Análise do poema viajar Perder Países

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POESIA DE FERNANDO PESSOA ANÁLISE DO POEMA Viajar! Perder Países! Ricardo Santos – 4071 Beatriz Quiaios - 824

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P O E S I A D E F E R N A N D O P E S S O A

ANÁLISE DO POEMAViajar! Perder Países!

Ricardo Santos – 4071 Beatriz Quiaios - 824

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LEITURA DO POEMA

Viajar! Perder países!

Ser outro constantemente,

Por a alma não ter raízes

De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!

Ir em frente, ir a seguir

A ausência de ter um fim,

E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.

Mas faço-o sem ter de meu

Mais que o sonho da passagem.

O resto é só terra e céu.

Viajar! Perder Países!

Fernando Pessoa

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ANÁLISE FORMAL

Vi/a/jar!/ Per/der /pa/í/ses!

Ser/ ou/tro/ cons/tan/te/men/te,

Por/ a al/ma /não /ter/ ra/í/zes

De/ vi/ver/ de /ver/ so/men/te!

Não pertencer nem a mim!

Ir em frente, ir a seguir

A ausência de ter um fim,

E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.

Mas faço-o sem ter de meu

Mais que o sonho da passagem.

O resto é só terra e céu.

Viajar! Perder Países!

- 3 quadras

- Métrica regular (redondilha maior)

- Rima cruzada

a

b

a

b

c

d

c

d

e

f

e

f

7

7

7

7

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ANÁLISE DO CONTEÚDO

Viajar! Perder países!

Ser outro constantemente,

Por a alma não ter raízes (ex.1)

De viver de ver somente!

Viajar! Perder Países!

- O sujeito poético procura o seu verdadeiro “eu” que é sempre “outro”

- Fragmentação do “eu” (heterónimos)

- Não tem “amarras” a ninguém, nem a si mesmo (ex.1) , solitário

- Viajar, neste poema, significa conhecer-se a si mesmo e não conhecer

novos países (paradoxo do título)

Fragmentação do “eu”

Estrofe

Remete para a experiencia,

porque não basta a observação.

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ANÁLISE DO CONTEÚDO

Não pertencer nem a mim! (ex.2)

Ir em frente, ir a seguir

A ausência de ter um fim,

E a ânsia de o conseguir!

Viajar! Perder Países!

- Ao viajar o homem anula a sua própria individualidade, despersonalização,

angústia da separação entre o sonho e a realidade (ex.2)

- Viajar sem ter um fim porque Fernando Pessoa não encontra o seu próprio

“eu” mas quer muito encontrar-se a si próprio (ex.3)

2ªEstrofe

(ex.3)

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ANÁLISE DO CONTEÚDO

Viajar assim é viagem.

Mas faço-o sem ter de meu

Mais que o sonho da passagem.

O resto é só terra e céu.

Viajar! Perder Países!

- Viagem interior em que o “eu” poético se procura a si próprio

- O sujeito poético ausenta-se de “si” para poder analisar-se mais

facilmente (ex.4)

- Verificamos uma desilusão, uma perda de esperança de se encontrar.

- Contraste entre o sonho e a realidade (ex.5)

3ªEstrofe

(ex.4)

(ex.5)

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ANÁLISE LINGUÍSTICA

- Linguagem simples mas muito expressiva (cheia de significados

escondidos)

- Pontuação emotiva, “ E a ansia de o conseguir!” (interjeições)

- Campos semântico ( viajar, viagem)

- “Viajar! Perder países!” – Paradoxo - A noção de viagem presente no

primeiro verso está associada á ideia de procura para o sujeito poético,

viajar não implica ganhar países, ganhar lugares na rota da sua vida;

significa, antes, procura de si mesmo, encontro consigo mesmo.

Viajar! Perder Países!

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ANÁLISE ESTILÍSTICA

- “Ir em frente, ir a seguir”- Repetição - viagens constantes.

- “Não pertencer nem a mim/a ausência de ter um fim” – Assonância - repetição

do som “im” remete para a Despersonalização (perda de identidade),

angústia da separação entre o sonho e a realidade e para a consciência da

enfermidade da vida.

- “o resto é só terra e céu”- Antítese - contraste entre o sonho e a realidade.

Viajar! Perder Países!

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ANÁLISE ESTILÍSTICA

- “De viver de ver somente”- Aliteração - além de conferir ritmo e musicalidade

ao poema, remete para a experiencia, porque não basta a observação.

- “por alma não ter raízes”- Metáfora - não tem “amarras” a ninguém, nem a si

mesmo, solitário.

Viajar! Perder Países!

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QUESTIONÁRIO

- Explica o sentido conotativo que a palavra “Viajar” nos transmite.

- Significa virar-se para dentro de si e conhecer o seu verdadeiro “eu” ; Sair de si

próprio; imaginar, divagar, “ser outro constantemente”.

- Explicita o paradoxo presente no título.

- Perder países ≠ viajar é a fuga à realidade; viajar é algo mais, mas perder está

associado a algo menos, logo há um paradoxo na medida em que viajar pode ser fugir

a realidade.

- Explica os dois últimos versos do poema.

- Neste viajar na imaginação não tenho limites, ideia de evasão e de plenitude

Viajar! Perder Países!

Mais que o sonho da passagem.

O resto é só terra e céu.