra para a lista de polêmicas foram cometidas pela Coreia do Nor- te, mesmo diante do vexa- me de perder por 7 a 0 3 Parreira: ‘Brasil joga como se estivesse treinando’ Análise: Luiz Alberto de Farias Fifa estuda punir Dunga por ‘ofensas’ JEWEL SAMAD/AFP GRUPO G Reservas à portuguesa WILTON JUNIOR/AE ANTONIO LACERDA/EFE FABRICE COFFRINI/AFP JONNE RORIZ/AE Conselho Luiz Felipe Sco- lari mandou recado a Dunga sobre sua rela- ção com a im- prensa: “Não adianta um ba- ter aqui, o outro ali. Então, va- mos nos aturar e, quando a Co- pa terminar, um manda o outro para o inferno.” JONNE RORIZ “O 1º toque foi sem querer, então pode. O segundo foi a mão santa” “Ele (o árbitro) me perguntou se eu tinha tocado a bola com o braço. Eu disse ‘no’” Triste show Está olhando por quê? Hostilidades contra arbitragem e imprensa podem custar suspensão, multa ou advertência, prevê código da entidade GOLS IRREGULARES NA HISTÓRIA DOS MUNDIAIS Os suplentes da seleção canarinho fizeram 7 a 1 sobre o sub-19 do time The Birds. Detalhe: de virada LUÍS FABIANO Inédito. Atacante brasileiro diz que primeiro toque foi involuntário, mas reconhece que o segundo foi intencional; depois do lance, juiz pergunta a Luís Fabiano se ele não tocou a mão na bola A primeira partida de Copa transmitida ao vivo na Coreia do Norte foi justamente os 7 a 0 para Portugal Atacante brasileiro O ESTADO DE S. PAULO TERÇA-FEIRA, 22 DE JUNHO DE 2010 E3

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PDF da página E3 do jornal "O Estado de S. Paulo", com análise do Prof. Luiz Alberto de Farias, presidente da ABRP-SP, sobre o polêmico relacionamento do treinador Dunga, da Seleção Brasileira, com a Imprensa brasileira.

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Page 1: Análise: Está olhando por quê?

● Carlos Alberto Parreira, técni-co da África do Sul, elogiou a efi-ciência da seleção brasileira edisse que o time está jogando“como se estivesse treinando”,ontem, em sua última coletivaantes de enfrentar a França. Tam-bém elogiou Dunga e os atletas.“O time todo tem muita qualida-de e experiência. Os jogadoresestão tão confortáveis em campoque parecem estar treinando”,afirmou. O técnico disse aindaque gostou do que viu na vitória

por 3 a 1 contra a Costa do Mar-fim, no domingo.

Falando na “condição de torce-dor do Brasil”, o técnico do tetraem 1994 e da campanha fracas-sada em 2006 disse que o quefaz a diferença para a seleção ésua eficiência no ataque. “O timetem condições de chegar àfrente sem pisar no ace-lerador. Quan-do cria cincooportunida-des, aproveitatrês. Temos essavantagem e issopode ser o dife-rencial do Bra-sil”, avaliou./ JAMIL CHADE

Jamil ChadeLuiz Antônio PrósperiENVIADOS ESPECIAISJOHANNESBURGO

A Fifa deve se pronunciar aindahoje sobre os incidentes comDunga e a imprensa após a vitó-ria (3 a 1) do Brasil contra Costado Marfim, no domingo. O trei-nador pode ser punido com mul-ta ou receber simples advertên-cia pelos xingamentos ao árbitrofrancês Stephane Lannoy, queapitou o jogo, ao atacante Drog-ba e ao comentarista Alex Esco-bar, da TV Globo.

Hoje a entidade também deci-de quantos jogos Kaká será sus-penso por ter sido expulso napartida diante dos marfinenses.A expectativa é de fique fora ape-nas do confronto com Portugal,na sexta-feira, em Durban.

Até o fim da noite de ontemem Johannesburgo, a Fifa anali-sava que medidas deveriam sertomadas no caso Dunga. A deci-são será anunciada por meio decomunicado oficial. O treinadorcorre o risco de ser punido emartigo do Código Disciplinar daFifa, que prevê suspensão oumulta por “ofensas aos árbitrose profissionais envolvidos noevento esportivo”.

Há poucos meses, o técnico daArgentina, Diego Maradona, foipunido com a suspensão de doismeses e multa de US$ 25 mil portambém ofender jornalistas nu-ma entrevista coletiva depois deconquistar a classificação para aCopa. “Que chupem todos e quecontinuem chupando”, disseaos jornalistas.

A Fifa tem em suas regras umartigo de seu código disciplinarque pune comportamentos quesejam considerados ofensivos.Ontem, a entidade confirmouque avaliaria o incidente de Dun-ga, assistindo a fitas de vídeo doepisódio. Também ontem, o Es-tado não obteve resposta sobrequal foi a conclusão.

Antes da Copa, porém, a Fifainstruiu seus árbitros a punir ouso de palavrões pelos jogado-res em campo. Wayne Rooney,esquentadinho atacante inglês,foi alertado por sua federação deque teria de evitá-los.

Editorial da Globo. Imagens datelevisão captaram os xingamen-tos de Dunga a Lannoy após avitória do Brasil. E também aoatacante Drogba, da Costa doMarfim. Outro momento de irri-tação do treinador foi na entre-vista coletiva. Desferiu pala-vrões contra o jornalista Alex Es-

cobar, da TV Globo, no SoccerCity, 15 minutos depois do finaldo jogo.

O incidente provocou edito-rial da TV Globo, no Fantástico,domingo, lido pelo apresenta-dor Tadeu Schmidt. O Estadoapurou ontem que o editorial é apalavra oficial e final da RedeGlobo sobre o caso.

A CBF não se pronunciou, on-tem, sobre o destempero de Dun-ga e possíveis punições. RicardoTeixeira, presidente da CBF, eRodrigo Paiva, diretor de comu-nicação, se reuniram no fim datarde, mas a pauta teria sido ape-nas a Copa do Mundo de 2014 enão as recentes polêmicas do

treinador. Patrocinadores daseleção também não se

pronunciaram, mas háum certo desconforto

das empresas com asrecentes atitudes dotreinador.

Dunga coman-dou treinamento dotime reserva, on-

tem, em Johannes-burgo, e parecia estar

tranquilo.

1938 foi o anoem que Leônidas da Silvamarcou um gol descalço,apenas de meia

5/6/1938Brasil 6Polônia 5

Leônidas da Silva fez um golcom o pé descalço, enquantosua chuteira era consertada

30/7/1966Inglaterra 4Alemanha 2

O chute de Hurst foina trave e no chão,mas o juiz deu o gol

22/6/1986Argentina 2Inglaterra 1

Maradona fez, com a ‘mãode Deus’, um dos gols maispolêmicos das Copas

Irregularidades vãodesde o gol sem chuteirade Leônidas, em 38, atéo marcado por Maradonacom a mão em 86

CURIOSIDADE

O que leva uma pessoa a indispor-secom alguém? Muitos podem ser osfatores. Normalmente o que não seimagina é que o sucesso possa ser

responsável por esse tipo de situação. Ao con-trário. Pessoas que conseguem estar em lugardedestaqueequetêmresultadospositivosden-tro do que poderiam desejar (ou acima disso)também podem desconstruir sua imagem peladificuldade de estabelecer relações adequadas.

Mas como sair-se bem diante da pressão, doestresse que atropela todos em tempos de glo-balizaçãoedeinformaçãonavelocidadedopen-samento? Talvez a experiência e o treinamentopara determinados momentos possam fazercom que alguém se saia melhor dizendo ou fa-zendo algo que não gostaria que se tornassepúblico. Ainda que não seja exatamente esse oditado, pode-se dizer que quem está na frentedas câmeras pode se queimar. Ainda mais seessas câmeras estiverem em meio a uma coleti-va de imprensa. Estar preparado para falar coma imprensa pode ser um dos grandes pesadelosdos que não estão acostumados a isso, e, an-teontem, Dunga mostrou que experiência e su-cesso não bastam. É preciso ter equilíbrio.

Ofuteboltemespaçogarantidonamídia,ain-da mais em tempos de Copa. Entrevistas dejogadores são famosas pelos chavões, pelas fra-sescélebresquenadaacrescentam.Quandoen-contramosalguémqueconseguesereficiente–o não-convocado Ronaldo, como inegávelexemplo–, issoacabapordestoar.Nossocoachtem mostrado quanto se pode irritar a quemestá, em princípio, de seu lado, como se podenegar informações a quem, por princípio, a elastem direito. O que faltaria a ele? Acredito queuma boa dose de orientação e bom senso, afi-nal,coerência, segundoele, é seu sobrenome. Evale lembrar que quando alguém está em posi-ção de representação, deixa de falar (agir) so-mente por si, passa a gerar significado para osque representa: e dá-lhe CBF a administrar cri-ses, como se não bastasse o futebol!

✽ É PROFESSOR DE COMUNICAÇÃO DA USP E

DA CÁSPER LÍBERO

“Foi minha culpa não ter adotadoa maneira correta de atuar”

Robson MorelliENVIADO ESPECIALJOHANNESBURGO

O lance no qual Luís Fabiano do-mina a bola duas vezes com o bra-ço antes de marcar o segundo goldo Brasil na vitória por 3 a 1 sobrea Costa do Marfim, jogo válidopela segunda rodada do Grupo Gda Copa do Mundo da África do

Sul, foi apenas mais um em umalista de equívocos cometidos pe-los juízes ao longo da históriadas Copas do Mundo.

Mesmo sem tocar na bola, sãomuitos os casos em que a arbitra-gem deu uma “mãozinha” paraalgumas equipes. No caso deLuís Fabiano, a conivência foi dofrancês Stephane Lannoy, quenão observou os toques do brasi-leiro – primeiro com o braço es-querdo, na disputa com o zaguei-ro marfinense, depois com o di-reito para ajeitar a bola.

Não observou? Cena curiosafoi registrada na sequência e dei-xou muita gente com a pulgaatrás da orelha. Quando voltava

para o campo brasileiro, a fim depermitir o reinício do jogo, LuísFabiano corria ao lado de Lan-noy. O árbitro virou para o brasi-leiro e, com gestos claros, per-guntava se o jogador havia usadoo braço. Sem o menor constrangi-mento, o atacante apontava para

o peito. “Disse para ele que ‘no’”,divertiu-se Luís Fabiano após apartida, aliviado após livrar-sedo incômodo jejum de gols que operseguia desde a apresentaçãoem Curitiba. “O primeiro toquefoi sem querer, então pode. O se-gundo foi a mão santa.”

História antiga. Alguns errosda arbitragem chamaram mais aatenção, ora por envolverematletas brasileiros, ora por se-rem decisivos. Em 1938, o craqueLeônidas da Silva marcou três ve-zes na vitória por 6 a 5 sobre aPolônia. Em um dos gols, estavasem o par de chuteiras, que tira-ra para que fosse consertado,

pois “abrira o bico” e não haviasobressalente. Aliás, foi o lama-çal que impediu o árbitro de no-tar a violação à regra.

Em 1966, a Inglaterra organi-zou e venceu o Mundial. Mas ogol de Hurst, o terceiro dos ingle-ses na final diante da Alemanha,provoca discussões até hoje. Abola bateu no travessão e caiu so-bre a linha do gol.

Em outro lance polêmico queentrou para a história, a Inglater-ra foi vítima. Na Copa de 1986,no México, a Argentina venceupor 2 a 1 e foi à semifinal. DiegoMaradona marcou os dois, umdeles com mão, que ficou conhe-cido como “La mano de Dios”.

MALÍCIA

faltas

Kim Jong-hun, técnico da Coreia do Norte,assumindo a responsabilidade pela derrota histórica

Gol de Luís Fabiano entra para a lista de polêmicas

foram cometidaspela Coreia do Nor-

te, mesmo diante do vexa-me de perder por 7 a 0

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Parreira: ‘Brasiljoga como seestivesse treinando’

✽ Análise: Luiz Alberto de Farias

Fifa estuda punir Dunga por ‘ofensas’JEWEL SAMAD/AFP

GRUPO

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WILTON JUNIOR/AEANTONIO LACERDA/EFEFABRICE COFFRINI/AFP

JONNE RORIZ/AE

● ConselhoLuiz Felipe Sco-lari mandourecado a Dungasobre sua rela-ção com a im-prensa: “Nãoadianta um ba-ter aqui, o outroali. Então, va-mos nos aturare, quando a Co-pa terminar, ummanda o outropara o inferno.”

JONNE RORIZ

“O 1º toque foi semquerer, então pode.O segundo foi amão santa”

“Ele (o árbitro)me perguntouse eu tinha tocadoa bola como braço.Eu disse ‘no’”

Triste show

Está olhando por quê?

Hostilidades contraarbitragem e imprensapodem custar suspensão,multa ou advertência,prevê código da entidade

GOLS IRREGULARESNA HISTÓRIA DOSMUNDIAIS

Os suplentes da seleçãocanarinho fizeram 7 a 1sobre o sub-19 do timeThe Birds. Detalhe: de virada

LUÍS FABIANO

Inédito. Atacante brasileiro diz que primeiro toque foi involuntário, mas reconhece que o segundo foi intencional; depois do lance, juiz pergunta a Luís Fabiano se ele não tocou a mão na bola

A primeira partida de Copatransmitida ao vivo na Coreiado Norte foi justamente os7 a 0 para Portugal

Atacante brasileiro

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O ESTADO DE S. PAULO

TERÇA-FEIRA, 22 DE JUNHO DE 2010 E3