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Anais do IX Congresso Brasileiro de Arteterapia Arteterapia no Século XXI: Diversidade e Profissionalização ASSOCIAÇÃO DE ARTETERAPIA DO ESTADO DE SÃO PAULO Anais do IX Congresso Brasileiro de Arteterapia “Arteterapia no Século XXI: Diversidade e Profissionalização” São Paulo SP Associação de Arteterapia do Estado de São Paulo 08 a 11 de Outubro de 2010

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Anais do IX Congresso Brasileiro de Arteterapia Arteterapia no Sculo XXI: Diversidade e Profissionalizao

ASSOCIAO DE ARTETERAPIA DO ESTADO DE SO PAULO

Anais do IX Congresso Brasileiro de ArteterapiaArteterapia no Sculo XXI: Diversidade e ProfissionalizaoSo Paulo SP Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo 08 a 11 de Outubro de 2010

Anais do IX Congresso Brasileiro de Arteterapia Arteterapia no Sculo XXI: Diversidade e Profissionalizao

Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo

Anais do IX Congresso Brasileiro de Arteterapia Arteterapia no Sculo XXI: Diversidade e Profissionalizao

1. Edio

So Paulo

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Anais do IX Congresso Brasileiro de Arteterapia Arteterapia no Sculo XXI: Diversidade e Profissionalizao

Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo 2010Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo Anais do IX Congresso Brasileiro de Arteterapia Arteterapia no Sculo XXI: Diversidade e Profissionalizao. - So Paulo: Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo, 2010.

ISBN 978-85-63203-30-8

1. Arte-terapia

CDD 610 CDD 150 CDD 700

Autoria Associao de Arteterapia do Estado de So Paulo AATESP www.aatesp.com.br

Organizao dos Anais Cristina Dias Allessandrini Mara Bonaf Sei Margaret Rose Batemann Pela Maria de Betnia Paes Norgren Claudia Regina Teixeira Colagrande Ronald Horst Sperling Ressalva: Os textos apresentados so de criao original dos autores, que respondero individualmente por seus contedos ou por eventuais impugnaes de direito por parte de terceiros.

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ASSOCIAO DE ARTETERAPIA DO ESTADO DE SO PAULO Diretoria Gesto 2009-2010 Diretora Mara Bonaf Sei 1. Secretria Maria de Betnia Paes Norgren 2. Secretria Dilaina Paula dos Santos 1. Tesoureira Regina Maria Fiorezzi Hardt Chiesa 2. Tesoureiro Ronald Horst Sperling Representantes da AATESP na UBAAT Cristina Dias Allessandrini Sandro Leite Conselho fiscal Claudia Regina Teixeira Colagrande Mailde Jernimo Tripoli Maria Carolina Monteiro Machado de Souza Brando Patricia Pinna Bernardo

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IX Congresso Brasileiro de ArteterapiaArteterapia no Sculo XXI: Diversidade e Profissionalizao

Presidncia Esp. Artt. Sandro Leite Vice-Presidncia Dra. Mara Bonaf Sei Comisso Organizadora Conselho Diretor da AATESP (mandato 2009-2010), ordem alfabtica: Ms. Claudia Regina Teixeira Colagrande Dra. Cristina Dias Allessandrini Ms. Dilaina Paula dos Santos Esp. Artt. Mailde Jernimo Tripoli Dra. Mara Bonaf Sei Esp. Artt. Maria Carolina Monteiro Machado de Souza Brando Dra. Maria de Betnia Paes Norgren Ps-Dra. Patrcia Pinna Bernardo Ms. Regina Maria Fiorezzi Hardt Chiesa Ms.Ronald Horst Sperling Esp. Artt. Sandro Leite Associaes Estaduais apoiadoras AARJ Associao de Arteterapia do Rio de Janeiro AARTES Associao de Arteterapia do Esprito Santo AATERGS Associao de Arteterapia do Rio Grande do Sul ABC Associao Brasil-Central de Arteterapia ACAT Associao Catarinense de Arteterapia AMART Associao Mineira de Arteterapia ARTE-PE Associao de Arteterapia de Pernambuco ASPOART Associao Potiguar de Arteterapia ASBART Associao Bahiana de Arteterapia Associao Sulbrasileira de Arteterapia UBAAT Unio Brasileira das Associaes de Arteterapia

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COMISSO CIENTFICA

Coordenao da Comisso Cientfica Dra. Cristina Dias Allessandrini Comisso Cientfica Local Esp. Artt Ana Alice Francisquetti Dra. Cristina Dias Allessandrini Ms. Deolinda M. da C. Florim Fabietti Ms.Dilaina Paula dos Santos Dra. Irene Pereira Gaeta Esp. Artt.Mailde Jernimo Tripoli Dra. Mara Bonaf Sei Esp. Artt.Margaret Rose Batemann Pela Esp. Artt. Maria Carolina Monteiro Machado de Souza Brando Dra. Maria de Betnia Paes Norgren Ps-Dra. Patrcia Pinna Bernardo Ms. Regina Maria Fiorezzi Hardt Chiesa Comisso Cientfica Nacional Dra. Ana Cludia Afonso Valladares Ms. ngela Helena Philippini Esp. Artt. Anglica Shigihara Esp. Artt. Cristina Pinto Lopes Ms. Glicia Manso Paganotto Esp. Artt. Luciana Pellegrini Baptista Silva Esp. Artt. Lucivone Carpintro Costa Silva Neves Ms. Otlia Rosngela Silva de Souza Me. Raquel M. R. Wosiack Ms. Snia Maria BufarahTommasi

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EDITORIAL

Arteterapia no Sculo XXI: Diversidade e Profissionalizao

com prazer que lhe entregamos os Anais do IX Congresso Brasileiro de Arteterapia. A temtica adotada para o congresso abordou a questo da Arteterapia no Sculo XXI, com foco na Diversidade e Profissionalizao. Neste sentido, os resumos e textos contidos nestes Anais retratam a riqueza e variedade das tcnicas utilizadas, a diversidade das abordagens tericas, bem como, as inmeras possibilidades de interveno em Arteterapia. A nosso ver, uma publicao como esta demonstra a seriedade dos trabalhos realizados, a especificidade do atendimento arteteraputico e a necessidade do reconhecimento desse campo de atuao profissional, pois o campo da Arteterapia, apesar de novo no Brasil, est se consolidando, dando frutos e demarcando uma atuao profissional especfica e valiosa. A elaborao desses anais iniciou-se com o trabalho da comisso cientfica que teve o cuidado de acolher e celebrar a diversidade ao selecionar os trabalhos que seriam apresentados no Congresso. Os momentos de trocas, de contato com os colegas foram priorizados ao longo do evento por meio desde sesses de pster dialogado at uma mesa composta pelos colegas das outras associaes discutindo a profissionalizao da Arteterapia no Brasil, com a sntese das reflexes inicialmente traadas pelos apresentadores sintetizadas neste material. Foi uma obra realizada em conjunto, com carinho e dedicao. Esperamos que ela contribua para o aprimoramento pessoal e profissional de todos e possibilite dilogo amistoso e frutfero.

Comisso Cientfica Outubro/ 2010

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Sumrio

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SUMRIO

CURSO PR-CONGRESSOFormas de trabalho em Arteterapia1 Doris Titze, Alemanha Mtodos: Papel transparente e Imagens de Ressonncia

PALESTRAtrabalho com images na terapia: analogias entre os processos artsticos e teraputicos

Die Prsenz des Bildes im kunsttherapeutischen Prozess: Zur Verbindung knstlerischer und therapeutischer Prozesse 2 Palestrante: Doris Titze, Alemanha Mediador: Sandro Leite (AATESP)

MESA TEMTICAMesa Temtica 1: ARTE e IMAGEM Mediadora: Luciana Pellegrini Baptista Silva (ASPOART)

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MT1a Deixem as imagens falar: a tcnica expressiva como recurso para a imaginao: o encontro de C. G. Jung 31 Sandro Leite, SP MT1b Elementos implicados na construo de uma representao Tatiana Fecchio Gonalves, SP MT1c A arte e a neuropsicologia nas demncias Maria Cristina Anauate, SP Mesa Temtica 2: ARTETERAPIA e PROCESSO Mediadora: Glicia Manso Paganotto (AARTES) 34

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Traduo do pr-curso feita por Karen Ferri Bernardino Trdauo da palestra feita por Ana Betina Kann

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MT2a A escrita monogrfica como um convite individuao Marcia Santos Lima de Vasconcellos, RJ

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MT2b Despertando valores de vida sustentveis o indizvel em formas visveis 47 Elisabeth da Silva Sauer, RS MT2cA cultura popular na formao do arteterapeuta Eliana Nunes Ribeiro, RJ Mesa Temtica 3: EDUCAO Mediadora: Lucivone Carpintro Costa Silva Neves (ASBART) MT3a Mito de eros e psiqu: um caminho possvel para pensar a docncia Ldia Lacava, SP MT3b Kairs, Cronos e Aeon na sala de aula Lino de Macedo, SP MT3c Dialogando com os 4 elementos para uma educao integrada Dilaina Paula dos Santos, SP MT3d Arteterapia e os valores em sala de aula Aida M. Martins de Assis, PB Mesa Temtica 4: DIFERENTES OLHARES Mediadora: Anglica Shigihara (AATERGS) MT4a Arteterapia e Cultura na Comunidade Carmen L. A. de Santana, SP MT4b Arteterapia Gestltica Selma Ciornai, SP 54 55

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MT4c sensao simbolizao: experincias psico-orgnicas e junguianas atravs da arte sensorial 84 Ana Luisa Baptista, RJ Mesa Temtica 5: CORPO e ARTE Mediadora: Cristina Dias Allessandrini (AATESP) MT5a Sempre vida Paulo Fernando Barreto Campello de Melo, PE Dra Santoth, GO MT5b Arteterapia, a psique e o corpo Paulo Toledo Machado, SP 93

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MT5c Arteterapia: um processo teraputico educativo para o sentido do viver do corpocriante 100 Maria Glria Dittrich, SC

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Mesa Temtica 6: INTERFACES Mediadora: Raquel M. R. Wosiack (ASBAT) MT6a Arteterapia e Espiritualidade Lgia Diniiz,, RJ MT6b Interfaces entre Arteterapia, Ecologia Profunda e Eco Arte Angela Philippini, RJ

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MT6c Arteterapia na ecologia humana: a busca da sustentabilidade emocional e scioambiental 117 Gislene Nunes Guimares, RS MT6d Educao esttica e arteterapia no atendimento de pacientes psiquitricos 123 Graciela Ormezzano, RS Mesa Temtica 7: TANATOLOGIA Mediadora: Maria Glria Dittrich (ACAT) MT7a Morte acidental e a morte anunciada Ana Alice Francisquetti, SP MT7b O processo de morte e a arteterapia Deolinda Fabietti, SP MT7c A morte anunciada pelo processo de envelhecimento Vera Maria Rossetti Ferretti, SP MT7d O processo de passagem Regina Fiorezzi Chiesa, SP Mesa Temtica 8: CRIANA e FAMLIA Mediadora: Otlia Rosngela Silva de Souza (AMART) 131

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MT8a A famlia na arteterapia: interveno em instituio de ateno violncia familiar Mara Bonaf Sei, SP 157 MT8b Crianas que enfrentam dificuldades com sua auto-imagem Beatriz Acampora e Silva de Oliveira, RJ MT8c O tempo e o espao no mundo da criana Mnica Guttmann, SP MT8d Lies de alquimia com a palavra: importncia de contar histrias N. Alessandra M. R. V Giordano, SP Mesa Temtica 9: DILOGOS POSSVEIS Mediadora: Mara Bonaf Sei (AATESP) 160

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MT9a Por que Arteterapia? A esttica como caminho para o ser Irene Gaeta, SP

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MT9b A arteterapia winnicottiana do "Ser e Fazer" na Universidade de So Paulo 183 Tania Maria Jos Aiello Vaisberg, SP MT9c Arteterapia: paradigmas e paradoxos Liomar Quinto de Andrade, SP 188

MT9d Efeitos da utilizao da arteterapia no contexto hospitalar peditrico: anlise do comportamento, desenvolvimento e produes plsticas 188 Ana Cludia Afonso Valladares, SP Mesa Temtica 10: SADE MENTAL Mediadora: Snia Maria Bufarah Tommasi (ACAT) 189

MT10a A interveno da arteterapia numa perspectiva de trabalhar a(re)educao emocional com pessoas portadoras de transtornos psquicos por meio das linguagens visuais 189 Glicia Manso Paganotto, ES MT10b Arteterapia - fortalecendo a autonomia de usarios da sade mental Raquel Maria Rossi Wosiack, RS Diana Celina Puffal, RS Rejane Vieira da Rosa, RS 199

MT10c A arte como vis no processo de ressignificao do paciente com transtorno de ansiedade 200 Elenrose de Paula Paesante, SE MT10d A diversidade de recursos teraputicos na arteterapia com especiais (trabalhando com autismo, psicose, deficincia mental e sndromes afins) 212 Marly Tocantins, RJ Mesa Temtica 11: NOVOS OLHARES Mediadora: Ana Alice Francisquetti (AATESP) MT11a A arte txtil na arteterapia - um estudo de caso Margaret Spohr, RS MT11b Ampliando o olhar Regina Cli de Carvalho Gabriel, RJ 213

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MT11c Quando as janelas se abrem: video documentrio sobre o papel da arte na reabilitao 224 Karina Cyrineu Vale, SP Maria Rodrigues Naves, SP Marcos Botelho, SP Jayme Pereira Jr, SP

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Mesa Temtica 12: ARTETERAPIA e JUNG Mediadora: Mrcia Bertelli Bottini (ASPOART) MT12a As deusas gregas e o fazer arte num processo de autoconhecimento Oneide Regina Depret, SP MT12b Mitologia criativa e diversidade cultural: por uma cultura de paz Patrcia Pinna Bernardo, SP MT12c Mito e Arte: labirintos iniciticos Marcos Ferreira Santos, SP Mesa Temtica 13: POSSIBILIDADES Mediadora: Cristina Pinto Lopes (ARTE-PE)

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MT13a Reflexes sobre os Resduos: o lixo concreto, imaginrio, individual e coletivo Bruna Quinet Martins, RJ 236 MT13b Arteterapia e arte-educao na formao do educador Claudia Colagrande, SP MT13c A escolha profissional em questo Sandra Britto, RJ Mesa Temtica 14: ARTETERAPIA e MEDIAO Mediadora: Deolinda Florim Fabietti (AATESP) 237

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MT14a Mediaes teraputicas-educacionais sobre histria das artes e transies entre as expresses criativas musicais e plsticas: desenvolvimento da resilincia, frente as desintegraes e danos psquicos gerados pelas violncias 251 Eloisa Quadros Fagali, SP MT14b Histria da arte e da msica vivenciada Valria Ruiz e Iraci Saviani, SP MT14c Videos experimentais em arteterapia Marilda de Camargo Credidio, PE Mesa Temtica 15: DIVERSIDADE Mediadora: Ana Cludia Afonso Valladares (ABCA) 252 253

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MT15a Um encontro entre arteterapia e educao fsica: corpo onrico e formao de professores 257 Fernanda Simone Lopes de Paiva, ES Paulo Antunes, ES MT15b Auto-retrato - recurso favorvel no processo de auto-conhecimento Patrcia Rose Teixeira Moreira, AL MT15c A arte de criar e recriar com idosos Anna Maria Saibel Santos, SP 271

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Mesa Temtica 16: PROFISSO Mediadora: Danielle Bittencourt de Souza, RJ MT16a Construindo a profisso: atual formao do profissional em arteterapia Sonia Maria Bufarah Tommasi, SC MT16b Profisso: arteterapeuta Otlia Rosngela Silva Souza, MG MT16c Perfil do arteterapeuta brasileiro Cristina Dias Allessandrini, SP Mara Bonaf Sei, SP Margaret Rose Bateman Pela, SP

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MT16d Competncias e habilidades do arteterapeuta profissional: conhecer e crescer na diversidade e no respeito do ser 297 Anglica Shigihara Lima, RS Mesa Temtica 17: ARTETERAPIA E CORPO Mediadora: ngela Helena Philippini (AARJ) MT17 Corpotico: arteterapia em linguagens corporais Andra Graupen, PE Cristina Pinto Lopes, PE Edna Ferreira Lopes, PE Mesa Temtica 18: PROMOO de SADE Mediadora: Irene Pereira Gaeta (AATESP) 297

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MT18a Arteterapia e promoo de sade: projeto de interveno multidisciplinar 304 Maria de Betnia Paes Norgren, SP MT18b A arteterapia e a humanizao dos atendimentos no hospital de custdia 315 Marise Acher, SP MT18c Arteterapia e oncologia Joel Giglio, SP MT18d Criatividade e crebro: arte e neurocincia num trabalho abrangente Maria Celeste Carneiro dos Santos, BA Mesa Temtica 19: Profissionalizao da arteterapia no Brasil MT19 Comisso Cientfica AATESP e NacionalAna Cludia Afonso Valladares (ABCA) Anglica Shigihara (AATERGS) Cristina Pinto Lopes (ARTE-PE) Luciana Pellegrini Baptista Silva (ASPOART) Maria de Betnia Paes Norgren (AATESP) Raquel M. R. Wosiack (ASBAT) ngela Helena Philippini (AARJ) Cristina Dias Allesandrini (AATESP) Glicia Manso Paganotto (AARTES) Lucivone Carpintro Costa Silva Neves (ASBART) Otlia Rosngela Silva de Souza (AMART) Snia Maria Bufarah Tommasi (ACAT)

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PSTERES DIALOGADOSPSTER DIALOGADOa Mediadora: Anglica Shigihara (AATERGS)

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P1 Pster 01 Impacto do processo de arteterapia na qualidade de vida do portador de esclerose mltipla Rita Carolina Petz Sartori, SP 335 P2 Pster 02 Projeto cor & amor Claudia Eliane Martinez, SP Regina Clia de Camargo Heyn, SP P3 Pster 03 Projeto mais: manifestaes de arte integradas sade Maria de Ftima Gaspar Pinheiro Lenie Campos Maia, PE Artur Duvivier Ortenblad, PE Cladia ngela Vilela, PE Mrio Sette, PE Abel Neto, PE Iracema da Silva Frazo, PE

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P4 Pster 04 A arteterapia na reabilitao de adolescentes usurios de drogas psicoativas e no fortalecimento da parceira ensino-servio 340 Ana Cludia Afonso Valladares, GO Mariana Teixeira da Silva, GO P5 Pster 05 Terapias artsticas complementarias al proceso de rehabilitacin infantil y su impacto en la calidad de vida 341 Macarena Rivas Ebner Patricia Vergara P6 Pster 06 Oficinas de arte e artesanato na reabilitao de dependentes qumicos CAPS AD - Alvorada - RS 342 Sandra Helen Bittencourt Meyer, RS P7 Pster 07 Utilizao da construo em arteterapia com dependentes qumicos Ana Cludia Afonso Valladares, GO Dayane Moreira Rocha, GO PSTER DIALOGADOb Mediadora: Regina Fiorezzi Chiesa (AATESP) Pster 08 P8 O mgico que transforma folhas em pssaros Sabrina Pereira, RS

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P9 Pster 09 Da reintegrao individuao: o uso de mandalas e uma experincia da superviso a coviso 355Silvana Mrcia Pereira Mendes, BA Lucivone Carpintero Costa Silva Neves, BA

P10 Pster 10 Tecendo o re-nascimento atravs da mitopoiese: criao potica em arteterapia 360 Paula Franssinette da Silva, PE P11 Pster 11 O resgate da identidade do esquecido: o estandarte em arteterapia Paola Rosa da Silva Guimares, RJ P12 Pster 12 A terra e voc: a relao com o meio ambiente num trabalho arteteraputicoDaniela Amaral, BA Cristina Dias Allessandrini, SP

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P13 Pster 13 Diversidade e interao Mara Regina Grebogy, SP P14 Pster 14 Arteterapia como cuidado paliativo Ana Carolina Wiermann Rocha, SP P15 Pster 15 Jogos de domin: facilitando o resgate da sade Flora Elisa de Carvalho Fussi, GO PSTER DIALOGADOc Mediadora: Eliana Cecilia Ciasca, SP P16 Pster 16 Arteterapia e relacionamento intergeracional Ronald Horst Sperling, SP

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P17 Pster 17 A arteterapia na sala de espera da clnica odontolgica para pessoas idosas do programa envelhecer sorrindo 411Valeria Cavallari Ferreira Collier, SP Rita Cecilia R. Ferreira, SP Maria Luiza Frigerio, SP

P18 Pster 18 A arteterapia na sala de esperaAmana Perrucci Toledo Machado, SP Margaret Rose Bateman Pela, SP

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P19 Pster 19 Arte contribuio formao de estudantes dos cursos da rea da sadeLenita Barreto Lorena Claro, RJ

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Vera Regina dos Santos Montezano, RJ Clia Sequeiros da Silva, RJ

P20 Uma abordagem circular do conhecimento na formao do arteterapeuta Ldia Lacava, SP Oneide Regina Depret, SP Patrcia Pinna Bernardo, SP

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P21 Pster 21 Arteterapia na Educao - possibilidade de apoio ao estudante: a criao como processo de autoconhecimento e transformao 425 Tnia Mara Mattiello Rossetto, RS P22 Pster 22 Rompendo barreiras: os desenhos do medo e o suporte da literatura Marilice Costi, RS Moreira Roc PSTER DIALOGADOd Mediadora: Maria Celeste Carneiro dos Santos, BA

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P23 Pster 23 A interdisciplinaridade entre fonoaudiologia e arteterapia propiciando melhor qualidade de vida: estudo de caso 428 Rosana Maria Ostroski, SC Sonia Maria Bufarah Tommasi, SC P24 Pster 24 Dilogo entre arteterapia e arte-educao Claudia Colagrande, SP

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P25 Pster 25 Arteterapia e o estado de presena do (re)estabelecimento da sade: um estudo de caso Ana Maria Stein Giro, ES 430 P26 Pster 26 Cazuza: a vida imita a arte ou a arte imita a vida? Marina Maniezo de Moraes, SP P27 Pster 27 A influncia da arte nos processos de cura Beatriz de Castro Linzmayer, SP Cristina Dias Allessandrini, SP

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P28 Pster 28 Os nove anos da biografia humana. Correlao entre a pedagogia Waldorf e a arteterapia Alda Luba, SP 454 P29 Pster 29 Por que trabalhar com diversos materiais artsticos no setting arteteraputico? Karen Ferri Bernardino, SP

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TEMAS LIVRESARTETERAPIA e FAMLIAMediadora: Flora Elisa de Carvalho Fussi (ABCA)

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TL1 Tema Livre 1 Arteterapia e a mulher: resgate do potencial criativo de mulheres vtimas de violncia domstica e sexual 475 Melina del' Arco de Oliveira, SP TL2 Tema Livre 2 Arteterapia e criatividade no mbito da violncia familiar Ana Lcia Ponce Ribeiro Casanova, SP Mara Bonaf Sei, SP TL3 Tema Livre 3 O encontro com a deusa: resgate do feminino arquetpico atravs da arte Amana Perrucci Toledo Machado, SP TL4 Tema Livre 4 Monstro ou anjo? A busca da integrao Flora Elisa de Carvalho Fussi, GO

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DIFERENTES MATERIALIDADESMediadora: Deolinda Florim Fabietti (AATESP)

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TL5 Tema Livre 5 Fotografia e vdeo na avaliao de processo arteteraputico com grupo de adolescentes institucionalizados 505 Betina Schmid, SP TL6 Tema Livre 6 O processo arteraputico atravs da escultura em pedra-sabo Josiane Paraboni, RS TL7 Tema Livre 7 Arte culinria: uma conexo criativa e teraputica Mailde J. Tripoli, SP TL8 Tema Livre 8 Tecnologias de convergncia em arteterapia e produo de novos sentidos Anita Rink, RJ Andra Niedo, RJ Marsyl Bulkool Mettrau, RJ

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ARTETERAPIA e CRIANAMediadora: Dilaina Paula Santos (AATESP)

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TL9 Tema Livre 9 Sc - XXI O desenho como uma vlvula de alvio para tenses sexuais em crianas de 12 a 13 anos Marilene P. Monteiro Jardim, SP 532 TL10 Tema Livre 10 Arteterapia com grupos de crianas: benefcios do grupo no desenvolvimento individual e na capacidade de interao 538 Luana de Andr Sant'Ana, SP TL11 Tema Livre 11 Desenhando a vida. A ao arteteraputica do desenhar para crianas filhas de pais separados ou ausentes 540 Jaime Batista Tavares, GO TL12 Tema Livre 12 Cartas s mes: uma proposta de arte reabilitao na humanizao hospitalar com mes de portadores de mielomeningocele 553 Mariana Custodio Farcetta, SP Ana Alice Francisquetti, SP

ESPAOS DE ATUAOMediadora: Eloisa Quadros Fagali, SP

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TL13 Tema Livre 13 Diversificando espaos para cuidar do ser humano: oficinas de criatividade com abordagem arteteraputica no espao escolar 554 Tnia Mara Mattiello Rossetto, RS TL14 Tema Livre 14 Atuao do arteterapeuta em organizao no governamental Ana Clia Soares Gomes, SP TL15 Tema Livre 15 Arteterapia nas relaes interpessoais ao longo dos ciclos de vida Ronald Horst Sperling, SP

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RESGATE DA SADEMediadora: Lidia Lacava, SP

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TL16 Tema Livre 16 Faa Memrias. A Arteterapia estimulando a memria por meio de visitas s exposies de Arte do Museu Brasileiro da Escultura em So Paulo 586 Cristiane Tenani Pomeranz, SP Juliana Naso, SP

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TL17 Tema Livre 15 A arteterapia como coadjuvante no tratamento da doena de Alzheimer Eliana Cecilia Ciasca, SP Rita Ceclia Ferreira, SP

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TL18 Tema Livre 18 Arteterapia e biodana - recursos para avaliar os contedos subjetivos da dor crnica em um grupo de pacientes reumticos 595 Khenia Christina Fernandes Areda, ES TL19 Tema Livre 19 A arte como elemento de psicooncopediatria Josefa da Cunha

contato nos

procedimentos paliativos aplicados na 605

SADEMediadora: Bruna Quinet Martins, RJ TL20 Tema Livre 20 Hipertenso arterial: tenso a flor da pele Elenrose de Paula Paesante, SE

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TL21 Tema Livre 21 A arteterapia no trabalho psicoprofiltico da gestao, parto e puerprio nascer com mor Tereza Cristina Tecchio Dobs Daud, SP 624 TL22 Tema Livre 22 Arteterapia e grupo na hemodilise: recriao de hbitos e reflexes sobre o ciclo vidamorte-vida, em pacientes e profissionais 625 Ideli Domingues, SP TL23 Tema Livre 23 Eu criana, eu adulto: resgatando a alegria e a criatividade no processo de viver. Oficinas de Arteterapia aplicada a grupos de mulheres portadoras do HIV 633 Gracia Maria Mendes Gonalves, BA

PROCESSOSMediadora: Alessandra Giordano, SP

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TL24 Tema Livre 24 Aplicacin del rbol de la vida a travs de terapia de artes expresivas en diversos contextos comunitrios 637 Francisca Lizana, EUA

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TL25 Tema Livre 25 A relao arteterapia e meio ambiente no contato com a natureza Daniela Amaral, BA Cristina Dias Allessandrini, SP TL26 Tema Livre 26 O processo - como estamos nos construindo Regina Leopardi Goncalves, SP Maria Conceio Selk, SP Simone Codarim, SP Maria de Lourdes Vieira Oliveira, SP TL27 Tema Livre 27 A arteterapia sob a luz da psicanlise winnicottiana Karen Ferri Bernardino, SP

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FORMAOMediadora: Maria de Betnia Paes Norgren (AATESP) TL28 Tema Livre 28 A formao do arteterapeuta na sociedade de crise Maria Glria Dittrich, SC

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TL29 Tema Livre 29 Experincia da disciplina de arteterapia no currculo da Faculdade de Cincias Mdicas Universidade de Pernambuco-UPE 653 Paulo Fernando Barreto Campello de Melo, PE Cibele Silveira Pinho, PE Juliana Bezerra Farias, PE Rita Medeiros Ferreira, PE Helena Ferreira Cerqueira, PE Diana Maria Gouveia Aires, PE TL30 Tema Livre 30 Arte contribuio formao de estudantes dos cursos da rea da sade Lenita Barreto Lorena Claro, RJ Vera Regina dos Santos Montezano, RJ Clia Sequeiros da Silva, RJ

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TL31 Tema Livre 31 Arteterapia: processo de implantao no centro de prticas integrativas e complementares da secretaria de sade e assistncia Social do municpio de Pindamonhangaba e formao de rede 661 Maria de Ftima Barros Santos, SP

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ARTETERAPIA e PSIQUIATRIAMediadora: Liana Santos Souza (ASPOART) TL32 Tema Livre 32 Esquizofrenia: na literatura, na arte, na psiquiatria. Um estudo de caso Sonia Maria Bufarah Tommasi, SC TL33 Tema Livre 33 Atuao do arteterapeuta em CAPSI Rovena Jahel Boreli, ES

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TL34 Tema Livre 34 Levei o trinco para casa: cartografias em uma unidade psiquitrica, com arteterapia Katherine Lerner Bilhar Kolling, RS 679 Raquel Maria Rossi Wosiack, RS TL35 Tema Livre 35 Oficinas de arte e artesanato na reabilitao de dependentes qumicos CAPS AD - Alvorada RS 693 Sandra Helen Bittencourt Meyer, RS

INSTITUIOMediadora: Margaret Rose Bateman Pela (AATESP)

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TL36 Tema Livre 36 Arteterapia e gesto de recursos humanos: interfaces entre pessoal, profissional e organizacional 704 Laudiceia Aparecida Veloso dos Santos, CE TL37 Tema Livre 37 Arteterapia como trabalho de apoio as vtimas de sociopatas em empresas Wanderley Alves dos Santos TL38 Tema Livre 38 A arteterapia aplicada em empresas Marly Tocantins, RJ TL39 Tema Livre 39 A arteterapia como recurso para a construo do "Ser Psicopedagogo" Sandra Meire de Oliveira Resende Arantes, MG

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DIFERENTES INSERESMediadora: Claudia Colagrande (AATESP)

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TL40 Tema Livre 40 O resgate do prprio corpo - um processo arteteraputico com grupo de crianas institucionalizadas 722 Sandra Maria Casellato Carnasciali, SP

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TL41 Tema Livre 41 Trabalhando a mitologia grega em arteterapia com adultos-jovens adictos hospitalizados Ana Cludia Afonso Valladares, GO 728 Jssica Pereira Rodrigues dos Santos, GO TL42 Tema Livre 42 Teatro na carceragem Jitman Vibranovski, RJ

728

TL43 Tema Livre 43 Mdia e arte na produo do sentido: da passividade do espectador emancipao do homem pela criao 729 Raquel Coneglian Franchito, SP

ARTETERAPIA E POSSIBILIDADESMediadora: Maria Angela Gaspari, SP

745

TL44 Tema Livre 44 A ressignificao da imagem no envelhecimento atravs do processo arteteraputico Rosangela Rahal Polati, SP 745 TL45 Tema Livre 45 Aprender e envelhecer: Picasso atravs dos seus auto-retratos Graciela Ormezzano, RS TL46 Tema Livre 46 Projeto Conviver com Arte Gilda Maria Giovannone, SP Ana Rosa de Andrade, SP TL47 Tema Livre 47 Origami em educao e arteterapia Cilene R. Marstica Alberto, SP Sandra E. Jamelli L. Cabral, SP Sonia M. Bufarah Tommasi, SP

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ARTETERAPIA COM CRIANASMediadora: Mara Bonaf Sei (AATESP)

757

TL48 Tema Livre 48 Traos que falam, cores que pintam um novo amanh - arteterapia com crianas Down Aline Maria Lubambo Lyra Pires, PE 757 ngela Doherty Ayres, PE TL49 Tema Livre 49 Arteterapia com autistas: benefcios das atividades sensoriais e motoras Marcieli Cristine do Amaral Santos, SP

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TL50 Tema Livre 50 Arteterapia: uma experincia em internao psiquitrica infantil Lidiele Berriel de Medeiros, RS Katiane Secco, RS Andreza Noronha, RS

777

ARTETERAPIA E ONCOLOGIAMediadora: Gracia Maria Mendes Gonalves, BA

784

T51 Tema Livre 51 Arteterapia em movimento: o dilogo entre a diversidade e a humanizao, nos hospitais e centros de apoio no cuidar da criana e o adolescente com cncer 785 Marise Acher, SP TL52 Tema Livre 52 Arteterapia - um caminho para superar as dificuldades contra o cncer Anna Karenina Gomes de Queiroz, RN Soraya Wanderley de Lima, RN

795

TL53 Tema Livre 53 A estimulao da expresso corporal na arteterapia com mulheres com cncer de mama Ivana Mariani Michelon, RS 801 TL54 Tema Livre 54 Arteterapia como instrumento auxiliar na oncologia Ana Carolina Wiermann Rocha, SP

806

DIVERSIDADEMediadora: Mailde J. Tripoli (AATESP)

807

TL55 Tema Livre 55 As vantagens e os inconvenientes do uso da tcnica de 'visualizao' na prtica da arteterapia - reflexes e exemplos 807 Paulina Nlibos, RS TL56 Tema Livre 56 Relaes desafiadoras do canto: um espao de criao expressiva Artemisa de Andrade e Santos, RN TL57 Tema Livre 57 A arte como recurso de reorganizao na melhoria da autoestima Meire Alencar de Oliveira, SP

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TL58 Tema Livre 58 O arteterapeuta: aquele que transita com o outro, vIsando a sade integral e a autossustentabilidade 815 Silvia Helena do Valle Nogueira, SC

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ARTETERAPIA E DIVERSIDADE TL59 Tema Livre 59 Trajetrias da desrazo. Vidas silenciosas e marginais Mara Evanisa Weinreb, RS TL60 Tema Livre 60 Depoimentos por e-mail: uma escrita teraputica? Marilice Costi, RS TL61 Tema Livre 61 Arteterapia tecendo a criatividade como estratgia na aprendizagem Izilda Carvalho Carnasciali, SP

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TL62 Tema Livre 62 Objetos e vidas em transformao: a utilizao da sucata como possibilidade de interveno em arteterapia 850 Maria Helena Carvalho de Oliveira, SP Mara Bonaf Sei, SP

ARTETERAPIA E JUNGMediadora: Patrcia Pinna Bernardo (AATESP) TL63 Tema Livre 63 A mscara e a persona no processo arteteraputico Valeria Valerio Batista, SP TL64 Tema Livre 64 Umbigo de eros criao cnica em campo mtico-pessoal Vanessa Gelli Nunes Rocha, DF TL65 Tema Livre 65 Descobrindo uma guerreira amazona Guilherme Giani Peniche, SP

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OFICINASOF1 Oficina 1 A oferenda e o dom: caminhar com oxum em busca das guas doces Eliana Nunes Ribeiro, RJ OF2 Oficina 2 O conto e a alquimia da arte narrativa no sculo XXI. Para que serve? Alessandra M. R.V Giordano, SP OF3 Oficina 3 As inteligncias criadoras Danielle Bittencourt de Souza, RJ Maria Vanitza Mariate Fleury, RJ

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OF4 Oficina 4 Teatro alqumico e reabilitao neurolgica, um encontro na contemporaneidade Marilia Castello Branco, SP 905 Nicholas Wahba, SP OF5 Oficina 5 Mandalas - instrumento de avaliao e diagnstico Irene Pereira Gaeta, SP OF6 Oficina 6 O arqutipo selvagem da mulher Josiane Paraboni, RS OF7 Oficina 7 Dilogos criativos entre tempo-espao Mnica Guttmann, SP OF8 Oficina 8 Danas Circulares... Sagrados Movimentos Arquetpicos Denise Oliveira Nagem Marques, RJ

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OF9 Oficina 9 Arteterapia no sculo XXI: diversidade e simbolismo no processo de alfabetizao de crianas 921 Bianca Isabela Acampora e Silva Ferreira, RJ OF10 Oficina 10 O valor da imitao (imagens do inconsciente) Claudia Colagrande, SP OF11 Oficina 11 Compartilhando arte Maria Margarida Moreira Jorge Carvalho, SP

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OF12 Oficina 12 Descubra qual deusa grega habita em voc Rossana Loureno, RJ OF13 Oficina 13 Teatro, dana e expresso corporal como tcnicas em arteterapia Marly Tocantins, RJ OF14 Oficina 14 Projeto Cor & Amor: a dor e a superao no ambiente hospitalar Claudia Eliane Martinez, SP Regina Clia de Camargo Heyn, SP OF15 Oficina 15 Confeco de mandalas: estimulando o masculino atravs da mitologia grega Oneide Regina Depret, SP OF16 Oficina 16 O mito de Orfeu: kali yuga,a noite negra da alma e conscincia csmica Rodolfo Berg, RJ

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OF17 Oficina 17 De Dioniso a Apolo: equilibrando entusiasmo e razo no setting arteteraputico Romney Oliveira, RJ 937 Eliane Guedes, RJ Flavia Curty, RJ OF18 Oficina 18 A alquimia nos mitos e contos e a arteterapia Patrcia Pinna Bernardo, SP OF19 Oficina 19 A sacralidade da experincia cotidiana: reescrevendo o tempo Cristina Pinto Lopes, PE OF20 Oficina 20 Expressando e modelando no barro as imagens internas Margarida Maria de Oliveira Santos, RJ OF21 Oficina 21 Argila, emoo, profisso Liana Santos Souza, RN Mrcia Bertelli Bottini, RN OF22 Oficina 22 Danando e vivenciando a existncia Carolina Nani, RJ Ana Luisa Baptista, RJ OF23 Oficina 23 Arbol de la vida Francisca Lizana, EUA

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OF24 Oficina 24 Mil e uma noites de contos e cura Marcia Santos Lima de Vasconcellos, RJ OF25 Oficina 25 Viva a sua experincia, abra a sua caixa e escute a voz interior de sua Pandora Maida Correa Santa Catarina, SC OF26 Oficina 26 Meu corpo, minha casa Dra Santoth, GO Paulo Fernando Barreto Campello de Melo, PE

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OF27 Oficina 27 A roda xamnica de cura: articulaes arteteraputica entre a mitologia tupy guarany, a anlise psico-orgnica e a psicologia junguiana 969 Ana Luisa Baptista, RJ Carolina Nani, RJ OF28 Oficina 28 Van Gogh - do amarelo ao roxo - misso e arte Antonio Sidney Francisco, SP OF29 Oficina 29 Corta papel, enrola corpo, dobra corpo, torce papel Regina Santos, SP Vera Maria Rossetti Ferretti, SP OF30 Oficina 30 Rito em performance: o territrio do si mesmo Gabriela Cabral, PE Lau Verssimo, PE OF31 Oficina 31 A criao do vazio frtil Eliana Cecilia Ciasca, SP OF32 Oficina 32 Re-flexivo Willian Jos da Silva, SP OF33 Oficina 33 Desenvolvimento da identidade do arteterapeuta Liomar Quinto de Andrade, SP

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OF34 Oficina 34 Narcisismo: uma proposta de ensino com recursos expressivos para arteterapeutas Paola Vieitas Vergueiro, SP 999 OF35 Oficina 35 Teatroterapia Jitman Vibranovski, RJ

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OF36 Oficina 36 Libertando o corpo, liberando o trauma! Reveca Bouqvar, SP Ana Sacerdote, SP

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OF37 Oficina 37 Realidade multifacetada a aprendizagem: novos olhares, novos saberes Dilaina Paula dos Santos, SP OF38 Oficina 38 A fbula e a caviardage na construo da singularidade Marilice Costi, RS OF39 Oficina 39 Movi-ment-ao: corpo e fotografia em stop motion Carolina Cosentino, PE Maria Lgia Leite, PE

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OF40 Oficina 40 O acidente de percurso, como lidamos com os imprevistos, dificuldades e perdas no processo de vida 1005 Kira Burro, RS OF41 Oficina 41 Reconstruindo a auto-estima Marta Horvath, SP OF42 Oficina 42 O Barro na Construo do Ser Arteterapeuta Maria Angela Gaspari, SP

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OF43 Oficina 43 Oficina de Criatividade: A Teia da Vida como possibilidade de conhecer e ressignificar laos estruturais 1011 Maria Helena Carvalho de Oliveira, SP OF44 Oficina 44 Percebendo e resignificando os espaos sagrados que habitam em ns Elisa Averbuh Tesseler, RS OF45 Oficina 45 Mandalas - Construindo Caminhos: um Processo Arteteraputico Regina Fiorezzi Chiesa, SP

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Mesas Temticas

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Mesa Temtica 1: ARTE E IMAGEMMediadora: Luciana Pellegrini Baptista Silva (ASPOART)

MT1a Deixem as imagens falarem: a tcnica expressiva como recurso para o encontro com as imagens: o caso Jung Sandro Leite3, SP

Resumo: O dilogo que Jung estabeleceu com suas imagens internas em um perodo marcado por grande movimentao psquica pode ser denominado por Betrachten, ou seja, o ser engravidado pelas imagens que emergem espontaneamente; experincia correlata s descritas por John Ruskin e Martin Buber. A partir disso, apresentou-se para Jung uma nova janela para deixar que as coisas acontecessem por vontade prpria, ou seja, espontaneamente, condio esta que abriu precedentes para alterao em seu modo de atuao clinica. Essa abertura possibilitou que os pacientes pudessem se expressar artisticamente: pintando, desenhando, esculpindo, danando, compondo msica ou poesia. Em virtude disso, a insero definitiva dos recursos artsticos na terapia, por meio das tcnicas expressivas, desvelou uma corrente de modalidades teraputicas que j vinha se desenvolvendo, entre elas a arteterapia. As tcnicas expressivas funcionam como agentes potentes na qualidade de transposio das imagens internas em imagens concretas, razo pela qual possvel deixar que elas falem por si mesmas e, assim, poder dialogar com elas. Palavras-chave: imagem, Jung, betrachten, tcnica expressiva, arteterapia.

As imagens, assim como as histrias, nos informam (Manguel, 2001, p. 21)

No confronto com seu inconsciente, perodo comumente chamado de doena criativa, Jung se deparou com um contingente de imagens, muitas das quais esboavam no s sua condio sfrega de embate interior, mas tambm apontavam para uma dimenso alm-pessoal, justificadas mais tarde a partir da noo de inconsciente coletivo. O grande perigo desse confronto foi, e , o transbordamento do inconsciente sobre a conscincia, podendo vir a desenvolver-se, segundo Jung, um estado psictico. No mais, contribui para a ampliao da conscincia, diminuio da influncia do inconsciente e transformao da personalidade (Jung, 2008).3

Artista-Educador, Arteterapeuta (AATESP 023/1203), Professor Universitrio da rea de Artes e Arteterapia, Mestrando em Psicologia Clnica (Estudos Junguianos PUCSP), Membro do Conselho Diretor da AATESP e Representante da AATESP na UBAAT (Unio Brasileira das Associaes de Arteterapia), Lattes: http://lattes.cnpq.br/0243480357395951, Email: [email protected].

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Esse momento foi marcado pelo rompimento com Freud aps alguns anos de intensa relao e produo intelectual. Sentindo-se desorientado, Jung mergulhou em um profundo processo de isolamento profissional e tambm em relao a seus amigos. Nesse embate consigo mesmo, apegou-se a suas imagens internas que pululavam intensamente, pois deparou-se com profundidades das quais ns podemos apenas aludir por meio de imagens, histrias, mitologias (Guggenbhl-Craig, 1996, p. 126). Nesse movimento de deixar vir, processou-se um importante marco em sua vida. O exerccio de deixar as coisas acontecerem foi condio sine qua non para que as imagens pudessem tomar forma, primeiro como fantasias, memrias de criana e depois como representaes visuais (desenhos, pinturas). Em um momento posterior, muitas dessas imagens assumiram o formato circular (mandalas), que depois foram entendidas como o movimento natural da psique em direo ao centro, como modo de organizao e estruturao psquicas (Jung, 1991, 1998; Stern, 1977). Diante das imagens, possvel deixar-se engravidar por elas Betrachten (Jung, 1976; Humbert, 1988). Interessantemente, Leonardo da Vinci recomendava a seus discpulos que fitassem, por exemplo, um muro cuja pintura estivesse envelhecida. Diante dessa contemplao seria possvel, com o tempo, ver cavalarias, batalhas, paisagens (Merejkowski, 1902). Esse processo de incubao permite que a imagem primeiro sensibilize o espectador para depois abrirlhe as portas da compreenso. Processo semelhante foi descrito por John Ruskin e Martin Buber. O primeiro descreve, em seu dirio,como, sendo um jovem em viagem Itlia por razes de sade e tendo parado durante o percurso em uma estalagem, sentiu-se de tal modo doente que chegou a questionar sua capacidade para prosseguir a jornada. Desesperado, tentou sair da estalagem como pde, aos tropeos; caminhou pelo caminho das carroas at cair em um barranco, incapaz de prosseguir. No entanto, acabou vendo-se a fitar uma rvore, um salgueiro. Finalmente, sentou e comeou a desenh-la. Desenhou a rvore inteira e ao faz-lo teve uma experincia emocional, imaginativa, de entender todas as rvores, e descobriu tambm que seu sentimento de estar prximo morte havia desaparecido; foi capaz de terminar a viagem at a Itlia (Ruskin apud Milner, 1991, p. 235).

J Buber relata que pode vir a acontecer, pela combinao de uma graa e do arbtrio, que eu, ao contemplar a rvore, fique envolvido pelo relacionamento com ela, e ela ento deixar de ser um Objeto [It]. A fora da totalidade me capturou (Buber apud Grau, 2007, p. 231). O dilogo com as imagens internas que se manifestaram espontaneamente, muitas das quais foram materializadas plasticamente (Jung, 2010), abriu caminho para que Jung decidisse priorizar a vontade do paciente em como se expressar (Jung, 1998), em detrimento diretividade da associao de palavras, ou seja, Jung ampliou seu modo de atuao clnica valorizando o aspecto vivencial inerente s atividades expressivas (Byington, 1993).

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Como o prprio Jung (1998, p. 19) coloca, muitas vezes impe -se a necessidade de esclarecer contedos obscuros, imprimindo-lhes uma forma visvel. Pode-se fazer isto, desenhando-os, pintando-os ou modelando-os. Nesse sentido, o poder da imagem reside na apreenso de uma realidade interior que toma uma forma exterior. Para Kugler (1997, p. 71), enquanto Freud construiu sua teoria postulando o mundo do desejo (eros), Jung o fez a partir do princpio do mundo das imagens, ou seja, a imagem o mundo na qual a experincia se revela. A imagem constitui a experincia. A imagem psique. Com esse processo de descoberta pessoal por meio das imagens, Jung estabeleceu um novo paradigma caracterizado pela experincia do revelar-se imageticamente como ponte entre as realidades interna e externa. Fazendo isso, contribuiu para se pensar na efetividade das tcnicas expressivas e sistematizao das modalidades teraputicas que tm como fundamento a utilizao dessas tcnicas, como a arteterapia.

Referncias BYINGTON, Carlos Amadeu B. Uma avaliao das tcnicas expressivas pela psicologia simblica. So Paulo, Junguiana, v. 11, 1993, p. 134-149. GRAU, Oliver. Arte virtual: da iluso imerso. So Paulo: UNESP, SENAC, 2007. GUGGENBHL-CRAIG, Adolf. From the Other Side: a paradoxical approach to psychology. 2. ed. Woodstock, Connecticut: Spring Publications, 1996. HUMBERT, Elie. C. G. Jung: The Fundamentals of Theory and Practice . Wilmette, Illinois: Chiron Publications, 1988. JUNG, Carl Gustav. Vision Seminars, Books 1 and 2. Zrich: Spring Publications, 1976. ______. Psicologia e Alquimia. Petrpolis, RJ: Vozes, 1991. (Obras Completas de C. G. Jung, V. XII). ______. A natureza da psique. 4. ed. Petrpolis, RJ: Vozes, 1998. (Obras Completas de C. G. Jung, v. VIII/2). ______. O eu e o inconsciente. 21. ed. Petrpolis: Vozes, 2008. ______. O livro vermelho: Liber Novus. Petrpolis, RJ: Vozes, 2010. KUGLER, Paul. Psychic Imaging: a Bridge between Subject and Object. In: YOUNGEISENDRATH, Polly; DAWSON, Terence. The Cambridge Companion to Jung. United Kingdom: Cambridge University Press, 1997. MANGUEL, Alberto. Lendo imagens: uma histria de amor e dio. So Paulo: Companhia das Letras, 2001. MEREJKOWSKI, D. The Romance of Leornardo da Vinci. New York: Putmans Sons, 1902. MILNER, Marion. A loucura suprimida do homem so: quarenta e quatro anos explorando a psicanlise. Rio de Janeiro: Imago, 1991. STERN, Paul J. C. G. Jung: o profeta atormentado. Rio de Janeiro: DIFEL, 1977.

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MT1b Elementos implicados naconstruo de uma representao Tatiana F. Gonalves 4

Resumo: A forma com a qual uma imagem construda, d-se em funo de uma srie de fatores determinantes como os materiais, a experincia do autor, a forma de compreenso daquilo que representado e a forma de apreenso social e cultural daquilo que representado. Tomando a representao da figura do louco e do conceito da loucura como temtica da construo de representaes, este paper tem por objetivo evidenciar algumas das dinmicas implcitas nos processos construtivos de uma imagem. A importncia desta discusso no campo da Arteterapia realizarmos que, na construo de uma representao, e desta forma, aquilo que uma imagem se nos apresenta, no apenas observamos a subjetividade de um indivduo, mas todo um encadeamento naturalizado na cultura de formas de perceber que inclusive nos implicam como observadores ativos do processo de decodificao. Palavras-chave: representao, loucura, estudos culturais.

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MT1c A arte e a neuropsicologia nas demncias Maria Cristina Anauate5, SP

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Doutora em Artes/ Unicamp (FAPESP) com estgio sanduche PDEE na Wellcome Trust Centre for the History of Medicine/ UCL Londres (CAPES); Mestre em Artes/ Unicamp (2004); Bacharel e Licenciada em Educao Artstica/ Unicamp (2001). Especialista em Arteterapia/ Unicamp (2003) e especialista em Artes e Novas Tecnologias na Universidade de Braslia/ UnB (2005). Membro dos grupos de Pesquisa: Transferncia Cultural entre Europa e Amrica Latina (IA/ Unicamp) e Desenvolvimento, Linguagem e Prticas Educativas (FCM/ Unicamp). Contatos: [email protected] (19) 9735.5460 CV:

http://lattes.cnpq.br/43643352402132115

Terapeuta Ocupacional (USP- 1980) Estudos em reabilitao neuropsicolgica no Oliver Zangwill Centre (Ely- Inglaterra) e Arte Terapia no Sedes Sapientiae Ex - membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNp) (2009) Experincia docente e clnica em reabilitao neurolgica e neuropsicolgica em interveno e preveno e na aplicao de recursos artsticos como meio de interveno Coordenadora e criadora do Espao Viver com Arte ministrando cursos nas reas de neuropsicologia, reabilitao neuropsicolgica e arte. Endereo: Rua Pirandello, n.761 -Brooklin Paulista SP SP. Tel: 11 55331029 / 11 99902630. E-mail: [email protected]

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Resumo: A pesquisa sobre a percepo dos conceitos e a ligao dos sistemas perceptivos e motores para a transcrio do que imaginado (arte no crebro) tem sido desenvolvida atravs das doenas neurodegenerativas. Este estudo vem embasando profissionais que atuam em intervenes neuropsicolgicas por meio da arte, sendo que, nas demncias, a arte se constitui num recurso vlido reorganizando circuitos neurais com ampliao de redes, pois promove processos criativos motivacionais ainda possveis e novos campos de interesse. Os trabalhos para esses pacientes proporcionam a noo de identidade, combatendo sentimentos de impotncia e validando emoes. Os objetivos so minimizar o dano comportamental, sustentar as bases da personalidade e autoestima, promover a comunicao noverbal e dar suporte, manuteno e preveno ao avano da demncia com o foco maior sobre as competncias do que as dificuldades. As estratgias envolvem treino cognitivo especfico para funes comprometidas e abordagens compensatrias internas e externas em atividades com tcnicas artsticas variadas compondo o desenho do tratamento. Concluindo, a arte nas demncias tem um papel organizador e equilibrador, trazendo ao paciente o olhar sobre a beleza prpria atravs de suas produes e assim mantendo a identidade. Palavras- chave: arte, demncia, neuropsicologia, reabilitao neuropsicolgica.

Atualmente, com os avanos quanto aos estudos dos substratos neuroanatmicos e funcionais da viso e da percepo visuoespacial, novas pesquisas tm sido desenvolvidas quanto neuropsicologia da produo artstica visual, apesar das dificuldades quanto complexidade destas funes no crebro, por serem altamente subjetivas. Tcnicas como a ressonncia magntica funcional, associadas a refinados modelos de redes neurais, vm revolucionando as pesquisas ligadas produo da arte. A pesquisa sobre a percepo dos conceitos e a ligao dos sistemas perceptivos e motores para a transcrio do que imaginado (arte no crebro) tem sido desenvolvida atravs das doenas neurodegenerativas estudando-se a produo da arte antes e depois do incio das doenas em casos de artistas e no artistas. Este estudo vem embasando profissionais que atuam em intervenes neuropsicolgicas por meio da arte, sendo que, nas demncias, a arte se constitui um recurso vlido reorganizando e estimulando diversos circuitos neurais com ampliao de redes cognitivas, pois promove processos criativos motivacionais ainda possveis e novos campos de interesse. Janson & Janson (1997) propem que a arte comea com uma imagem mental, seja ela realstica ou improvvel, do passado ou presente. Durante o processo criativo, o artista manipula materiais para atualizar suas imagens mentais, distinguindo, por exemplo, flores de paisagens. A manipulao de imagens ocorre dentro da mente to bem como a manipulao de materiais e que assim como a linguagem, a arte tem seu significado de comunicao, deliberando mensagens e impresses que no podem ser expressas somente atravs de palavras. Seus estudos so de grande importncia para o desenvolvimento de pesquisas da arte no crebro, em especial a arte visual.

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A histria da evoluo de conceituados artistas prov um rico entendimento do substrato neurolgico dos processos da arte sendo atualmente associado imagem estrutural e funcional do crebro, e alguns neurocientistas cognitivos tm estudado este desenvolvimento quanto aos substratos neurolgicos para estes processos (Zeki, 1993, 2000). As doenas neurodegenerativas, atravs das leses em diferentes categorias, vm proporcionando o desenvolvimento de pesquisas ligadas percepo visuoespacial, imagem visual, memria motora e processos artsticos no crebro. Embora a maioria das demncias resulte na perda das funes instrumentais e na deteriorao da produo artstica, para alguns artistas estabelecidos, mais frequentemente na doena de Alzheimer (Maurer, Prvulovic, 2004; Fornazzari, 2005), ocorre uma mudana de estilo e tcnica com manuteno da criatividade e conduo artstica. Em alguns casos com demncia fronto-temporal, ou doena de Parkinson e ocasionalmente acidente vascular cerebral, a doena pode favorecer a emergncia de um novo talento artstico, fenmeno este conceitualizado como uma facilitao paradoxal devido a uma desinibio de reas cerebrais responsveis por processamento visuoespacial e liberando assim o paciente de convenes sociais com aumento da motivao e do prazer (Kapur, 1996). As leses de diversas reas cerebrais tm impacto sobre a expresso do paciente e podem apresentar os seguintes sintomas: dficits de ateno visual com negligncia do espao no papel; alteraes na percepo visual de movimento, figura-fundo, discriminao de formas e reconhecimento de cores e, na expresso, a degenerao do trao com regresso e simplificao do grafismo, presena de perseveraes, apraxia construtiva (com sintomas de fragmentao do desenho, configuraes sobrepostas, repetio e omisso de linhas), alteraes na disposio espacial e apraxia ideatria quanto utilizao de materiais. Quanto ao contedo e forma, as caractersticas que podem surgir na expresso artstica so: regresso com presena de motivos primitivos e infantis e perda da perspectiva; distoro com representaes grotescas ou cmicas; condensao com sobreposies; transformao com mudanas anatmicas e caractersticas faciais estranhas; estereotipia com esteretipos ornamentais e repetio de motivos particulares; rigidez com desenhos diagramticos e geomtricos de figuras emolduradas e perda de profundidade e de movimento e por ltimo, desintegrao com negligncia de relaes entre objetos e perda de fisionomia em pessoas e animais (Maurer, Prvulovic, 2004). Evidncias comprovam que tais sintomas muitas vezes conduzem abstrao, mas mantm a esttica, beleza e equilbrio, sendo um tema muito desenvolvido a emergncia da abstrao na arte como uma manifestao do declnio visuoespacial e cognitivo. Na doena de Alzheimer (DA), quanto ao desempenho em tarefas artsticas, os pesquisadores apontam que h um declnio global cognitivo, mas no incio quando em geral

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ocorre uma alterao dos lobos parietal e temporal com dficits especficos para processamento perceptual visuoespacial, h uma perda da complexidade e equilbrio composicional, com abandono de detalhes na pintura chegando posteriormente abstrao e no final ao abandono das tintas, com o uso simplificado de apenas o lpis, esta deteriorao das habilidades de desenho dos pacientes com DA bem documentada (Henderson; Mack; Williams, 1989), (Kirk; Kertsz, 1991), (Cummings; Zarit, 1987), (Espinel, 1996), (Crutch; Isaacs; Rossor, 2001), (Maurer; Prvulovic, 2004), (Miller; Cummings; Mishkin, 1998), (Miller; Hou, 2004). Um caso muito estudado e abordado na literatura foi um paciente com DA, artista, chamado William Utermohlen, que possua um alto repertrio de pinturas. Sua esposa era historiadora de arte e documentou a evoluo artstica ao longo da doena atravs de autorretratos anuais, correlacionados a testes neuropsicolgicos longitudinais. A progresso da demncia foi observada nas alteraes das habilidades visuoespaciais, na degenerao de traados, ausncia progressiva de detalhes, distores na composio dos elementos da face, chegando aos ltimos autorretratos, no identificao do sujeito e abstrao, mas com a cor se mantendo vvida (Crutch et al., 2001). Nos quadros de origem lesional vascular progressivos (demncia vascular - DV), pode haver prejuzo de domnios cognitivos variados que possibilitam vrios sintomas associados. H muito tempo, existem descries sobre diversos sintomas expressos na arte de pacientes com sequelas de AVC e que eram artistas na vida pregressa, mas estudos de casos com diagnstico de DV que apresentaram sintomas das leses na expresso da arte ainda no esto descritos. A relativa distribuio da patologia em degenerao lobar fronto-temporal (DLFT) com as sndromes clnicas associadas, classificadas de acordo com as variaes no acometimento dos territrios frontais e temporais dos hemisfrios direito e esquerdo (demncia frontotemporal (DFT) variante comportamental, afasia progressiva no fluente (APP) e demncia semntica (DS)), possibilitam uma janela para a investigao das bases neurolgicas de processos artsticos, revelando uma nova preocupao com a arte, ampliando a ateno para estmulos visuais e para o aumento da criatividade em estgios iniciais da doena. Miller e seus colaboradores (1996 e 1998) estudaram a emergncia de novas habilidades visuais e musicais em pacientes com DFT nos estgios iniciais e moderados da doena, onde os pacientes passaram por avaliao neuropsicolgica, exames de imagem peridicos e praticavam atividades artsticas de cpias realsticas com ausncia de abstrao ou componentes simblicos, atravs de imagens da memria visual, sendo que na evoluo da doena, mostravam maior interesse em finos detalhes de faces e objetos e tambm criaram representaes visuais a partir de imagens regressas de seus passados. Os autores especularam que a habilidade para recriar cenas da memria de forma realstica representava a seletiva preservao da memria semntica e de trabalho (funo intacta do crtex pr- frontal dorso lateral).

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Outro trabalho do Miller (2000) incluiu pacientes com disfuno unilateral esquerda (APP e DS), com graus de severidade variveis, comparando doze casos que tiveram experincia em arte no curso da doena com quarenta e seis casos com habilidades visuais ou musicais ausentes. Os que praticavam arte responderam melhor nos testes de tarefas visuais do que nos de tarefas verbais no curso da doena. Concluram que a perda da funo no lobo temporal anterior esquerdo pode facilitar habilidades artsticas ou musicais, abrindo a possibilidade de uma janela para o estudo dos talentos visuais e musicais no crebro. Em pacientes com DFT, variante comportamental, o trabalho de arte acontece de maneira compulsiva com um estilo surrealista. Ele postula a importncia do conhecimento da arte no crebro no contexto da demncia como uma oportunidade para a reabilitao. Quanto ao contedo da expresso artstica ocorrem mudanas de humor, agitao e psicose tardia caracterizando o curso da doena (Cummings, 2004). Os comportamentos compulsivos comumente vistos em DFT podem influenciar a produo artstica, levando os pacientes a obsessivas prticas em tcnicas artsticas (Miller, 2000). A natureza compulsiva dos pacientes parece contribuir para seus processos artsticos. Dentro da atuao do profissional que se utiliza de recursos expressivos, a msica e a pintura se tornaram instrumentos importantes para auxiliar na interveno de indivduos com leses cerebrais. Janson & Janson (2001) ainda sugerem que como a arte envolve a imagem mental e a manipulao de algum instrumento para a materializao dessa imagem, mesmo a cpia de algo do ambiente implicar na interiorizao dessa imagem. A pesquisa sobre a percepo dos conceitos e a ligao dos sistemas perceptivos e motores para a fiel transcrio do que imaginado, tem sido importante base para a prtica da interveno. No entanto, ainda h dificuldades quanto individualidade dos sujeitos para o desenvolvimento de baterias padronizadas que quantifiquem a arte.

A ARTEREABILITAO NEUROPSICOLGICA A reabilitao neuropsicolgica (RN), com sua viso holstica, engloba a interveno sobre a deficincia cognitiva, os aspectos motores, emocionais e comportamentais, a adaptao funcional e a integrao ambiental e social do indivduo. A arte - reabilitao neuropsicolgica entra como mais um recurso da RN, reorganizando as funes cerebrais, e como j citado, estimulando diversos circuitos neurais com ampliao de

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redes e processos criativos altamente motivacionais, abrindo, portanto, novos campos de interesse. Os objetivos tm como foco maior as competncias (para combater os sentimentos de impotncia e validar emoes) alm dos objetivos de minimizar danos comportamentais, sustentar as bases da personalidade, a identidade e a auto-estima, promover a comunicao noverbal e dar suporte, manter e prevenir problemas futuros relacionados aos quadros especficos. A partir dos conceitos da re(ha)bilitao cognitiva que pontuam a interveno cognitiva baseada em exerccios de tratamento organizados hierarquicamente, desenhados de forma gradual, sistemtica e progressiva, para o envolvimento cada vez mais intenso e compreensivo do sistema cognitivo que se encontra comprometido, podemos delinear as abordagens e tcnicas ligadas aos processos das atividades artsticas diversas, adaptando-as a esses conceitos e seguindo a anlise dos modelos de processamento da informao para processos perceptuais, cognitivos e motores. As abordagens, portanto, so as mesmas da reabilitao cognitiva (restaurativa ou estimulativa, compensatria, combinada, preventiva e de manuteno), mas utilizando-se da anlise de atividades de cunho expressivo. Para tal, de extrema importncia, o conhecimento aguado do profissional envolvido quanto aos processos de arte, histria da arte e tcnicas variadas para poder desenhar o tratamento e compor as abordagens numa dana harmoniosa, de acordo com as necessidades do paciente, sejam elas estimulativas e/ou compensatrias. Alm das atividades expressivas visuais, podem-se utilizar atividades ligadas msica e dana, observando composies e associaes temticas diversas baseadas em redes neurais multimodais. O plano de interveno inicia-se com a identificao das reas de dficits dos processos expressivos atravs de uma avaliao minuciosa dos processos expressivos. A avaliao em arte reabilitao neuropsicolgica se compe da anlise das seguintes funes cerebrais: fundo), Capacidade perceptiva tctil (texturas, formas, consistncias e figura-fundo), Capacidade perceptiva auditiva (intervalos, pausas, ritmos, figura-fundo), Capacidade perceptiva espacial (direo, posio, rastreamento, reverso, ocupao do Entradas sensoriais, Nvel de ateno atividade proposta (focalizada, sustentada, alternada e na presena de

distratores), Capacidade perceptiva visual (objetos concretos e imagens em formas, cores e figura-

espao amplo e fino, partes e todo),

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Anlise conceitual ligada arte (tamanho, formas geomtricas, figura humana e demais

conceitos), Armazenamento e evocao das informaes e experincias artsticas anteriores e do

momento presente, Anlise das funes executivas, tais como: Memria de trabalho para a atividade proposta, Flexibilizao do pensar artstico e da criatividade (redes transmodais, associao de

ideias e imagens, abstrao, concluses), Criao da ideia principal do trabalho (ideao do projeto), Recuperao de informaes necessrias ao processo, Planejamento de metas e seqncia de aes ao processo de expresso, Iniciativa, Automonitoramento do processo, Concluso e finalizao da criao, Presena de comportamentos inadequados (agitao, passividade, agressividade), Expresso de emoes e sentimentos atravs da comunicao da arte. muito importante, como base para o processo, o diagnstico definido e a avaliao neuropsicolgica. Tambm, como prioridade, necessrio o levantamento das potencialidades e pontos de interesse e motivao, a personalidade e maneiras pessoais de lidar com problemas, o relacionamento familiar e social e a avaliao do grau de conscientizao que o paciente tem de seu quadro e de sua situao atual. No campo da pesquisa, apesar das dificuldades quanto subjetividade da arte para o desenvolvimento de baterias padronizadas que quantifique a arte, atualmente, investigaes tm sido feitas atravs de um projeto de pesquisa quantitativo desenvolvido na FMUSP, quanto s alteraes que ocorrem no desempenho de pacientes com demncia (DLFT, DA e DV) em tarefas artsticas com o objetivo de comparar estes pacientes com indivduos controles, verificando se as habilidades artsticas podem ser uma ferramenta til na avaliao das disfunes cognitivas nesta populao. O projeto envolve a criao de um instrumento de avaliao quantitativo e qualitativo de processos artsticos em atividades especficas. Os estudos esto em andamento e ainda no foram concludos e sua publicao est em fase de execuo. A partir da avaliao, delimitam-se e se escolhem as atividades expressivas adequadas ao tratamento e a interveno paulatina e hierrquica por nveis de complexidade das tcnicas expressivas se inicia sendo, portanto, para isso, necessrio o conhecimento das tcnicas de forma aprofundada pelo profissional.

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Em todo o processo, o foco dever estar na significao do trabalho na vida do paciente (sentido real do FAZER ARTSTICO); isto , na capacidade produtiva e se possvel, social, desse indivduo, pois esta a maior importncia da arte como recurso na reabilitao neuropsicolgica. Acima de tudo, a pintura prov uma atividade suportiva, estruturada, agradvel e produtiva com a qual o paciente pode lidar, favorecendo-lhe a autovalorizao, a satisfao e o aprimoramento das funes motoras e cognitivas. Os sintomas perseverativos, a fragmentao do desenho, as configuraes sobrepostas e a negligncia do espao no papel, tornam o trabalho abstrato, mas nem por isso, sem esttica formal e equilbrio. Nos pacientes com quadros progressivos, possvel manter funes cognitivas por algum tempo, principalmente na fase inicial das doenas, sendo depois perdida a funo, portanto, o trabalho com terapias expressivas no para a evoluo da doena, mas pode ampliar suas etapas, na possibilidade de melhora da qualidade de vida e bem-estar, base indireta para a sade intelectual. A deciso de trabalhar com as artes, numa etapa mais avanada das doenas degenerativas, depende do quadro do paciente. As funes que ficam comprometidas variam. Alguns pacientes no conseguem mais decodificar uma imagem. Nesses casos, fica difcil, mas pode-se utilizar msica, trabalhos corporais e a dana. Nos casos possveis, ajuda a manter a auto-estima e o senso de integridade. A busca da beleza atravs de tcnicas especficas fundamental para autoestima, bemestar, tranquilidade e memria afetiva das imagens, pois o sucesso mais codificado na memria do que o fracasso. As obras com resultado simplificado podem ser associadas histria de grandes artistas que apresentaram o uso destes elementos primordiais em suas obras. Cuidados devem ser tomados quanto ingesto de materiais da arte, utilizao da tesoura, simplificao das tarefas para no gerar frustraes e redirecionamento e monitoramento constante nas tarefas. O profissional que se utiliza da aplicao de recursos artsticos na reabilitao neuropsicolgica deve trabalhar numa linha contnua com o paciente, utilizando-se de toda a sua sensibilidade para que a sua anlise se prolongue com a anlise do paciente e o seu gesto sirva como mediador e instrumento intermedirio para facilitar a liberdade do paciente no encontro com as imagens criadas e, portanto, consigo mesmo, desenvolvendo e conduzindo a ao para a realizao concreta. A criatividade e a flexibilidade do profissional devem estar presentes em todo o processo para facilitar os novos rearranjos das expresses, muitas vezes, deficitrias, atravs do uso de abordagens compensatrias combinadas advindas de tcnicas artsticas. As limitaes geradas pelos dficits neuropsicolgicos, s vezes, na arte podem se tornam recursos para uma expresso do interno, das suas emoes, validando sentimentos que muitas

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vezes, sem a ajuda da arte, poderiam ser expressos de forma inadequada, em comportamentos inapropriados no cotidiano. Alm da abordagem expressiva artstica individual, o paciente pode ser conduzido sozinho ou em grupo a passeios em museus para observar obras de arte de pintores renomados antigos ou contemporneos e participar de atividades nestes espaos museolgicos; muitas vezes eles conseguem responder a uma pintura ou escultura mesmo sem reconhec-los. Apesar de no haverem estudos cientficos conclusivos na rea, acredita-se que o contato com as artes ajude a despertar capacidades interpretativas e expressivas e tambm despertar emoes (importncia afetiva na estimulao da memria). Atualmente existem programas em espaos culturais que promovem o acompanhamento de pacientes com dficits neurolgicos em geral, programas para indivduos com demncias, para idosos sem comprometimento, mas adaptados idade e para deficientes mentais e sensoriais. Esta atividade promove a ativao de vrias reas cognitivas, principalmente a memria evocativa episdica e semntica, alm do aprendizado de novas experincias que podero ser utilizadas posteriormente numa abordagem individual expressiva atravs de fotos e livros. A maior importncia, no entanto, para a incluso social, desde que estes indivduos possam ser inseridos nestas atividades convivendo com os programas habituais abertos ao pblico e no em momentos isolados. O MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York) e o Museu de Belas Artes de Boston, por exemplo, alm do MUBE (Museu Brasileiro de Escultura) e a Pinacoteca do Estado em So Paulo criaram programas especficos para portadores de Alzheimer e deficincias sensoriais visando usar a arte como um instrumento teraputico para esses doentes. Ressalvas devem se feitas para a escolha das obras observadas para no causar confuso, averso, irritao ou agitao, pois existem pinturas com impacto emocional negativo para o paciente, mediante as suas experincias pregressas ou ao momento atual de seus dficits. A escolha deve ser feita de acordo com as afinidades e potencialidades, e assim favorecer a autoestima. Exemplos de casos clnicos em demncia com interveno atravs da arte Paciente N., com DA, uma dona-de-casa que reconheceu suas pinturas at fase avanada da doena, sendo o motivo das flores a sua maior identificao com o belo, possibilitando qualidade de vida at fases avanadas da doena. Paciente E., tambm donade-casa, com DA, apresentando uma grave sndrome do prdo-sol, sendo as atividades artsticas no perodo da tarde como uma notvel possibilidade para a atenuao de sua agitao e confuso mental nestes horrios do dia.

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Paciente S., pintora, iniciou a interveno em arte com um quadro moderado de DA. Em seu percurso evolutivo da doena, pde-se observar a passagem da pintura acadmica figurativa para uma pintura mais informal de abstrao figurativa (incio da apraxia construtiva), onde a paciente buscava recursos em novos traados e tcnicas para compensar na arte a perda do desenho figurativo, com o uso de graduao cromtica facilitando a independncia na escolha das cores, neste momento j com dficits das funes executivas e memria de trabalho. Em vrios trabalhos, houve o aparecimento de figuras esfricas perseverativas, lembrando imagens de mandalas. Na fase avanada, os distrbios comportamentais e a sndrome do pr-do-sol foram relevantes e a arte sedava estes comportamentos, j nesta fase seus traados se tornaram cada vez mais primitivos com total abstrao para finalmente perder a possibilidade do uso do instrumento mais bsico, o lpis. Seus traados no percebem limites, a escolha da cor arbitrria, por emoo, no elabora nenhum trao, tudo muito primitivo. Ela s apresenta traados circulares e impulsivos, misturando todas as cores sem nenhum critrio, fura o papel, no pega mais tinta e no aceita que conduza a pegar mais tinta. Existe sua vontade e eu respeito, mas s vezes, a prpria defesa de lidar com o vazio que a perturba, ento preenchemos o espao com coisas produtivas e isto gera calma. Creio que a arte seda comportamentos impulsivos e ansiedade .6 Paciente M., DA, dona-de-casa, natural do Paran, residindo em So Paulo devido doena, teve incio das atividades em arte em fase inicial da doena com repetio de temas, onde seus trabalhos eram feitos de forma intensa na atual casa da filha, com negao total da nova situao. A paciente apresentava difcil adaptao da nova fase da vida com dificuldades em relacionamento familiar e persecutoriedade, neste momento escolhia temas de figuras humanas confabulando. Em terapia teve a possibilidade do aprendizado de novas tcnicas e habilidades para o desenho figurativo, tcnicas no vividas anteriormente. Como objetivo, foi utilizada a interveno atravs de mandalas para melhorar a organizao e planejamento e suas funes visuoespaciais, ao mesmo tempo, pudemos notar uma tranquilidade crescente e uma melhor adaptao sua nova vida em So Paulo. J numa fase mais tranquila, usou temas de flores, tcnicas de aquarela e pastel seco e a seguir, a possibilidade do incio da pintura em tela. O trabalho foi interrompido por dificuldades operacionais da famlia. Paciente C., DA, mdica e artista, pintura leo, j em curso da doena, frequentava aulas de pintura, depois de forma conduzida terapeuticamente, continuou a pintar com as adaptaes de tcnicas e possibilidades de acordo com os distrbios que foram surgindo. No seu percurso

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Texto escrito no momento da terapia pela interventora.

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involutivo em tarefas artsticas, apresentou simplificao e presena de perseveraes, perda da forma definida, pintura fluida e traos circunscritos, perda da figura fundo, fragmentao do desenho, fixao em detalhes, tendncia abstrao e sobreposio de traados sobre a imagem. A interveno a partir de mandalas o que sustenta as bases de sua personalidade e identidade at hoje com realizaes belas e harmoniosas que cursam com as capacidades sensoriais de traados e cores, num padro esttico implcito. Atualmente trabalha apenas com lpis aquarelvel. Em todo o processo de evoluo da doena, o contato com a arte pode propiciar um estado de tranquilidade e qualidade de vida. No podemos deixar de citar as notveis possibilidades do artesanato para a interveno nas demncias, com mosaicos, colagens, pintura de utilitrios e outros. A finalidade principal desenvolver a organizao, aceitao de limites e regras e a memria implcita procedimental, tambm atenuando distrbios comportamentais por favorecer a conteno de condutas. O produto final tem grande valor esttico social, favorecendo a aceitao do paciente com limitaes em seu meio familiar e social e melhorando, portanto a autoestima do paciente. As funes neuropsicolgicas envolvidas so planejamento e organizao; sequenciao; habilidades manuais; manuseio e experimentao de diversos materiais; flexibilizao e raciocnio; percepo visuoespacial; automonitoramento; criatividade; ateno sustentada; memria visuoespacial, procedimental, operacional e semntica. As modalidades de atividades so indicadas de acordo com a afinidade e possibilidades do paciente levantadas atravs de uma avaliao, as tarefas podem ser assistidas em suas etapas em direo concluso do produto final e quando possvel, orientadas para casa. No paciente V., DA e Parkinsonismo, veterinrio e admirador de marcenaria, a busca da geometria em mosaicos e madeira pode organizar o caos cognitivo de sua doena, trazendo bemestar e ativando memrias ligadas aos trabalhos concludos. Concluso A arte tem um poder organizador e equilibrador, possibilitando ao paciente o encontro com a beleza prpria atravs de suas produes e com isso, com a sua identidade. O profissional que atuar como interventor na arte deve ter vnculo e vivncia das tcnicas, incluindo o conhecimento dos elementos primordiais da arte (linhas, formas e cores) para um melhor entendimento dos sintomas regredidos e primitivos e alcance de possibilidades para a produo do belo apesar das deficincias, alm disso, faz-se necessrio o estudo aprofundado dos tipos patolgicos demenciais e seus possveis sintomas cognitivos e comportamentais degenerativos, portanto um profundo conhecimento da neuropsicologia. De acordo com uma citao de Oliver Sacks, 1997:

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Desenvolveu-se uma nova preocupao, um novo vnculo: o do comprometimento com os pacientes, com os indivduos sob os meus cuidados. Por meio deles eu exploraria o que ser humano, permanecer humano em face de adversidades e ameaas inimaginveis. Assim, embora monitorando continuamente sua natureza orgnica suas complexas e sempre mutveis fisiopatologias e biologias -, meu estudo e preocupao centrais passaram a ser a identidade a luta daqueles pacientes para manter a identidade -, observ-la, ajud-la e por fim descrev-la. Tudo isso estava na juno de biologia e biografia.

Podemos ento concluir que todas as formas possveis de se manter a identidade so de grande valia para estas pessoas com perdas to grandes em suas capacidades cognitivas, profissionais, funcionais e sociais, sendo a arte um notvel veculo para isso, pois atinge nveis altamente motivacionais e significantes. O homem se reconhece a partir de suas obras. Atravs da arte, o homem pode chegar mais perto da alma. (Paul Bruton, 1995) A arte cumpre seu propsito mais elevado e adquire um significado mais valioso quando se torna veculo para a beleza espiritual.

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Mesa Temtica 2: ARTETERAPIA E PROCESSOMediadora: Glcia Manso Paganotto (AARTES)

MT2a A escrita monogrfica como um convite individuao Mrcia Santos Lima de Vasconcellos7, RJ

Resumo: Escrever uma monografia , antes de tudo, um ato de entrega. querer pesquisar algo que fundamental entender e descobrir. doao de tempo e de espao. um ato de amor ao estudo, ao trabalho e pesquisa. E importante entender que o tempo dedicado a ela tempo dedicado a quem a escreve. Na medida em que se estuda o objeto de nossa pesquisa, pesquisamos tambm a ns mesmos. Descobrimos as nossas possibilidades e as nossas limitaes. E nem sempre fcil lidar com elas. O processo de construo de um texto, seja ele qual for, tambm processo de construo pessoal. E exatamente por isso que, ao enfrentarmos o desafio do texto monogrfico, estaremos tambm desafiando os nossos prprios limites. Ao descortinarmos, atravs da pesquisa, novos horizontes, ampliamos as nossas7

Arteterapeuta (AARJn170). Mestra em Cincias Pedaggicas pelo ISEPE. Especialista em Psicologia Junguiana pelo IBMR e em Arte-Educao pela UNIRIO. Licenciatura plena em Portugus-Francs pela UFRJ. Professora do curso de Especializao em Arteterapia da Clnica POMAR, com artigos publicados em livros e revistas de arteterapia e educao.

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possibilidades pessoais. Ao longo de minha experincia como professora de Metodologia da Pesquisa e como professora orientadora de monografias de concluso de curso de Especializao em Arteterapia, tenho observado o quanto essa tarefa, muitas vezes, se torna rdua e motivo de grande ansiedade para os alunos. Mesmo para aqueles que dominam bem o tema de suas pesquisas e a lngua materna. Percebo, ento, que a escritura de uma monografia pode ser comparada `a jornada do heri cuja hybris cometida justamente a escolha de um tema que, de um modo geral, traduz algum aspecto que necessita ser iluminado em sua trajetria pessoal. Essa escolha (in)consciente, muitas vezes, dificulta a produo do texto monogrfico j que, antes de tudo, ter de enfrentar seus prprios drages. Este trabalho pretende verificar de que maneira se pode conciliar a escrita monogrfica, com toda a formalidade necessria ao texto cientfico, com o processo de transformao pessoal que caminha lado a lado com o trabalho da pesquisa. Ao final, estaremos felizes pela conquista de um novo saber e por termos dado mais alguns passos em nossa jornada interior. .

Palavras-chave: pesquisa, monografia, arteterapia, individuao.

MT2b Despertando valores de vida sustentveis o indizvel em formas visveis Elisabeth da Silva Sauer8Fantasiar Experienciar a atividade criativa Fantasiar o poder da imaginao Estado psquico/transformao Fantasia de pintar o interior Sentido individual da vida Vida desprovida de valores estticos

Resumo: Oportunizar experincias e vivncias expressivas, articulando a diversidade das artes para pessoas, num processo com arteterapia, facilitando relaes de ajuda e ateno integral sade. Escutar as consideraes e estabelecer uma relao de confiana. Estimular a expresso criadora. Processo expressivo criativo de pessoas com problemtica de sade em atendimentos com arteterapia, possibilitando modos de vida sustentveis. Qual o sentido de produzir o ato criativo? Poder este processo ser uma cincia do viver? Em que poder contribuir a arteterapia para melhorar esses sintomas de mal estar da sociedade? As prticas so semanais, numa durao de 1hora de 30 minutos, em grupos com participantes na idade entre 19 a 92 anos. Nesta convivncia, escutar, dar acolhida e estimular a expresso criadora favorece aquilo que deve ser tratado, talvez expressando o indizvel em formas visveis no processo da terapia. Estudando a sequncia deste trabalho, pessoas usufruem do prazer vitalizador da arte, lidarem melhor com situaes perturbadoras, beneficiando um tratamento de bem- estar na promoo de ateno integral sade. Palavras-chave: arteterapia, processo criativo, bem-estar.8

Arteterapeuta e artista plstica, graduada pela Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo. professora da Oficina de Arte Expressarte, em Taquara/RS Servio de Apoio aos Depedentes de lcool e outras Drogas/Secretaria de Sade de Taquara e, desde maio de 1997. Membro Efetivo Academia Ltero Cultural Taquarense. E-mail: [email protected]

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Numa poca em que o sistema de vida pode desintegrar o indivduo, destruindo suas prprias emoes, a atividade criadora em sua diversidade de manifestaes favorece a recuperao de certos valores humansticos. Adaptar-se s mudanas da contemporaneidade requer usar a imaginao criadora. O mecanismo criativo possibilita estimular e expandir as conexes entre os neurnios, propiciando um sistema nervoso melhor. H algum tempo estudiosos vm pesquisando a mente humana. Esta viagem ainda est longe da concluso, entretanto sabe-se que o crebro no uma estrutura fixa.Anos de pesquisa revelaram que o crebro pode sofrer mudanas em sua organizao (neuroplasticidade), principalmente na localizao de informaes especficas, em conseqncia entre outros fatores, da aprendizagem. A neurognese implica o nascimento de novos neurnios, algo que parece ocorrer durante toda a vida. (GUIMARES, MAIA, 2007, p. 159).

Realizar atividades com meios expressivos ativa a memria, e esta predisposio de criar gera o novo. Investir nestes processos que envolvam criatividade traz melhores investimentos emocionais sade, pois a necessidade de algo novo nasce dos desafios do prprio crebro. Fazer experincias com arte poder ser a cincia do bem viver? Investir na criatividade ajudar a despertar valores de vida? Em que poder contribuir a arteterapia para melhorar a promoo de sade? O ato de fazer experimentos parece estimular o sujeito no seu autoconhecimento, e esta caracterstica a base do processo expressivo num contexto arteteraputico. A arteterapia, atravs das diferentes linguagens artsticas , portanto, dispositivo especial para a manifestao da expresso plstica num discurso fenomenolgico. A atividade ldica da arte tem a prioridade de descobrir coisas e, nesse processo, o sujeito desvela seus sentimentos e emoes. Assim, esse fenmeno visual de comunicao - influenciado por foras primitivas e afetivas poder ser uma ponte mgica para a fala no qual o sujeito desvela seus conflitos. Neste contexto, o processo de fazer arte uma experincia teraputica, desencadeando um territrio de subjetividade. E, para isto, preciso estar com o paciente, aceitar, estar disponvel, escutar, compartilhar. (SAUER, 2005 A, p. 106). Venho estudando o processo criativo com arteterapia para idosas que vivem numa instituio, Sociedade Beneficente de Amparo ao Idoso, na cidade de Parob. Entretanto, este trabalho vem sendo tambm realizado no Servio de Apoio aos Dependentes de lcool e outras drogas que intersetorial s polticas pblicas, nas reas de Educao, Assistncia Social e Sade, no municpio de Taquara RS. Inicio esta abordagem, apresentando os atendimentos com arteterapia na longevidade, que para Rubem Alves, em As Cores do Crepsculo envelhece -se envelhe-sendo, o crepsculo nos d lies sobre o nosso ser. Esta nostalgia contempla as lembranas que fazem

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Anais do IX Congresso Brasileiro de Arteterapia Arteterapia no Sculo XXI: Diversidade e Profissionalizao

reviver. Numa reflexo sobre este tema pergunto: qual o sentido de fazer arte nesta etapa da vida? Envelhecer uma arte? Em que poder contribuir a arteterapia para esta metamorfose do humano? (SAUER, 2005 B, p. 7) As prticas so semanais, numa durao aproximada de 1h e 15 min. com 05 a 09 participantes em cada grupo, na idade entre 81 e 98 anos, com nvel cultural e socioeconmico diferenciado. Sem dvida, todos os participantes envolvidos por este fenmeno do viver ao lado de modificaes psicofsicas estruturais, funcionais, biolgicas e psicolgicas, e outros portadores da doena de Alzheimer, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e Parkinson. No servio da instituio trabalham profissionais na rea de enfermagem, arteterapia, psicologia, geriatria, nutrio, fisioterapia, educao fsica e nutrio. Todos proporcionando relao de ajuda num trabalho multidisciplinar. Num ambiente por si s diferenciado, dentro da prpria instituio, disponibilizando recursos e materiais diversificados, o saber relacionar-se, ser presena humana e aceitar as limitaes, possibilita lidar com essas pessoas. Relatam suas questes existenciais e fragilidades deste ciclo de vida como: minhas mos esto trmulas, eu j estou ficando muito esquecida, consigo fazer pouca coisa; preciso exercitar a mente seno vou ficar cada vez mais velha; que me lembre nunca desenhei; nunca fui escola e jamais pensei que nes