Analise do Jogo de Futebol
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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO
AVALIAÇÃO NAS ACTIVIDADES FÍSICAS E DESPORTIVAS
ANÁLISE DO JOGO DE FUTEBOL: CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE DAS SEQUÊNCIAS
OFENSIVAS COM FINALIZAÇÃO.
Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestre em Educação Física e Desporto, na área da Avaliação nas
Actividades Físicas e Desportivas, realizada sob a orientação do Professor Doutor António Jaime Sampaio (UTAD).
EDMUNDO JOSÉ DE OLIVEIRA SILVA
Julho, 2007
II
AGRADECIMENTOS
À minha FAMÍLIA, base da minha formação, que criou em mim uma constante
vontade de aprender.
À MARTA, por acreditar.
Ao PROFESSOR DOUTOR JAIME SAMPAIO que, mais uma vez, de forma
incondicional me orientou na realização deste trabalho. Ser orientado por
alguém com tanto conhecimento e competência incute-nos mais
responsabilidade, mas também mais confiança no que fazemos.
Ao PROFESSOR DOUTOR VÍTOR MAÇAS pelo apoio e pela disponibilidade
demonstrada em vários momentos da elaboração deste trabalho.
Ao MÁRIO NUNES, ao MIGUEL CARVALHO, ao PATRICK CANTO, ao FILIPE ROSÁRIO,
ao RICARDO DUARTE, ao FILIPE PEREIRA, à TERESA FIÚZA, ao OCTÁVIO MEIRA e à
HELENA COSTA que de diferentes formas participaram na realização deste
trabalho.
A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste
trabalho exprimo o meu agradecimento.
III
RESUMO
O jogo de Futebol tem sido analisado sobre as perspectivas das fases do ataque e da defesa,
sendo escassos os estudos que caracterizam a transição entre estas fases, contribuindo assim
para um maior esclarecimento acerca deste processo. Neste sentido, o presente estudo teve
como objectivos: identificar, em situações de finalização, associações estatisticamente
significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis relativas à fase final
do processo ofensivo, em função do nível de qualidade das equipas (nível superior e nível
inferior); identificar relações entre as variáveis da transição defesa-ataque e as variáveis que
caracterizam o contexto momentâneo do jogo; identificar, também em situações de finalização,
associações estatisticamente significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as
variáveis relativas à fase final do processo ofensivo, em função dos três tipos de confrontos
(entre equipas de qualidade superior; entre equipas de qualidade inferior e entre equipas de
qualidade superior com inferior).
Foram recolhidas e analisadas 392 sequências ofensivas terminadas em finalização de equipas
de nível superior (equipas que superaram os quartos-de-final) e 284 de equipas de nível inferior
(equipas que não superaram a fase de grupos), relativas ao Campeonato do Mundo de Futebol
de 2006. Foram produzidas tabelas de contingência associadas aos valores do teste qui-
quadrado, com nível de significância definido mantido em 5%, entre as variáveis zona de
recuperação, tipo de recuperação, primeiro passe, tipo de relação numérica ataque-defesa com
a forma como termina a acção ofensiva e com a zona de finalização, escalonados por equipas
superiores e equipas inferiores. Realizou-se a comparação de resultados, com a Anova simples
entre as variáveis número de variações de corredor, número de jogadores, relação numérica
ataque-defesa e velocidade de transmissão da bola com a forma como termina a acção
ofensiva e com a zona de finalização.
Na análise diferenciada por dois níveis qualitativos de equipas, verificou-se que: (1) no que
respeita à recuperação da posse de bola, as ESUP apresentaram maior êxito nas
recuperações realizadas em zonas mais ofensivas, em relação às EINF, tendo-se identificando
uma relação estatisticamente significativa (P<.05) entre as recuperações na zona ofensiva
direita e ofensiva centro com finalizações dentro da grande área e entre recuperações de bola
na zona ofensiva esquerda e finalizações fora da grande área. No entanto, a intercepção foi o
meio mais utilizado nas sequencias culminadas em golo tanto pelas equipas de nível superior
como pelas de nível inferior (38,3% e 38,9% respectivamente). (2) Os passes curtos/médios
são os utilizados com maior frequência no início das sequências ofensivas analisadas,
identificando-se uma variação significativa entre o tipo de passe utilizado e o decorrer do jogo.
(3) Apesar da tendência vincada das sequências ofensivas analisadas culminarem em maior
frequência em inferioridade numérica, dos atacantes em relação aos defesas, verificou-se que,
com o decorrer do tempo de jogo, as equipas superiores são as que mais atenuam essa
tendência. Ainda de realçar a relação estatisticamente significativa (P<.05) entre as categorias
IV
da relação numérica entre atacantes e defesas e a forma como termina a acção ofensiva,
unicamente encontrada, nas equipas de nível superior.
Na análise relativa aos tipos de confrontos, basicamente realçamos a associação significativa
identificada (P<.05) entre algumas categorias da relação numérica entre atacantes e
defensores e a forma como termina a acção ofensiva, nos confrontos entre equipas inferiores,
e com a zona de finalização, em confrontos entre equipas superiores e entre equipas do
mesmo nível.
Palavras chave: Futebol, transição defesa-ataque, finalização, níveis qualitativos de equipas, tipos de confrontos.
V
ABSTRACT
Football matches have been analysed in the perspective of the phases of attack and defence.
The studies which characterize the transition between these phases are scarce, therefore
demanding a greater explanation regarding this process. In this way, this present study has as
its aims: identifying, in finalisation situations, statistically significant associations between
defence-attack transition variables and variables relating to the final phase of the offensive
process, in function of the level of the quality of the teams (superior and inferior level);
identifying the relations between the defence-attack transition variables and the variables which
characterize the momentary context of the match; also identifying in finalisation situations,
statistically significant associations between defence-attack transition variables and variables
relating to the final phase of the offensive process, in function of the level of the three types of
confrontations (between teams with a superior quality, between teams with an inferior quality
and teams with a superior versus an inferior quality).
392 offensive sequences, which were achieved in the finalisation of teams from a superior level
(teams that surpassed the quarter final), were compiled and analysed and 284 teams from an
inferior level (teams that didn’t surpass the group phase) were also compiled and analysed,
relating to the Football World Cup of 2006. Tables of contingency were produced and were
associated to the values of the test qui-quadrado, with a defined level of significance maintained
at 5%, between the variables recuperation zone, type of recuperation, first pass, type of numeric
relation of attack-defence with the way the offensive action ends and with the finalisation zone,
staggered by superior and inferior teams. We carried out a comparison of results, with the
simple Anova between the different numbers of variables of corridors, number of players,
numeric relation of attack-defence and the velocity of the ball transmission with the way the
offensive action ends and with the finalisation area.
In the analysis differed by two qualitative team levels, we verified that (1) as far as ball
possession, the ESUP presented a bigger success in recuperations carried out in more
offensive areas, as far as EINF, having identified a statistically significant relation (P<.05)
between the recuperations in the right offensive area and offensive centre with finalisations
inside the penalty area and between ball recuperations in the left offensive area and
finalisations out of the penalty area.
However, the interception was the more utilized means in the culminated sequences in goal in
the superior teams as much as in the inferior teams (38,3% and 38,9% respectively). (2) The
short/medium passes are utilized with a bigger frequency at the beginning of the analysed
offensive sequences, identifying a significant variable between the type of utilized pass and the
happening of the match. (3) Although the tendency of the analysed offensive sequences
reached in bigger frequency in numeric inferiority, of the attackers in relation to the defenders,
we verified the, with the going on of the playtime, the superior teams are those that most
attenuate this tendency. We also have to enhance the statistically significant relation (P<.05)
between the categories of the numeric relation between attackers and defenders and the way
the offensive action ends, uniquely found in the teams from superior level.
VI
In the analysis to the types of contests, we basically enhance the identified significant
association (P<.05) between some categories from the numeric relation between attackers and
defenders and the way the offensive action ends, in the contests between inferior teams and
with de finalisation area, in contests between superior teams and between teams of the same
level.
Key-words: Football, transition of defence-attack, finalisation, qualitative level of the teams, types of contests.
VII
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS …………………………………………………………………………… II
RESUMO …………………………………………………………………………………………. III
ABSTRACT ……………………………………………………………………………………… V
ÍNDICE GERAL ………………………………………………………………………………….. VII
ÍNIDICE DE FIGURAS ………………………………………………………………………….. XI
ÍNDICE DE QUADROS …………………………………………………………………………. XII
ÍNIDICE DE ABREVIATURAS………...……………………………………………………….. XV
I. INTRODUÇÃO ………………………………………………………………………………... 1
1.1. PREÂMBULO ………………………………………………….………………………….. 1
1.2. OBJECTIVOS E HIPOTESES…..……………………………………………………….. 4
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .……………………………………………………….………. 6
2.1. FASES DO JOGO DE FUTEBOL: DEFESA E ATAQUE ………………………...….. 6
2.1.1. DEFINIÇÃO DO CONCEITO …………………..…………………………....….. 8
2.1.2. VARIÁVEIS DE ESTUDO …..…………………..…………………………....….. 8
2.3. EFEITOS DA TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE NO PROCESSO OFENSIVO ..….. 20
2.4. SÍNTESE …………………………………………………………………………….....….. 22
III. METODOLOGIA ………………………………………………………………………….. 27
3.1 AMOSTRA ……………………………………………….…………………………………. 27
3.1.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ………………………………………..…. 27
3.1.2. PROCEDIMENTOS PRÉVIOS ………………………………………….......….. 29
3.1.3. RECOLHA E REGISTO DE IMAGENS …..…………………………….......….. 30
3.2. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS E DISCRIMINAÇÃO DAS CATEGORIAS …………. 31
3.2.1. VARIÁVEIS ………………………...……..……………………………….......….. 31
3.3. OBSERVAÇÃO………………...………………………………………………….………. 42
3.4. ANÁLISE DA FIABILIDADE ….………………………………………………….………. 43
3.4.1. FIABILIDADE INTRA-OBSERVADOR E INTER-OBSERVADOR .………..... 43
3.5. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS ………………………………………….………. 45
VIII
IV. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ….………………..………… 46
4.1. RELAÇÃO ENTRE A TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE COM A FORMA COMO
TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA E COM A ZONA DE FINALIZAÇÃO EM ENS E ENI… 47
4.1.1. ZONA DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…...……….. 47
4.2.1.1. Zona de recuperação da posse de bola e forma como termina a
acção ofensiva …………………….…………………………….......….. 48
4.2.1.2. Zona de recuperação da posse de bola e zona de finalização ….….. 51
4.1.2. TIPO DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…....……….. 57
4.1.2.1. Tipo de recuperação da posse de bola e forma como termina a
acção ofensiva ….………………….…………………………….......….. 57
4.1.2.2. Tipo de recuperação da posse de bola e zona de finalização …...….. 58
4.1.3. PRIMEIRO PASSE ….………….…....…………………………………………... 59
4.1.3.1. Primeiro passe e forma como termina a acção ofensiva …….......….. 61
4.1.3.2. Primeiro passe e zona de finalização ….............................................. 63
4.1.4. TIPO DE RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA ……...………………... 65
4.1.4.1. Tipo de relação numérica ataque-defesa e forma como termina a
acção ofensiva ……......................................................................….. 65
4.1.5. NÚMERO DE VARIAÇÕES DE CORREDOR ….………….…....…………..... 66
4.1.5.1. Número de variações de corredor e forma como termina a acção
ofensiva……......................................................…………………….... 66
4.1.5.2. Número de variações de corredor e zona de finalização …………..... 68
4.1.6. NÚMERO DE JOGADORES …..…....…………………………………………... 68
4.1.6.1. Número de jogadores e forma como termina a acção ofensiva …….. 69
4.1.6.2. Número de jogadores e zona de finalização …................................... 69
4.1.7. RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA …………………………………... 70
4.1.7.1. Relação numérica ataque-defesa e forma como termina a acção
ofensiva …….......………………………………………………………... 70
4.1.7.2. Relação numérica ataque-defesa e zona de finalização …………...... 72
4.1.8. VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA BOLA ………………………………... 73
4.1.8.1. Velocidade de transmissão da bola e forma como termina a acção
ofensiva …….......………………………………………………………... 74
4.1.8.2. Velocidade de transmissão da bola e zona de finalização …………... 75
IX
4.2. RELAÇÃO ENTRE A TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE COM A FORMA COMO
TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA E COM A ZONA DE FINALIZAÇÃO EM
DIFERENTES TIPOS DE CONFRONTOS DE EQUIPA ……………………………………. 77
4.2.1. ZONA DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…...……….. 77
4.2.1.1. Zona de recuperação da posse de bola e forma como termina a
acção ofensiva …………………….…………………………….......….. 78
4.2.1.2. Zona de recuperação da posse de bola e zona de finalização ….….. 82
4.2.2. TIPO DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA …………….…....……….. 82
4.2.2.1. Tipo de recuperação da posse de bola e forma como termina a
acção ofensiva ….………………….…………………………….......….. 82
4.2.2.2. Tipo de recuperação da posse de bola e zona de finalização …...….. 83
4.2.3. PRIMEIRO PASSE ….………….…....…………………………………………... 85
4.2.3.1. Primeiro passe e forma como termina a acção ofensiva …….......….. 85
4.2.3.2. Primeiro passe e zona de finalização ….............................................. 87
4.2.4. TIPO DE RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA ……...………………... 87
4.2.4.1. Tipo de relação numérica ataque-defesa e forma como termina a
acção ofensiva ……......................................................................….. 88
4.2.4.2. Tipo de relação numérica ataque-defesa e zona de finalização ...….. 89
4.2.5. NÚMERO DE VARIAÇÕES DE CORREDOR ….………….…....…………..... 90
4.2.5.1. Número de variações de corredor e forma como termina a acção
ofensiva …….......………………………………………………………... 90
4.2.5.2. Número de variações de corredor e zona de finalização …………..... 91
4.2.6. NÚMERO DE JOGADORES …..…....…………………………………………... 91
4.2.6.1. Número de jogadores e forma como termina a acção ofensiva …….. 91
4.2.6.2. Número de jogadores e zona de finalização …................................... 92
4.2.7. RELAÇÃO NUMÉRICA ATAQUE-DEFESA …………………………………... 93
4.2.7.1. Relação numérica ataque-defesa e forma como termina a acção
ofensiva ……....…………………………………………………………... 93
4.2.7.2. Relação numérica ataque-defesa e zona de finalização …………...... 95
4.2.8. VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA BOLA ………………………………... 98
4.2.8.1. Velocidade de transmissão da bola e forma como termina a acção
ofensiva …….......………………………………………………………... 99
X
4.2.8.2. Velocidade de transmissão da bola e zona de finalização …………... 101
V. CONCLUSÕES …………………………………………………..………...………………… 104
VI. BIBLIOGRAFIA ………………………………………………....………...………………… 108
VI. ANEXOS
XI
ÍNDICE FIGURAS
Figura 2.1. Divisão do Campograma em quatro sectores e três corredores para a Variável ZRPB ……………………………………………………………………. 10
Figura 2.2. Esquema descritivo do presente estudo ………………………………………… 25
Figura 3.1. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZRPB …………….. 32
Figura 3.2. Divisão em quatro sectores do Campograma da Variável ZRPB …………….. 32
Figura 3.3. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZRPB …………….. 33
Figura 3.4. Campograma da variável de ZF ………………………………………………….. 40
XII
ÍNDICE QUADROS
Quadro 2.1. Resultados da Velocidade de Transmissão da Bola nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996), Ribeiro (2003) e Reis (2004) ……………. 15
Quadro 2.2. Resultados da Número de Bolas Recebidas nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996) e Reis (2004) ……………………………………….... 16
Quadro 2.3. Resultados do número de contactos nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996) e Reis (2004) …...…………………………………………….. 16
Quadro 2.4. Analise das acções técnico-tácticas de remate e remate com eficácia (golo), segundo Bezerra (1995) .………………………………………………. 20
Quadro 2.5. Resultado das sequências ofensivas segundo Felisberto (2004)……………. 21
Quadro 2.6 Associação das variáveis observadas na revisão com a definição do conceito de transição defesa-ataque ………………………………………… 23
Quadro 3.1. Resultados dos Coeficientes de Kappa e de correlação interclasses para cálculo da Fiabilidade intra-observador e inter-observadores……………… 44
Quadro 4.1. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em ESUP………………………………………………………………… 49
Quadro 4.2. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em EINF. ...……………………………………………………………..... 50
Quadro 4.3. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e ZF nas ESUP. ...……………………………………………………………....... 51
Quadro 4.4. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis C e ZF nas ESUP. ...……………………………………………………………............. 53
Quadro 4.5. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis S e ZF nas ESUP. ...……………………………………………………………............. 54
Quadro 4.6. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e ZF nas EINF. ...……………………………………………………………......... 54
Quadro 4.7. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis C e ZF nas EINF. ...……………………………………………………………............... 56
Quadro 4.8. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis S e ZF nas EINF. ...……………………………………………………………............... 56
Quadro 4.9. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e FTAO em dois Níveis de Equipa. ...…………………………………………… 58
Quadro 4.10. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e ZF nas ESUP e EINF. ...………………………………………………………... 59
Quadro 4.11. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e TJD nas EINF. ...……………………………………………………………....... 61
Quadro 4.12. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e FTAO em ESUP e EINF. ...…………………………………………………….. 62
Quadro 4.13. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e ZF nas ESUP e EINF. ...……………………………………………………………. 63
Quadro 4.14. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e FTAO em dois Níveis de Equipa. ...…………………………………………… 64
Quadro 4.15. Anova para comparação entre as variáveis NVC e FTAO nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………............ 67
XIII
Quadro 4.16. Anova para comparação entre as variáveis NVC e ZF nos dois Níveis de Equipas. ...…………………………………………………………….................
68
Quadro 4.17. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e FTAO nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………............ 69
Quadro 4.18. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e ZF nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………................. 69
Quadro 4.19. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………. 71
Quadro 4.20. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em ESUP. ...……………………………………………………………... 71
Quadro 4.21. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e ZF nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………................. 72
Quadro 4.22. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em ESUP e EINF. ...…………………………………………………….. 73
Quadro 4.23. Anova para comparação entre as variáveis VTB e FTAO nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………............ 74
Quadro 4.24. Anova para comparação entre as variáveis VTB e ZF nos dois Níveis de Equipas. ...……………………………………………………………................. 75
Quadro 4.25. Testes post hoc de- Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e ZF em ESUP e EINF. ...………………………………………………………… 76
Quadro 4.26. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 78
Quadro 4.27. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 81
Quadro 4.28. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 83
Quadro 4.29. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e ZF em diferentes tipos de Confrontos. ...……………………………………... 84
Quadro 4.30. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...…………………………………. 86
Quadro 4.31. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TRNAD e FTAO em diferentes tipos de Confrontos. ...……………………………….. 88
Quadro 4.32. Anova para comparação entre as variáveis NVC e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos……..……………………………………………………. 90
Quadro 4.33. Anova para comparação entre as variáveis NVC e ZF nos diferentes Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 91
Quadro 4.34. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos…………..………………………………………………… 92
Quadro 4.35. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e ZF nos diferentes Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 92
Quadro 4.36. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 93
Quadro 4.37. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………… 94
Quadro 4.38. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos. ...…………………………………………………………. 96
Quadro 4.39. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………… 97
XIV
Quadro 4.40. Anova para comparação entre as variáveis VTB e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………………………………….
99
Quadro 4.41. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e FTAO em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………… 100
Quadro 4.42. Anova para comparação entre as variáveis VTB e ZF nos diferentes Tipo de Confrontos. ...……………………………………………………………....... 101
Quadro 4.43. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e ZF em diferentes Tipos de Confrontos. ...………………………………………… 102
XV
ÍNDICE DE ABREVIATURAS
SFIN – Sequências Ofensivas Terminadas em Finalização;
ZREC – Zona de Recuperação da Posse de Bola;
TREC – Tipo de Recuperação da Posse de Bola;
VTB – Velocidade de Transmissão da Bola;
NR – Número de Bolas Recebidas;
NC – Número de Contactos;
NVC – Número de Variações de Corredor;
NJOG – Número de Jogadores com Intervenção na Acção Ofensiva;
RNAD – Relação Numérica Ataque-Defesa;
TRNAD – Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa;
ZF – Zona de Finalização;
FTAO – Forma como Termina a Acção Ofensiva;
NE – Nível da Equipa;
ESUP – Equipas Nível Superior;
EINF – Equipas de Nível Inferior.
1
I. INTRODUÇÃO 1.1 PREÂMBULO
Nos nossos dias, o Futebol é uma modalidade de grande interesse e impacto
na sociedade, facto que faz emergir a importância de o conhecer e
compreender melhor, seja ao nível social, financeiro ou desportivo. Um dos
objectos de estudo mais atractivos no âmbito deste Jogo Desportivo Colectivo
(JDC) é a competição, quando analisada no sentido de obter mais e melhor
informação acerca do seu conteúdo (Maçãs, 1997).
Segundo Bangsbo (2002), as exigências do Futebol podem dividir-se em quatro
componentes: técnicas, tácticas, sócio-psicológicas e físicas. No Futebol de
alto rendimento, as equipas tentam conseguir os mais elevados índices de
performance nestas componentes. Assim, se explica o crescente interesse por
parte da investigação científica, que tem como consequência o aparecimento
constante de estudos sobre estes factores de rendimento, de forma a aumentar
o conhecimento sobre o mesmos, com o fim de se conseguir melhorar a
qualidade do jogo.
Com o intuito de proceder à caracterização da actividade desenvolvida pelos
jogadores e das equipas durante as partidas, os especialistas centraram,
inicialmente os seus estudos na actividade física imposta aos jogadores
(Garganta, 2001). Segundo Bangsbo (2002), os resultados de estudos
científicos podem ajudar a obter uma melhor compreensão das exigências e
limitações do rendimento físico no Futebol. Na pesquisa efectuada à literatura
disponível, verifica-se que a grande parte de estudos encontrados, referem-se
ao estudo das capacidades condicionais de velocidade, força e resistência.
(Weineck, 1997; Bangsbo, 2002; Cometti, 2002). Por outro lado, existem vários
estudos que se concentram num outro factor de rendimento, o técnico-táctico.
(Maças, 1997; Castelo, 2003; Felisberto, 2004). Segundo Castelo (2003), este
subsistema estabelece os meios de base que os jogadores, quer individual,
quer colectivamente, accionam na fase do ataque ou defesa, com vista à
resolução eficaz das situações de jogo.
2
No entanto, o jogo de Futebol decorre da natureza do confronto entre dois
sistemas complexos, as equipas, e caracteriza-se pela sucessiva alternância
de estados de ordem e desordem, estabilidade e instabilidade, uniformidade e
variedade (Garganta, 2001). Neste contexto, dado que se trata de situações de
mudança de final aberto, torna-se inglória a busca de laços directos
causa/efeito quando pretendemos interligar a lógica da actividade. O raciocínio
eficaz está sobretudo relacionado com a descoberta de novos significados e o
desenvolvimento de novas perspectivas (Stacey, 1995).
No jogo de Futebol é possível identificar duas grandes fases, em cada uma das
quais as equipas perseguem objectivos antagónicos: a fase de ataque e a fase
da defesa (Garganta e Pinto, 1998). Apesar de recentemente alguns estudos
se começarem a dedicar sobre os aspectos relativos à fase defensiva (Suzuki,
2005; Seabra & Dantas, 2006) a maior parte incide sobre o estudo do processo
ofensivo. (Maças, 1997; Felisberto, 2004; Costa, 2005; Lago & Martin, 2007).
Consideramos como explicação para esta tendência o facto, de ser nesta fase
do jogo que se atinge o momento mais desejado por todos: o golo.
Conjuntamente, as transições entre estas duas fases, tem vindo a levantar
algum interesse para os investigadores. Denominadas por transição defesa-
ataque e transição ataque-defesa estas constituem o momento em as equipas
mudam de papéis no jogo, dada a recuperação ou perda da posse de bola,
respectivamente.
Se entendermos o conceito de modelo de jogo como “a cristalização de formas
fundamentais (idênticas), da competição, que é obtida através da abstracção
desses elementos e da sua natureza” (Castelo, 2003), é aceitável a ideia
defendida por Gréhaigne (1989, cit. Garganta, 1997), de que as transições
defesa-ataque são importantes na caracterização do modelo de jogo adoptado
por uma equipa, Mesma ideia defende Castelo (2003) que considera a
velocidade de transição um dos pressupostos essenciais de qualquer método
ofensivo. Realçando-se assim a pertinência de uma equipa conseguir
rapidamente chegar a zonas de finalização, logo após a recuperação da posse
de bola.
3
Este é um conteúdo que começa a ter bastante ênfase na construção do
processo ofensivo das equipas contemporâneas, começando a despertar
diversas questões sobre a sua concepção, características e possíveis
comportamentos padrão existentes. Este pequeno momento entre o fim da
acção defensiva e o início da acção ofensiva, denominado, por muitos, de
transição defesa-ataque, é sem dúvida, nos tempos de hoje, um novo conceito
pertinente na obtenção do mais alto rendimento em Futebol.
Da diversidade de factores que compõe o jogo de Futebol, provocadoras de
sequências defensivas e ofensivas de variedades ilimitadas, resulta também
uma multiplicidade de formas como pode decorrer cada transição defesa-
ataque, sendo de todo o interesse investiga-la.
Ocasionalmente, em alguns dos estudos no âmbito da análise do processo
ofensivo, encontramos aspectos relacionados com a transição defesa-ataque.
Para além de serem escassos os estudos em Futebol, que se dedicam em
exclusivo a esta fase de transição defesa-ataque (Gonçalves, 1994; Mendes,
2002; Ribeiro, 2003), nunca esta foi associada ao sucesso final das acções
ofensivas que lhe sucedem.
Como tal, seria de todo o interesse caracterizar as transições defesa-ataque
das acções ofensivas terminadas em golo, permitindo-nos associar estas
características da transição ao sucesso no jogo. Por outro lado, apesar do golo
ser o momento mais valioso no jogo e factor de estudo para alguns (Jinshan et
al., 1993; Ramos, 1999; Yiannakos e Armatas, 2006), acontece que em relação
aos outros JDC de invasão (i.e: andebol e basquetebol), o futebol não é tão rico
neste tipo de situações.
A finalização é uma acção técnico-táctica individual na que culmina todo o
processo ofensivo (Castelo, 2003). É uma acção associada com o poder
ofensivo da equipa que a executa, bem como aumenta o potencial de
oportunidades de atingir o golo. Deste modo, poderá ser mais pertinente
estudar as acções ofensivas culminadas em finalização, do que propriamente
restringir as análises às acções terminadas em golo. São já vários os autores
que fizeram esta opção (Coelho, 1995; Cunha, 1995; Pereira, 1995; Oliveira,
1996).
4
Por outro lado, parece igualmente importante estudar esta relação em dois
níveis de equipas de qualidade distinta, variante também já verificada em
vários estudos do âmbito da análise do processo ofensivo do jogo (Oliveira,
1996; Silva, 1998; Almeida, 1999). Assim poder-se-à perceber, se existem
diferenças entre as transições defesa-ataque culminadas em finalização, em
função da qualidade das equipas.
Neste sentido, a competição eleita para análise é a Fase Final do Campeonato
do Mundo de Futebol de 2006. Esta escolha, foi efectuada mediante o facto de
ser uma prova recente, de elevado rendimento competitivo, com participação
de selecções sujeitas a uma fase de pré-qualificação com outras selecções,
permitindo uma filtragem na qualidade das equipas que participam nesta Fase
Final.
1.2 OBJECTIVOS E HIPOTESES
No seguimento das questões formuladas e apresentadas, o presente estudo
apresenta como objectivo fundamental:
- Identificar, em situações de finalização, associações estatisticamente
significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis
relativas à fase final do processo ofensivo1, em função dos diferentes níveis
qualitativos de equipas (nível superior e nível inferior).
A par deste objectivo propomo-nos a:
- Identificar relações entre as variáveis da transição defesa-ataque2 e as
variáveis que caracterizam o contexto momentâneo do jogo3.
- Identificar, em situações de finalização, associações estatisticamente
significativas entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis
1 As variáveis de análise da fase final do processo ofensivo são as seguintes: Zona de Finalização e a Forma como Termina a Acção Ofensiva. 2 As variáveis de análise do momento de transição defesa-ataque são as seguintes: Zona de Recuperação da Posse de Bola, Tipo de Recuperação da Posse de Bola, Primeiro Passe, Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa, Número de Variação de Corredores, Número de Jogadores, Relação Numérica Ataque-Defesa e Velocidade de Transmissão da Bola. 3 As variáveis de análise que caracterizam o contexto momentâneo do jogo são as seguintes: Resultado Parcial e Tempo de Jogo Decorrido.
5
relativas à fase final do processo ofensivo4,em função de três categorias de
confrontos (1) entre equipas de qualidade superior; (2) entre equipas de
qualidade inferior; e (3) entre equipas de qualidade superior com inferior.
Decorrente destes objectivos, formularam-se as seguintes hipóteses:
1º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do
momento de transição defesa-ataque e a Forma como Termina a Acção
Ofensiva (FTAO) em função dos diferentes Níveis de Equipa.
2º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do
momento de transição defesa-ataque e a Zona de Finalização (ZF) em função
dos diferentes Níveis de Equipa.
3º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do
momento de transição defesa-ataque e o Tempo de Jogo Decorrido (TJD) em
função dos diferentes Níveis de Equipa.
4º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do
momento de transição defesa-ataque e o Resultado Parcial (RP) em função
dos diferentes Níveis de Equipa.
5º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do
momento de transição defesa-ataque e a Forma como Termina a Acção
Ofensiva (FTAO) em função dos diferentes Tipos de Confrontos.
6º Existe uma relação estatisticamente significativa entre as variáveis do
momento de transição defesa-ataque5 e a Zona de Finalização (ZF) em função
dos diferentes Tipos de Confrontos.
4 As variáveis de análise da fase final do processo ofensivo são as seguintes: Zona de Finalização e a Forma como Termina a Acção Ofensiva. 5 As variáveis de análise do momento de transição defesa-ataque são as seguintes: Zona de Recuperação da Posse de Bola, Tipo de Recuperação da Posse de Bola, Primeiro Passe, Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa, Número de Variação de Corredores, Número de Jogadores, Relação Numérica Ataque-Defesa e Velocidade de Transmissão da Bola.
6
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. FASES DO JOGO DE FUTEBOL: DEFESA E ATAQUE.
São inúmeros os estudos realizados no âmbito do Futebol, com o intuito de
investigar os diferentes factores de rendimento presentes no jogo, de modo a
melhorar continuamente a sua qualidade. Segundo Silva (1998) o estudo do
comportamento dos jogadores e das equipas em competição, permite-nos
representar modelos da actividade dos jogadores e das equipas, permitindo-
nos entender quais os mais e menos eficazes, definir as estratégias de trabalho
mais vantajosas e indicar tendências evolutivas da modalidade. Para
Gréhaigne (1992), é através da observação de competições e da análise das
mesmas, que podemos descobrir pontos sensíveis de um sistema complexo.
Esta é a preocupação dos estudos relacionados com a análise do jogo,
procurando melhorar o rendimento táctico-técnico, evoluindo no conhecimento
já existente, para podermos também evoluir no trabalho prático elaborado na
modalidade.
Quando pesquisamos sobre os trabalhos já realizados, no âmbito da análise do
jogo, grande parte investiga o processo ofensivo do jogo. No entanto e em
menor quantidade, encontramos estudos com temas diversificados. Esta
diversidade, parece estar associada à especificidade do jogo, ao conjunto de
características únicas do mesmo, que têm levantado interesse vista a sua
importância no alto rendimento desportivo.
2.2.1. DEFINIÇÃO DO CONCEITO
Segundo Valdano (2001), “as equipas devem saber atacar e defender.
Algumas sabem mais: fazer transições”. As transições decorrem em períodos
de tempo muito curtos, porém, segundo Gréhaigne (1989, cit. Garganta, 1997)
“constata-se um maior volume de jogo de transição (mais de 95%) em
detrimento da finalização”.
7
As transições podem ser de dois tipos: transição ataque-defesa, aquando da
perda da posse de bola, e defesa-ataque, aquando da recuperação da mesma.
Sendo o Futebol, uma modalidade com muitos anos, tendo atingido um nível de
rendimento, em que os pormenores diferenciam o poder das equipas, denota-
se importante, para as mesmas, a preparação detalhada destes momentos de
transição. Deste modo, o conceito de transição no Futebol, tem vindo a levantar
algum interesse em estudos recentes (Mendes, 2002; Ribeiro, 2003; Reis,
2004).
Na transição de um momento defensivo para um momento ofensivo, o objectivo
fundamental é progredir em direcção à baliza adversária (Silva, 1998), de uma
forma rápida e eficaz, evitando ao máximo interrupções deste processo, com
vista à concretização do objectivo fundamental do jogo (o golo), respeitando o
princípio da penetração (Garganta & Pinto, 1998).
Segundo Queiroz (2003), na transição defesa-ataque o objectivo fundamental,
e caso haja condições para o efectuar, é o de aproveitar a desorganização
posicional do adversário, e progredir em direcção à baliza adversária, para
criar, o mais rápido possível, situações de golo.
Ou seja, para além do importante empenho em conhecermos a fase ofensiva
do jogo, parece-nos determinante perceber, o seu início, aspecto que tantas
vezes surge no jogo. A capacidade de atacar rapidamente e de forma eficaz,
poderá estar relacionado à preparação prévia do ataque, mesmo enquanto a
equipa ainda defende.
Segundo Castelo (2003) a transição defesa-ataque encontra-se dependente de
dois aspectos fundamentais. O primeiro está relacionado com as atitudes e os
comportamentos dos jogadores no momento logo após à recuperação da
posse de bola, no que respeita a quatro questões fundamentais: i) a quem
(todos os jogadores da equipa); ii) quando (momento imediato após a
recuperação à posse de bola); iii) onde (em qualquer espaço do jogo); e iv)
como (ocupando espaços apropriados, estabelecer linhas de passe, utilizar
mudanças rápidas de ritmo e direcção e executando procedimentos técnico-
tácticos individuais e colectivos). Por outro lado, o segundo aspecto, está
8
dependente da rápida transição do centro de jogo, desde a zona de
recuperação da posse de bola em direcção a espaços dominantes de
finalização.
2.2.2. VARIÁVEIS DE ESTUDO
Como já referimos anteriormente, no que respeita ao estudo da transição
defesa-ataque, são escassos os estudos encontrados. Vários autores abordam
alguns aspectos relacionados com o tema, mas sempre com a finalidade de
investigar os processos ofensivos e defensivos no seu todo. Assim sendo, para
além de investigarmos os trabalhos realizados, sobre a transição defesa-
ataque, pesquisamos também sobre alguns estudos efectuados no âmbito do
processo ofensivo, onde encontramos variáveis e dados relevantes para o
nosso tema.
Deste modo, apresentamos uma breve descrição das variáveis estudadas no
processo ofensivo e tentamos identificar as que nos parecem pertinentes para
a análise desta fase de transição. As variáveis encontradas na análise do
processo ofensivo foram:
• Variáveis quantitativas: número de processos ofensivos, número
de passes do processo ofensivo, número de contactos realizados,
número de jogadores com intervenção no processo ofensivo,
número de variações de corredor, número de variações de ritmo
de jogo, número de bolas jogadas (indicador composto),
velocidade de transmissão da bola (indicador composto).
• Variáveis qualitativas: zona de recuperação da posse de bola, tipo
de recuperação da posse de bola, características específicas do
primeiro passe, alcance do passe, método de jogo ofensivo,
circulação da bola, zona onde foi executado o ultimo passe, zona
de finalização positiva, distância de finalização positiva e forma
como a equipa termina a acção ofensiva.
9
Perante estas variáveis, denotamos ligação entre algumas delas e o tema do
estudo. Assim sendo, realizamos de seguida uma selecção sobre as variáveis
que consideramos pertinentes para o estudo da transição defesa-ataque e
dissecamos alguns dados que consideramos fundamentais para o
entendimento da mesma.
ZONA DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA (ZREC)
Hughes (1994), refere que a zona onde a bola é recuperada, pode influenciar a
eficácia de uma equipa. Para Reis (2004), a zona do terreno de jogo onde se
conquista a posse de bola é um dos aspectos mais importantes na transição
defesa-ataque. Na realidade se tivermos uma equipa com jogadores rápidos
em espaços amplos e que não têm uma grande habilidade técnica para manter
a posse de bola, é mais positivo organizarmo-nos defensivamente mais
recuados, para posteriormente enviarmos a bola para esses espaços. (Queiroz,
2003; Amaral, 2004). Por sua vez, Taylor & Williams (2002) concluem no seu
estudo que a recuperação da posse de bola na área defensiva resulta em mais
situações de finalização. Assim, não nos podemos esquecer da relevância que
a organização defensiva tem para o desenvolvimento do ataque.
São vários os estudos em que encontramos esta variável. O campograma
normalmente utilizado, para a definição das zonas de recuperação da posse de
bola dispõe da divisão do terreno de jogo em quatro sectores e três corredores.
Os sectores quatro sectores transversais apresentados são o Defensivo (D), o
Médio Defensivo (MD), o Médio Ofensivo (MO) e o Ofensivo (O), dispostos de
forma sequenciada nesta ordem na direcção do ataque da equipa observada. A
estes se sobrepõe três corredores longitudinais esquerdo (E), central (C) e
direito (D). orientados num plano frontal à baliza para onde a equipa observada
ataca.
10
Figura 2.1. – Divisão do Campograma em quatro sectores e três corredores para a Variável ZREC.
Num dos seus estudos, Castelo (1996), salienta que a recuperação da posse
de bola obteve percentagens mais elevadas no sector defensivo e no corredor
central do terreno de jogo. Este facto que pode ser explicado, segundo o
mesmo autor, com a elevada concentração de jogadores, em atitude defensiva,
nos espaços próximos da sua baliza, procurando de forma simultânea protege-
la e recuperar a posse de bola. O mesmo se verifica nos estudos efectuados
por Ribeiro (2003) e Reis (2004), em que a zona central do sector defensivo e
médio defensivo, são os locais onde se verifica maior número de recuperações
de posse de bola. Ao encontro desta ideia converge, Costa (2005), referindo
que o local em que a equipa analisada adquiriu a posse de bola com maior
frequência foi o meio-campo defensivo. No entanto, a autora acrescenta que,
sempre nos focalizamos nas sequências terminadas com remate, verificamos
que dos sectores mais ofensivos contribuíram os corredores laterais (OD e OE,
respectivamente), enquanto que, dos mais defensivos contribui mais o central
(DC e MDC).
Apesar desta predominância visível dos sectores defensivos centrais na
recuperação da posse de bola, outros autores salientam a importância de
tentar recuperar a bola em zonas mais avançadas do terreno de jogo. Assim
será possível defender mais longe da baliza que defendemos e ao mesmo
tempo recuperar a bola mais perto da baliza adversária.
DE MDE MOE OE
DC MDC MOC OC
DD MDD MOD OD
11
Ao encontro desta ideia surge outra das conclusões do estudo de Costa (2005),
em que afirma, que quando a aquisição da posse de bola é concretizada no
meio-campo ofensivo, o número de sequências ofensivas terminadas com
remate é superior às terminadas sem remate.
Esta tentativa de recuperar a bola em zonas mais ofensivas, procura acelerar a
acção do portador da posse de bola, obrigando-o a cometer erros (Castelo,
1996).
TIPO DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA (TREC)
A recuperação da posse de bola resulta de acções táctico-técnicas defensivas,
caracterizando-se pelas tentativas de retirar a posse de bola ao adversário. Na
revisão realizada, encontramos como categorias deste tipo, recuperações de
posse de bola por intercepção, desarme, erro adversário, bola parada e
pressing.
Castelo (1996) refere-se à intercepção como o gesto técnico-táctico que
consiste em o jogador se apoderar da bola, ou a repelir, quando impede um
passe de seguir para o jogador alvo, ou de seguir em direcção à sua baliza.
Garganta (1997) refere que esta é a forma de recuperação da bola mais
vantajosa na procura da eficácia ofensiva.
Relativamente ao desarme, Castelo (1996) define-o como um gesto técnico
efectuado pelo defesa que procura intervir directamente sobre a bola,
disputando-a com o atacante que a possui, respeitando sempre as leis do jogo.
Segundo Garganta (1997), convém que as equipas tentem recuperar a bola
através de situações dinâmicas que garantam a continuidade do jogo ofensivo,
a sua fluidez, podendo assim criar desequilíbrios e surpreender o adversário no
seu processo defensivo (Garganta, 1997).
Por outro lado, a recuperação da posse de bola pode emergir de um erro
adversário (Machado, 1997). Nestas situações o jogador com bola realiza um
mau domínio da mesma ou realiza um passe direccionado directamente para
um adversário, permitindo a sua recuperação (Leal, 1994).
12
Outros autores discriminaram ainda, a recuperação da bola por “bola parada”,
ou seja, todas as situações em que a equipa sem posse de bola recupera-a,
porque esta sai fora das linhas de jogo, ou porque usufrui de uma falta
adversária, ou mesmo um fora de jogo. São situações em que o jogo é
obrigado a parar e, posteriormente, recomeçar com posse de bola para a
equipa contrária.
No que respeita à recuperação da bola por pressing, categoria utilizada em
alguns estudos (Machado, 1997), apresentamos algumas dúvidas sobre a sua
utilização. Em primeiro lugar, sabemos que a sua medição é difícil de obter.
Não conseguimos distinguir, com objectividade, as situações em que existe
pressão do adversário. A distância do defensor ao portador da bola, a zona do
campo em que sucede ou o número de defensores que pressionam são todos
critérios de análise difícil e incerta. Em segundo lugar, a pertinência desta
categoria parece também discutível. Consideramos que as categorias
anteriores englobam, por completo, as diversas situações explicativas da
recuperação da posse de bola. A inclusão do pressing nesta análise,
provocaria casos de dúvida e sobreposição de categorias a escolher (p.ex: a
origem da recuperação poderia ser por pressing, podendo resultar em erro
adversário, intercepção ou desarme). Deste modo, consideramos erróneo
avaliarmos esta categoria e decidimos, como tal, exclui-la do mesmo.
Segundo vários estudos (Mendes, 2002; Ribeiro, 2003; e Reis, 2004) em que
se verifica uma constante supremacia das sequências ofensivas com origem
com recuperações de posse de bola com intercepção, seguidas das
recuperações por erro do adversário e só em terceiro lugar por desarme.
A relevância desta variável prende-se com o facto de compreendermos, não só
a distribuição quantitativa de tipos de recuperações da posse de bola, como
também a possível influência das mesmas no restante processo ofensivo.
Realizando uma abordagem básica ao jogo, sabemos que a recuperação da
posse de bola por bola parada, proporciona normalmente um tempo de
paragem no jogo, que habitualmente poderá permitir uma reorganização
defensiva adversária. Por outro lado, é possível que as bolas recuperadas por
13
erro adversário surjam de uma defesa mais activa, que tenta recuperar a posse
da mesma em zonas mais próximas da baliza adversária, ou pelo menos
conduzir o adversário à perda da posse de bola por falta de soluções ofensivas.
PRIMEIRO PASSE APÓS A RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA (PP)
Garganta (1997) afirma que o passe apenas pode ser considerado um
elemento importante para análise do jogo, mais propriamente para a análise da
táctica da fase ofensiva, quando se consideram factores que não os
estritamente quantitativos.
Silva (1998), caracterizou o primeiro passe segundo a distância desde o seu
ponto de partida ao ponto de chegada (curto e longo). Castelo (1996),
caracterizou a mesma variável quanto à distância, altura, direcção e sentido.
Garganta (1997), caracterizou-o quanto à sua direcção. Estas são algumas das
suas características investigadas no sentido de compreender a pertinência do
mesmo no processo ofensivo.
Silva (1998), refere que na variável características específicas do primeiro
passe, as equipas de distinto nível, não evidenciam diferenças estatisticamente
significativas, sendo o passe mais utilizado, para iniciar o processo ofensivo, o
curto/médio, baixo e longitudinal.
Mendes (2002), conclui no seu estudo que na transição defesa-ataque, o
primeiro passe é predominantemente para a frente, raso e curto/médio, para os
deferentes métodos de jogo ofensivo. No que respeita ao mesmo assunto, Reis
(2004) conclui no seu estudo que as equipas utilizam predominantemente os
passes curtos/médios para a frente.
Por outro lado, Garganta (1997) conclui que uma acção de jogo aparentemente
simples, como um passe longo, pode induzir desequilíbrio no balanço
ataque/defesa e provocar rupturas no sistema defensivo adversário, levando-
nos investigar a pertinência deste tipos de passa no início das sequencias
ofensivas do jogo. Na mesma ordem de ideias Hughes & Franks (2005), ao
analisarem os jogos da Fase Final do Campeonato do Mundo de 1990 e 1994,
evidenciaram a importância do passe longo, como forma de colocar
rapidamente a bola numa zona propícia de finalização, concluindo no estudo
14
que foram significativamente maior o número de finalizações obtidas através do
passe longo do que através do passe curto.
Desta forma, consideramos que a análise do primeiro passe logo após a
recuperação da posse de bola, poderá denotar algumas tendências na
transição defesa-ataque, sobre uma opção de maior temporização e segurança
ofensiva, passes curtos, passes para trás, ou numa outra de maior risco,
utilizando passes longos denotadores de um jogo mais directo e com maior
profundidade ofensiva.
TEMPO DE JOGO DECORRIDO (TJD)
Segundo Garganta (1997), o tempo de jogo decorrido refere-se ao período que
medeia entre o início de jogo e o momento em que tem lugar a acção da posse
de bola relativa ao início da sequência ofensiva observada.
Esta é uma variável habitualmente utilizada (Felisberto, 2004; Matos, 2006) no
intuito de discriminar, no tempo de jogo, a evidência de algumas acções, bem
como a sua relação com outras variáveis analisadas.
Neste contexto, Matos (2006) conclui no seu estudo que os primeiros e últimos
períodos de cada metade do jogo são os períodos com maior percentagem de
golo. De acrescentar que, segundo Costa (2005), a eficácia das sequências
ofensivas aumentam com o tempo de jogo decorrido, sendo que, finaliza-se
mais, e por consequência marcam-se mais golos no último quartil de jogo (dos
76`aos 90`). No entanto, a explicação para esta distribuição não está explícita,
nem aprofundada nestes estudos, podendo estar, na nossa perspectiva
associada à factores relativos às características das transições defesa-ataque
desses momentos de jogo.
VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DA BOLA (VTB)
Dugrand (1989, cit. Garganta, 1997), foi o criador do conceito de velocidade de
transmissão da bola (VTB). Segundo este, “a velocidade de transmissão da
bola é tanto maior quanto mais o seu valor se aproxima da unidade. Quando o
número de bolas recebidas iguala o número de contactos com a bola, a
15
velocidade de transmissão alcança o seu valor máximo, e sendo que, quando
apenas um jogador intervém sobre a bola esta alcança o seu valor mínimo”.
Seguindo esta ideia, a VTB é um indicador composto, resultado do quociente
entre o Número de Bolas Recebidas (NR) e o Número de Contactos (NC)
realizados (VTB=NR/NC). O primeiro, NR, contabiliza as recepções realizadas
após um passe de um colega durante cada sequência ofensiva. O NC, traduz o
somatório de contactos na bola, utilizados pelos jogadores nessa mesma
sequência. O seu valor varia entre 0 e 1, sendo que, quanto mais se aproximar
da unidade mais rápida é considerada a transmissão da bola.
Deste modo, procura-se encontrar um indicador da “fluidez” do processo
ofensivo, acreditando no princípio de que quanto menor o número de
contactos, em função do número de recepções, maior a rapidez do processo
ofensivo.
Segundo Garganta (1997), a circulação da bola realizada a elevada velocidade
constitui um importante argumento ofensivo do jogo colectivo das equipas de
alto nível.
Quadro 2.1. Resultados da Velocidade de Transmissão da Bola nos estudos de Quarteu (1996),
Oliveira (1996), Ribeiro (2003) e Reis (2004).
Autor (data) Amostra VTB
Quarteu (1996) Camp. Mundo 1994 0.33 – 0.37
Oliveira (1996)
Em equipas de diferentes níveis competitivos não existem diferenças
significativas (0.35)
Ribeiro (2003) II Liga – época 2002/2003
Vitória 0,41
Empate 0,35
Derrota 0,20
Camp. Euro-2004 – Portugal 0,33 + 0,13 Reis (2004)
Camp. Euro-2004 – Grécia 0,37 + 0,14
Verificou-se assim, que grande parte dos estudos da revisão apresentam uma
VTB entre os 0.30 e 0.40, sendo ainda de realçar que, no estudo de Oliveira
(1996), onde não foram verificadas diferenças significativas entre diferentes
níveis de equipas. Por outro lado, Garganta (1997) conclui no seu estudo que
uma elevada VTB não está necessariamente associada à eficácia ofensiva da
equipa.
16
Número de Bolas Recebidas (NR)
O número de bolas recebidas, tem variado entre os 3.42 e 5.0, realçando o
facto de, se denotar uma redução progressiva com o decorrer das
competições. Levando-me assim a questionar, a redução de número de
jogadores participantes no ataque, com toque sobre o objecto de jogo, bem
como as implicações reflectidas no jogo moderno.
Quadro 2.2. Resultados da Número de Bolas Recebidas nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996) e Reis (2004).
Autor (data) Amostra Nº bolas recebidas
Quarteu (1996) Camp. Mundo 1994 4,5 – 5,0
Oliveira (1996)
Em média equipas de nível superior apresentam valores mais elevados
(19.3) do que as de nível inferior
Camp. Euro-2004 – Portugal 4,01 + 2,95 Reis (2004)
Camp. Euro-2004 – Grécia 3,42 + 2,56
Número de Contactos (NC)
Interpretando a fórmula do autor (Dugrand, 1989, cit. Garganta, 1997), quando
o número de contactos é maior, menor é a velocidade de transmissão da bola.
Deste modo, o número de contactos na bola pode parecer um indicador
contraproducente para o jogo, retardando o processo ofensivo. Segundo
Lemoine et al. (2005), a posse de bola realizada a um único contacto é
eficiente e segura. O número de toques realizado por cada recepção, manifesta
um maior tempo para receber a bola, para decidir, ou possivelmente uma falta
de soluções para passar a bola e progredir, ou mesmo a necessidade de
avançar constantemente em condução da bola, aspectos que parecem
demorar o ataque.
Quadro 2.3. Resultados do número de contactos nos estudos de Quarteu (1996), Oliveira (1996) e Reis (2004).
Autor (data) Amostra Nº contactos com bola
Quarteu (1996) Camp. Mundo 1994 11 – 15.1
Oliveira (1996) Equipas de nível superior 14.2 e equipas de nível inferior 9.6
Camp. Euro-2004 – Portugal 12,68 + 8,44 Reis (2004)
Camp. Euro-2004 – Grécia 12,95 + 11,13
17
De realçar, nos dados apresentados, que o desvio padrão é elevado, muito
próximo do valor apresentado no número de contactos.
Por outro lado, de referir também que, segundo Oliveira (1996), as equipas de
nível superior realizam o maior número de contactos na bola, em comparação
às equipas de nível inferior. O mesmo se verificou no estudo de Hughes &
Franks (2005) onde as equipas de nível superior apresentaram maior número
de contactos do que as equipas de nível inferior nas sequências ofensivas
finalizadas.
NÚMERO DE VARIAÇÕES DE CORREDOR (NVC)
Segundo Costa (2005), os deslocamentos em largura permitem ver uma
variação do ângulo de ataque (posição da bola relativamente à baliza
adversária), criando, segundo Castelo (2003), um maior espaço de jogo que
proporciona um número mais elevado de alternativas de resolução técnico-
táctica das situações momentâneas do jogo.
Esta é uma variável, já utilizada em alguns estudos de análise do processo
ofensivo (Garganta, 1997, Costa, 2005), descreve o movimento do objecto de
jogo no espaço, durante uma sequência ofensiva. Segundo Garganta (1997) a
variação de corredor é um indicador de eficácia ofensiva.
Das 523 acções ofensivas analisadas, Costa (2005) constatou um ataque
preferencialmente com uma (38,2%) ou duas (26,6%) variações de corredor. O
mesmo estudo apurou também ser possível associar a eficácia das sequências
ofensivas à variabilidade das mesmas, uma vez que na maioria das sequências
terminadas em remate a equipa observada realizou uma (40%), duas (30,7%) e
três ou mais (20,7%) variações de corredor. De realçar ainda que das acções
que não apresentaram variação de corredor uma pequena parte obteve remate
(8,7%), em comparação com uma maior fatia (22,5%) que culminou sem
remate.
Demonstra-se assim um aspecto causador de instabilidade na equipa
defensora, e como tal, aspecto ofensivo pertinente de análise.
18
NÚMERO DE JOGADORES COM INTERVENÇÃO NA ACÇÃO OFENSIVA (NJOG)
Segundo Maças (1997), esta variável refere-se à quantidade (número) de
jogadores envolvidos na acção ofensiva.
Teodoresco (1984, cit. Garganta, 1997), considera o NJOG, uma variável
importante, dado que a variabilidade das situações de jogo é afectada pela sua
alteração.
Deste modo, o número de jogadores que intervêm na sequência ofensiva, é
não só um indicador quantitativo mediante os jogadores intervenientes, mas
poderá estar relacionado uma maior variabilidade de movimentos do objecto de
jogo em campo, e consequentemente, a uma maior exploração do espaço de
jogo na fase ofensiva do mesmo.
Segundo Faria (1998) intervêm directamente sobre a bola entre dois a seis
jogadores por sequência ofensiva, sendo que segundo o estudo de Rodrigues
(2000) a média de jogadores intervenientes nas sequências ofensivas
finalizadas é inferior a quatro.
Costa (2005), verificou, nas 523 sequências ofensivas observadas, um domínio
das acções ofensivas em que intervinham três jogadores (26,3%), sendo a
intervenção de quatro atacantes a segunda categoria mais observada (18,8%).
Nas 274 sequências ofensivas, terminadas em golo, analisadas por Matos
(2006), identificou-se uma superioridade das acções com três intervenientes
atacantes (28,5%), sendo a intervenção de quatro atacantes a segunda opção
mais verificada no estudo (17,9%).
TIPO DE RELAÇÃO NUMÉRICA ENTRE ATAQUE E A DEFESA (TRNAD)
Segundo Matos (2006) a presença da bola reúne alguns atacantes e defesas à
sua volta, num mesmo espaço (centro de jogo), e num determinado momento,
separados por objectivos divergentes, os quais regem acções dependentes de
factores estratégicos e tácticos.
Mediante isto, parece-nos pertinente perceber quantos jogadores estão
disponíveis para receber a bola, para que este ataque seja efectuado de forma
rápida e eficaz, bem como o número de defensores que se opõem ao mesmo,
dificultando o ataque. Denota-se assim pertinente contabilizar os jogadores
19
perto da bola (segurança na posse da bola), à frente da linha da mesma
(proporcionado rapidez e objectividade no ataque) e inevitavelmente o número
de defensores pela frente (que dificultam o ataque).
O TRN é uma variável que tem surgido em estudos mais recentes (Costa,
2005; Matos, 2006), a partir da qual os autores têm tentado compreender a
influência desta densidade de jogadores no processo ofensivo, bem como a
interacção com as outras variáveis em estudo.
Costa (2005), verificou que 80,7% das 523 sequências ofensivas analisadas,
ocorreram em situação de inferioridade numérica do ataque perante a defesa.
Em concordância com esta autora, Matos (2006), verificou que nos 274 golos
analisados, 76,3% ocorreram em inferioridade numérica do ataque perante a
defesa, 17,9% em igualdade entre as mesmas e só 5,8% ocorreram em
superioridade do ataque sobre a defesa.
A par desta variável Costa (2005), também realiza a análise da Relação
Numérica Ataque-Defesa. Esta é uma variável de ordem quantitativa, que
especifica a relação quantitativa numérica do número de atacantes e
defensores, expressa na dimensão qualitativa da variável anterior (TRNAD).
Sobre a mesma, a autora conclui que as relações ataque-defesa que mais
explicam a sua dependência para com a eficácia das sequências ofensivas são
2x3+GR, 2x4+GR, 3x4+GR, 5x6+GR e 5x8+GR.
Em ambas as variáveis apresentadas, os estudos por nós encontrados
divergem no momento exacto em que se contabiliza e qualifica cada uma das
sequências ofensivas. Segundo Costa (2005), esta é avaliada seis segundos
após o momento em que decorre a recuperação da posse de bola. Por sua vez,
Matos (2006), esta é analisada no momento exacto de finalização.
Se por um lado, é compreensível que o critério utilizado em cada um dos
trabalhos é direccionado aos objectivos dos mesmos, por outro, é necessário
algum cuidado na comparação de resultados, visto que, tal pormenor avalia
momentos diferentes do jogo, e consequentemente, apresentará também
significados distintos. Sendo assim, a interpretação dos mesmos deverá ser
feita mediante o critério definido.
20
Deste modo, consideramos pertinente o estudo da variável, sendo que, no
entanto, é de salvaguardar o facto, de que o critério da mesma deverá ser alvo
de alguma reflexão, sobre qual o critério mais adequado ao nosso estudo, ou
mesmo sobre a reestruturação do mesmo se necessário.
2.3. EFEITOS DA TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE NO PROCESSO OFENSIVO.
Constitui como um dos objectivos deste estudo, compreender possíveis
relações entre as variáveis atrás descritas e a fase de finalização produzidas
pelas mesmas. Deste modo, apresentamos algumas variáveis, que na literatura
disponível se entendem como importantes no conhecimento do processo
ofensivo e que, mediante o conceito de transição, atrás definido, poderão estar
condicionadas pela transição defesa-ataque.
ZONA DE FINALIZAÇÃO (ZF)
A finalização é o colmatar, o momento mais desejado de qualquer processo
ofensivo, visto que é com esta acção que poderemos ou não atingir o golo. O
sucesso do jogo está dependente da obtenção do golo, que para muitos está
directamente relacionada com o volume de finalizações no jogo.
Vários autores preocuparam-se em perceber zonas de finalização, formas de
finalização, superfície de contacto na finalização, se resulta em golo ou não,
entre outras (Bezerra, 1995; Costa, 2005; Matos, 2006).
Quadro 2.4. Analise das acções técnico-tácticas de remate e remate com eficácia (golo),
segundo Bezerra (1995).
Remates Golos
Nº de acções por jogo Média = 1.6 + 4.5 Média = 1.5 + 1.0
Distância
Pequena área
Grande área
Fora da grande área
7.3%
33.3%
59.4%
14.2%
18.7%
3.5%
21
Matos (2006), verificou no seu estudo, que nas 274 sequências ofensivas,
terminadas em golo, a grande parte dos remates das mesmas ocorreu dentro
da grande área (62,4%), seguido da zona de dentro da pequena área (26,3%),
e sendo a zona de fora da grande área a menos sucedida (11,3%) no momento
de obter o golo. De forma semelhante, Yiannakos & Armatas (2006), tendo
como amostra de estudo 32 jogos do Europeu de 2004, verificaram que a maior
parte das sequencias ofensivas foram finalizadas na grande área (44,1%),
seguidas das finalizadas dentro da pequena área (32,2%) e, por fim, fora da
grande área (20,4%).
Deste modo, escolhemos estudar as zonas em que ocorreram as finalizações,
visto parecer um aspecto determinante na possibilidade de obter golo.
FORMA COM TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA (FTAO)
Segundo Hughes (1990), de todos o JDC, o Futebol distingue-se por ter um
dos índices mais baixos, expressa pela relação entre golos conseguidos e o
número de acções ofensivas realizadas. A média do número de remates por
jogo é cerca de 13 (treze) e o golo é conseguido a cada 7 (sete) tentativas.
Refere ainda que “uma equipa que consegue 10 (dez) remates que atinjam a
baliza, tem 86% de hipóteses de ganhar o jogo”.
Garganta (1997) estabeleceu um conjunto de categorias representantes da
forma como terminou a acção ofensiva.
Deste modo, o autor definiu as categorias: acção ofensiva positiva com êxito
total (1), acção ofensiva positiva com êxito parcial (2), acção ofensiva positiva
sem êxito (3), acção com situação de finalização criada terminada, sem remate,
no meio campo ofensivo (4), acção ofensiva negativa terminada no meio
campo ofensivo (5), e acção ofensiva negativa terminada no meio campo
defensivo (6).
Seguindo esta definição, Felisberto (2004) obteve os seguintes resultados na
análise do resultado da sequência ofensiva:
Quadro 2.5. Resultado das sequências ofensivas segundo Felisberto (2004).
Êxito Total (1) Êxito Parcial (2) Sem Êxito (3) Abort (4, 5 e 6)
2,6 3,6 9,5 84,3
22
Nas 523 sequências ofensivas observadas, Costa (2005) verificou uma
predominância das acções ofensivas terminadas sem remate (71,1%), sendo
que, das restantes situações positivas, ou seja com finalização, (28,9%), a
grande parte terminou com êxito parcial (16,1%), seguidas das situações
positivas sem êxito (8,8%) e só no fim as situações de êxito total (4%)
Apesar do grande relevo de todas estas categorias, perante o objectivo do
deste estudo, que só abarca a observação de situações culminadas em
finalização, só as três primeiras categorias definidas pelo autor (ET - êxito total,
EP - êxito parcial, e SE - sem êxito) se enquadram no mesmo.
2.4. SINTESE De encontro à definição de Castelo (2003), - de que, a transição defesa-ataque
encontra-se dependente de dois aspectos fundamentais: (1) um primeiro,
relacionado com as atitudes e os comportamentos dos jogadores no momento
logo após à recuperação da posse de bola, no que respeita a quatro questões
fundamentais: i) a quem (todos os jogadores da equipa); ii) quando (momento
imediato após a recuperação à posse de bola); iii) onde (em qualquer espaço
do jogo); e iv) como (ocupando espaços apropriados, estabelecer linhas de
passe, utilizar mudanças rápidas de ritmo e direcção e executando
procedimentos técnico-tácticos individuais e colectivos) e (2) um segundo,
dependente da rápida transição do centro de jogo, desde a zona de
recuperação da posse de bola em direcção a espaços dominantes de
finalização – podemos identificar algumas variáveis.
23
Quadro 2.6 – Associação das variáveis observadas na revisão com a definição do conceito de transição defesa-ataque.
Questões Variáveis identificadas com a questão
A quem? (todos jogadores da equipa) Tipo de Relação Numérica entre o ataque e a defesa e
Relação Numérica entre o ataque e a defesa
Quando? (momento imediato após a recuperação
à posse de bola) Tempo de Jogo Decorrido.
Onde (em qualquer espaço do jogo); Zona de recuperação da posse de bola.
Como (ocupando espaços apropriados,
estabelecer linhas de passe, utilizar mudanças
rápidas de ritmo e direcção e executando
procedimentos técnico-tácticos individuais e
colectivos).
Tipo de recuperação da posse de bola.
Velocidade de Transmissão da Bola.
Rápida transição do centro de jogo, desde a zona
de recuperação da posse de bola em direcção a
espaços dominantes de finalização
Duração da acção ofensivas; velocidade de transmissão
da bola; número de contactos; número de bolas
recebidas. Número de Variações de Corredor, Número
de Jogadores, Zonas de Finalização e Forma como
Termina a Acção Ofensiva.
Inevitavelmente, apesar de sabermos que no Futebol é muito curta a diferença
entre o sucesso e o insucesso, torna-se importante diferenciar as
características da transição defesa-ataque, e os processos ofensivos que
desencadeia, com o sucesso ou insucesso que produzem.
Vários autores, tentam diferenciar as suas variáveis de estudo, com o sucesso
ou insucesso que uma equipa, ou um grupo de equipas, obtiveram em
determinada competição, servindo-lhes assim como amostra de estudo
(Hughes et al., 1988; Garganta, 1997; Silva, 1998; Scoulding et al, 2004;
Hughes & Franks, 2005;).
Deste modo, é possível identificar padrões de jogo de equipas de nível superior
e de nível inferior, o que evidentemente, é importantíssimo para o estudo da
modalidade.
No entanto, a divisão de dois níveis de equipas, com escolha de equipas de
nível superior e inferior, deve ser uma tarefa cuidada. Segundo, Low et. al
(2002) a diferença entre equipas, a nível internacional, tem vindo a reduzir,
sendo cada vez mais difícil encontrar diferenças significativas entre as
características que as distinguem.
24
Segundo Stanhope (2001) esta distinção entre o sucesso e o insucesso é na
grande parte das situações baseada nos resultados de um jogo ou pela sua
posição final numa competição. Tendo em conta o formato e os objectivos do
nosso estudo, parece-nos inadequado associarmos o sucesso de uma equipa,
perante um único resultado de um jogo, visto que, algumas vezes verificamos
que a equipa vencedora, nem sempre é a equipa que cria mais oportunidades
de finalização, que tem maior posse de bola, ou possuidora de outros melhores
indicadores de qualidade de jogo. Por outro lado, se uma equipa vence vários
jogos, já podemos ter mais certeza de ser possuidora de um bom nível
competitivo. Assim como, que as que perdem mais vezes, são provavelmente
equipas com um nível de jogo mais baixo. Deste modo, pensamos ser
pertinente diferenciar equipas de nível superior e inferior, mediante a sua
classificação em determinada competição, visto que, este critério resulta da
obtenção de melhores resultados num conjunto de jogos.
Por outro lado, Lago & Martin (2007), perante dados de 170 jogos da Liga
Espanhola de Futebol, identificaram diferenças significativas nas características
da posse de bola das equipas em função do nível da equipa opositora.
Como tal, estando já definidos os níveis de equipas, parece-nos também
importante identificar diferenças entre os vários tipos de confrontos, de acordo
com as variáveis que nos propomos a estudar, sendo este um objectivo que
desconhecemos estar desenvolvido por outros estudos.
25
Figura 2.2. Esquema descritivo do presente estudo.
Em síntese, perante a revisão realizada procuraremos compreender relações
entre as variáveis da transição defesa-ataque estudadas e as variáveis
ofensivas que se desencadeiam, diferenciando-as, primeiro, em função dos
níveis de equipas e, posteriormente, em função dos tipos de confrontos.
O Futebol tem particularidades que o distinguem de outros desportos de
equipa. Quando comparado com o basquetebol e o andebol, apresenta uma
supremacia da defesa sobre o ataque (Grehaigne, 1992; Garganta, 1997).
Enquanto que no andebol, em média, os jogadores terminam com êxito cada
sexta acção ofensiva e no basquetebol, em cinco ataques realizados, dois
terminam com um lançamento eficaz, já no Futebol 1% dos ataques culminam
com a obtenção do golo (Sleziewski, 1986), o que faz com que um dos grandes
problemas do jogo consista em criar oportunidades de finalização. (Castelo,
1994).
Claudino (1993), apurou no seu estudo entre 159 a 204 acções ofensivas,
sendo que, 90 % terminaram sem remate à baliza e das 10% somente 1% foi
convertido em golo. Felisberto (2004), denota a mesma tendência quando em
Zona de Recuperação Posse de Bola
Tipo de Recuperação Posse de Bola
Tempo de Jogo Decorrido
Zona de Finalização
Tipo de Relação Numérica e Relação Numérica
Velocidade de Transmissão da Bola
Nível da Equipa
Diferença entre: Transição Defesa-Ataque Processo Ofensivo
Número de Variações de Corredor
Forma como Termina a Acção Ofensiva
Primeiro Passe
Número de Jogadores Intervenientes na Acção
Ofensiva
Tipos de Confrontos
26
1249 sequências ofensivas verificou que 84,3% das mesmas não atingiram
finalização, e dos restantes 15,7% só 2,6% alcançaram o golo.
Deste modo, há que ter em conta as suas características como JDC, mas
atender sobretudo à especificidade do jogo.
A análise aprofundada da transição defesa-ataque levaria a termos como
amostra de estudo todas as acções defensivas e ofensivas do jogo, dado o
extenso número de transições existentes.
No entanto, seguindo o raciocínio efectuado na síntese do estudo e o problema
existente de criar situações de finalização no jogo, consideramos pertinente
estudar as transições defesa-ataque, as suas consequências no processo
ofensivo, em dois contextos diferentes (dois níveis de equipa), só e só em
situações culminadas em finalização.
Deste modo, limitando o estudo à observação de acções ofensivas terminadas
em finalização, tentaremos compreender qual o caminho para alcançar a
finalização em situação de jogo, nas equipas de nível superior e nas de nível
inferior.
27
III. METODOLOGIA
3.1. AMOSTRA 3.1.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
O estudo terá uma amostra constituída pelas Acções Ofensivas terminadas em
Finalização, dos jogos das Selecções que participaram na Fase Final do
Mundial de 2006, decorrido entre os dias 9 de Junho a 9 de Julho de 2006 na
Alemanha.
A definição desta amostra foi sujeita aos seguintes critérios:
a) A observação de competições entre selecções, como é o caso do
Campeonato do Mundo ou da Europa, tem sido hábito frequente nos estudos
por nós abordados na revisão bibliográfica. Tal escolha, é alicerçada no facto
de serem provas, onde o nível competitivo é bastante elevado, com selecções
de alto nível. Antes de se qualificarem para as mesmas competições, estas
selecções têm de ultrapassar uma fase preliminar, denominada de fase de
qualificação para as fases finais, facto que provoca uma filtragem das melhores
selecções. Assim decidimos a utilização dos jogos do Campeonato do Mundo
realizado no ano de 2006.
b) Dentro do elevado nível de rendimento que caracteriza esta competição, é
nossa intenção diferenciar selecções de dois níveis, denominados de “superior”
e “inferior”, mediante a classificação das selecções participantes.
De forma a vincarmos bem estas diferenças, utilizamos como critério, a
classificação das equipas na fase final. Consideramos as equipas de nível
superior, todas as aquelas que atingiram os quartos-de-final da competição
(Itália, França, Alemanha, Portugal, Argentina, Inglaterra, Ucrânia e Brasil), e
as de nível inferior, todas as equipas que não superaram a fase de grupos
(Polónia, Costa Rica, Paraguai, Trindade e Tobago, Costa de Marfim, Sérvia e
Montenegro, Angola, Irão, Republica Checa, Estados Unidos da América,
Croácia, Japão, Coreia do Sul, Togo, Tunísia e Arábia Saudita).
28
Existe ainda um grupo de selecções que obtiveram um nível intermédio,
superando a fase de grupos mas sendo eliminadas nos oitavos-de-final da
competição (Equador, Suécia, Holanda, México, Austrália, Gana, Suiça e
Espanha), equipas estas excluídas da amostra, de modo a ser criada uma
distinção mais marcada entre os dados das equipas de nível superior e as de
nível inferior.
Deste modo, foram realizadas 48 (quarenta e oito) observações respectivas
aos jogos de 8 (oito) selecções denominadas de nível superior e 48 (quarenta e
oito) observações correspondentes aos jogos de 16 (dezasseis) selecções
denominadas de nível inferior, sendo ainda excluídas 16 (dezasseis)
observações de jogos de 4 (quatro) selecções de nível intermédio (ANEXO A)
De esclarecer ainda que cada observação é realizada em função da equipa
observada. Ou seja, como em cada jogo participam duas equipas, em algumas
situações o mesmo jogo teve de ser observado duas vezes, uma para cada
uma das mesmas.
c) Vários estudos já efectuados (Claudino, 1993; Garganta, 1997; Maças, 1997)
apresentaram uma amostra centrada no número de acções ofensivas, e não no
número de jogos, com o objectivo de melhor caracterizar a transição defesa-
ataque e o restante processo ofensivo pela eficácia das sequências analisadas.
Da mesma forma, consideramos pertinente a utilização deste critério, sendo
assim por nós adoptado, com a diferença de só analisarmos as Sequências
terminadas em Finalização, no objectivo de conhecer melhor o percurso para a
obtenção do golo, nos dois níveis diferenciados. Para esta triagem,
consideramos como Sequências Ofensivas terminadas em Finalização, todas
as sequencias ofensivas que culminassem com: Remate enquadrado com a
baliza, do qual poderá advir: golo (1), defesa do guarda-redes (2), intercepção
de um jogador da equipa que defende, que se constitui como ultimo obstáculo
móvel a transpor, substituindo posicionalmente o guarda-redes da sua equipa
(3) (Garganta, 1997). Consideramos ainda, todas as situações em que após
uma acção de remate intencional, a bola sai pela linha final da equipa
defensora (adversária).
29
Respeitando ainda todos estes critérios, algumas situações culminadas em
finalização foram excluídas, não sendo efectuada qualquer tipo de análise ou
recolha de dados sobre as mesmas, sendo elas: (1) todas as sequências
ofensivas, que segundo o árbitro da partida transgrediram as leis do jogo; (2)
todas as grandes penalidades, considerando-as descontextualizadas do nosso
objectivo de estudo; e (3) todas as sequências ofensivas decorridas em tempo
de prolongamento, ou seja, em partes de jogos posteriores às duas primeiras
regulamentadas.
Desta forma, foram identificadas 676 Sequencias Ofensivas Terminadas em
Finalização, de quarenta e seis jogos realizados, posteriormente analisadas
para a recolha de dados das variáveis em estudo.
3.1.2 PROCEDIMENTOS PRÉVIOS
De forma a concretizar a presente metodologia foi necessário percorrer um
conjunto de etapas, cuja discrição apresentamos de seguida:
Etapa 1 – Obtenção dos jogos a observar:
Todos os jogos da competição foram, transmitidos pelos canais televisivos
abertos, e paralelamente gravados directamente por vídeo, em formato VHS,
sendo depois realizada uma cópia em formato DVD, acompanhada de
cronometragem no canto inferior da imagem. Posteriormente, foram extraídas
todas as acções terminadas em finalização, para outro DVD, ficando sempre
contextualizadas ao jogo a que pertencem.
Etapa 2 – Construção do sistema de observação – Escolha e definição das
variáveis:
Após consulta da bibliografia e mediante o objectivo do estudo, seleccionamos
as variáveis que compuseram o sistema de observação utilizado. As mesmas
variáveis foram descritas de forma exaustiva, tendo sido levantadas as
categorias possíveis de cada variável.
30
Etapa 3 – Determinação da objectividade do sistema de observação:
Recorrendo a um jogo aleatório da amostra, observaram-se 15 minutos do
mesmo, de forma a determinar a objectividade do sistema de observação.
Pretendia-se, também, confirmar se as categorias de cada variável abrangiam
todos os comportamentos possíveis de ocorrerem no jogo.
Avaliando a sua validade, o instrumento em causa foi colocado à disposição de
um grupo de peritos, que emitiram opiniões relativas à composição do sistema
de observação (variáveis), categorias de observação de cada variável, à
pertinência das mesmas face à realidade, de forma a procedermos a alguns
ajustamentos necessários.
Ainda com o mesmo fragmento de jogo, o observador testou a fiabilidade inter-
observador do instrumento, e colocou-o à disposição de um grupo de peritos,
que testou a sua fiabilidade intra-observadores.
Etapa 4 – Discriminação da amostra de estudo:
Após finalizada a competição foi realizado um corte na amostra, com distinção
das equipas de nível superior e de nível inferior, discriminado os jogos dos
respectivos níveis.
Etapa 5 – Observação e recolha de dados:
Depois de asseguradas todas as condições de validade e fiabilidade do
instrumento, observaram-se todas acções ofensivas terminadas em finalização
recolhidas, anotando-se todos os dados em fichas de registo elaboradas para o
efeito (Anexo B).
Etapa 6 – Análise e tratamento de dados.
3.1.3. RECOLHA E REGISTO DE IMAGENS Os jogos foram transmitidos por estações televisivas e depois de gravados em
dvd foram sujeitos a uma observação sistemática. Durante a observação dos
jogos, os comportamentos observados foram sendo descritos na folha de
recolha de dados (Anexo B), sendo que, sempre que necessário revistas, até
termos a certeza sobre a categoria observada. A incerteza, ou falta de clareza,
31
no registo dos dados de algumas acções observadas, levou-nos à exclusão
dos mesmos, procurando garantir a uma maior qualidade dos dados.
Normalmente, estas situações ocorreram em repetições de imagens de
sequências ofensivas ou defensivas, que decorriam imediatamente antes ao
momento que pretendíamos observar, sobrepondo-o. Ou pela imagem focar o
protagonista da mesma sequência, excluindo aspectos por nós pretendidos.
3.2. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS E DISCRIMINAÇÃO DAS CATEGORIAS
Desenvolvemos um sistema de observação, classificado como sistema de
categorias, uma vez que para cada variável se sistematizaram um conjunto de
comportamentos que sempre que se manifestaram foram anotados. Na
construção deste sistema de observação tivemos em consideração alguns
sistemas de observação de referência, Claudino (1993), Castelo (1994), Maças
Garganta (1997), Silva (1998), Costa (2005), tendo sido realizados alguns
reajustes mediantes as orientações e necessidades do estudo, seguindo
sempre o objectivo inicialmente delineado.
3.2.1. VARIÁVEIS
Zona de Recuperação da Posse de Bola (ZREC)
Segundo Garganta (1997) “uma equipa encontra-se em posse de bola, quando
qualquer um dos seus jogadores realiza pelo menos três contactos
consecutivos com a bola, e/ou executa um passe positivo, permitindo manter a
posse de bola, e/ou realiza um remate”.
Para a recolha de dados nesta esta variável, o observador utilizou um
campograma (figura 3.3.) dividido em quatro sectores transversais (defensivo,
médio defensivo, médio ofensivo e ofensivo) e três corredores longitudinais
(lateral direito e esquerdo e corredor central), resultando um total de doze
zonas, tendo as linhas do campo como referência nessa divisão.
32
As zonas determinadas, por vezes definidas por linhas virtuais, são
ocasionalmente indutoras de algumas dúvidas nas observações realizadas.
Assim sendo, importa clarificar quais as estratégias seguidas para a superação
das mesmas.
Os corredores esboçados, são resultantes do prolongamento da linha lateral da
pequena área, facilitando a observação realizada. A divisão de sectores, teve
em conta as linhas frontais da grande área, na delimitação dos sectores
defensivo e ofensivo, bem como a linha do meio campo, na distinção dos
sectores médio defensivo e médio ofensivo.
Em ambas as situações, apesar de tais definições facilitarem a visualização e
interpretação das imagens, este aspecto nunca se sobrepôs ou desprezou a
coerência da informação pretendida nesta variável.
Figura 3.1. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZREC.
Figura 3.2. Divisão em quatro sectores do Campograma da Variável ZREC.
Sentido do Ataque
Sector Defensivo
Sector Médio
Defensivo
Sector Médio
Ofensivo
Sector Ofensivo
Corredor Esquerdo
Corredor Central
Corredor Direito
Sentido do Ataque
33
Figura 3.3. Divisão em três corredores do Campograma da Variável ZREC.
Desta forma, o campograma constitui-se por doze zonas devidamente
identificadas por:
– DE (Defensiva Esquerda);
– DC (Defensiva Central);
– DD (Defensiva Direita);
– MDE (Média Defensiva Esquerda);
– MDC (Média Defensiva Central);
– MDD (Média Defensiva Direita);
– MOE (Média Ofensiva Esquerda);
– MOC (Média Ofensiva Central);
– MOD (Média Ofensiva Direita);
– OE (Ofensiva Esquerda);
– OC (Ofensiva Central);
– OD (Ofensiva Direita).
Na observação de variável, para cada acção ofensiva terminada em
finalização, registou-se a zona do campograma, correspondente ao primeiro
momento de posse de bola da equipa que finaliza.
De realçar que, em certos momento da observação, as pequenas áreas não
estavam visíveis ao observador, pontos importantes de referência na
identificação dos sectores do campo.
Sentido do Ataque
DE MDE MOE OE
DC MDC MOC OC
DD MDD MOD OD
34
De forma a ultrapassar este obstáculo, foram utilizadas como estratégias de
auxílio: (1) as linhas do circulo central do campo, sendo que os pontos de
intercepção destas com a linha do meio campo coincidem com as linhas
divisoras dos corredores; (2) as faixas longitudinais de relva, resultantes dos
efeitos de corte realizados no campo, que em todas as situações coincidiram
com a divisão dos corredores.
Tipo de Recuperação da Posse de Bola (TREC) Segundo Machado (1997), a recuperação da posse de bola pode ser
classificada em:
– Intercepção directa da defesa (I) – o jogador consegue recuperar a
posse de bola, quer através de um desarme (disputa da bola entre um jogador
da equipa que defende e o adversário que está na posse de bola), quer através
de uma intercepção (acção desenvolvida por um jogador que se coloca entre a
linha da bola, sendo esta conduzida ou rematada por um adversário ou ainda
dirigida para um outro adversário);
– Erro Adversário (E Adv.) – situação do jogo que leva à recuperação da
posse de bola, sempre que a equipa de posse de bola cometa um erro, sem
que a nossa equipa tenha que realizar qualquer tipo de acção para ficar com a
posse de bola;
– Bola Parada (BP) – Sempre que se recupera a posse de bola por
motivos de reposição em jogo (lançamento da bola pela linha lateral, pontapés
de baliza, cantos) por infracção às leis do jogo (livres, pontapés de penalidade)
e início ou reinício de jogo;
– Outros (O) – Todas as acções não especificadas nas anteriormente
citadas.
Primeiro Passe após a Recuperação da Posse de Bola (PP)
A análise desta variável teve sempre como referência a trajectória da bola,
desde o ponto onde o jogador que recupera a posse de bola realiza o primeiro
passe e ponto onde o seu colega de equipa efectua a recepção da mesma.
35
Os passes foram classificados, quanto à sua direcção (frente, trás, lados e
oblíquos) e quanto ao seu comprimento (curto e longo). Desta forma, as
categorias definidas foram:
- Passe curto/médio para frente (CMF) – passe realizado no sentido do ataque,
da equipa observada, dentro do mesmo corredor, sendo realizado para um
receptor dentro dessa mesma zona ou para uma zona contígua da zona do
passe;
- Passe curto/médio para trás (CMT) – passe realizado no sentido contrário ao
do ataque, da equipa observada, dentro do mesmo corredor, sendo realizado
para um receptor dentro dessa mesma zona ou para uma zona contígua da
zona do passe;
- Passe curto/médio para o lado (CML) – passe realizado dentro do mesmo
sector, sendo realizado para um receptor dentro dessa mesma zona ou para
uma zona contígua da zona do passe;
- Passe curto/médio oblíquo (CMO) – passe realizado para uma zona contígua
à zona do passe, mas que não pertence nem ao mesmo corredor, nem ao
mesmo sector;
- Passe longo para a frente (LF) – passe realizado no sentido do ataque, da
equipa observada, dentro do mesmo corredor, cuja trajectória da bola transpõe
completamente um corredor intermédio até chegar à zona onde decorre a
recepção;
- Passe longo para trás (LT) – passe realizado no sentido contrário ao sentido
do ataque, da equipa observada, dentro do mesmo corredor, cuja trajectória da
bola transpõe completamente um corredor intermédio até chegar à zona onde
decorre a recepção;
- Passe longo para o lado (LL) – passe realizado dentro do mesmo sector, cuja
trajectória da bola transpõe completamente um corredor intermédio até chegar
à zona onde decorre a recepção;
- Passe longo oblíquo (LO) – passe cuja trajectória da bola ultrapassa
obrigatória e completamente um corredor e um sector intermédio até chegar à
zona onde decorre a recepção;
36
Para além destas categorias consideramos ainda a categoria:
- Sem primeiro passe (SPP) – sempre que o jogador que recupera a bola é o
que finaliza, e sendo assim, não chega a efectuar o passe analisado.
Tempo de Jogo Decorrido (TJD)
Consideramos o TJD como o período de tempo que decorreu desde o inicio do
jogo até ao momento em que se verificou a acção de posse de bola da
sequência ofensiva observada.
Ao se verificar o primeiro contacto com a bola no jogo – pontapé de saída –
começou a contagem no cronómetro incorporado no dvd, do respectivo jogo, a
partir de 00´00´´, indicando assim, automaticamente, o tempo de jogo decorrido
de cada sequência ofensiva observada.
Apoiado neste indicador, foram discriminadas seis categorias, já adoptadas por
outros autores (Garganta, 1997):
- Dos [0´aos 15´[;
- Dos [15´aos 30´[;
- Dos [30´aos 45´[;
- Dos [45´aos 60´[;
- Dos [60´aos 75´[;
- Dos [75´aos 90´[.
Velocidade de Transmissão da Bola (VTB) Dugrand, 1989, cit. Garganta (1997), preconiza a utilização de um índice, ao
qual chama velocidade de transmissão da bola (VTB), que é calculado a partir
do quociente entre o Número de Bolas Recebidas (NR) e o Número de
Contactos (NC) realizados para a transmitir em cada acção ofensiva
observada. (VTB=NR/NC).
Número de Contactos (NC)
Revela-se no somatório de contactos com a bola, de todos os jogadores da
equipa atacante, em cada acção ofensiva observada.
37
Número de Bolas Recebidas (NR)
Define-se como o somatório de recepções efectuadas, após passe realizado
por um colega de equipa, em cada acção ofensiva observada.
O seu valor varia entre 0 e 1, sendo que, quanto mais se aproximar da unidade
mais rápida é considerada a transmissão da bola.
Número de Variações de Corredor (NVC)
Esta variável demonstra o número de vezes que a equipa faz circular a bola de
um corredor para outro, através de um passe, traduzindo a amplitude das
acções ofensivas realizadas.
Perante o campograma dividido em três corredores (figura 3.1.), enumeramos
as categorias em seis variáveis possíveis, mediante a mudança do objecto do
jogo: do corredor direito para o central ou esquerdo, do corredor esquerdo para
o central ou direito e do corredor central para os corredores direito ou
esquerdo.
Deste modo as categorias possíveis são:
– Nenhuma variação de corredor;
– Uma variação de corredor;
– Duas variações de corredor;
– Três ou mais variações de corredor.
Número de Jogadores com Intervenção na Acção Ofensiva (NJOG)
O observador considerou como o número total de jogadores com intervenção
na acção ofensiva, todos os jogadores que contactaram com o objecto de jogo,
no decorrer da acção ofensiva observada.
Foram consideradas onze categorias:
– Um jogador;
– Dois jogadores;
– Três jogadores;
– Quatro jogadores;
– Cinco jogadores;
– Seis jogadores;
– Sete jogadores;
– Oito jogadores;
– Nove jogadores;
– Dez jogadores;
– Onze jogadores.
38
Em algumas situações pontuais, na análise desta variável, utilizamos como
estratégia, o número da camisola dos jogadores, para diferenciar os diferentes
jogadores participantes na sequência ofensiva.
Relação Numérica entre o ataque e a defesa (RNAD)
Este indicador depende da relação quantitativa ataque-defesa, ou seja, da
diferença entre o número de jogadores envolventes de ambas as partes em
determinada situação de jogo. Procura identificar uma relação numérica
quantitativa, discriminando o número efectivo de jogadores atacantes e
defensores activos (no centro de jogo), disponíveis a participar na fase final da
sequência ofensiva.
A análise da mesma decorre no momento final da sequência ofensiva, sendo
que, o momento exacto de avaliação e os critérios da contagem são feitos de
acordo com a situação/contexto em que decorre:
1. Quando o passador efectua passe, para a frente, para o colega finalizar:
paramos a imagem no momento do passe e contabilizam-se os jogadores
atacantes e defensores à frente da linha bola (linha imaginária paralela à linha
final e que intercepta a bola) no momento realização do mesmo;
2. Quando o passador realiza passe para o lado ou para trás no sector ofensivo
(figura 3.3.), contabilizam-se os jogadores atacantes e defensores no mesmo
corredor, incluindo o jogador finalizador, no momento desse mesmo passe;
3. Quando o finalizador efectua mais de dois contactos na bola antes de
rematar, contabilizam-se os jogadores atacantes e defensores à frente da linha
da bola no momento do remate;
4. Quando é realizado um passe em profundidade, o defesa contacta a bola
enviando-a no sentido contrário à baliza atacante, e um atacante ganha o
ressalto (denominado por segunda bola) e finaliza, contabilizamos o número de
atacantes e defesas à frente da linha da bola no momento do remate.
Perante isto, após identificarmos a situação em causa, contabilizamos primeiro
o número de atacantes e posteriormente o número de defesas.
39
A definição destes critérios, perante diversas situações, surgiu da necessidade
de em todas as sequências ofensivas analisadas, avaliarmos o que realmente
pretendemos avaliar.
Em todas as situações pretendemos assegurar que a contagem fosse realizada
no momento em que é criada a situação de finalização, e ainda, que fossem
contabilizados todos os atacantes e defensores, preparados para intervir na
sequência ofensiva, nesse momento de avaliação.
Sempre que por motivos inerentes à transmissão televisiva, existiram dúvidas
constantes sobre a categorização devida, excluímos o resultado da sequência
em causa, garantindo e mantendo os critérios, a validade e a fiabilidade da
nossa observação.
Tipo de Relação Numérica entre o ataque e a defesa (TRNAD) De acordo com a observação feita na variável anterior, contando o número de
jogadores, atacantes e defensores, excluindo o guarda-redes, classificamos a
acção ofensiva de uma forma qualitativa, como sendo de:
– Superioridade (SN) – sempre que existe um número de atacantes
superior ao número de defesas;
– Igualdade (Ig.N) – sempre que existe um número de atacantes igual ao
número de defesas;
– Inferioridade (IN) – sempre que existe um número de atacantes inferior
ao número de defesas.
Como estratégia utilizada para facilitar a visualização e interpretação das
imagens, destas duas variáveis, foram tidas como referências as faixas
transversais e perpendiculares do campo (efeito do tamanho da relva),
utilizadas pela organização para melhorar o trabalho dos árbitros auxiliares.
As repetições de imagens, com outros ângulos de filmagem, emitidas pela
emissora televisiva, pontualmente foram também importantes na confirmação
do número de jogadores atacantes e defensores.
40
De forma a garantirmos a validade e a fiabilidade da nossa observação,
sempre que por motivos inerentes à transmissão televisiva, existiram dúvidas
sobre a categorização de uma sequência ofensiva, os resultados da mesma
foram excluídos do estudo.
Zona de Finalização (ZF) Define-se como sendo a acção final do processo ofensivo tendo em vista
obtenção de golo. Assim, serão avaliadas todas as acções ofensivas que
denotem finalização, ou seja, em que o ultimo jogador com posse de bola
denotem uma intenção clara de marcar golo. Será verificada a zona de
finalização tendo como pressuposto de que quanto mais perto for a finalização
maior a probabilidade de golo. Para tal, estão definidas duas zonas – dentro da
pequena área, dentro da grande área e fora da grande área (figura 3.4.),
considerando as linhas como parte integrante das mesmas.
Figura 3.4. Campograma da variável de ZF.
As categorias de observação desta variável são indicadas pelos números de 1
a 3:
– Dentro da pequena área (DPA);
– Dentro da grande área, mas fora da pequena área (DGA);
– Fora da grande área (FGA).
Na observação de variável, para cada acção ofensiva terminada em
finalização, registou-se a zona deste campograma, correspondente ao último
toque da equipa que finaliza.
Pequena área (PA)
Grande área (GA)
Fora da grande área (FGA)
41
Forma como Termina a Acção Ofensiva (FTAO)
Esta variável permitiu discriminar a forma como terminaram todas as acções
ofensivas que analisamos. Foram consideradas três categorias:
– Acção Ofensiva Positiva com Êxito Total (PET): sempre que a acção
ofensiva terminou com a marcação de um golo (Garganta, 1997);
– Acção Ofensiva Positiva com Êxito Parcial (PEP): sempre que a acção
ofensiva terminou com remate à baliza, sem a obtenção de golo, ou seja,
quando a bola foi defendida pelo guarda-redes, ou embateu num último
jogador, nos postes ou na trave (Garganta, 1997);
– Acção Ofensiva Positiva sem Êxito (PSE): quando o ataque foi
finalizado com um remate, saindo a bola pela linha de baliza do sector ofensivo
correspondente (Garganta, 1997).
Resultado Parcial (RP) Define-se pela diferença de golos marcados e golos sofridos no início de cada
sequência ofensiva observada.
Nível das equipas
Superior (ESUP), inferior (EINF) e excluídas (EE).
Constituem parte das ESUP todas as equipas da fase final apuradas para os
quartos-de-final da competição em estudo. Constituem parte das EINF todas as
equipas da fase final não apuradas para os oitavos-de-final da competição em
estudo. Constituem parte da variável EE todas as restantes equipas, ou seja,
as apuradas para os oitavos-de-final, mas que posteriormente foram eliminadas
da competição não sendo apuradas para os quartos-de-final.
Tipo de confrontos Confrontos entre ESUP, Confrontos entre EINF e Confrontos entre Equipas do
mesmo Nível.
42
Constituem parte dos Confrontos entre ESUP todos os confrontos entre ESUP.
Constituem parte dos confrontos entre EINF aqueles em que as equipas se
defrontam são EINF. Constituem parte dos Confrontos entre Equipas do
mesmo Nível, aqueles em que as equipas que se defrontam fazem parte do
mesmo nível de equipas (jogos entre ESUP e jogos entre EINF).
3.3. OBSERVAÇÃO
Para o desenvolvimento do estudo, o método de observação por nós utilizado
foi o de observação indirecta, de jogos previamente gravados através da TV.
As categorias foram observadas diversas vezes até serem retirados todos os
dados necessários para o estudo. De realçar, que quando existiam dúvidas na
contabilização e descriminação de qualquer elemento, estes eram visionados
várias vezes até que as dúvidas se dissipassem.
De referir também, que todas as acções de jogo foram observadas, mesmo
aquelas que surgiram após os 45 (quarenta e cinco) minutos regulamentares.
Em caso de o jogo terminar empatado e o seu desempate ser decidido pela
marcação de grandes penalidades, estas não foram contabilizadas, visto
serem, no nosso entender, impertinentes e inconvenientes para o objectivo de
estudo.
O recurso da observação diferida, a partir de imagens vídeo-gravadas,
apresenta os seus inconvenientes, principalmente pelo facto das imagens a
que tivemos acesso, não terem sido filmadas com o fim de serem utilizadas
para este trabalho. Assim sendo, por vezes a abrangência de imagem captada,
bem como o ângulo de filmagem, não fornecem a melhor observação
pretendida. Ainda que permitindo uma observação sistemática e repetida, não
são raras as vezes em que a focalização na bola, dificulta a observação de
todas as movimentações efectuadas pelos companheiros de equipa.
43
3.4. ANÁLISE DA FIABILIDADE 3.4.1. FIABILIDADE INTRA-OBSERVADOR E INTER-OBSERVADOR
Intimamente ligado a qualquer processo de observação, a fiabilidade intra e
inter-observador são condição sine quo non para tornar credíveis os resultados
obtidos.
Como a recolha de dados foi apenas realizada por um observador, a nossa
primeira preocupação recaiu sobre a fiabilidade intra-observador. Segundo
Claudino (1993), esta procura garantir que, num possível conjunto de diferentes
momentos, um mesmo observador assinale ou classifique, da mesma forma,
um mesmo comportamento ou conjunto de comportamentos.
Para medição desta, a grande parte dos estudos abordados na revisão
bibliográfica utiliza o Índice de Bellack (Aranha, 2002; Costa, 2005). Com a
utilização deste índice, os investigadores procuram perceber a concordância de
acordos entre diferentes momentos de observação numa mesma amostra de
jogo. Assim procuram avaliar a consistência do instrumento, a clareza e
objectividade das suas variáveis, na procura de um maior credibilidade do
mesmo. No entanto, segundo Safrit (1990), este índice não aporta a
possibilidade de existirem acordos entre observações, resultantes do acaso,
aspecto que é tido em conta no Coeficiente de Kappa.
Desta forma, optamos pela utilização deste parâmetro de avaliação da
fiabilidade do instrumento, nas variáveis de escala nominal, e pela utilização do
coeficiente de correlação interclasse, na análise da fiabilidade entre as
variáveis de escala de rácio, sendo o cálculo de ambos os casos obtido
directamente no programa estatístico SPSS.
Deste modo, avaliamos a fiabilidade intra-observador, da nossa Ficha de
Recolha de Dados, sendo para tal, efectuada num conjunto de três
observações e registos de todas as categorias contidas, em 20% das acções
ofensivas terminadas em finalização.
No que respeita à fiabilidade inter-observadores, seleccionamos um grupo de
cinco peritos na área de estudo, que, após estudarem detalhadamente o
instrumento de observação e respectivas variáveis, observaram as mesmas
44
sequencias ofensivas e registaram, em função da análise prévia do
instrumento, o respectivo registo de cada uma das variáveis para cada uma
das sequencias ofensivas observadas.
Posteriormente, o procedimento estatístico realizado foi o mesmo da fiabilidade
intra-observador, confrontando os resultados obtidos pelos diferentes
observadores com o coeficiente de Kappa para as variáveis nominais e com o
Coeficiente de correlação interclasses para as variáveis com escala de rácio.
Mediantes estes procedimentos os resultados obtidos foram os seguintes:
Quadro 3.1. Resultados dos Coeficientes de Kappa e de correlação interclasses para cálculo da Fiabilidade intra-
observador e inter-observadores. Fiabilidade intra-observador Fiabilidade inter-observadores
Variáveis Coeficiente de
Kappa
Coeficiente de
correlação
interclasse
Coeficiente de
Kappa
Coeficiente de
correlação
interclasse
ZREC 1,00 --- 1,00 ---
TREC ,86 --- ,87 ---
PP ,87 --- ,88 ---
TRNAD ,87 --- ,87 ---
NVC --- ,97 --- ,99
NJOG --- ,98 --- ,99
RNAD --- ,95 --- ,81
ZF --- 1,00 --- 1,00
FTAO --- 1,00 --- 1,00
VTB --- ,99 --- ,99
Considerando como aceitáveis os valores acima de 0,7 para o coeficiente de
Kappa (Safrit, 1990; Robinson & O’Donoghue, 2007), e acima de 0,8 para o
coeficiente de correlação interclasses (Safrit, 1990) assegura-se assim a
fiabilidade intra-observador e inter-observadores, das variáveis em estudo,
como é visível no quadro 3.1.
45
3.5. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS
A observação dos Jogos, foi acompanhada do preenchimento da Ficha de
Recolha de Dados. Nela são transcritos os dados pertinentes, previamente
definidos, para posteriormente serem transferidos para uma folha de cálculo do
programa estatístico Excel.
Após isto, as diferentes categorias foram caracterizadas através da média (x),
máximo (max.), mínimo (min.), do desvio padrão (Sd) e percentagem (%),
sendo o programa utilizada para o efeito o Excel 10.0.
Posteriormente os dados foram transferidos directamente para o programa
estatístico SPSS, para a testagem das diversas hipóteses. Inicialmente foram
produzidas Tabelas de contingência associadas ao valor do teste qui-quadrado
(χ2), , com nível de significância definido mantido em 5%, entre as variáveis
ZREC, TREC, PP, TRNAD com a FTAO e com a ZF, escalonados por ESUP e
EINF. Paralelamente, com o mesmo parcelamento em dois Níveis de Equipas,
realizou-se a comparação de resultados, com a Anova simples entre as
variáveis NVC, NJOG, RNAD e VTB com a FTAO e com a ZF.
Numa segunda parte de análise, realizaram-se novamente todos os
procedimentos com Tabelas de contingência e ANOVAs simples entre as
mesmas variáveis, mas desta vez em função dos Diferentes Tipos de
Confrontos (entre Equipas de Nível Superior, entre Equipas de Nível Inferior e
entre Equipas de diferente nível). Sempre que apropriado, após a aplicação
das ANOVAs foram aplicados os testes de comparação múltipla de Scheffé.
46
IV. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Através da análise de sequências ofensivas terminadas em finalização, os
objectivos propostos no presente estudo passaram por identificar (1) diferenças
nas variáveis do momento de transição defesa-ataque6 em função dos
diferentes níveis qualitativos de equipas (nível superior e nível inferior); (2)
associações estatisticamente significativas entre as variáveis de transição
defesa-ataque e as variáveis relativas à fase final do processo ofensivo7,
também em função do nível de qualidade das equipas; (3) associações entre
as variáveis da transição defesa-ataque e as variáveis que caracterizam o
contexto momentâneo do jogo8; (4) associações estatisticamente significativas
entre as variáveis de transição defesa-ataque e as variáveis relativas à fase
final do processo ofensivo, em função de três categorias de confrontos (1) entre
equipas de qualidade superior; (2) entre equipas de qualidade inferior; e (3)
entre equipas de qualidade superior com inferior.
A obtenção destes resultados poderá permitir um maior conhecimento sobre o
próprio jogo, trazendo consequências importantes no processo de treino, de
melhorar os níveis de rendimento competitivo. De facto, estas respostas
permanecem pouco exploradas na literatura disponível. Poucos são os estudos
que com um formato semelhante. Como foi visível na revisão elaborada,
grande parte das variáveis abordadas neste estudo já foram investigadas em
estudos anteriores, sendo que no entanto, frequentemente com amostras
estruturadas de forma diferente. São poucos os que caracterizam as variáveis
que nos propomos a estudar em diferentes níveis de equipa e desconhecemos
qualquer estudo que se dedique a caracterizar as mesmas em diferentes tipos
de confrontos. Neste sentido, o processo de contraste dos resultados obtidos
com a literatura é bastante difícil de concretizar.
Deste modo, inicialmente, comparamos os resultados da revisão bibliográfica,
com os resultados obtidos na análise descritiva de cada uma das variáveis,
6 As variáveis de análise do momento de transição defesa-ataque são as seguintes: Zona de Recuperação da Posse de Bola, Tipo de Recuperação da Posse de Bola, Primeiro Passe, Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa, Número de Variação de Corredores, Número de Jogadores, Relação Numérica Ataque-Defesa e Velocidade de Transmissão da Bola. 7 As variáveis de análise da fase final do processo ofensivo são as seguintes: Zona de Finalização e a Forma como Termina a Acção Ofensiva. 8 As variáveis de análise que caracterizam o contexto momentâneo do jogo são as seguintes: Resultado Parcial e Tempo de Jogo Decorrido.
47
comparação essa que sustenta a discussão de alguns resultados obtidos na
comparação e cruzamento de variáveis em diferentes níveis e diferentes tipos
de confrontos.
4.1. RELAÇÃO ENTRE TRANSIÇÃO DEFESA-ATAQUE COM A FORMA COMO TERMINA A ACÇÃO OFENSIVA E COM A ZONA DE FINALIZAÇÃO EM EQUIPAS DE NIVEL SUPERIOR E INFERIOR.
Comparando os dois níveis de equipa, obtivemos um maior número de
Sequências Ofensivas Terminadas em Finalização (SFIN) por parte das
Equipas de Nível Superior (ESUP, n=392) em comparação com o volume
apresentado pelas Equipas de Nível Inferior (EINF, n=284). Apurou-se também,
por parte das ESUP, uma maior eficácia no aproveitamento das mesmas
sequências ofensivas, sendo que 12% das acções culminaram em Êxito Total
(ET), 33,7% em Êxito Parcial (EP) e 54,3 em Sem Êxito (SE). Por outro lado, as
EINF apenas concretizaram 6,3% das suas acções ofensivas em ET, 32,0 %
em EP e 61,6% em SE. Relativamente à Zona de Finalização (ZF), verificamos que tanto as ESUP,
como as EINF, finalizam primordialmente Fora da Grande Área (FGA) (ESUP –
49,7% e EINF – 55,6%), seguida da finalização Dentro da Grande Área (DGA)
(ESUP – 45,2% e EINF – 40,1%) e, por fim, Dentro da Pequena Área (DPA)
(ESUP – 5,1% e EINF – 4,2%). Desta forma, à medida que nos distanciamos
do alvo mais finalizações se verificaram, resultados explicados pela
necessidade de ultrapassar uma oposição defensiva para finalizar mais perto
da baliza. Estes resultados confirmam os também descritos por Bezerra (1995)
e Matos (2006).
4.1.1. Zona de Recuperação da Posse de Bola
No que respeita à recuperação da posse de bola, as ESUP utilizaram
prioritariamente a ZREC Média Defensiva Esquerda (MDE) (14,5%), enquanto
as EINF privilegiaram Média Ofensiva Direita (MOD) (14,4%), sendo que,
existiu uma distribuição muito homogénea quanto às zonas em que a bola foi
recuperada.
48
De realçar também o facto de que, tanto nas ESUP como nas EINF, quando
recuperam a posse de bola em zonas defensivas esta ocorre preferencialmente
na zona defensiva central (DC), enquanto que, à medida que as recuperações
são feitas em zonas mais próximas da baliza adversária, estas recuperam
preferencialmente em zonas laterais (MDE, MDD, MOE, MOD, OE e OE). Esta
é uma ideia confirmada nos resultados apresentados por Costa (2005). O autor
conclui que sempre nos focalizamos nas sequências terminadas com remate,
identifica-se a maior contribuição dos corredores laterais (OD e OE,
respectivamente, sectores mais ofensivos), enquanto que se identifica a maior
contribuição do corredor central nos sectores mais defensivos (DC e MDC).
Quanto à distribuição da ZREC em função do Tempo de Jogo Decorrido (TJD)
não se identificaram diferenças estatisticamente significativas (p>.05), em
ambos os níveis das equipas.
Por fim, identificamos também não existirem diferenças estatisticamente
significativas (p>.05) no que respeita à ZREC e o Resultado Parcial (RP), em
ambos os níveis de equipas.
4.1.1.1. Zona de Recuperação da Posse de Bola e Forma como Termina a Acção Ofensiva
Ao relacionarmos a ZREC com a FTAO, verificamos que nas 392 SFIN
observadas no âmbito das ESUP, não identificamos diferenças
estatisticamente significativas entre as variáveis, sendo o valor de P apurado
de .312. Verifica-se também não existirem diferenças estatisticamente
significativas entre o Corredor (C) ou o Sector (S) de recuperação da posse de
bola e a FTAO, sendo que o P obtido entre as variáveis é de .323 e .691,
respectivamente.
49
Quadro 4.1. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO
em ESUP.
Equipas nível superior FTAO Total
Zona de Recuperação Posse Bola Êxito total Êxito parcial Sem êxito
Ofensivo direito N 3 8 13 24 % ZREC 12,5% 33,3% 54,2% 100,0% % FTAO 6,4% 6,1% 6,1% 6,1% Ofensivo centro N 0 1 2 3 % ZREC ,0% 33,3% 66,7% 100,0% % FTAO ,0% ,8% ,9% ,8% Ofensivo esquerdo N 2 5 20 27 % ZREC 7,4% 18,5% 74,1% 100,0% % FTAO 4,3% 3,8% 9,4% 6,9% Médio ofensivo direito N 6 13 28 47 % ZREC 12,8% 27,7% 59,6% 100,0% % FTAO 12,8% 9,8% 13,1% 12,0% Médio ofensivo centro N 4 18 17 39 % ZREC 10,3% 46,2% 43,6% 100,0% % FTAO 8,5% 13,6% 8,0% 9,9% Médio ofensivo esquerdo N 7 12 23 42 % ZREC 16,7% 28,6% 54,8% 100,0% % FTAO 14,9% 9,1% 10,8% 10,7% Médio defensivo direito N 4 24 20 48 % ZREC 8,3% 50,0% 41,7% 100,0% % FTAO 8,5% 18,2% 9,4% 12,2% Médio defensivo centro N 8 11 31 50 % ZREC 16,0% 22,0% 62,0% 100,0% % FTAO 17,0% 8,3% 14,6% 12,8% Médio defensivo esquerdo N 7 17 33 57 % ZREC 12,3% 29,8% 57,9% 100,0% % FTAO 14,9% 12,9% 15,5% 14,5% Defensivo direito N 2 3 6 11 % ZREC 18,2% 27,3% 54,5% 100,0% % FTAO 4,3% 2,3% 2,8% 2,8% Defensivo centro N 3 18 14 35 % ZREC 8,6% 51,4% 40,0% 100,0% % FTAO 6,4% 13,6% 6,6% 8,9% Defensivo esquerdo N 1 2 6 9 % ZREC 11,1% 22,2% 66,7% 100,0% % FTAO 2,1% 1,5% 2,8% 2,3% Total N 47 132 213 392 % ZREC 12,0% 33,7% 54,3% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
No que respeita às 284 SFIN observadas, relativamente à EINF, identificaram-
se valores de P de .658 entre a ZREC e a FTAO, de .792 entre o corredor e a
FTAO e de .760 entre o sector e a FTAO, não se identificando assim uma
correlação significativa entre as variáveis relacionadas.
50
Quadro 4.2. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO
em EINF.
Equipa nível inferior FTAO Total
Zona de Recuperação Posse Bola Êxito total Êxito parcial Sem êxito
Ofensivo direito N 1 8 9 18 % ZREC 5,6% 44,4% 50,0% 100,0% % FTAO 5,6% 8,8% 5,1% 6,3% Ofensivo esquerdo N 0 3 11 14 % ZREC ,0% 21,4% 78,6% 100,0% % FTAO ,0% 3,3% 6,3% 4,9% Médio ofensivo direito N 2 14 25 41 % ZREC 4,9% 34,1% 61,0% 100,0% % FTAO 11,1% 15,4% 14,3% 14,4% Médio ofensivo centro N 1 8 14 23 % ZREC 4,3% 34,8% 60,9% 100,0% % FTAO 5,6% 8,8% 8,0% 8,1% Médio ofensivo esquerdo N 1 9 20 30 % ZREC 3,3% 30,0% 66,7% 100,0% % FTAO 5,6% 9,9% 11,4% 10,6% Médio defensivo direito N 2 13 25 40 % ZREC 5,0% 32,5% 62,5% 100,0% % FTAO 11,1% 14,3% 14,3% 14,1% Médio defensivo centro N 2 6 23 31 % ZREC 6,5% 19,4% 74,2% 100,0% % FTAO 11,1% 6,6% 13,1% 10,9% Médio defensivo esquerdo N 4 12 19 35 % ZREC 11,4% 34,3% 54,3% 100,0% % FTAO 22,2% 13,2% 10,9% 12,3% Defensivo direito N 0 3 7 10 % ZREC ,0% 30,0% 70,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,3% 4,0% 3,5% Defensivo centro N 4 13 12 29 % ZREC 13,8% 44,8% 41,4% 100,0% % FTAO 22,2% 14,3% 6,9% 10,2% Defensivo esquerdo N 1 2 10 13 % ZREC 7,7% 15,4% 76,9% 100,0% % FTAO 5,6% 2,2% 5,7% 4,6% Total N 18 91 175 284 % ZREC 6,3% 32,0% 61,6% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Ainda referente às mesmas SFIN estudadas, verificou-se também que,
enquanto as ESUP atingem mais vezes o ET quando recuperam a posse de
bola nas zonas MDC (17,0%) e as EINF atingem-no sempre que recuperam a
bola nas zonas MDE e DC (22,2%).
Analisando as sequências ofensivas terminadas em ET, relativamente à ZREC,
por sectores, verificamos que as ESUP apresentam valores percentuais de
recuperação da posse de bola mais baixos nos dois sectores mais defensivos
(D – 12,8% e MD – 40,4%) do que as EINF (D – 27,8% e MD – 44,4%). Por
outro lado, as ESUP apresentam valores percentuais mais elevados de
sequências ofensivas culminadas em ET em sectores mais próximos da baliza
adversária (MO – 36,2% e O – 10,6%) em comparação com as sequências
ofensivas terminadas em ET das EINF (MO – 22,2% e O – 5,6%).
Como tal, identifica-se alguma tendência das ESUP, em comparação com as
EINF, recuperarem a posse de bola em sectores mais próximos da baliza
51
adversária quando atingem o golo. É uma ideia clarificadora da maior
capacidade que as ESUP têm em aproveitar com maior eficácia (com ET), as
recuperações de posse de bola realizadas em sectores mais ofensivos.
4.1.1.2. Zona de Recuperação da Posse de Bola e Zona de Finalização Ao compararmos a Zona de Finalização (ZF) nos dois níveis de equipas
realçou-se o facto de que, enquanto as ESUP apresentaram valores
percentuais mais elevados de finalização nas zonas DGA e DPA, sucedeu o
inverso relativamente à finalização na zona FGA, onde as EINF apresentaram
valores percentuais superiores em relação às ESUP.
Quadro 4.3. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e ZF nas ESUP.
Equipa nível superior
ZF Total Zona de Recuperação da Posse de Bola
Dentro pequena área
Dentro da grande área
Fora da grande área
Ofensivo direito n 3 15 6 24 % ZREC 12,5% 62,5% 25,0% 100,0% % ZF 15,0% 8,5% 3,1% 6,1%
Ofensivo centro n 0 2 1 3 % ZREC ,0% 66,7% 33,3% 100,0% % ZF ,0% 1,1% ,5% ,8%
Ofensivo esquerdo n 1 6 20 27 % ZREC 3,7% 22,2% 74,1% 100,0% % ZF 5,0% 3,4% 10,3% 6,9%
Médio ofensivo direito n 3 18 26 47 % ZREC 6,4% 38,3% 55,3% 100,0% % ZF 15,0% 10,2% 13,3% 12,0%
Médio ofensivo centro n 2 19 18 39 % ZREC 5,1% 48,7% 46,2% 100,0% % ZF 10,0% 10,7% 9,2% 9,9%
Médio ofensivo esquerdo n 3 20 19 42 % ZREC 7,1% 47,6% 45,2% 100,0% % ZF 15,0% 11,3% 9,7% 10,7%
Médio defensivo direito n 1 22 25 48 % ZREC 2,1% 45,8% 52,1% 100,0% % ZF 5,0% 12,4% 12,8% 12,2%
Médio defensivo centro n 1 24 25 50 % ZREC 2,0% 48,0% 50,0% 100,0% % ZF 5,0% 13,6% 12,8% 12,8%
52
Quadro 4.3. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e ZF nas ESUP (continuação).
Médio defensivo esquerdo n 2 29 26 57 % ZREC 3,5% 50,9% 45,6% 100,0% % ZF 10,0% 16,4% 13,3% 14,5%
Defensivo direito n 3 1 7 11 % ZREC 27,3% 9,1% 63,6% 100,0% % ZF 15,0% ,6% 3,6% 2,8%
Defensivo centro n 0 17 18 35 % ZREC ,0% 48,6% 51,4% 100,0% % ZF ,0% 9,6% 9,2% 8,9%
Defensivo esquerdo n 1 4 4 9 % ZREC 11,1% 44,4% 44,4% 100,0% % ZF 5,0% 2,3% 2,1% 2,3%
Total n 20 177 195 392 % ZREC 5,1% 45,2% 49,7% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Perante as 392 SFIN observadas na ESUP, identificaram-se diferenças
estatisticamente significativas entre a ZREC e a ZF, sendo o valor de P igual a
.034.
Tendo em conta as mesmas SFIN observadas e analisando o quadro 4.3.,
realçamos alguns valores percentuais esclarecedores na relação entre a ZF e
ZREC nas ESUP. Verificamos que, quando as ESUP recuperaram a posse de
bola nos sectores ofensivos direito e centro, finalizaram prioritariamente dentro
da grande área (62,5% e 66,7%, respectivamente). Por outro lado, nas
recuperações de posse de bola efectuadas no sector ofensivo esquerdo, as
ESUP finalizaram primordialmente fora da grande área.
Analisando as SFIN dentro da pequena área, verificamos uma pequena
tendência para terem como origem de ZREC as zonas associadas ao corredor
direito. Aspecto ainda mais evidente, no quadro 4.4., que apresenta uma
análise das ZREC por corredores, em que verificamos que 55,0% das SFIN
dentro da pequena área, se iniciaram numa recuperação da posse de bola em
zonas do corredor direito, seguido do corredor esquerdo 35,0%, evidenciando
também a ponderação dos corredores laterais na recuperação da posse de
bola para finalizações dentro da pequena área. Sendo tão poucas as SFIN em
53
que as equipas conseguem finalizar dentro da pequena área, apenas 5,1% das
SFIN parecem ser dados de importante análise.
Por outro lado, a baixa ponderação percentual das SFIN dentro da pequena
área quando a posse de bola é recuperada no corredor central, pensamos
poder ser explicada com o seguinte facto. No momento em que a posse de
bola é recuperada nestas situações, os colegas de equipa colocados à frente
da linha da bola, potenciais jogadores a proporcionar uma transição defesa-
ataque mais rápida, ao estarem anatomicamente orientados para a bola
estarão consequentemente de costas para a baliza que atacam, factor que
retarda o ataque. Desta forma, a equipa adversária beneficia de mais tempo
para se organizar defensivamente, induzindo a uma menor permeabilidade
ofensiva e consequentemente a finalizações mais distanciadas da baliza.
Quadro 4.4. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis C e ZF nas ESUP.
Equipa nível superior
ZF Total Corredor de Recuperação da Posse de Bola
Dentro pequena área
Dentro da grande área
Fora da grande área
Direito n 11 58 64 133 % C 8,3% 43,6% 48,1% 100,0% % ZF 55,0% 32,8% 32,8% 33,9%
Central n 2 60 62 124 % C 1,6% 48,4% 50,0% 100,0% % ZF 10,0% 33,9% 31,8% 31,6%
Esquerdo n 7 59 69 135 % C 5,2% 43,7% 51,1% 100,0% % ZF 35,0% 33,3% 35,4% 34,4%
Total n 20 177 195 392 % C 5,1% 45,2% 49,7% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Analisando ainda as SFIN das ESUP, na relação entre a ZF e ZREC, agora por
sectores (quadro 4.5.), não se observou nenhuma relação pertinente de
análise.
54
Quadro 4.5. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis S e ZF nas ESUP.
Equipa nível superior
ZF Total Sector de Recuperação da Posse de Bola
Dentro da pequena área
Dentro da grande área
Fora da grande área
Ofensivo n 4 23 27 54 % S 7,4% 42,6% 50,0% 100,0% % ZF 20,0% 13,0% 13,8% 13,8%
Médio ofensivo n 8 58 64 130 % S 6,2% 44,6% 49,2% 100,0% % ZF 40,0% 32,8% 32,8% 33,2%
Médio defensivo n 4 74 76 154 % S 2,6% 48,1% 49,4% 100,0% % ZF 20,0% 41,8% 39,0% 39,3%
Defensivo n 4 22 28 54 % S 7,4% 40,7% 51,9% 100,0% % ZF 20,0% 12,4% 14,4% 13,8%
Total n 20 177 195 392 % S 5,1% 45,2% 49,7% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Tanto na relação entre a ZF e a ZREC, por corredores (C) e por sectores (S),
não se identificaram diferenças estatisticamente significativas, sendo o valor de
P igual a .190 e .681, respectivamente.
Analisando as 284 SFIN das EINF, na relação entre a ZF com a ZREC não se
identificaram diferenças estatisticamente significativas, sendo o valor de P igual
a .803.
Quadro 4.6. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e ZF nas EINF.
Equipa nível inferior ZF Total Zona de Recuperação da Posse de Bola
Dentro pequena área
Dentro da grande área
Fora da grande área
Ofensivo direito n 2 8 8 18 % ZREC 11,1% 44,4% 44,4% 100,0% % ZF 16,7% 7,0% 5,1% 6,3%
Ofensivo esquerdo n 2 5 7 14 % ZREC 14,3% 35,7% 50,0% 100,0% % ZF 16,7% 4,4% 4,4% 4,9% Médio ofensivo direito n 1 14 26 41 % ZREC 2,4% 34,1% 63,4% 100,0% % ZF 8,3% 12,3% 16,5% 14,4%
Médio ofensivo centro n 1 6 16 23 % ZREC 4,3% 26,1% 69,6% 100,0% % ZF 8,3% 5,3% 10,1% 8,1%
55
Quadro 4.6. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e ZF nas EINF (continuação). Médio ofensivo esquerdo n 0 14 16 30 % ZREC ,0% 46,7% 53,3% 100,0% % ZF ,0% 12,3% 10,1% 10,6%
Médio defensivo direito n 1 15 24 40 % ZREC 2,5% 37,5% 60,0% 100,0% % ZF 8,3% 13,2% 15,2% 14,1%
Médio defensivo centro n 1 14 16 31 % ZREC 3,2% 45,2% 51,6% 100,0% % ZF 8,3% 12,3% 10,1% 10,9%
n 2 13 20 35 Médio defensivo esquerdo % ZREC 5,7% 37,1% 57,1% 100,0% % ZF 16,7% 11,4% 12,7% 12,3%
Defensivo direito n 0 5 5 10 % ZREC ,0% 50,0% 50,0% 100,0% % ZF ,0% 4,4% 3,2% 3,5%
Defensivo centro n 1 15 13 29 % ZREC 3,4% 51,7% 44,8% 100,0% % ZF 8,3% 13,2% 8,2% 10,2%
Defensivo esquerdo n 1 5 7 13 % ZREC 7,7% 38,5% 53,8% 100,0% % ZF 8,3% 4,4% 4,4% 4,6%
Total n 12 114 158 284 % ZREC 4,2% 40,1% 55,6% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
No âmbito das SFIN das EINF, verifica-se já uma distribuição mais equilibrada
entre os valores percentuais da ZREC perante a ZF, não se verificando um
relevo de valores como observado nas ESUP (ver quadro 4.6.).Ainda
relativamente às SFIN das EINF, a mesma irrelevância surge ao analisarmos a
relação entre a ZF e o C ou S em que a bola foi recuperada, visto que em
ambos os casos não se identificaram diferenças estatisticamente significativas
(P superior a .05).
Do mesmo modo, como se verificou na relação entre a ZF e ZREC, no âmbito
da recuperação da posse de bola por C, sendo que os valores percentuais
distribuem-se de forma equiparada, não evidenciando qualquer tendência
pertinente de análise (ver quadro 4.7.).
56
Quadro 4.7. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis C e ZF nas EINF.
Equipa nível inferior
ZF Total Corredor de Recuperação da Posse de Bola
Dentro pequena área
Dentro da grande área
Fora da grande área
Direito n 4 42 63 109 % C 3,7% 38,5% 57,8% 100,0% % ZF 33,3% 36,8% 39,9% 38,4%
Central n 3 34 46 83 % C 3,6% 41,0% 55,4% 100,0% % ZF 25,0% 29,8% 29,1% 29,2%
Esquerdo n 5 38 49 92 % C 5,4% 41,3% 53,3% 100,0% % ZF 41,7% 33,3% 31,0% 32,4%
Total n 12 114 158 284 % C 4,2% 40,1% 55,6% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Na comparação entre ZREC, por sectores, e ZF, sobressaímos unicamente o
facto de as recuperações de posse de bola obtidas no sector ofensivo
proporcionarem uma percentagem relativamente superior de SFIN dentro da
pequena área.
Quadro 4.8. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis S e ZF
nas EINF.
Equipa nível inferior
ZF Total Sector de Recuperação da Posse de Bola
Dentro pequena área
dentro da grande área
fora da grande área
Ofensivo n 4 13 15 32 % S 12,5% 40,6% 46,9% 100,0% % ZF 33,3% 11,4% 9,5% 11,3%
Médio ofensivo n 2 34 58 94 % S 2,1% 36,2% 61,7% 100,0% % ZF 16,7% 29,8% 36,7% 33,1%
Médio defensivo n 4 42 61 107 % S 3,7% 39,3% 57,0% 100,0% % ZF 33,3% 36,8% 38,6% 37,7%
Defensivo n 2 25 24 51 % S 3,9% 49,0% 47,1% 100,0% % ZF 16,7% 21,9% 15,2% 18,0% Total n 12 114 158 284 % S 4,2% 40,1% 55,6% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
57
4.1.2. Tipo de Recuperação da Posse de Bola
Nas 392 SFIN pelas ESUP, verificou-se como forma preferencial de
recuperação da posse de bola a Intercepção (41,1%), convergindo com os
resultados apurados na revisão bibliográfica (Mendes, 2002; Ribeiro, 2003; e
Reis, 2004). Por outro lado, nas 284 SFIN observadas as EINF utilizaram
preferencialmente a categoria Bola Parada (41,9%) quanto ao TREC. Perante a
descrição da variável Intercepção, a ESUP demonstram uma atitude mais
activa na recuperação da posse de bola.
Na análise da mesma variável em função ao TJD não se identificaram
diferenças estatisticamente significativas (p>.05), em ambos os níveis de
equipa.
O mesmo se verificou no que respeita à comparação do TREC em função do
RP, sendo que, em ambos os níveis de equipas, não se identificaram
diferenças estatisticamente significativas (p>.05). Tendo os estudos de Jones
et al. (2004) e Lago & Martin (2007) concluído que as equipas têm maior posse
de bola quando estão a perder ou empatadas, parece-nos relevante o facto de
o início dessa posse de bola, quanto ao TREC e ao ZREC, não ter apresentado
qualquer relação significativa com o RP em ambos os níveis de equipa.
4.1.2.1. Tipo de Recuperação da Posse de Bola e Forma como Termina a Acção Ofensiva
No que respeita às SFIN em ET, tanto nas ESUP como nas EINF, verificou-se
quanto ao TREC, uma preponderância da categoria I, (38,3% e 38,9%
respectivamente), realçando a importância da mesma na obtenção do golo.
58
Quadro 4.9. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e FTAO em dois
Níveis de Equipa.
Nas 392 SFIN observadas no âmbito das ESUP, não se identificaram
diferenças estatisticamente significativas entre as variáveis TREC e a FTAO,
sendo o valor de P apurado de .657.
Relativamente às 284 SFIN das EINF identificaram-se valores de P de .802
entre a TREC e a FTAO, não existindo diferenças estatisticamente
significativas entre as mesmas.
4.1.2.2. Tipo de Recuperação da Posse de Bola e Zona de Finalização
Na análise das 392 SFIN das ESUP, identificaram-se diferenças
estatisticamente significativas entre o TREC e a ZF, visto o resultado de P ser
FTAO Total
Tipo de Recuperação da Posse de Bola Êxito total Êxito parcial Sem êxito Outro N 1 1 0 2 % TREC 50,0% 50,0% ,0% 100,0% % FTAO 2,1% ,8% ,0% ,5%
Bola parada N 17 45 79 141 % TREC 12,1% 31,9% 56,0% 100,0% % FTAO 36,2% 34,1% 37,1% 36,0%
Erro adversário n 11 29 48 88 % TREC 12,5% 33,0% 54,5% 100,0% % FTAO 23,4% 22,0% 22,5% 22,4%
Intercepção n 18 57 86 161 % TREC 11,2% 35,4% 53,4% 100,0% % FTAO 38,3% 43,2% 40,4% 41,1%
Total n 47 132 213 392 % TREC 12,0% 33,7% 54,3% 100,0%
Equipas de nível superior
% FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Bola parada n 6 38 75 119 % TREC 5,0% 31,9% 63,0% 100,0% % FTAO 33,3% 41,8% 42,9% 41,9% Erro adversário n 5 17 40 62 % TREC 8,1% 27,4% 64,5% 100,0% % FTAO 27,8% 18,7% 22,9% 21,8%
Intercepção n 7 36 60 103 % TREC 6,8% 35,0% 58,3% 100,0% % FTAO 38,9% 39,6% 34,3% 36,3%
Total n 18 91 175 284 % TREC 6,3% 32,0% 61,6% 100,0%
Equipas de nível inferior
% FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
59
igual a .040. O mesmo não se conclui no que respeita às 284 SFIN observadas
nas EINF, visto que o valor obtido foi .267.
Quadro 4.10. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e ZF nas ESUP e EINF.
ZF Total
Tipo de Recuperação da Posse de Bola
Dentro pequena área
Dentro da grande área
Fora da grande área
Outro n 1 1 0 2 % TREC 50,0% 50,0% ,0% 100,0% % ZF 5,0% ,6% ,0% ,5%
Bola parada n 9 58 74 141 % TREC 6,4% 41,1% 52,5% 100,0% % ZF 45,0% 32,8% 37,9% 36,0%
Erro adversário n 6 40 42 88 % TREC 6,8% 45,5% 47,7% 100,0% % ZF 30,0% 22,6% 21,5% 22,4%
Intercepção n 4 78 79 161 % TREC 2,5% 48,4% 49,1% 100,0% % ZF 20,0% 44,1% 40,5% 41,1%
Equipas de nível superior
Total n 20 177 195 392 % TREC 5,1% 45,2% 49,7% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Bola parada n 7 41 71 119 % TREC 5,9% 34,5% 59,7% 100,0% % ZF 58,3% 36,0% 44,9% 41,9% Erro adversário n 1 31 30 62 % TREC 1,6% 50,0% 48,4% 100,0% % ZF 8,3% 27,2% 19,0% 21,8%
Intercepção n 4 42 57 103 % TREC 3,9% 40,8% 55,3% 100,0%
Equipas de nível inferior
% ZF 33,3% 36,8% 36,1% 36,3%
Total n 12 114 158 284 % TREC 4,2% 40,1% 55,6% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Desta forma, as ESUP iniciaram, preferencialmente, em BP as SFIN na zona
de finalização DPA (45%), enquanto que, as SFIN nas zonas DGA e FGA
iniciam-se preferencialmente por I.
4.1.3. Primeiro Passe Nas 392 SFIN pelas ESUP, verificou-se como forma preferencial de Primeiro
Passe (PP) a categoria Curto/Médio Frente (CMF) e Curto/Médio Lado (CML)
(35,2%). Paralelamente, nas 284 SFIN observadas, as EINF utilizaram
60
preferencialmente a categoria CMF (39,1%) seguido do CML (35,6%). Ambos
os resultados estão de acordo com a bibliografia encontrada que realça a
utilização predominante dos passes curtos/médios e para a frente (Mendes,
2002; e Reis, 2004). Ao mesmo tempo presumimos a ideia de existirem
semelhanças entre o PP de ambos os níveis, em concordância com Silva
(1998) que não identificou diferenças significativas entre diferentes níveis de
equipas.
Por outro lado, no que respeita aos PP com passes longos, realçamos o facto
de as ESUP realizarem um número expressivamente superior de PP Longos
Laterais em relação às EINF, o que nos indica uma maior preocupação destas
equipas em rapidamente mudar o corredor de ataque, na procura de mais
espaço para atacar. Por outro lado, os valores de PP Longos Frente das EINF
superam os valores da mesma variável das ESUP, entendendo-se uma
possível necessidade de atacar rápido com passe em profundidade na tentativa
de surpreender o adversário.
Relativamente ao PP em função do TJD não identificamos diferenças
estatisticamente significativas no âmbito das ESUP (p>.05). Já no que respeita
à mesma análise no âmbito das EINF, identificaram-se diferenças
estatisticamente significativas (p<.05), observando-se na análise descritiva da
mesma alguns resultados interessantes de pesquisa. Desta análise realçamos
que o passe Longo Frente (LF), o mais representativo dos passes longos,
apresenta um valor percentual elevado (20,5%) dos passes efectuados no
primeiro quartil do jogo (primeiros 15 minutos do encontro), expressando 50%
dos passes LF de todo o encontro. No que respeita aos restantes Quartis do
jogo, verifica-se um aumento progressivo crescente do valor percentual de
primeiros passes curtos/médios frente do primeiro a terceiro quartil (primeiros
quarenta e cinco minutos do jogo), com posterior decréscimo progressivo no
decorrer do quarto, quinto e sexto quartil de jogo deste mesmo tipo de passe.
Por fim, de realçar a presença significativa dos PP curtos/médios lado no último
quartil do encontro representando 51% dos passes efectuados neste tempo de
jogo.
61
Quadro 4.11. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e TJD nas EINF.
Equipas de nível inferior
Tempo de Jogo Decorrido (Quartis) Total
Primeiro Passe 1 2 3 4 5 6 N 1 0 0 1 0 0 2 Sem primeiro
passe % PP 50,0% ,0% ,0% 50,0% ,0% ,0% 100,0% % Q 2,6% ,0% ,0% 1,8% ,0% ,0% ,7%
N 0 1 0 0 0 0 1 Longo obliquo
% PP ,0% 100,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 100,0% % Q ,0% 2,4% ,0% ,0% ,0% ,0% ,4%
N 0 0 0 0 0 1 1 Longo lado
% PP ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 100,0% 100,0% % Q ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 2,0% ,4%
Longo trás N 0 1 0 0 0 0 1 % PP ,0% 100,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 100,0% % Q ,0% 2,4% ,0% ,0% ,0% ,0% ,4%
N 8 1 1 3 0 3 16 Longo frente
% PP 50,0% 6,3% 6,3% 18,8% ,0% 18,8% 100,0% % Q 20,5% 2,4% 1,9% 5,5% ,0% 6,1% 5,6%
N 3 5 2 3 7 2 22 Curto médio obliquo % PP 13,6% 22,7% 9,1% 13,6% 31,8% 9,1% 100,0% % Q 7,7% 11,9% 3,8% 5,5% 14,9% 4,1% 7,7%
N 12 14 15 17 18 25 101 curto médio lado % PP 11,9% 13,9% 14,9% 16,8% 17,8% 24,8% 100,0% % Q 30,8% 33,3% 28,8% 30,9% 38,3% 51,0% 35,6%
N 5 3 7 4 7 3 29 Curto médio trás % PP 17,2% 10,3% 24,1% 13,8% 24,1% 10,3% 100,0% % Q 12,8% 7,1% 13,5% 7,3% 14,9% 6,1% 10,2%
N 10 17 27 27 15 15 111 Curto médio frente % PP 9,0% 15,3% 24,3% 24,3% 13,5% 13,5% 100,0% % Q 25,6% 40,5% 51,9% 49,1% 31,9% 30,6% 39,1%
Total N 39 42 52 55 47 49 284 % PP 13,7% 14,8% 18,3% 19,4% 16,5% 17,3% 100,0% % Q 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
No que respeita ao PP em função do RP não se identificaram diferenças
estatisticamente significativas (p>.05).
4.1.3.1. Primeiro Passe e Forma como Termina a Acção Ofensiva
Analisando as acções ofensivas terminadas em ET, verifica-se tanto as ESUP
com as EINF utilizam preferencialmente como PP o CMF (40,4% e 44,4%
respectivamente), seguido do CML (36,2% e 33,3%) e posteriormente o Curto-
Médio Trás (CMT) (21,3% e 11,1% respectivamente).
62
Desta forma, denota-se a preponderância dos passes curtos/médios no início
das SFIN, quer das ESUP como das EINF, para a obtenção do ET nas
mesmas. Sendo ainda mais minuciosos, realçamos a primazia na utilização dos
passes CMF na obtenção do ET, em ambos os níveis de equipa, que revelam a
importância de procurar logo após a recuperação da posse de bola um passe
em profundidade, no sentido do ataque, potencial indicador a ter em conta nas
Transições Defesa-Ataque de modo a obter o ET.
Quadro 4.12. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e FTAO em ESUP e EINF.
Equipas de nível superior Equipas de nível inferior
FTAO FTAO
Primeiro Passe
Êxito total
Êxito parcial
Sem êxito Total
Êxito total
Êxito parcial
Sem êxito Total
N 1 4 5 10 0 0 2 2Sem primeiro passe % PP 10,0% 40,0% 50,0% 100,0% ,0% ,0% 100,0% 100,0% % FTAO 2,1% 3,0% 2,3% 2,6% ,0% ,0% 1,1% ,7%
Longo obliquo N 0 0 0 0 0 0 1 1 % PP ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 100,0% 100,0%
% FTAO ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,6% ,4% Longo lado N 0 5 5 10 0 0 1 1 % PP ,0% 50,0% 50,0% 100,0% ,0% ,0% 100,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,8% 2,3% 2,6% ,0% ,0% ,6% ,4% Longo trás N 0 0 0 0 0 0 1 1 % PP ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 100,0% 100,0% % FTAO ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,6% ,4%
Longo frente N 0 2 7 9 1 5 10 16 % PP ,0% 22,2% 77,8% 100,0% 6,3% 31,3% 62,5% 100,0% % FTAO ,0% 1,5% 3,3% 2,3% 5,6% 5,5% 5,7% 5,6%
N 0 8 15 23 1 7 14 22Curto médio obliquo % PP ,0% 34,8% 65,2% 100,0% 4,5% 31,8% 63,6% 100,0% % FTAO ,0% 6,1% 7,0% 5,9% 5,6% 7,7% 8,0% 7,7%
N 17 43 78 138 6 34 61 101Curto médio lado % PP 12,3% 31,2% 56,5% 100,0% 5,9% 33,7% 60,4% 100,0% % FTAO 36,2% 32,6% 36,6% 35,2% 33,3% 37,4% 34,9% 35,6%
N 10 23 31 64 2 9 18 29Curto médio trás % PP 15,6% 35,9% 48,4% 100,0% 6,9% 31,0% 62,1% 100,0% % FTAO 21,3% 17,4% 14,6% 16,3% 11,1% 9,9% 10,3% 10,2%
N 19 47 72 138 8 36 67 111Curto médio frente % PP 13,8% 34,1% 52,2% 100,0% 7,2% 32,4% 60,4% 100,0% % FTAO 40,4% 35,6% 33,8% 35,2% 44,4% 39,6% 38,3% 39,1%
Total N 47 132 213 392 18 91 175 284 % PP 12,0% 33,7% 54,3% 100,0% 6,3% 32,0% 61,6% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
63
Não se identificou qualquer correlação significativa entre as variáveis PP e
FTAO, quer nas 392 SFIN observadas nas ESUP, quer nas 284 SFIN
observadas relativamente às EINF, sendo os valores do P de .624 e .999,
respectivamente.
Estes são dados que contrariam as ideias apresentadas nos estudos de Horn
et al. (2002) e Hughes & Franks (2005) cujos resultados indiciavam para
importância de rapidamente colocar a bola em zonas próximas da baliza, sendo
o passe longo o tipo de passe mais potenciador de situações de finalização.
4.1.3.2 Primeiro Passe e Zona de Finalização
Na relação entre o PP e ZF, tanto nas 392 SFIN observadas nas ESUP, como
nas 284 observadas nas EINF, não se identificaram diferenças estatisticamente
significativas, sendo os valores de P igual a .626 e .751, respectivamente.
Quadro 4.13. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e ZF nas ESUP e EINF.
ZF Total
Primeiro Passe Dentro
pequena área Dentro da
grande área Fora da
grande área Sem primeiro passe n 0 3 7 10 % PP ,0% 30,0% 70,0% 100,0%
Equipa nível superior
% ZF ,0% 1,7% 3,6% 2,6%
Longo lado n 0 2 8 10 % PP ,0% 20,0% 80,0% 100,0% % ZF ,0% 1,1% 4,1% 2,6% Longo frente n 0 4 5 9 % PP ,0% 44,4% 55,6% 100,0% % ZF ,0% 2,3% 2,6% 2,3%
Curto médio oblíquo n 1 9 13 23 % PP 4,3% 39,1% 56,5% 100,0% % ZF 5,0% 5,1% 6,7% 5,9% Curto médio lado n 9 59 70 138 % PP 6,5% 42,8% 50,7% 100,0% % ZF 45,0% 33,3% 35,9% 35,2%
Curto médio trás n 3 35 26 64 % PP 4,7% 54,7% 40,6% 100,0% % ZF 15,0% 19,8% 13,3% 16,3%
Curto médio frente n 7 65 66 138 % PP 5,1% 47,1% 47,8% 100,0% % ZF 35,0% 36,7% 33,8% 35,2%
Total n 20 177 195 392 % PP 5,1% 45,2% 49,7% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
64
Quadro 4.13. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e ZF nas ESUP e EINF (continuação).
Sem primeiro passe n 0 0 2 2 % PP ,0% ,0% 100,0% 100,0%
Equipa nível inferior
% ZF ,0% ,0% 1,3% ,7%
Longo obliquo n 0 1 0 1 % PP ,0% 100,0% ,0% 100,0% % ZF ,0% ,9% ,0% ,4%
Longo lado n 0 0 1 1 % PP ,0% ,0% 100,0% 100,0% % ZF ,0% ,0% ,6% ,4%
Longo trás n 0 1 0 1 % PP ,0% 100,0% ,0% 100,0% % ZF ,0% ,9% ,0% ,4%
Longo frente n 0 8 8 16 % PP ,0% 50,0% 50,0% 100,0% % ZF ,0% 7,0% 5,1% 5,6%
Curto médio obliquo n 1 9 12 22 % PP 4,5% 40,9% 54,5% 100,0% % ZF 8,3% 7,9% 7,6% 7,7%
Curto médio lado n 7 45 49 101 % PP 6,9% 44,6% 48,5% 100,0% % ZF 58,3% 39,5% 31,0% 35,6%
Curto médio trás n 1 10 18 29 % PP 3,4% 34,5% 62,1% 100,0% % ZF 8,3% 8,8% 11,4% 10,2%
Curto médio frente n 3 40 68 111 % PP 2,7% 36,0% 61,3% 100,0% % ZF 25,0% 35,1% 43,0% 39,1%
Total n 12 114 158 284 % PP 4,2% 40,1% 55,6% 100,0% % ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
De realçar ainda o facto de que tanto nas SFIN dentro da pequena área, pelas
ESUP como pelas EINF, se iniciarem predominantemente com passes curtos-
médios para o lado, sendo os seus valores percentuais apresentados 45,0% e
58,3%, respectivamente. Sendo a finalização dentro da pequena área a que
apresenta valores mais baixos, tanto nas ESUP como nas EINF, estes
resultados denotam a importância de assegurar inicialmente a posse de bola
com passe curtos, permitindo posteriormente chegar a uma zona de finalização
extremamente difícil de atingir.
Relativamente aos PP com passes Longos, de destacar o facto de os PP
Longos Frente terminaram em finalização dentro da pequena área.
65
4.1.4. Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa Seja nas 392 SFIN observadas nas ESUP ou nas 284 SFIN relativas às EINF,
verificou-se uma elevada preponderância das acções ofensivas terminadas em
Inferioridade Numérica (IN), 82,9% e 81,3%, respectivamente, seguidas das
SFIN em Igualdade Numérica (IgN) e, finalmente as culminadas em
Superioridade Numérica (SN). Apesar da pequena diferença de critérios na
definição da variável e de não distinguirem a amostra em diferentes níveis de
equipas, os resultados de Costa (2005) e Matos (2006) convergem com estes,
onde as sequências ofensivas culminadas em IN se destacam de forma
marcante como as mais frequentes no jogo, independentemente do resultado
final da sequencia ofensiva observada. 4.1.4.1. Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa e Forma como Termina a Acção Ofensiva
De sobressaltar o facto de que, quando nos centramos nas sequências
ofensivas terminadas em ET, as ESUP apresentam valores percentuais mais
elevados (76,6%) de situações culminadas em IN do que as das EINF (66,7%).
Mas por outro lado, as EINF apresentam uma maior percentagem de
sequências ofensivas terminadas em ET, em situações de IgN (22,2%) e SN
(11,1%) do que as ESUP, (IgN – 14,9% e SN – 8,5%). Ou seja, em ambos os
níveis de equipa verificou-se uma supremacia de SFIN em IN,
independentemente de como termina a sequencia ofensiva (SE, EP ou ET).
No entanto, são as EINF que atenuam essa inferioridade quando nos
restringimos às SFIN com golo, apresentando valores percentuais mais
elevados de SFIN em IgN e SN, conseguindo transitar um maior número
relativo de atacantes em comparação com as ESUP.
66
Quadro 4.14. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e FTAO em dois Níveis
de Equipa.
FTAO Total
Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa Êxito total Êxito parcial Sem êxito Inferioridade numérica N 36 105 184 325 % TRNAD 11,1% 32,3% 56,6% 100,0%
Equipa nível superior
% FTAO 76,6% 79,5% 86,4% 82,9%
Igualdade numérica N 7 20 24 51 % TRNAD 13,7% 39,2% 47,1% 100,0% % FTAO 14,9% 15,2% 11,3% 13,0%
Superioridade numérica N 4 7 5 16 % TRNAD 25,0% 43,8% 31,3% 100,0% % FTAO 8,5% 5,3% 2,3% 4,1%
Total N 47 132 213 392 % TRNAD 12,0% 33,7% 54,3% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Inferioridade numérica N 12 74 145 231 % TRNAD 5,2% 32,0% 62,8% 100,0%
Equipa nível inferior
% FTAO 66,7% 81,3% 82,9% 81,3%
Igualdade numérica N 4 14 26 44 % TRNAD 9,1% 31,8% 59,1% 100,0% % FTAO 22,2% 15,4% 14,9% 15,5%
Superioridade numérica N 2 3 4 9 % TRNAD 22,2% 33,3% 44,4% 100,0% % FTAO 11,1% 3,3% 2,3% 3,2%
Total N 18 91 175 284 % TRNAD 6,3% 32,0% 61,6% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Apesar de tudo, não se identificou qualquer correlação significativa entre as
variáveis TRNAD e FTAO, quer nas 392 acções ofensivas observadas nas
ESUP, quer nas 284 acções ofensivas observadas relativamente às EINF,
sendo os valores do P de .191 e .276, respectivamente.
4.1.5. Número de Variações de Corredor
No âmbito geral, no que respeita ao Número de Variação de Corredor (NVC),
as ESUP apresentaram valores médios superiores em relação às EINF. Nas
392 SFIN observadas nas ESUP, verificou-se um valor médio total de NVC de
1,80, enquanto que nas 284 SFIN observadas nas EINF, apurou-se um valor
total médio de NVC de 1,65. Deste modo, supomos existir uma maior
preocupação de variar o corredor de ataque por parte das ESUP, em relação
às EINF.
67
Relativamente à distribuição do NVC em função ao TJD ou em função ao RP,
tanto nas ESUP como nas EINF, não se identificaram diferenças
estatisticamente significativas (p>.05).
4.1.5.1. Número de Variações de Corredor e Forma como Termina a Acção Ofensiva
Apesar de não identificadas diferenças estatisticamente significativas no NVC e
a FTAO, em ambos os níveis de equipa, relevamos o facto de as médias de
variação de corredor encontradas serem superiores nas sequências ofensivas
culminadas em ET, denotando alguma pertinência da circulação da bola em
largura para a obtenção do golo. São resultados convergentes com os
apurados com Costa (2005), em que na maioria das sequências terminadas em
remate a equipa observada realizou uma (40%), duas (30,7%) e três ou mais
(20,7%) variações de corredor. Por outro lado, as ESUP apresentaram sempre
valores superiores aos das EINF, sublinhando mais uma vez a importância
desta variável.
Quadro 4.15. Anova para comparação entre as variáveis NVC e FTAO nos dois
Níveis de Equipas.
FTAO n Média Desvio Padrão F P
Êxito total 47 2,17 1,59Êxito parcial 132 1,82 1,43
Equipa nível superior
Sem êxito 213 1,70 1,25 Total 392 1,80 1,36
2,3 ,103
Êxito total 18 2,11 1,37Êxito parcial 91 1,63 1,18
Equipa nível inferior
Sem êxito 175 1,62 1,18 Total 284 1,65 1,20
1,4 ,247
De tal modo, e apesar de não se identificarem diferenças estatisticamente
significativas, estes resultados confirmam a referência de Castelo (2003),
quando afirma que os deslocamentos em largura, variações de corredor, criam
um número mais elevado de alternativas de resolução técnico-táctica das
situações momentâneas do jogo, potenciando, no nosso parecer, um maior
número de sequencias culminadas em ET.
68
4.1.5.2. Número de Variações de Corredor e Zona de Finalização
No que respeita à relação entre a o NVC e a ZF, em ambos os níveis de
equipa, não se identificaram diferenças estatisticamente, como é possível
observar no quadro 4.16.
Quadro 4.16. Anova para comparação entre as variáveis NVC e ZF nos dois Níveis de
Equipas.
ZF n Média Desvio Padrão F P
Dentro pequena área 20 2,10 1,334Dentro da grande área 177 1,81 1,312
Equipa nível superior
Fora da grande área 195 1,75 1,411 Total 392 1,80 1,362
,605 ,547
Dentro pequena área 12 1,83 ,835Dentro da grande área 114 1,84 1,224
Equipa nível inferior
Fora da grande área 158 1,51 1,182 Total 284 1,65 1,195
2,788 ,063
Unicamente de realçar os valores médios nas SFIN dentro da pequena área,
em que as ESUP apresentam uma média de NVC relativamente superior em
relação às EINF.
4.1.6. Número de Jogadores
No que respeita ao NJOG participantes nas SFIN observadas, as ESUP
apresentaram um valor total médio 4,60 jogadores, enquanto que nas EINF o
valor total médio obtido foi de 4,32. São valores médios que se enquadram com
os apurados na revisão bibliográfica (Faria, 1998; Rodrigues, 2000; e Costa,
2005).
No que respeita ao NJOG intervenientes na SFIN nos diferentes Quartis do
TJD não se identificaram diferenças estatisticamente significativas (p>.05).
Resultado também observado na relação entre o NJOG e o RP do jogo.
69
4.1.6.1. Número de Jogadores e Forma como Termina a Acção Ofensiva
Quanto ao NJOG participantes nas SFIN observadas, tanto nas 392 SFIN das
ESUP como nas 284 sequências das EINF não se identificou nenhuma
diferença estatisticamente significativa perante a FTAO.
Quadro 4.17. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e FTAO
nos dois Níveis de Equipas.
FTAO n Média Desvio Padrão F P
Êxito total 47 4,83 2,22Êxito parcial 132 4,67 1,93
Equipa nível superior
Sem êxito 213 4,50 1,90 Total 392 4,60 1,95
2,3 ,513
Êxito total 18 5,00 1,50Equipa nível inferior Êxito parcial 91 4,33 1,82
Sem êxito 175 4,25 1,75 Total 284 4,32 1,76
1,4 ,229
4.1.6.2. Número de Jogadores e Zona de Finalização
No que diz respeito à comparação entre o NJOG e a ZF verificou-se em ambos
os níveis não existirem diferenças estatisticamente significativas entre as
mesmas, quer seja nas ESUP ou nas EINF.
Quadro 4.18. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e ZF nos dois Níveis de
Equipas.
ZF n Média Desvio Padrão F P
Dentro pequena área 20 4,75 1,832Dentro da grande área 177 4,78 1,975
Equipa nível superior
Fora da grande área 195 4,42 1,934 Total 392 4,60 1,951
1,688 ,186
Dentro pequena área 12 4,33 1,303Dentro da grande área 114 4,42 1,661
Equipa nível inferior
Fora da grande área 158 4,25 1,861 Total 284 4,32 1,760
,300 ,74
No entanto, realçamos o facto de que as ESUP apresentam sempre médias
relativamente superiores de NVC em relação às EINF, variando em ambos os
casos entre os 4 a 5 valores de média.
70
4.1.7. Relação Numérica Ataque-Defesa
De uma forma geral, analisando os valores totais médios obtidos, quer a partir
das 392 SFIN das ESUP, quer das 284 SFIN das EINF, a variável RNAD,
apresentou valores muito aproximados em todas as suas categorias (ATAC,
DEF e DIF). De realçar também o valores médios totais obtidos nas ESUP, -
1,45, e nas EINF, -1,46, confirmando a desvantagem numérica habitual de
atacantes perante defesas nas fase terminal das sequências ofensivas.
Na análise desta variável com o TJD, identificamos diferenças estatisticamente
significativas (p<.05) no âmbitos das SFIN das ESUP, resultado não observado
no que respeita às SFIN das EINF (p>.05). Desta forma, verificou-se, tanto nas
ESUP como nas EINF, sempre um valor médio negativo na diferença entre
atacantes e defensores, expressando a superioridade do número de
defensores em função do número de atacantes na grande parte das SFIN
observadas. No entanto, no âmbito das ESUP verificou-se um aumento
progressivo desse valor médio, no decorrer do tempo jogado, traduzindo uma
resistência das ESUP em conseguir, ao longo do tempo, colocar um crescente
número de atacantes, em posição de finalizar, em relação ao número de
defensores presentes.
No que respeita ao RP e à sua pertinência no âmbito da RNAD, não se
identificaram diferenças estatisticamente significativas (p>.05) em ambos os
níveis de equipa.
4.1.7.1. Relação Numérica Ataque-Defesa e Forma como Termina a Acção Ofensiva
Perante as 392 SFIN, identificaram-se diferenças estatisticamente significativas
(p<.05) entre todas as categorias da RNAD e a FTAO, o que não se verificou
nas 284 SFIN das EINF.
71
Quadro 4.19. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos dois Níveis de Equipas.
Equipas de Nível Superior Equipas de Nível Inferior
n Média Desvio Padrão F P n Média Desvio
Padrão F P
ATAC Êxito total 47 3,57 1,53 18 3,44 1,62 Êxito parcial 132 3,86 1,62 91 3,95 1,52 Sem êxito 213 4,19 1,51 175 4,11 1,73 Total 392 4,01 1,56
3,9 ,022
284 4,01 1,66
1,4 ,242
DEF Êxito total 47 4,87 2,30 18 4,61 2,59 Êxito parcial 132 5,12 1,93 91 5,55 2,11 Sem êxito 213 5,79 1,82 175 5,53 2,02 Total 392 5,45 1,95
7,4 ,001
284 5,48 2,10
1,7 ,192
DIF Êxito total 47 -1,30 1,30 18 -1,17 1,29 Êxito parcial 132 -1,26 1,10 91 -1,60 1,21 Sem êxito 213 -1,60 1,08 175 -1,42 1,10 Total 392 -1,45 1,12
4,4 ,013
284 -1,46 1,15
1,4 ,250
Analisando o quadro 4.19., identificamos diferenças estatisticamente
significativas no número de atacantes da RNAD (ATAC), entre as sequências
ofensivas terminadas em ET e as terminadas em SE. Por outro lado,
identificamos também diferenças estatisticamente significativas no número de
defensores na RNAD (DEF) entre as sequências terminadas em ET e as
terminadas em SE e entre as terminadas em EP e as terminadas em SE. Por
fim, relativamente à diferença entre o número de atacantes e o número de
defensores (DIF) encontramos diferenças significativas entre as sequências
ofensivas terminadas em EP e as terminadas em SE.
Quadro 4.20. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e
FTAO em ESUP.
Variável Dependente (I) FTAO (J) FTAO Diferença de
Médias (I-J) P
Êxito total Êxito parcial -,29 ,547 Sem êxito -,61(*) ,050
Equipa nível superior
Número de Atacantes
Êxito parcial Êxito total ,29 ,547 Sem êxito -,32 ,169 Sem êxito Êxito total ,61(*) ,050 Êxito parcial ,32 ,169
Êxito total Êxito parcial -,25 ,748 Sem êxito -,92(*) ,013
Número de Defesas
Êxito parcial Êxito total ,25 ,748 Sem êxito -,67(*) ,008 Sem êxito Êxito total ,92(*) ,013 Êxito parcial ,67(*) ,008
72
Quadro 4.20. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em ESUP (continuação). Êxito total Êxito parcial -,04 ,977 Sem êxito ,30 ,240
Diferença entre Atacantes e Defesas Êxito parcial Êxito total ,04 ,977
Sem êxito ,34(*) ,021 Sem êxito Êxito total -,30 ,240 Êxito parcial -,34(*) ,021
4.1.7.2. Relação Numérica Ataque-Defesa e Zona de Finalização
Ao examinarmos as 392 SFIN das ESUP, identificamos diferenças
estatisticamente significativas das categorias ATAC e DEF, da variável RNAD,
com a ZF em que culmina a sequência ofensiva observada.
Ao mesmo tempo, no âmbito das 284 SFIN observadas nas EINF, apuramos
diferenças estatisticamente significativas entre a categoria ATAC e DEF com a
ZF.
Quadro 4.21. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e ZF nos dois Níveis de Equipas.
Equipas de Nível Superior Equipas de Nível Inferior
n Média Desvio Padrão F P n Média Desvio
Padrão F P
ATAC DPA 20 4,10 1,483 12 4,50 1,679 DGA 177 3,55 1,559 114 3,72 1,777 FGA 195 4,41 1,459 158 4,19 1,544 Total 392 4,01 1,559
14,866 ,000
284 4,01 1,660
3,248 ,040
DEF DPA 20 5,60 1,818 12 5,83 2,082 DGA 177 4,89 2,078 114 5,01 2,352 FGA 195 5,95 1,700 158 5,79 1,834 Total 392 5,45 1,952
14,913 ,000
284 5,48 2,096
4,927 ,008
DIF DPA 20 -1,50 1,277 12 -1,33 1,155 DGA 177 -1,33 1,146 114 -1,29 1,135 FGA 195 -1,55 1,075 158 -1,60 1,151 Total 392 -1,45 1,121
1,742 ,176
284 -1,46 1,151
2,541 ,081
Legenda: ESUP – Equipas de Nível Superior; EINF – Equipas de Nível Inferior; ATAC – Nº de Atacantes; DEF –
Nº de Defensores; DIF – Diferença entre ATAC e DEF; DPA – Dentro Pequena Área; DGA – Dentro da Grande
Área; FGA – Fora da Grande Área.
Aprofundando tais informações, foi possível através do teste post hoc de
Scheffé, no que respeita às ESUP, identificar diferenças significativas entre o
número de atacantes em disposição de finalizar, quando esta acção ocorre
DGA e FGA. Por outro lado, verificou-se também relativamente às ESUP,
73
existirem diferenças estatisticamente significativas entre o número defensores
adversários, quando a finalização ocorre dentro e fora da grande área.
No que respeita às EINF identificara-se diferenças significativas entre o número
de defensores, quando esta acção ocorre DGA e FGA
Quadro 4.22. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e
FTAO em ESUP e EINF.
Equipas de nível superior
Equipas de nível inferior
Variável Dependente (I) ZF (J) ZF
Diferença de Médias
(I-J) P Diferença de
Médias (I-J) P
DGA ,55 ,308 ,78 ,297 Dentro pequena área FGA -,31 ,689 ,31 ,821
Número de Atacantes
DPA -,55 ,308 -,78 ,297
Dentro grande área FGA -,85(*) ,000 -,47 ,069
DPA ,31 ,689 -,31 ,821
Fora grande área DGA ,85(*) ,000 ,47 ,069
DGA ,71 ,278 ,82 ,423 Dentro pequena área FGA -,35 ,727 ,04 ,998
Número de Defesas
DPA -,71 ,278 -,82 ,423
Dentro grande área FGA -1,07(*) ,000 -,78(*) ,009
DPA ,35 ,727 -,04 ,998
Fora grande área DGA 1,07(*) ,000 ,78(*) ,009
DGA -,17 ,819 -,04 ,992 Dentro pequena área FGA ,05 ,983 ,27 ,737
DPA ,17 ,819 ,04 ,992
Diferença entre Atacantes e Defesas Dentro grande
área FGA ,22 ,180 ,31 ,087
DPA -,05 ,983 -,27 ,737
Fora grande área DGA -,22 ,180 -,31 ,087
4.1.8. Velocidade de Transmissão da Bola
No que respeita à análise desta variável, em função das 392 SFIN das ESUP e
as 284 SFIN das EINF, é de realçar o facto de que as ESUP apresentaram
valores médios totais de VTB inferiores aos das EINF.
Sendo resultados contraditórios às ideias de Lemoine et al. (2005), que
realçam a eficiência de atacar com um único contacto, são resultados que
convergem com os de Oliveira (1996) e Hughes & Franks (2005) em que as
equipas de nível superior realizaram o maior número de contactos na bola, com
consequente menor VTB, em comparação às equipas de nível inferior.
No entanto, em sintonia com os estudos de Oliveira (1996) e Reis (2004),
verificamos também existir nas ESUP um desvio padrão sempre superior aos
74
das EINF, no respeita ao NC e ao NBR. Neste contexto, os elevados valores
apresentados no desvio padrão, muito próximos dos valores totais médios,
sugerem-nos uma maior alternância dos ritmos de jogo por parte das ESUP, e
consequentemente, valores de transmissões de bola mais rápidas e mais
lentas mediante o contexto da sequência ofensiva em causa, pondo em causa
a comparação de valores médios entre os dois níveis de equipa.
Relativamente ao TJD e a variação da VTB em função do mesmo, não se
identificaram diferenças estatisticamente significativas (p>.05). O mesmo
resultado se verificou na relação entre a VTB e o RP em que não se
identificaram diferenças estatisticamente significativas em ambos os níveis de
equipa.
4.1.8.1. Velocidade de Transmissão da Bola e Forma como Termina a Acção Ofensiva
Assim como Oliveira (1996), que não identificou diferenças significativas entre
dois níveis competitivos diferentes, também nós nos deparamos com o facto de
não se identificarem diferenças significativamente significativas entre as
variáveis NC, NBR, VTB com a FTAO, tanto nas 392 SFIN das ESUP, como
nas 284 SFIN das EINF.
Quadro 4.23. Anova para comparação entre as variáveis VTB e FTAO nos dois Níveis de Equipas.
Equipas de nível superior Equipas de nível inferior
N Média Desvio Padrão F P n Média Desvio
Padrão F P
NC Êxito total 47 15,79 11,82 18 13,78 7,42 Êxito parcial 132 14,53 9,42 91 13,62 9,19 Sem êxito 213 14,25 9,56 175 12,41 7,61 Total 392 14,53 9,80
,5 ,625
284 12,88 8,13
,8 ,460
NBR Êxito total 46 6,50 5,83 18 5,33 3,07 Êxito parcial 128 5,23 3,78 91 4,79 3,71 Sem êxito 208 5,00 3,57 173 4,40 2,91 Total 382 5,26 3,99
2,7 ,070
282 4,59 3,20
1,0 ,386
VTB Êxito total 47 ,39 ,13 18 ,41 ,17 Êxito parcial 132 ,34 ,12 91 ,36 ,13 Sem êxito 213 ,35 ,14 175 ,37 ,15 Total 392 ,36 ,13
2,2 ,112
284 ,37 ,14
1,1 ,344
Os valores médios descritos são semelhantes aos resultados de VTB descritos
na revisão bibliográfica Quarteu (1996), Ribeiro (2003) e Reis (2004). Ainda
75
assim, sobressaímos os valores de VTB das SFIN em ET, que para além de
superiores aos restantes valores das SFIN EP e SE, são relativamente acima
da média dos intervalos apurados na revisão (entre 0.33 e 0.37). Desta forma,
apesar de não se identificarem diferenças estatisticamente significativas,
consideramos a alta VTB como uma variável preponderante da transição
defesa-ataque na obtenção do golo.
4.1.8.2. Velocidade de Transmissão da Bola e Zona de Finalização
No que respeita à comparação entre as variáveis VTB, NC e NBR com a ZF,
identificaram-se diferenças estatisticamente significativas (p<.05) entre a VTB
e ZF, quer nas ESUP, quer nas EINF.
Quadro 4.24. Anova para comparação entre as variáveis VTB e ZF nos dois Níveis de Equipas.
NEO Equipas de Nível Superior Equipas de Nível Inferior
n Média Desvio Padrão F P n Média Desvio
Padrão F P
DPA 20 14,65 11,686 12 10,17 6,221 Número Contactos DGA 177 14,51 9,474 114 13,03 8,145 FGA 195 14,53 9,929 158 12,98 8,254 Total 392 14,53 9,796
,002 ,998
284 12,88 8,131
,697 ,499
DPA 20 5,80 5,317 12 3,92 1,621 DGA 174 5,33 4,018 114 4,82 3,196
Número Bolas Recebidas
FGA 188 5,14 3,815 156 4,47 3,295 Total 382 5,26 3,988
,287 ,750
282 4,59 3,202
,683 ,506
DPA 20 ,42 ,12 12 ,48 ,20 Velocidade Transmissão da Bola DGA 177 ,37 ,13 114 ,39 ,15
FGA 195 ,34 ,13 158 ,34 ,13 Total 392 ,36 ,13
4,353 ,014
284 ,37 ,14�
9,007 ,000
Através do teste post hoc de Scheffé, no que respeita às ESUP, identificaram-
se diferenças estatisticamente significativas da VTB entre as SFIN em zonas
de DPA e FGA.
A mesma análise realizada no âmbito das EINF, demonstrou existirem
diferenças estatisticamente significativas da VTB entre as SFIN culminadas
DPA e as culminadas FGA, bem como, entre SFIN finalizadas DGA e as
finalizadas FGA.
76
Quadro 4.25. Testes post hoc de- Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e ZF em ESUP e EINF.
Equipas de nível superior
Equipas de nível inferior
Variável Dependente (I) ZF (J) ZF
Diferença de Médias
(I-J) P
Diferença de Médias
(I-J) P
Dentro pequena área Dentro da grande área ,14 ,998 -2,86 ,513Número de Contactos Fora da grande área ,12 ,999 -2,81 ,514 Dentro da grande área Dentro pequena área -,14 ,998 2,86 ,513 Fora da grande área -,02 1,000 ,05 ,999 Fora da grande área Dentro pequena área -,12 ,999 2,81 ,514 Dentro da grande área ,02 1,000 -,05 ,999
Dentro pequena área Dentro da grande área ,47 ,882 -,91 ,647 Fora da grande área ,66 ,784 -,55 ,848
Número de Bolas Recebidas
Dentro da grande área Dentro pequena área -,47 ,882 ,91 ,647 Fora da grande área ,18 ,909 ,36 ,666 Fora da grande área Dentro pequena área -,66 ,784 ,55 ,848 Dentro da grande área -,18 ,909 -,36 ,666
Dentro pequena área Dentro da grande área ,05 ,266 ,09 ,097 Fora da grande área ,08(*) ,042 ,15(*) ,003
Velocidade Transmissão Bola
Dentro da grande área Dentro pequena área -,05 ,266 -,09 ,097 Fora da grande área ,03 ,132 ,05(*) ,011 Fora da grande área Dentro pequena área -,08(*) ,042 -,15(*) ,003 Dentro da grande área -,03 ,132 -,05(*) ,011
No que respeita às diferenças identificadas, realçamos o facto de o valor de
VTB ser relativamente mais elevado nas SFIN DPA do que nas SFIN FGA, em
ambos os níveis de equipas (ver quadro 4.25). Demonstrando-se assim um
indicar importante para obter finalizações em zonas mais próximas da baliza.
77
4.2. Relação entre a Transição Defesa-Ataque com a Forma como Termina a Acção Ofensiva e com a Zona de Finalização em diferentes Tipos de Confrontos de Equipa
No confronto entre equipas foram observadas 92 SFIN em jogos entre ESUP
(ns vs. ns), 161 SFIN em jogos entre equipas de diferentes níveis, ESUP com
EINF (ns vs. ni), e 93 SFIN em jogos entre EINF (ni vs. ni).
Como podemos observar no quadro 4.26, nos jogos entre ESUP 8,7% das
SFIN terminaram em ET, 31,5% em EP e 59,8% SE. No que respeita aos
confrontos entre equipas de níveis diferentes, 14,9% das sequências
observadas culminaram em ET, 35,4% em EP e 49,7% em SE. Por fim,
relativamente a confrontos entre EINF verificamos que 8,6% das SFIN
observadas terminaram em ET, 32,3% em EP e 59,1% em SE. De realçar que,
os valores percentuais totais de SFIN em EP e ET referentes a confrontos entre
equipas de diferentes níveis se revelam superiores comparativamente aos
valores obtidos em confrontos entre equipas do mesmo nível, quer sejam de
ESUP como de EINF.
Quanto à ZF em confrontos entre ESUP, das 92 SFIN observadas 4,3%
finalizaram dentro da pequena área, 39,1% dentro da grande área e 56,5% fora
da grande área. Em confrontos entre diferentes níveis de equipas,
relativamente às 161 SFIN, 4,3% das finalizações decorreram dentro da
pequena área, 47,8% dentro da grande área e 47,8% fora da grande área. Por
fim, relativamente às 93 SFIN em confrontos entre EINF, verificou-se que 5,4%
das finalizações ocorreram dentro da pequena área, 38,7% dentro da grande
área e 55,9% fora da grande área. Destes resultados, realçamos o elevado
valor percentual obtido de finalização dentro da grande área e o baixo valor
percentual de finalização fora da grande área nos confrontos entre equipas de
diferente nível, em comparação aos demais tipos de confrontos.
4.2.1. Zona de Recuperação da Posse de Bola
Em confrontos entre equipas do mesmo nível, jogos entre ESUP e jogos entre
EINF, as zonas onde decorreram maiores valores percentuais de recuperações
78
de posse de bola foram as zonas MDE (15,2%) e MDC (12,9%),
respectivamente. Já em confrontos entre equipas de diferente nível as zonas
onde verificamos maiores valores percentuais de recuperações de posse de
bola foram as zonas MDD e MDE com valores equivalentes (14,9%).
Sobressaímos ainda o facto de, numa análise das ZREC por corredores
percebermos que, enquanto nos jogos entre equipas de nível igual os
corredores com valores percentuais totais superiores de recuperação da posse
de bola serem os laterais, já em confrontos entre equipas de nível diferente os
valores percentuais totais superiores de recuperação da posse de bola
apresentam-se no corredor central (quadro 4.27.).
4.2.1.1. Zona de Recuperação da Posse de Bola e Forma como Termina a Acção Ofensiva
Relativamente à relação entre a ZREC e FTAO não se identificaram diferenças
estatisticamente significativas nos diversos tipos de confrontos, visto que, o
valor do P nos jogos entre ESUP foi .482, entre equipas de diferentes níveis de
.661 e entre EINF de .332, sendo sempre superior a .05.
Ao analisarmos a relação da ZREC por Sectores ou Corredores com a FTAO,
também não se identificaram diferenças estatisticamente significativas, sendo
que, os valores de P apurados foram sempre superiores a .05.
Quadro 4.26. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em diferentes tipos
de Confrontos.
FTAO Total Confronto Zona de Recuperação da
Posse de Bola Êxito total Êxito parcial Sem êxito ns vs. ns Ofensivo direito N 1 3 1 5 % ZREC 20,0% 60,0% 20,0% 100,0% % FTAO 12,5% 10,3% 1,8% 5,4%
Ofensivo centro N 0 1 0 1 % ZREC ,0% 100,0% ,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,4% ,0% 1,1%
Ofensivo esquerdo N 1 0 7 8 % ZREC 12,5% ,0% 87,5% 100,0% % FTAO 12,5% ,0% 12,7% 8,7%
Médio ofensivo direito N 1 3 9 13 % ZREC 7,7% 23,1% 69,2% 100,0% % FTAO 12,5% 10,3% 16,4% 14,1%
79
Quadro 4.26. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos (continuação). Médio ofensivo centro N 0 3 4 7 % ZREC ,0% 42,9% 57,1% 100,0% % FTAO ,0% 10,3% 7,3% 7,6%
Médio ofensivo esquerdo N 2 3 4 9 % ZREC 22,2% 33,3% 44,4% 100,0% % FTAO 25,0% 10,3% 7,3% 9,8%
Médio defensivo direito N 0 6 5 11 % ZREC ,0% 54,5% 45,5% 100,0% % FTAO ,0% 20,7% 9,1% 12,0%
Médio defensivo centro N 1 3 7 11 % ZREC 9,1% 27,3% 63,6% 100,0% % FTAO 12,5% 10,3% 12,7% 12,0%
Médio defensivo esquerdo
N 0 4 10 14
% ZREC ,0% 28,6% 71,4% 100,0% % FTAO ,0% 13,8% 18,2% 15,2%
Defensivo direito N 1 0 2 3 % ZREC 33,3% ,0% 66,7% 100,0% % FTAO 12,5% ,0% 3,6% 3,3%
Defensivo centro N 0 3 5 8 % ZREC ,0% 37,5% 62,5% 100,0% % FTAO ,0% 10,3% 9,1% 8,7%
Defensivo esquerdo N 1 0 1 2 % ZREC 50,0% ,0% 50,0% 100,0% % FTAO 12,5% ,0% 1,8% 2,2%
Total N 8 29 55 92 % ZREC 8,7% 31,5% 59,8% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
ns vs. ni Ofensivo direito N 0 1 4 5 % ZREC ,0% 20,0% 80,0% 100,0% % FTAO ,0% 1,8% 5,0% 3,1%
Ofensivo centro N 0 0 1 1 % ZREC ,0% ,0% 100,0% 100,0% % FTAO ,0% ,0% 1,3% ,6%
Ofensivo esquerdo N 0 2 6 8 % ZREC ,0% 25,0% 75,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,5% 7,5% 5,0%
Médio ofensivo direito N 3 5 7 15 % ZREC 20,0% 33,3% 46,7% 100,0% % FTAO 12,5% 8,8% 8,8% 9,3%
Médio ofensivo centro N 2 11 8 21 % ZREC 9,5% 52,4% 38,1% 100,0% % FTAO 8,3% 19,3% 10,0% 13,0%
médio ofensivo esquerdo N 4 6 10 20 % ZREC 20,0% 30,0% 50,0% 100,0% % FTAO 16,7% 10,5% 12,5% 12,4%
Médio defensivo direito N 4 9 11 24 % ZREC 16,7% 37,5% 45,8% 100,0% % FTAO 16,7% 15,8% 13,8% 14,9%
80
Quadro 4.26. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos (continuação). Médio defensivo centro N 3 5 14 22 % ZREC 13,6% 22,7% 63,6% 100,0% % FTAO 12,5% 8,8% 17,5% 13,7%
Médio defensivo esquerdo
N 5 7 12 24
% ZREC 20,8% 29,2% 50,0% 100,0% % FTAO 20,8% 12,3% 15,0% 14,9%
Defensivo direito N 1 1 2 4 % ZREC 25,0% 25,0% 50,0% 100,0% % FTAO 4,2% 1,8% 2,5% 2,5%
Defensivo centro N 2 9 3 14 % ZREC 14,3% 64,3% 21,4% 100,0% % FTAO 8,3% 15,8% 3,8% 8,7%
Defensivo esquerdo N 0 1 2 3 % ZREC ,0% 33,3% 66,7% 100,0% % FTAO ,0% 1,8% 2,5% 1,9%
Total N 24 57 80 161 % ZREC 14,9% 35,4% 49,7% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
ni vs. ni Ofensivo direito N 0 5 4 9 % ZREC ,0% 55,6% 44,4% 100,0% % FTAO ,0% 16,7% 7,3% 9,7%
Ofensivo esquerdo N 0 1 4 5 % ZREC ,0% 20,0% 80,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,3% 7,3% 5,4% Médio ofensivo direito N 0 4 6 10 % ZREC ,0% 40,0% 60,0% 100,0% % FTAO ,0% 13,3% 10,9% 10,8%
Médio ofensivo centro N 1 3 7 11 % ZREC 9,1% 27,3% 63,6% 100,0% % FTAO 12,5% 10,0% 12,7% 11,8%
Médio ofensivo esquerdo N 0 3 7 10 % ZREC ,0% 30,0% 70,0% 100,0% % FTAO ,0% 10,0% 12,7% 10,8%
Médio defensivo direito N 1 4 4 9 % ZREC 11,1% 44,4% 44,4% 100,0% % FTAO 12,5% 13,3% 7,3% 9,7%
Médio defensivo centro N 1 2 9 12 % ZREC 8,3% 16,7% 75,0% 100,0% % FTAO 12,5% 6,7% 16,4% 12,9%
Médio defensivo esquerdo
N 2 2 7 11
% ZREC 18,2% 18,2% 63,6% 100,0% % FTAO 25,0% 6,7% 12,7% 11,8%
Defensivo direito N 0 0 3 3 % ZREC ,0% ,0% 100,0% 100,0% % FTAO ,0% ,0% 5,5% 3,2%
Defensivo centro N 2 5 0 7 % ZREC 28,6% 71,4% ,0% 100,0% % FTAO 25,0% 16,7% ,0% 7,5%
81
Quadro 4.26. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos (continuação). Defensivo esquerdo N 1 1 4 6 % ZREC 16,7% 16,7% 66,7% 100,0% % FTAO 12,5% 3,3% 7,3% 6,5%
Total N 8 30 55 93 % ZREC 8,6% 32,3% 59,1% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
De realçar que segundo o quadro 4.27, das 93 SFIN terminadas em ET em
confrontos entre ESUP 50% das mesmas tiveram como C de recuperação da
posse de bola o corredor esquerdo, enquanto que analisando as 93 SFIN em
confrontos entre EINF 50% das sequências iniciaram-se com uma recuperação
da posse de bola no corredor central.
Quadro 4.27. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e
FTAO em diferentes tipos de Confrontos.
Confronto FTAO Total
Corredor
Êxito total Êxito parcial Sem êxito
ns vs. ns. Direito n 3 12 17 32 % C 9,4% 37,5% 53,1% 100,0% % FTAO 37,5% 41,4% 30,9% 34,8%
Central n 1 10 16 27 % C 3,7% 37,0% 59,3% 100,0% % FTAO 12,5% 34,5% 29,1% 29,3%
Esquerdo n 4 7 22 33 % C 12,1% 21,2% 66,7% 100,0% % FTAO 50,0% 24,1% 40,0% 35,9%
Total n 8 29 55 92 % C 8,7% 31,5% 59,8% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
ns vs. ni Direito n 8 17 25 50 % C 16,0% 34,0% 50,0% 100,0% % FTAO 33,3% 29,8% 31,3% 31,1%
Central n 7 24 25 56 % C 12,5% 42,9% 44,6% 100,0% % FTAO 29,2% 42,1% 31,3% 34,8%
Esquerdo n 9 16 30 55 % C 16,4% 29,1% 54,5% 100,0% % FTAO 37,5% 28,1% 37,5% 34,2%
Total n 24 57 80 161 % C 14,9% 35,4% 49,7% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
82
Quadro 4.27. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis ZREC e FTAO em diferentes tipos de Confrontos (continuação). ni vs. ni Direito N 1 13 17 31 % C 3,2% 41,9% 54,8% 100,0% % FTAO 12,5% 43,3% 30,9% 33,3%
Central N 4 10 16 30 % C 13,3% 33,3% 53,3% 100,0% % FTAO 50,0% 33,3% 29,1% 32,3%
Esquerdo N 3 7 22 32 % C 9,4% 21,9% 68,8% 100,0% % FTAO 37,5% 23,3% 40,0% 34,4%
Total N 8 30 55 93 % C 8,6% 32,3% 59,1% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
4.2.1.2. Zona de Recuperação da Posse de Bola e Zona de Finalização
Da relação entre a ZREC e a ZF, não se identificaram diferenças
estatisticamente significativas sendo o valor de P em confrontos entre ESUP de
.066, em confrontos entre equipas de diferente nível .053 e em confrontos entre
EINF.869.
4.2.2. Tipo de Recuperação da Posse de Bola
Na análise estatística descritiva do TREC em diferentes tipos de confrontos,
verificamos que tanto em confrontos entre ESUP como em confrontos entre
equipas de diferente nível, o TREC com maiores valores totais percentuais são
destacadamente os da categoria Intercepção (41,3% e 42,9%,
respectivamente). Por outro lado, em confrontos entre EINF, o TREC que
apresenta valores superiores no início das sequências ofensivas observadas
são as da categoria Bola Parada (44,1%)
4.2.2.1. Tipo de Recuperação da Posse de Bola e Forma como Termina a Acção Ofensiva
No que respeita ao TREC e à sua relação com a FTAO, não se identificaram
diferenças estaticamente significativas sendo o valor do P de .084 para jogos
entre ESUP, .415 para jogos entre diferentes níveis de equipa e .477 para
jogos entre EINF.
83
Quadro 4.28. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e FTAO em
diferentes tipos de Confrontos.
FTAO Total Confronto Tipo de Recuperação
da Posse de Bola Êxito total Êxito parcial Sem êxito ns vs. ns Bola parada N 5 7 21 33 % TREC 15,2% 21,2% 63,6% 100,0% % FTAO 62,5% 24,1% 38,2% 35,9% Erro adversário N 0 11 10 21 % TREC ,0% 52,4% 47,6% 100,0% % FTAO ,0% 37,9% 18,2% 22,8%
Intercepção N 3 11 24 38 % TREC 7,9% 28,9% 63,2% 100,0% % FTAO 37,5% 37,9% 43,6% 41,3%
Total N 8 29 55 92 % TREC 8,7% 31,5% 59,8% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
ns vs. ni Outro N 1 0 0 1 % TREC 100,0% ,0% ,0% 100,0% % FTAO 4,2% ,0% ,0% ,6%
Bola parada N 7 19 28 54 % TREC 13,0% 35,2% 51,9% 100,0% % FTAO 29,2% 33,3% 35,0% 33,5%
Erro adversário N 5 13 19 37 % TREC 13,5% 35,1% 51,4% 100,0% % FTAO 20,8% 22,8% 23,8% 23,0%
Intercepção N 11 25 33 69 % TREC 15,9% 36,2% 47,8% 100,0% % FTAO 45,8% 43,9% 41,3% 42,9%
Total N 24 57 80 161 % TREC 14,9% 35,4% 49,7% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
ni vs. ni Bola parada N 2 16 23 41 % TREC 4,9% 39,0% 56,1% 100,0% % FTAO 25,0% 53,3% 41,8% 44,1%
Erro adversário N 2 6 17 25 % TREC 8,0% 24,0% 68,0% 100,0% % FTAO 25,0% 20,0% 30,9% 26,9% Intercepção N 4 8 15 27 % TREC 14,8% 29,6% 55,6% 100,0% % FTAO 50,0% 26,7% 27,3% 29,0%
Total N 8 30 55 93 % TREC 8,6% 32,3% 59,1% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
4.2.2.2. Tipo de Recuperação da Posse de Bola e Zona de Finalização
No confronto entre equipas do mesmo nível, quer seja entre ESUP ou entre
EINF, não se identificaram diferenças estatisticamente significativas entre o
84
TREC e a ZF, sendo que o valo P foi sempre superior a .05. Por outro lado, no
que respeita aos confrontos entre equipas de diferente nível, identificaram-se
diferenças estatisticamente significativas na relação entre estas duas variáveis.
Quadro 4.29. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TREC e ZF em diferentes tipos de Confrontos.
Confronto ZF Total
Tipo de Recuperação da Posse de Bola
Dentro da
pequena área Dentro da
grande área Fora da
grande área ns vs. ns Bola parada n 3 9 21 33 TREC 9,1% 27,3% 63,6% 100,0% ZF 75,0% 25,0% 40,4% 35,9% Erro adversário n 0 9 12 21 TREC ,0% 42,9% 57,1% 100,0% ZF ,0% 25,0% 23,1% 22,8% Intercepção n 1 18 19 38 TREC 2,6% 47,4% 50,0% 100,0% ZF 25,0% 50,0% 36,5% 41,3% Total n 4 36 52 92 TREC 4,3% 39,1% 56,5% 100,0% ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% ns vs. ni Outro N 1 0 0 1 TREC 100,0% ,0% ,0% 100,0% ZF 14,3% ,0% ,0% ,6% Bola parada N 2 25 27 54 TREC 3,7% 46,3% 50,0% 100,0% ZF 28,6% 32,5% 35,1% 33,5% Erro adversário N 3 18 16 37 TREC 8,1% 48,6% 43,2% 100,0% ZF 42,9% 23,4% 20,8% 23,0% Intercepção N 1 34 34 69 TREC 1,4% 49,3% 49,3% 100,0% ZF 14,3% 44,2% 44,2% 42,9% Total N 7 77 77 161 TREC 4,3% 47,8% 47,8% 100,0% ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% ni vs. ni Bola parada N 4 11 26 41 TREC 9,8% 26,8% 63,4% 100,0% ZF 80,0% 30,6% 50,0% 44,1% Erro adversário N 1 14 10 25 TREC 4,0% 56,0% 40,0% 100,0% ZF 20,0% 38,9% 19,2% 26,9% Intercepção N 0 11 16 27 TREC ,0% 40,7% 59,3% 100,0% ZF ,0% 30,6% 30,8% 29,0% Total N 5 36 52 93 TREC 5,4% 38,7% 55,9% 100,0% ZF 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
85
Comparando as variáveis ZREC e ZF no confronto entre equipas de diferente
nível, observamos uma predominância das recuperações efectuadas por erro
adversário nas SFIN na zona DPA, sendo que, as recuperações por
intercepção denotam-se a forma mais frequente de recuperar a posse de bola
nas restantes SFIN. Realça-se também a pertinência das recuperações por BP,
nos confrontos entre equipas do mesmo nível, nas SFIN na zona DPA.
4.2.3. Primeiro Passe
Assim como se verificou na análise por níveis de equipas, na análise por
diferentes tipos de confrontos, os passes curtos/médios são claramente os
mais utilizados no início das SFIN observadas. Verificamos que, em confrontos
entre equipas do mesmo nível, seja em jogos entre ESUP ou entre EINF, o PP
mais frequente foi o CML (35,9% e 37,6%, respectivamente). Por outro lado,
nos confrontos entre equipas de níveis diferentes, o PP com percentagens
totais superiores foram o CML e o CMF com valores equivalentes (37,3%).
Ainda de realçar que, para além da baixa presença de PP denominados
Longos, em confrontos entre ESUP verificaram-se primeiros passes Longos
para a frente e para o lado, enquanto que, em confrontos entre equipas de
diferente nível apenas se verificaram PP Longos para o lado e em confrontos
entre EINF, apenas se verificaram PP Longo para a frente.
4.2.3.1. Primeiro Passe e Forma como Termina a Acção Ofensiva
Relativamente ao PP utilizado, não se identificaram diferenças estatisticamente
significativas em relação à FTAO nos diferentes tipos de confrontos, sendo
que, o valor do P foi de .745 em confrontos entre ESUP, .898 entre equipas de
diferentes níveis e .764 entre EINF.
86
Quadro 4.30. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e FTAO em diferentes
tipos de Confrontos.
FTAO Total Confronto Primeiro Passe
Êxito total Êxito parcial Sem êxito ns vs. ns Sem primeiro passe N 0 2 1 3 % PP ,0% 66,7% 33,3% 100,0% % FTAO ,0% 6,9% 1,8% 3,3%
Longo lado N 0 1 1 2 % PP ,0% 50,0% 50,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,4% 1,8% 2,2%
Longo frente N 0 1 3 4 % PP ,0% 25,0% 75,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,4% 5,5% 4,3%
Curto médio oblíquo N 0 1 4 5 % PP ,0% 20,0% 80,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,4% 7,3% 5,4%
Curto médio lado N 3 9 21 33 % PP 9,1% 27,3% 63,6% 100,0% % FTAO 37,5% 31,0% 38,2% 35,9%
Curto médio trás N 3 7 6 16 % PP 18,8% 43,8% 37,5% 100,0% % FTAO 37,5% 24,1% 10,9% 17,4%
Curto médio frente N 2 8 19 29 % PP 6,9% 27,6% 65,5% 100,0% % FTAO 25,0% 27,6% 34,5% 31,5%
Total N 8 29 55 92 % PP 8,7% 31,5% 59,8% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
ns vs. ni Sem primeiro passe N 0 1 2 3 % PP ,0% 33,3% 66,7% 100,0% % FTAO ,0% 1,8% 2,5% 1,9%
Longo lado N 0 2 1 3 % PP ,0% 66,7% 33,3% 100,0% % FTAO ,0% 3,5% 1,3% 1,9%
Curto médio oblíquo N 0 4 4 8 % PP ,0% 50,0% 50,0% 100,0% % FTAO ,0% 7,0% 5,0% 5,0% Curto médio lado N 10 21 29 60 % PP 16,7% 35,0% 48,3% 100,0% % FTAO 41,7% 36,8% 36,3% 37,3%
Curto médio trás N 3 10 14 27 % PP 11,1% 37,0% 51,9% 100,0% % FTAO 12,5% 17,5% 17,5% 16,8%
Curto médio frente N 11 19 30 60 % PP 18,3% 31,7% 50,0% 100,0% % FTAO 45,8% 33,3% 37,5% 37,3%
Total N 24 57 80 161 % PP 14,9% 35,4% 49,7% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
87
Quadro 4.30. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis PP e FTAO em diferentes tipos de Confrontos (continuação). ni vs. ni Sem primeiro passe N 0 0 1 1 % PP ,0% ,0% 100,0% 100,0% % FTAO ,0% ,0% 1,8% 1,1%
Longo frente N 0 2 1 3 % PP ,0% 66,7% 33,3% 100,0% % FTAO ,0% 6,7% 1,8% 3,2%
Curto médio oblíquo N 1 3 6 10 % PP 10,0% 30,0% 60,0% 100,0% % FTAO 12,5% 10,0% 10,9% 10,8% Curto médio lado N 1 12 22 35 % PP 2,9% 34,3% 62,9% 100,0% % FTAO 12,5% 40,0% 40,0% 37,6%
Curto médio trás N 1 5 8 14 % PP 7,1% 35,7% 57,1% 100,0% % FTAO 12,5% 16,7% 14,5% 15,1%
Curto médio frente N 5 8 17 30 % PP 16,7% 26,7% 56,7% 100,0% % FTAO 62,5% 26,7% 30,9% 32,3%
Total N 8 30 55 93 % PP 8,6% 32,3% 59,1% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
4.2.3.2. Primeiro Passe e Zona de Finalização
Relativamente à comparação entre o PP e a ZF, não identificamos diferenças
estatisticamente significativas entre o primeiro passe realizado e a zona onde
decorre a finalização nos diversos tipos de confrontos analisados, sendo o
valor de P de .798 em confrontos entre ESUP, .749 entre equipas de diferente
nível e .749 entre EINF.
4.2.4. Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa Na análise ao TRNAD em função de diferentes tipos de confrontos (quadro
4.31) verificamos que as SFIN em IN são as que apresentam valores
percentuais mais elevados, todos superiores a 80%, seguidas das culminadas
em IgN e por fim em SN. Assim se verifica a maior ocorrência de SFIN com
inferioridade do número de atacantes em relação ao número de defesas,
independentemente do tipo de confronto. Sendo o valor de SFIN em SN
bastante reduzido, realçamos o facto de se verificar o valor mais alto (5,6%) em
confrontos entre equipas de diferentes níveis.
88
4.2.4.1. Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa e Forma como Termina a Acção Ofensiva
Não identificamos diferenças estatisticamente significativas relativamente ao
TRNAD e a FTAO em confrontos entre ESUP e entre equipas de diferentes
níveis, sendo o valor de P sempre superior a .05. No entanto, no que respeita
ao confronto entre EINF, identificaram-se diferenças estatisticamente
significativas entre o TRNAD e a FTAO sendo o valor do P de .005.
Quadro 4.31. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TRNAD e FTAO em diferentes
tipos de Confrontos.
FTAO Total Confronto Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa Êxito total Êxito parcial Sem êxito
ns vs. ns n 7 22 48 77
Inferioridade numérica
% TRNAD 9,1% 28,6% 62,3% 100,0% % FTAO 87,5% 75,9% 87,3% 83,7%
n 1 6 7 14
Igualdade numérica
% TRNAD 7,1% 42,9% 50,0% 100,0% % FTAO 12,5% 20,7% 12,7% 15,2%
n 0 1 0 1
Superioridade numérica
% TRNAD ,0% 100,0% ,0% 100,0% % FTAO ,0% 3,4% ,0% 1,1%
Total n 8 29 55 92 % TRNAD 8,7% 31,5% 59,8% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
ns vs. ni n 19 46 69 134
Inferioridade numérica
% TRNAD 14,2% 34,3% 51,5% 100,0% % FTAO 79,2% 80,7% 86,3% 83,2%
n 3 7 8 18
Igualdade numérica
% TRNAD 16,7% 38,9% 44,4% 100,0% % FTAO 12,5% 12,3% 10,0% 11,2%
n 2 4 3 9
Superioridade numérica
% TRNAD 22,2% 44,4% 33,3% 100,0% % FTAO 8,3% 7,0% 3,8% 5,6%
Total n 24 57 80 161 % TRNAD 14,9% 35,4% 49,7% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
89
Quadro 4.31. Análise estatística descritiva – Tabela cruzada entre as variáveis TRNAD e FTAO em diferentes tipos de Confrontos (continuação). ni vs. ni n 5 26 45 76
Inferioridade numérica
% TRNAD 6,6% 34,2% 59,2% 100,0% % FTAO 62,5% 86,7% 81,8% 81,7%
N 1 3 10 14
Igualdade numérica
% TRNAD 7,1% 21,4% 71,4% 100,0% % FTAO 12,5% 10,0% 18,2% 15,1%
N 2 1 0 3
Superioridade numérica
% TRNAD 66,7% 33,3% ,0% 100,0% % FTAO 25,0% 3,3% ,0% 3,2%
Total n 8 30 55 93 % TRNAD 8,6% 32,3% 59,1% 100,0% % FTAO 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Analisando o quadro 4.31. verificamos que, para além de uma supremacia das
SFIN em IN já evidente em resultados anteriores, é nos confrontos entre
equipas de diferente nível em que se apresentam um maior número de casos
de SFIN em SN. Ao mesmo tempo é nos confrontos entre ESUP que o número
de SFIN em SN é inferior. Possivelmente resultado de uma organização
defensiva de qualidade superior que dificulta o aparecimento deste tipo de
situações em jogo.
Ainda analisando o mesmo quadro e tendo em conta as diferenças
significativas encontradas entre o TRNAD e a FTAO nos confrontos entre EINF,
realçamos o facto de ser neste tipo de confrontos que as SFIN em SN
apresentam maior eficácia (66,7%-ET; 33,3%-EP; e 0%-SE). Apesar de ser um
número escasso de casos observados, parece possível afirmar que as EINF
apresentam uma maior eficácia deste tipo de situações.
4.2.4.2. Tipo de Relação Numérica Ataque-Defesa e Zona de Finalização
Na relação entre o TRNAD e a ZF não identificamos diferenças
estatisticamente significativas (p>.05) nos diversos tipos de confrontos
analisados.
90
4.2.5. Número de Variações de Corredor
Na análise do NVC, pelos diferentes tipos de confrontos, verificamos que o
valor médio total de NVC mais alto resultou dos confrontos entre equipas de
diferente nível (1,99), enquanto que o valor mais baixo se apresenta nos
confrontos entre ESUP (1,48).
4.2.5.1. Número de Variações de Corredor e Forma como Termina a Acção Ofensiva
Apesar de não identificarmos diferenças estatisticamente significativas entre o
NVC e a FTAO, em todos os tipos de confrontos (p>.05), analisando o quadro
4.32., verificamos que em confrontos entre equipas de nível diferente e em
confrontos entre EINF os valores médios totais de NVC mais altos são os das
SFIN em ET, posteriormente em EP e por fim em SE. No entanto, segundo o
mesmo quadro, nos confrontos entre ESUP observa-se uma tendência inversa
dos resultados, sendo as SFIN culminadas em ET as que apresentam menor
valor médio de NVC.
Quadro 4.32. Anova para comparação entre as variáveis NVC e FTAO nos
diferentes Tipos de Confrontos.
Confronto FTAO n Média Desvio Padrão F P
ns vs. ns Êxito total 8 1,25 ,463 Êxito parcial 29 1,31 1,039 Sem êxito 55 1,60 1,285 Total 92 1,48 1,162
,754 ,473
ns vs. ni Êxito total 24 2,46 1,693 Êxito parcial 57 2,07 1,450 Sem êxito 80 1,79 1,122 Total 161 1,99 1,351
2,487 ,086
ni vs. ni Êxito total 8 1,88 1,246 Êxito parcial 30 1,50 1,042 Sem êxito 55 1,55 ,959 Total 93 1,56 1,005
,447 ,641
91
4.2.5.2. Número de Variações de Corredor e Zona de Finalização
No que respeita ao NVC e à ZF onde culmina a SFIN observada, não se
identificaram diferenças estatisticamente significativas nos diversos tipos de
confrontos analisados (p>.05).
Quadro 4.33. Anova para comparação entre as variáveis NVC e ZF nos diferentes Tipos de
Confrontos.
Confronto ZF n Média Desvio Padrão F P
ns vs. ns Dentro pequena área 4 1,25 ,500 Dentro da grande área 36 1,42 1,052 Fora da grande área 52 1,54 1,275 Total 92 1,48 1,162
,194 ,824
ns vs. ni Dentro pequena área 7 2,14 1,069 Dentro da grande área 77 2,00 1,357 Fora da grande área 77 1,96 1,381 Total 161 1,99 1,351
,064 ,938
ni vs. ni Dentro pequena área 5 1,80 ,837 Dentro da grande área 36 1,47 ,878 Fora da grande área 52 1,60 1,107 Total 93 1,56 1,005
,309 ,735
4.2.6. Número de Jogadores
Relativamente ao NJOG a participar na SFIN, verificamos o valor médio total
mais alto nos confrontos entre equipas de diferente nível (4,90) e o valor médio
total mais baixo em confrontos entre ESUP (4,21).
4.2.6.1. Número de Jogadores e Forma como Termina a Acção Ofensiva
Na análise comparativa entre as variáveis NJOG e FTAO em diferentes tipos
de confrontos, não se identificaram diferenças estatisticamente significativas
(p<.05) entre as mesmas, sendo, no entanto, pertinente de realçar que nos
confrontos entre ESUP os valores médios totais de NJOG a participar nas SFIN
observadas aumentam na ordem ET (3,75), EP (4,14) e SE (4,31), verificando-
se uma tendência inversa nos outros dois tipos de confrontos, onde o maior
número médio de jogadores a participar nas SFIN observadas se verificou nas
sequências culminadas em ET.
92
Quadro 4.34. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e FTAO nos
diferentes Tipos de Confrontos.
Confronto FTAO n Média Desvio Padrão F P
ns vs. ns Êxito total 8 3,75 ,886 Êxito parcial 29 4,14 1,407 Sem êxito 55 4,31 2,026 Total 92 4,21 1,770
,375 ,688
ns vs. ni Êxito total 24 5,21 2,000 Êxito parcial 57 4,98 1,959 Sem êxito 80 4,75 1,913 Total 161 4,90 1,937
,592 ,554
ni vs. ni Êxito total 8 5,13 1,356 Êxito parcial 30 4,40 1,773 Sem êxito 55 4,00 1,528 Total 93 4,23 1,616
1,992 ,142
4.2.6.2. Número de Jogadores e Zona de Finalização
Segundo o quadro 4.35., não se identificaram diferenças estatisticamente
significativas (p>.05) entre o NJOG e a ZF nos diferentes tipos de confrontos.
Quadro 4.35. Anova para comparação entre as variáveis NJOG e ZF nos diferentes Tipos de
Confrontos.
Confronto ZF n Média Desvio Padrão F P
ns vs. ns Dentro pequena área 4 3,50 ,577 Dentro da grande área 36 4,22 1,775 Fora da grande área 52 4,25 1,835 Total 92 4,21 1,770
,331 ,719
ns vs. ni Dentro pequena área 7 5,00 1,528 Dentro da grande área 77 5,21 1,887 Fora da grande área 77 4,58 1,989 Total 161 4,90 1,937
2,029 ,135
ni vs. ni Dentro pequena área 5 4,40 1,673 Dentro da grande área 36 4,36 1,397 Fora da grande área 52 4,12 1,767 Total 93 4,23 1,616
,272 ,762
93
4.2.7. Relação Numérica Ataque-Defesa
Na análise da categoria DIF da RNAD, sendo o valor médio total negativo,
verificamos que nos diferentes tipos de confrontos as SFIN culminam
normalmente em superioridade do número de defesas sobre o número de
atacantes (quadro 4.36.).
4.2.7.1. Relação Numérica Ataque-Defesa e Forma como Termina a Acção Ofensiva
Segundo a análise comparativa entre as variáveis RNAD e FTAO, não
identificamos diferenças estatisticamente significativas nos diversos tipos de
confrontos, exceptuando na relação encontrada entre a categoria DEF e a
FTAO dos confrontos entre EINF (quadro 4.36.).
Quadro 4.36. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos diferentes
Tipos de Confrontos.
Confronto ZF n Média Desvio Padrão F P
Ns vs. ns ATAC Êxito total 8 4,13 1,126 Êxito parcial 29 3,83 1,853 Sem êxito 55 4,16 1,596 Total 92 4,05 1,640
,401 ,671
DEF Êxito total 8 5,88 1,808 Êxito parcial 29 5,00 2,087 Sem êxito 55 5,67 1,886 Total 92 5,48 1,953
1,317 ,273
DIF Êxito total 8 -1,75 1,165 Êxito parcial 29 -1,17 ,966 Sem êxito 55 -1,51 ,979 Total 92 -1,42 ,997
1,571 ,214
Ns vs. ni ATAC Êxito total 24 3,58 1,640 Êxito parcial 57 3,68 1,537 Sem êxito 80 4,08 1,533 Total 161 3,86 1,555
1,518 ,222
DEF Êxito total 24 4,83 2,353 Êxito parcial 57 5,04 1,945 Sem êxito 80 5,71 1,857 Total 161 5,34 1,991
2,914 ,057
DIF Êxito total 24 -1,25 1,260 Êxito parcial 57 -1,35 1,261 Sem êxito 80 -1,64 1,070 Total 161 -1,48 1,173
1,538 ,218
94
Quadro 4.36. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos diferentes Tipos de Confrontos (continuação). ni vs. ni ATAC Êxito total 8 2,88 1,458 Êxito parcial 30 4,27 1,337 Sem êxito 55 4,27 1,683 Total 93 4,15 1,594
2,918 ,059
DEF Êxito total 8 3,63 2,446 Êxito parcial 30 5,80 1,690 Sem êxito 55 5,76 2,054 Total 93 5,59 2,050
4,323 ,016
DIF Êxito total 8 -,75 1,282 Êxito parcial 30 -1,53 1,074 Sem êxito 55 -1,49 1,086 Total 93 -1,44 1,108
1,744 ,181
Desta forma, analisando o quadro 4.37., identificamos diferenças
estatisticamente significativas nos confrontos entre EINF, relativamente ao
número de defesas (DEF) das SFIN terminadas em ET e EP e entre as SFIN
em ET e SE.
Quadro 4.37. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e
FTAO em diferentes Tipos de Confrontos.
Confronto Variável Dependente (I) FTAO (J) FTAO
Diferença de Médias
(I-J) P
ns vs. Ns ATAC Êxito total Êxito parcial ,30 ,903 Sem êxito -,04 ,998 Êxito parcial Êxito total -,30 ,903 Sem êxito -,34 ,676 Sem êxito Êxito total ,04 ,998 Êxito parcial ,34 ,676
DEF Êxito total Êxito parcial ,88 ,533 Sem êxito ,20 ,963 Êxito parcial Êxito total -,88 ,533 Sem êxito -,67 ,326 Sem êxito Êxito total -,20 ,963 Êxito parcial ,67 ,326
DIF Êxito total Êxito parcial -,58 ,349 Sem êxito -,24 ,814 Êxito parcial Êxito total ,58 ,349 Sem êxito ,34 ,339 Sem êxito Êxito total ,24 ,814 Êxito parcial -,34 ,339
95
4.2.7.2. Relação Numérica Ataque-Defesa e Zona de Finalização
No que respeita à comparação entre as categorias da RNAD e a ZF,
unicamente identificamos diferenças significativas nas categorias ATAC e DEF
com a ZF nos confrontos entre ESUP e entre equipas de diferente nível
(p<.05).
Quadro 4.37. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em diferentes Tipos de Confrontos (continuação). ns vs. Ni ATAC Êxito total Êxito parcial -,10 ,965 Sem êxito -,49 ,397 Êxito parcial Êxito total ,10 ,965 Sem êxito -,39 ,350 Sem êxito Êxito total ,49 ,397 Êxito parcial ,39 ,350
DEF Êxito total Êxito parcial -,20 ,915 Sem êxito -,88 ,162 Êxito parcial Êxito total ,20 ,915 Sem êxito -,68 ,142 Sem êxito Êxito total ,88 ,162 Êxito parcial ,68 ,142
DIF Êxito total Êxito parcial ,10 ,939 Sem êxito ,39 ,365 Êxito parcial Êxito total -,10 ,939 Sem êxito ,29 ,370 Sem êxito Êxito total -,39 ,365 Êxito parcial -,29 ,370 ni vs. Ni ATAC Êxito total Êxito parcial -1,39 ,087 Sem êxito -1,40 ,066 Êxito parcial Êxito total 1,39 ,087 Sem êxito -,01 1,000 Sem êxito Êxito total 1,40 ,066 Êxito parcial ,01 1,000
DEF Êxito total Êxito parcial -2,17(*) ,026 Sem êxito -2,14(*) ,020 Êxito parcial Êxito total 2,17(*) ,026 Sem êxito ,04 ,997 Sem êxito Êxito total 2,14(*) ,020 Êxito parcial -,04 ,997
DIF Êxito total Êxito parcial ,78 ,207 Sem êxito ,74 ,210 Êxito parcial Êxito total -,78 ,207 Sem êxito -,04 ,986 Sem êxito Êxito total -,74 ,210 Êxito parcial ,04 ,986
96
Quadro 4.38. Anova para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO nos diferentes Tipos de
Confrontos.
Confronto ZF n Média Desvio Padrão F P
ns vs. Ns ATAC Dentro pequena área 4 5,00 2,449 Dentro da grande área 36 3,42 1,461 Fora da grande área 52 4,42 1,576 Total 92 4,05 1,640
5,128 ,008
DEF Dentro pequena área 4 6,25 2,062 Dentro da grande área 36 4,67 2,014 Fora da grande área 52 5,98 1,732 Total 92 5,48 1,953
5,672 ,005
DIF Dentro pequena área 4 -1,25 ,957 Dentro da grande área 36 -1,25 1,156 Fora da grande área 52 -1,56 ,873 Total 92 -1,42 ,997
1,078 ,345
ns vs. Ni ATAC Dentro pequena área 7 4,43 1,272 Dentro da grande área 77 3,44 1,626 Fora da grande área 77 4,23 1,404 Total 161 3,86 1,555
5,807 ,004
DEF Dentro pequena área 7 6,14 1,952 Dentro da grande área 77 4,73 2,017 Fora da grande área 77 5,88 1,799 Total 161 5,34 1,991
7,671 ,001
DIF Dentro pequena área 7 -1,71 1,113 Dentro da grande área 77 -1,29 1,134 Fora da grande área 77 -1,65 1,201 Total 161 -1,48 1,173
2,023 ,136
ni vs. Ni ATAC Dentro pequena área 5 4,60 2,074 Dentro da grande área 36 3,81 1,849 Fora da grande área 52 4,35 1,327 Total 93 4,15 1,594
1,447 ,241
DEF Dentro pequena área 5 6,00 1,871 Dentro da grande área 36 5,17 2,420 Fora da grande área 52 5,85 1,753 Total 93 5,59 2,050
1,282 ,283
DIF Dentro pequena área 5 -1,40 ,548 Dentro da grande área 36 -1,36 1,150 Fora da grande área 52 -1,50 1,129 Total 93 -1,44 1,108
,168 ,846
Desta forma, segundo o quadro 4.39., relativamente aos confrontos entre
ESUP, identificamos diferenças estatisticamente significativas, entre o número
de ATAC nas SFIN terminadas dentro da grande área e fora da grande área. A
mesma distinção se identificou relativamente ao número de DEF neste tipo de
confrontos. Ao mesmo tempo, percebemos que relativamente aos confrontos
entre equipas de diferente nível, se identificaram diferenças estatisticamente
97
significativas no número de ATAC e DEF das SFIN culminadas dentro da
grande área e fora da grande área. Resultado que única e curiosamente não se
apurou nos confrontos entre EINF.
Quadro 4.39. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO em
diferentes Tipos de Confrontos.
Confronto Variável Dependente (I) ZF (J) ZF
Diferença de Médias
(I-J) P
ns vs. ns ATAC Dentro pequena área Dentro da grande área 1,58 ,166 Fora da grande área ,58 ,779 Dentro da grande área Dentro pequena área -1,58 ,166 Fora da grande área -1,01(*) ,015 Fora da grande área Dentro pequena área -,58 ,779 Dentro da grande área 1,01(*) ,015
DEF Dentro pequena área Dentro da grande área 1,58 ,276 Fora da grande área ,27 ,962 Dentro da grande área Dentro pequena área -1,58 ,276 Fora da grande área -1,31(*) ,007 Fora da grande área Dentro pequena área -,27 ,962 Dentro da grande área 1,31(*) ,007
DIF Dentro pequena área Dentro da grande área ,00 1,000 Fora da grande área ,31 ,838 Dentro da grande área Dentro pequena área ,00 1,000 Fora da grande área ,31 ,367 Fora da grande área Dentro pequena área -,31 ,838 Dentro da grande área -,31 ,367 ns vs. ni ATAC Dentro pequena área Dentro da grande área ,99 ,257 Fora da grande área ,19 ,948 Dentro da grande área Dentro pequena área -,99 ,257 Fora da grande área -,79(*) ,006 Fora da grande área Dentro pequena área -,19 ,948 Dentro da grande área ,79(*) ,006
DEF Dentro pequena área Dentro da grande área 1,42 ,176 Fora da grande área ,26 ,943 Dentro da grande área Dentro pequena área -1,42 ,176 Fora da grande área -1,16(*) ,001 Fora da grande área Dentro pequena área -,26 ,943 Dentro da grande área 1,16(*) ,001
DIF Dentro pequena área Dentro da grande área -,43 ,649 Fora da grande área -,06 ,990 Dentro da grande área Dentro pequena área ,43 ,649 Fora da grande área ,36 ,157 Fora da grande área Dentro pequena área ,06 ,990 Dentro da grande área -,36 ,157 ni vs. Ni ATAC Dentro pequena área Dentro da grande área ,79 ,579 Fora da grande área ,25 ,943 Dentro da grande área Dentro pequena área -,79 ,579 Fora da grande área -,54 ,296 Fora da grande área Dentro pequena área -,25 ,943 Dentro da grande área ,54 ,296
98
Quadro 4.39. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis RNAD e FTAO
em diferentes Tipos de Confrontos (continuação).
DEF Dentro pequena área Dentro da grande área ,83 ,695 Fora da grande área ,15 ,987 Dentro da grande área Dentro pequena área -,83 ,695 Fora da grande área -,68 ,313 Fora da grande área Dentro pequena área -,15 ,987 Dentro da grande área ,68 ,313
DIF Dentro pequena área Dentro da grande área -,04 ,997 Fora da grande área ,10 ,982 Dentro da grande área Dentro pequena área ,04 ,997 Fora da grande área ,14 ,849 Fora da grande área Dentro pequena área -,10 ,982 Dentro da grande área -,14 ,849
Tendo ainda em conta, que anteriormente, no estudo de diferentes níveis de
equipas, já se identificaram diferenças estatisticamente significativas na relação
entre estas duas variáveis, RNAD e ZF, parece-nos mais que evidente, que o
número de ATAC, é uma variável com resultados de realce no estudo da
transição defesa-ataque.
Desta forma, parece ser possível sugerir que o número de atacantes, que
rapidamente transitam e se predispõe a finalizar, proporcionam um maior
número de soluções para criar situações de finalização, uma maior proximidade
de finalização e consequentemente potencia o êxito da mesma. Sendo que,
encontramos diferenças estatisticamente significativas entre a relação das
variáveis RNAD e a ZF nos confrontos entre ESUP e nos confrontos entre
ESUP com EINF, parece-nos claro que esta é uma ideia principalmente
presente nas ESUP.
Ao mesmo tempo, na análise da categoria DEF, esta contraria a facilidade em
finalizar em eficácia e em aproximação ao alvo, sendo no entanto uma ideia de
estudo da transição ataque-defesa.
4.2.8. Velocidade de Transmissão da Bola
Comparando os diferentes tipos de confrontos, identificamos valores totais
médios muito próximos de VTB, que variam entre .34 em confrontos de ESUP
e .38 em confrontos de EINF (quadro 4.40).
99
4.2.8.1. Velocidade de Transmissão da Bola e Forma como Termina a Acção Ofensiva
Segundo o quadro 4.40., identificamos diferenças estatisticamente
significativas (p<.05) entre a VTB e a FTAO nos confrontos entre ESUP.
Quadro 4.40. Anova para comparação entre as variáveis VTB e FTAO nos diferentes Tipos
de Confrontos.
Confronto FTAO n Média Desvio Padrão F P
ns vs. ns NC Êxito total 8 10,00 5,182 Êxito parcial 29 11,93 4,847 Sem êxito 55 13,69 9,165 Total 92 12,82 7,781
1,060 ,351
NBR Êxito total 8 3,75 1,753 Êxito parcial 27 3,85 1,634 Sem êxito 54 4,57 3,362 Total 89 4,28 2,824
,739 ,480
VTB Êxito total 8 ,44 ,18 Êxito parcial 29 ,30 ,11 Sem êxito 55 ,34 ,14 Total 92 ,34 ,14
3,449 ,036
ns vs. ni NC Êxito total 24 18,08 11,617 Êxito parcial 57 15,53 9,586 Sem êxito 80 15,06 9,465 Total 161 15,68 9,842
,879 ,417
NBR Êxito total 24 7,25 5,682 Êxito parcial 56 5,89 4,030 Sem êxito 78 5,28 3,618
Total 158 5,80 4,159
2,107 ,125
VTB Êxito total 24 ,39 ,10 Êxito parcial 57 ,36 ,12 Sem êxito 80 ,35 ,13 Total 161 ,36 ,12
1,137 ,324
ni vs. ni NC Êxito total 8 11,50 6,928 Êxito parcial 30 13,30 8,437 Sem êxito 55 10,89 5,540 Total 93 11,72 6,733
1,254 ,290
NBR Êxito total 8 5,00 3,207 Êxito parcial 30 4,97 3,774 Sem êxito 54 4,09 2,365 Total 92 4,46 2,963
,986 ,377
VTB Êxito total 8 ,45 ,18 Êxito parcial 30 ,36 ,10 Sem êxito 55 ,39 ,16 Total 93 ,38 ,15
,972 ,382
100
As diferenças estatisticamente significativas de VTB anteriormente descritas,
decorridas nos confrontos entre ESUP, identificaram-se entre as SFIN em ET e
EP (quadro 4.41.).
Quadro 4.41. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e
FTAO em diferentes Tipos de Confrontos.
Confronto Variável
Dependente
(I) FTAO (J) FTAO Diferença de Médias
(I-J) P
ns vs. ns NC Êxito total Êxito parcial -1,93 ,825 Sem êxito -3,69 ,458 Êxito parcial Êxito total 1,93 ,825 Sem êxito -1,76 ,617 Sem êxito Êxito total 3,69 ,458 Êxito parcial 1,76 ,617
NBR Êxito total Êxito parcial -,10 ,996 Sem êxito -,82 ,745 Êxito parcial Êxito total ,10 ,996 Sem êxito -,72 ,559 Sem êxito Êxito total ,82 ,745 Êxito parcial ,72 ,559
VTB Êxito total Êxito parcial ,14(*) ,04 Sem êxito ,10 ,19 Êxito parcial Êxito total -,14(*) ,04 Sem êxito -,05 ,36 Sem êxito Êxito total -,10 ,19 Êxito parcial ,05 ,36 ns vs. ni NC Êxito total Êxito parcial 2,56 ,567 Sem êxito 3,02 ,422 Êxito parcial Êxito total -2,56 ,567 Sem êxito ,46 ,964 Sem êxito Êxito total -3,02 ,422 Êxito parcial -,46 ,964
NBR Êxito total Êxito parcial 1,36 ,406 Sem êxito 1,97 ,128 Êxito parcial Êxito total -1,36 ,406 Sem êxito ,61 ,701 Sem êxito Êxito total -1,97 ,128 Êxito parcial -,61 ,701
VTB Êxito total Êxito parcial ,03 ,57 Sem êxito ,04 ,32 Êxito parcial Êxito total -,03 ,57 Sem êxito ,01 ,87 Sem êxito Êxito total -,04 ,32 Êxito parcial -,01 ,87 ni vs. ni NC Êxito total Êxito parcial -1,80 ,797 Sem êxito ,61 ,972 Êxito parcial Êxito total 1,80 ,797 Sem êxito 2,41 ,292 Sem êxito Êxito total -,61 ,972 Êxito parcial -2,41 ,292
101
Quadro 4.41. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e FTAO em diferentes Tipos de Confrontos (continuação). NBR Êxito total Êxito parcial ,03 1,000 Sem êxito ,91 ,722 Êxito parcial Êxito total -,03 1,000 Sem êxito ,87 ,436 Sem êxito Êxito total -,91 ,722 Êxito parcial -,87 ,436
VTB Êxito total Êxito parcial ,08 ,39 Sem êxito ,06 ,57 Êxito parcial Êxito total -,08 ,39 Sem êxito -,02 ,80 Sem êxito Êxito total -,06 ,57 Êxito parcial ,02 ,80
Desta forma, retrocedendo ao quadro 4.40, comparando os valores médios
parciais de VTB nos diferentes tipos de confrontos, verificamos uma
discrepância considerável da VTB entre as SFIN terminadas em ET (.44) e em
EP (.30).
4.2.8.2. Velocidade de Transmissão da Bola e Zona de Finalização
No que respeita à relação entre a VTB a ZF nos diferentes tipos de confrontos,
unicamente identificamos, através da análise comparativa, diferenças
estatisticamente significativas de VTB nos confrontos entre EINF.
Quadro 4.42. Anova para comparação entre as variáveis VTB e ZF nos diferentes Tipos de Confrontos.
Confronto ZF n Média Desvio Padrão F P
ns vs. ns NC Dentro pequena área 4 8,25 5,252 Dentro da grande área 36 12,31 6,467 Fora da grande área 52 13,52 8,683 Total 92 12,82 7,781
,978 ,380
NBR Dentro pequena área 4 3,00 ,816 Dentro da grande área 34 4,21 2,434 Fora da grande área 51 4,43 3,151 Total 89 4,28 2,824
,490 ,614
VTB Dentro pequena área 4 ,44 ,19 Dentro da grande área 36 ,33 ,15 Fora da grande área 52 ,33 ,13 Total 92 ,34 ,14
1,126 ,329
102
Quadro 4.42. Anova para comparação entre as variáveis VTB e ZF nos diferentes Tipos de Confrontos (continuação). ns vs. ni NC Dentro pequena área 7 16,00 9,539 Dentro da grande área 77 16,09 10,004 Fora da grande área 77 15,23 9,811 Total 161 15,68 9,842
,148 ,862
NBR Dentro pequena área 7 6,14 3,579 Dentro da grande área 76 6,13 4,386 Fora da grande área 75 5,43 3,987 Total 158 5,80 4,159
,564 ,570
VTB Dentro pequena área 7 ,42 ,13 Dentro da grande área 77 ,37 ,12 Fora da grande área 77 ,34 ,13 Total 161 ,36 ,12
2,239 ,110
ni vs. ni NC Dentro pequena área 5 9,20 7,294 Dentro da grande área 36 12,06 7,483 Fora da grande área 52 11,73 6,203 Total 93 11,72 6,733
,390 ,678
NBR Dentro pequena área 5 4,40 2,302 Dentro da grande área 36 4,92 3,281 Fora da grande área 51 4,14 2,786 Total 92 4,46 2,963
,727 ,486
VTB Dentro pequena área 5 ,57 ,16 Dentro da grande área 36 ,43 ,16 Fora da grande área 52 ,33 ,12 Total 93 ,38 ,15
10,480 ,000
Segundo o quadro 4.43., as diferenças estatisticamente significativas de VTB,
encontradas nos confrontos entre EINF, identificam-se entre as SFIN
culminadas dentro da pequena área e fora da grande área e entre as SFIN
dentro da grande área e fora da grande área.
Quadro 4.43. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e ZF em diferentes
Tipos de Confrontos.
Confronto Variável Dependente (I) ZF (J) ZF
Diferença de Médias
(I-J) P
ns vs. ns NC Dentro pequena área Dentro da grande área -4,06 ,615 Fora da grande área -5,27 ,430 Dentro da grande área Dentro pequena área 4,06 ,615 Fora da grande área -1,21 ,773 Fora da grande área Dentro pequena área 5,27 ,430 Dentro da grande área 1,21 ,773
NBR Dentro pequena área Dentro da grande área -1,21 ,725 Fora da grande área -1,43 ,626 Dentro da grande área Dentro pequena área 1,21 ,725 Fora da grande área -,23 ,938 Fora da grande área Dentro pequena área 1,43 ,626 Dentro da grande área ,23 ,938
103
Quadro 4.43. Testes post hoc de Scheffé para comparação entre as variáveis VTB e ZF em diferentes Tipos de Confrontos (continuação). VTB Dentro pequena área Dentro da grande área ,11 ,35 Fora da grande área ,11 ,34 Dentro da grande área Dentro pequena área -,11 ,35 Fora da grande área ,00 1,00 Fora da grande área Dentro pequena área -,11 ,34 Dentro da grande área ,00 1,00 ns vs. ni NC Dentro pequena área Dentro da grande área -,09 1,000 Fora da grande área ,77 ,981 Dentro da grande área Dentro pequena área ,09 1,000 Fora da grande área ,86 ,866 Fora da grande área Dentro pequena área -,77 ,981 Dentro da grande área -,86 ,866
NBR Dentro pequena área Dentro da grande área ,01 1,000 Fora da grande área ,72 ,910 Dentro da grande área Dentro pequena área -,01 1,000 Fora da grande área ,70 ,584 Fora da grande área Dentro pequena área -,72 ,910 Dentro da grande área -,70 ,584
VTB Dentro pequena área Dentro da grande área ,05 ,58 Fora da grande área ,08 ,24 Dentro da grande área Dentro pequena área -,05 ,58 Fora da grande área ,03 ,29 Fora da grande área Dentro pequena área -,08 ,24 Dentro da grande área -,03 ,29 ni vs. ni NC Dentro pequena área Dentro da grande área -2,86 ,678 Fora da grande área -2,53 ,728 Dentro da grande área Dentro pequena área 2,86 ,678 Fora da grande área ,32 ,976 Fora da grande área Dentro pequena área 2,53 ,728 Dentro da grande área -,32 ,976
NBR Dentro pequena área Dentro da grande área -,52 ,936 Fora da grande área ,26 ,982 Dentro da grande área Dentro pequena área ,52 ,936 Fora da grande área ,78 ,487 Fora da grande área Dentro pequena área -,26 ,982 Dentro da grande área -,78 ,487
VTB Dentro pequena área Dentro da grande área ,14 ,10 Fora da grande área ,24(*) ,00 Dentro da grande área Dentro pequena área -,14 ,10 Fora da grande área ,10(*) ,01 Fora da grande área Dentro pequena área -,24(*) ,00 Dentro da grande área -,10(*) ,01
104
V. CONCLUSÕES
Face aos objectivos definidos e às hipóteses testadas, parece ser possível
concluir que:
Na distinção de dois níveis de equipa:
Revelador supremacia ofensiva das ESUP, estas obtiveram um maior número
de SFIN, em relação às EINF, apresentando também uma maior eficácia no
aproveitamento das mesmas. Convergentemente, em ambos os níveis de
equipas, ESUP e EINF, à medida que nos distanciamos do alvo maior o
número de finalizações registadas.
Em ambos os níveis de equipa verificamos que quando recuperavam a posse
de bola em zonas defensivas, esta ocorreu preferencialmente em corredores
centrais e à medida que as recuperações são feitas em zonas mais próximas
da baliza adversária, estas recuperam a mesma, preferencialmente, em zonas
de corredores laterais, sendo estas as zonas mais potenciáveis de sequencias
culminadas em finalização.
No entanto, parece que as ESUP, em comparação com as EINF, aproveitaram
com maior eficácia as SFIN com recuperação de posse de bola de sectores
mais próximos da baliza adversária. Sendo identificadas diferenças
significativas entre a ZRPB e a ZF nas ESUP, verificou-se que quando estas
recuperaram a posse de bola nos sectores ofensivos direito e centro
finalizaram prioritariamente dentro da grande área, enquanto que nas
recuperações de posse de bola efectuadas nos sectores ofensivos do corredor
esquerdo, as ESUP finalizaram primordialmente fora da grande área.
Quanto a TREC, verificou-se uma preferência fincada pelo uso da I por parte
das ESUP, a par que, as EINF utilizaram primordialmente nas SFIN a categoria
BP. Já no que respeita à sequências finalizadas em golo, tanto as ESUP como
as EINF, utilizaram preferencialmente a I na recuperação da posse de bola
evidenciando a pertinência das equipas tentarem recuperar a posse de bola,
primordialmente, com uma atitude activa, organizada, possivelmente em
105
consonância com as ZREC mais favoráveis de provocar situações de
finalização.
Os passes curtos para a frente e para o lado foram os observados com maior
frequência no início das SFIN de ambos os níveis de equipas, sendo os
primeiros os que permitiram com mais frequência a obtenção do golo.
No âmbito das EINF identificaram-se diferenças estatisticamente significativas,
relativamente ao PP, com o TJD. Inicialmente estas equipas apresentaram um
volume elevado de passes LF, tendência que decresceu com o decorrer do
jogo, onde se denota posteriormente um aumento progressivo dos passes
curtos/médios. Parecem-nos resultados apelativos à utilização de uma atitude
apelativa de comportamentos objectivos, logo após a recuperação da posse de
bola, bem como do domínio de uma variedade de soluções, passes curtos e
longos, na execução dos mesmos.
Sendo que as ESUP apresentaram valores médios superiores de NVC, em
relação às EINF, e, apesar de não se terem identificado diferenças
estatisticamente significativas, as médias de variação de corredor encontradas
foram superiores nas sequências ofensivas culminadas em golo, parece-nos
ser uma solução a ter em consideração no desenrolar processo ofensivo para a
criação de situações de finalização.
As SFIN culminaram preferencialmente em IN, verificando-se uma inferioridade
constante entre o número de atacantes perante o número de defensores,
aspecto com alterações significativas com o decorrer do tempo de jogo,
verificando-se uma diminuição progressiva dessa diferença nas ESUP que ao
longo do tempo, conseguiram colocar um crescente número de atacantes, em
posição de finalizar, em relação ao número de defensores presentes.
Identificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre todas as
categorias da RNAD e a FTAO nas ESUP, o que não se verificou nas SFIN das
EINF. Ao mesmo tempo, ainda no que respeita às ESUP, identificaram-se
diferenças estatisticamente significativas das categorias ATAC e DEF com a ZF
em que culmina a sequência ofensiva observada. São resultados que nos
parecem demonstrar a importância do número de atacantes que as equipas
106
conseguem rapidamente transitar para posteriormente finalizar, aspecto a
considerar na preparação do processo ofensivo, ainda durante o decorrer do
processo defensivo.
No que respeita à VTB esta manifestou-se como um indicador significativo na
obtenção de SFIN em zonas mais próximas da baliza adversária em ambos os
níveis de equipa.
As diversas variáveis de transição defesa-ataque revelaram-se indiferentes às
oscilações do RP em ambos os níveis de equipa.
Na distinção entre diferentes tipos de confrontos, verificou-se que:
Quanto ao TREC, se por um lado não se identificaram diferenças significativas
com a FTAO nos diferentes tipos de confrontos, por outro, em confrontos entre
equipas de diferente nível, encontraram-se diferenças estatisticamente
significativas na relação entre o TREC e a ZF. A principal evidência revela-se
no facto de nos confrontos entre equipas de diferente nível, nas SFIN na zona
DPA, observamos uma predominância das recuperações efectuadas por erro
adversário, sendo que, as recuperações por intercepção denotam-se a forma
mais frequente de recuperar a posse de bola nas restantes SFIN. Nos confrontos entre EINF identificamos diferenças estatisticamente
significativas entre a RNAD e FTAO, no que respeita ao número de defesas
entre SFIN em golo e as restantes categorias. No que respeita à comparação
entre as variáveis da RNAD e a ZF, identificamos diferenças significativas nas
categorias ATAC e DEF com a ZF nos confrontos entre ESUP e entre equipas
de diferente nível.
No que respeita à relação entre a VTB a ZF nos diferentes tipos de confrontos,
identificamos diferenças estatisticamente significativas nos confrontos entre
EINF.
107
Não se identificaram diferenças estatisticamente significativas entre o RP e as
restantes variáveis do estudo, nos diversos tipos de confrontos, de acordo com
as hipóteses formuladas,
108
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