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Análise económica da continuação dos estudos pelos diplomados em áreas técnicas que concluíram cursos de curta duração do ensino superior francês ( 1 ) Bénédicte Gendron Professora Universitária, Universidade de Montpellier III, Investigadora do CERFEE, Universidade de Montpellier III e investigadora associada do CRA CEREQ Ile-de-France, Centre d’économie de la Sorbonne, Paris RESUMO Num contexto de concorrência intensa no mercado de trabalho e no sistema de emprego, a decisão de continuar os estudos após ter concluído um curso de curta duração do ensino técnico superior francês, considerado como uma formação terminal, deve ser diferenciada da simples decisão individual de afectação óptima dos recursos postulada pela teoria padrão do capital humano. Tal decisão relaciona-se antes com uma opção estratégica sequencial e ilustra um comporta- mento de agente que se confronta com a realidade, capaz de agir e reagir perante a evolução do seu meio e as dificuldades criadas pela incerteza, recorrendo a uma racionalidade simultaneamente cognitiva e calculista. O presente artigo demonstra que a continuação dos estudos difere em função dos perfis dos estudantes (dos diplomas, das especialidades e do sexo). Pode combinar uma estratégia de formação e/ou uma estratégia de empregabilidade, aliando a minimização dos riscos (de fracasso nos estudos universitários) à maximização das vantagens concorrenciais. Palavras-chave Human capital, signal theory, higher education, vocational guidance, vocational education and training Revista Europeia de Formação Profissional N. o 39 – 2006/3 – ISSN 0258-7491 E S T U D O S D E C A S O ( 1 ) O presente artigo é extraído de uma obra intitulada Les diplômés d’un BTS et d’un DUT et la poursuite d’études. Une analyse économique (Gendron, 2004) (Os diplomados titulares de um BTS e de um DUT e a continuação dos estudos. Uma análise económica), em que são apresentados os resultados de uma tese premiada pelo Conselho Científico da Universidade de Paris I Panthéon-Sorbonne e finalista para o Prémio de Tese da Associação Nacional de Doutorados em Ciências Económicas e de Gestão (ANDESE).

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Análise económica dacontinuação dos estudospelos diplomados em áreastécnicas que concluíramcursos de curta duração doensino superior francês (1)

Bénédicte Gendron

Professora Universitária, Universidade de Montpellier III, Investigadora do CERFEE, Universidade de Montpellier III e investigadora associada doCRA CEREQ Ile-de-France, Centre d’économie de la Sorbonne, Paris

RESUMO

Num contexto de concorrência intensa no mercado de trabalho e no sistema de

emprego, a decisão de continuar os estudos após ter concluído um curso de

curta duração do ensino técnico superior francês, considerado como uma formação

terminal, deve ser diferenciada da simples decisão individual de afectação

óptima dos recursos postulada pela teoria padrão do capital humano. Tal decisão

relaciona-se antes com uma opção estratégica sequencial e ilustra um comporta-

mento de agente que se confronta com a realidade, capaz de agir e reagir perante

a evolução do seu meio e as dificuldades criadas pela incerteza, recorrendo a

uma racionalidade simultaneamente cognitiva e calculista. O presente artigo

demonstra que a continuação dos estudos difere em função dos perfis dos

estudantes (dos diplomas, das especialidades e do sexo). Pode combinar uma

estratégia de formação e/ou uma estratégia de empregabilidade, aliando a

minimização dos riscos (de fracasso nos estudos universitários) à maximização

das vantagens concorrenciais.

Palavras-chave

Human capital, signal theory, higher education, vocational guidance, vocational education andtraining

Revista Europeia de Formação Profissional N.o 39 – 2006/3 – ISSN 0258-7491

E S T U D O S D E C A S O

(1) O presente artigo é extraído de uma obra intitulada Les diplômés d’un BTS et d’un DUT etla poursuite d’études. Une analyse économique (Gendron, 2004) (Os diplomados titularesde um BTS e de um DUT e a continuação dos estudos. Uma análise económica), em quesão apresentados os resultados de uma tese premiada pelo Conselho Científico da Universidadede Paris I Panthéon-Sorbonne e finalista para o Prémio de Tese da Associação Nacionalde Doutorados em Ciências Económicas e de Gestão (ANDESE).

Introdução

Em França, a continuação dos estudos no ensino superior está a tor-nar-se um fenómeno maciço e complexo, afectando inclusivamente áre-as de formação ditas “terminais”, tais como os cursos do ensino superiorde preparação para o Brevet de Technicien Supérieur (BTS, certificado detécnico superior) e para o Diplôme Universitaire de Technologie (DUT, di-ploma universitário de tecnologia). A continuação dos estudos após a ob-tenção de um diploma nessas áreas assume um carácter singular, devidoàs especificidades do sistema de ensino superior francês (Anexo 1) (2)

Efectivamente, em numerosos países europeus o acesso a cursos pro-fissionais de curta duração do ensino superior é livre, ao passo que o aces-so à universidade é selectivo. Em França, a configuração é inversa. Noscursos do ensino profissional de curta duração que conferem diplomas co-mo o BTS e o DUT é efectuada uma selecção inicial, ao passo que to-dos os estudantes titulares de um baccalauréat (diploma do ensino secun-dário) têm livre acesso à universidade, para a frequência de cursos de lon-ga duração. Tratase de uma excepção do ensino francês que se revelaparadoxal. Com efeito, um número crescente de estudantes continuam osestudos após a obtenção desses diplomas e, paralelamente, um númeroainda maior de estudantes que gostariam de ter frequentado cursos decurta duração são obrigados, por defeito, a inscreverse na universidade,onde não são bem sucedidos (Beaud, 2002) (3).

Esta continuação dos estudos abrangia em 1992 perto de 40% dos ti-tulares de um BTS e mais de 60% dos titulares de um DUT, de acordo comos dados dos inquéritos do Centre d’Études et de Recherches sur lesQualifications (Céreq). Actualmente, abrange em 2005 perto de 70% dostitulares de um DUT, segundo a Assembleia de Directores de InstitutosUniversitários de Tecnologia (ADIUT) e a Direcção do Ensino Superior(DES). Está assim a desenvolverse, juntamente com a lógica de umaformação terminal profissionalizante, uma lógica de continuação dos es-tudos que transforma as formações para obtenção do BTS e do DUT emáreas propedêuticas ou numa formação sequencial de transição para ní-veis superiores do s istema de ensino. Qual é então a motivação destacontinuação dos estudos? Por que razão os diplomados que optaram

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(2) Recomendamos aos leitores, não familiarisados com o sistema de ensino francês, de nãoprosseguir a leitura do presente artigo antes de ter lido o Anexo 1. Informações complemen-tares sobre o sistema de ensino francês encontram-se disponíveis no seguinte endereço:http://www.eurydice.org/ressources/eurydice/pdf/047DN/047_FR__FR.pdfhttp://www.eurydice.org/ressources/eurydice/pdf/047DN/047_FR__EN.pdf

(3) A democratização do ensino encaminhou numerosos alunos oriundos de meios popularespara os cursos menos legítimos do ensino superior, onde os que conseguem obter uma cer-tificação escolar descobrem finalmente que essa certificação é inoperante no mercado detrabalho, pois concorre com formações mais selectivas no acesso ao emprego tanto no sec-tor privado, como no sector público. A consequência é um processo de frustração das ex-pectativas, de decepção amarga que, segundo Beaud, em grande escala pode ser social-mente nefasto.

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voluntariamente por cursos de curta duração do ensino superior francês,considerados como formações terminais, revêem assim a sua escolha ini-cial? Aliás, tratase realmente de uma revisão da opção inicial, ou antes deiniciarem a formação já tinham previsto a possibilidade de continuar os es-tudos? Devem estes comportamentos ser interpretados como uma opçãoestratégica, atendendo a que o número de estudantes que querem fre-quentar estes cursos continua a ser importante?

Nos nossos trabalhos de investigação (Gendron, 1997, 2004) tentámos,pois, compreender este fenómeno através de uma abordagem em termosde decisão sequencial. Procurámos nesses trabalhos, de um ponto de vis-ta pragmático, por um lado, explicar a decisão de continuar os estudos to-mada pelos titulares de um BTS ou de um DUT e, por outro, avaliar as con-sequências dessa decisão para o seu percurso profissional. No presenteartigo, a intenção é mais modesta, consistindo em evidenciar se a procu-ra de ensino é uma simples opção de afectação óptima dos recursos ouuma opção estratégica (4) justificada por uma concorrência intensa no mer-cado de trabalho, num contexto de escassez de empregos ou de estan-quicidade de certos lugares no sistema de emprego. Mais precisamente,identificamos as determinantes da continuação dos estudos. Para tal, apósuma breve descrição dos dados utilizados e do tratamento específico efec-tuado sobre esses dados, referimos brevemente as hipóteses testadas, ométodo de análise utilizado e os modelos de regressão logística estima-dos. Partindo dessa base, concluiremos quais são as principais determi-nantes da continuação dos estudos por parte dos diplomados pelos InstitutosUniversitários de Tecnologia (IUT) e pelas Secções de Técnicos Superiores(STS), por um lado, de um modo geral e, por outro, em função dos estu-dos efectuados.

Determinantes da continuação dos estudos:dados, hipóteses, testes e modeloseconométricos

Dados utilizados e hipóteses testadas

Os dados utilizados provêm de inquéritos nacionais do Centre d’étudeset de recherches sur l’emploi et la qualification (Céreq) incidindo sobre di-plomados por um IUT ou uma STS, que obtiveram o diploma em 1988 eforam inquiridos em Março de 1991 (5). Estes dados (ver Quadro 1 doAnexo 2) prestam informações sobre cada um dos diplomados, as suascaracterísticas demográficas e socioeconómicas, as suas características

(4) Não apresentaremos aqui a justificação teórica de uma abordagem em termos de “estraté-gia”. No que a esse ponto se refere, remetemos o leitor para as seguintes referências bi-bliográficas: Gendron (1997, 1998, 2004).

escolares e o seu percurso no ensino superior ou no sistema de empre-go. Com base nestes dados, tentamos responder à seguinte pergunta: “Oque determina a continuação dos estudos?”. Para tal, entre os factoresque podem intervir na decisão de continuar os estudos após a obtençãodo BTS ou do DUT, além da motivação pecuniária, formulámos a hipóte-se de que certos factores se relacionam com as características socioeco-nómicas e escolares do estudante, outras expectativas do estudante emmatéria de emprego e outras características do emprego além do salário,mas também que muitos outros factores, e não dos menos importantes,estão ligados às tensões no mercado de trabalho.

Foram utilizados na análise das determinantes da continuação dos es-tudos modelos de regressão logística destinados a estabelecer a distinçãoentre os efeitos indirectos e os efeitos específicos das diferentes variáveisque podem influenciar a decisão do estudante. As determinantes dacontinuação dos estudos foram assim modelizadas através de uma funçãode decisão cujos parâmetros incidem nas características socioeconómi-cas e escolares dos estudantes (a sua origem social, escolar, idade, etc.),as características do emprego detido e as tensões no mercado de tra-balho.

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(5) Estas bases de dados antigas caracterizam se por uma grande riqueza para efeitos de ex-ploração a um nível preciso. Efectivamente, até 1991 as bases de dados Céreq eramcriadas a partir de inquéritos exaustivos, permitindo efectuar análises pormenorizadas poráreas de formação, por especialidades dos diplomas e pelo sexo. A exploração dessas ba-ses para a elaboração deste trabalho constitui a originalidade e a riqueza do presente do-cumento, pois permitiu efectuar uma análise mais detalhada da continuação dos estudosdo que a que é possível com base na nova geração de inquéritos, tais como os que são uti-lizados, por exemplo, por Cahuzac e Plassard (1996). Demonstramos no presente artigoque as conclusões da análise de Cahuzac e Plassard (tendência para a continuação dosestudos em áreas de ensino generalista) são contrariadas quando é possível trabalhar combase em dados mais precisos. Assim, a nossa análise permitiu estabelecer uma distinçãoentre as formações universitárias profissionalizantes do tipo do "mestrado em ciências degestão" (MSG) ou do "mestrado científico e técnico" (MST) e as áreas de ensino universi-tário geral, o que não foi possível para Cahuzac e Plassard, na medida em que todas asformações ministradas nas universidades são agrupadas por estes investigadores, porrazões estatísticas, em "formações universitárias" e consideradas, portanto, como áreas deensino geral. A utilização dos inquéritos exaustivos do Céreq permitiu nos assim efectuarum trabalho estatístico mais preciso e considerar separadamente as formações universitá-rias “gerais” e as formações universitárias de carácter profissional ou profissionalizante, taiscomo, entre outras, os MST e os MSG. É este grau de pormenor que explica que a nossaanálise tenha desembocado na conclusão contrária, a saber, que os estudantes, quandocontinuam os estudos, têm tendência a orientar-se para áreas de ensino profissionalizantee não para áreas de ensino geral, conclusão extraída por Cahuzac e Plassard com basenos seus grupos estatísticos.

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Tipos de modelos: modelos dicotómicos

Especificações dos modelos retidos

O teste do primeiro modelo dicotómico é efectuado com base na ocorrên-cia do evento “continuação dos estudos” por oposição à “não continuação”(ver Quadro 2 e Quadro 3). Além disso, num segundo teste são conside-rados os diferentes tipos de continuação dos estudos, por oposição à nãocontinuação dos estudos (ver Quadro 4 e Quadro 5), designadamenteas formações curtas de carácter profissional dos tipos pós-BTS/DUT (6),a formação longa de carácter profissional (Escola de Ensino Superior eMestrado Científico e Técnico) e a formação longa generalista (Licenciatura,Mestrado Disciplinar, etc.). A continuação dos estudos na sequência daobtenção do BTS e do DUT foi também analisada separadamente emfunção do sexo.

Tratamento estatístico específico da população estudada

No que se refere às variáveis relacionadas com as tensões no merca-do de trabalho e as características do emprego, pressupusemos que oestudante baseava a sua decisão de continuar os estudos nas informaçõesdisponíveis sobre as dificuldades de inserção profissional e de progressãona carreira dos seus colegas de cursos anteriores. Procedemos para tala uma inferência de informação, utilizando para o efeito o inquérito an-terior do Céreq sobre os diplomados de 1984 do ensino superior do Céreq,inquiridos em 1987. Com base nesta população, calculámos indicadoresde tensão no mercado de trabalho e de progressão no emprego, por ti-pos de formação, especialidades, sexo e estabelecimentos de ensino,que imputámos seguidamente aos diplomados de 1988 com o mesmoperfil, como “informação de que o estudante tem conhecimento”. Com ba-se nestes modelos, tentámos identificar as determinantes da continuaçãodos estudos, não só considerando as características individuais do estu-dante, como também tendo em conta o contexto socioeconómico do seumeio.

(6) As formações pós-BTS/DUT são geralmente formações curtas de um ano, organizadasem alternância (seis meses na escola, seis meses na empresa) e em parceria com em-presas, que podem receber a designação de Formação Complementar de Iniciativa Local(FCIL). Podem conferir um diploma (Diploma Nacional de Tecnologia Especializada, DNTS)ou uma certificação local e estão a transformar se progressivamente em licenciaturas pro-fissionais. Para mais pormenores, ver Gendron (1995).

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Quadro 2: MMooddeelloo eexxpplliiccaattiivvoo ddaa pprroobbaabbiilliiddaaddee ddee ccoonnttiinnuuaaççããoo ddooss eessttuuddooss ddee uumm hhoommeemm ttiittuullaarr ddee uumm BBTTSS oouu ddee uumm DDUUTT

VVaarriiáávveeiiss BBTTSS DDUUTTddee rreeffeerrêênncciiaa aaccttiivvaass ccooeeff.. CCaarraacctt.. ccooeeff.. CCaarraacctt..CCoonnssttaannttee --00,,7755 11,,33CCaarraacctteerriizzaaççããoo iinnddiivviidduuaallIle de France Sul -0,24 - -0,54 --

Centro 0,11 ns -0,28 -

Norte -0,16 ns -0,08 ns

Oeste -0,19 - -0,65 --

Atraso escolar Idade normal 0,93 ++ 0,72 ++

Casado, divorciado Solteiro 0,64 ++ 0,55 ++

Pai não quadro Pai quadro 0,54 ++ 0,22 +

Mãe não activa Mãe activa 0,14 + -0,04 ns

Serviço militar: Dispensado, isento Adiado 3,48 +++++ 4,07 +++++

Bac técnico Bac geral 0,25 + 0,73 ++

Especialidade terciária Especialidade industrial 0,69 ++ 0,73 ++TTeennssããoo nnoo mmeerrccaaddoo ddee ttrraabbaallhhoo% de desempregados -baixa -média 0,22 + 0,24 +

* -elevada 0,11 ns -0,50 --

Duração total média do desemprego -baixa -média -0,19 - -0,43 -

* -elevada -0,68 -- -0,22 -

% de desempregados durante mais de -baixa - média -0,07 ns 0,21 +

6 meses antes do primeiro emprego

* -elevada -0,31 - 0,09 nsCCaarraacctteerrííssttiiccaass ddoo eemmpprreeggooSalário>salário mediano* Salário<= salário mediano -0,16 - 0,13 +

% de emprego precário -baixa -média 0,48 + 0,33 +

* -elevada 0,72 ++ 0,20 +

% de quadros -elevada * -baixa -0,02 ns 0,39 +

% de contratação directa ao abrigo de -elevada -baixa 0,17 ns 0,40 +

um contrato de duração indeterminada

-média -0,14 - 0,53 ++

Fonte: Dados Céreq, Tratamento Cereq-Laboratoire d’Économie Sociale.* Em Março de 1987; ns: não significativo, até 5%. Pares concordantes para os BTS e os DUT: 75,7 % e 82,3 %. Modo de leitura: NoQuadro 2, os coeficientes superiores a zero significam que a propensão para continuar os estudos é maior em caso de ocorrênciada variável da segunda coluna, em comparação com a primeira. Portanto, este resultado só é significativo quando inclui os sinais+(“ns” sendo “não significativo” e <0 significando “menos elevada”). Exemplo de leitura: Para o conjunto dos estudantes do sexo mas-culino, a propensão para continuar os estudos é maior quando não há atraso escolar. Este resultado é significativo para os diplo-mados por um IUT e para os titulares de um BTS (++). Nomeadamente, a propensão para continuar os estudos é maior para umestudante do sexo masculino titular de um BTS de “idade normal” (0,93), em comparação com um estudante que apresenta um atra-so escolar. O mesmo se aplica aos estudantes do sexo masculino de um IUT (0,72), mas em menor medida do que aos titulares deum BTS.

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Quadro 3: MMooddeelloo eexxpplliiccaattiivvoo ddaa pprroobbaabbiilliiddaaddee ddee ccoonnttiinnuuaaççããoo ddooss eessttuuddooss ddee uummaa mmuullhheerr ttiittuullaarr ddee uumm BBTTSS oouu ddee uumm DDUUTT

VVaarriiáávveeiiss BBTTSS DDUUTTddee rreeffeerrêênncciiaa aaccttiivvaass ccooeeff.. CCaarraacctt.. ccooeeff.. CCaarraacctt..CCoonnssttaannttee --00,,4444 00,,0077CCaarraacctteerriizzaaççããoo iinnddiivviidduuaallIle de France Sul 0,63 ++ -0,4 -

Centro 0,09 ns -0,43 -

Norte 0,24 + -0,73 --

Oeste -0,41 - -0,36 -

Atraso escolar Idade normal 0,72 ++ 0,82 ++

Casada, divorciada Solteira 1,23 +++ 1,24 +++

Pai não quadro Pai quadro 0,57 ++ 0,48 +

Mãe não activa Mãe activa 0,13 + -0,03 ns

Bac técnico Bac geral 0,62 ++ 0,67 ++

Especialidade industrial Especialidade terciária 0,17 + 0,40 +TTeennssããoo nnoo mmeerrccaaddoo ddee ttrraabbaallhhoo% de desempregados -baixa -média -1,13 --- 0,61 ++

* -elevada -0,39 - 0,16 ns

Duração total média do desemprego -baixa -média 0,81 ++ 0,32 +

* -elevada 1,64 +++ -0,49 -

% de desempregados durante mais de -baixa - média -0,83 -- 0,12 ns

6 meses antes do primeiro emprego

* -elevada -0,73 -- -0,17 nsCCaarraacctteerrííssttiiccaass ddoo eemmpprreeggooSalário>salário mediano* Salário<=salário mediano 0,15 + 0,29 +

% de emprego precário -baixa -média -0,43 - 0,32 +

* -elevada -0,18 ns 0,71 ++

% de quadros -elevada * -baixa -0,18 - -0,27 -

% de contratação directa ao abrigo de -elevada -baixa 0,18 + 0,004 ns

um contrato de duração indeterminada

-média 0,54 ++ -0,16 ns

Fonte: Dados Céreq, Tratamento Cereq-Laboratoire d’Économie Sociale. * Em Março de 1987.ns: não significativo, até 5%. Pares concordantes para os BTS e os DUT: 71,1 % e 70,9 %. Modo de leitura: No Quadro 3, os coefi-cientes superiores a zero significam que a propensão para continuar os estudos é maior em caso de ocorrência da variável da se-gunda coluna, em comparação com a primeira. Portanto, este resultado só é significativo quando inclui os sinais+ (“ns” sendo“não significativo” e <0 significando “menos elevada”). Exemplo de leitura: Para o conjunto das estudantes, a propensão para con-tinuar os estudos é maior quando não há atraso escolar. Este resultado é significativo para as diplomadas por um IUT e para as ti-tularas de um BTS (++). Nomeadamente, a propensão para continuar os estudos é maior para uma diplomada titular de um BTS de“idade normal” (0,72) do ponto de vista escolar, em comparação com uma estudante que apresenta um atraso escolar. O mesmose aplica às estudantes provenientes de um IUT (0,82), mas em maior medida do que às titulares de um BTS, ou seja, o contráriodo que se observa para os seus homólogos masculinos (Quadro 2).

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Resultados dos modelos: determinantes dacontinuação dos estudos pelos diplomadospor um IUT ou uma STS

Modelos de base: tendências gerais da continuação dosestudos

Com base nos modelos logísticos (ver Quadro 21 e Quadro 3) sobrea continuação dos estudos em geral, as determinantes da continuação dosestudos do ponto de vista da caracterização do estudante remetem paraas tendências gerais observadas tradicionalmente nos trabalhos sobre aorientação profissional (7) (Ertul et al., 2000, HCEEE, 2003).

Influência das características do estudante para a continuação dosestudos

Os jovens diplomados que não registaram insucessos no seu percur-so escolar anterior têm mais propensão para continuar os estudos. Comefeito, a tendência para a continuação dos estudos é mais forte quando odiplomado não apresenta atrasos escolares.

Este efeito é ligeiramente mais acentuado para os jovens do sexo mas-culino titulares de um BTS, em comparação com os que detêm um DUT,verificando se o contrário para o caso das mulheres diplomadas por umIUT, em comparação com as diplomadas por uma STS. A continuação dosestudos constitui assim um prolongamento lógico dos estudos no sistemade ensino que pode atenuar a sua apreensão perante a entrada no mer-cado de trabalho, suscitada pelo facto de “acharem que são demasiadojovens e que não estão suficientemente preparados (8)”, adiando a saídado sistema de ensino e permitindo-lhes adquirir competências suple-mentares (9) (Gendron, 1995, 2005).

A propensão para continuar os estudos é maior entre os titulares de umdiploma do ensino secundário geral do que entre os que detêm um di-ploma do ensino secundário técnico. Uma vez que a continuação dosestudos era já mais frequente no caso dos estudantes que terminavam oensino secundário geral do que nos do ensino técnico, esta distinção

(7) A opção de continuação dos estudos é determinada em parte pelas variáveis relacionadascom as características que influenciavam já as orientações no ensino superior após a ob-tenção do baccalauréat (diploma do ensino secundário francês), designadamente, a opçãopelo BTS ou pelo DUT. Não abordaremos em profundidade este aspecto no presente arti-go. Para mais pormenores, ver Ertul (dir. 2000) e a acta da sessão plenária de 9 de Janeirode 2003 do Haut Comité Éducation-Économie-Emploi, DPD, Ministério da Educação Nacional(HCEEE, 2003).

(8) Palavras do director de uma escola, proferidas no âmbito de inquéritos efectuados sobre asFormações Complementares de Iniciativa Local (Gendron, 1995).

(9) Idem. “Ajouter d’autres cordes à leur arc”, nas palavras de um profissional.

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faz-se também sentir após a obtenção de um BTS ou de um DUT. No en-tanto, é mais acentuada no caso dos homens titulares de um BTS. Os es-tudos continuariam sem ruptura e qualquer ruptura limitaria, assim, a re-toma dos estudos. Efectivamente, seja qual for a área de ensino, a pro-pensão para continuar os estudos é maior quando o estudante obteve umadiamento do serviço militar. Pelo contrário, o serviço militar provoca umaruptura no processo de formação.

Os diplomados que continuam a estudar são mais frequentemente sol-teiros. O facto de o estudante ser casado (ou de ter sido casado ou deviver maritalmente) implica que tem de prover a um certo número de en-cargos financeiros associados à vida em casal, principalmente se tem fi-lhos. Nesta situação, a continuação dos estudos é mais difícil do que nocaso do estudante solteiro, para quem a continuação dos estudos seinscreve no mesmo contexto dos anos anteriores. Este factor tem aindamais influência no caso das mulheres.

A continuação dos estudos é diferenciada em função do estabelecimen-to de ensino onde foi obtido o BTS ou o DUT. A propensão para continuaros estudos é mais acentuada nas mulheres titulares de um BTS obtido noSul e no Norte da França, em comparação com a região de Ile-de-France.Em contrapartida, a continuação dos estudos é menos frequente no ca-so das outras diplomadas, seja qual for a zona de obtenção do diplomaem comparação com a região de Ile-de-France, o que se explica talvezdevido ao facto de a região de Ile-de-France, considerada como variávelde referência, se caracterizar por uma oferta de formação importante pa-ra obtenção do BTS, representando, por si só, mais de um quarto do nú-mero total de diplomados do terciário. Em consequência, a probabilidadede existência de opções de continuação da formação após essas formaçõesé tanto maior, quanto a zona em causa é uma região onde a oferta de for-mação para obtenção do BTS está muito desenvolvida.

A continuação dos estudos insere se numa lógica de continuidade daespecialidade dos estudos anteriores, pois o efeito “especialidade” temuma influência mais forte do que o efeito do tipo de formação. Efectivamente,é ainda mais forte no caso dos homens que receberam formação numaespecialidade industrial, seja qual for o tipo de formação. No caso das mu-lheres e de uma formação numa especialidade terciária, esse efeito faz setambém sentir, mas em menor medida.

A origem social desempenha um papel mais importante no caso dos ti-tulares de um BTS do que no dos seus homólogos universitários. A pro-pensão para continuar os estudos é, de facto, maior no caso dos estudan-tes titulares de um BTS quando o pai tem um emprego de quadro e a mãetrabalha. É como se o efeito da origem social se substituísse ao efeito do“baccalauréat” (diploma do ensino secundário) observado nos diplomadospor um IUT. Ao passo que o baccalauréat tem uma influência relativamen-te importante na continuação dos estudos dos diplomados por um IUT, aorigem social desempenha um papel semelhante no caso dos diplomadospor uma STS. Devemos então deduzir deste facto que a continuação

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dos estudos se relaciona com uma situação económica mais favorável, nocaso dos titulares de um BTS, ao passo que nos diplomados por um IUTexiste antes uma relação com o mérito escolar? Com efeito, a continuaçãodos estudos de um titular de um BTS só será facilitada na condição de oestudante dispor dos necessários meios financeiros.

Incidência das informações sobre as tensões no mercado detrabalho e das características do emprego ocupado sobre a decisãode continuação dos estudos

De um modo geral, as condições de inserção profissional e as caracte-rísticas do emprego dos titulares de um BTS e de um DUT no mercado detrabalho influenciam a decisão de continuação dos estudos. Dado que têmuma identidade dividida (Kirsch, 1991), definida negativamente por Lojkine(1992) como “nem operário, nem quadro”, os titulares de um BTS ou deum DUT devem “assumir” a sua dupla posição intermediária no sistemade formação e no mercado de trabalho. Em França, do ponto de vista domercado de trabalho, a tendência para o aumento das exigências coloca-das em termos de formação e qualificação para efeitos de contratação tempor consequência um aumento do nível de qualificações dos diplomadosno mercado de trabalho. O estudante apreende, por um lado, a sua em-pregabilidade “potencial”, com base na evolução dos seus colegas de cur-sos anteriores e, por outro, a sua empregabilidade “diferencial”, compa-rando-a com a dos diplomados de um nível superior – o nível onde se si-tua a transição crucial entre o estatuto de “categoria profissional intermé-dia” e o de “quadro”, em que a diferença em termos de risco de desem-prego é condição necessária, mas não suficiente, para justificar a conti-nuação dos estudos de um titular de um BTS ou de um DUT. A tendênciapara a continuação dos estudos, que tem progredido constantemente, te-ve efectivamente o seu início muito antes da degradação da inserção pro-fissional dos titulares destes diplomas, verificada depois de 1990 (Martinellie Vergnies, 1995). A concorrência entre diplomas intermédios tem, por-tanto, algum impacto na situação socioprofissional relativa e absoluta dostitulares do BTS e do DUT, bem como na incerteza no que se refere àssuas formações e às suas probabilidades de progressão no emprego, in-fluindo assim no fenómeno da continuação dos estudos. Porém, a conjun-tura no mercado de trabalho tem também impacto na continuação dos es-tudos, ainda que a situação seja diferenciada em função dos perfis.

A propensão para continuar os estudos, seja qual for a formação ou osexo (à excepção das mulheres titulares de um BTS) é tanto maior, quan-to mais importante é a percentagem de desempregados entre os diploma-dos de cursos anteriores trinta meses após a sua saída do sistema de en-sino. Não obstante, as mulheres, tanto as diplomadas por um IUT comopor uma STS, parecem ser mais sensíveis à duração total média do de-semprego do que ao risco de desemprego propriamente dito. Assim, quan-to maior é a duração do desemprego, maior é também a propensão das

Análise económica da continuação dos estudos pelos diplomados em áreas técnicas

que concluíram cursos de curta duração do ensino superior francês

Bénédicte Gendron 99

Quadro 4: MMooddeelloo eexxpplliiccaattiivvoo ddaa pprroobbaabbiilliiddaaddee ddee ccoonnttiinnuuaaççããoo ddooss eessttuuddooss nnaass ddiiffeerreenntteess ffoorrmmaaççõõeess ppoorr ppaarrttee ddooss hhoommeennss ttiittuullaarreess ddee uumm BBTTSS oouu ddee uumm DDUUTT

BBTTSS DDUUTTVVaarriiáávveeiiss PPóóss--BBTTSS FF.. LL..PPrrooff.. FF.. LL..GGeennee.. PPóóss--DDUUTT FF.. LL..PPrrooff.. FF.. LL..GGeennee..

ddee rreeffeerrêênncciiaa aaccttiivvaass ccooeeff.. ccaarr.. ccooeeff.. ccaarr.. ccooeeff.. ccaarr.. ccooeeff.. ccaarr.. ccooeeff.. ccaarr.. ccooeeff.. ccaarr..

CCoonnssttaannttee --11,,9944 --11,,7777 --22,,0066 --22,,6677 --44,,7711 --11,,2200CCaarraacctteerriizzaaççããoo iinnddiivviidduuaallIle de France Sul 0,30 + -0,4 - -0,25 - -0,66 - -0,9 -- -0,38 -

Centro -0,06 ns 0,61 ++ -0,09 ns 0,15 ns -0,9 -- -0,14 nsNorte -0,19 ns 0,45 + -0,44 - 0,42 + -0,62 -- -0,01 nsOeste 0,14 ns -0,72 -- -0,12 ns -0,85 -- -1,23 --- -0,26 -

Atraso escolar Idade normal 0,74 ++ 1,19 +++ 0,72 ++ 0,75 ++ 0,93 ++ 0,63 ++Casado, divorciado Solteiro 0,77 ++ 0,66 ++ 0,51 ++ 0,13 ns 0,93 ++ 0,67 ++Pai não quadro Pai quadro 0,29 + 0,67 ++ 0,56 ++ 0,06 ns 0,48 + 0,13 +Mãe não activa Mãe activa 0,38 + -0,14 - 0,22 + -0,03 ns 0,17 ns -0,04 nsServiço militar: Adiado 2,10 ++++ 3,07 +++++ 4,16 +++++ 0,90 ++ 4,38 +++++ 4,43 +++++Dispensado, isentoBac técnico Bac geral 0,5 ++ 0,23 + 0,27 + 0,63 ++ 0,68 ++ 0,8 ++Especialidade terciária Especialidade -0,29 - 1,68 +++ 0,13 ns -0,07 ns 1,83 +++ 0,67 ++

industrialTTeennssããoo nnoo mmeerrccaaddoo ddee ttrraabbaallhhoo% de desempregados -baixa -média 0,35 + -0,20 ns 0,52 ++ 0,42 + 0,43 + 0,06ns* -elevada -0,92 -- 0,52 ++ -0,07 ns -0,25 ns -0,39 - -0,64 --Duração total média do -média -0,5 -- 0,44 + -0,34 - -0,35 ns -0,17 ns -0,70 --desemprego -baixa * -elevada -0,65 -- -1,19 --- 0,01 ns -0,62 -- 0,40 + -0,42 -% de desempregados -média 0,33 + -0,52 -- 0,07 ns 0,26 ns 0,52 ++ 0,06 nsdurante mais de 6 meses antes do primeiro emprego -baixa* -elevada 0,17 ns -1,48 --- -0,04 ns -0,01 ns 0,60 ++ -0,05 nsCCaarraacctteerrííssttiiccaass ddoo eemmpprreeggooSalário>salário Salário<=salário -0,35 - -0,14 ns -0,01 ns 0,29 + 0,04 ns 0,05 nsmediano* mediano% de emprego precário -média -0,25 ns 1,20 +++ 0,34 + 0,10 ns 0,26 ns 0,70 ++-baixa* - elevada -0,16 ns 2,22 ++++ 0,45 + 0,40 + -0,54 -- 0,52 ++% de quadros -baixa 0,20 ns -0,54 -- 0,17 ns 0,69 ++ 0,38 + 0,24 +-elevada *% de contratação directa -baixa 0,87 ++ -0,45 - 0,19 ns -0,54 -- 1,39 +++ 0,32 +ao abrigo de um contrato de duração indeterminada -elevada

-média 1,09 ++ -1,97 --- 0,28 + 0,06 ns 1,25 +++ 0,31 +

Fonte: Dados Céreq, Tratamento Cereq-Laboratoire d’Économie Sociale. * Em Março de 1987; ns: não significativo, até 5%. Pares concordantes para os BTS: 71,7 %, 85,7%, 78,1% e para os DUT: 69,2%, 87,1 %, 85,2 %. Modo de leitura: No Quadro 4, relativo aos homens titulares de um BTS ou de um DUT, em função dos tiposde continuação dos estudos, os coeficientes superiores a zero significam que a propensão para continuar os estudos é maior emcaso de ocorrência da variável da segunda coluna, em comparação com a primeira, e em função da formação de continuação dosestudos. Portanto, este resultado só é significativo quando inclui os sinais + (“ns” sendo “não significativo” e <0 significando “menoselevada”). Exemplo de leitura: Para o conjunto dos estudantes do sexo masculino, a propensão para continuar os estudos é maiorquando não há atraso escolar, seja qual for a formação de continuação dos estudos e o tipo de diploma de origem (DUT ou BTS).No entanto, a propensão para continuar os estudos através de uma formação longa profissionalizante é maior para um estudantedo sexo masculino titular de um BTS de “idade normal” (1,19), em comparação com um estudante que apresenta um atraso esco-lar relativamente a outros tipos de continuação dos estudos.

Revista Europeia de Formação ProfissionalN.o 39 – 2006/3100

Quadro 5: MMooddeelloo eexxpplliiccaattiivvoo ddaa pprroobbaabbiilliiddaaddee ddee ccoonnttiinnuuaaççããoo ddooss eessttuuddooss nnaass ddiiffeerreenntteess ffoorrmmaaççõõeess ppoorr ppaarrttee ddaass mmuullhheerreess ttiittuullaarreess ddee uumm BBTTSS oouu ddee uumm DDUUTT

BTS DUT

Variáveis Pós-BTS F. L.Prof. F. L.Gene. Pós-DUT F. L.Prof. F. L.Gene.

de referência activas coef. car. coef. car. coef. car. coef. car. coef. car. coef. car.

CCoonnssttaannttee --22,,4444 --00,,8899 --11,,6655 --44,,0055 --22,,8877 00,,1155Caracterização individual

Ile de France Sul 2,08 +++ 1,93 +++ -0,66 -- 0,30 ns -0,67 -- -0,49 -

Centro 0,49 + 0,60 ++ -0,23 - 1,30 +++ -1,2 --- -0,39 -

Norte 0,07 ns 1,49 +++ -0,60 -- 0,48 + -1,52 --- -0,5 --

Oeste 0,53 ns -0,36 - -0,65 -- -0,04 ns -0,62 -- -0,39 -

Atraso escolar Idade normal 0,33 + 0,75 ++ 0,85 ++ 1,06 +++ 0,75 ++ 0,89 ++

Casada, divorciada Solteira 0,52 ++ 1,05 +++ 1,84 +++ 0,86 ++ 1,16 +++ 1,33 +++

Pai não Pai quadro 0,68 ++ 0,74 ++ 0,42 + 0,35 + 0,83 ++ 0,26 +

quadro

Mãe não activa Mãe activa -0,04 ns 0,09 ns 0,21 + 0,32 ns -0,04 ns -0,07 ns

Bac técnico Bac geral 0,5 ++ 0,92 ++ 0,66 ++ 0,26 ns 0,46 + 0,88 ++

Especialidade industrial Especialidade terciária 2,87 ++++ -2,12 --- 0,70 ++ 2,55 ++++ 0,31 + 0,63 ++

Tensão no mercado de trabalho

% de desempregados -média 0,01 ns -2,5 ---- -0,17 ns -0,46 ns 0,64 ++ 0,75 ++

-baixa

* -elevada 1,39 +++ -0,83 -- -0,03 ns -0,42 ns 0,24 ns 0,26 +

Duração total média do -média -3,14 ---- 2,56 ++++ -0,71 -- 2,29 ++++ 1,55 +++ -0,08 ns

desemprego -baixa

* -elevada -2,99 ---- 3,60 ++++ -0,29 ns 0,61 ns 0,28 ns -0,74 --

% de desempregados -média 1,56 +++ -2,48 --- 0,41 + -0,02 ns 0,19 ns 0,03 ns

durante mais de 6 meses

antes do primeiro

emprego -baixa

* -elevada 1,18 ++ -2,24 --- 1,29 +++ -0,45 ns 0,07 ns -0,20 -

Caracteristicas do emprego

Salário>salário Salário<=salário 1,26 +++ 0,07 ns 0,18 ns 0,17 ns 0,47 + 0,32 +

mediano * mediano

% de emprego precário -média -0,5 -- -0,47 - -0,44 - 0,41 ns 0,54 ++ 0,32 +

-baixa

* - elevada -3,17 ---- 0,99 ++ -0,53 -- 0,57 ns 0,61 ++ 0,86 ++

% de quadros -baixa -0,44 - -0,87 -- 0,39 + -0,68 -- 0,07 ns -0,51 --

-elevada *

% de contratação directa -baixa -0,48 ns -0,42 - 0,85 ++ -0,81 -- 0,14 ns -0,18 ns

ao abrigo de um contrato

de duração indeterminada

-elevada

-média -0,78 -- 0,85 ++ 0,38 + -1,11 --- 0,31 + -0,43 -

Fonte: Dados Céreq, Tratamento Cereq-Laboratoire d’Économie Sociale. * Em Março de 1987; ns: não significativo, até 5%.Pares concordantes para os BTS: 75,3%, 81,5%, 74,2% e para os DUT: 75,4%, 75,1%, 72,9%. Modo de leitura: No Quadro 5, relati-vo às mulheres titulares de um BTS ou de um DUT, em função dos tipos de continuação dos estudos, os coeficientes superiores azero significam que a propensão para continuar os estudos é maior em caso de ocorrência da variável da segunda coluna, em com-paração com a primeira, e em função da formação de continuação dos estudos. Portanto, este resultado só é significativo quandoinclui os sinais + (“ns” sendo “não significativo” e <0 significando “menos elevada”). Exemplo de leitura: Para o conjunto das estu-dantes, a propensão para continuar os estudos é maior quando não há atraso escolar, seja qual for a formação de continuação dosestudos e o tipo de diploma de origem (DUT ou BTS). No entanto, a propensão para continuar os estudos através de uma formaçãocurta profissionalizante (pós-DUT) é maior para uma estudante titular de um DUT de “idade normal” (1,06), em comparação comuma estudante que apresenta um atraso escolar relativamente a outros tipos de continuação dos estudos. A propensão para con-tinuar os estudos através de uma formação longa profissionalizante é semelhante, do ponto de vista da variável “existência ouinexistência de atraso escolar” (0,75).

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que concluíram cursos de curta duração do ensino superior francês

Bénédicte Gendron 101

mulheres para continuarem os estudos. As diferenças entre homens e mu-lheres no que se refere à influência das variáveis relacionadas com astensões no mercado de trabalho e no sistema de emprego podem tradu-zir sensibilidades diferentes a variáveis associadas a uma perspectivade curto ou de longo prazo. Antes de obterem um lugar estável no siste-ma de emprego (Vernières, 1996), as mulheres parecem atribuir espe-cial atenção aos indicadores relacionados com as condições de inserçãoprofissional, mais do que às características do emprego propriamente di-to. As preocupações prioritárias dos homens, pelo contrário, relacionamse com a estabilidade do emprego e as possibilidades de progressão nacarreira, nomeadamente com a progressão para lugares de quadro, no ca-so dos diplomados por um IUT. Além destas sensibilidades diferentes, ob-servam se também tendências específicas entre as diferentes formações.Assim, os diplomados por uma STS seriam particularmente sensíveis àrapidez de acesso ao primeiro emprego ao tomarem a decisão de conti-nuar os estudos, ao passo que para os diplomados por um IUT a estabi-lidade do emprego ocupado seria mais determinante.

Determinantes da continuação dos estudos pelos titulares deum BTS ou de um DUT em formações profissionais de curta oude longa duração ou em formações gerais de longa duração

Com base nos modelos logísticos que estabelecem uma diferenciaçãoentre os tipos de continuação dos estudos (formações curtas, formaçõeslongas de carácter profissional ou formações generalistas longas), evi-denciamos, por um lado, as variáveis que determinam a continuaçãodos estudos, de acordo com os tipos de formações e, por outro, as con-vergências e divergências entre os perfis dos estudantes (ver Quadro4 e Quadro 5).

Modelos dicotómicos e determinantes da continuação dos estudosem função das áreas de orientação

A opção por modelos dicotómicos para identificar as determinantesda continuação dos estudos em função das áreas de orientação justifica-se com base no pressuposto de que o diplomado que está em vias de de-cidir se vai continuar os estudos não toma essa decisão de uma forma abs-tracta, mas sim no contexto de uma orientação mais ou menos definida.Para grande número de estudantes, à excepção dos indecisos, a conti-nuação dos estudos é estimulada por uma motivação específica, quepode ser uma especialização, a aquisição de competências múltiplas, noâmbito de formações pós-BTS ou pós-DUT, a obtenção de um diploma denível superior e/ou uma continuação dos estudos que combine simultane-amente a obtenção de um diploma e de uma especialização (tal como

Revista Europeia de Formação ProfissionalN.o 39 – 2006/3102

as áreas dos mestrados científicos e técnicos). A análise e os testes fo-ram assim efectuados de acordo com o modelo “continuação dos estudosnuma área de formação específica ou interrupção dos estudos”.

Influências variáveis da caracterização dos estudantes em função dos tipos de continuação dos estudos

O efeito “idade” tem uma incidência mais forte para os diplomados quese orientam para formações de carácter profissional. Constata-se aqui ainfluência da idade normal para a continuação dos estudos já observadanos primeiros modelos. No entanto, especificando os tipos de estudosprosseguidos, verifica-se que o impacto da idade normal é maior para oshomens diplomados por uma STS que se orientam para formações lon-gas de carácter profissional e para as mulheres diplomadas por um IUTque continuam os estudos optando por formações curtas. A inexistênciade atraso escolar é importante para os diplomados que desejam especializarseou receber formação numa profissão que lhes permita obter rapidamen-te um emprego.

A escolha de uma formação de carácter profissional pode, com efeito,estar associada à intenção de entrar rapidamente, ou no futuro próximo,no mercado de trabalho, ao passo que a opção por uma formação de tipogeneralista pode traduzir uma motivação prévia de realização de estu-dos de longa duração, seja qual for o atraso incorrido pelo estudante noseu processo educativo.

O efeito do serviço militar confirma o resultado dos modelos anteriores.O facto de ter obtido um adiamento influencia positivamente a continuaçãodos estudos, nomeadamente se o estudante prevê fazer estudos de lon-ga duração. Este resultado pode revelar dois tipos de situação: o estudan-te não apresentou o pedido de adiamento e, portanto, após a obtenção dodiploma, confrontar se-á com a decisão de ser ou não incorporado. Estasituação justificará, por exemplo, a opção pela continuação de estudos decurta duração, enquanto aguarda a incorporação. No caso contrário, o es-tudante pode ter apresentado um pedido de adiamento, quer na óptica deresolver, quando chegasse a altura, se optaria ou não pela incorpo-ração, reservando-se assim a possibilidade de continuar os estudos, querporque previa continuar a estudar (por exemplo, em caso de utilização dasformações BTS/DUT como substituto de formações tipo DEUG ou CPGE).Assim, a situação de adiamento está fortemente associada à continuaçãodos estudos em formações de longa duração. No que se refere à conti-nuação de estudos de curta duração, a influência do adiamento é me-nor, já que muitos estudantes puderam optar por formações curtas en-quanto aguardavam a incorporação, tal como já constatado em investi-gações anteriores (Gendron, 1995).

A orientação da continuação dos estudos difere em função da especia-lidade do diploma. A especialidade “industrial” não favorece a continuaçãodos estudos para além do DUT ou do BTS, o que se justifica talvez pelofacto de as ofertas de formações curtas serem predominantemente de áre-

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que concluíram cursos de curta duração do ensino superior francês

Bénédicte Gendron 103

as terciárias. Pela mesma razão, as mulheres titulares de um BTS ou deum DUT de uma especialidade terciária têm mais tendência a orientar-se para a continuação de estudos de curta duração. Em contrapartida, atendência para a continuação dos estudos em formações longas profis-sionalizantes é mais acentuada no caso dos homens titulares de umBTS ou de um DUT numa área industrial e menos acentuada no caso dosdiplomados por STS de áreas terciárias.

O efeito “estabelecimento de ensino” reforça os efeitos da oferta em ter-mos de orientação da escolha das formações. A propensão para continuaros estudos é condicionada, no caso das mulheres, pela oferta de formaçãono estabelecimento de ensino onde obtiveram o diploma, nomeadamen-te no caso das mulheres que continuam estudos de carácter profissionale, principalmente, das diplomadas por uma STS. Este resultado pode tra-duzir a intenção por parte das mulheres de continuar os estudos, nacondição de que tal não implique uma grande mobilidade geográfica (aopasso que a mobilidade não tem grande influência para os diplomados dosexo masculino, Martinelli e Vergnies, 1995). Trata se assim de uma es-colha de proximidade (que confirma a que foi já efectuada após o fim doensino secundário). No caso dos homens, pelo contrário, a variável ”esta-belecimento de ensino” tem pouca influência na decisão de continuaçãodos estudos, em comparação com outros factores. O efeito “situação fa-miliar” traduz uma sensibilidade principalmente feminina. No caso das mu-lheres, constata se que a propensão para continuar os estudos é forte-mente condicionada pela sua situação familiar (existência ou não de en-cargos familiares). No que a este ponto se refere, o facto de serem soltei-ras permite que as mulheres continuem estudos de longa duração. O fac-to de serem solteiros tem também uma influência positiva para os homens,seja qual for a orientação escolhida, mas é menos determinante do queno caso das mulheres.

Perfis diferentes em função da percepção da situação no mercadode trabalho e das características do emprego

A continuação dos estudos traduz geralmente a inquietação do estu-dante não só no que se refere ao seu futuro a curto prazo, mas tambémao lugar que ocupará na hierarquia socioprofissional ao longo da sua pro-gressão na carreira. Esta continuação dos estudos pode ser justificada poruma certa decepção ressentida no momento da entrada potencial no mer-cado de trabalho, associada à degradação das perspectivas em termosde emprego e de progressão na carreira. Pode relacionar se com a mas-sificação do número de diplomados num mercado de trabalho atónico, quepode estar na origem de uma desclassificação ou dificultar o acesso aolugar a que o estudante aspirava no fim da sua formação, quando con-cebeu o seu projecto profissional. Sabendo que esse lugar é fortementecondicionado pela obtenção de um diploma correspondente (Kirsch e

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Desgouttes, 1996) e pelas acções de formação contínua, que são poucasou não acessíveis ao seu nível de formação, a preocupação do estudan-te em termos de progressão na carreira será muito maior e, consequen-temente, prosseguirá os estudos.

Não obstante, as determinantes da continuação dos estudos diferemem função da orientação da mesma. Assim, a continuação dos estudospor parte dos titulares de um BTS é motivada essencialmente pelo aces-so a um primeiro emprego estável. Os seus homólogos universitários, pe-lo contrário, além da estabilidade do emprego, parecem estar também pre-ocupados com o salário e a progressão na carreira. As diferenças entre anatureza e a duração dos estudos prosseguidos permitem estabeleceruma distinção detalhada entre certos perfis masculinos e femininos, emfunção do seu diploma de origem. Os homens diplomados por uma STSou um IUT que continuam estudos de curta duração parecem ser moti-vados principalmente pelas características do emprego. Os diplomadospor uma STS que continuam estudos profissionalizantes de longa duraçãoparecem ser fortemente motivados pelo receio do desemprego e da pre-cariedade do emprego. A continuação dos estudos por parte dos diploma-dos de um IUT seria motivada não só pelo desejo de aceder directamen-te a empregos com um estatuto estável, como também pela evolução noemprego em direcção a funções de quadro. Os diplomados por um IUT ouuma STS que optam por formações universitárias tradicionais têm moti-vações semelhantes; nomeadamente, preocupações relacionadas com ascaracterísticas do emprego, ou seja, o acesso directo a um emprego comum contrato de duração indeterminada, a que se acrescenta, no caso dosDUT, a progressão para funções de enquadramento.

As mulheres titulares de um BTS que continuam estudos de curta du-ração parecem ser especialmente sensíveis aos salários, mas o risco dedesemprego pesa ainda mais na sua decisão. A continuação dos estudosatravés de formações curtas ocultaria realmente o receio do desemprego,adiando a entrada no mercado de trabalho. No caso das suas homólogasuniversitárias, não é tanto o risco do desemprego que motiva a continuaçãodos estudos através de formações curtas, mas antes a duração dessasformações. A formação em pós BTS/DUT permitiria assim obter uma es-pecialização ou adquirir competências múltiplas, o que, por um lado, asdistinguiria de outras candidatas ao emprego no mercado de trabalho e,por outro, devido à operacionalidade dessas formações, lhes permitiriaaceder mais rapidamente a um emprego do que se tivessem terminado osestudos ao nível do BTS ou do DUT.

As mulheres titulares de um BTS que continuam os estudos através deformações longas de tipo generalista, além da intenção de acederem ra-pidamente a um emprego, parecem ser também motivadas pelo desejode evoluir para empregos com um estatuto estável e para funções de qua-dro. As suas homólogas universitárias são motivadas por preocupaçõessemelhantes, se bem que, no seu caso, a motivação salarial pareça pre-valecer sobre o desejo de aceder ao estatuto de “quadro”.

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Finalmente, as estudantes que continuam os estudos através de for-mações longas de carácter profissional apresentam motivações diferen-tes conforme são titulares de um DUT ou de um BTS. A formação de ori-gem desempenharia um papel específico sob este ponto de vista. Assim,as diplomadas por um IUT parecem ser motivadas principalmente pelascaracterísticas do emprego (estabilidade do emprego, salário), ao passoque as de uma STS estariam mais preocupadas com a experiência de co-legas suas de cursos anteriores em termos de duração do desemprego.

Convergência e divergência entre os diferentes perfis

Após a identificação dos principais factores determinantes da conti-nuação dos estudos para os diferentes tipos de formações, são eviden-ciadas convergências e divergências entre certos perfis, em função dascaracterísticas individuais do estudante e da situação no mercado detrabalho e no sistema de emprego.

Do ponto de vista das características socioeconómicas dos estudan-tes, no caso dos homens, o facto de ser de idade normal é um factor maisimportante quando optam por estudos de longa duração, de carácter pro-fissional. Este comportamento de continuação dos estudos pode consti-tuir uma opção intermédia de adiamento da entrada no mercado de tra-balho, devido à conjuntura económica, utilizando assim deliberadamenteas formações para obtenção do BTS ou do DUT como formações de subs-tituição do DEUG. Esta opção intermédia por estudos de longa duraçãode carácter profissional pode ser mais difícil quando não foi prevista, namedida em que implica iniciar uma nova etapa e um novo ciclo de for-mação, em que o facto de não haver atraso escolar actua como uma va-riável que influencia a decisão. Embora este efeito “idade normal” inter-venha também no caso das mulheres, o efeito “situação familiar” tem maispeso para estas últimas. Efectivamente, quanto mais longos são os es-tudos que as mulheres prevêem efectuar, mais influência tem nessa de-cisão o facto de serem solteiras. Por outro lado, os homens e as mulhe-res que continuam os estudos através de formações longas de carácterprofissional, seja qual for a formação de origem, apresentam caracterís-ticas convergentes. Com efeito, a sua decisão de continuar os estudosatravés de formações longas de carácter profissional é condicionada, maisdo que qualquer outra orientação, pelo facto de o pai ser um quadro. A ac-tividade da mãe, pelo contrário, como variável distintiva entre as formações,tem pouca influência, e apenas para os homens titulares de um BTS quecontinuam os estudos através de uma formação pós-BTS ou de uma for-mação longa generalista. Do ponto de vista do impacto do diploma do en-sino secundário geral para a continuação dos estudos, este factor tem umefeito positivo em todos os casos de continuação dos estudos, seja qualfor o sexo. Contudo, o facto de serem titulares de um diploma do ensinosecundário geral é especialmente importante para os diplomados dos dois

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sexos por um IUT quando a continuação prevista dos estudos é de lon-ga duração. No caso dos homens diplomados por uma STS, este factor éimportante quando continuam os estudos em formações curtas e, no ca-so das mulheres, quando optam por estudos de longa duração de carác-ter profissional.Assim, as divergências e convergências observadas entre os perfis dosestudantes para o caso das variáveis relacionadas com a percepção dastensões no mercado de trabalho, por um lado, e com as características doemprego, por outro, não reflectem a caracterização individual dos diplo-mados, tal como foi observada. As motivações que levam as mulheres acontinuarem os estudos dependem do diploma de origem. Assim, as titu-lares de um BTS que continuam os estudos através de formações curtasou longas de carácter profissional são particularmente sensíveis às con-dições de inserção profissional. No caso das diplomadas por um IUT, sãoprincipalmente as características do emprego que motivam a continuaçãodos estudos através de formações longas, de carácter profissional ou ge-neralista. Ao passo que, no caso das mulheres, o diploma de origem é oelemento estruturante no perfil da continuação dos estudos, no caso doshomens predominam as características do emprego, que os diferenciamcomo motivação de continuação dos estudos. Contudo, o efeito “diplomade origem” tem importância do ponto de vista da incidência da “evoluçãopara um lugar de quadro”, seja qual for o tipo de continuação dos estudosescolhido. Todos são motivados pela possibilidade de evoluir para funçõesde enquadramento. Por outro lado, observa se uma convergência de mo-tivações do ponto de vista da escolha de estudos de longa duração.Seja qual for a natureza dos estudos de longa duração prosseguidos, osdiplomados por um IUT ou uma STS partilham do mesmo desejo deaceder a empregos estáveis. Porém, os que continuam os estudos atra-vés de formações longas de carácter profissional preocupam se tambémcom o risco de desemprego. Em contrapartida, os diplomados que conti-nuam os estudos através de formações curtas apresentam característicasdivergentes. Os titulares de um BTS que prolongam os estudos durantemais um ano procuram aceder assim directamente a um emprego com umestatuto estável, ao passo que os titulares de um DUT que continuam osestudos por períodos curtos são motivados pelo acesso ao estatuto de“quadro”, que é condicionado por um nível de formação “bac+3” (diplo-ma do ensino secundário mais três anos de formação) reconhecido; deresto, os primeiros diplomas nacionais de técnicos especializados (DNTS)apareceram principalmente como formação sequencial pós-DUT, e nãopós-BTS (Gendron, 1995) (10).

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que concluíram cursos de curta duração do ensino superior francês

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Conclusão

Em suma, decorre dos modelos de regressão sobre a continuação dosestudos em geral que quanto mais pessimistas são as antecipações dosestudantes no que se refere à situação no mercado de trabalho, maistendência têm para continuar os estudos, tendência essa que é ainda maisacentuada quando obtiveram um diploma do ensino secundário geral (bac-calauréat général), são oriundos de um meio social favorecido e não re-gistaram rupturas no seu percurso escolar ou insucesso escolar; estastendências confirmam as que foram evidenciadas em 1996 por Cahuzace Plassard. Em contrapartida (e é este o contributo original do presentedocumento), constatam-se diferenças quando se especifica a natureza ea duração dos estudos prosseguidos. A análise das determinantes da con-tinuação dos estudos por tipo de formação escolhida, efectuada a partirda base de dados de onde foram extraídos os dados para os trabalhos daautora (inquérito Céreq de 1991), permite, de facto, especificar as deter-minantes em função da duração e da natureza dos estudos prosseguidos,o que não era possível com os dados utilizados por Cahuzac e Plassard(1996). Aqui reside a originalidade do presente trabalho e, sobretudo, aexplicação para a divergência das nossas conclusões relativamente àspropostas por Cahuzac e Plassard. Com efeito, enquanto esses dois au-tores se questionavam “se o movimento de continuação dos estudos, ar-ticulado na sua maior parte em torno de formações universitárias, nãose inscreveria numa tendência favorável às formações gerais (11)”, a dis-tinção estabelecida nos nossos modelos entre as formações escolhidaspara a continuação dos estudos permite extrair a conclusão inversa noque se refere à continuação dos estudos pelos estudantes, a saber, que

(10) Tal como a criação recente de licenciaturas profissionais por iniciativa das universidades.Efectivamente, a licenciatura profissional é concedida pelas universidades, a título indivi-dual ou conjuntamente com outros estabelecimentos públicos de ensino superior, creden-ciados para o efeito pelo ministro responsável pelo ensino superior.

(11) Estas divergências entre as nossas conclusões respectivas podem ser explicadas pelo agru-pamento pouco diferenciado das formações de continuação dos estudos que Cahuzac ePlassard (1996) foram obrigados a efectuar, devido à natureza da base de dados utilizada.Para estes autores, todas as formações universitárias de segundo ciclo foram considera-das como sendo uma formação predominantemente “generalista”, apesar de muitas dasformações de continuação dos estudos após a obtenção de um BTS ou de um DUT se-rem mestrados científicos e técnicos ou aplicados a uma área profissional.Cahuzac et Plassard (1996), p. 11: «Afin de tenter d’évaluer (grossièrement) le proces-sus, des regroupements de formations ont été effectués pour constituer 2 pôles de forma-tions séparés à dominante générale ou professionnelle. Par définition, le pôle profession-nel regroupe les filières de l’échantillon initial (IUT, BTS, Écoles) ainsi que les diplômes pro-fessionnels universitaires de 3e cycle (DESS); le pôle général comporte tous les autres diplô-mes universitaires (1er et 2e cycle), et les formations à et par la recherche (DEA, thèse)»(Para tentar avaliar (aproximadamente) o processo, as formações foram agrupadas de mo-do a constituir 2 pólos de formação distintos, predominantemente generalistas ou profissio-nais. Por definição, o pólo profissional reúne as formações da amostra inicial (IUT, BTS,Escolas de Ensino Superior), bem como os diplomas universitários do 3º ciclo (DESS); opólo geral inclui todos os outros diplomas universitários (1º e 2º ciclo), bem como as for-mações obtidas para fins de investigação ou através da investigação (DEA, tese).

existe uma tendência para continuar os estudos através de formações decarácter profissionalizante. Os comportamentos de continuação dos estu-dos através de formações profissionalizantes são, de facto, confirmadospelos comportamentos actuais dos estudantes, o que se verifica a todosos níveis (com a criação de licenciaturas profissionais e de mestrados pro-fissionais). Desta forma, com base em modelos logísticos específicos, épossível identificar dois perfis principais de continuação dos estudos. Acontinuação de estudos técnicos curtos (do tipo pós BTS ou pós-DUT) cor-responde a preocupações de curto prazo com a inserção profissional, aopasso que a continuação dos estudos através de formações de longa du-ração seria motivada pelo emprego ocupado e pelas perspectivas de pro-gressão na carreira, a saber, a probabilidade de aceder a lugares de qua-dro. Os diplomados que continuam os estudos através de uma formaçãoprofissional longa combinam estas diferentes motivações.

Finalmente, tentámos demonstrar nestes trabalhos que, num contex-to de concorrência no emprego, a procura de educação se relaciona maiscom decisões sequenciais e estratégicas (na acepção de uma reacção es-tratégica perante a concorrência ou os “adversários” na procura de em-prego no mercado de trabalho, agregados no grupo de estudantes como mesmo perfil), do que com simples decisões individuais de afectaçãodos recursos, tal como são postuladas pela teoria padrão do capital hu-mano. Além disso, é também evidenciada a complementaridade das abor-dagens em termos de capital humano e de sinalização (12) e dos investi-mentos de forma (13). Embora a formação de base seja importante, a von-tade de se diferenciar do titular de um simples diploma “bac+2”, continuan-do os estudos para além desse nível, pode estar relacionada com a pre-ocupação de “se assinalar” duplamente junto do potencial empregador:em primeiro lugar, através da admissão à formação inicial, que é selecti-va, e depois, nalguns casos, diferenciando se através da especiali-zação. Esta intenção de se diferenciar assume todo o seu significado noâmbito do mercado de trabalho francês, fortemente hierarquizado com ba-se nos diplomas (Gendron, 2005, 1999).

Além disso, apesar de através destes modelos se ter tentado apre-ender a continuação dos estudos em termos de “estratégia de emprega-

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(12) Ao passo que a teoria do capital humano assimila a formação a um investimento que éum factor de produtividade, a teoria do sinal de Spence (1973) difere precisamente nesteponto, considerando que o investimento em formação é mais um filtro revelador das poten-cialidades do indivíduo do que um indicador de produtividade. Esta teoria considera que,atendendo ao carácter incompleto da informação dos empregadores sobre os candidatosao emprego, o investimento em educação é um sinal. Os empregadores, que não conhe-cem a capacidade dos candidatos no momento do recrutamento, vão procurar todos ossinais que esses candidatos possam emitir, nomeadamente o diploma, que constitui um si-nal das potencialidades do candidato, tanto ou mais do que do seu nível de produtividade.

(13) Situando se no prolongamento da teoria do capital humano e na fronteira da corrente con-vencionalista, a teoria dos “investimentos de forma” (Thévenot, 1986) considera que a qua-lificação dos assalariados desempenha um papel determinante no funcionamento do mer-cado de trabalho, mas no âmbito de instituições (normas de classificação, grelhas de remu-neração) que criam sistemas de hierarquias verticais e de equivalências horizontais.

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que concluíram cursos de curta duração do ensino superior francês

Bénédicte Gendron 109

bilidade”, estudando o impacto que as dificuldades experimentadas nomercado de trabalho e no sistema de emprego pelos diplomados por umIUT ou uma STS tiveram sobre a sua decisão de continuar os estudos, osmodelos não procuravam explicar a “estratégia de formação”, que carac-teriza outra face do fenómeno da continuação dos estudos. Contudo, in-quéritos monográficos, efectuados com base numa abordagem socioeco-nómica e incidindo em titulares de um BTS que continuavam estudos decurta duração [que não são abordados no presente artigo, mas que foramdesenvolvidos num relatório e noutras obras da autora (Gendron, 1995,2004)], permitiram evidenciar esta dimensão de “estratégia de formação”,remetendo para a utilização destas formações curtas como etapa de for-mação (propedêutica, em substituição do DEUG (Diploma de EstudosUniversitários Gerais) ou da CPGE (Classe Preparatória para as GrandesEscolas)). Esta continuação dos estudos inscrever se ia numa opção es-tratégica sequencial em que a decisão de continuar os estudos, tomadaneste contexto, ilustra um comportamento de agente que se confronta coma realidade, capaz de agir e reagir à evolução do seu meio e às dificul-dades criadas pela incerteza, recorrendo a uma racionalidade simultane-amente cognitiva e calculista. Através da flexibilidade que confere às es-tratégias, a decisão sequencial (ou em etapas) do estudante contribui pa-ra assegurar mais eficazmente a dupla função de redução das incertezase de procura de uma solução óptima, na medida em que a racionalidadecognitiva do estudante permite a revisão e a adaptação, bem como a apren-dizagem, a aquisição de experiência e o amadurecimento do agente numambiente em mutação. Uma abordagem em termos sequenciais e estra-tégicos permite assim explicar a evolução e a diversidade das estratégiasde continuação dos estudos destes diplomados: um comportamento quecombina uma estratégia de formação e/ou uma estratégia de empregabi-lidade, aliando a minimização dos riscos (de fracasso numa formação uni-versitária) e a maximização das vantagens concorrenciais (através do va-lor acrescentado da competência técnica e profissional obtida nas for-mações de continuação dos estudos e do seu corolário, a sinalização).

Finalmente, se o interesse por estas formações pode reflectir o êxitodas mesmas, por outro lado a progressão contínua da continuação dosestudos vai pôr em causa o carácter “terminal” das formações em questão,suscitando várias reflexões. De um modo geral, coloca questões como asdo valor do investimento educativo e da respectiva sinalização e do des-vio das políticas educativas através das estratégias dos agentes, nome-adamente no que se refere ao efeito de selecção na admissão a estas for-mações, a que acedem em última análise os “bons” alunos, aptos aprosseguirem estudos de longa duração e cuja propensão para a conti-nuação dos estudos é relativamente forte. Em particular, surgem as questõesda estrutura, da organização e do funcionamento do sistema de ensinosuperior que, através da oferta, alimenta também esta continuação dosestudos, e as regras do mercado de trabalho em França, que exercemigualmente a sua influência na determinação da escolha e na justifi-

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cação das decisões e das opções de orientação dos estudantes. De res-to, do ponto de vista da organização do ensino superior, seria interessan-te determinar o impacto da selecção na admissão a estas formações so-bre a continuação dos estudos (14).

Estes primeiros resultados confirmam igualmente a necessidade detrabalhos de investigação, dados e informações socioeconómicos, mastambém psicológicos, sobre a forma como os estudantes tomam as suasdecisões em matéria educativa e a forma como efectuam a sua escolhade uma orientação, em função da estrutura e da organização da oferta deformação e tendo em conta as expectativas e as regras do mercado detrabalho francês. Estes trabalhos, tal como os que analisam o fenómenoda continuação dos estudos, colocam sobretudo o problema real da orien-tação profissional, que em França ainda não é tratado com suficiente se-riedade.

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(14) Estudos efectuados sobre os Two-Year Colleges (TYC) dos Community Colleges, que sãocursos técnicos curtos do ensino superior americano, abertos a todos, não selectivos e pre-vendo a continuação dos estudos em Four-Year Colleges, tinham por objectivo determi-nar o impacto da inexistência de selecção à entrada sobre a continuação dos estudos(Gendron, 2000). Esta investigação evidenciou uma taxa relativamente baixa de continuaçãodos estudos à saída destes TYC, que se relacionava em parte com o facto de não haverselecção para o acesso a estas formações, que atraem assim estudantes realmente moti-vados para uma formação técnica curta, apesar de a continuação dos estudos no fim des-tas formações ser possível e estar prevista institucionalmente. Estes primeiros resultadosda análise devem, no entanto, ser interpretados com algumas precauções, tal como acon-tece com todas as tentativas para

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que concluíram cursos de curta duração do ensino superior francês

Bénédicte Gendron 111

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Anexo 1Organização do ensino superior em França

O ensino superior francês pode ser definido como o conjunto das for-mações que permitem continuar os estudos depois do baccalauréat (di-ploma do ensino secundário), que é o primeiro grau do ensino superior(ver diagrama, mais adiante). O ensino superior francês caracteriza se pe-la coexistência de numerosas formações com finalidades, estruturas ad-ministrativas, condições de admissão e organização dos estudos muitovariadas. Os estudantes dividem se assim entre, por um lado, as univer-sidades, que oferecem formações gerais e profissionais, geralmente plu-ridisciplinares, em três ciclos de ensino, e que abrangem InstitutosUniversitários de Tecnologia (IUT), que conferem ao fim de dois anosDiplomas Universitários de Tecnologia (DUT), e Escolas Superiores deEngenharia; e, por outro, as classes pós-baccalauréat dos liceus públicosou de escolas privadas convencionadas. Estas formações com uma du-ração de dois anos, ministradas nos liceus, são asseguradas por docen-tes do segundo grau e, em conformidade com as leis da descentralização,as despesas de funcionamento e investimento são financiadas pelas re-giões, ao passo que o Estado é responsável pela remuneração dos do-centes e pelo financiamento das despesas pedagógicas. Estas formaçõesabrangem, por um lado, as classes préparatoires aux grandes écoles (CP-GE, Classes Preparatórias para as Grandes Escolas), que preparam osestudantes para concorrerem às Escolas Superiores de Engenharia, àsEscolas Superiores de Comércio e de Gestão e às Escolas NormaisSuperiores; por outro lado, as sections de techniciens supérieurs (STS,Secções de Técnicos Superiores), que conferem o brevet de techniciensupérieur (BTS, Certificado de Técnico Superior), com o objectivo da in-serção profissional após a obtenção do diploma; finalmente, existe aindagrande variedade de outras formações públicas e privadas. Referiremosem especial as seguintes: as écoles paramédicales et sociales (EscolasSuperiores Paramédicas e Sociais), tuteladas pelo Ministério da Saúde;as écoles d’ingénieurs indépendantes des universités (Escolas Superioresde Engenharia independentes das universidades), tuteladas pelo Ministérioda Educação Nacional ou por outros Ministérios técnicos: Ministério daDefesa (Escola Politécnica), Ministério da Agricultura (Escolas Superioresde Agronomia), Ministério da Indústria (Escolas Superiores de Minas oude Telecomunicações), Ministério do Equipamento (École des ponts etchaussées, Escola Superior de Engenharia Civil), que são escolas de en-sino superior cuja criação data com frequência da época da RevoluçãoFrancesa e que são responsáveis, nomeadamente, pela formação dos en-genheiros dos grandes organismos de obras públicas do Estado; asécoles de commerce et de gestion (Escolas Superiores de Comércio e deGestão), geralmente privadas ou que dependem das Câmaras de Comércio;as écoles supérieures artistiques et culturelles (Escolas Superiores Artísticas

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e Culturais: Arquitectura, Belas Artes), que dependem do Ministério daCultura e da Comunicação.

Apesar desta grande diversidade do ensino superior francês, é possí-vel identificar algumas características comuns. Já não é possível esta-belecer uma distinção entre universidades e escolas de ensino superior,na medida em que as universidades desenvolveram muito os cursos pro-fissionais, formando agora uma percentagem importante dos engenheirose dos diplomados em gestão, ao passo que as escolas se dedicam cadavez mais a actividades de investigação. Porém, o sistema francês carac-teriza se pela coexistência entre um sector selectivo e um sector não se-lectivo. Esta problemática da selecção, que é extremamente delicada, co-loca se desde o acesso ao ensino superior, sendo abordada no presenteartigo. O primeiro ciclo do ensino superior, com a duração de dois anos,baseia se a priori no princípio da não selecção. É o que prevê o artigo 14.ºda Lei do Ensino Superior de 1984 (actualmente artigo L 612-3 do Códigoda Educação), que institui o direito de todos os titulares do diploma do en-sino secundário acederem ao curso universitário da sua escolha. Mas sãoimediatamente previstas excepções específicas: Institutos Universitáriosde Tecnologia (IUT), Classes Preparatórias para as Grandes Escolas (CP-GE), Secções de Técnicos Superiores (STS) e cursos de formação da áreada saúde. Nestes últimos existe um numerus clausus fixado a nível nacio-nal, em que a selecção é efectuada através de um concurso realizadono fim do primeiro ano de estudos numa universidade. Em contrapartida,as universidades que preparam para estudos de longa duração não sãoautorizadas a seleccionar os seus estudantes, atendendo ao princípiodo livre acesso e da não selecção. O corolário do livre acesso à univer-sidade e da selecção efectuada para acesso às formações de curta du-ração é que a entrada do estudante para a universidade depende, portan-to, do seu desejo de o fazer, das informações que recolheu ou assimiloue da sua admissão ou não admissão nas formações selectivas. O resul-tado não é, pois, necessariamente o melhor. Por exemplo, uma percenta-gem relativamente importante de titulares do diploma do ensino secundá-rio prossegue estudos gerais numa universidade, quando se tinha candi-datado a uma formação técnica selectiva de curta duração. Por outro la-do, um número crescente de titulares do diploma do ensino secundáriogeral opta pela admissão num IUT ou numa STS, reservando se a pos-sibilidade de continuar posteriormente os estudos, num segundo ciclo. Éeste o fenómeno analisado no presente artigo.

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Bénédicte Gendron 115

Gráfico 1. DDiiaaggrraammaa ssiimmpplliiffiiccaaddoo ddoo ssiisstteemmaa ddee eennssiinnoo sseeccuunnddáárriioo ee ssuuppeerriioorr ffrraannccêêss ((ee ddoo ssiisstteemmaa ddee aapprreennddiizzaaggeemm))

PPrincipais certif icações do curso geral

(Estatuto escolar no sistema de ensino)

Certif icações em CFA

(Centro de Formação

de Aprendizes)

(estatuto de aprendiz)

Doutoramento

(Nesta coluna: nova

estrutura do processo de

Bolonha)

Doutoramento

DEA – Diploma de Estudos

Aprofundados

DESS – Diploma de

Estudos Superiores

Especializados

Diploma de Engenheiro

Mestrado

Mestrado

(antigo mestrado +

DEA ou DESS)

Nív

elII

-I

Licenciatura Licenciatura

Título de engenheiro

En

sin

os

up

eri

or

18

an

os

em

dia

nte

Nív

elII

I DEUG – Diploma de Estudos Universitários Gerais

DUT- Diploma Universitário de Tecnologia

BTS - Certificado de Técnico Superior

DUT, BTS

Nív

elIV

Lic

eu

15

ao

s1

8a

no

s

3-

4an

os

de

estu

dos

Nív

elV

Baccalauréatgeral

Ensino geral

Baccalauréattecnológico

Ensino

tecnológico

Baccalauréatprofissional

BEP

CAP

Ensino

profissional

Baccalauréat profissional

BEP

CAP

Ensino profissional

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Anexo 2 Características da população estatística

Quadro 1: CCaarraacctteerriizzaaççããoo ddaa ppooppuullaaççããoo

Source: Céreq data, Processing by Cereq-Laboratoire d’Économie Sociale.

Tipo de estudos

Sexo

Situação familiar

Tipo de bac

Estabelecimento deensino

Profissão do pai

Actividade da mãe

BTSDUT

MasculinoFeminino

SolteiroCasado, divorciado

TécnicoGeral

SulCentroNorteOeste Ile de France

QuadroNão quadro

ActivaNão activa

15,9310,49

16,78,04

12,2

19,13

10,7617,48

13,4617,1115,539,7

10,35

11,3614,38

13,0413,05

42,9162,93

55,0251,47

54,95

43,43

57,4645,86

50,7153,2457,056,9451,93

50,5555,89

53,5253,54

41,1726,58

28,2840,48

32,88

37,44

31,7836,65

35,8729,6427,4733,3737,73

38,0929,73

Efectivos BTS: 35 481Efectivos DUT: 20 400

Formações LongasGeneralistas (F L Gene.)

Formações Longas Pro-fissionais (F L Prof.)

Pós-BTSPós-DUT

Repartição de acordo com as áreas de continuação dos estudos em %

Caracterização da população dediplomados de 1988