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ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DO
SETOR DE BENEFICIAMENTO DE
POLPA DE FRUTAS: UMA APLICAÇÃO
DO MÉTODO SIMAP
Roseane Rodrigues da Silveira (PEP/UFRN)
Samira Yusef Araujo de Falani (PEP/UFRN)
As empresas devem cada vez mais buscar se aliar para que possam
crescer de forma conjunta diante do competitivo mercado. O
compartilhamento de informações objetivando a busca das melhores
práticas corroboram com a melhoria do desempenho de toda a cadeia
produtiva. É com este intuito que o presente trabalho objetivou aplicar
a abordagem do SIMAP - Sistema de Monitoramento de Arranjos
Produtivos, para avaliar o desempenho de uma cadeia produtiva de
beneficiamento de Polpa de Frutas no estado do Rio Grande do Norte,
incentivando o benchmarking entre a cadeia. Os resultados da
pesquisa apontam que as empresas analisadas ainda possuem um
desempenho abaixo das outras de sua cadeia, mas que podem, com os
saldos da pesquisa, buscar melhorar suas práticas.
Palavras-chaves: Cadeia de suprimentos; Cadeia produtiva; SIMAP;
Sistemas de Informação Gerenciais.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
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1.Introdução
A busca da sobrevivência e crescimento num ambiente altamente competitivo e globalizado
tem exigido que as empresas identifiquem, implementem e sustentem sua vantagem
competitiva. Para tanto, a análise da cadeia de valor e a extensão de sua ação concorrencial
para a cadeia de suprimentos em que está inserida, tem se apresentado cada vez mais
significativa. (VASCONCELOS, 2008)
Ao longo dos últimos anos, várias abordagens em logística e suprimentos têm sido utilizadas
para dar competitividade às empresas, de forma a recuperar a rentabilidade pressionada pelo
novo ambiente de negócios, bem como responder mais rapidamente às necessidades dos
consumidores (LAMBERT et al., 1996 e 2000, SIMATUPANG et al., 2002;
JOHANNESSEN et al., 2002; BRONZO, 2004). Atualmente, o gerenciamento da cadeia de
suprimentos – uma postura colaborativa e em sintonia com a visão mais moderna e sistêmica
da logística – é o campo onde a maioria das empresas vê possibilidades de melhoria na
performance e/ou de agregar valor aos seus produtos e serviços (ZHAO et al., 2003 e
BARRATT, 2004).
Com o intuito de integrar as informações na cadeia de suprimentos, de forma a melhor
identificar falhar nos processos e proporcionar a melhoria continua das atividades, através do
mapeamento da cadeia e ações de benchamarking entre os integrantes, foi criado o SIMAP –
Sistema de Monitoramento de Arranjos Produtivos.
Mediante o contexto abordado, esta pesquisa objetiva aplicar a abordagem do SIMAP para
avaliar o desempenho de uma cadeia produtiva de Polpa de Frutas no estado do Rio Grande
do Norte, de forma a avaliar seu desempenho e realizar uma análise comparativa entre as
empresas que dela fazem parte, expressando a realidade organizacional atual das mesmas.
2.Organizações da Cadeia de Suprimento
Lambert et al. (1996) e Cooper et al. (1997), em estudos sobre a gestão da cadeia de
suprimentos, parcerias e logística já discutiam a importância das organizações estabelecerem
relacionamentos colaborativos na intenção de manter liderança e crescimento de mercado. O
conceito ganhou uma maior dimensão ao longo dos anos, tanto que Lambert (2000), anos
depois, mencionava em seus estudos a importância do reconhecimento dos clientes aos
supridores e operadores logísticos na performance dos negócios.
Os diversos trabalhos na área colocam em foco a importância das estruturas sociais que
condicionam as atividades econômicas, o peso da história e das tradições locais de
cooperação, a influência de instituições baseadas em regras, formais ou informais, em valores
e em representações que organizam a comunidade humana de trabalho. (BORIN, 2006).
A organização conjunta das empresas pode ser subdividida nas tipologias abaixo:
a) Distrito industrial: segundo Marsall (1988), refere-se à aglomeração territorial de
organizações do mesmo ramo ou ramo similar.
b) Rede de empresas: “conjunto organizado de unidades de produção parcialmente
separáveis que operam com rendimentos crescentes que podem ser atribuídos tanto a
economias de escala como a uma função global de custos ‘subaditivos’ que refletem a
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presença de externalidades de natureza técnica, pecuniária e tecnológica” (BRITO,
2002).
c) Cluster: como um “pólo de crescimento”, com uma empresa-motriz ou como um
conjunto de firmas de produção de um bem ou serviço comum a elas, sem
centralização decisória, ou, em um segundo momento, sob a forma de firmas afiliadas
a uma firma líder, formando um cordão de fornecedores ou empresas terceirizadas
(CAVALCANTE, 2006).
d) Arranjo produtivo local: “conjuntos de atores econômicos, políticos e sociais,
localizados em um mesmo território, desenvolvendo atividades econômicas correlatas
e que apresentam vínculos expressivos de produção, interação, cooperação e
aprendizagem” (LASTRES & CASSIOLATO, 2005).
e) Cadeias produtivas: Segundo
Redesist (2005), encadeamento de atividades econômicas pelas quais passam e vão
sendo transformados e transferidos os diversos insumos, incluindo desde as matérias-
primas, máquinas e equipamentos, produtos intermediários até os finais, sua
distribuição e comercialização. Este tipo de organização da cadeia de suprimento será
melhor detalhado na próxima sessão deste artigo.
3.Cadeias produtivas
Segundo o SEAB (1999), cadeia produtiva compreende o conjunto de agentes econômicos e
as relações que se estabelecem para atender as necessidades dos consumidores por um
determinado produto que tenha uma fase de produção agropecuária ou florestal. Envolve,
ainda, os setores que se encontram “antes da porteira” ou seja, de fornecimento de insumos,
máquinas e equipamentos; os setores ”depois da porteira”, de industrialização, atacado e
varejo; além de todo o aparato tecnológico e institucional (legal, normativo, regulatório, etc).
Algumas mudanças vêm ocorrendo no que se refere à organização de cadeias produtivas de
alimento no mundo (DEGAND et al., 1998, SPRIGGS et al., 2000) e vêm sendo também
observadas no Brasil (FARINA et al., 1997; ZYLBERSZTAJN, 2000) e especificamente na
cadeia da carne bovina (FERREIRA, 2002). Uma das principais mudanças é o domínio das
cadeias alimentares por parte das empresas varejistas. Para Zanquetto Filho et al. (2003), na
cadeia de frutas e vegetais, os compradores intermediários-chave, isto é, as grandes redes de
supermercados, são o elo mais forte na negociação. Assim, se os fornecedores, que são o elo
mais fraco do relacionamento, têm a possibilidade de alcançar os benefícios das parcerias,
aumenta, sobremaneira, a possibilidade do relacionamento denominado “ganhaganha”. Esse
estilo de relacionamento cria condições necessárias para que aumentem as chances de
parcerias de sucesso.
4.Sistemas de Informação Gerenciais
Os Sistemas de Informação têm como maior objetivo auxiliar os processos de tomada de
decisões nas organizações. Se os Sistemas de Informação não se propuserem a atender a esse
objetivo, sua existência não será significativa para as organizações (REZENDE, 2005).
Segundo Moresi (2000), a cadeia de valor do sistema de informação é um conjunto de
atividades executadas num sistema de informação a fim de produzir e transferir a informação,
proporcionando sustentação ao processo decisório. A Figura (1) mostra um diagrama desta
cadeia.
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Figura 1: Cadeia de valor de um sistema de informação (MORESI, 2000).
Para Carmo e Pontes (1999), os sistemas de informação gerenciais devem subsidiar três
funções básicas na organização:
a) Resolução de problemas;
b) Produção do conhecimento;
c) Tomada de consciência.
Os sistemas de nível gerencial são projetados para monitoração, controle, tomada de decisão e
atividades administrativas dos gerentes médios (TAIT, 2000). Eles são constituídos por
conceitos, metodologias, técnicas e ferramentas que auxiliam a tomada de decisão através do
fornecimento de informações confiáveis, atualizadas e no tempo certo.
5.Método de Pesquisa
O método utilizado na coleta e análise de dados foi o SIMAP (Sistema de Monitoramento de
Arranjos Produtivos), sistema que tem como objetivo demonstrar o cenário que um APL se
encontra quando abordados os sistemas de gestão dessas organizações.
Como características fundamentais do sistema incluem-se: disponibilidade de uma base de dados
dinâmica com atualização on-line, pesquisa de informações sobre vários critérios que são
agrupados em subsistemas de gestão. O nível de utilização de cada critério deve ser respondido
com: NA (não aplicável), 0 (procedimentos informais), (procedimentos documentados), 50
(programa formal de desenvolvimento), 75 (realiza auditorias internas) e 100 (empresa
certificada). (SENA et. al., 2007). Os Sistemas de Gestão que serão analisados no SIMAP são
sete: sistema de gestão integrado, Gestão da produção, gestão de produtos, gestão estratégica,
gestão logística, gestão de recursos humanos e gestão financeira.
A elaboração do trabalho foi composto por 5 etapas, baseada em Aragão (2009) e está
apresentado na Figura (2). Na etapa 1 uma pesquisa bibliográfica ampla foi feita para suprir
todas as necessidades conceituais desse trabalho. Além disso, foram feitas visitas às empresas
para o mapeamento e consequente desenho da cadeia de suprimentos. Na etapa 2, já com o
conhecimento da estrutura da CP e de suas demandas, foi determinado os requisitos do
mercado. Na etapa 3, foi efetuado o cadastro das empresas no site, através da coleta de dados
em visitas técnicas. Na etapa 4, houve a análise dos dados, gerando informações para uma
análise de benchmarking. Na etapa 5 todas as informações são consolidadas gerando um
relatório final com um diagnóstico do setor, de forma mais precisa. Este relatório destaca as
informações mais relevantes para o desenvolvimento desse setor, na etapa 6 são realizadas as
considerações finais a respeito da pesquisa e as cabíveis recomendações.
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Figura 2: Síntese da metodologia de monitoramento de uma CP. Adptado de Aragão (2009).
Caracterizando o trabalho de forma metodológica, pode-se considera-lo como sendo um
estudo aplicado, com uso de procedimentos quantitativos e quanto aos objetivos, trata-se de
uma pesquisa descritiva.
5.Estudo de Caso
5.1.Identificação do setor industrial
A fruticultura nacional está cada vez mais presente e representativa no mercado interno como
externo. Em estudo do Instituto Brasileiro de Frutas (IBRAF, 2005 apud BUAINAIN e
BATALHA, 2007) revelam que ocorreu uma movimentação de US$ 5,8 milhões com
produtos frescos e U$S 12,2 bilhões considerando os derivados das frutas. Esse segmento
demonstra índices de alta produtividade e resultados comerciais proeminentes, revelando-se
assim, um setor que promove a geração de renda, emprego e de desenvolvimento rural do
agronegócio nacional. No Brasil, em 2007, existiam aproximadamente 30 grandes pólos de
produção de frutas.
Todo esse potencial está influenciando a economia do Nordeste. Segundo o IBRAF (2005),
hoje o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas apesar de destinar apenas 5% da
sua área cultivada a esse setor. As principais regiões produtoras de fruta no país são as regiões
Sudeste e Nordeste. Nesse ponto o Rio Grande do Norte é responsável por 2,28% (51.611 ha)
da área cultivada do Brasil, 1,99% (858.748 t) do volume em toneladas da produção nacional
e 2,29% (R$ 378.187,00) do valor em reais da produção nacional conforme o IBGE (2005,
apud BUAINAIN e BATALHA, 2007).
O mercado consumidor de polpa de frutas está em ascensão no mercado de sucos de frutas
tropicais. O consumo doméstico também vem crescendo juntamente com o consumidor final,
mas também para a revenda em outros locais como restaurantes, lanchonetes e bares. Esse
fato pode ser observado por estudo do IBRAF (2005), quando foi constatado que o setor de
sucos e polpa cresceu 12%, passando de 1,7 milhão de toneladas em 2003 a 2 milhões em
2005, para escala nacional.
5.2.Cadeia produtiva de Polpa de Frutas
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Através da pesquisa para o delineamento da cadeia, foi possível construir um esboço
representativo da mesma, conforme Figura (3). A cadeia produtiva de polpa de frutas pode
ser subdividida em cadeia de transformação e cadeia de apoio. Na cadeia de transformação se
dá o produção real do produto final, fazendo parte da mesma os fornecedores diretos, o
beneficiados da polpa de fruta, o distribuidor e os clientes.
Na cadeia de apoio, encontram-se as atividades que dão suporte ao funcionamento da cadeia
de transformação, agindo principalmente no produtor. Esta cadeia engloba os fabricantes de
maquinários e equipamentos, a legislação e fiscalização pertinente e as empresas de
certificação.
Figura 3: Esquematização da cadeia produtiva de beneficiamento de polpa de frutas.
Fonte: os autores.
Atendo-se à porção principal da cadeia produtiva do setor em análise que seria sua cadeia de
transformação, a mesma inicia-se com os fornecedores de embalagens, rótulos e caixas e
frutas, estas últimas provenientes de produtores e fazendas da própria região.
5.3.Aplicação do modelo e análise de resultados
Os questionários foram aplicados nas empresas produtoras de polpas de frutas e
distribuidores/comerciantes destas marcas. Durante esta etapa do estudo foram encontradas
restrições quanto à análise, não sendo possível a aplicação em empresas fornecedoras da
cadeia de suprimento. Isso ocorreu devido ao número reduzido desses fornecedores na cidade
onde compreendeu a pesquisa e da dificuldade de encontrar uma disponibilidade de tempo nas
empresas que possuem instalações na cidade.
Para identificação no trabalho as empresas foram classificadas em: Empresa – E, Concorrente
– C e Distribuidora – D.
Estabelecendo uma análise voltada para as Produtoras, tem-se que a P1 compreende as
atividades de produção. Em todos os itens analisados a empresa obteve desempenho inferior à
cadeia de alimentos e bebidas, assim como no elo de beneficiamento de polpas (sucos), frutas,
vegetais (sementes), amêndoas (Ver figura 5).
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Figura 4: Gráfico dos itens de análise referente à Empresa.
Quanto aos requisitos de sistemas de gestão integrada, a empresa realiza somente
procedimentos informais, ou seja, sem registros padrão, e atualmente não objetiva implantar
uma certificação. Porém, a cadeia de alimentos e bebidas, bem como o elo de beneficiamento
de polpas (sucos), frutas, vegetais (sementes), amêndoas ao possuem níveis mais altos desses
índices, buscando melhores níveis de qualidade.
No módulo sobre a gestão da produção, o tempo de setup (cadeia – 27%), custos da qualidade
(cadeia – 35%), defeitos PPM (cadeia – 26%), manutenção corretiva preventiva TPM (cadeia
– 39%) e filosofia e uso de ferramentas JIT (cadeia – 26%) se mostraram em parâmetros
informais (0%), já quesitos PCP (cadeia - 45%), controle de processos (cadeia - 43%) e
desenvolvimento de fornecedores (cadeia – 44%) apresentaram rendimentos menores que a
cadeia e o elo compreendido. Os demais quesitos apresentam-se em níveis adequados à
cadeia.
Sobre a gestão dos produtos, a empresa não faz uso do CAD, CAE ou CIM (cadeia – 24%) e
também não utiliza metodologia para desenvolvimento de novos produtos (cadeia – 44%).
Nos demais quesitos a empresa se mostra com resultado inferior à cadeia.
No módulo sobre a gestão estratégica, a empresa se adequa apenas no quesito de orientação
ao cliente, sendo os demais quesitos inferiores aos apresentados pela cadeia. Sobre a gestão
logística, a empresa não possui controle de estoques (cadeia – 53%), controle de armazém
(cadeia – 31%), sistema de transporte (cadeia – 35%), fluxo de materiais (cadeia – 33%) e
informações (cadeia – 29%), prestadores e operadores logísticos (cadeia – 40%) e transações
comerciais (cadeia – 29%) bem definidas, apresentando índice de 9%. O item de manuseio
(cadeia – 50%) foi o único que apresentou índice adequado, os demais resultaram em dados
inferiores.
O setor de recursos humanos da empresa não possui descrição dos cargos e competências e
programas participativos, e seu plano de treinamento (cadeia – 45%) tem índice inferior ao da
cadeia o qual pertence.
A empresa possui o ERP integralizado e não desenvolve o custeio ABC. Porém os índices que
demonstram custeio direto (cadeia – 40%) e o uso do método de análise de investimentos
(cadeia – 39%) possuem índices satisfatórios quando relacionado à cadeia produtiva
pertencente.
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Estabelecendo uma análise voltada para as Distribuidoras, tem-se que a D compreende as
atividades de distribuição. Nos módulos de gestão da produção, logística e financeira a
empresa demonstrou-se com resultados equivalentes à cadeia inserida. Porém, nos demais
itens analisados a empresa obteve desempenho inferior à cadeia de alimentos e bebidas, assim
como no elo de beneficiamento de polpas (sucos), frutas, vegetais (sementes), amêndoas (Ver
figura 6).
Figura 5: Gráfico dos itens de análise referente à empresa Distribuidora.
Quanto aos requisitos de sistemas de gestão integrada, a empresa realiza somente
procedimentos informais, ou seja, sem registros padrão, e como a empresa analisada
anteriormente não objetiva implantar uma certificação. Porém, a cadeia de alimentos e
bebidas, bem como o elo de distribuição possuem níveis mais altos nos quesitos ISO9000
(42%) e 5S (32%), buscando melhores níveis de qualidade.
No que tange a gestão da produção, o quesito filosofia e uso de ferramentas JIT (cadeia –
25%) não é aplicado na distribuidora em questão. Os itens de tempo de setup, estudos de
capabilidade e defeitos apresentam índices levemente abaixo dos resultados da cadeia, sendo
respectivamente 27%, 27% e 26% índices da cadeia, contra os três resultados de 25% da
empresa. Porém, os itens custos da qualidade (cadeia – 35%) e manutenção corretiva –
preventiva – TPM (cadeia - 38%) apresentam indices relativamente insatisfatórios com
relação à cadeia produtiva. Os demais quesitos estão de acordo e até mesmo superiores à
cadeia compreendida.
No módulo de gestão de produtos, a empresa não possui domínio e uso de normas técnicas
(cadeia – 63%), CAD, CAE e CIM (cadeia – 24%) e lead time de desenvolvimento de
produtos (cadeia - 36%). No entanto, possui resultados significativos quanto aos demais
quesitos.
A gestão estratégica da empresa possui resultados insuficientes quanto ao estilo de liderança e
desemvolvimento dos empregados, uso do beanchmarking e uso de indicadores. Os demais
quisitos resultaram em satisfatórios quando relacionados à caddeia produtiva.
No indice de sistema de transporte, rotatividade de estoque, fluxo de informação e transações
comerciais, apresentaram resultados inferiores aos que apresentaram o da cadeia
(respectivamente 35%, 62%, 29% e 29%). Os demais resultados estão em concordância com a
cadeia a qual pertence.
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Quanto ao módulo de gestão de recursos humanos, a empresa não possui formalmente
programas participativos. O plano de treinamento apresentou resultado insatisfatório, 25%
contra 43% da cadeia. Porém, no quesito descrição de cargos e competencias apresentou
resultados conforme a cadeia (44%). Na gestão financeira, a empresa não possui ERP
integrado. Porém os demais quesitos estão coerentes com os da cadeia.
Analisando a empresa concorrente, tem-se que C compreende as atividades de fabricação. Ao
comparar os resultados da empresa com os da cadeia inserida, tem-se que o único módulo
com resultados equivalentes é sobre gestão financeira. Porém quando faz-se uma comparação
relacionada ao elo, os resultados mostram-se semelhantes, exceto no quesito gestão de
recursos humanos (Ver figura 7).
Figura 6: Gráfico dos itens de análise referente à empresa Concorrente.
Quanto aos requisitos de sistemas de gestão integrada, a empresa não realiza procedimentos
formais nos quesitos SA 8000 e OSHAS 18000. Por outro lado a mesma apresentou
desempenho equivalente ao da cadeia quanto as certificações ISO 9001 e 14001. No item 5S,
a cadeia de alimentos e bebidas, bem como o elo de beneficiamento de polpas (sucos), frutas,
vegetais (sementes), amêndoas possuem níveis mais altos desse índice.
No módulo sobre a gestão da produção, o item defeitos PPM (cadeia – 26%) se mostra em
parâmetros informais (0%), já quesitos tempo de setup (cadeia – 25%), idade média dos
equipamentos (cadeia –68%), estudos da capabilidade (cadeia – 27%) e desenvolvimento com
os fornecedores (cadeia - 44%) apresentaram resultados similares aos da cadeia. Porém, os
demais itens apresentaram rendimento inferior.
Sobre a gestão dos produtos, a empresa ampresentou indices satisfatórios à cadeia nos itens
CAD, CAE ou CIM e parceria com fornecedores. Nos demais quesitos a empresa se mostra
com resultado inferior à cadeia.
No módulo sobre a gestão estratégica, a empresa se adequa nos quesitos de realização do
planejamento estratégico, orientação para o cliente e uso de indicadores, sendo os demais
quesitos inferiores aos apresentados pela cadeia.
Sobre a gestão logística, a empresa índices insatisfatórios à cadeia nos itens de controle de
armazém, fluxo de materiais, prestadores e operadores logísticos, unitilização e fluxo
financeiro, os demais resultaram em dados inferiores.
O setor de recursos humanos da empresa possui apenas descrição dos cargos e competências,
sendo os demais resultados inferiores à cadeia.
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No módulo de gestão financeira, a empresa apresentou índice inferior à cadeia quanto ao
indice ERP integrado. Os indices de custeio direto, custeio ABC e método de análise de
investimento estão de acordo com os resultados apresentados pela cadeia.
6. Considerações Finais
Em diferentes regiões do país confirmam que a aglomeração de empresas e o aproveitamento
das sinergias geradas por suas interações fortalecem suas chances de sobrevivência e
crescimento, constituindo-se em importante fonte de vantagens competitivas duradouras.
Mediante a aplicação do método desta pesquisa aplicando os questionários do SIMAP a
empresas componentes da cadeia de polpas de frutas, foi possível conjeturar a importância do
conhecimento e acompanhamento do desempenho das empresas frente a seus concorrentes e
componentes da cadeia na qual se insere, analisando não apenas um elo da cadeia de forma
isolada, mas o mesmo comparado aos outros e este entre os semelhantes da própria cadeia.
A visualização, tanto graficamente quanto das análises comparativas de forma discursiva
possibilitam às empresas participantes da pesquisa realizar um benchmarking por meio da dos
indicadores de níveis de implementação apresentados, tanto objetivando posicionar seu
desempenho na cadeia, quanto buscar atingir um melhoramento adequando-se às melhores
práticas.
Entretanto, é cabível ressaltar que existiram empresas componentes da cadeia que não
participaram da pesquisa, seja por recusar-se a fornecer algumas informações, ou por
dificuldades de acesso. Por este motivo, seria então relevante que estas pudessem ser também
cadastradas no módulo do SIMAP para que análise possa tornar-se mais adequada a realidade
do setor como um todo, representando melhor a situação atual do elo e da cadeia produtiva de
beneficiamento de polpa de frutas de modo aos seus componentes e aos possíveis novos
entrantes, que poderiam tomar como base as informações do diagnóstico para buscar
excelência e atingir os pré-requisitos mínimos para inserir-se nesta cadeia.
Fazendo-se agora uma análise com base nos resultados obtidos com os dados das empresas
participantes da pesquisa, é possível concluir que, de maneira geral, todas apresentam níveis
de gestão inferiores aos outros componentes da mesma cadeia. Uma explicação para este
resultado se deve ao fato de que as empresas da pesquisa são micro e pequenas, com pouca
tecnologia empregada e quase nenhum investimento em sistemas de gestão ou tecnológico.
Esta deficiência pode ser suprida por meio de uma pesquisa mais aprofundada em relação às
práticas das outras empresas da cadeia que apresentam desempenho superior, para assim,
investir em tecnologia de processos e formalização de suas práticas, através de certificações,
melhorando seu desempenho de mercado.
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