Análise de Competitividade do Setor das Indústrias de ... · competitividade do setor. Para...
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Análise de Competitividade do Setor das Indústrias de Rações do Estado do Espírito Santo
Vitória (ES), julho de 2015
2
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................. 3
1. ESTRUTURA DAS CADEIAS DE VALOR DA INDÚSTRIA DE RAÇÃO ....................... 4
1.1 Cadeia de valor da Indústria de rações................................................................................4
1.2 Padrões de concorrência na Indústria de rações - As cinco forças de Porter.....................6
1.3 Padrões de desenvolvimento tecnológico na Indústria rações - Tipologia de
Pavitt.........................................................................................................................................7
2. CENÁRIO E PANORAMA DO SETOR DE RAÇÕES ..................................................... 8
2.1 A indústria internacional de rações ................................................................................. 8
2.2 A indústria de Rações no Brasil .................................................................................... 10
2.3 A indústria de Rações no Espírito Santo ....................................................................... 11
3. ANÁLISE DE COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DE RAÇÕES .............................. 13
4. DIAGNÓSTICO EMPRESARIAL PARA SUBSÍDIO AO CONTRATO DE
COMPETITIVIDADE DO SETOR DE RAÇÃO DO ES ......................................................... 20
4.1. Caracterização da empresa .......................................................................................... 20
4.1.1. Perfil do mercado................................................................................................... 21
4.2. Desempenho da empresa ............................................................................................. 22
4.3. Fatores associados à competitividade .......................................................................... 23
4.3.1. Gestão e inovação ................................................................................................. 23
4.4. Ações de qualidade, responsabilidade social e ambiental e relações do trabalho......... 24
5. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 25
6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 26
7. ANEXO ......................................................................................................................... 27
Padrões de concorrência - As cinco forças de Porter........................................................... 27
Padrões de desenvolvimento tecnológico - Tipologia de Pavitt ............................................ 27
3
APRESENTAÇÃO
O Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo
(Ideies) é uma entidade do Sistema Federação das Indústrias do Estado do
Espírito Santo (Findes), responsável pelo apoio à Federação em questões
estratégicas voltadas para as áreas de competitividade e de defesa de
interesses da indústria capixaba, além das ações referentes aos assuntos
legislativos, ao desenvolvimento regional do Espírito Santo e ao crescimento
das micro, pequenas e médias empresas.
A entidade atua na estruturação de informações técnicas de interesse da
indústria capixaba, com foco em inteligência competitiva, como este estudo,
que tem o objetivo de atender a contrapartida do Contrato de Competitividade
firmado entre o Setor das Indústrias de Rações e o Governo do Estado do
Espírito Santo, qual seja, enviar a SEDES anualmente a análise da
competitividade do setor.
Para realização da Análise de Competitividade do Setor de Rações do
Espírito Santo foram adotados marcos teóricos que estabelecem os padrões
de concorrência, de desenvolvimento tecnológico e de posicionamento
estratégico, das empresas e do estado, na cadeia global de valor do segmento.
Os fatores abordados dizem respeito à capacidade competitiva do setor,
relacionados aos mecanismos de concorrência (preço, diferenciação de
produtos, introdução de novos processos e capacidade de produção), à
dinâmica dos mercados, às atuais posições competitivas das indústrias
internacional e doméstica, às estratégias adotadas para garantir a capacidade
de competir no longo prazo, bem como às vantagens competitivas dos
concorrentes.
Este documento é composto também por um “Diagnóstico empresarial para
subsídio ao contrato de competitividade do setor de rações”, que buscou
identificar as ações e resultados da empresa signatária do Compete, com
relação ao desempenho econômico e de mercado, à manutenção e/ou criação
de novos empregos, à qualificação profissional, investimentos em inovação e
tecnologia, em saúde e segurança do trabalhador e ações na sustentabilidade
socioambiental.
4
1. ESTRUTURA DAS CADEIAS DE VALOR DA INDÚSTRIA DE RAÇÃO
As empresas de alimentação animal podem ser divididas em dois grupos:
aquelas que fabricam rações para ofertar ao mercado e aquelas que destinam
o produto para o seu próprio consumo, como é o caso de produtores de aves e
suínos, que utilizam o sistema de integração vertical, produzindo e fornecendo
ração como um insumo da sua empresa. A análise desenvolvida se
concentrará no grupo das empresas que destinam a produção ao mercado.
1.1 Cadeia de valor da Indústria de rações
A cadeia produtiva da indústria está organizada de acordo com a Figura 01. Da
combinação dos fertilizantes, sementes, agroquímicos e ingredientes de origem
animal derivam os macros e micros ingredientes. Os macroingredientes (milho,
soja, calcário, fosfato bicálcico, entre outros) misturados ao Premix, pré-
mistura de minerais e vitaminas (microingredientes), formam a ração completa,
que se destina tanto a animais de produção quanto a animais de companhia.
Algumas empresas produtoras de frangos e suínos, que produzem as rações
industrialmente pela integração vertical, buscam apenas o Premix no mercado,
fazendo a mistura aos macroingredientes dentro da própria fábrica.
Figura 1: Cadeia produtiva do segmento de rações
Fonte: Sindirações
Elaboração: Ideies/Sistema Findes
Sobre o processo de fabricação de rações, além do conhecimento da área, é
necessária a seguinte estrutura, segundo a Embrapa:
Espaço útil na área da fábrica de rações para instalar silos graneleiros
visando a estocagem de cereais;
5
Sala de estoque de drogas, aditivos, vitaminas e minerais, a qual sirva
também para pesagens de ingredientes que são usados em menores
quantidades;
Balança com capacidade de pesagem de 10 kg e sensibilidade de 1 g;
Balança de 200 kg ou mais, com sensibilidade de 20 g, para pesagem
de cereais;
Moinho de martelos com motor adequado à trituração de cereais;
misturador de ração horizontal ou vertical com capacidade condizente
com a necessidade da produção;
Máquina peletizadora composta de rosca alimentadora que junto com o
controle de alimentação faz o ajuste da carga da máquina. A rosca
abastece o condicionador que recebe vapor saturado, este equipamento
tem a função da mistura do vapor na ração farelada. Posterior ao
condicionador, opcionalmente, pode-se ter o retentor que tem a função
de aumentar o tempo de retenção da ração com finalidade de redução
microbiológica e finalmente a peletizadora propriamente dita, onde os
rolos forçam a ração farelada pelos orifícios da matriz, tendo-se assim a
ração na forma de pelete.
A ração farelada armazenada na moega acima da peletizadora, é
uniformemente dosada através da rosca alimentadora que abastece o
condicionador. Uma uniforme razão de alimentação do farelo e vapor,
com apropriado efeito de mistura das pás e tempo de retenção, são
condições para uma adequada absorção do vapor..
Os ingredientes para fabricação de rações, de acordo com a Embrapa, passam
por processos especiais, visando um incremento na digestibilidade (peletização
e extrusão), separação de cascas de ingredientes, detoxificação (tratamento
térmico), preservação (secagem de grãos) e uniformidade de particulas
(moagem e peletização).
A mistura dos ingredientes triturados é essencial no processo e os
equipamentos existentes apresentam tempo variável de mistura, situando-se
entre 5 e 15 minutos na dependência principalmente do tipo (vertical ou
horizontais) e das roscas helicoides. A mistura adequada dos ingredientes da
ração é passo fundamental e precisa ser avaliada periodicamente. Existem
publicações da Embrapa que indicam procedimentos sobre testes da qualidade
de mistura. A peletização é muito desejável no processamento por proporcionar
melhoria da eficiência alimentar.
A Figura 2 apresenta o processo de produção com a extrusão da ração. O
processo de cozimento termomecânico resulta em uma estrutura estável,
porosa, com alta capacidade de reter água e gordura. Suas vantagens são de
6
aumentar a digestibilidade dos nutrientes, inativar enzimas, destruir toxinas
além de diminuir a carga microbiana.
Figura 2: Processo de produção da ração extrusada
Fonte: LIMA, 2013
O processo de inovação nesse setor é dinâmico, e o ciclo de desenvolvimento
de um novo produto é de aproximadamente cinco anos. Como esse ciclo é
considerado longo, havendo expressivo investimento financeiro em pesquisa e
desenvolvimento, essas inovações têm grande sigilo industrial, como forma de
proteger os conhecimentos
1.2 Padrões de concorrência na Indústria de rações - As cinco forças de
Porter
O modelo das Cinco Forças de Porter oferece um instrumento importante para
compreensão dos padrões de concorrência das empresas em seus setores
industriais. A identificação da intensidade e da direção de cada uma das forças
que conformam a pressão competitiva, operante em cada setor, possibilita
compreender o posicionamento das empresas, as áreas em que as mudanças
estratégicas talvez proporcionem maior retorno e apontam as tendências
setoriais mais significativas para inserção e consolidação de suas posições no
mercado.
7
A seguir, será apresentada uma análise da indústria de rações à luz do modelo
proposto por Porter.
Poder de negociação dos consumidores: Elevado poder de negociação dos
consumidores, pois a principal ameaça nesse caso é de o comprador realizar
integração vertical “para trás”, formulando suas próprias rações, o que é muito
comum no setor de aves e suínos.
Poder de negociação dos fornecedores: Não há uma ameaça concreta,
principalmente no que tange aos macroingredientes, os quais são adquiridos
dos produtores rurais, que estão organizados de forma muito pulverizada.
Produtos substitutos: Baixa é a ameaça de produtos substitutos no segmento
de rações.
Novos entrantes: As barreiras à entrada são altas. As empresas do setor
investem em logística, diferenciação do produto introduzindo novos elementos
que incrementam a qualidade da nutrição da ração, além do investimento em
inovação de processos.
Grau de rivalidade: As empresas concorrerem pelo preço e pela diferenciação
do produto. A intensidade de rivalidade é alta, principalmente quando há
entrada de concorrentes estrangeiros.
Figura 3: Conformação das cinco forças de Porter na Indústria de Ração
Forças de Porter Grau
Poder de negociação
dos Consumidores
Poder de negociação
dos Fornecedores
Produtos substitutos
Novos entrantes
(barreiras à entrada)
Grau de rivalidade
Fonte: Ideies/Sistema Findes
1.3 Padrões de desenvolvimento tecnológico na Indústria rações -
Tipologia de Pavitt
A tipologia Pavitt permite algumas conclusões importantes para serem
consideradas na definição de uma estratégia de desenvolvimento nacional: (a)
8
mostra que os setores de atuação das empresas impõem determinados
comportamentos empresariais; (b) mostra que os setores também guardam
assimetrias entre si, revelando a importância da dimensão setorial para uma
consideração analítica; (c) indica que não apenas os setores industriais são
diferentes como existe uma certa hierarquia entre eles na medida em que
alguns setores geram e transmitem conhecimento técnico e outros são
receptores de progresso técnico.
Algumas empresas do setor estão inseridas no padrão setorial de setores
intensivos em escala. Nesses é necessário o domínio de um conjunto de
conhecimentos relativamente amplo, abrangendo a tecnologia de processo e a
tecnologia de produtos; nessa classe de indústria, as inovações são tanto de
processos (objetivando a redução de custos de produção) quanto de produtos
(principalmente nos segmentos em que a diferenciação e a produção de
produtos especiais são aspectos relevantes na concorrência); aqui as
inovações são geradas tanto internamente às empresas como em cooperação
com fornecedores, principalmente de bens de capital; por fim, esses mercados
são mais concentrados tanto pela escala de plantas e de empresas quanto
pelas economias de escala derivadas do aprendizado tecnológico.
2. CENÁRIO E PANORAMA DO SETOR DE RAÇÕES
2.1 A indústria internacional de rações
Nos últimos dez anos a produção mundial de alimento animal cresceu 35%,
atingindo 825 milhões de toneladas em 2013. Destaque para os anos de 2006,
2010 e 2011 em que a produção se elevou em 5,5%, 4,2% e 4,1% por ano,
respectivamente, quando confrontado com o período imediatamente anterior
(Gráfico 01).
Gráfico 01 – Taxa de crescimento anual da produção mundial de alimento animal – 2003 a 2013, em %
Fonte: WATT Global Media, 2014
Elaboração: Ideies/Sistema Findes
1,3 1,5
3,5 3,9
5,5
3,1
0,4
4,2 4,1 3,6
1,0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
9
Das 825 milhões de toneladas produzidas em 2013, a Ásia e o Pacífico
responderam por 34%, a América do Norte por 21,5%, Europa e Rússia por
23,5%, América Latina por 15,3% e o Oriente Médio por 5,7% (Gráfico 02).
Gráfico 02 – Participação das regiões na produção mundial de alimento animal - 2013
Fonte: WATT Global Media, 2014
Elaboração: Ideies/Sistema Findes
A Ásia e o Pacífico foram responsáveis, em 2013, por 34,5% da produção
mundial de rações para aves e 44,5% da produção mundial de rações para
suínos. A América Latina respondeu por quase 40% da alimentação animal
destinada aos bovinos.
De acordo com o World Feed Panorama (2015), a produção mundial cresceu
1,6% em 2014, comparativamente a 2013, totalizando 846,5 milhões de
toneladas. Deste total, 47% foram destinados a avicultura, 27% a produção de
suínos, 21% bovinos e 5% para a aqüicultura. Apenas dois países, EUA e
China, fornecem 35,9% da produção total de alimento animal. O Brasil é o
terceiro maior produtor mundial, com 62 milhões de toneladas ofertadas (7,3%
da produção total) (Gráfico 03).
Gráfico 03 - Quatro maiores produtores de ração do mundo - 2014.
Fonte: WATT Global Media, 2014
Elaboração: Ideies/Sistema Findes
Europa e Rússia 23,5%
América do Norte 21,5%
Ásia e Pacífico 34,0%
Oriente Médio e
África 5,7%
América Latina 15,3%
EUA 19,2%
China 16,7%
Brasil 7,3% México
3,4%
Outros 53,4%
10
2.2 A indústria de Rações no Brasil
Nos últimos 15 anos, a produção de ração no Brasil saiu do patamar de 34,5
milhões de toneladas para uma previsão de quase 70 milhões em 20151. Isto
significa que o Brasil está fabricando mais do que o dobro de alimento animal
do início do século. Para 2020 o Sindirações (Sindicato Nacional da Indústria
de Alimentação Animal) está estimando uma produção de 80 milhões de
toneladas (Gráfico 04).
Gráfico 04 – Evolução da produção de ração no Brasil, 2000 a 2020 - em milhões de
toneladas
Fonte: Sindirações, 2015.
Elaboração: Ideies/Sistema Findes.
Quase metade da produção (49%) é destinada à avicultura e 23% à
suinocultura – os dois principais mercados consumidores da produção de
ração. O mercado PET (cães e gatos) consome apenas 3% da produção total,
mas é um nicho de atuação que vem crescendo nos últimos anos,
principalmente porque os produtos desenvolvidos nesta área possuem um
maior valor agregado.
1 As estatísticas apresentadas pelo WATT Global Media e pelo Sindirações diferem um pouco, mas não
comprometem a análise.
34,5 38,8
41,6 41,5 43,5 47,2 48,3
53,6 58,7 58,4
61,5 64,6 64,9 64,5
67,2 69,5
80,0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014* 2015* 2020*
11
Gráfico 05 – Consumo de ração por espécie no Brasil, 2014
Fonte: Sindirações, 2015.
Elaboração: Ideies/Sistema Findes.
O setor de alimentação animal no Brasil tem se adequado às exigências de
mercado em função de suas necessidades e objetivos. As tecnologias no
processamento e fabricação de rações têm avançado no sentido de maximizar
a eficiência produtiva, minimizar a perda de nutrientes e a formulação de
produtos mais elaborados e com maior valor agregado. A adoção das Boas
Práticas de Fabricação (BPF) nas empresas do setor de fabricação de
alimentos balanceados é requisito básico para assegurar a qualidade em todas
as etapas de desenvolvimento de produtos para consumo animal.
2.3 A indústria de Rações no Espírito Santo
A indústria de rações no Espírito Santo reúne empresas que produzem o
alimento animal diretamente para o mercado consumidor, bem como aquelas
que estão integradas verticalmente aos produtores de aves e fabricam a ração
para o seu próprio processo produtivo.
De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) existem no estado
21 empresas de fabricação de alimento para animais que empregam 842
pessoas. A maior parte das empresas, 57,1%, é do porte micro, 28,6%
pequeno e 14,3% médio. Embora mais da metade seja de microempresas, são
as médias as que mais empregam (63,2%). Destaca-se que nos últimos cinco
anos a esta indústria foram agregadas seis empresas e 335 postos de trabalho
(Tabela 01 e 02).
Aves 49%
Suínos 23%
Gado 11%
Cães e Gatos 3%
Equinos 1%
Aquacultura 1%
Poedeiras 8%
Outros 4%
12
Tabela 01: Evolução do número de empresas (CNPJ) e empregos no Espírito Santo, Fabricação de alimentos para animais, 2009 a 2013.
Descrição 2009 2010 2011 2012 2013
Quantidade de empresas
15 14 19 21 21
Quantidade de empregos
507 632 707 760 842
Fonte: MTE/Rais 2013 Elaboração: Ideies/ Sistema Findes
Tabela 02: Número de empresas (CNPJ) e emprego por porte no Espírito Santo, Fabricação de alimentos para animais, 2013.
Descrição
Micro Pequena Média Total
Nº Part* (%)
Nº Part* (%)
Nº Part* (%)
Nº Part* (%)
Quantidade de empresas (CNPJ)
12 57,1 6 28,6 3 14,3 21 100
Quantidade de empregos
70 8,3 240 28,5 532 63,2 842 100
Nota: * Participação de cada porte no total (%) Fonte: MTE/Rais 2013
Elaboração: Ideies/ Sistema Findes
A classificação do porte das empresas segue o critério do IBGE (Tabela 03).
Tabela 03: Classificação do porte por número de empregados
Porte N° de empregados
Micro com até 19 empregados
Pequena de 20 a 99 empregados
Média 100 a 499
Grande mais de 500 empregados Fonte: IBGE
13
3. ANÁLISE DE COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DE RAÇÕES
A Unidade de Gestão do Conhecimento (UGC) com o objetivo de desenvolver
análises e pesquisas sobre competitividade de setores industriais,
principalmente os participantes do COMPETE/ES, promove fóruns de
discussão dos setores industriais por meio da realização de grupos focais com
os empresários e representantes de entidades de promoção do
desenvolvimento industrial no estado.
Os grupos focais utilizam a interação das empresas para produzir dados e
insights que seriam dificilmente conseguidos fora do grupo. Os dados obtidos
levam em conta o processo do grupo, tomados como maior do que a soma das
opiniões, sentimentos e pontos de vista individuais. A despeito disso, o grupo
focal conserva o caráter de técnica de coleta de dados, adequado, a priori, para
investigações qualitativas. Tem como objetivo obter uma variedade de
informações, sentimentos, experiências, representações de pequenos grupos
acerca de um tema determinado.
Análises de competitividade devem levar em conta simultaneamente – e com o
devido peso – os processos internos à empresa e à indústria e as condições
econômicas gerais do ambiente produtivo.
Existem como sabemos grandes disparidades de produtividade entre os vários
setores da atividade privada, com níveis baixos decorrentes da falta de
inovação, de organização, de liderança e de gestão de recursos humanos (e
também da falta de capital e/ou de financiamento). Estes fatores estão para
além do ajustamento pelos salários e dependem quase inteiramente do lado
das empresas e, sobretudo, das suas lideranças.
Os fatores de competitividade, internos às empresas, que orientaram a
discussão e que serão abordados nesta análise foram: Alianças Estratégicas,
Capital Humano, Confiabilidade, Conhecimento, Custo, Fatores Culturais,
Flexibilidade, Inovação, Qualidade, Rapidez, Relacionamento com Clientes,
Responsabilidade Social, Sistemas de Controle, Técnicas de Produção e
Tecnologias da Informação e Comunicação.
Dentre os fatores externos ou sistêmicos, foram analisadas questões referentes
ao ambiente macroeconômico, à disponibilidade e tipo de crédito, ao custo de
financiamentos, à infraestrutura econômica, infraestrutura técnica, científica e
educacional e à tributária.
A seguir, serão apresentadas as principais características apontadas pelos
empresários convidados a participar do Grupo Focal de Competitividade do
14
Setor de Rações, como as que definem as formas de concorrência do setor e
os obstáculos para o crescimento sustentável do segmento no Estado.
3.1 Mecanismos de concorrência do setor de rações
As empresas do setor de rações no estado destacaram que a maior parte dos
insumos (milho e soja, principalmente) é originada de outros estados, o que
dificulta a concorrência por preço. Deste modo, um dos principais mecanismos
de concorrência das empresas locais é o investimento em pesquisa e
desenvolvimento. Segundo um dos empresários:
“Se nós não somos competitivos pelos custos, que seriam as
matérias primas, temos que nos diferenciar de outras formas.
Podemos ter ingredientes diferentes, embalagens diferentes e
tecnologia. E, assim, para tentar competir com um produto de
baixo custo, muitas vezes temos que ter uma qualidade um pouco
maior que justifique a diferença de preço”.
Os empresários destacaram a importância do desenvolvimento de novos
produtos, principalmente no mercado pet, em que a diferenciação do produto e
a inovação são os principais fatores de concorrência.
“Por exemplo, no seguimento super premium (Royal Canin,
Premier – rações top de mercado) muitas vezes o preço não
influencia, o que influencia é a inovação. Além da qualidade, o
mercado tem trabalhado com inovações, por exemplo, nas rações
medicamentosas (rações que cuidam do rim do animal, da parte
intestinal...), em que se tem uma tecnologia envolvida no
processo produtivo e o poder decisório, muitas vezes, não é do
cliente, é do médico veterinário”.
3.2 Mercados a que se direcionam os produtos da cadeia produtiva.
As empresas do setor atendem o mercado de animais de companhia (cães,
gatos, pássaros e peixes ornamentais) e de animais de produção (aves,
suínos, bovinos, eqüinos, coelhos, codorna e ovinos). Como mercado
consumidor de rações pet as empresas vendem tanto para o Espírito Santo
quanto para os outros estados, com destaque para o Rio de Janeiro, Bahia e
Minas Gerais. A produção de ração para animais de produção é destinada ao
mercado local, tendo em vista que são produtos com baixo valor agregado.
15
“As rações de produção, por exemplo, para frango não
conseguem ir tão longe – andar mil quilômetros. Não é possível ir
para Brasília e brigar com uma ração produzida aqui. Imagina: o
milho veio de lá, para ser produzido aqui e para voltar lá como um
produto de baixíssimo valor agregado. É impossível”.
O mercado pet é o que se mostra mais promissor e o que mais cresceu nos
últimos anos. E é também o que mais interessa às empresas, tendo em vista
possuir um maior valor agregado. Entretanto, o empresário destacou que:
“A produção de ração para animal de produção no estado é muito
importante, porque grande parte do consumo é feito por rações de
granjas (das granjas da suinocultura e avicultura) que consomem
muito. Eles acabam tendo fábricas próprias devido ao custo de
produção”.
Destaca-se que o consumo, em volume, de rações de animal de produção, no
estado, é superior ao consumo do mercado pet. Mas quem produz e abastece
as granjas não são as empresas produtoras de ração para o mercado e sim os
próprios produtores. Como a tecnologia de produção de ração é difundida o
processo produtivo de ração para as granjas não é complicado.
3.2.1 Posição atual da indústria no mercado – doméstico ou
internacional – desempenho, vantagens e desvantagens
competitivas.
Uma das principais desvantagens competitivas das empresas capixabas deste
segmento refere-se a posição geográfica. O Espírito Santo não produz as
matérias primas necessárias a cadeia produtiva de rações, o que exige dos
empresários a importação do milho e da soja que vêem, principalmente, da
região Centro-Oeste do País. Destaca-se que a elevação nas despesas com
transporte (combustível, pedágio) encareceu os custos de fabricação do
produto final.
As empresas apontaram que elas competem em três frentes diferentes: nos
supermercados, nas lojas especializadas e nos consultórios veterinários. É nos
supermercados que fica mais difícil colocar os produtos locais em destaques,
tendo em vista que os grandes produtores nacionais praticamente dominam as
gôndolas. Nos consultórios veterinários também se verifica a predominância
das rações medicamentosas nacionais já estabelecidas. É nas lojas
especializadas que as empresas locais competem entre si efetivamente, com
um maior espaço e pulverização das marcas.
16
A vantagem competitiva destacada pelas empresas diz respeito à forma de
trabalhar, com o vendedor estando diretamente em contato com o lojista,
buscando o espaço. As empresas ressaltaram que o fato de terem frota própria
para a entrega das rações é um diferencial significativo.
“Ter frota própria é um diferencial muito grande no atendimento ao
cliente. Quando se terceiriza o transporte você não tem a
qualidade que se tem quando o transporte é próprio. No nosso
caso vão o motorista treinado e o ajudante, que recebem uma
capacitação para atender o cliente. Não adianta o vendedor fazer
uma ótima venda, tudo certinho, o produto ser de qualidade, mas
quando chega a entrega ela é mal feita, errada”.
A outra grande vantagem destacada pela empresa é o fato delas poderem
fazer um trabalho semanal de entrega de produto e de faturamento do pedido.
Assim, o lojista consegue controlar bem o estoque, sem a necessidade de fazer
um pedido alto de uma única vez.
“Fazemos um trabalho semanal em que oferecemos para o cliente
o que ele gasta semanalmente. Qualquer empresa de fora hoje
tem que trazer volume, fazer uma venda maior, de até 30 dias. E
isto está sendo um impeditivo para eles atualmente. Abastecendo
semanalmente o cliente, ele não precisa investir muito dinheiro
em estoque”.
As empresas informaram que investem em marketing, mas dentro do possível.
Destacaram ainda que não possuem condições financeiras de investir em
grandes campanhas na televisão como os concorrentes de outros estados e
países. Sobre propaganda em mídia local, acreditam que as vendas não
refletem, necessariamente, o investimento. Segundo os empresários:
“Pode-se fazer a propaganda de ração de cachorro e de gato
mais linda na televisão, a venda não se reflete como, por
exemplo, se refletiria na venda de leite ninho (....). Com cachorro
e gato é diferente. As ações de marketing devem ser mais
direcionadas”.
“Não adianta fazer propaganda na TV se não tiver qualidade. Não
adianta ter qualidade e propaganda na TV se não tiver um bom
profissional para vender”.
“O que as indústrias fazem é investir uma parte na produção, uma
parte no treinamento, na distribuição, em venda (...). A mídia em
17
televisão é um reforço de marca, não é um fator determinante de
acontecer a venda em si”.
3.2.2 Fatores externos à empresa que impactam a competitividade
(ambiente macroeconômico, disponibilidade e tipo de crédito, custo
de financiamentos, infraestrutura econômica, infraestrutura técnica,
científica e educacional e tributária), dentre outros.
Sobre o processo produtivo, os empresários destacaram que o investimento
em novas técnicas especializadas e em inovação de maquinário é de suma
importância – é fator de sobrevivência no mercado:
“Se nós (as empresas) fizéssemos ração da forma como eram
feitas há trinta anos, nenhuma de nossas empresas existiria hoje”.
A mão de obra para o setor é específica e como existem poucas empresas, são
elas próprias que capacitam o pessoal necessário. Segundo os empresários,
além da necessidade de se especializar a mão de obra para o negócio, há
ainda as exigências legais do Ministério da Agricultura, órgãos de controle
estadual e municipal, que devem ser cumpridas.
No que se refere a financiamento bancário, não há uma linha de crédito
específica para o setor. Até o ano passado as linhas de crédito disponíveis
para aquisição de máquinas e equipamentos industriais, que eram as mesmas
para outros setores, tinham uma taxa de juros atrativa, mas este ano as taxas
negociadas estão bem mais altas, o que está dificultando novos investimentos.
Sobre as questões tributárias, segundo os empresários, desde 2004 o setor já
é regido pela substituição tributária e metade do preço da ração é composta de
tributos. Existem, ainda, algumas políticas tributárias de estados para os quais
o Espírito Santo exporta a ração que encarece ainda mais o produto.
“Por exemplo, hoje o estado de Minas Gerais diz ‘a sua ração o
preço de venda final dela é R$10 o quilo e você vai pagar em
imposto em cima de R$10, independente se o preço é R$2”.
3.3 Análise dos instrumentos de incentivo à competitividade existentes
(Compete, isenções fiscais e outros).
Quando questionada se o Compete trouxe vantagem competitiva a empresa
signatária, a resposta foi afirmativa. Segundo a empresa:
18
“O Compete não é o fator de sobrevivência, mas ajuda. Tudo que
traz uma redução nos custos é positivo (...). A empresa depois do
Compete cresceu o numero de funcionários, investiu em
pesquisa. Tudo que conseguimos de benefícios, voltou para o
Estado de outra forma. Investe-se mais em centro de pesquisa,
desenvolvimento de novos produtos, capacitação de pessoal. É
um círculo virtuoso. O governo perde aqui, a empresa investe em
melhorias, e ganha em competitividade, aumenta a venda e
aumenta a arrecadação”.
3.3.1 Propostas para o aumento da competitividade.
Segundo os empresários, existe uma proposta do governo em instalar uma
central de abastecimento de milho no Espírito Santo. Eles ressaltaram que o
volume de milho que entra no estado é enorme (em torno 60 mil toneladas por
mês). E o Espírito Santo seria um pólo de distribuição de cereais. Para os
empresários, se o centro de distribuição se tornar uma realidade, a matéria
prima poderia ser comprada num custo menor, aumentando a competitividade
das empresas.
“Com o centro de distribuição, a matéria prima chegaria via
ferrovia do Centro-Oeste e via marítima seria distribuído para o
Nordeste, diminuindo em muito o custo do transporte dos cereais”.
“O Espírito Santo precisa de uma política industrial, mas não para
trazer a ‘18ª usina da Vale, nem a 5ª fábrica da Fibria’, ele precisa
ir na Findes ver os pequenos e médios”.
Outra proposta para o aumento da competitividade destacada pelos
empresários foi a criação de uma linha de crédito estadual para facilitar a
aquisição de máquinas, equipamentos e frotas e de uma linha de crédito para
facilitar produção alternativa de energia. A eficiência energética aumentaria
significativamente a competitividade das empresas.
Os empresários ressaltaram que, como as empresas capixabas exportam a
ração para outros estados, existem uma grande preocupação não só com o
mercado local, mas, principalmente, com o mercado brasileiro. Desta forma, as
empresas buscam ser competitivas nacionalmente. A questão levantada foi:
“Como vamos trazer o milho de Goiás e voltar com uma ração
competitiva para lá?”
19
“O Espírito Santo tem que se conscientizar que o mercado
capixaba é pequeno, de 3,5 milhões de habitantes. Temos que
construir grandes estruturas para vender para fora. E não é
possível fazer isso sem ser competitivo.”
“Precisamos ter ganhos de escala – ou faz ou vai chegar um dia
em que vamos ficar para traz”.
A questão do transporte, tanto da matéria prima quanto do produto final, é
crucial para o aumento da competitividade das empresas. Assim, segundo os
empresários colocar o sistema modal de trem para funcionar transportando
milho e soja, seria fundamental para o setor.
Um dos empresários concluiu que:
“O Espírito Santo precisar se conscientizar que tem que ter
produtores para vender para fora e incentivar esses produtores. O
Brasil é um ‘senhor’ vendedor de commodities. Vende aço para
importar geladeira, carro. E o Espírito Santo tem que ser uma mini
China. O Estado tem que comprar matéria prima para vender
produtos industrializados, agregando valor à cadeia. O Espírito
Santo não produz as matérias primas necessárias (milho, soja,
embalagem, lata), mas aqui industrializamos e mandamos para
Brasília, São Paulo, para o Brasil inteiro”.
20
4. DIAGNÓSTICO EMPRESARIAL PARA SUBSÍDIO AO CONTRATO DE
COMPETITIVIDADE DO SETOR DE RAÇÃO DO ES
A análise apresentada neste estudo está baseada na pesquisa quantitativa
realizada pelo Ideies no mês de maio. Através de coleta de dados por meio de
questionário eletrônico, foram reunidas informações que permitam monitorar o
desempenho da empresa de rações que participa do Contrato de
Competitividade firmado com o Governo do Estado.
4.1. Caracterização da empresa
A empresa do setor de rações tem como principal mercado a alimentação de
cães e gatos, que responde por quase 50% da sua produção total. As rações
para aves também se mostram importantes na estrutura produtiva da empresa,
responsáveis por 23,4% da produção total, seguida pela aquicultura (13,9%),
equinos (3,4%), gados (3,2%) e suínos (2,4%) (Gráfico 06).
Gráfico 06 – Distribuição da produção de ração por espécie, 2014 – em %
Fonte: Pesquisa do Setor de Rações/Ideies
Confrontado as informações da empresa do ano de 2014 contra 2012, a
produção destinada ao segmento PET cresceu 32%, enquanto a produção total
se elevou em 24,4%. Aumento superior foi identificado na avicultura (48,1%),
enquanto as rações destinadas aos suínos, bovinos e equinos apresentaram
quedas de -22,6%, -44% e -15,2%, respectivamente (Gráfico 07).
Aves 23,4
Suínos 2,4
Gados 3,2 Cães e
Gatos 49,4
Equinos 3,4
Aquacultura
13,9
Outros 4,4
21
Gráfico 07 – Variação da produção de ração por espécie, 2014/2012 - em %
Fonte: Pesquisa do Setor de Rações/Ideies
4.1.1. Perfil do mercado
A maior parte do mercado consumidor da empresa, aproximadamente 60%,
está localizada no Espírito Santo, enquanto 40% em outros estados (Gráfico
08). Os produtos da empresa são destinados tanto para o consumidor final
quanto para integrar o processo produtivo de produtores de aves, suínos e
gados.
Segundo a empresa, os estados que mais concorrem com o Espírito Santo
neste ramo de atuação são Minas Gerais, Paraná e São Paulo, e, em relação a
países, é o EUA.
Diferentemente do que é identificado na média do setor, e como já ressaltado
no item 4.1, quase metade da produção da empresa (49,4%) é destinada ao
mercado PET. É neste segmento que a empresa concentra o seu principal
produto.
48,1
-22,6
-44,0
32,0
-15,2
23,6
36,2
24,4
Aves Suínos Gados Cães e Gatos Equinos Aquacultura Outros
Espécie Total
22
Gráfico 08 – Mercado consumidor da empresa, 2012 a 2014 - em %
Fonte: Pesquisa do Setor de Rações/Ideies
4.2. Desempenho da empresa
No período de 2012 a 2014 a arrecadação de ICMS da empresa se elevou num
ritmo mais acentuado que os outros indicadores. Considerando o ano de 2012
como base (2012 = 100), em 2014 o ICMS foi o dobro do identificado naquele
ano, enquanto o faturamento cresceu, no período, pouco mais de 50%. O
aumento da produtividade da empresa (relação entre a quantidade produzida e
o número de horas trabalhadas) de 11,6% foi puxado pelo crescimento na
quantidade produzida (24,4%) (Gráfico 09).
Gráfico 09 – Evolução dos indicadores, 2012 a 2014- (2012 = 100)
Fonte: Pesquisa do Setor de Rações/Ideies
O crescimento no faturamento é devido ao aumento das vendas e ao
fortalecimento da marca, segundo a empresa pesquisada. Destaca-se que, no
57,2 60,3 60,5
42,8 39,7 39,5
2012 2013 2014
Outros estados Espírito Santo
124,4
151,0
202,4
100
111,6
2012 2013 2014
Quantidade produzida Horas trabalhadas Faturamento
ICMS Produtividade
23
período em análise, a empresa contabilizou crescimento nos custos que variou
entre 5,1% a 10%, consequência da elevação no custo das matérias primas e
dos impostos.
Segundo a empresa, um dos principais fatores que impedem o seu crescimento
é a falta de mão de obra qualificada para o setor. Ressalta-se que encontra,
atualmente, dificuldade em contratar mecânico, eletricista, operador de
máquina e auxiliar de carga e descarga.
4.3. Fatores associados à competitividade
Segundo a empresa pesquisada, a sua competitividade é muito influenciada
pela capacidade de atendimento, pela marca, qualidade do produto e pelo
esforço em pesquisa e desenvolvimento (P&D). A produtividade, o design do
produto e o preço possuem médio impacto na competitividade e a publicidade,
pouca relevância (Figura 4). Todos os fatores pesquisados, portanto, afetam de
algum modo, a competitividade da empresa.
Figura 4 – Fatores que influenciam a competitividade da empresa
Fonte: Pesquisa do Setor de Rações/Ideies
4.3.1. Gestão e inovação
A empresa quando questionada se investe em novos produtos e processos
respondeu positivamente. O desenvolvimento de novos produtos é realizado
dentro do setor comercial da empresa e em conjunto com o departamento de
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), e com outras empresas, universidades ou
centro tecnológicos.
A inovação de produtos teve alto impacto no aumento das vendas em outros
estados e na satisfação dos clientes. O aumento no faturamento, a abertura de
Muito
Capacidade de atendimento
Marca
Qualidade
P&D
Médio
Aumento da produtividade
Design do produto
Preço
Pouco
Publicidade
Não contribui
Competitividade
24
novos mercados e o fortalecimento da marca tiveram médio impacto com o
desenvolvimento dos novos produtos, enquanto a comunicação com os
clientes, pouco impacto. Destaca-se que não houve influência na diminuição
dos custos da empresa.
Figura 5 – Fatores que impactaram a competitividade da empresa após o
desenvolvimento de um novo produto
Fonte: Pesquisa do Setor de Rações/Ideies
4.4. Ações de qualidade, responsabilidade social e ambiental e relações
do trabalho
A empresa pesquisada destacou ações que foram implementadas no âmbito de
programas sociais e ambientais. São elas:
Realização de atividades regulares para monitorar e controlar possíveis
impactos de sua atividade sobre o meio ambiente.
Implantação de processos de destinação adequada aos seus resíduos.
Programas na empresa para reutilização/reciclagem de resíduos.
Realização de algum tipo de ação social ou doação em beneficio da
comunidade.
Alto impacto
Aumento das vendas em outros estados
Satisfação dos clientes
Médio impacto
Aumento do faturamento
Abertura de novos mercados
Imagem da marca
Pouco impacto
Comunicação com os clientes
Nenhum impacto
Diminuição dos custos
Inovação
25
5. CONCLUSÃO
O setor de ração se mostra promissor para as empresas, com a produção e o
consumo crescendo ano a ano, tanto no cenário local quanto nacional e
mundial. Embora a maior parte da produção esteja direcionada aos animais de
produção, é o mercado de animais de companhia que está despertando cada
vez mais o interesse das empresas capixabas.
As empresas locais encontram algumas dificuldades como o alto custo de
aquisição da matéria prima e a concorrência com as empresas nacionais já
estabelecidas no mercado e, desta forma, o investimento persistente no
desenvolvimento de novos produtos se torna fator fundamental de
sobrevivência no mercado. Acrescente-se que instrumentos como o Compete é
muito importante para o setor.
26
6. REFERÊNCIAS
Ageitec – Agência Embrapa de Informação Tecnológica. Disponível em: www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/frango_de_corte/arvore/CONT000fc69luvv02wx5eo0a2ndxyagjbq0z.html.
LIMA, C.D. Estágio em processamento de rações extrusadas: Estabilidade de alimentos extrusados para cães armazenados em embalagens abertas e fechadas. Curitiba, 2013.
Pavitt, K. (1984). Sectoral patterns of technical change: towards a taxonomy and a theory. Research Policy, 13(6), 343-373. Porter, M. E. (1996). Estratégia competitiva. Rio de Janeiro: Campus. Speech by HoD David Daly at the 10 Annual General Meeting of the Spice Council. Sindirações - Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal. Disponível em: www.sindiracoes.org.br. WATT Global Media. Disponível em: http://www.wattagnet.com. World Feed Panorama. Disponível em: www.wattagnet.com/World_Feed_Panorama__Top_15_compound_feed_producing_countries.html
27
7. ANEXO
NOTA METODOLÓGICA
Padrões de concorrência - As cinco forças de Porter
Segundo o consagrado modelo de Porter (1996), a concorrência no seio de
uma indústria, ao condicionar as taxas de retorno, é orientada por cinco forças:
(a) ameaça de novos entrantes,
(b) grau de rivalidade entre as empresas existentes,
(c) ameaça de produtos substitutos,
(d) poder de negociação de fornecedores e
(e) poder de negociação de clientes.
Isoladas ou em conjunto, estas são cruciais na determinação ou formulação de
estratégias empresariais. As ameaça de novos entrantes é condicionada pelas
barreias à entrada cujas fontes fundamentais são: economias de escala,
necessidades de capital, diferenciação de produto, custo de mudança e acesso
a canais de distribuição. A rivalidade é conseqüência da interação dos
seguintes fatores: número de concorrentes; velocidade de crescimento da
indústria; peso relativo dos custos fixos na composição de gastos empresariais;
baixa diferenciação ou custo de mudança; altos custos para a obtenção de
incrementos de produção; concorrentes divergentes cujas assimetrias de
estratégias impedem o entendimento acerca do funcionamento da indústria e
baixas barreiras à saída. A ameaça de produtos substitutos é condicionada
pela oferta de produtos e serviços de outros segmentos industriais que podem
competir em um mesmo segmento de mercado. Por fim, um alto poder de
negociação de fornecedores e clientes pode afetar a rentabilidade de um
empreendimento.
Padrões de desenvolvimento tecnológico - Tipologia de Pavitt
Pavitt (1984) através de um estudo empírico identificou quatro padrões
setoriais de inovação, a saber:
1- setores receptores de progresso técnico: compreendem setores
industriais nos quais as principais inovações foram geradas fora desses
mesmos setores, sobretudo na indústria de máquinas e equipamentos e de
insumos (nesse caso, a tecnologia vem incorporada em outras mercadorias –
maquinas e insumos – sendo seu o acesso feito nas transações de mercado).
2 - setores intensivos em escala: nesses é necessário o domínio de um
conjunto de conhecimentos relativamente amplo, abrangendo a tecnologia de
processo e a tecnologia de produtos; nessa classe de indústria, as inovações
28
são tanto de processos (objetivando a redução de custos de produção) quanto
de produtos (principalmente nos segmentos em que a diferenciação e a
produção de produtos especiais são aspectos relevantes na concorrência); aqui
as inovações são geradas tanto internamente às empresas como em
cooperação com fornecedores, principalmente de bens de capital; por fim,
esses mercados são mais concentrados tanto pela escala de plantas e de
empresas quanto pelas economias de escala derivadas do aprendizado
tecnológico.
3 - ofertantes especializados: compreendem indústrias produtoras de
máquinas e equipamentos e de instrumentação; para essas indústrias deter
tecnologia de produto é estratégico (o fator crítico de concorrência é a
performance dos produtos); por atuarem sob encomenda não há espaço para
ganhos à escala o que implica que há espaço para atuação de empresas de
pequeno e médio porte (porém muito capacitadas tecnologicamente nos seus
segmentos de mercado); pela sua natureza, as inovações são geradas
internamente às empresas e em cooperação com seus grandes clientes.
4 - setores baseados em ciência: para as empresas pertencentes a essa
categoria o desenvolvimento tecnológico é de fronteira, utilizando-se também
os conhecimentos científicos que se encontram na fronteira das ciências
básicas; nelas, as inovações se orientam ao lançamento de novos produtos e
novos processos de produção objetivando a redução de custos; em geral
atuam são grandes empresas em termos de escala de gasto em faturamento e
P&D.
A tipologia Pavitt permite algumas conclusões importantes para serem
consideradas na definição de uma estratégia de desenvolvimento nacional: (a)
mostra que os setores de atuação das empresas impõem determinados
comportamentos empresariais; (b) mostra que os setores também guardam
assimetrias entre si, revelando a importância da dimensão setorial para uma
consideração analítica; (c) indica que não apenas os setores industriais são
diferentes como existe uma certa hierarquia entre eles na medida em que
alguns setores geram e transmitem conhecimento técnico e outros são
receptores de progresso técnico.