ANÁLISE COMPARATIVA DE PROCESSOS UTILIZADOS NO … · CANA-DE-AÇUCAR: ESTUDO DE CASO ... RESUMO O...
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UNISALESIANO
Centro Universitário Salesiano Auxilium
Curso de Engenharia Agronômica
André Luis Parra Augusto
Paulo Deocleciano Maraldi Lusvarghi
Rhafael Tognon dos Santos
ANÁLISE COMPARATIVA DE PROCESSOS
UTILIZADOS NO CULTIVO DA CANA-DE-
AÇUCAR: ESTUDO DE CASO
USINA CAFEALCOOL
CAFELÂNDIA – SP
LINS – SP
2017
ANDRÉ LUIS PARRA AUGUSTO
PAULO DEOCLECIANO MARALDI LUSVARGHI
RHAFAEL TOGNON DOS SANTOS
ANÁLISE COMPARATIVA DE PROCESSOS UTILIZADOS NO CULTIVO DA
CANA-DE-AÇUCAR: ESTUDO DE CASO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Salesiano Auxilium, curso de Engenharia Agronômica, sob a orientação do Prof. Me. Carlos Suguitani e orientação técnica da Prof.ª Drª. Clélia Maria Mardegan.
LINS – SP
2017
Augusto, André Luís Parra; Lusvarghi, Paulo Deocleciano Maraldi; Santos, Rhafael Tognon.
Análise comparativa de processos utilizados no cultivo da cana-de-açucar: estudo de caso / André Luís Parra Augusto; Paulo Deocleciano Maraldi Lusvarghi; Rhafael Tognon dos Santos. – – Lins, 2017.
43p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Engenharia Agronômica, 2017.
Orientadores: Clélia Maria Mardegan; Carlos Suguitani
1.Cana de açúcar. 2. Produção. 3. Melhores técnicas. I Título.
CDU 631
A936a
ANDRÉ LUIS PARRA AUGUSTO
PAULO DEOCLECIANO MARALDI LUSVARGHI
RHAFAEL TOGNON DOS SANTOS
ANÁLISE COMPARATIVA DE PROCESSOS UTILIZADOS NO CULTIVO DA
CANA-DE-AÇUCAR: ESTUDO DE CASO
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.
Aprovada em: ___/___/___
Banca Examinadora:
Prof. Orientador: Carlos Suguitani
Titulação: Doutor em Fitotecnia pela Universidade de São Paulo(ESALQ/USP)
Assinatura: __________________________________
1º Prof.: Harumi Hamamura
Titulação: Graduação em Engenharia Agronômica (UFPR)
Assinatura _________________________________
2º Prof. Dr. Hemerson Fernandes Calgaro
Titulação: Graduação em Engenharia Agronômica (UNESP ilha Solteira)
Assinatura: _________________________________
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, pois sem ele eu não teria forças para
essa longa jornada.
Agradeço também a meus professores e aos meus amigos que me ajudaram
na conclusão da monografia.
Por fim, agradeço minha família que com muito carinho e apoio não mediram
esforços para que eu chegasse até essa etapa da minha vida.
André
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e a minha família, em especial minha avó Nadir, por me
apoiar e dar suporte necessário para que alcançasse meu objetivo de
completar minha graduação.
Paulo
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, á Deus, que me deu forças para concluir essa
jornada e esse trabalho.
Agradeço aos meus pais e minha namorada que me incentivaram, me deram
apoio e carinho durante todos os anos que estive na faculdade.
Aos meus amigos de classe, corpo docente e coordenação do curso.
Enfim, agradeço a todas as pessoas que fizeram parte dessa etapa decisiva
em minha vida.
Rhafael
RESUMO
O presente estudo sobre a produção de cana-de-açúcar, tem objetivo de analisar os processos realizados na Usina Cafealcool que abrangem desde preparo de solo até o plantio de cana-de-açúcar, comparar com as técnicas disponíveis em estudos científicos e livros, afim de sugerir melhorias. Para tal, foi realizado trabalho caracterizado por pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico com o caráter exploratório e acompanhamento de processos na empresa Usina Cafealcool, situada na cidade de Cafelândia, estado de São Paulo. A cana de açúcar é uma cultura semi perene, para que apresente boa rentabilidade precisa apresentar boas produções todos os anos do ciclo de cultivo, sendo em média de 5 anos. As exigências ambientais e trabalhistas alteraram a forma de cultivo da cana-de açúcar causando alterações no manejo da cultura nos últimos anos, dentre as principais podemos citar a proibição da queimada da palhada da cana antes da colheita desta, a substituição da mão-de-obra por máquinas e implementos no momento do plantio e colheita, fatos estes que impactaram significativamente a forma de cultivo da cultura.
Palavras-chaves: cana-de-açúcar; produção; melhores técnicas.
ABSTRACT
The present study on the production of sugarcane, has the objective of analyzing the processes carried out at the Usal Cafealcool, which range from soil preparation to sugarcane planting, compare with the techniques available in scientific studies and books, related to suggest improvements. For this purpose, a qualitative research of a bibliographic nature with exploratory character and process follow-up was carried out at Using Cafealcool, located in the city of Cafelândia, state of São Paulo. Sugar cane is a semi-perennial crop for good yield, it must produce good yields every year of the cultivation cycle, which on average is 5 years. Environmental and labor requirements have altered the way sugar cane cultivation has caused changes in crop management in recent years. Among the main ones we can mention the prohibition of sugarcane straw burning before sugarcane is harvested, the substitution of sugarcane -obra by machines and implements at the time of planting and harvesting, facts that have significantly impacted the way of cultivation of the crop.
Keywords: sugarcane; production; Best techniques.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Comparativo Operações/Literatura.................................................37
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Sistematização dos terrenos (talhões) ............................................31
Figura 2: Terraço embutido em nivel...............................................................32
Figura 3: Operação de grade niveladora.........................................................33
Figura 4: Transbordo basculando mudas para a plantadora...........................34
Figura 5: Plantio manual..................................................................................35
Figura 6: Plantio mecanizado..........................................................................36
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 13
DESCRIÇÃO DA EMPRESA................................................................................................ 15
OBJETIVOS ............................................................................................................................ 16
METODOLOGIA ..................................................................................................................... 17
CAPÍTULO I ............................................................................................................................ 18
1 REVISÃO DE LITERATURA – TECNICAS RECOMENDADAS ................................. 18
1.1 Reforma............................................................................................................................. 18
1.1.1 Erradicação da cultura anterior .................................................................................. 18
1.1.2 Preparo de Solo ............................................................................................................ 19
1.1.3 Calagem......................................................................................................................... 19
1.1.4 Gessagem ..................................................................................................................... 20
1.1.5 Gradagem Pesada ....................................................................................................... 21
1.1.6 Subsolagem .................................................................................................................. 22
1.1.7 Sistematização do Terreno ......................................................................................... 22
1.1.8 Carreadores .................................................................................................................. 23
1.1.9 Terraços ......................................................................................................................... 23
1.1.10 Grade Niveladora ....................................................................................................... 24
1.2 Plantio ........................................................................................................................... 24
1.2.1 Época de Plantio ......................................................................................................... 24
1.2.2 Mudas ........................................................................................................................... 25
1.2.3 Espaçamento ............................................................................................................... 25
1.2.4 Plantio manual ............................................................................................................. 26
1.2.5 Plantio mecanizado ..................................................................................................... 27
CAPÍTULO II ........................................................................................................................... 28
2. RESULTADOS E DISCUSSÕES – ANÁLISE E COMPARATIVO ............................ 28
2.1 Reforma............................................................................................................................. 28
2.1.1 Preparo de Solo ............................................................................................................ 28
2.1.2 Erradicação da cultura anterior .................................................................................. 29
2.1.3 Calagem......................................................................................................................... 29
2.1.4 Gessagem ..................................................................................................................... 29
2.1.5 Gradagem Pesada ....................................................................................................... 30
2.1.6 Subsolagem .................................................................................................................. 30
2.1.7 Sistematização do terreno .......................................................................................... 30
2.1.8 Carreadores .................................................................................................................. 31
2.1.9 Terraços ......................................................................................................................... 31
2.1.10 Grade niveladora ........................................................................................................ 32
2.2 Plantio ................................................................................................................................ 33
2.2.1 Época de plantio ........................................................................................................... 33
2.2.2 Mudas ............................................................................................................................ 33
2.2.3 Espaçamento ................................................................................................................ 34
2.2.4 Plantio Manual .............................................................................................................. 35
2.2.5 Plantio mecanizado ...................................................................................................... 35
2.3. Comparativo .................................................................................................................... 36
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 42
13
INTRODUÇÃO
A cana-de-açúcar é uma gramínea semi-perene da família Poaceae,
pertencente ao gênero Saccharum (TEIXEIRA, 2004). É uma planta de
metabolismo fotossintético C4, apresentando como principal característica a
elevada taxa fotossintética, sendo muito eficiente na conversão de energia
radiante em energia química (OLIVEIRA et al., 2004).
Segundo Saranin (1975), a produção de cana-de-açúcar, em escala
comercial, teve origem na Ásia, mais provavelmente na Índia e na China,
difundindo-se posteriormente para as regiões banhadas pelo Mediterrâneo.
Na época das Grandes Navegações, a busca por novas terras, que pudessem
prosperar, a cultura da cana-de-açúcar fazia-se constante, uma vez que eram
poucas as terras já encontradas apropriadas para a cultura (ARBEX, 2002).
A cana-de-açúcar foi trazida para a América, na expedição de Martim
Afonso de Souza, em 1526, e espalhou-se no solo fértil encontrado no País
(LIMA, 2006).
Segundo o levantamento da CONAB (Companhia Nacional de
Abastecimento) a cana de açúcar vinha num ciclo de crescimento intenso,
mas em função de problemas financeiros vividos pelas usinas, muitas
deixavam de renovar os canaviais, ficando com um canavial mais velho e
consequentemente menos produtivo. Usinas que utilizavam melhores técnicas
de cultivo e gestão financeira obtiveram bons resultados, apesar dos
consequentes problemas dos últimos anos.
Segundo a Cepea em 2015 o setor sucroenergético teve um dos
maiores PIB do agronegócio brasileiro, apresentando uma alta de 0,54% em
relação a 2014. Nesse mesmo período houve uma expansão de 5% na cadeia
produtiva de cana de açúcar, considerando os setores de insumos, produção
agrícola, indústria e serviços, obtendo aumento na renda de R$ 107,87
bilhões para R$ 113,27 bilhões. Esses dados demonstram a importância da
indústria canavieira no país. No período citado, o aumento da renda do setor
sucroenergético deve-se principalmente à elevada demanda de etanol e o
preço do açúcar doméstico, em função do câmbio.
14
O estado de São Paulo que é o principal produtor nacional, com cerca
de 60% da produção nacional de cana-de-açúcar (IEA/SAA-SP, 2009;
IBGE/BR, 2009), a microrregião de Bauru é responsável por 12,5% da
moagem no estado (46,1 milhões de toneladas).
A produção de cana-de-açúcar para a safra 2016/17 está estimada em
657,2 milhões de toneladas. O decrescimento deverá ser de 1,3% em relação
à safra anterior. A área colhida no Brasil de cana-de-açúcar destinada à
atividade sucroalcooleira, na safra 2016/17 foi de 9.049,2 mil hectares. O
aumento de 394,4 mil hectares, ou 4,6% é resultado da cana bisada da safra
2015/16 e do aumento de área própria de algumas unidades de produção. A
produção de açúcar deve atingir 38,69 milhões de toneladas, supera em 5,20
milhões de toneladas a safra anterior. A produção de etanol anidro na safra
2016/17, é de 11,07 bilhões de litros, produção 1,2% inferior à safra passada.
Para a produção de etanol a estimativa de 16,73 bilhões de litros é 13,1%
inferior à safra passada. (CONAB | ACOMPANHAMENTO DA SAFRA
BRASILEIRA DE CANA-DE-AÇÚCAR | Safra 2016/17, n. 4 - Quarto
levantamento, abril de 2017.)
As exigências ambientais e trabalhistas alteraram a forma de cultivo da
cana-de açúcar causando alterações no manejo da cultura nos últimos anos,
dentre as principais podemos citar a proibição da queimada da palhada da
cana antes da colheita, a substituição da mão-de-obra por máquinas e
implementos no momento do plantio e colheita da cana, fatos estes que
impactaram significativamente a forma de cultivo da cultura.
E isso vem influenciando diretamente a produtividade dos canaviais e
consequentemente a produção das usinas. Muitas delas ainda estão se
adaptando a esse novo cenário, onde as técnicas consagradas utilizadas
décadas atrás já não resultam em altas produtividades e somados aos
aumentos dos custos de produção põe em risco a rentabilidade da empresa.
Assim, fica claro que uma usina só conseguirá sobreviver se conseguir utilizar
técnicas de cultivo adaptadas a essa nova realidade.
Tendo em vista esse cenário, esse estudo de caso visa analisar os
processos realizados pela usina em estudo e, caso necessário, recomendar
técnicas que possam gerar melhores resultados. Para o desenvolvimento do
15
presente trabalho foram realizadas uma pesquisa bibliográfica e coleta de
dados de campo da usina.
DESCRIÇÃO DA EMPRESA
O estudo de caso foi elaborado na Usina Cafealcool, localizada na
cidade de Cafelândia/SP. A usina foi fundada em 24 de outubro de 1985.
Atualmente conta com uma área plantada de 12.680 hectares que produzem
700.000 toneladas de cada por ano, capacidade máxima de produção da
indústria, sendo sua produção totalmente voltada para álcool. No processo
realizado pela usina 1 (uma) tonelada de cana produz aproximadamente 80
litros de etanol.
16
OBJETIVOS
Objetivos Gerais
Avaliar os métodos de campo utilizados pela Usina, comparar com os
estudos científicos existentes sobre as técnicas de cultivo atuais sugerindo
melhorias e/ou alterações nos processos.
Objetivos específicos
Realizar o levantamento das operações agrícolas realizadas na usina
desde o preparo do solo até o plantio, comparar com as recomendações
sugeridas pela literatura, identificando diferenças e melhorias que podem ser
feitas durante esses processos.
17
METODOLOGIA
GIL (1994) classifica a pesquisa em três categorias básicas:
exploratória, explicativa e descritiva. A metodologia empregada no estudo de
caso foi a pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico com o caráter
exploratório, buscou-se materiais que continham informações relacionados
com as técnicas de cultivo ligadas ao preparo do solo e plantio da cana-de-
açúcar. O levantamento bibliográfico contou com fontes primárias e fontes
secundárias e foi realizado em bibliotecas públicas e através da internet,
selecionando artigos em revistas e livros dentro do tema de interesse.
18
CAPÍTULO I
REVISÃO DE LITERATURA
1 REVISÃO DE LITERATURA – TÉCNICAS RECOMENDADAS
A seguir estão descritas as principais operações agrícolas,
relacionados com preparo de solo e plantio.
1.1 Reforma
Para se realizar a reforma ou preparo de solo de qualidade devemos
inicialmente fazer a erradicação correta da cultura anterior.
1.1.1 Erradicação da cultura anterior
A erradicação deve ser realizada próxima à época de plantio, pois a
palhada acumulada sobre o solo causa a diminuição no desenvolvimento de
plantas daninhas, pois o solo permanece coberto, impossibilitando aumento
no banco de sementes. A operação pode ser realizada a partir do momento
em que as soqueiras atingem porte entre 40-50 centímetros.
A operação pode ser realizada quimicamente ou mecanicamente, a
escolha do método empregado varia de acordo com a área. Em casos mais
severos procedem-se em conjunto as operações químicas e mecânicas.
Segundo ROMERO et al. (2000) doses elevadas de glifosato,
superiores a 0,43 L ha-1, podem causar, retardamento do processo de
brotação e crescimento do canavial no ciclo seguinte, além de causar
amarelecimento severo e dessecar rapidamente a planta, entretanto, os
autores recomendam esta dose para emprego em ca0na-soca que logo após
a colheita será renovada.
ROLIM (1981) classificou as cultivares de cana-de-açúcar em
tolerantes e suscetíveis, quanto à eliminação das soqueiras com duas doses
de glifosato.
19
1.1.2 Preparo de Solo
As operações realizadas em canaviais durante o ciclo da cultura
tornam o preparo do solo necessário e de extrema importância, devido à
compactação e degradação causadas durante um ciclo da cultura. O preparo
do solo em áreas de renovação é realizado normalmente após o quinto corte
e faz-se necessário também em áreas de expansão, visando promover
melhores condições para desenvolvimento da cultura.
Para a cultura de cana-de-açúcar normalmente utiliza-se o preparo de
solo do tipo convencional e atualmente o preparo reduzido é recomendado
pela EMBRAPA em áreas onde se encontram condições favoráveis como
solos não compactados, locais onde não são necessários fazer calagem e
nem gessagem e não ter pragas de solo. O plantio direto na cana-de-açúcar
ainda é raro. Devido à alta compactação causada pelo trafego de máquinas, o
que dificulta o crescimento radicular e aumenta a ocorrência de erosão,
muitos produtores ainda optam, por medida de segurança, utilizar um preparo
de solo mais profundo.
1.1.3 Calagem
Após o preparo inicial do solo, realiza-se a calagem. Na calagem
aplica-se o calcário com o intuito de diminuir os problemas causados com
alumínio e hidrogênio no solo, melhorando o desenvolvimento do sistema
radicular da cultura e corrigir a acidez do solo para aumentar a disponibilidade
dos nutrientes para planta.
O maior aumento do sistema radicular de uma planta irá refletir
inicialmente em maior resistência à seca, maior absorção de nutrientes e
consequentemente maior produtividade. Assim, fatores que influenciam no
sistema radicular são de fundamental importância para o sucesso de um
sistema agrícola, principalmente em países tropicais.
A acidez do solo é um processo inevitável, ocasionado pela
precipitação pluvial, adubação mineral (principalmente a nitrogenada) e o
próprio cultivo. A calagem cumpre um papel fundamental no desenvolvimento
20
das culturas e assim desencadeando diversas reações no solo em suas
camadas, de caráter benéfico às plantas como:
Fornece cálcio e magnésio;
Aumenta a disponibilidade de nutrientes;
Insolubiliza os elementos Al+³, Fe²+ e Mn²+;
Aumenta mineralização da matéria orgânica;
Aumenta fixação biológica do N² do ar;
A profundidade do sistema radicular é de vital importância para o
desenvolvimento da cultura e sua produtividade, quanto maior o
aprofundamento do sistema radicular maior é sua área de absorção de
nutrientes e água, tornando a planta mais resistente à seca. (MAZZA et al,
1994).
A calagem no preparo de solo deve ser feita com antecedência para
que o calcário tenha tempo de reagir com o solo. O calcário necessita de no
mínimo 60 dias para que essa reação ocorra. Para que apresente os
resultados esperados recomenda-se fazer a calagem a lanço, em faixa ou no
sulco, acompanhado de uma operação de aração ou gradagem para
incorporação no solo, pois o calcário é solúvel em água.
Em plantios irrigados a calagem pode ser feita próxima ao plantio, a
água disponível será responsável por acelerar o processo de reação do
calcário com o solo.
1.1.4 Gessagem
A gessagem é uma etapa importante quando se trata de melhoramento
de solo, pois com uso correto do gesso pode acarretar muitos benefícios para
a produção, melhor citando, aumenta o sistema radicular da planta, assim
facilitando às plantas a buscar mais nutrientes e água em maior profundidade,
ajuda na diminuição da saturação por alumínio, disponibilizando mais
nutrientes solúveis no solo.
O gesso pode ser encontrado na forma mineral ou de resíduo, onde
ambos possuem atribuições similares e podem ser usados na agricultura,
21
respeitando as especificações de cada um (GARRIDO et al., 2003;
AMEZKETA & GAZO, 2005).
CaSO4(Gesso) Ca++SO4-2Al+2
AlSO4
Para o cálculo da necessidade de gesso em cana-de-açúcar, os
métodos utilizados, desde que o solo se apresente responsivo na camada
0,2-0,4 m, se baseiam no teor de argila (SOUSA et al., 2004) e na saturação
por bases (VITTI et al., 2008).
NG (t/ha) = [(V2 – V1) x CTC] / 500
NG = necessidade de gesso em t/ha;
V1 = saturação por bases encontrada na análise de solo de 25 a 50
cm;
V2 = saturação por bases esperada. Para cana-de-açúcar recomenda-
se 50%;
CTC = capacidade de troca de cátions da camada 0,2 a 0,4 cm, em
mmol/dm³.
O gesso agrícola fornece o nutriente para as camadas mais profundas
sem precisar de incorporação, devido sua maior mobilidade no solo,
aumentando o teor de cálcio e saturação por bases em profundidade, mas
não atua como corretivo de pH (CAIRES et al., 1998; DEMATTÊ, 2004).
1.1.5 Gradagem Pesada
A operação com grade pesada revolve o solo, com objetivo de eliminar
os restos culturais e incorporar calcário e gesso agrícola. Em áreas de
expansão, onde a cultura da cana é plantada após o cultivo de uma cultura
diferente, a gradagem pesada tem papel de limpar o terreno, eliminando a
cultura anterior, caso a cultura for de cana de açúcar é realizado para não
haver problemas com mistura varietal.
A reforma de canaviais é mais frequente que a expansão em novas
áreas, no caso da reforma a operação tem grande influência na produtividade,
pois de acordo com RIPOLI et al (2007), a alta densidade de restos culturais
22
irá prejudicar o seu desenvolvimento, assim tendo no futuro prejuízos, por não
obter o máximo desenvolvimento da planta.
1.1.6 Subsolagem
Diversos são os trabalhos de pesquisa que trazem resultados sobre os
efeitos da subsolagem no preparo do solo e no cultivo da soqueira.
Entretanto, existem pontos positivos e negativos da subsolagem nessa
condição. Como diz o autor RIPOLI (2004. 302 p) efeitos positivos podemos
citar a maior eficiência de rompimento da camada compactada, na maioria
das classes de solo, assim como baixa possibilidade de também causar
compactação pela pressão exercida pelo trator sobre o solo.
Portanto, o preparo do solo é a constituição do “berço” do canavial. Se
o vegetal tiver boas condições de solo para o seu desenvolvimento, maior
será a possibilidade de ter bom desenvolvimento em soqueiras. O que não é
corrigido durante o preparo do solo, dificilmente será possível corrigir nas
operações de manejo das soqueiras. A subsolagem é uma operação que
implica em elevado consumo de energia e somente se justifica em condições
especiais.
1.1.7 Sistematização do Terreno
RIPOLI (2008) apud ANSELMI, cita que para se implantar a colheita
mecanizada em cana-de-açúcar é preciso gerenciar um novo sistema, que
começa pelo preparo de solo e a sistematização da área. Para se ter o
máximo de rendimento da colhedora, é preciso ter talhões retangulares e com
no mínimo de 600m de comprimento, além de se ter um terreno bem nivelado,
paralelismo entre fileiras e um espaçamento adequado de plantio.
23
1.1.8 Carreadores
Os carreadores da cana-de-açúcar exibem suas superfícies geralmente
sem cobertura vegetal, pois servem como via de acesso entre os talhões e
têm papel de aceiros (ruas), evitando que, em caso de fogo, haja propagação
das chamas de um talhão para o outro.
Responsável pelo escoamento da matéria-prima até a agroindústria.
Sua função é de garantir fluxo de carga e pessoas, ao longo de todo o ano.
Podem variar de três a dez metros de largura, o critério para escolha da
largura é devido a importância logística no sistema produtivo.
1.1.9 Terraços
Tem o propósito de disciplinar o volume de escoamento das águas das
chuvas, assim preservando o solo, facilitando a infiltração das águas, evitando
erosões, enxurradas, impedindo a perda de matéria orgânica, nutrientes e o
próprio solo.
Terraço é formado por um conjunto de canal (valeta), camalhão (monte
de terra), que são construídos transversalmente no declive da área. Consiste
em uma estrutura mecânica, o uso de implementos é obrigatório, pois envolve
movimentação de terra.
A implantação do terraço se dá pelo tamanho da área e seu declive,
quanto mais declive mais terraços terão que ser construídos para assim
conseguir a máxima retenção de água, redução da velocidade da água dando
mais tempo para infiltração no solo, um terraço bem feito poderá reduzir a
perda de solo em até 100%.
Para a cana-de-açúcar, terraços em nível embutido são os mais
utilizados e caracterizam-se por serem construídos de modo que sua calha ou
canal tenha forma triangular, ficando o talude que separa o canal do
camalhão praticamente na vertical (Storino et al., 2008). Esse tipo de terraço
24
é o melhor para a cultura de cana-de-açúcar, pois otimiza a área de plantio,
consequentemente gera mais produção.
1.1.10 Grade Niveladora
Tem função de nivelar o terreno, corrigir pequenas falhas na superfície,
eliminar possíveis plantas daninha e finalizar o preparo de solo. O emprego
da grade leve ou niveladora fator de extrema importância para o sucesso no
plantio, além de propiciar melhores condições para os implementos,
prevenindo danos que poderiam ser causados por desníveis no solo.
1.2 Plantio
Segundo RIPOLI (2004), existem três sistemas de plantio em utilização
no Brasil: o manual, o semi-mecanizado e o mecanizado. O primeiro sistema
tem uma maior ocorrência em regiões com relevos acima de 50 % de
inclinação como o do Nordeste brasileiro é caracterizado, pelo fato de todas
as operações de plantio serem manuais.
No segundo sistema, a sulcação é efetuada mecanicamente, a
deposição das mudas é manual, lançadas de caminhões de carga e a
cobertura (e adubação de superfície) também ocorrem mecanicamente.
No sistema mecanizado, realizam-se todas as operações citadas
anteriormente (sulcação, deposição de mudas, adubação e cobrimento do
sulco), e ainda realiza a aplicação de agroquímicos de solo.
1.2.1 Época de Plantio
A escolha apropriada da época de plantio é fundamental para o bom
desenvolvimento da cultura que precisa de condições climáticas ideais como
umidade, temperatura e radiação solar para germinar e se desenvolver.
Hoje, a cana-de-açúcar pode ser plantada em diferentes épocas, no
sistema de ano-e-meio (cana de 18 meses) com plantio entre fevereiro e abril,
25
no sistema de ano (cana de 12 meses) plantio entre outubro e novembro, e
sistema de inverno entre os meses de maio a agosto. No plantio de inverno, o
uso da torta de filtro é importante pela capacidade de reter maiores
quantidades de água, que podem suprir deficiências hídricas, principalmente
na brotação, aplicada no sulco e a fertirrigação com vinhaça.
No Entanto, a época de plantio é diferente para cada região produtora
de cana no Brasil sofrendo variações devido as condições meteorológicas.
Deve-se com isso estabelecer períodos de plantio que permitam obter os
melhores rendimentos agrícolas e industriais, em decorrência da colheita.
Também objetiva-se compreender que o calor e umidade são os principais
fatores que garantem a germinação e desenvolvimento da cultura.
1.2.2 Mudas
Para o plantio manual é necessário de 10 a 15 toneladas por hectare.
Já no plantio mecanizado, os colmos são cortados em toletes com tamanho
próximos de 40 centímetros, gastando em média de 20 toneladas por hectare
(CONAB 2011), sendo o limite máximo para que dentro das plantadoras não
causem espaços vazios é necessário que os toletes apresentem de duas a
três gemas.
A colhedora de cana deve receber alterações para colheita das mudas,
importante observar os locais por onde passam os toletes arrumando todo
local onde possa danificar as gemas, facas são de grande importância
também, pois elas devem ser desinfetadas constantemente, ou em cada troca
de talhão para não haver disseminação de pragas e doenças.
A velocidade de trabalho também deve ser reduzida, assim, dando
tempo de maior limpeza dos toletes, tornando um plantio com mudas limpas e
diminuindo o risco de má germinação por causa da sujeira.
1.2.3 Espaçamento
A escolha do espaçamento pode determinar o desenvolvimento da
cultura, uma vez que este interfere diretamente no fornecimento de recursos
26
para a planta, e pode reduzir a perda por pisoteio das soqueiras por
implementos. Fatores como a fertilidade do solo e características da
variedade também são levados em conta na escolha do espaçamento.
Na cana-de-açúcar o espaçamento entre sulcos varia de 0,8 a 1,8
metros, podendo ser do tipo espaçamento simples, combinado e abacaxi. O
espaçamento simples consiste no método em que a distância entre os sulcos
de plantio permanecem a mesma em todo talhão, no espaçamento
combinado pode ocorrer mais de uma distância entre os sulcos e o
espaçamento abacaxi compreende o plantio com distância de 0,30 cm entre
duas linhas com espaçamento de 1,50 metros entrelinhas, com total de 1,80
metros.
Para operações de plantio e colheita mecanizadas o espaçamento
ideal entre as linhas de produção de cana-de-açúcar é de 1,50 metros. Esse
espaçamento evita que a colhedora pise na linha vizinha enquanto colhe a
atual e também que o transbordo trafegue sobre a linha já colhida.
(EMBRAPA CANA DE AÇUCAR)
1.2.4 Plantio manual
Segundo RIPOLI (2006), o plantio manual, é também conhecido
popularmente como “manual” por envolver neste sistema de plantio somente
a sulcação de forma mecanizada, sendo que a distribuição de mudas é
executada de forma manual.
A despalha das mudas é feita de forma manual para evitar a
danificação das gemas. Em seguida as mudas são carregadas em um
caminhão ou trator acoplado de uma carreta depósito e transportadas até o
local do plantio.
O veículo de transporte entra no talhão no sentido dos sulcos e uma
equipe formada de dois a seis homens, retira da carroceria as mudas ainda
em forma de colmos e as distribuem nos sulcos, cruzando a base de um
colmo, com a ponta do seguinte.
Em seguida, uma equipe munida de facões desinfetados, percorrem os
sulcos individualizando os colmos das mudas em rebolos de
27
aproximadamente três gemas. Após esta operação, as mudas serão cobertas
com aproximadamente 8 cm de terra, variando segundo o tipo e o preparo do
solo e as condições climáticas da época.
Neste tipo de plantio o cobrimento das mudas e a aplicação de
inseticida são feitos mecanicamente por tratores equipados com cobridor de
cana-de-açúcar. Já o repasse é executada de forma manual, onde operários
percorrem os sulcos corrigindo falhas na cobertura dos mesmos.
1.2.5 Plantio mecanizado
De acordo com Ripoli et al. (2006), para atender a expansão da
produção de cana, o plantio mecanizado de cana-de-açúcar é uma tendência
inevitável, pelo seu reduzido custo e alto desempenho operacional das
plantadoras, e que deve ser acompanhado durante a sua execução para se
obter boas produtividades. Porém, deve-se observar que quanto maior a
exigência em relação à qualidade, maior pode ser o custo da operação
(VICENTE e FERNANDES, 2004).
Plantio mecanizado atualmente é o melhor método de plantio, pois em
apenas uma operação é feita todas as etapas de plantio, a sulcação,
adubação, distribuição de rebolos e cobrimento, eliminando grande parte da
mão de obra e reduzindo os custos de plantio.
O planejamento e a organização da operação de plantio mecanizado
de cana-de-açúcar se referem, a saber, qual variedade deve ser utilizada,
pois existem algumas que não se adaptam a este tipo de plantio por haver
elevada danificação das gemas apicais, podendo afetar negativamente a
brotação e posterior perfilhamento (BONONI e ROSA, 2007).
Muitos citam que as distancias das mudas são de extrema importância,
por causa de um mal desempenho no plantio irá acarretar problemas no
futuro, como falhas nas linhas, plantas com má formação, muitas plantas em
um mesmo local.
As etapas e eficiência do plantio mecanizado variam de acordo com o
tipo de implemento utilizado, pois algumas plantadoras dependem da mão-de-
obra humana para definir a quantidade de cana que será distribuída no sulco.
28
CAPÍTULO II
RESULTADOS E DISCUSSÕES
2. RESULTADOS E DISCUSSÕES – ANÁLISE E COMPARATIVO
A seguir estão descritas as operações realizadas pela usina. Essas
informações foram coletadas acompanhando as equipes de campo das
empresas.
2.1 Reforma
A cada cinco anos em média realiza-se a reforma do canavial, podendo
ser adiada dependendo da produtividade do talhão, com isso o ciclo irá
aumentar para seis ou mais. O início da reforma do canavial se dá com o
preparo de solo para um novo plantio.
2.1.1 Preparo de Solo
O preparo do solo é realizado visando promover melhorias nas
condições físicas e químicas do solo reduzindo ou eliminando possíveis
barreiras físicas, que resultarão no crescimento radicular, brotação e
emergência e estabelecimento de plântulas. A Usina realiza preparo de solo do
tipo convencional, tanto em áreas de expansão quanto em áreas de reforma.
Os implementos agrícolas utilizados em operações realizadas no
preparo de solo podem variar de acordo com a situação em que se encontra a
área de plantio, em geral utiliza-se grade pesada e niveladora, subsolador e
distribuidor de calcário e gesso. As operações realizadas no preparo de solo da
Usina estão descritas a seguir.
29
2.1.2 Erradicação da cultura anterior
A erradicação da cultura anterior é realizada com o intuito de evitar a
proliferação de pragas e doenças e eliminar o risco de mistura varietal. Na
Usina ocorre à erradicação mecânica através do uso de grades aradoras e a
erradicação química é realizada com glifosato, aplicando-se 8 litros por hectare.
A escolha do método de erradicação depende do estado em que se encontra a
área.
2.1.3 Calagem
A calagem é realizada de acordo com análise de solo, em média cinco
dias antes da primeira gradagem pesada para incorporação no solo. Após a
gradagem o solo permanece sem operações por mais 15 dias. A necessidade
de calagem é calculada de acordo com saturação por bases, do IAC (Instituto
Agronômico de Campinas):
NC (t/ha) = {[(V2 – V1) x CTC x f]/100
NC = necessidade de calagem, em t/ha;
V1 = saturação por bases encontrada na análise de solo;
V2 = valor que deseja elevar ;
CTC = capacidade de troca de cátions, em mmol/ dm³;
F = Fator de correção do PRNT do calcário a ser utilizado;
PRNT = poder relativo de neutralização do calcário em %;
2.1.4 Gessagem
A quantidade de gesso agrícola fornecida ao solo é calcula com base em
análises de solo e necessidade de gessagem, conforme calculo a seguir para
camadas de 25 a 50 cm:
NG (t/ha) = [(V2 – V1) x CTC]/500
NG = necessidade de gesso (t.ha-¹)
V2 = saturação por bases esperada (50%)
30
V1 = saturação por bases atual do solo na camada de 25 a 50 cm (%)
CTC = capacidade de troca catiônica na camada 25 a 50 cm (mmolc
.dm-³).(Vitti et al., 2008):
A aplicação do gesso agrícola no solo é realizada junto com a calagem,
o gesso e calcário são misturados e distribuídos de uma só vez, a fim de
reduzir o custo de uma operação.
2.1.5 Gradagem Pesada
A gradagem pesada tem o objetivo de remover totalmente as soqueiras
e incorporar o calcário no solo na camada de 0-20 centímetro. Realizada em
média cinco dias após a calagem.
2.1.6 Subsolagem
A operação tem o objetivo de descompactar as camadas do solo na
profundidade de 0-50 centímetros. Esta operação é realizada 15 dias após a
gradagem pesada.
2.1.7 Sistematização do terreno
Este processo tem o objetivo de dimensionar os talhões para facilitar a
colheita e plantio mecanizado; as linhas de sulcação são desenvolvidas de
acordo com a capacidade dos implementos a fim de evitar manobras na área
de cultivo, a distância entre os carreadores é definida conforme necessidade da
operação de colheita é realizado levantamento dos terraços e nivelamento final
do talhão para o plantio. Talhão é unidade operacional básica para cana-de-
açúcar, área e formato geométricos são variáveis de acordo com cada região.
31
Figura 1: Sistematização dos terrenos (talhões
Fonte: Autores, 2017
2.1.8 Carreadores
Os carreadores são locais por onde ocorre o trânsito de veículos durante
as operações, tanto no suprimento de insumos quanto na retirada de produção
para a indústria. O carreador pode ser também um meio de segurança, pois
previne a propagação de incêndios para outras áreas. Os carreadores têm
largura de seis metros para transito de caminhões na retirada de produção, dez
metros onde ocorrem cruzamentos de veículos, três metros quando próximos a
sulcação e cinco metros em pontos para manobra de maquinário.
2.1.9 Terraços
A construção dos terraços é feita com uma pá carregadeira e uma moto
niveladora, tem objetivo de preservar o solo contra ação das águas de chuva
facilitando a infiltração e direcionando para um escoamento natural. Os
terraços utilizados são em nível embutido, onde sua calha ou canal tem forma
triangular. A distância entre os terraços varia de acordo com a declividade do
terreno e tipo de solo.
32
Figura 2: Terraço embutido em nível.
Fonte: Autores, 2017
2.1.10 Grade niveladora
Ao final dos processos de preparo de solo utiliza-se a grade niveladora,
para quebrar os torrões e nivelar o solo para plantio, a fim de gerar maior
eficiência do implemento e evitar danos mecânicos.
33
Figura 3: Operação de grade niveladora.
Fonte: Autores, 2017
2.2 Plantio
O plantio é realizado de forma mecanizada e manual, para definir o tipo
de plantio leva-se em conta fatores como: topografia do terreno, variedade
plantada, época de plantio e disponibilidade de equipamentos. O planejamento
define a escolha da forma de plantio, variedade, época de plantio e
espaçamento para cada talhão.
2.2.1 Época de plantio
A cana de açúcar poderia ser plantada durante todo ano, porém podem
ocorrer algumas restrições quanto às características da variedade e devido a
distribuição de chuvas durante o ano. O plantio da Usina é realizado entre
janeiro e junho, enquadrando-se no período chamado de cana de ano e meio
que compreende plantios realizados entre janeiro e abril, e também no período
chamado cana de inverno que compreende plantios entre maio e agosto.
2.2.2 Mudas
34
As mudas utilizadas para a o plantio na Usina são produzidas em
viveiros comerciais, ambientes idênticos a cana para produção, porem a cana
para muda é proveniente da cana planta ou do primeiro corte da cana soca. O
corte das mudas é realizado pela colheitadeira de cana com adaptações para
preservação das mudas e obtenção de toletes no tamanho desejado, um
transbordo realiza o transporte das mudas direto para a plantadeira para o
processo de plantio. São realizados procedimentos de controle fitossanitário,
com a desinfestação dos instrumentos de corte.
Figura 4: Transbordo basculando mudas para a plantadora.
Fonte: Autores, 2017
2.2.3 Espaçamento
O espaçamento é definido de acordo com fatores operacionais,
ambiente de produção e características da variedade, devido a Usina realizar
operações mecanizadas o espaçamento adotado é o simples de 1,5 metros
entre sulcos, onde a distância entre os sulcos permanece a mesma em todo
talhão. Esse espaçamento é empregado para evitar o pisoteio das soqueiras
pelas colhedoras.
35
2.2.4 Plantio Manual
Nessa operação o trator com implemento abre o sulco e realiza
adubação; logo após uma equipe realiza o plantio manual colocando a cana
inteira nos sulcos; uma outra equipe inicia o trabalho de corte da cana inteira
deixando toletes de tamanho aproximado de 70 centímetros; após o plantio
outro trator com implemento realiza a aplicação de defensivos, fungicidas,
herbicidas e inseticidas e cobre o sulco. No plantio manual faz-se também o
repasse, onde os espaços que a cana ficou exposta são cobertos
manualmente.
Para este tipo de plantio as mudas são cortadas manualmente e
transportadas em caminhões para a área de plantio, nos caminhões as mudas
são acomodadas de maneira que facilite a distribuição no plantio. Esse sistema
apresenta vantagem de aproveitamento de mudas, um hectare fornece muda
para o plantio de cinco hectares. Como desvantagem apresenta maior tempo
de operação e alto custo com mão de obra.
Figura 5: Plantio Manual .
Fonte: Autores, 2017
2.2.5 Plantio mecanizado
36
No plantio mecanizado de cana picada as operações são realizadas de
uma só vez pela plantadora. O equipamento abre os sulcos com profundidade
entre 40 e 45 centímetros; aplica adubo, na usina utiliza-se adubo 4-30-10;
deposita os toletes de cana com tamanho entre 35 e 50 centímetros, são
lançados no sulco; e aplica os defensivos, fungicidas, herbicidas e inseticidas
sobre os toletes; por fim cobre-se os toletes, fechando os sulcos.
Após o plantio mecanizado uma equipe realiza o trabalho de repasse,
que consiste em cobrir os espaços que em que a plantadeira deixou a cana
exposta. As mudas utilizadas no plantio mecanizado de cana picada são
colhidas por uma colhedora adaptada, as adaptações consistem em mudanças
para proteger as gemas contra danos mecânicos. Após o corte as mudas de
cana picada são transportadas em transbordo direto para plantadora.
Figura 6: Plantio Mecanizado.
Fonte: Autores, 2017
2.3. Comparativo
37
Após o levantamento das operações realizadas na Usina e das
recomendações disponíveis na literatura, foram detectados alguns pontos onde
as técnicas atuais da Usina divergem da literatura (Tabela 1).
Na tabela 1 estão explícitos os dados obtidos do levantamento das
operações realizadas na Usina, as técnicas disponíveis na literatura para as
mesmas operações e os indicadores de base comparativa. Os indicadores
apresentam resultados como ótimo, determinado pela cor verde, regular, cor
amarelo e irregular em vermelho, representados respectivamente pelas
imagens a seguir: .
Em sua maioria, o preparo de solo da Usina condiz com o preparo
sugerido por diversos autores, as operações onde foram encontradas
diferenças estão esplanadas abaixo.
Avaliados como irregular significam que as operações são realizadas de
maneira diferente das técnicas encontradas na literatura e resultados
classificados como regular mostram que as técnicas empregadas na Usina são
em partes as mesmas encontradas na literatura, mas que ainda podem ser
aperfeiçoadas e classificadas como ótima indicam que a técnica utilizada na
Usina é a mesma recomendada na literatura.
Tabela 1: Comparativo operações/literatura.
OPERAÇÃO
TECNICA EMPREGADA NA
USINA
TECNICA RECOMENDADA NA
LITERATURA
INDICADORES
ERRADICAÇÃO DA CULTURA
ANTERIOR
ERRADICAÇÃO QUÍMICA SÓ
COM GLIFOSATO
ERRADICAÇÃO MECÂNICA OU
QUÍMICA
CALAGEM
- CALCULADA ATRAVÉS DE V%
- APLICADA 15
DIAS ANTES DO PLANTIO
- CALCULAR ATRAVÉS DE V %
- APLICAR 60 DIAS
ANTES DO PLANTIO
GESSAGEM
-CALCULADA ATRAVÉS DA
NECESSIDADE DE GESSAGEM
- APLICADO GESSO JUNTO
- CALCULAR ATRAVÉS DA
NECESSIDADE DE GESSAGEM
- RECOMENDA-SE APLICAR GESSO
38
Fonte: Elaborada pelos autores, 2017
A maioria dos processos de preparo de solo realizados pela Usina está
de acordo com as recomendações encontradas na literatura. Dentre as
operações realizadas, apenas a Calagem foi classificada como irregular.
COM CALCARIO APÓS A CALAGEM
GRADAGEM
PESADA
PRIMEIRA AÇÃO NA CAMADA 0-20
CM
PRIMEIRA AÇÃO NA CAMADA 0-20
CM
SUBSSOLAGEM
AÇÃO PARA DESCOMPACTAR CAMADA 0-50 CM E INCORPORAR
CALCARIO
RECOMENDADA PARA
DESCOMPACTAR CAMADAS
PROFUNDAS
SISTEMATIZAÇÃO
DO TERRENO
DIMENSIONAR TALHÃO PARA
PLANTIO
DIMENSIONAR TALHÃO PARA
PLANTIO
CARREADORES
VARIA CONFORME
LOCAL E IMPLEMENTOS
VARIA CONFORME
LOCAL E IMPLEMENTOS
TERRAÇOS
EM NÍVEL
EMBUTIDO
EM NÍVEL
EMBUTIDO
GRADE NIVELADORA
ULTIMA AÇÃO MECÂNICA,
OTIMIZA OPERAÇÃO DE
PLANTIO
REALIZAR AÇÃO PARA
DESTORROAR O SOLO PARA
PLANTIO
ÉPOCA DE PLANTIO
ANO E MEIO (FEVEREIRO A
ABRIL)
ANO E MEIO (JANEIRO A ABRIL)
MUDAS
CANA SOCA OU PRIMEIRO
CORTE (COMERCIAL)
UTILIZAR MUDAS
DE VIVEIROS
ESPAÇAMENTO
SIMPLES COM 1,5 METROS
ENTRE SULCOS
SIMPLES COM 1,5 METROS ENTRE
SULCOS
PLANTIO SEMI-MECANIZADO
OPERAÇÕES MANUAIS E
MECANIZADAS
OPERAÇÕES MANUAIS E
MECANIZADAS
PLANTIO MECANIZADO
TOTALMENTE REALIZADA POR IMPLEMENTOS
AGRÍCOLAS
TOTALMENTE REALIZADA POR IMPLEMENTOS
AGRIÍCOLAS
39
Erradicação da cultura anterior, gessagem e mudas foram classificadas como
regular, sendo o restante das operações consideradas ótimas.
As operações classificadas como regular e irregular foram listadas
abaixo acompanhadas de observações sobre os efeitos causados pelo modo
que estão sendo realizadas:
Erradicação da cultura anterior: a erradicação química quando aplicado
glifosato em altas quantidades pode causar efeitos de retardamento de
brotação e afetar negativamente o desenvolvimento do canavial que esta
sendo implantado.
Calagem: O curto período entre aplicação de calcário e plantio interfere
nos resultados da calagem. O calcário necessita de 60 dias para realizar a
reação completa com o solo, portanto no momento do plantio o solo ainda
não apresenta condições ideais para o desenvolvimento da cultura.
Gessagem: A aplicação de gesso agrícola junto com a calagem pode
interferir no resultado final, pois o gesso é mais solúvel em água. Conforme
a revisão de literatura recomenda-se que a gessagem seja realizada após
a calagem, porem a realização das operações juntas não prejudica a
produção do talhão.
Mudas: Mudas obtidas de canaviais comerciais podem reduzir a
longevidade do talhão e facilita a disseminação de doenças para outras
áreas.
Ao final do estudo sugerimos como proposta de melhoria para a Usina a
implantação de um planejamento de plantio que permita realizar a calagem
com 60 dias de antecedência, para que no momento do plantio o solo esteja
com pH ideal e disponibilize os nutrientes para suprir as necessidades da
planta; e que também permita que o plantio se encerre no mês de abril,
proporcionando que a planta inicie seu desenvolvimento com as condições
climáticas favoráveis.
A construção de um viveiro de mudas, ou a aquisição de mudas de
viveiro é outro fator que pode ser melhorado. O método atual para obtenção de
mudas funciona de maneira satisfatória, porem mudas obtidas através de
viveiros podem aumentar a longevidade dos canaviais e auxiliar no controle de
doenças.
40
Gessagem e erradicação das culturas também funcionam de maneira
satisfatória, devido a isso sugerimos que se possível realize-se um teste sobre
a aplicação da gessagem após a calagem, visando obter informações de
produtividade para a variedade utilizada, pois no estudo observamos que a
aplicação de gesso junto com calcário não prejudica o canavial, porém a
aplicação isolada pode trazer mais benefícios.
Realizando o teste seria possível analisar se a introdução de mais uma
operação é satisfatória ou não. Na erradicação de cultura apenas atentar para
a quantidade de glifosato utilizada, pois observamos que a aplicação em
excesso pode prejudicar o canavial que será implantado.
41
CONCLUSÃO
A realização do preparo de solo e plantio são feitas de maneiras
eficientes e corretas podem ser fatores determinantes na produção de uma
usina, devido a isso, há mais possibilidade de iniciar estudos que possibilitem
melhoras nesses aspectos. No estudo realizado observamos que a Usina
realiza as operações de preparo de solo e plantio de maneira adequada. A
gradagem pesada, subsolagem, sistematização do terreno, carreadores,
terraços, grade niveladora, espaçamento, plantio manual e mecanizado foram o
que estavam de acordo com a literatura; Erradicação da cultura anterior,
gessagem, época de plantio, e mudas foram que estavam pouco divergentes
da literatura; A calagem, que foi a operação que mais divergiu das
recomendações disponíveis na literatura Dessa forma a escolha das melhores
técnicas de manejo e tratos são de grande importância para conseguir a
sustentabilidade financeira da empresa.
42
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