Anais do xv encontro regional da abem sul, 2012

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2. Anais doXV EncontroRegional da ABEM-Sul 15a - Edio Cincia, Tecnologia e Inovao em Educao MusicalFUNDARTE - Fundao Municipal de Artes de Montenegro.Montenegro, maio de 20122 3. Comit Cientfico ABEM SUL 2012CoordenaoProf Dr Cristina Rolim Wolffenbttel e Prof Dr Maria Ceclia TorresProf Dr Ana Lucia Marques Louro (UFSM)Prof Dr Cludia Ribeiro Bellochio (UFSM)Prof Dr. Eduardo Guedes Pacheco (UERGS)Prof Dr. Elisa da Silva e Cunha (IPA)Prof Dr Jusamara Vieira Souza (UFRGS)Prof Dr Leda Maffioletti (UFRGS)Prof Dr Luciane Wilke Garbosa(UFSM)Prof Dr Magali Kleber (UEL)Prof Dr Patrcia Kebach (FACCAT)Prof Dr Regina dos Santos (UFRGS/FUNDARTE)Prof Dr Rosane Cardoso de Arajo (UFPR)Prof. Dr. Srgio Figueiredo (UDESC)Prof Dr Teresa Mateiro (UDESC)Prof Dr Viviane Beineke (UDESC)Organizao do AnaisProf Me. Jlia Maria HummesProf Dr Cristina Rolim WolffenbttelDiagramaoMicon Oliveira de SouzaMarcelo Fernando de vilaRevisoLuiz Fernando Cardozo dos SantosE56 Encontro Regional da ABEM-Sul (15 : 2012: Montenegro, RS)Anais do 150 Encontro Regional da ABEM-Sul. / organizao:Jlia Maria Hummes, Cristina Rolim Wolffenbttel.- Montenegro, RS: Ed. da FUNDARTE, 20121 CD-ROMISSN 1981-90051. Educao Musical 2.Tecnologia I. Hummes, Jlia Maria II.Wolffenbttel, Cristina Rolim III. Ttulo CDU 78:061.3Catalogao na PublicaoBibliotecria Patrcia Abreu de Souza - CRB 10/17173 4. XV Encontro Regional da ABEM - SUL 24 e 25 de Maio de 2012 PROGRAMAO24/058 h Credenciamento9h Apresentao Artstica Conjunto Instrumental Jovem da FUNDARTELocal: Teatro Therezinha Petry Cardona9h30 Cerimnia de Abertura: Os 15 anos dos Encontros Regionais da ABEM SulDra. Magali Kleber (UEL; Presidente da ABEM)Dra. Jusamara Souza (UFRGS; Vice-presidente da ABEM)Dra. Cludia Ribeiro Bellochio (UFSM; Coordenadora Regional da ABEM-Sul)Dra. Cristina Rolim Wolffenbttel (UERGS; Coordenadora da ABEM-Rio Grande do Sul)Prof Ms. Julia Maria Hummes - FUNDARTEEng. Luis Emerson Teixeira - representando a Secretaria da Cincia, Inovao e DesenvolvimentoTecnolgico do RSLocal: Teatro Therezinha Petry Cardona10h Conferncia Uma (des)educao musical em tempos de cincia, tecnologia e inovaoDr. Eduardo Guedes Pacheco (UERGS)Coordenao: Dra. Cristina Rolim Wolffenbttel (UERGS)Local: Teatro Therezinha Petry Cardona12h Almoo13h30 Apresentao Artstica - Grupo de Dana da FUNDARTE - Grupo Experimental de Dana daFUNDARTELocal: Teatro Therezinha Petry Cardona14h Sesso de PsteresLocal: 2 andar (corredor) Coordenao: Me. Andr Muller Reck (UERGS)15h GTsGT1 Prticas musicais no contexto escolarGT2 A educao musical em diferentes cenrios scio-musicaisGT3 Polticas pblicas e projetos pedaggicos em educao musicalGT4 Recursos tecnolgicos para a educao musicalGT5 Educao musical e incluso socialGT6 EstgiosGT7 Formao inicial e continuadaGT8 Formao do educador musical em espaos no escolaresLocais: Salas 1, 4, 6, 20, 42, Teatro Therezinha Petry Cardona, Sala do SESC/Montenegro, Laboratrio deInformtica18h Sesso de PsteresLocal: 2 andar (corredor) Coordenao: Me. Andr Muller Reck (UERGS)19h Lanamentos - Revista da ABEM n 27 e livrosLocal: Teatro Therezinha Petry Cardona4 5. 19h30 Apresentao Artstica e II Colquio de Percusso em Educao MusicalJos Everton Rozzini (Associao Cuca), Rodrigo Paiva (UNIVALI), Luiz JakkaCoordenao: Dr. Eduardo Guedes PachecoLocal: Teatro Therezinha Petry Cardona20h30 Jantar dos 15 anos de Encontro da ABEM Sul (por adeso, com pagamento de R$ 17,00 nainscrio).Local: Buffet Milla25/058h Oficinas1. Trabalho Vocal na Escola (Ana Cludia Specht/RS) Sala 412. Eraumavez... uma pessoa que ouvia muito bem! E seu potencial musicalizador em sala de aula(Carlos Kter-UFSCAR/SP) Sala 34 e 423. Educao Musical e Estgio Supervisionado (Cleusa Cacione-UEL/PR) Sala 44. Novas Tecnologias e a Educao Musical (Daniel Gohn-UFSCAR/SP) Laboratrio deInformtica5. Oficina de Percusso (Rodrigo Paiva-UNIVALI/SC) Teatro Therezinha Petry Cardona6. Prticas Socioeducativas envolvendo msica, cultura e educao (Leonardo Moraes-SESCNacional) Sala do SESC/Montenegro7. Ensino de Msica: incluindo surdez e cegueira (Mrcio Fumaco-Instituto Santa Luzia/RS; ReginaFinck-UDESC/SC) Sala 208. Musicalizao na Educao Infantil (Melita Bona-FURB/SC) Sala 59. Educao Musical e Incluso (Vnia Malagutti Fialho-UEM/PR) Sala 612h Almoo13h30 Apresentao Artstica - Estudantes de Flauta Doce e Piano do Curso Bsico e Coro Infantil daFUNDARTELocal: Teatro Therezinha Petry Cardona14h Painel: Cincia, Tecnologia e Inovao em Educao MusicalDr. Eloi Fritsch (UFRGS)Dr. Daniel Gohn (UFSCAR)Dra. Gldis Falavigna (UERGS)Coordenao: Me. Alexandre Birnfeld (UERGS)Local: Teatro Therezinha Petry Cardona15h15 Intervalo15h30 GTsGT1 Prticas musicais no contexto escolar - Teatro Therezinha Petry Cardona e Sala 42GT2 A educao musical em diferentes cenrios scio-musicais - Sala 5GT4 Recursos tecnolgicos para a educao musical - Laboratrio de InformticaGT7 Formao inicial e continuada - Sala 417h30 Relatos dos GTsLocal: Teatro Therezinha Petry Cardona18h Encerramento do Encontro Regional da ABEM Sul e Apresentao ArtsticaLocal: Teatro Therezinha Petry Cardona19h Encontro de Coordenadores dos Cursos de Msica Licenciatura da Regio Sul.Coordenadora: Dra. Cristina Rolim Wolffenbttel (UERGS)Local: Teatro Therezinha Petry Cardona5 6. EMENTAS DAS OFICINAS1 - Trabalho Vocal na Escola Ana Cludia SpechtEmenta: A oficina prope atividades prticas sobre o cantar visando conscientizao corporal naproduo vocal e a compreenso da voz do professor como um instrumento de comunicao eexpresso.Objetivo: Promover o desenvolvimento do cantar a partir da compreenso tcnica da emisso vocal cantada e falada, por meio de atividades msico-vocais.Pblico-alvo: sem restries (somente se apresentar algum problema vocal com indicao mdicade que no pode cantar).2 - Era uma vez... uma pessoa que ouvia muito bem! e seu potencial musicalizador em sala deaula Carlos KterEmenta: Sero apresentados nesta oficina os potncias de trabalho do livro Erumavez...umapessoaqueouviamuitobem para o desenvolvimento da escuta e percepo sonora-musical emsala de aula, bem como atividades musicais ldicas e interativas, tendo por tema animais e natureza.Objetivo: Possibilitar maior conhecimento dos sons de animais, praticar e desenvolver a escuta decantos tpicos de cerca de 100 animais, oportunizar o exerccio da memria e do reconhecimento desons da natureza, bem como da vivncia ldica e da expresso musical com base em estmulossonoros diversificados.Pblico-alvo: Professores do ensino infantil e fundamental, bem como educadores musicais.3 - Educao Musical e Estgio Supervisionado - Cleusa CacioneEmenta: Com uma abordagem interacionista, a oficina focaliza o supervisor de estgio curricular,buscando possibilidades metodolgicas que valorizem o trabalho de educao musical no contextoda educao bsica.Objetivo: Mobilizar uma discusso/reflexo com supervisores de estgio curricular e alunos doscursos de licenciatura em msica para as possibilidades de aes nos campos de estgio.Pblico-alvo: Professores e alunos de cursos de msica.4 - Novas Tecnologias e a Educao Musical Daniel GohnEmenta: Nesta oficina sero apresentados diferentes usos de tecnologias em processos de educaomusical. Incluindo possibilidades com o YouTube, QR Codes e aplicativos para celulares, osexemplos iro mostrar caminhos tanto para momentos presenciais como paraatividades on-line.Alm disso, sero demonstradas tarefas com softwares livres para a gravao de udio e a edio departituras.6 7. Objetivo: Dar exemplos de atividades educacionais com o uso de novas tecnologias, criandoalternativas para iniciantes nessa rea.Pblico-alvo: Professores de msica, sem experincias anteriores com tecnologia.5 - Oficina de Percusso - Rodrigo PaivaEmenta: A oficina Bateria & Percusso Brasileira em Grupo aborda o ensino coletivo de percussoe a educao musical, atravs de atividades para sala de aula, tais como: percusso corporal, ritmose peas em grupo. O livro que d nome oficina e outros materiais didticos para percussodisponveis hoje no Brasil, sero apresentados como uma tima alternativa de trabalho para oprofessor de msica na escola.Objetivo: Despertar a conscincia rtmica e corporal; Refletir sobre a utilizao da percusso naeducao musical; Conhecer repertrio e executar peas para percusso em grupo.Pblico-alvo: professores e estudantes de msica interessados em percusso e ensino coletivo dessesinstrumentos. No h pre-requisito.6 - Prticas socioeducativos envolvendo msica, cultura e educao - Leonardo MoraesEmenta: Projetos em Educao Musical por meio de propostas intersetoriais, considerando acomplexidade cultural e educacional, de acordo com seus desafios e possibilidades que o meiosocial nos insere. O curso vai apresentar e dialogar propostas pedaggico-musicais de projetossociais e educativas no mbito do terceiro setor, especialmente o Departamento Nacional do SESC.Objetivo Geral: Discutir e fomentar novas formas de desenvolver prticas educacionais e culturaispor meio da Educao Musical.Pblico-alvo: Destina-se aos interessados no tema e sero desenvolvidas atividades prticasrelacionadas temtica e s propostas apresentadas.7 - Ensino de Msica: incluindo surdez e cegueira - Regina Finck Schambeck e Mrcio FumacoEmenta: A percepo e organizao do material sonoro direcionado para crianas surdas em contextoinclusivo. O ensino de msica s pessoas com cegueira em uma perspectiva inclusiva.Objetivo: Sensibilizar a criana surda para perceber, reconhecer e representar o entorno sonoro,capacitando-a para a descoberta dos sons que esto presentes no ambiente em que vive. Oportunizaraos professores a conhecer e vivenciar, prticas inclusivas do ensino da msica a pessoas comcegueira.Pblico-alvo: Professores de msica que trabalham com crianas surdas em contexto inclusivo.Professores de msica que trabalham com alunos deficientes visuais no ensino regular e em diferentescontextos. 7 8. 8 - Musicalizao na Educao Infantil - Melita BonaEmenta: Prticas e reflexes sobre a utilizao da msica na Educao Infantil. Brincadeiras deroda, canto, movimento corporal, noes sobre a escuta, a forma e o registro da msica.Objetivos: Desencadear idias e possibilidades de prticas musicais com a criana pequena. Discutirconceitos que permeiam as atividades com msica no mbito da Educao Infantil.Pblico-alvo: Professores e estudantes de msica e de outras reas, demais interessados.9 - Educao Musical e Incluso - Vnia Malagutti FialhoEmenta: Aspectos da Educao Inclusiva no Brasil. Prticas inclusivas na Educao Musical. Aeducao inclusiva na pesquisa em Educao Musical.Objetivo: Discutir brevemente a educao inclusiva no Brasil e o conceito de incluso. Desenvolveratividades prticas com vistas educao inclusiva. Abordar a msica como uma possibilidade deeducao inclusiva, a partir de pesquisas em educao musical.Pblico-alvo: Estudantes e professores de msica e professores da educao bsica.8 9. SumrioSUMRIOGT1 Prticas Musicais no Contexto Escolar 1. A Educao Musical: um diagnstico da atual situao do ensino da Msica no Instituto Estadual de Educao Assis Brasil (Mirian Cristina Maus; Vitor Hugo Rodrigues Manzke; Maurcio de Oliveira Ciocca; Isabel Bonat Hirsch; Ana Lucia Ribeiro Azambuja).......................................................15 2. A msica em projetos de extenso: ouvindo estudantes (Denise Andrade de Freitas Martins)............21 3. Algumas estratgias e possibilidades para Educao Musical (Maria Helenita Nascimento Bernl).......................................................................................................................................27 4. Ampliao do repertrio na Educao Infantil Escola e Famlia como parceiras de novas aprendizagens (Giane Ramos)......................................................................................................30 5. As concepes e aes das comunidades escolares acerca da democratizao do acesso ao conhecimento musical nos seus espaos: trs estudos de caso com trs Escolas de Ensino Mdio da 1 Coordenadoria Regional de Educao (1 CRE) da Rede Pblica de Ensino do Estado do Rio Grande do Sul (Jonas Tarcsio Reis).......................................................................................33 6. Caderno de musicalizao: canto e flauta doce: reflexes sobre sua utilizao pelos professores de arte (Giani Cardoso Simeoni; Cleusa Erilene dos Santos Cacione)................................................39 7. Compondo com Ceclia Meireles: relato de uma experincia na Oficina de Msica (Camila Costa Zanetta; Gabriela Visnadi e Silva; Viviane Beineke).....................................................................45 8. De norte a sul: um projeto musical interdisciplinar (Rose de Ftima Aguiar e Silva; Ana Paula Bressan; Gisely Crdova; Lcia Pires Duarte; Luciana Hilzendeger; Rafael Dornelles; Rosinete Freitas Lopes da Silva; Vinicius Biermann)...............................................................................................50 9. Disparidade de conhecimento na sala de aula: dvidas a respeito de como trabalhar o ensino de teoria musical e violo em turmas com diferentes nveis de conhecimento (Wilson Robson Griebeler)........................................................................................................................54 10.Escuta comparada do pagode baiano: relato de experincia de uma aula de msica com umaatividade de escuta comparada em uma turma do 6 ano do Ensino Fundamental II (AdenilsonBispo Almeida)......................................................................................................................59 11.Influncia da mdia em uma atividade de escuta comparada com alunos do 6 ano do Ensino Fundamental II (Luiz Carlos Conceio Santos)..........................................................................65 12.Manifesto de uma (Des)Educao Musical (Eduardo Pacheco)..................................................70 13.Msica na Escola Bsica: espaos e tendncias na contemporaneidade (Caroline CaoPonso).................................................................................................................76 14.Musicalidade e Corporeidade: ritmos brasileiros em sala de aula (Raimundo Rajobac; SimoneRomani)...............................................................................................................80 15.Notao musical na infncia: um processo gerador de subjetividade (Sandra Rhoden).....................86 16.O Ensino de Msica na Escola Primria Canadense da proposta curricular sua aplicaoprtica (Telma de Oliveira Ferreira).............................................................................................92 17.O ensino de percusso em grupos associados aos autores Dalcroze e Orff: propostas pedaggicasem aes combinadas na educao musical (Flvia Fulukava do Prado; Eliana C. M. GuglielmettiSulpicio)................................................................................................................................989 10. 18.O mtodo ativo de Dalcroze e a teoria psicogentica de Jean-Piaget: teoria e prtica no Ensino de Msica (Alexandre Meirelles Martins; Tania Stoltz)...................................................................10119.O pensamento de professores de msica sobre o ensino de flauta doce na escola de Educao Bsica (Zelmielen Adornes de Souza; Claudia Ribeiro Bellochio)................................................10720.Pesquisador e pesquisado: uma relao recproca na construo do conhecimento (Carla Pereirados Santos; Ceclia Rheingantz Silveira)......................................................................................11421.Prtica de Conjunto no Ensino Mdio (Estvo Grezeli de Barros Neves; Claudia Maria FreitasLeal)..................................................................................................................................12022.Professor-compositor: a composio musical alicerada no contexto da Educao Infantil (IaraCadore Dallabrida; Leonardo Sperb; Jair Gonalves)...............................................................12823.Projeto Experimental Sons de Brum (Rafael Rodrigues da Silva)...............................................13424.Sons e silncio, linha e cores: a audiopartitura na escola de Ensino Bsico (Rosenir Aparecida deOliveira)..................................................................................................................................140 GT2 A Educao Musical em Diferentes Cenrios Scio-musicais1. A cultura gospel na construo de identidades musicais: reflexes em educao musical (AndrMller Reck).............................................................................................................................1462. A prtica musical na Sociedade Amigos da Msica em Paranagu (Adaile Domingues dosSantos)..................................................................................................................................1513. A voz do adolescente: tcnicas para coro juvenil (Rogria Tatiane Soares Franchini)......................1544. As aes de musicalizao em projetos sociais no Vale do Paranhana (Alexandre Herzog; PatriciaKebach).............................................................................................................................1595. Canto Coral como atividade de Educao Musical (Matheus Cruz Paes de Almeida).....................1646. Composio em uma aula de piano: um relato de experincia (Camila Betina Rpke)................1697. Escolas de msica e o estilo motivacional de professores de instrumento: um campo para pesquisa(Edson Figueiredo)..................................................................................................................1738. Instrumentista professor: formao X atuao profissional (Diogo Baggio Lima)............................1799.Os desafios do ensino de msica em um projeto social (Cheila Mari Filippin Oba)........................18410.Percepes sobre a prtica e o ensino da flauta transversal (Ziliane Lima de Oliveira Teixeira; Cheisa Rodrigues Goulart).........................................................................................................18911.Reflexes acerca da experincia com o ensino de tcnica vocal em uma escola de msica (DanielTorri Souza)............................................................................................................................19412.Roda Cantiga Musicalizao Itinerante (Ana Isabel Goelzer Meira; Clarice de Campos Bourscheid)............................................................................................................................19813.Um coral de cantoterapia: relato de experincia (Raquel Mendes Rochia Santos).........................203 GT3 Polticas Pblicas e Projetos Pedaggicos em Educao Musical1. A insero da disciplina de arte msica no Colgio de Aplicao da UFSC (Maria CristianeDeltregia Reys; Luciano Py de Oliveira)......................................................................................21010 11. 2. Configuraes da Educao Musical em escolas Pblicas Estaduais no Rio Grande do Sul (Cristina Rolim Wolffenbttel; Daniele Isabel Ertel)................................................................................217 3. Educadores musicais na gesto universitria: relato de experincia (Vnia Malagutti Fialho; Juciane Araldi)..................................................................................................................................224 4. Frum de Educao Musical: repercusses na implantao da msica na educao bsica em Santa Catarina (Anlita Dayana Nunez Danna; Regina Finck Schmbeck)...................................229 5. Interdisciplinaridade em arte nos anos iniciais do Colgio Aplicao UFSC: experincias embusca de uma nova proposta curricular (Maria Cristiane Deltregia Reys; Sheila Maddalozzo;Dbora da Rocha Gaspar)......................................................................................................235 6. Investigando os egressos da Licenciatura em Msica da UERGS (Cristina Rolim Wolffenbttel;Ranielly Boff Scheffer)...........................................................................................................240GT4 Recursos Tecnolgicos para a Educao Musical 1. Aprender e ensinar msica brincando com as tecnologias (Jean Carlos Presser dos Santos; Juliana Rigon Pedrini).........................................................................................................................247 2. Arranjos didticos para a aula de piano: um estudo sobre as decises, escolhas e alternativas pedaggico-musicais (Gisele Andrea Flach)...............................................................................253 3. Autodeterminao dos alunos para aprender msica atravs da composio musical colaborativa (Francine Kemmer Cernev).......................................................................................................259 4. Cibercultura no Ensino de Msica: narrativas de docentes universitrios (Marcelo Barros de Borba).....................................................................................................................................266 5. Dois exemplos de tecnologias digitais para a educao: o objeto de aprendizagem CompMUS e ROODAPlayer (Ftima Weber Rosas; Patricia Alejandra Behar).............................................272 6. Propostas pedaggicas para Educao Musical como suporte tecnolgico um relato de experincia (Alexandre Henrique dos Santos)..............................................................................................279 7. Educao Musical mediada pelas tecnologias (Leda de Albuquerque Maffioletti; Soraia Rodrigues Santana)...............................................................................................................................284 8. Experincia no ensino de teclado em EAD mediada por TIC (Leandro Libardi Serafim; Helena Mller de Souza Nunes)...........................................................................................................290 9. O Ensino Musical em contexto digital (Alexandre Henrique dos Santos)........................................297 10.O tutor presencial na construo de sua identidade (Leonardo de Assis Nunes)............................303 11.Rdio no ambiente escolar: encontrando brechas para a Educao Musical pelo uso da tecnologia (Graciano Lorenzi)....................................................................................................................312 12.Recursos tecnolgicos musicais: um relato de experincia na sala de aula em So Flix/BA (Djalma Santos Souza Junior; Rodrigo Schramm)...................................................................................315 13.Uso da tecnologia OMR na produo de materiais didticos para o ensino coletivo de instrumentomusical (Incio Rabaioli)...........................................................................................................321GT5 Educao Musical e Incluso Social 1. A incluso do aluno com deficincia visual em aulas de msica: observaes e relatos (Rafael Moreira Vanazzi de Souza; Raphael Ota)................................................................................................32811 12. 2. Didtica musical, materiais didtico-musicais e dinmicas especficas no ensino de msica paraalunos com deficincia visual (Rafael Moreira Vanazzi de Souza; Raphael Ota)............................3343. Experincias adquiridas a partir de um trabalho realizado com uma turma de educao inclusiva noEJA (Genaina Lemes da Silva)...............................................................................................3414. Incluso: o que e quando estaremos prontos para ela? (Wilson Robson Griebeler)......................3445. Movimentos sociais e prticas musicais no contexto da periferia urbana de Londrina (MagaliKleber).............................................................................................................................................3486. Processos de formao de professores de Educao Especial: construindo prticas docentes emmsica (Juliane Riboli Corra)................................................................................................358 GT6 Estgios1. A formao do professor de msica dentro do contexto de ensino integral: um relato de experincia(Aline Clissiane Ferreira da Silva)...........................................................................................3652. Educao Musical no curso de Pedagogia: Estgio de Docncia CAPES (Aline Lucas Guterres;Leda de Albuquerque Maffioletti)..............................................................................................3723. Estgio Supervisionado no hospital: aprendizagens e desafios de alunos e professoras (Maria Cecliade Araujo Rodrigues Torres; Cludia Maria Freitas Leal).......................................................3774. Experincias na escola: projeto de msica do PIBID da FURB (Tiago Pereira; Jemima Pascoal dosReis; Melita Bona).................................................................................................................3815. Grupo Focal como tcnica de coleta de dados sobre o ensino de msica na Escola Estadual CoronelFilomeno Ribeiro. relato de experincia (Maria Teresa de Souza Neves)....................................3856. Msica na escola: trabalhando com crianas na Educao Bsica (Leila Cristina Pereira dos Santos;Valria Poliana Silva)..............................................................................................................3907. Musicalizao: uma experincia de estgios na Educao Especial (Daniel Corleta Evangelista)......394 GT7 Formao Inicial e Continuada1. muito separadinho pra criana: discutindo a msica na Educao Infantil sob a perspectiva deestagirias da Pedagogia (Kelly Werle; Claudia Ribeiro Bellochio)..............................................3982. A msica na formao inicial de professores no curso de Pedagogia na Universidade Estadual deMaring: um olhar sobre leis e fatos (Ana Ksia Tows de Oliveira; Andria Veber).......................4043. Aprendizagem da docncia de msica: um estudo a partir de narrativas de professores de msicada educao bsica (Tamar Gens Gaulke)..................................................................................4094. Bacharelado em Msica, nfase em Msica Popular no Instituto de Artes da Universidade Federaldo Rio Grande do Sul: razes, expectativas e concepes de candidatos e ingressos no vestibularde 2012 (Jean Carlos Presser dos Santos; Jusamara Souza).......................................................4165. Campo de pesquisa em Educao Musical na UFC: um comeo (Pedro Rogrio; Luiz BotelhoAlbuquerque)............................................................................................................................4226. Formao continuada de professores e interculturalidade: diagnsticos de cursos de formao nocontexto da implementao da lei 11.769/08: dois estudos de caso (Matheus de CarvalhoLeite)......................................................................................................................................4287. Formao e capacitao de docentes distncia em educao Musical no Sistema de Educaodo SESC (Leonardo Moraes Batista).....................................................................................43712 13. 8. Msica na Pedagogia: uma experincia de estgio na Licenciatura (Jonas Tarcsio Reis).................442 9. Musicalizando professores no especialistas (Vitor Hugo Rodrigues Manzke; Isabel Bonat Hirsch).....................................................................................................................................448 10.O Ensino Superior de Msica: formao e experincia a partir de dois trabalhos investigativos(Marcelo Barros de Borba; Renata Beck Machado)................................................................454 11.Os palcos da vida real: possibilidades e dimenses para ensino e pesquisas em educao musical(Jair Gonalves).......................................................................................................................459 12.Recitais Didticos: mdia, ampliao de escuta e dilogo com a platia (Helena Dris Sala; AnaLcia Louro)............................................................................................................................465GT8 Formao do Educador Musical em Espaos No Escolares 1. A trajetria de vida da professora Ingeburg Hasenack e o contexto pedaggico-musical de suas prticas na cidade de So Leopoldo/RS (Janana Machado Asseburg Lima; Luciane Wilke Freitas Garbosa)..................................................................................................................................472 2. A troca de cartas como recurso para reflexo sobre aulas de guitarra e violino: um relato de experincia (Franciele Maria Anezi; Jssiaca Almeida; Ana Lcia Louro; Caroline Pozzobon Xisto).......................................................................................................................................478 3. Cultura profissional do professor de violo: um conceito em debate (Alexandre Vieira)..................484 4. Os Festivais de Coros no Rio Grande do Sul (1963-1978): aproximaes do campo na busca da construo do tema da pesquisa (Lcia Helena Pereira Teixeira).................................................490 5. Transformao Conceitual e Prtica: de regente de coros a educador musical de cantores (Louis Marcelo Illenseer)...............................................................................................................495Pster 1. A funo social do Ensino de Msica (Karen Luane Nascimento; Pedro Vinicius Santos; Jssica Dayana Alves Arajo).............................................................................................................502 2. A msica retorna escola: reflexes e aes do PIBID de msica da FURB (Michel Zimath; Susan Emanuelle Volkmann; Luis Guilherme Holl; Melita Bona)............................................................505 3. Encontro de Estudantes de Flauta Doce de Montenegro-RS/Fundarte: uma prtica voltada para a msica instrumental em conjunto envolvendo crianas, jovens e adultos (Fernanda Anders).................................................................................................................................508 4. Ensino de Msica Escolar: investigando concepes de estudantes sobre aulas de msica (Cristina Rolim Wolfenbttel; Diego da Rosa Salvador; Guilherme Antnio Stempkowski Garibotti; Norildo Pereira de Andrade)..............................................................................................................514 5. GEEM FURB Grupo de Estudos em Educao Musical Universidade Regional de Blumenau (Ana Paula Gonzaga Corra; Garbareth Edianne de Mattos; Jemima Pascoal dos Reis; Maria Fernanda Gonzaga Corra; Sabrina Lance das Chagas; Susan Emanuelle Volkmann; Viviane Wendorf).....................................................................................................................................517 6. Iniciao Musical com o uso da Flauta Doce (Diogo Jardim Jackle)...........................................519 7. Msica no oitavo ano uma experincia significativa de Educao Musical na escola (Dayson Rodrigues de Melo; Laerte Andr Massirer)........................................................................52313 14. GT1PRTICAS MUSICAISCONTEXTO NO CONTEXTO ESCOLAR14 15. A Educao Musical: um diagnstico da atual situao do Ensino da Msica no Instituto Estadual de Educao Assis BrasilMirian Cristina Maus (UFPel) [email protected] Hugo Rodrigues [email protected] de Oliveira [email protected] Bonat [email protected] Ana Lucia Ribeiro Azambuja [email protected]: Este trabalho o relato de um diagnstico inicial referente presena de atividades em qualquerformato na rea da Educao Musical no Instituto Estadual de Educao Assis Brasil IEEAB na cidadede Pelotas RS. Foi desenvolvido por alunos bolsistas do programa PIBID/CAPES, do curso de Licenciaturaem Msica da Universidade Federal de Pelotas. Com isso, buscamos diagnosticar a atual situao do ensinode msica no IEEAB e novas possibilidades de insero desta rea do conhecimento conforme prevista nalei 11.769/08, por meio de aes como formao continuada aos professores do Instituto, formao extracurricular s alunas do curso Normal e aes diretas com os alunos.Palavras chave: Msica na Educao Bsica, Formao Continuada em Msica, Msica no Curso Normal.Introduo O Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Docncia PIBID contemplou o curso deMsica na Universidade Federal de Pelotas no ano de 2011. Ao sermos selecionados para participar doPrograma, fomos destinados a uma das quatro escolas participantes desta etapa, juntamente com alunosdos cursos de artes visuais, dana e geografia. Nosso grupo foi encaminhado para o Instituto de EducaoAssis Brasil IEEAB e, juntamente com os outros cursos, fomos incumbidos da tarefa de fazer umdiagnstico sobre o funcionamento da escola, bem como o diagnstico de aes possveis dentro doambiente escolar. Nosso diagnstico foi construdo no sentido de primeiramente averiguar quais aes musicais aescola j desenvolvia, dentro ou fora do currculo e, posteriormente, observar quais as contribuies queo grupo do PIBID poderia fazer, suprindo as necessidades da escola. necessrio mencionar a grande importncia desta escola na rede estadual de ensino no municpiode Pelotas RS, pois dentro desta rede, a nica escola que oferece o Curso Normal. Porm, como emtoda a rede estadual, no existe a figura do professor de msica na escola ministrando aulas desta rea.Projetos anteriores j estiveram em funcionamento, porm, no tiveram continuidade, talvez por noexistir a figura do professor de msica, dificultando estas aes. A seguir, descreveremos sobre o que encontramos no IEEAB, que possui todos os nveis daeducao bsica e quais nossas intenes para desenvolver um trabalho de educao musical, tanto comalunos como para os professores do educandrio.Diagnstico na escolaNo dia 18 de agosto de 2008 foi sancionada a Lei 11.769/08 que instituiu a msica como contedoobrigatrio na educao bsica. A Lei imps um prazo de trs anos para que as escolas se adaptassem asexigncias, e garantiu a obrigatoriedade do ensino de msica na educao bsica. Mas a realidadenacional que no h professores qualificados para atuarem na educao musical. Freire (2007) confirmouessa situao ao destacar que o Brasil, hoje, no tem professores de Msica, educadores musicais na acepo completa, em nmero suficiente para ocupar o espao nas escolas. Nem em nmero, nem em qualidade, 15 16. pois durante muitos anos formamos professores de Msica em licenciaturas que no osinstrumentalizavam musicalmente de forma consistente. (FREIRE, 2007, p.3).O Instituto Assis Brasil vive essa realidade, pois a escola no conta com professores licenciados em msica atuando na rea, situao que recorrente na maioria das escolas brasileiras. E se a lei fosse restrita a professores com formao em licenciatura para o ensino musical demoraria ou nem chegaria a ser cumprida completamente, pois o nmero de cursos e alunos que se formam insuficiente para a demanda do pas.A diferena entre um professor licenciado e um com outro tipo de formao considervel. Para exercer sua funo no ensino da msica, o profissional deve ser dotado de determinadas habilidades que qualificam o ensino. Godoy & Figueiredo (2010) referem-se s atribuies concernentes a um professor de msica que so inmeras, comoensinar msica, desenvolver estratgias, equilibrar teoria e prtica e buscar atingir ointeresse do aluno; saber agir didaticamente e saber lidar com muitos outros assuntos quepermeiam o cotidiano dos alunos; saber conectar os conhecimentos especficos com outrasreas; saber lidar com as diferenas e com as condies de sala de aula, nem sempremuito favorveis; enfim, uma pluralidade de saberes e competncias que precisam sermobilizados na prtica. (GODOY; FIGUEIREDO,2010, p. 269).Gauthier (1998) menciona outra atribuio ao profissional, a pluralidade do saber, afirmando que muito mais pertinente conceber o ensino como a mobilizao de vrios saberes queformam uma espcie de reservatrio no qual o professor se abastece para responder asexigncias especficas de sua situao concreta de ensino. (GAUTHIER, 1998, apudGODOY; FIGUEIREDO, 2010, p.269).A realidade da falta de professores com a devida formao no a nica barreira que impede o sucesso no ensino musical. A filosofia ensina que os pr-conceitos atrapalham na busca dos conhecimentos verdadeiros. Um destes distorceu a viso sobre o que ensinar em msica, fazendo alguns professores ver seu trabalho limitado ao canto e ensino de instrumentos musicais.Entretanto, o ensino musical abrange uma rea no apenas sensvel, mas perceptiva, emocional e intelectual. A msica contribui para a formao integral do indivduo, reverencia os valores culturais, difunde o senso esttico, promove a sociabilidade e a expressividade, introduz o sentido de parceria e cooperao, e trabalha com a sincronia de movimentos. Por meio da msica, o indivduo expressa emoes que no consegue expressar com palavras.O objetivo do trabalho com a msica desenvolver habilidades fsico-cinestsica, espacial, lgico-matemtica, verbal e musical. a musicalizao do ser, envolvendo a diferenciao de fontes sonoras e tons, acabando por criar um ser humano crtico. Sobre isso, Correa (2010) destaca que fundamental exercer uma conscientizao de que a Msica uma rea do conhecimentoque deve ser introduzida na escola de maneira mais comprometida e reflexiva. Isso, nadireo de construir conhecimentos tanto especficos quanto gerais, que abranjam a Msicana busca por formar indivduos mais crticos quanto ao que eles vivenciam dentro doscontextos em que se inserem, tornando-os sujeitos aculturados musicalmente. (CORREA,2010).Um problema recorrente tambm no Instituto Assis Brasil o de as escolas no terem todos os recursos materiais e humanos necessrios para a efetivao de uma educao musical apropriada. Penna (2008) destaca sobre a situao da msica e das artes afirmando queas polticas pblicas para a educao musical e artstica no tm contribudo para umamudana significativa na situao dessas reas atualmente. Mesmo depois das novas16 17. legislaes (LDB, PCN, Diretrizes Estaduais e Municipais) as artes em geral continuam aser tratadas de maneira irrelevante, mesmo quando alguns sistemas educacionais jadotaram a contratao de profissionais especficos para cada linguagem, o que j umavano com relao aos tempos da polivalncia. (PENNA, 2008, apud ALMEIDA, 2011).O que se percebe que a lei a foi dada, mas se fez vaga, pois abriu espao para diversasdvidas e possveis interpretaes. Num pas onde as artes em geral no so tratadas como disciplinasimportantes na escola como as das reas exatas ou das letras, no definir questes como quem develecionar os contedos de msica ou se a msica deve ou no ser uma disciplina com perodo nicocom a mesma importncia como de uma disciplina como a matemtica; gera uma srie de aesque desqualificam e desfavorecem a msica. Os professores e alunos acabam, em geral, por consideraras atividades artsticas como secundrias e de avaliao subjetiva que no deve interferir norendimento das outras matrias; disciplinas que no reprovam. Com isso surge o problema sobre ovalor que colocado sobre a msica como contedo, como disciplina. Fonterrada (2005) destacaquecomo a necessidade de refletir a respeito da prtica e da funo da msica nemsempre clara [...], muito do que existe em educao musical no se apresenta, naverdade, como musical ou artstico, mas, antes, como um conjunto de atividadesldicas [...] O fato de a msica ter ou no seu valor reconhecido coloca-a dentroou fora do currculo escolar, dependendo de quanto ou no considerada pelo gruposocial. Se, em determinada cultura, a msica for uma das grandes disciplinas do saberhumano, o valor da educao musical tambm ser alto [...] Esta a questo crucial comque se depara [o] Brasil: o resgate do valor da msica perante a sociedade, nico modo derecoloc-la no processo educacional. (FONTERRADA, 2005, apud CORREA, 2011). Com a obrigatoriedade do ensino de msica na educao bsica pela lei n. 11.769/08, osprofessores da educao infantil e anos iniciais tornaram-se peas fundamentais para que este ensinorealmente ocorra na prtica escolar. Estes professores, grande parte formados em cursos de pedagogia,so generalistas, ou seja, teoricamente devem trabalhar de maneira articulada e integrada entre sitodas as reas do conhecimento, incluindo a educao musical (Werle; Bellochio,2009). Autorescomo Figueiredo (2004), Spanavello; Bellochio (2005), Krobot;Santos (2005) e Bellochio (2008)enfatizam a carncia no currculo da maioria dos cursos de Pedagogia de uma disciplina especficaem educao musical, ocasionando uma deficincia na formao destes profissionais. SegundoFigueiredo (2004),embora se pretenda que o professor generalista seja responsvel por todas as reas docurrculo escolar, a preparao artstica, em geral, e a preparao musical, em particular,tm sido abordadas de forma superficial e insuficiente pelos cursos formadores dessesprofissionais. As artes tendem a ser consideradas como reas especficas demais paraserem assimiladas pelos profissionais generalistas, perpetuando uma srie de equvocos epreconceitos em torno dessas reas na educao em geral. (FIGUEIREDO, 2004 p.56).A situao no diferente no Instituto de Educao Assis Brasil que oferece o Curso Normalem nvel mdio, com a durao de quatro anos letivos e com o objetivo de formar professoreshabilitados para atuar na educao infantil e no primeiro ciclo do ensino fundamental (Brasil, 1999).No h professor de msica no quadro, e, portanto, as alunas no desenvolvem atividades musicaiscom um profissional especializado.Com base nos objetivos do curso e partindo desse pressuposto, uma possvel ao da reaseria focar na formao continuada destes profissionais, atravs da oferta de oficinas de msica aosprofessores generalistas atuantes na prpria escola, que contemplem desde musicalizao at aconstruo de materiais didticos, afim de que os docentes possam utilizar atividades musicais emseu trabalho cotidiano, sendo os primeiros transmissores de nossas ideias aos alunos da escola.Para Werle e Bellochio (2009),17 18. sublinha-se a necessidade de um trabalho mais qualificado do professor de EducaoInfantil e Anos Iniciais quando esse realiza atividades musicais. E, no caso da escola noter professores de msica, como h tempos tem acontecido, que o professor de EducaoInfantil e Anos Iniciais possa articular em seu trabalho cotidiano de sala de aula atividadesmusicais com mais conhecimento e clareza sobre seus propsitos e funes para odesenvolvimento dos alunos. (WERLE; BELLOCHIO, 2009 p.34). Alm das atividades propostas s alunas do Curso Normal, diagnosticamos muitas outras possibilidades de atuao dentro da escola, como, por exemplo, a de introduzir as novas tecnologias que vm sendo empregadas na prtica docente, visando dar ferramentas ao professor e auxili-lo no processo educacional. O IEEAB possui salas com recursos audiovisuais e dois laboratrios de informtica em pleno funcionamento que propiciam o emprego dessas tecnologias em futuras atividades propostas. Jesus; Uriart; Raabe (2008) e Kruger; Gerling; Hentschke (1999) defendem a utilizao do computador e do software como ferramenta didtica no ensino de msica. Flores (2002) prope utilizar a internet como plataforma para criar ambientes de educao musical, devido ao seu fcil acesso e popularizao. Para Flores (2002),segundo as Diretrizes Gerais do MEC para a rea da Msica, elaboradas em 1997 eaprovadas em 1999, a tecnologia deve estar presente em todas as sub-reas de formaode recursos humanos, como educao musical, composio e execuo. (FLORES, 2002p. 12). Com o uso de computadores em aes desenvolvidas pela rea visando o ensino de msica, pode-se utilizar softwares gratuitos e/ou sites que contenham jogos voltados educao musical, de acordo com a proposta da ao. Propomos a realizao de oficinas e palestras com as professoras do IEEAB com o intuito de orient-las sobre conceitos bsicos que permeiam a ao de um professor de msica no exerccio de suas funes, oficinas estas que busquem esclarecer o verdadeiro papel da msica na educao, mostrando claramente como ela deveria ser trabalhada com os alunos. Acima de tudo deve ser um trabalho de conscientizao musical para cada professor, em que eles teriam contato com a msica de forma mais livre de preconceitos e intuitiva. No diagnstico constatamos que o IEEAB possui instrumentos percussivos que compunham o corpo de uma banda marcial da escola que atualmente est desativada. Pretendemos utilizar esses instrumentos para enriquecer nossa ao como Pibidianos na escola, por meio de oficinas e atividades que busquem resgatar esses instrumentos fisicamente e sua importncia ao serem empregados na educao musical. Uma primeira ao teria como propsito a apresentao desses instrumentos por meio de uma oficina, onde poderamos resgatar e dar a manuteno cabvel a nossa atuao, para que os alunos e professores saibam da riqueza que est guardada em sua escola e de como so e funcionam esses instrumentos. O trabalho com instrumentos de percusso tem, como propsito, trazer grandes benefcios para uma aprendizagem significativa em msica. Bellochio (2005) expe que:A experincia direta com msica, tocando, cantando, ouvindo, compondo, improvisandoso de fundamental importncia na realizao da educao musical. No podemos pensarnum processo de formao em que a msica seja resumida a atividade de falar sobre ela[...] preciso empreender esforos em experincias musicais diretas. Para quem vai trabalharcom msica na escola, preciso saber fazer. (BELLOCHIO, 2005, p. 205). essa vivncia com a msica que pretendemos proporcionar aos alunos e professores, para que possam desfrutar e aprender com o melhor que a msica tem a oferecer a cada ser. Eles precisam estar em contato com esse meio para que sua experincia seja vlida e significativa. Posteriormente, aes que18 19. envolvam prticas com os instrumentos, oficinas que ensinem a utiliz-los adequadamente, e diversasoutras atividades que envolvam contedos musicais podero ser realizadas tendo esses instrumentos comobase.Consideraes finaisAps esta primeira investida de pesquisa, que resultou em um prvio diagnstico da atualsituao da rea da Educao Musical dentro do IEEAB, podemos observar inicialmente que hmuito trabalho a ser realizado dentro da escola, no s atividades com os alunos, afim de que estestenham a meta curricular exigida pela nova legislao cumprida, mas sim um trabalho deconscientizao da importncia, da relevncia e da contribuio que a musicalizao traz. Benefciosestes que seus maiores resultados no so de percepo imediata. Chiarelli e Barreto (2005) enfatizamqueas atividades musicais realizadas na escola no visam a formao de msicos, e sim,atravs da vivncia e compreenso da linguagem musical, propiciar a abertura de canaissensoriais, facilitando a expresso de emoes, ampliando a cultura geral e contribuindopara a formao integral do ser(...) Ligar a msica e o movimento, utilizando a dana oua expresso corporal, pode contribuir para que algumas crianas, em situao difcil naescola, possam se adaptar (inibio psicomotora, debilidade psicomotora, instabilidadepsicomotora, etc.). (CHIARELLI; BARRETO, 2005).Para tanto, sugerimos que tal trabalho seja desenvolvido inicialmente com os professores detodos os nveis da escola, seja em forma de palestras seminrios ou oficinas, pois acreditamos queconscientizando os professores da importncia do desenvolvimento destes contedos, eles iniciaroa reintroduo da msica na escola. Assim como os professores j atuantes na escola, acreditamostambm na potencialidade dos estudantes do curso Normal, pois como futuros professores, se desdesua formao forem conscientes da importncia do estudo da msica na educao bsica, serodisseminadores desta necessidade. Entretanto, no podemos deixar que o entendimento desta propostade instrumentalizar, principalmente os professores unidocentes seja interpretada de forma errnea. Este embasamento que estamos propondo nestas primeiras aes so relevantes tendo emvista que tais professores no tiveram em sua formao acadmica subsdios para desenvolver taistemas, e to pouco a escola oferece aos alunos professores especialistas em Educao Musical. Aformao, breve, que estamos sugerindo tem a finalidade, no de habilitar o professor generalista aministrar aulas de msica, mas sim de instrumentaliz-lo afim de que tenha conscincia dos trabalhosque j desenvolve em sala de aula e da importncia desta rea da educao na formao de seusalunos.RefernciasALMEIDA, Poliana C., Professoras de sries iniciais e a obrigatoriedade do ensino da msica:impactos e primeiras impresses. In: Seminrio Brasileiro de Educao Musical Infantil/V EncontroInternacional de Educao Musical, 2, 2011, Salvador. Anais...Salvador 2011, p. 21-28.BELLOCHIO, C. R., A formao de professores e prticas educativas em educao musical:transformando o existente gerando alternativas. In: BEYER et al. O som e a criatividade: dimensesda experincia musical. Santa Maria: UFSM, 2005. p.199-219._________________ Educao musical e necessidades formativas: o que dizem os professoresunidocentes? In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE EDUCAOMUSICAL, 17, 2008 So Paulo. Anais...So Paulo: ABEM 2008 p. 1-8. 19 20. BRASIL, Resoluo CEB N 2 de 15 de abril de 1999. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a formao de docentes da Educao Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental, em nvel mdio na modalidade Normal. Disponvel em: . Acesso em: 8 fev. 2012 CHIARELLI, Lgia Karina Meneghetti. BARRETO, Sidirley de Jesus. Disponvel em: . Acesso em:11 fev. 2012. CORREA, Aruna N. A educao musical: entre o curso de pedagogia e a sala de aula. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE EDUCAO MUSICAL, 19, 2010 Goinia. Anais...Goinia: ABEM 2010 p. 266-272. CORREA, Aruna N. Um estudo sobre a educao musical para a pequena infncia no Brasil. In: Seminrio Brasileiro de Educao Musical Infantil/V Encontro Internacional de Educao Musical, 2, 2011, Salvador. Anais...Salvador 2011, p. 112-120. FIGUEIREDO, Srgio Luiz Ferreira de. A preparao musical de professores generalistas no Brasil. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 11, 55-61, set. 2004. FLORES, L. V. 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A msica em projetos de extenso: ouvindo estudantes...Denise Andrade de Freitas MartinsResumo: O presente artigo trata de uma atividade de extenso universitria realizada em uma cidade dointerior de Minas Gerais, o projeto (RE) Cortando papis, criando painis, que envolve uma Universidade,uma escola de msica e uma escola de educao bsica. Em busca de compreender como se d a experinciamusical de estudantes de 4 e 5 sries de uma escola pblica estadual, desenvolvidas as prticas artsticase musicais com nfase msica brasileira, analisamos os textos escritos por esses/as estudantes ao final deuma apresentao musical, a da pea Zangou-se o Cravo com a Rosa de Heitor Villa-Lobos. Esta anliseconstou de levantamento e agrupamento das unidades de significado, e categorias. O referencial tericosustentou-se principalmente nos conceitos de prticas sociais, onde a convivncia aspecto fundamental, ede dialogicidade. Os resultados alcanados, a partir de uma anlise inspirada na fenomenologia, mostraramque o contato com a msica suscitou nos/as estudantes satisfao pessoal, orgulho de ser capaz e de fazersucesso, importncia e reconhecimento sociais, o que contribuiu no sentido de refletir sobre o potencialformador da msica tanto para educandos (as) como para educadores (as).Palavras-chave: Prticas sociais e processos educativos, Convivncia, Dialogicidade.IntroduoO presente artigo busca apresentar algumas reflexes e compreenses de atividades musicaisrealizadas no espao escolar, especificamente no projeto (Re) Cortando papis, criando painis, criadono ano de 2007 na cidade de Ituiutaba, Minas Gerais, comunicado por Martins (2009) no Encontro daAssociao Brasileira de Educao Musical, Joo Pessoa.As atividades so desenvolvidas semanalmente com estudantes de 4 e 5 sries de escola pblica,e so organizadas em eventos sonoros, excurses culturais, oficinas artsticas. O planejamento, organizaoe aplicao das atividades so de responsabilidade das professoras e alunos/as das instituies envolvidas,cujo resultado apresentado nos mais diferentes espaos, desde a sala de aula at salas de concertos,bem como espaos alternativos, tais como saguo de bancos e parques.No convvio com esses/as estudantes, uma srie de apresentaes e mostras de arte foi e vemsendo desenvolvidas, principalmente, a partir da msica brasileira.Para fins deste artigo nos debruaremos na anlise dos textos escritos pelos/as estudantes noencerramento das atividades do primeiro semestre de 2009, que culminou com uma apresentao musicalda pea Zangou-se o Cravo com a Rosa de Heitor Villa-Lobos, um arranjo para flauta doce, percussocorporal e xilofones, realizada junto Camerata Prof. Cilas Pereira Rocha 1, do Conservatrio Estadualde Msica Dr. Jos Zccoli de Andrade de Ituiutaba, Minas Gerais.Prticas sociais, problematizando conceitosCompreendemos que o (Re) Cortando papis, criando painis uma prtica social, lugarde realizao e de satisfao dos sujeitos envolvidos, onde o sagrado parece ocupar lugar especial.Freire (2001) sublinha que as prticas sociais comportam prticas educativas, dada a suacomplexidade e por se tratar de relaes que envolvem seres humanos - o fenmeno da existnciahumana, da nossa vida na terra.Larrosa-Bondia (2002, p. 24), em sua noo de experincia/sentido diz que a experincia[] a possibilidade de que algo nos acontea ou nos toque, [o que] requer um gesto de interrupo.Co(n)-vivendo deixar-se penetrar, estar prximo a algum.Esse sujeito de corpo inteiro bem pode ser o sujeito fenomenolgico de Merleau-Ponty (1994),[aquele] que possui um corpo fenomenolgico, o corpo prprio, que no simplesmente um corpo1A Camerata Prof. Cilas Pereira Rocha, criada em 1994, um grupo de cmara do Conservatrio Estadual deMsica de Ituiutaba. 21 22. fisiolgico, e nem mesmo um corpo qualquer, mas o nosso corpo, o corpo da experincia de meu corpo, que s meu, e por isso cmplice e fiel testemunho das nossas experincias no mundo. Estar junto aos outros mais que um encontro para Fiori (1986), o acontecimento de nossas intersubjetividades, de onde resulta o movimento de nossa conscientizao. E na possibilidade de estar junto ao outro que se funda a atitude de trabalhar com, de realizar e de se realizar, situao onde a sensibilidade, a percepo e a conscincia so portas abertas para a convivncia, o pensar com de Freire, e no pensar sobre. Convivendo com os outros criamos olhares construdos, o outro deixa de ser um indivduo e se torna uma comunidade. Nessa relao, o dilogo condio necessria porque pressupe uma convivncia verdadeira, implica um respeito fundamental entre os sujeitos envolvidos, que se reconhecem uns aos outros, a solidariedade intercomunicativa epocal de Freire (2008). Dialogar problematizar as prprias coisas, j que a cultura existe no jogo contraditrio da permanncia e da mudana. O mundo humano um mundo de comunicao. E o pensar um ato coletivo (FREIRE, 1983). No h um penso, mas um pensamos. Prticas assim, no dicotomizam o texto do contexto, mas exigem uma rigorosa compreenso. Segundo Oliveira (2009), prticas que buscam pensar as relaes entre as pessoas exigem uma imerso daqueles/as que a realizam, o que implica uma emerso crtica de onde uma realidade poder ser desvelada, o reencontro de cada um com a sua prpria humanidade. A educao musical brasileiraBrito (2001) coloca que a linguagem musical o meio de ampliao da percepo e da conscincia, mostrando-se um campo profcuo do exerccio da cidadania, de sermos seres humanos ntegros e integrados. Por sua vez, Joly (2004), nos lembra dos efeitos desencadeados das vivncias de prticas musicais em conjunto, que vo alm de aprendizados e acabam por envolver importantes aspectos de humanizao e cidadania nos participantes.Kater (2004, p.44) assevera que msica e educao so produtos da construo humana, cuja conjugao pode resultar uma ferramenta original de formao, capaz de promover tanto processos de conhecimento como de autoconhecimento, e nos alerta que mesmo assim, ocupando- nos junto s prticas musicais das funes de socializao, integrao e de uma produo artesanal e artstica extremamente satisfatria, ainda subaproveitamos o seu elemento formador.Fonterrada (2005) afirma que a educao musical pode ser o espao aberto de insero da arte na vida do homem, possibilitando-lhe atingir outras dimenses de si mesmo e de seus modos de relao, um construto social, uma atividade social, de onde, para Costa (1997), emerge um paradigma esttico e tico-poltico que atravessa todas as regies do saber e do fazer contemporneos.No ambiente escolar, trabalhos em equipe ampliam, reformam, crescem e transformam as pessoas que estabelecem o ato da troca, quando existe a proposio onde um se prolonga no outro. Essas formaes so democratizantes e com base fenomenolgica, so estimuladoras da formao de grupos-sujeitos, onde prevalece a inseparabilidade sujeito/objeto, ser humano-mundo. Para Freire (2004, p.13), [...] contextos que geram solidariedade constroem ambientes onde as pessoas se sentem realizadas. Fazendo msica na(s) escola(s)Este estudo, que trata do olhar de estudantes de 4 e 5 sries de escola pblica estadual sobre as prticas musicais realizadas no projeto de extenso (Re) Cortando papis, criando painis, foi efetivado no primeiro semestre de 2009, com a apresentao da pea Zangou-se o Cravo com a Rosa de Heitor Villa-Lobos.22 23. Neste artigo faremos uma anlise dos registros escritos pelos/as estudantes. Os critrios de anlisesero: anlise ideogrfica - levantamento e agrupamento das unidades de significados, seguida de anlisenomottica interpretao e categorizao dessas unidades, o que nos possibilitou, em parte, acesso aomundo-vida e ao pensar do sujeito (MACHADO, 1994, p.41).As unidades de significados que emergiram foram agrupadas em quatro categorias: o fazermusical coletivo; o Conservatrio como espao do ser mais; a apresentao musical e seusentido; a participao no (Re) Cortando papis, criando painis. Dos/as dezenove estudantes,apenas dezessete escreveram sobre essa experincia, sendo que dois deles/as no compareceram nodia da apresentao, mas nos ensaios. Esses/as estudantes sero aqui nomeados de hum a dezessetee de acordo com o instrumento-voz que executaram, a saber: canto, flauta e xilofone.Em busca de novas compreenses As percepes e vivncias dos/as estudantes, expressas nos textos escritos, convergiram emquatro categorias: o fazer musical coletivo; o Conservatrio como espao do ser mais; aapresentao musical e seu sentido; a participao no (Re) Cortando papis, criando painis. A categoria relativa ao fazer musical coletivo apresentou e revelou aspectos referentes aoprocesso de estudar msica, aos momentos dos ensaios, disciplina necessria para esse aprendizado, questo especfica de aprender a tocar um instrumento musical e a de tocar junto com o outro, eainda sobre os resultados obtidos desse aprendizado. Outro aspecto muito presente foi o daimportncia e do sucesso decorrentes da apresentao musical realizada no final de semestre.Observa-se tambm que os/as estudantes enfatizaram sobre a regularidade dos ensaios, destacandoa oportunidade de tocar na escola de msica, Conservatrio, junto Camerata. Kater (2004, p.47) considera que oportunidades como essa, para um estudante de msica,representa o profundo desejo de sucesso, de poder realizar e ser por isso reconhecido socialmente,mostrando ao mundo o quanto tambm capaz. Outra meno foi sobre o percurso escola sede-Conservatrio/Conservatrio-escola sede,referindo-se ao meio de transporte (van), razo de muita alegria para esses estudantes. a importnciado deslocamento, da explorao e descoberta, do uso, do conhecimento e do reconhecimento deoutros e diferentes espaos no processo de aprendizagem, o novo na vida desses estudantes: vide v; adoro ir e voltar de vam; Nos fomos para o conservatrio de vam, no primeiro dia queeu fui eu achei muito legal mas depois eu gostei de mais; E muito bom sair da escola de vam comtodos os meus colegas e ir para o conservatrio. Saberes como esses so mais culturais e menosescolares. a possibilidade de conhecer o desconhecido, de aprender em um outro lugar, de ampliare renovar o universo cultural (TARGAS; JOLY, 2009). Na categoria o Conservatrio como espao do ser mais, observa-se a importncia queos/as estudantes conferiram oportunidade de poderem frequentar uma escola de msica, de seremtratados com educao. Aqui, o processo parece se sobrepor ao fim, os/as estudantes ao produto, afuno pedaggica artstica (KATER, 2004). a prtica educativa comportada dentro da prticasocial de Freire (2001; 2004), cujos contextos geram solidariedade e promovem a realizao daspessoas. o construto social de Fonterrada (2005), so os grupos-sujeitos de Costa (1997). Sobre a apresentao musical e seu sentido, pode-se verificar o significado desta para os/as estudantes, como: satisfao prpria, estado de felicidade, importncia e reconhecimento sociais(aplausos), sensao de capacidade, vontade e desejo de continuidade e de fazer sucesso, presenae fora dessa experincia na memria, a vida na terra, so os saberes molhados de nossasexperincias de Freire (2001), o acesso ao mundo-vida de Martins (2005). Podese dizer que essa experincia tocou os sujeitos nela envolvidos, porque estavam disponveisa ela, abertos, receptivos, o par experincia/sentido de Larrosa Bonda (2002). Ex-pondo ao mundo, 23 24. com um corpo que era s deles/as e a partir de suas experincias, que o corpo prprio de Merleau- Ponty (1994), que esses/as estudantes puderam experimentar as sensaes dadas por meio dos sentidos. a percepo, acontecendo ao mesmo tempo, sensao e percepo, numa ao conjunta, paralela. E at mesmo a conscincia de que temos das coisas no mundo uma conscincia perceptiva. Por isso que estamos no mundo, sendo, percebendo e sentindo, o sendo ao mundo de Freire.Em suas falas, os/as estudantes se referem aos aplausos, ao desejo de permanecer no projeto e um reconhecimento e agradecimento s pessoas responsveis pelas atividades. Disponveis todos no ato da troca parece existir a idia - sensao de que o outro vive de ns, assim como ns vivemos dele. Aqui, esse outro um/a estudante dentre tantos jovens de famlias com nveis diversificados de organizao, que no participou de seleo estrita de competncias (KATER, 2004, p.47), e que, sobretudo, aposta num mundo melhor, porque acredita que tambm capaz: [...] tocar no palco junto com a camerata e monstrar como qualquer um pode tocar uma flauta (Flauta 2); [...] foi muito lindo todos estava arumado e cheroso levamos a me no nibus.[...] quero ir de novo 2 semestre e vai ser mais bonito ainda, porque agente vai arrazar na musica. Obrigado [...] para voc ter dado uma chance para gente (Canto 6); [...] eu gostei muito da apresentao e dos insaios, a camerata toca muito bem, obrigado por ter acreditado em nos [...] fiquei orgulhoso quando nos foi anunciado (Canto 16); nos temos chace de apresentar e nostrar para as pessoas que nos temos capacidade de aprender um pou das coiza (Canto 17).Ser capaz para Kater (2004) um diferencial que estmulo potente, a chama interior, o brilho nos olhos (p.47). Prticas como essa, onde a msica forte componente de agregao, humaniza as pessoas e constitui os chamados grupos-sujeitos de Costa (1997), onde cada um se prolonga no outro, tanto a tarefa de desenvolvimento da musicalidade e da formao musical quanto o aprimoramento humano dos cidados pela msica (KATER, 2004, p.46).Quando os/as estudantes falaram de sua participao no (Re) Cortando papis, criando painis, constatou-se uma atitude reflexiva a partir das experincias dadas, porque fizeram referncia ao processo de aprendizagem e desenvolvimento, bem como do comportamento: a educao e a inteligncia, os modos de ser das professoras. Pode-se ento pensar que no estabelecimento dessas relaes a convivncia foi fator determinante, marcada de cumplicidade, solidariedade, amorosidade, e profissionalismo, por isso uma prtica humanizadora e potencialmente formadora.Freire (2004) acredita que na mobilidade de nossas aes, sendo uns com os outros ao mundo, que poderemos construir um mundo solidrio, onde o dilogo e o ato de f so atitudes necessrias a um educador.Um dos estudantes se explicou pobre e humilde, justificando seu comportamento da baguna, e agradecendo s pessoas que importa com outros. Kater (2004, p.44) nos convida a pensar sobre as situaes de abandono, marginalizao e excludncia de muitos jovens, cujos reflexos se estampam em seus comportamentos e atitudes. Da a importncia de projetos que possibilitem o processo formativo. Nessa questo, a educao musical se mostra significativamente subaproveitada em seu potencial formador. Fazendo consideraes... De acordo com a anlise das categorias, podem-se apontar algumas questes: a primeira sobre a importncia desta atividade, a da apresentao musical, conforme os ttulos que os/as estudantes deram aos seus textos, a saber: O grande dia, A apresentao com a Camerata, Um dia especial, Cantando com a Camerata..., Nossa apresentao no Conservatrio, Brincando com a Msica, Conservatrio, Dias diferentes e O Flautista mais lindo. A segunda questo se refere s sensaes desses estudantes em face apresentao, implicados o espao e os sujeitos envolvidos: o orgulho, a capacidade e o sucesso por terem se apresentado no Conservatrio e com a Camerata.24 25. A terceira diz respeito ateno, oportunidade e confiana que esses estudantes sentiram emrelao s professoras, que firmes em sua prtica docente eram sempre educadas e pacientes. Falaramtambm da necessidade de disciplina nos ensaios musicais, comportamento solicitado com muita freqnciapelas professoras e dificilmente atendido pelos/as estudantes. Esse trato de um com o outro, nos dizeres deFreire (2008), comporta a humildade e a pacincia como virtudes, um exerccio fundamental da coerncia. Um quarto aspecto foi o de que a apresentao musical confere importncia social. A condio defazer sucesso ficou evidenciada e foi reforada na esperana, na vontade manifesta de continuarparticipando do projeto, entre idas e vindas de perua Van escola de msica. Considerando-se que este estudo nos mostra a existncia de uma forte relao entre o ensinoe a aprendizagem musical e a finalidade dessa prtica pedaggica, apresenta-se Souza (2000, p.164),quando diz que a aula de msica s pode obter xito se transformada numa ao significativa, eKater (1995), de que em favor dos significados que as diferentes realidades tm para ns quecompreendemos e nos relacionamos com as foras vivas dos momentos vividos. Por se tratar de uma atividade desenvolvida em espaos escolares, onde os/as estudantestiveram liberdade para participar e poder escolher os seus instrumentos, apresentando-se em diferenteslugares, da sala de aula sala de concerto, envolvidos nas atividades por gosto e vontade prprias,satisfeitos com o resultado e orgulhosos de si mesmos, pode-se dizer que algo aconteceu, oultrapassamento de uma dada situao. De marginalizados musicais a atores sociais!RefernciasBRITO, Teca Alencar. Koellreutter Educador: o humano como objetivo da educao musical. SoPaulo: Peirpolis, 2001. p. 185.COSTA, Mauro S Rego. O novo paradigma esttico e a educao. Pesquisa e msica. Rio deJaneiro: CBM, v.3, n.1, p.43-52, dez.1997.FIORI, Ernani Maria (1986) Conscientizao e educao. Educao e Realidade. Porto Alegre:UFRGS. 11(1), p.3-10, jan/jun. 1986.FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De tramas e fios: um ensaio sobre msica e educao.So Paulo: UNESP, 2005. 345p.FREIRE, Paulo. Extenso e comunicao.7. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. 93 p.________. Poltica e educao: ensaios. So Paulo: Cortez. 5. ed. 2001. 57 p.________. sombra desta mangueira. So Paulo: Olho dgua. 2004. 120p.________. Pedagogia da esperana: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 15. ed. Rio deJaneiro: Paz e Terra, 2008. 245p.JOLY, Ilza Zenker Leme. Prtica de Orquestra: O espao musical como mediador das relaeseducativas, culturais e sociais. In: ENCONTRO ANUAL DA ABEM, 13., 2004, Rio de Janeiro.Anais... Rio de Janeiro: ABEM. 2004. p. 445-450.KATER, Carlos. A educao musical em busca de seu sentido verdadeiro. Caderno de Informao eArte-Palavra Imagem, Belo Horizonte, n.4, revista da SEE-MG (Secretaria de Estado de Minas Gerais)DRIART: Ed. Real, p. 1-7, 1995.________. O que podemos esperar da educao musical em projetos de ao social. Revista daABEM. Porto Alegre, n.10, p. 43-51, maro 2004.25 26. LARROSA BONDA, Jorge. Notas sobre a experincia e o saber de experincia. 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(Orgs.). Msica, cotidiano, educao. Porto Alegre: UFRGS, 2000. p.163-185. TARGAS, Keila de Mello; JOLY, Ilza Zenker Leme. Canes, dilogos e educao: uma experincia em busca de uma prtica humanizadora. Revista da ABEM. Porto Alegre. n. 21, p. 113-123, maro 2009.26 Voltar 27. Algumas estratgias e possibilidades para Educao Musical Maria Helenita Nascimento BernlResumo: Relato neste texto, algumas estratgias desenvolvidas na Escola Municipal de EnsinoFundamental Vila Monte Cristo, situada na Vila Monte Cristo, Bairro Vila Nova, zona sul de PortoAlegre. Tem sido de fundamental importncia para a Educao Musical da escola, o aproveitamentode todas as oportunidades, recursos e possibilidades que surgem. O perfil musical dos alunos emtermos de vivncia e conhecimento musical, bem diversificado. Temos os evanglicos, os tamboreirosdas religies afro brasileiras, os que fazem parte de bandas de pagode, os rockeiros, funkeiros, osadeptos do rap, praticantes de capoeira, os que compem, os que interpretam, as prefernciasinstrumentais, os que cantam, os que fazem complemento musical no turno inverso, os que tm aulade msica no currculo regular, os que esto chegando agora com ou sem nenhuma vivncia musicalde outra escola. O trabalho desenvolvido a partir do cotidiano musical dos alunos, ampliando suaspossibilidades musicais, desenvolvendo e aprofundando todo o aspecto cognitivo da msica comoos parmetros sonoros (durao, altura, timbre, dinmica...), a prtica instrumental, o canto, a Histriada Msica, grafia e leitura musical, bem como, os valores: solidariedade, responsabilidade, autonomia,aumento da auto-estima. Contemplando tambm os diversos nveis de aprendizagem musical. Todasas possibilidades de aprendizagem musical desenvolvidas fazem a conexo entre as aulas e o universomusical do cotidiano dos alunos.Palavras-chave: Educao Musical, Possibilidades pedaggicas, Diversidade.Atualmente h uma busca de estratgias, aes, debates e possibilidades didticas, paraimplementao do ensino de msica nas escolas de ensino fundamental e mdio, a partir da aprovao daLei 11.769, de agosto de 2008. Considera-se ainda, que j se encontra vencido o prazo dado de trsanos e meio para as redes de ensino e suas escolas se adequarem nova lei.Vale lembrar que na literatura referente Educao Musical, h uma srie de preocupaesreferentes ao ensino da msica como tambm se percebe uma insatisfao tanto por parte dos alunoscomo dos professores conforme relata Souza (2000, p.40). Isso porque existe um distanciamento entreo ensino da msica na escola e a maneira como a msica vivenciada no cotidiano dos adolescentes, forada sala de aula, devido falta de conexo entre as aulas e o cotidiano destes. Diante disso nota-setambm uma preocupao em conhecer as concepes e as vivncias de msica que constituem o universomusical dos alunos (ARROYO, 1990; TOURINHO, 1993; SOUZA, 1996 e 2000; OLIVEIRA, 2001).Isso deve acontecer com o intuito de minimizar esse distanciamento, auxiliando na soluo de problemasrelacionados s aulas de msica.Sugerem os PCN1,...interpretao, acompanhamento, recriao, arranjos de msicasdo meio sociocultural, e do patrimnio musical construdo pelahumanidade nos diferentes espaos geogrficos, pocas, povos,culturas e etnias, tocando e/ou cantando individualmente e/ou emgrupo (banda, canto coral e outros), construindo relaes de respeitoe dilogo, Reafirma-se assim a necessidade de buscarmos uma interao da educao musical com a vidado aluno garantindo assim que ela acontea plenamente. Diante de tudo isso, cabe relatar como o ensino da msica acontece na EMEF Vila Monte Cristo,onde aproveita-se todas as possibilidades, oportunidades, estratgias e recursos, contemplando asnecessidades e preocupaes com a Educao Musical referidas acima. Situando um pouco a escola, localiza-se na zona sul de Porto Alegre, no RS, numa reaoriginalmente rural, de origem italiana, tendo o cultivo de pssego como um de seus marcos deproduo. A implantao da Escola se deu a partir da criao da Vila Monte Cristo, no Bairro VilaNova, atendendo a demanda da populao. Inaugurada em abril de 1995, foi a primeira escola daRede Municipal de Porto Alegre a implantar os Ciclos de Formao conforme consta no CP.9 2.1PCN Parmetros Curriculares Nacionais so referncias de qualidade para os Ensinos Fundamental e Mdio do pas,elaboradas pelo Governo Federal.2CP.9 Cadernos Pedaggicos 9 Secretaria Municipal de Educao . Porto Alegre, dezembro, 1996.27 28. Desde sua origem manteve uma proposta poltico-pedaggica diferenciada voltada as classes populares, buscando o sucesso escolar e rompendo com qualquer possibilidade de excluso, mantendo uma relao muito slida com a comunidade e prticas coletivas garantindo a participao de todos. A gesto da escola se d pelo Conselho Escolar, Equipe Diretiva e Conselho de Pais Representantes. Atualmente conta com aproximadamente 1400 alunos envolvendo Educao Infantil, Ensino Fundamental e EJA.O perfil musical dos alunos em termos de vivncia e conhecimento musical bem diversificado. Temos os evanglicos, os tamboreiros das religies afro brasileiras, os que fazem parte de bandas de pagode, os rockeiros, funkeiros, os adeptos do rap, praticantes de capoeira, os que compem, os que interpretam, as preferncias instrumentais, os que cantam, os que fazem complemento musical no turno inverso, os que tm aula de msica no currculo regular, os que esto chegando agora com ou sem nenhuma vivncia musical de outra escola. Com isso temos diversos gostos, nveis de conhecimento e experincias musicais. E todos so aproveitados.Aproveitando todas as possibilidades e recursos como: as aulas regulares, complementos curriculares, Projeto Mais Educao, Projeto Escola Aberta, Estagirios dos cursos de Licenciatura, participao de alguns alunos nos Cursos de Extenso em Msica da UFRGS, Orquestra Jovem do RS, Alunos que participam de Oficinas musicais nas Igrejas Evanglicas, conseguimos fazer com que a Educao Musical acontea, considerando ainda toda a diversidade musical trazida do cotidiano dos alunos alm dos diferentes nveis de conhecimento existentes entre eles. As verbas que so destinadas para alguns projetos como o ProjetoMais Educao, possibilitam a compra de instrumentos musicais e outros materiais necessrios para a Educao Musical acontecer.Todos tm como meta fazer msica individualmente, em pequenos ou grandes grupos. Circulam pelas aulas de msica e pelos ensaios, independente da faixa etria e do ano ciclo. Os arranjos so pensados de forma que contemplem os diversos nveis de conhecimento. Em uma mesma msica, podemos ter o momento em que o aluno do violo mais avanado tem sua parte assim como, o aluno que est comeando tambm. Em algum momento do repertrio todos tero sua participao, Dos prprios alunos surgem sugestes como: esta parte o fulano j consegue fazer..., quem sabe colocamos uma segunda voz aqui.., as flautas podem fazer essa parte da melogia..., o grupo de canto pode fazer o refro e esta parte da msica que mais difcil o fulano e a fulana, que j conseguem afinar bem, podem fazer solo. Surgem questionamentos como: Fulano tu queres fazer essa parte da msica? um pouco mais difcil mas eu te ajudo e tu estudas bastante. A tu consegues. A troca entre eles admirvel. Acontece em todos os momentos possveis inclusive no recreio. Eles se sentem os alunos de msica da escola, fazendo parte deste grupo, e todos so colegas, pequenos, grandes, quem sabe mais e quem sabe menos. Buscam avanar no seu conhecimento. Eles sabem que s uma questo de tempo. A conscincia de grupo evidente. E o repertrio tem que incluir vrios estilos. Para assim todos ficarem satisfeitos, e uma possvel platia tambm. A troca entre eles constante. comum combinarem de se encontrarem fora da escola pra um ensinar o outro em determinada msica do repertrio ou do arranjo ganhando tempo para chegarem com a msica mais avanada no seu estudo.No se pode ignorar as habilidades com a mdia, CDs, DVDs, Programas de edio de som e a INTERNET numa busca de sonoridades, baixando msicas, ou fazendo mixagens. Segundo Swanwick (2003.p.51), o aluno pode perguntar aos amigos sobre digitaes e padres de acordes, aprender por imitao.... Um descobre algo sobre determinada msica no youtube ou em algum site de msica, imediatamente passa para os demais colegas. No intervalo do meio dia, a sala de msica sempre est com alunos que ficam para aula de complemento curricular, ensaio, alguma orientao da professora ou troca de aprendizagens entre eles. Tambm importante salientar que os alunos mais avanados atuam com monitores com os iniciantes tendo como busca, trazer o novo colega para o seu nvel de aprendizagem.28 29. Assim como opinam nos arranjos e na escolha do repertrio, a professora, orienta, sugere, organiza e amplia o conhecimento, mostrando que existem novas possibilidades no universo musical. Estimulando sempre. Avanam no domnio da linguagem musical aprofundando os parmetros sonoros (durao, altura, timbre, dinmica...), a prtica instrumental, o canto, a Histria da Msica, grafia e leitura musical, nos valores como: solidariedade, responsabilidade, autonomia, aumento da auto-estima, etc. importante salientar que desenvolvem muito a improvisao e a criao, participando inclusive de festivais, do Projeto Entrelaamentos Culturais, Projeto Saraus Musicais e vrios outros Eventos Musicais. Acredito que esse relato possa servir como mais uma referncia para contribuir com os novos rumos da Educao Musical na Regio Sul, na implementao do Projeto de Lei n 11.769, de18 de agosto de 2008 o qual altera o artigo da Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases, tornando obrigatrio o Ensino da Msica na Educao Bsica. Referncias ARROYO, Margarete. Educao musical: um processo de aculturao ou enculturao? Em Pauta, v. 1, n. 2, p.29-43, 1990. BRASIL. Secretaria da Educao Fundamental. Parmetros Curriculares Nacionais: arte. Braslia: MEC/SEF, 1997b. OLIVEIRA, Alda de Jesus. Msica na escola brasileira: freqncia de elementos musicais em canes vernculas da Bahia utilizando anlise manual e por computador: sugestes para aplicao na educao musical. Porto Alegre: ABEM, 2001. PORTO ALEGRE. Secretaria Municipal da Educao de Porto Alegre. Cadernos Pedaggicos 9. SMED. 1996. SOUZA, Jusamara. Aprender e Ensinar Msica no Cotidiano. Porto Alegre: Sulina, 2009. SWANWICK, Keith. Ensinando Msica Musicalmente. So Paulo: Moderna, 2003. TOURINHO, Irene. Seleo de repertrio para o ensino de msica. Em Pauta, ano V, n. 8, p.17-28, 1993.Voltar 29 30. Ampliao do repertrio na Educao Infantil - escola e famlia como parceirasde novas aprendizagensGiane Ramos [email protected] Resumo: A ampliao do repertrio musical sempre um desafio constante nas prticas em Educao Musical. Na Educao Infantil, por sua vez, esse alargamento de saberes acaba atingindo a famlia, que recicla suas escutas e torna-se parceira no processo de aprendizagem. A partir da construo de um livro, que contm letras de msicas, intervenes plsticas e um Cd com canes trabalhadas, proponho a visita deste s casas dos alunos, para compartilhar vivncias e descobrir se este recurso pedaggico auxilia na ampliao do repertrio. Neste artigo, conto um pouco dessa experincia que venho realizando, na Educao Infantil, em uma Escola Particular de Porto Alegre/ RS. Para fins de pesquisa, de meu TCC do Curso de Especializao em Educao Musical, escolhi uma turma de Maternal II (2/3 anos) para aplicar os questionrios, fazer as observaes e organizar as visitas do livro. Palavras-chave: Educao Infantil, Ampliao de repertrio, Vivncias compartilhadas. - Que legal, tu s professora de Msica! Mas me explica: o que os teus aluninhos fazem na aula? Vai me dizer que tocam instrumentos? Ou que cantam? Nem sabem falar direito!. No foi a primeira (e certamente no ser a ltima) que algum me indaga sobre esse assunto (e tambm no privilgio meu, Educadora Musical em Educao Infantil, a ser questionada a respeito). O senso comum perpetua a ideia de que estudar msica estudar um instrumento, ou ainda cantar, ou quem sabe usar percusso corporal. Mas o que os pequenos so capazes de fazer, nesse contexto? Partindo das experincias prvias que cada ser leva consigo, seja ele um beb ou um adulto, ampliar seus conhecimentos musicais e promover um espao para a vivncia e troca de saberes um desafio enriquecedor e apaixonante. H alguns anos, quando ainda era professora titular de uma turma de Jardim B (4/5 anos), levava meu violo para a sala de aula como um recurso didtico. Percebia que os alunos se aproximavam para ouvir as canes (conhecidas ou no) entoadas por mim. Esse assunto sempre me inquietou. No acreditava (nem tampouco acredito hoje) que acontecia uma mgica, como muitas pessoas verbalizavam sobre um momento em que uma criana chorava, eu dedilhava meu violo e o choro cessava. No! Tem que haver algo a mais nesse processo. A partir da, intensifiquei meus estudos na rea da msica, que at ento me era companheira, mas no atividade principal de minha prtica como professora, busquei no curso de Licenciatura em Msica (IPA) e atualmente na Especializao em Educao Musical (Feevale), subsdios para fundamentar o que j fazia na prtica. Tornei-me uma Educadora Musical. A Escola onde trabalho h 12 anos me convidou para assumir turmas do Berrio (3 meses) at o Ensino Fundamental/Anos iniciais (at 7/8 anos). Assim, venho buscando estratgias que possibilitem aos alunos construir e ampliar seus conhecimentos acerca da msica e da conscincia corporal, de uma maneira ldica, prazerosa e ao mesmo tempo, consistente, cientfica e coletiva. preciso abrir caminhos! Mostrar, por meio das prticas musicais com os alunos, que a Msica uma rea de conhecimento e no um recurso para outras reas. Encontro nas palavras de BEYER sustentao para o que vivenciamos: Mais difcil ainda pensar na arte como rea do conhecimento. Em outras palavras, que com msica posso construir conhecimento, interagindo com os sons, criando motivos ou temas musicais, buscando hipteses para a escrita musical. (BEYER, 2011, p.76).Dentre as prticas que venho experienciando est o Livro de vivncias, sobre o qual contarei e refletirei a seguir. Esse livro vem sendo construdo, no decorrer do ano, com uma ou mais turmas do Berrio e Maternal (segmento que recebe crianas de 3 meses a 3 anos). Constam, neste compndio, uma coletnea de msicas trabalhadas em aula, mesclando canes folclricas e outras do repertrio infantil atual, intervenes plsticas dos alunos (realizadas fora da aula de msica, em momentos com a30 31. titular da turma ou professora de artes) e ainda um Cd com o repertrio tocado e cantado. No incio, noexistia o Cd. Mas, no decorrer dos anos, as famlias foram dando retornos positivos sobre o trabalho, massempre com comentrios que no conheciam algumas melodias e, dependendo da idade dos filhos, ascrianas no conseguiam entoar a msica em sua totalidade. Veio, da, a idia do Cd, que hoje faz partedo trabalho. Alguns familiares de alunos, quando me encontram, verbalizam: Bah, que legal a idia doCd, J sei decor as msicas que meu filho gosta, As vezes a Maria (nome fictcio) nem est no carroe l estou eu cantando a msica da Sereia. Achamos muito legal a ideia do livro! Parabns pelainiciativa. Deu para perceber que as crianas estavam bem empolgadas com todo o projeto (...);Parabns toda a turma! Adoramos conhecer um pouco mais sobre as atividades musicais do grupo,super talentoso; Ficamos horas cantando as msicas e ouvindo o Cd. muito bom a famlia participar. Assim, neste momento em que estou escrevendo meu TCC de especializao, escolhi, junto minha Orientadora, pesquisar um pouco mais a fundo sobre como estes livros auxiliam na ampliao dorepertrio e extrapolam os muros da Escola, no momento em que so compartilhados com as famlias.Escolhi, ento, uma turma de Maternal II (2/3 anos) para confeccionar um livro que contemplasse, aomesmo tempo, as canes utilizadas para o perodo de adaptao (Praia) e canes referentes ao projetode turma (Bichinhos do jardim). Este livro est em construo e at a data do Encontro da ABEM/SUL2012 j teremos notcias sobre como est se desenvolvendo, junto turma e familiares. A idia que,assim que o livro ficar pronto (at final de abril) comece a passar, de casa em casa, com um espao paraas famlias registrarem esse momento de visita, no prprio livro, bem como um questionrio (anexo) parasabermos mais sobre as escutas musicais da famlia e sobre o trabalho proposto: quais as impresses dospais e/ou cuidadores sobre o apresentado. Segundo Swanwick(...) considerar o que cada criana traz de base. Mas o professor no pode se limitar aorepertrio j conhecido. preciso ampli-lo. Para ficar em um exemplo tpico do Brasil,posso dizer que correto ensinar samba, mas essencial explorar os diferentes tipos desamba e ir alm desse ritmo, trazendo novas referncias. (SWANWICK, Revista NovaEscola).Partindo dessa reflexo e das observaes que tanto eu quanto a professora titular da turmaviemos realizando, comeamos a projetar como seria nosso livro de vivncias. Conversando comas crianas e levantando seus conhecimentos prvios acerca das canes j conhecidas, fomospropondo, aula a aula, novas canes. De incio, os pequenos as recusam, querem as j conhecidas.Mas pouco a pouco, por meio de brincadeiras e uso de materiais como instrumentos, objetos sonoros,brinquedos, etc, vo se familiarizando e se apropriando dos novos saberes. O que mais importa no o produto final mas a caminhada de cada um no processo de aprendizagem. E o professor, nessacaminhada, deve agir como parceiro, sem indicar a resposta, mas instigar a pesquisa. na interao com o outro que nos permitimos alar novos vos, em busca de novasaprendizagens. Caminhada nada fcil, mas fecunda. Cito as palavras de Carlina Rinaldi que nospossibilitam compreender um pouco mais sobre o processo de socializao e construo deconhecimento de um grupo:O conflito transforma os relacionamentos que uma criana tem com seus colegas oposio, negociao, ajuda, considerao dos pontos de vista de outros e reformulaoda premissa inicial como parte dos processos de assimilao e de acomodao nogrupo. (RINALDI, 1999, p. 117).Este exerccio dirio, que acontece na Escola (e tambm nos outros ambientes onde a pessoa estinserida), possibilita ao aluno desbravar novos mundos, ir em busca de novas experincias, e nessecenrio em que vamos nos inserir, como parceiros nessa jornada. necessrio que pensemos nas crianascom as quais vamos trabalhar, como seres nicos, com suas caractersticas pessoais, suas histrias,pertencentes a uma comunidade, capazes de acrescentar novos saberes e au