Analise de Na e K em folha
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8/16/2019 Analise de Na e K em folha
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1 Engenheiro Agrônomo representante comercial da Agroaves2 Mestrando em Engenharia Agrícola. UFC. [email protected] Doutorando em Engenharia Agrícola. UFC.4 Graduando em Agronomia.5 Professor, UFC Departamento de Engenharia Agrícola
AVALIAÇÃO DOS TEORES FOLIARES DE NA
+
E K
+
DO MILHO SUBMETIDO A DIFERENTES DOSES DE N ESALINIDADE DA ÁGUA EM AMBIENTE PROTEGIDO
R. J .C. Silva Junior 1; G. C. Farias
2; H. O. Feitosa
3; F. L. Andrade Filho
4; K. R. Gomes
4; C. F. Lacerda
5
RESUMO: O presente trabalho teve o objetivo de avaliar os teores foliares de Na+ e K + domilho em função da salinidade da água e de diferentes doses de nitrogênio. Adotou-se umdelineamento inteiramente casualizado em arranjo fatorial 4x4, sendo quatro níveis de
salinidade (0,8; 2,2; 3,6 e 5,0 dS m-1
) e quatro níveis de nitrogênio (20; 60; 100 e 140%) da doserecomendada, e quatro repetições. De modo geral observou-se que com o aumento da salinidade
e das doses de nitrogênio até 100% da dose recomendada houve um aumento da concentraçãode sódio e potássio nas folhas de milho e a utilização de adubação excessiva (140%) causouuma diminuição da concentração desses íons na folha da planta, quando comparado com a
adubação com 100% da dose recomendada. Conclui-se que o acúmulo de Na+ e K
+ na planta, foi
maior quando se utilizou a combinação de água salina com condutividade elétrica de 5,0 dS m-1
e adubação de 100% da dose recomendada de N.PALAVRAS-CHAVE: Zea mays, estresse, tolerância a salinidade
EVALUATION OF THE LEAF LEVELS OF NA+ AND K + FROM MAIZE UNDER DIFFERENT DOSAGE OF N AND
SALINITY WATER IN GREENHOUSE
ABSTRACT: The present work aimed to evaluate foliar concentrations of Na+ and K+ frommaize as a function of water salinity and different nitrogen levels. We adopted a completelyrandomized design in factorial arrangement 4x4, with four salinity levels (0,8; 2,2; 3,6 and 5,0dS m
-1) and four nitrogen levels (20, 60, 100 and 140%) of the recommended dosage, and four
replications. Overall, it was observed that with increasing salinity and of nitrogen up to 100% ofthe recommended dosage there was an increase in the concentrations of sodium and potassiumof maize leaf and the use of excessive fertilization (140%) caused a decrease in concentrationthese ions in the leaf of the plant, when compared to fertilization with 100% of therecommended dosage. It was concluded that the accumulation of Na
+ and K
+was higher when
using the combination of salt water with electrical conductivity of 5.0 dS m-1
and fertilizationwith 100% of recommended N.
KEYWORDS: Zea mays, stress, salinity tolerance
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INTRODUÇÃO
A produção vegetal depende em parte de um abastecimento adequado de água de qualidade.
A irrigação é de importância fundamental e estratégica para o desenvolvimento agrícola principalmente nas regiões fortemente limitadas pelas irregularidades pluviométricas (Santos &
Ribeiro, 2002). A crescente demanda por água no mundo, especialmente nas regiões semiáridas,
obrigou os agricultores a utilizar água salina na irrigação, que se usada durante todo o período
de crescimento das culturas, mesmo as tolerantes, não produzem um alto rendimento na maioria
das vezes (Amer, 2010). O estresse salino representa um dos mais sérios fatores, que limitam o
crescimento e a produção das culturas, induzindo modificações morfológicas, estruturais e
metabólicas nas plantas superiores. A resposta das plantas à salinidade é um fenômeno
complexo, envolvendo alterações morfológicas e de crescimento, além de processos
fisiológicos, bioquímicos e nutricionais (Cramer et al. 1994).
No caso da nutrição mineral tem-se observado que as interações iônicas que afetam a
disponibilidade, absorção e transporte de nutrientes se tornam mais complexas sob condições de
salinidade. Isso se deve, em parte, às diferentes composições iônicas dos meios salinos. Além
disso, de acordo com a maioria dos autores, a salinidade reduz o crescimento das plantas em
decorrência dos efeitos osmóticos, tóxicos e nutricionais.
No entanto, alguns estudos mais específicos têm mostrado que a redução no crescimento é
inicialmente afetada pelos efeitos osmóticos e posteriormente pelo acúmulo excessivo de íons
tóxicos (Munns, 2002). O objetivo do presente trabalho foi avaliar os teores foliares de Na+ e K
+ do
milho em função da salinidade da água e de diferentes doses de nitrogênio em ambiente protegido.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi conduzido em casa de vegetação localizada na área experimental da
estação de agrometeorologia do Departamento de Engenharia Agrícola, da Universidade Federal
do Ceará, em Fortaleza (3°45’S; 38°33’W; 20 m). De acordo com a classificação de Köppen, o
clima local é do tipo Aw’, tropical chuvoso, muito quente, com predomínio de chuvas nas
estações do verão e do outono. O experimento foi conduzido no período de janeiro a fevereiro
de 2011. As variáveis de temperatura máxima/mínima na casa de vegetação durante o período
experimental foram: 48/26 °C. A casa de vegetação utilizada no experimento é do tipo capela,
possui uma estrutura de alumínio, uma cobertura plástica de polietileno, orientação no sentido
leste-oeste, com: 14m de cumprimento, 7m de largura e altura de pé-direito de 3,5m, com
fachadas laterais e frontais coberta de tela.
O material de solo foi proveniente da mistura de areia grossa com vermiculita na proporção
de 2:1, na base de volume. Após este procedimento, foram realizadas, no laboratório de Solos
da UFC, as análises químicas e físicas do substrato através da metodologia da Embrapa (1997),
e como características o substrato possui classificação textural areia, com densidade das
partículas de 2,59 g cm-3
e condutividade elétrica de 0,30 dS m-1
.
Adotou-se um delineamento inteiramente casualizado em arranjo fatorial 4x4, sendo quatro
níveis de salinidade (0,8; 2,2; 3,6 e 5,0 dS m-1
) e quatro níveis de nitrogênio (20; 60; 100 e
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140%) da dose recomendada (Embrapa, 2003), e quatro repetições. Foram adicionados, em cada
vaso, 0,64; 1,92; 3,2 e 4;48 g planta-1
,de N, na forma de uréia, sendo metade no plantio e metade
em cobertura. Ainda segundo a recomendação foi aplicado o equivalente a 4,80 g de K 2O; 9,33
g de P2O5 e 0,96 g de FTE planta-1
.
A semeadura foi realizada em 80 vasos plásticos contendo volume de 6 litros, utilizando-se
sementes de milho híbrido AG1051. A irrigação foi realizada a cada dois dias, aplicando-se uma
fração de lixiviação de 0,15. A diferenciação dos tratamentos de salinidade da água foi iniciada
10 dias após a semeadura.
Para a determinação dos teores de minerais coletaram as parte aéreas das plantas que, após
secagem em estufa, foram trituradas e, em seguida, foi realizada homogeneização de 100 mg do
pó vegetal seco, com 10 mL de água desionizada durante 60 minutos, sob agitação constante à
45°C (Cataldo et al. 1975). O extrato foi centrifugado a 3000 x g por 15 minutos, sendo o
sobrenadante filtrado em papel de filtro e armazenado em frascos de vidro a -25º C. Os teores de
Na+ e K + foram determinados por fotometria de chama (Malavolta et al., 1997).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 observa-se a análise de variância para Na+, K
+ e a relação Na
+/K
+. Houve
inferência estatística a 1 e 5% para os tratamentos com água salina e nitrogênio, na parte aérea
da planta, além, da interação entre os dois fatores.
Observa-se um comportamento polinomial quadrático para os teores de sódio na parte aérea
das plantas de milho, sendo que o aumento das concentrações de água salina na irrigação (5 dS
m-1
) e das doses (100%) de nitrogênio na adubação da cultura, significou em aumento da
concentração de Na+ na parte aérea (Figura 1A).
Corroborando com esses resultados, Silva et al. (2010), encontraram aumento nos teores
foliares de Na+ em milho forrageiro ao aplicar NaCl. Azevedo Neto e Tabosa (2000), estudando
o estresse salino em plântulas de milho, observaram aumento dos teores de sódio na parte aérea
das plantas, à medida que se elevou os níveis de cloreto de sódio na solução salina.
Na Figura 1B verifica-se que a interação dos fatores (salinidade x nitrogênio) ocasionou
aumento no teor de potássio na parte aérea da plantas de milho, à medida que aumenta a
concentração de sais (0,8; 2,2 e 3,6 dS m-1
) na água de irrigação e os percentuais de nitrogênio,
porém, com 140% de nitrogênio os teores de potássio foram semelhantes.
Sousa et al, (2008), trabalhando com amaranto ( Amaranthus spp), uma granífera em
diferentes coberturas do solo, com o aumento da salinidade na água de irrigação, induziu uma
redução no conteúdo de K + de 70,85% (com cobertura) e 39,67% (sem cobertura).
A relação Na+/K
+ mostrou-se crescente nos tratamentos com água salina (0,8 e 3,6 dS m
-1) à
medida que aumentou a adubação nitrogenada, com exceção do tratamento 2 (2,2 dS m-1
) que
manteve-se constante a relação. No tratamento utilizando água com maior salinidade (5,0 dS m-
1) a maior relação foi verificada com 100% da adubação nitrogenada (Figura 1C).
Azevedo Neto & Tabosa (2000), trabalhando com duas cultivares de milho, verificaram um
aumento na relação Na+/K
+, à medida que aumentava o estresse salino, independente da cultivar
ou da parte da planta a ser estudada.
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CONCLUSÃO
Conclui-se que o acúmulo de Na+ e K
+ na planta foi maior quando se utilizou a combinação de água
salina com condutividade elétrica de 5,0 dS m-1 e adubação de 100% da dose recomendada de N.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq e ao INCTSal pelo financiamento desta pesquisa e à
CAPES, FUNCAP e CNPq pela concessão das bolsas de estudo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMER, K. H. Corn crop response under managing different irrigation and salinity levels. AgriculturalWater Management, v. 97, p.1553 – 1563, 2010.
AZEVEDO NETO, A.D.; TABOSA, J.N. Estresse salino em plântulas de milho: Parte I análise do crescimento.
Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.4, n.2, p.159-164, 2000.
AZEVEDO NETO, A.D.; TABOSA, J.N. Estudo do crescimento e distribuição de nutrientes em plantas
de milho submetidas ao estresse salino. Recife: UFRPE, 1997. 134p. (Dissertação de Mestrado).
CATALDO, D. A.; HARRON, M.; SCHRADER, L. E.; YOUNGS, V. L. Rapid colorimetric
determination of nitrate in plant tissue by nitration of salicylic. Communications in soil science and plant
analysis, New York, v.6, n.1, p.71-80, 1975.
CRAMER, G.R.; ALBERICO, G.J.; SCHMIDT, C. Salt tolerance is not associated with the sodium accumulation
of two maize hybrids. Australian Journal of Plant Physiologic. Melbourne, v.21, p.675-692, 1994.
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Manual de métodos de análise de solo.
CNPS. 2 ed. Rio de Janeiro, 212p., 1997.
GAINES, T.P.; PARKER, M.B.; GASCHO, G.J. Automated determination of chlorides in soil and planttissue by sodium nitrate. Agronomy Journal, Madison, v.76, n.3, p.371-374, 1984.
MUNNS, R. Comparative physiology of salt and water stress. Plant, Cell and Environment, v. 25, p. 239-250, 2002.
SANTOS E. E. F.; RIBEIRO M. R. Influência da irrigação e do cultivo nas propriedades químicas de
solos da região do submédio São Francisco. Revista Maringá, v.24, p. 1507-1516, 2002.
Tabela 1. Resumo da análise da variância para os teores de Na+, K+ e relação Na+/K+, em folhas de
plantas de milho cultivadas sob diferentes níveis de salinidade e adubação nitrogenada, em
ambiente protegido. ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0.01)* significativo ao
nível de 5% de probabilidade (0.01 =< p < 0.05) ns não significativo (p >=0 .05)Fontes de Variação GL Quadrado Médio
Na+ K+ Na+/K+
Salinidade (A) 3 2388262,38** 260878,86** 1,310**
Nitrogênio (B) 3 604334,08** 278615,21** 0,208**Interação (A x B) 9 287856,42** 117711,16* 0,096**
Resíduo 64 9641,40 50059,43 0,012CV% - 18,02 19,57 23,67
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Figura 1 - Efeito da interação da água salina x adubação nitrogenada nos valores de sódio (A), potássio
(B) e na relação sódio/potássio (C) na parte aérea de plantas de milho.