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ANA RITA DE LIMA Estudo quantitativo das células granulares adenohipofisárias associadas à produção do hormônio de crescimento e avaliação do perfil bioquímico do IGF-I em cães Golden Retriever com Distrofia Muscular (GRMD) São Paulo 2005

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Ana Rita de Lima

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ANA RITA DE LIMA

Estudo quantitativo das células granulares adenohipofisárias associadas à

produção do hormônio de crescimento e avaliação do perfil bioquímico do

IGF-I em cães Golden Retriever com Distrofia Muscular (GRMD)

São Paulo 2005

Ana Rita de Lima

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ANA RITA DE LIMA

Estudo quantitativo das células granulares adenohipofisárias associadas à produção

do hormônio de crescimento e avaliação do perfil bioquímico do IGF-I em cães

Golden Retriever com Distrofia Muscular (GRMD)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências

Departamento: Cirurgia Área de Concentração: Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres

Orientador: Prof. Dr. Antonio Augusto Coppi Maciel Ribeiro

São Paulo

2005

Ana Rita de Lima

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome: DE LIMA, Ana Rita.

Título: Estudo quantitativo das células granulares adenohipofisárias associadas à produção do hormônio de crescimento e avaliação do perfil bioquímico do IGF-I em cães Golden Retriever com Distrofia Muscular (GRMD)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências

Data: ____/____/____

Banca Examinadora

Prof. Dr. __________________________________ Instituição: ______________________

Assinatura: ________________________________ Julgamento: _____________________

Prof. Dr. __________________________________ Instituição: ______________________

Assinatura: ________________________________ Julgamento: _____________________

Prof. Dr. __________________________________ Instituição: ______________________

Assinatura: ________________________________ Julgamento: _____________________

Ana Rita de Lima

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DEDICATÓRIA

À minha mãe Maria de Lourdes Lima e

meu pai José de Paula Lima,

Com vocês aprendi a andar, cair, levantar e a perseguir meus

objetivos. Vocês sempre me apoiaram nas minhas escolhas e

sempre estiveram por perto quando precisei. Muito obrigada por

existirem e por fazerem parte da minha vida.

Ao meu irmão Danilo, à minha irmã Eliani, meu cunhado Sinizeu

e às minhas sobrinhas Cíntia e Sara,

pelo apoio em todos os momentos. Com as pequenas eu aprendi

que ter uma criança adormecida em seus braços é um dos

momentos mais pacíficos do mundo e que algumas vezes tudo o

que precisamos é de uma mão para segurar e um coração para

nos entender. Muito obrigada por tudo.

Ana Rita de Lima

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À minha grande amiga e irmã de coração Lillian de Jesus Oliveira,

Nestes anos que passamos juntas aprendi que verdadeiras amizades

continuam a crescer mesmo a longas distâncias, que aquilo que

realmente importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem

na vida e que verdadeiros amigos são a família que nos permitiram

escolher... Você foi a primeira pessoa com quem fiz amizade aqui na

pós-graduação, sempre me ajudou em tudo o que precisei, sorrimos

juntas mas também sofremos juntas, você me adotou como irmã e

assim ficou até hoje e espero que isso não acabe... Pois tenha certeza

que você sempre terá um lugar muito especial em meu coração!!!

Ao meu grande amigo Emerson Ticona Fioretto,

Você é, e sempre será uma pessoa muito especial para mim... Sempre

disposto a ajudar a todos, está todo dia sorridente e sabe o que dizer

quando precisamos de consolo. Com você aprendi que falar pode

aliviar dores emocionais, descobri que as pessoas com quem você

mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa e por

isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras

amorosas, pois pode ser a última vez que as vejamos. Aprendi que

quando você está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas

isso não te dá o direito de ser cruel. E que realmente a vida tem

valor e que você tem valor diante da vida!

Ana Rita de Lima

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AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo

pela oportunidade de realização deste curso.

À FAPESP

pelo apoio financeiro para o desenvolvimento desta pesquisa.

Ao Prof. Dr. Antonio Augusto Coppi Maciel Ribeiro

pela convivência, ensinamentos, dedicação e orientação no decorrer do mestrado

que nos possibilitou a finalização do mesmo.

A Profa. Dra. Maria Angélica Miglino

pela oportunidade de realização deste curso.

A Dra Mayana Zatz

pela oportunidade de realização deste trabalho com os animais do canil GRMD.

Ao Prof. Dr. Júlio César de Carvalho Balieiro

pelas explicações, orientação e realização das análises estatísticas.

A Profa. Dra. Ana Carolina Brandão de Campos Fonseca Pinto

pela dedicação e realização das radiografias e tomografias.

Ana Rita de Lima

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Ao Dr. Alexander Augusto de Lima Jorge do Laboratório de Hormônios e Genética

Molecular do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo

pela dedicação e ensinamentos.

A Profa. Dra. Berenice Bilharinho de Mendonça do Laboratório de Hormônios e

Genética Molecular do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo

por autorizar o uso do laboratório para as dosagens hormonais.

A Profa. Sheila Canevese Rahal do Departamento de cirurgia da Faculdade de Medicina

Veterinária da Universidade Estadual Paulista (UNESP- Botucatu)

pela ajuda na realização do trabalho.

Ao Prof. Dr. Marco Antonio Zanini do Departamento de Neurologia e Psiquiatria da

Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (UNESP- Botucatu)

pelas explicações quanto ao procedimento cirúrgico.

À equipe de técnicos e funcionários do Laboratório de Hormônios e Genética

Molecular do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

À equipe de técnicos, funcionários e professores do setor de Anatomia Animal da

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo

pela ajuda nos procedimentos da pós-graduação.

Ana Rita de Lima

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Aos amigos Lílian de Jesus Oliveira, Emerson Ticona Fioretto, Janaína Munuera

Monteiro, Patrícia Orlandini Gonçalez, Robson Fortes Giglio, Tais Sasahara, Vivian

Samoto, Érica Branco, Adriana Morini, Daniele dos Santos Martins, Carlos Eduardo

Ambrósio, Karina Martinez Gagliardo, Renata de Britto Mari, Elizângela dos Anjos

Silva, Carolina do Prado, Rosemary Viola Bosch, Mônica Lotito, Priscilla Moraes,

Guilherme Ferreira e Kátia Viegas e a todos colegas da pós-graduação

pela amizade e companheirismo. Pois o valor de uma amizade é superior a qualquer

preço.

Aos amigos e colegas de trabalho no canil Adriana Morini (Drika), Angélica Grando

(Franguinho), Carla Casagrande, Carlos Eduardo Ambrósio (Caju), Daniele dos

Santos Martins (Dani), Guilherme Ferreira (Mamão) e Robson Giglio.

pelo aprendizado, trabalho em conjunto e principalmente pela amizade.

Aos cães do canil GRMD

pela possibilidade de realização desta pesquisa.

Ana Rita de Lima

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“Você pode sonhar, criar e construir a idéia mais maravilhosa do mundo,

mas são necessárias pessoas para fazer o sonho virar realidade.”

WALT DISNEY

Ana Rita de Lima

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RESUMO

LIMA, A.R. Estudo quantitativo das células granulares adenohipofisárias associadas à produção do hormônio de crescimento e avaliação do perfil bioquímico do IGF-I em cães golden retriever com distrofia muscular (GRMD) [Morphometric and stereological study of the adenohypophysis granular cells associated to GH producing and evaluation of the biochemical profile of IGF-I in golden retriever muscular dystrophy (GRMD)]. 2005. 107 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. A Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) é uma doença recessiva ligada ao cromossomo

“X”, causada pela ausência da proteína distrofina que ocorre em vários tecidos, sendo

caracterizada por uma severa disfunção da musculatura esquelética ocasionando morte

prematura do paciente. Embora controverso, alguns autores reportaram que o GH

(hormônio do crescimento) estaria implicado no desenvolvimento da doença e poderia ser

utilizado no tratamento da mesma. Desta forma, neste estudo a dosagem sérica de IGF-I

(Fator I de crescimento Similar à insulina) um peptídeo GH-dependente que regula as ações

do hormônio do crescimento, foi realizada no intuito de verificar se existe correlação ou

não entre o desenvolvimento da doença e a concentração sérica de IGF-I. As variações nos

níveis deste hormônio foram demonstradas com o decorrer da idade sendo que, nos três

primeiros meses todos os animais apresentaram comportamento semelhante com aumento

dos níveis de IGF-I, porém no quarto mês os animais Distróficos benignos apresentaram

redução média de 34% deste hormônio, enquanto ocorreu aumento de 1% no animal não

Distrófico. Ainda, as células granulares adenohipofisárias relacionadas à produção do

hormônio de crescimento em cães Golden Retriever com Distrofia Muscular apresentam-se

maiores do que nos cães Golden Retriever não distróficos quanto aos seguintes parâmetros

(eixo longo, área seccional e volume celular). À microscopia eletrônica de transmissão

observamos que as células estudadas apresentam grânulos elétron-densos de parede dupla e

Ana Rita de Lima

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distribuídos por todo o citosol. Estes grânulos apresentaram-se maiores nos animais

Distróficos quando comparados aos animais não Distróficos.

Palavras-chave: Distrofia Muscular de Duchenne. hormônio do crescimento . IGF-I .

Golden Retriever . estereologia.

Ana Rita de Lima

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ABSTRACT

LIMA, A.R. Morphometric and stereological study of the adenohypophysis granular cells associated to GH producing and evaluation of the biochemical profile of IGF-I in golden retriever muscular dystrophy (GRMD) [Estudo quantitativo das células granulares adenohipofisárias associadas à produção do hormônio de crescimento e avaliação do perfil bioquímico do IGF-I em cães golden retriever com distrofia muscular (GRMD)]. 2005. 107 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. The Duchenne Muscular Dystrophy (DMD) is a X linked recessive disease, caused by the

absence of dystrophin which is found in a variety of tissues and characterized by a severe

disfunction of the skeletal musculature that results in a premature death of the patient.

Theoretically, the growth hormone (GH) is considered to be associated to the development

of Muscular Dystrophy and that could be used in its treatment. Hence in this study, a IGF-

I (Insulin like growth factor-I) seric dosage was performed to verify whether or not there

might be a between the evolution of the disease and IGF´s seric concentration. IGF-I is a

GH-peptide dependent that regulates the GH actions during the growth. Changes in IGF-I

levels were recorded during the dog’s post-natal development. On the first trimester, all

animals presented similar IGF-I levels, although in the fourth month, a stark 34% decrease

was observed in the dystrophic animals whereas a 1% increase was seen in the healthy dog.

Furthermore, the GRMD´s granule-containing cells were larger when compared to the

healthy animals. The following parameters in this comparison: long axis, cross-sectional

area and cell volume. The ultrastructural study showed electron-dense granules composed

by a double membrane and homogeneously distributed through the cell. These granules

were larger in the dystrophic animals then in healthy dogs.

Key words: Duchenne Muscular Dystrophy . growth hormone . IGF-I . Golden Retriever .

stereology.

Ana Rita de Lima

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- Esquema do ensaio Imunorradiométrico (IRMA) realizado para a dosagem de

IGF-I..................................................................................................................... 62 Figura 2- Esquema do imunoensaio utilizado para a dosagem de testosterona ................... 62 Figura 3 – Fotomacrografia detalhada mostrando situação da hipófise de Golden Retriever

não distrófico. Rostralmente observa-se o quiasma óptico (*), lateralmente os Tractos ópticos (cabeças de seta) e caudalmente os pedúnculos cerebrais (p)..67

Figura 4 – Fotografia de imagem radiográfica de crânio de um Golden Retriever não

distrófico. A seta indica a localização da hipófise que foi marcada com uma esfera de chumbo ............................................................................................... 68

Figura 5 - 5 A - Imagem tomográfica de cão Golden Retriever Distrófico onde podemos

observar a Hipófise (H), parte do Osso Basisfenóide (X) que foi removido na dissecação, Cavidade Timpânica (*), Bula Timpânica (B) e o Processo zigomático do osso temporal (T). 5 B - Imagem tomográfica de cão Golden Retriever Não Distrófico, podemos observar a Hipófise (H), o Osso Basisfenóide (X), o Processo zigomático do osso temporal (T) e o Processo condilar da mandíbula (M) ................................................................................ 69

Figura 6 – Fotomicrografias demonstrando as células granulares (g) adenohipofisárias e

vasos sanguíneos (seta) em um cão Golden Retriever distrófico (A e C) e não distrófico (B e D). Azul de toluidina. Escala de barra: 20µm (em A e B) e Escala de barra: 5µm (em C e D) ...................................................................... 71

Figura 7 - 7A -Eletromicrografia de células adenohipofisárias de cão Golden Retriever

Distrófico (Pars distalis) mostrando a presença de grânulos elétron-densos (g) distribuídos homogeneamente pelo citosol e ao redor do núcleo (N). Escala de Barra: 1µm. 7B - Eletromicrografia de duas células adenohipofisárias de cão Golden Retriever não Distrófico (Pars distalis), delimitadas pelo plasmalema (cabeças de seta cheia). Observa-se ainda o núcleo (N) e grânulos elétron-densos (g) distribuídos pelo citosol. Escala de Barra: 500nm........................... 77

Figura 8 - Eletromicrografias mostrando células adenohipofisárias (Pars proximalis) de cão

Golden Retriever Distrófico (A) e Golden Retriever não Distrófico (B) evidenciando grânulos elétron-densos (g) e presença do núcleo (N). Eletromicrografias de células adenohipofisárias (Pars distalis) de cão Golden Retriever Distrófico (C) e Golden Retriever não Distrófico (D) mostrando grânulos elétron-densos (g) ao redor do núcleo (N). Nota-se em B e D grânulos elétron-densos formados por parede dupla (cabeças de seta brancas). As cabeças de setas pretas indicam os limites do plasmalema externo. Escala de Barra: 200nm .................................................................................................................. 78

Ana Rita de Lima

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Figura 8 - Seqüência de aminoácidos do IGF-I das espécies canina com a humana.

Podemos observar que as seqüências apresentam alta homologia (95,16%) diferindo apenas em seis aminoácidos ............................................................ 81

Ana Rita de Lima

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Número de células granulares adenohipofisárias (Pars proximalis e Pars distalis) de cães Golden Retriever distróficos e não distróficos utilizados no estudo estereológico, São Paulo – 2005 .......................................................................... 57

Tabela 2 - Dados de peso (Kg) e idade expressa em meses entre os animais Distróficos (1-

4) e não Distrófico (5) utilizados neste estudo, São Paulo – 2005....................... 59 Tabela 3 - Dados sumarizados de comprimento, largura e espessura das adenohipófises dos

cães Golden Retriever Distróficos e não Distróficos. São Paulo – 2005............. 66 Tabela 4 - Estatísticas descritivas para as variáveis avaliadas (comprimento, largura e

espessura) das adenohipófises estudadas, São Paulo – 2005............................ 66 Tabela 5 - Valores médios dos parâmetros quantitativos: eixo longo, área seccional e

volume para as células granulares da adenohipófise (Pars proximalis e Pars distalis) de cães Golden Retriever distróficos e não distróficos. São Paulo – 2005 ................................................................................................................... 73

Tabela 6 - Médias de quadrados mínimos para Área e Volume celular, na Pars proximalis e

distalis comparando animais distróficos e não-distróficos, São Paulo – 2005 .... 73 Tabela 7- Resumo das análises de variância das células granulares adenohipofisárias (Área

e volume celular na Pars proximalis e distalis), segundo os grupos comparativos. São Paulo, 2005. .................................................................................................. 74

Tabela 8- Dados sumarizados da densidade de perfis celulares da Pars proximalis e na Pars

distalis nos animais Distróficos e não Distróficos. São Paulo – 2005................. 75 Tabela 9 - Resumo das análises de variância das células granulares adenohipofisárias na

Pars proximalis, Pars distalis para a densidade de perfis celulares. São Paulo – 2005 ................................................................................................................... 75

Tabela 10 - Médias de quadrados mínimos para a Pars proximalis e Pars distalis para a

densidade de perfis celulares. São Paulo – 2005 ............................................... 75 Tabela 11 - Valores médios para eixo longo e área dos grânulos das células

adenohipofisárias (Pars proximalis e Pars distalis) em cães Golden Retriever distróficos e não distróficos. São Paulo – 2005 ............................ 76

Tabela 12 - Estatísticas descritivas para as variáveis avaliadas (eixo longo e área) dos

grânulos elétron–densos de células adenohipofisárias de cães Golden Retriever Distróficos e Golden Retriever não Distrófico, São Paulo – 2005..79

Ana Rita de Lima

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Tabela 13 - Resumo das análises de variância para Eixo e Área dos grânulos elétron-densos das células adenohipofisárias na Pars proximalis e Pars distalis, segundo os grupos comparativos, São Paulo – 2005............................................................ 80

Tabela 14 - Médias de quadrados mínimos para Eixos e Áreas dos grânulos das células

adenohipofisárias (Pars proximalis e distalis), São Paulo – 2005 .................... 80 Tabela 15 - Dados da dosagem sérica do IGF-I nos cães Golden Retriever distróficos e não

distróficos. São Paulo – 2005 ............................................................................ 82 Tabela 16 - Resultado do teste t Student de comparações múltiplas para valores de IGF-I,

segundo os meses e grupos comparativos avaliados. Mostra-se que existem diferenças estatísticas significantes entre animais distróficos graves e não distrófico e animais distróficos benignos e não distrófico, São Paulo – 2005 ..84

Ana Rita de Lima

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ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Gráfico linear mostrando dados referentes à dosagem de IGF-I nos animais Distróficos graves (animais 01 e 02), animais distróficos benignos (animais 03 e 04) e não Distrófico (animal 05), durante os quatro primeiros meses e sétimo mês de vida. Nota -se em todos os animais um aumento nas concentrações séricas de IGF-I nos três primeiros meses, seguido de queda nos animais distróficos, ocorrendo um leve aumento no animal não distrófico no quarto mês, ocorrendo nova queda em todos os animais no sétimo mês, São Paulo – 2005 83

Gráfico 2 – Histograma demonstrando a distribuição dos valores médios das concentrações

séricas de IGF-I nos animais Distróficos graves, Distróficos benignos e não Distrófico, durante os quatro primeiros e sétimo mês de idade, São Paulo – 2005 ................................................................................................................... 84

Ana Rita de Lima

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INDICE

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 20 2 OBJETIVOS...................................................................................................................... 23 3 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 25

3.1 ASPECTOS CLÍNICOS DA DISTROFIA MUSCULAR EM HUMANOS E EM CÃES GOLDEN RETRIEVER .................................................................................. 25

3.2 ASPECTOS MACROESTRUTURAIS, CITOLÓGICOS E HISTOLÓGICOS DA

ADENOHIPÓFISE ..................................................................................................... 29

3.3 ESTUDO MORFOMÉTRICO E ESTEREOLÓGICO............................................... 40

3.4 ANATOMIA DA IMAGEM (IMAGOLOGIA)......................................................... 42

3.5 ASPECTOS NEUROENDÓCRINOS ........................................................................ 43

3.6 ESTUDO PILOTO (ANATOMIA CIRÚRGICA) ..................................................... 46 4 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................... 49

4.1 MATERIAL ................................................................................................................ 49

4.2 MÉTODOS ................................................................................................................. 50

4.2.1 Estudo Macroscópico e Mesoscópico................................................................... 50

4.2.2 Anatomia da Imagem (Imagologia) ...................................................................... 51

4.2.2.1 Equipamento Tomográfico ............................................................................. 51

4.2.2.2 Técnica Tomográfica...................................................................................... 52

4.2.2.3 Equipamento Radiográfico............................................................................. 53

4.2.2.4 Técnica Radiográfica ..................................................................................... 53

4.2.3 Estudo Histológico................................................................................................ 54

4.2.3.1 Aspectos Microestruturais.............................................................................. 54

4.2.3.2 Aspectos Morfoquantitativos .......................................................................... 56

4.2.4 Aspectos Neuroendócrinos ................................................................................... 58

Ana Rita de Lima

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4.2.5 Análise Estatística................................................................................................. 63

4.3 ESTUDO PILOTO (ANATOMIA CIRÚRGICA) ..................................................... 64 5 RESULTADOS ................................................................................................................. 65

5.1 ESTUDO MACROSCÓPICO E MESOSCÓPICO.................................................... 65

5.2 ANATOMIA DA IMAGEM (IMAGOLOGIA)......................................................... 67

5.3 ESTUDO HISTOLÓGICO ......................................................................................... 70

5.3.1 Aspectos Microestruturais .................................................................................... 70

5.3.2 Aspectos Morfoquantitativos................................................................................ 72

5.4 ASPECTOS NEUROENDÓCRINOS ........................................................................ 80

5.5 ESTUDO PILOTO (ANATOMIA CIRÚRGICA) ..................................................... 85 6 DISCUSSÃO..................................................................................................................... 86

6.1 ESTUDO MACRO E MESOSCÓPICO..................................................................... 86

6.2 ANATOMIA DA IMAGEM (IMAGOLOGIA)......................................................... 87

6.3 ESTUDO HISTOLÓGICO ......................................................................................... 88

6.3.1 Aspectos Microestruturais .................................................................................... 88

6.3.2 Aspectos Morfoquantitativos................................................................................ 89

6.4 ASPECTOS NEUROENDÓCRINOS ........................................................................ 91

5.5 ESTUDO PILOTO (ANATOMIA CIRÚRGICA) ..................................................... 94 7 CONCLUSÃO................................................................................................................... 95 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 97

Ana Rita de Lima

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1 INTRODUÇÃO

A Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) é uma desordem neuromuscular recessiva

ligada ao cromossomo “X” que acomete um menino a cada 3300 nascimentos. A

etiopatogenia está relacionada à ausência da proteína distrofina que ocorre em vários

tecidos, sendo mais evidente na musculatura estriada esquelética e em neurônios de regiões

específicas do Sistema Nervoso Central. Clinicamente, a DMD é caracterizada por uma

severa disfunção da musculatura esquelética que leva a morte prematura

(BOGDANOVICH et al., 2004; EMERY, 1991).

Na literatura médica há relatos de casos de pacientes apresentando um curso clínico

benigno da doença associado à comprovada deficiência de GH nestes pacientes (FRANK e

SMITH, 2001; GHAFOOR et al., 2003; KURTENBACH et al., 1989; ZATZ et al., 1981 a).

Desta forma, algumas hipóteses foram elaboradas de que este hormônio pode estar

relacionado à Distrofia muscular e atuar na melhora do quadro clínico dos pacientes.

Dentre os inibidores do GH destaca-se o Mazindol® (droga utilizada para inibir o

apetite que interfere no metabolismo do GH) que inicialmente foi benéfico em pacientes

com Distrofia Muscular de Duchenne (DMD). Entretanto, sua eficácia na redução dos

níveis de GH foi transitória e, devido aos seus efeitos colaterais, o uso prolongado no

tratamento de DMD não é recomendado (KURTENBACH et al., 1989; ZATZ et al., 1981

a; ZATZ, FROTA-PESSOA 1981 b).

Ana Rita de Lima

21

Segundo alguns estudos o GH pode ser usado como um possível tratamento para a

Distrofia Muscular de Duchenne já que o uso de GH humano em pacientes com distrofia

muscular e concomitante deficiência de GH ocasiona melhora na velocidade de

crescimento sem efeitos prejudiciais na resistência muscular (CHYATTE et al., 1973;

CHYATTE et al., 1974; FRANK e SMITH 2001; ZATZ, FROTA-PESSOA 1981b).

Devido aos fatos reportados anteriormente, neste estudo, a dosagem sérica do IGF-I

(Fator I de crescimento Símilar à insulina), que é um peptídeo GH-dependente e regula as

ações do hormônio do crescimento atuando como mediador de ações anabólicas e

mitogênicas do GH (BOQUETE et al., 2003; DAUGHADAY e ROTWEIN, 1989;

LISSETT et al., 2003; SHALET et al., 1998) foi utilizada para padronização na espécie

canina. Ainda, este procedimento foi utilizado com o intuito de verificar se existem

diferenças na concentração de hormônio do crescimento entre animais saudáveis e animais

distróficos portadores da forma benigna da doença.

Futuramente, se for comprovada a atuação do GH na melhora do quadro clínico de

pacientes com Distrofia muscular será útil conhecer suas alterações bioquímicas, bem como

aquelas relacionadas ao número e tamanho das células granulares adenohipofisárias

associadas à sua produção, nas diferentes formas clínicas da distrofia com o intuito de se

propor novas estratégias e esquemas terapêuticos visando, de igual forma, o paciente

humano e animal.

O presente estudo está inserido em um projeto mais amplo que é resultado da

colaboração científica entre o Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo

(Centro de Estudos Genômicos Humanos), a Faculdade de Medicina Veterinária e

Zootecnia (FMVZ - USP) e a AADM (Associação de Amigos dos Portadores de Distrofia

Ana Rita de Lima

22

Muscular), concretizada pela construção de dois canis sendo um no setor de Anatomia do

Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da

Universidade de São Paulo e outro na cidade de Ribeirão Preto (SP) visando o estudo

circunstancial da distrofia muscular em cães da raça Golden Retriever.

Ana Rita de Lima

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2 OBJETIVOS

No presente estudo os seguintes aspectos foram investigados comparativamente em

cães Golden Retriever não distróficos e em cães Golden Retriever acometidos pela

Distrofia muscular:

Avaliação do perfil bioquímico de GH por meio da dosagem sérica do IGF-I para

verificar se existem diferenças na concentração do hormônio de crescimento entre

cães saudáveis e cães distróficos portando as formas clínicas benigna e grave da

doença;

Caracterização macro, mesoscópica e anatomia da imagem (Imagologia) da

hipófise;

Caracterização microestrutural (morfométrica e estereológica) das células

granulares adenohipofisárias potencialmente associadas à produção do hormônio do

crescimento (GH).

Os parâmetros morfométricos e estereológicos analisados nesta pesquisa foram: área

seccional, eixo longo e estimativa global do volume das células granulares assim como

entender o comportamento destes parâmetros nos animais distróficos comparados aos

animais saudáveis. A Imagologia nos possibilitou determinar a localização da hipófise em

relação ao crânio para verificar se existiam modificações entre animais saudáveis e

distróficos.

Ana Rita de Lima

24

Finalmente, os parâmetros quantitativos destas células granulares adenohipofisárias

foram correlacionados aos dados referentes à variação do perfil sorológico de IGF-I nos

animais saudáveis e nos portadores benignos. Embora os animais utilizados para estudo

sorológico não foram os mesmos do estudo estereológico, pretendíamos verificar se em

uma mesma forma da doença as células associadas à produção de GH apresentariam ou não

alterações morfológicas qualitativas e quantitativas que pudessem ser correlacionadas às

possíveis variações séricas do próprio GH, estimadas pela dosagem de IGF-I.

Nossos objetivos iniciais incluíam viabilizar o acesso cirúrgico à adenohipófise, este

estudo do acesso cirúrgico pretendia embasar a aplicação de possíveis técnicas cirúrgicas

terapêuticas em relação à hipófise visando a ablação da mesma no intuito de avaliar o

progresso da doença visto que, conforme reportado anteriormente (CHYATTE et al., 1973;

CHYATTE et al., 1974; FRANK e SMITH 2001; ZATZ, FROTA-PESSOA 1981b) em

alguns pacientes com deficiência de GH os sintomas clínicos evoluem brandamente.

Ana Rita de Lima

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3 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão da literatura consultada segue abaixo.

3.1 ASPECTOS CLÍNICOS DA DISTROFIA MUSCULAR EM HUMANOS E EM CÃES

GOLDEN RETRIEVER

A Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) é a mais comum desordem neuromuscular

recessiva associada ao cromossomo “X”, e caracterizada pela ausência da proteína

distrofina que causa degeneração progressiva do músculo esquelético e cardíaco. As

crianças afetadas locomovem-se por meio de cadeiras de rodas e geralmente morrem antes

dos trinta anos. A descoberta da proteína distrofina defeituosa na DMD permitiu a

avaliação crítica e a utilização de modelos animais. As formas de distrofias musculares

associadas ao “X” onde há ausência de distrofina foi descrita em ratos, cães e gatos. Nestes

modelos, a maioria dos sinais clínicos do Golden Retriever com Distrofia Muscular

(GRMD) é semelhante aos sinais da DMD. Os cães afetados possuem fraqueza progressiva

e desenvolvimento de contraturas debilitantes.Os sinais clínicos progridem rapidamente

entre 3 e 6 meses de idade. DMD e GRMD são caracterizadas por uma progressiva

evolução clínica que leva à morte prematura. Uma alta mortalidade é observada em GRMD

Ana Rita de Lima

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durante as duas primeiras semanas de vida, quando uma alta concentração de creatinino-

quinase no soro permite um diagnóstico precoce da doença. Esta anormalidade bioquímica

sugere que todos os filhotes GRMD sofrem de mionecrose neonatal. Em neonatos GRMD,

o diafragma, músculos intercostais, a língua e a musculatura esquelética do tronco, do

pescoço e da porção proximal dos membros, são particularmente afetados (BERGMAN et

al 2002; BOGDANOVICH et al., 2004; KORNEGAY et al., 1994; NGUYEN et al 2002;

SHELTON et al., 2001).

A distrofina é uma macro proteína do citoesqueleto sendo importante para a

manutenção da integridade estrutural dos músculos durante a contração. O citoesqueleto é

uma rede complexa constituída de microtúbulos, microfilamentos e filamentos

intermediários. Essas proteínas estruturais condicionam a forma das células e, junto com as

proteínas motoras, possibilitam os movimentos de organelas e vesículas citoplasmáticas,

sendo também responsável pela contração celular e movimentação da célula inteira. Na

fibra muscular observa-se ao microscópio eletrônico filamentos finos de actina e filamentos

grossos de miosina dispostos longitudinalmente nas miofibrilas e organizados numa

distribuição simétrica e paralela. Essa organização é mantida por diversas proteínas, como

por exemplo os filamentos intermediários de desmina que ligam as miofibrilas umas às

outras. O conjunto de miofibrilas (actina e miosina) é preso à membrana plasmática da

célula muscular por meio de diversas proteínas que têm afinidade pelos miofilamentos e

por proteínas da membrana plasmática. Uma dessas proteínas, chamada distrofina liga os

filamentos de actina a proteínas integrais da membrana plasmática. A função precisa da

distrofina ainda não é conhecida, a falta desta proteína causa a desestabilização da

membrana e a ativação de múltiplos processos patofisiológicos. No músculo esquelético e

Ana Rita de Lima

27

cardíaco, a distrofina associada com várias proteínas forma complexos responsáveis pela

ligação do citoesqueleto de actina com a matriz extracelular, estabilizando o sarcolema

durante repetidos ciclos de contração e relaxamento (BERGMAN et al 2002; BLAKE et al.,

2002; BOGDANOVICH et al., 2004; EHMSEN, POON, DAVIES, 2002; JUNQUEIRA e

CARNEIRO, 1999; KORNEGAY et al., 1994; NGUYEN et al 2002; ROSS, KAYE,

PAWLINA, 2003; SHELTON et al., 2001).

A proteína distrofina também pode ser encontrada em neurônios em regiões

específicas do Sistema Nervoso Central. Estudos comportamentais mostram que crianças

com DMD possuem deterioração na cognição e baixo QI (média de 85). Histologicamente

ocorrem desordens na arquitetura do Sistema Nervoso Central, anormalidades nos dendritos

e perda de neurônios, todos associados com neurônios que normalmente expressam

distrofina. Camundongos mdx exibem memória curta e o número de neurônios reduz-se em

50% em regiões do córtex cerebral e tronco encefálico. Funcionalmente, crianças com

DMD apresentam anormalidades quando avaliadas com o uso de Eletroencefalograma e

apresentam evidências de que a função sináptica também é afetada pela ausência da

distrofina. Em camundongos mdx, estudos eletrofisiológicos mostraram que os neurônios

do hipocampo possuem um aumento na susceptibilidade à hipóxia (ANDERSON et al.,

2002).

Rudman et al. (1972) descreveram que o hGH exógeno causa efeitos catabólicos em

garotos com distrofia muscular de Duchenne. A resposta catabólica do hGH sugere não

somente que o hormônio exógeno não deve ser usado no tratamento de Distrofia Muscular,

mas também suscita a possibilidade de que o hGH endógeno pode estar envolvido na

patogênese da doença. Muitos estudos em ratos e no homem sugerem que o estrógeno inibe

Ana Rita de Lima

28

as ações periféricas do hGH. Isso demonstra que os efeitos adversos do hGH endógeno nas

células musculares de garotos com Duchenne podem ser inibidos pelo estrógeno.

ZATZ e FROTA-PESSOA (1981b) sugeriram que o GH pode ser usado como um

possível tratamento para a Distrofia Muscular de Duchenne, esta hipótese também foi

mantida por Chyatte et al. (1973,1974), quando testou o efeito do GH humano exógeno em

pacientes com distrofia miotônica (MyD), distrofia muscular de cintura e membros

(LGMD) e Distrofia Muscular de Duchenne (DMD). Em pacientes com DMD, foi obtida

uma resposta catabólica ao invés de produzir os efeitos anabólicos usuais, isso leva a

concluir que o GH endógeno pode estar envolvido na patogênese da doença. Em

contrapartida, CANAL et al., (1982) afirmaram que baixa ou nenhuma elevação no GH foi

descrita na distrofia miotônica (MD) durante a onda de sono.

Zatz et al. (1981a) descreveram o caso de um paciente afetado por Distrofia Muscular

de Duchenne (DMD) com um curso benigno incomum e apresentando deficiência de GH.

Os níveis séricos de creatinina fosfoquinase (CPK) e piruvato quinase (PK) estavam

grosseiramente elevados.

Evidências experimentais entre a ausência de hormônio do crescimento (GH) e a

progressão da distrofia foram descritas em pacientes com Distrofia Muscular de Duchenne

(DMD) e nanismo, e para um modelo animal com distrofia. Inversamente, a administração

de GH à pacientes com DMD acelera o declínio da performance muscular. O Mazindol,

uma droga que interfere no metabolismo do GH, foi benéfico em pacientes com DMD.

Contudo, seu efeito na redução dos níveis de GH foi transitório e devido aos seus efeitos

colaterais não é recomendado para uso prolongado no tratamento de DMD (GHAFOOR et

al., 2003; KURTENBACH et al., 1989).

Ana Rita de Lima

29

3.2 ASPECTOS MACROESTRUTURAIS, CITOLÓGICOS E HISTOLÓGICOS DA

ADENOHIPÓFISE

A hipófise é um corpo elipsoidal medindo cerca de 1 x 0,75 x 0,5cm em um cão de

tamanho médio. A glândula está suspensa na linha mediana do hipotálamo por uma haste

cilíndrica, o Tuber cinereum e está contida dentro de uma depressão (fossa hipofisária),

localizada no osso basisfenóide. Um revestimento de dura-máter envolve a glândula e

também o teto da depressão, estendendo-se das margens para logo em seguida abraçar e

limitar a haste hipofisária em todos os lados. A adenohipófise é composta por parênquima

glandular e possui um extensivo suprimento sangüíneo, aparecendo avermelhada e friável

em comparação à textura fibrosa da neurohipófise (DYCE et al., 2002; EVANS, 1993;

KÖNIG; LIEBICH, 2002).

A glândula está composta por duas partes que são funcionalmente distintas durante o

desenvolvimento: a adenohipófise, originária de uma evaginação dorsal do estomodeu, e a

neurohipófise, resultante do assoalho do diencéfalo. A porção da adenohipófise que se

funde com a neurohipófise é chamada de Pars intermedia. Em cães, um vestígio da fissura

neurohipofisária persiste separando a Pars intermedia da Pars nervosa. A porção

adenohipofisária é composta por três regiões (Pars distalis, Pars intermedia e Pars

proximalis). Os tipos celulares encontrados na Pars distalis são acidófilos, basófilos e

cromófobos. Os grânulos das células acidófilas são eosinofílicos e podem ser vistos

individualmente à microscopia de luz. Os somatotrofos predominam na porção lateral da

Pars distalis; possuem abundantes grânulos que possuem afinidade pelo corante Orange G.

Ana Rita de Lima

30

Os grânulos medem de 300 a 400nm de diâmetro e são corados imunohistoquimicamente

para GH (ADAM et al., 1970; DELLMANN e BROWN, 1987; MIKAMI, 1987).

As células presentes na Pars distalis são divididas dentro de dois grupos, células

cromófobas e células cromofílicas. As células cromófobas são pequenas, circulares com

citoplasma escasso e sem grânulos evidentes à microscopia de luz, sendo possível observar

pequenos grânulos à microscopia eletrônica. As células cromofílicas são divididas em dois

grupos: acidófilas e basófilas.

As células acidófilas são grandes, possuem citoplasma acidófilo granular

distinguindo-se assim, as células produtoras do hormônio do crescimento e da prolactina.

As basófilas são grandes e possuem grânulos PAS-positivos, estas células produzem

tirotropina, hormônio folículo estimulante, hormônio luteinizante e produzem moléculas

precursoras para a produção de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e hormônio

estimulante de melanócitos (MSH) (BANKS, 1993).

A hipófise está localizada ventralmente ao hipotálamo. Rostralmente à mesma está o

quiasma óptico, lateralmente os tratos ópticos, e caudalmente observam-se os pedúnculos

cerebrais e o corpo mamilar. A protrusão ventral do hipotálamo que acompanha o terceiro

ventrículo é denominada de infundíbulo. A porção mais distal da protrusão infundibular é

chamada de processo infundibular ou mais comumente de lobo neural da hipófise. O

suprimento sanguíneo e a microcirculação das estruturas desta região são realizados pelas

artérias derivadas da artéria carótida interna e artéria basilar. A Pars distalis recebe um

pequeno número de fibras perivasculares do plexo carotídeo, mas supõe-se que estas fibras

não produzem efeitos diretos nos elementos secretórios da Pars distalis. Não ocorrem

Ana Rita de Lima

31

fibras nervosas originadas diretamente do hipotálamo para a Pars distalis (PORTER et al.,

1974).

A diferenciação dos tipos celulares hipofisários é feita usando vários corantes como o

ácido periódico de Schiff (PAS) e orange-G. Com hematoxilina e eosina podemos

diferenciar, em secções horizontais da glândula hipófise, a Pars distalis, pars intermédia e

pars nervosa. Com a coloração de PAS e orange-G aplicada a cortes de parafina é possível

distinguir células basófilas (PAS-positivas) de células acidófilas (orange-G positivas).

Quando observadas à microscopia eletrônica, as células-GH são arredondadas ou ovais e

contém muitos grânulos de secreção densamente corados e arredondados, com diâmetro

entre 300-350nm, distribuídos pelo citoplasma. Escasso retículo endoplasmático rugoso

está presente ao lado do núcleo (MORIARTY, 1973; OSAMURA,1996).

Em hipófises humanas foi descrita a existência de três tipos de células acidófilas, tipo

I, II e VIII, que correspondem às células alfa, eta e epsilon. O tipo I (células acidófilas ou

células alfa) contém grânulos citoplasmáticos caracteristicamente pequenos, os grânulos

são especificamente identificados por serem carminofílicos após uma seqüência de

coloração com azocarmine - orange-G. São mais numerosas na região posterior da

glândula. Outros tipos de células são pouco observados nas zonas acidofílicas e as células

aparecem em grandes e irregulares feixes associados aos sinusóides. O tipo I de célula varia

em tamanho, pode ser desde pequeno e arredondado com citoplasma escasso e um núcleo

central até células ovais grandes (20-25µm) que contém citoplasma abundante e núcleos

excêntricos. As células grandes freqüentemente são binucleadas e apresentam escassa

granulação na zona justanuclear e contém 1-2 vacúolos intracitoplasmáticos. O núcleo das

células grandes apresenta muitas variações morfológicas. Embora a maior parte dos núcleos

Ana Rita de Lima

32

seja vesicular com uma fina cromatina e um nucléolo basofílico, muitas células contêm um

núcleo picnótico escuro. O nucléolo nos demais tipos de células normalmente é acidófilo.

Os grânulos citoplasmáticos são carminofílicos. Azocarmine aplicada junto com Orange G

coram intensamente o tipo I de células (CONKLIN, 1966).

O tetracromo de Herlant’s (eritrosina, anilina azul, alizarina azul e orange G) cora e

diferencia os dois tipos de células acidófilas da hipófise, corando de laranja as células

produtoras de GH e vermelhas as produtoras de prolactina, o que foi comprovado com o

uso de anticorpo fluorescente (BAKER, 1970; STOKES; BODA, 1968).

A aplicação de anticorpo anti coelho para hormônio do crescimento humano em

hipófises de ratos machos adultos, revela numerosas células produtoras de hormônio do

crescimento, que se mostram grandes, ovóides, com citoplasma apresentando grânulos que

são intensamente corados (BAKER, 1970). Em ovinos o uso de anticorpo produzido com

GH de coelho anti-ovino associado com IgG biotinilado de suíno anti-coelho mostrou que

as células produtoras de GH aparecem distribuídas homogeneamente na Pars distalis da

adenohipófise em todos os animais estudados (BERNABÉet al., 2000).

Junqueira e Carneiro (1999) observaram que as células somatotróficas são células

acidófilas cujos grânulos de secreção são facilmente visíveis à microscopia de luz. Sua

identificação também é facilitada à microscopia eletrônica porque contêm numerosos

grânulos de secreção elétron-densos esféricos ou ovais. Apresentam núcleo centralizado e o

aparelho de Golgi é bem desenvolvido. A imunocitoquímica confirmou que estas células

produzem hormônio do crescimento ou somatotrofina, que estimula o metabolismo das

células em geral, tendo, porém um efeito muito mais pronunciado na cartilagem epifisária

dos ossos longos.

Ana Rita de Lima

33

A imunoreatividade da prolactina canina e das células produtoras de GH podem ser

distinguidas em duas diferentes populações de células acidófilas de acordo com sua

afinidade cromatográfica. Os tipos celulares diferem-se uns dos outros de acordo com sua

proporção relativa, morfologia e topografia, com variações pronunciadas em relação ao

sexo. As células produtoras de GH são pequenas, arredondadas ou ovais, com o citoplasma

mais denso e cheio de grânulos tênues. Seu núcleo possui elevado conteúdo de cromatina, o

que leva à afinidade específica pelo corante orange G. As células produtoras de GH estão

distribuídas isoladamente, ou tendem a se arranjar ao longo dos capilares. Isso ocorre mais

freqüentemente na região dorsal (porção rostral da Pars distalis) (EL ETREBY ; FATH EL

BAB, 1977).

As primeiras células GH imunoreativas aparecem entre 40 e 45 dias de gestação em

suínos, principalmente espalhadas individualmente, mas algumas vezes formam pequenos

grupos em justaposição com os vasos sanguíneos. Durante a vida fetal são caracterizadas

principalmente pela presença de grânulos secretórios. Entre os dias 45-90 ocorre um

aumento no número e tamanho das células imunoreativas com acúmulo de numerosos

grânulos secretórios levemente grandes em diâmetro, com aumento na concentração de GH

plasmático entre 70 e 105 dias de gestação (DACHEUX, 1984 a, b).

Com base nos estudos citofisiológicos e ultraestruturais da hipófise de ratos normais,

geralmente admite-se que as células mamotróficas contêm e secretam somente PRL, células

somatotróficas somente GH e que células mamosomatotróficas liberam ambos hormônios.

As células mamosomatotrópicas podem ter progenitoras comuns com diferenciação entre

mamotróficas e somatotróficas. Estas células agem como células-tronco e se transformam

em mamotróficas sobre estimulação apropriada. A proporção de mamotróficas,

Ana Rita de Lima

34

somatotróficas e mamosomatotróficas varia entre machos e fêmeas de ratos em diferentes

estágios fisiológicos. A grande heterogeneidade destas células indica que ocorre uma

interconversão de um tipo celular em outro, refletindo uma grande reserva funcional, isto é,

somente algumas células são estimuladas ao máximo, enquanto que outras são parcialmente

funcionais e outras são não funcionais (na categoria de célula tronco) (NIKITOVITCH-

WINER et al., 1987).

Células-GH e PRL se diferenciam de uma célula tronco comum, mas na

adenohipófise de galinhas adultas, as células-GH estão localizadas no lobo caudal e as

células-PRL no lobo rostral. No rato, as células-GH e PRL estão presentes em todas as

regiões da Pars distalis, mas com diferenças espaciais na concentração de ambos os tipos

celulares. Somente poucas células mamosomatotróficas podem ser vistas na Pars distalis

do rato, mas não são encontradas na Pars distalis da galinha (SASAKI et al., 2003).

Uma clara diferença sexual é observada na população de lactotrofos e somatotrofos

na hipófise anterior de ratos adultos; os lactotrofos são mais abundantes em fêmeas que em

machos e os somatotrofos são mais numerosos em machos (SASAKI; SANO, 1983).

As células produtoras de GH estão normalmente localizadas junto aos sinusóides

(BERNABÉ et al., 2000; NAKANE, 1970) e variam em sua forma de oval a piramidal com

um diâmetro aproximado de 10-13µm em ratos (NAKANE, 1970) e de 11-16µm em

ovelhas (BERNABÉ et al., 2000). O núcleo está localizado no centro da célula.

Ultraestruturalmente, as células são ovais e os grânulos de secreção têm diâmetro entre

300-350nm em todo o citoplasma. Um pouco de retículo endoplasmático pode ser

encontrado próximo ao núcleo. São encontradas mitocôndrias em grupos próximas ao

núcleo e ocasionalmente entre os grânulos de secreção (NAKANE, 1970).

Ana Rita de Lima

35

As células somatotróficas são caracterizadas por conterem grandes e arredondados

grânulos secretórios (por volta de 350 nm de diâmetro). O número de células

somatotróficas aumenta gradualmente com a idade. Os resultados obtidos com o estudo

estereológico à microscopia eletrônica sugerem que importantes mudanças ocorrem na

hipófise anterior de ratos no início da puberdade. O aumento no volume da hipófise anterior

com a idade é devido principalmente ao aumento no número de células e tamanho dos

somatotrofos e lactotrofos antes da puberdade, um aumento no tamanho das células

somatotróficas e no número de lactotrofos ao redor da puberdade, e o aumento no número

de ambos tipos celulares após a puberdade (SASAKI, 1988).

Na hipófise anterior de camundongos adultos e ratos, as células produtoras de PRL

são mais abundantes em fêmeas que em machos, a as células produtoras de GH são mais

abundantes em machos, de acordo com resultados de estudos morfométricos e

estereológicos com o uso de microscópio eletrônico. As considerações necessárias para a

amostragem visando estudo morfométrico e estereológico foram adotadas para a obtenção

do número total das células (produtoras de GH e PRL) neste estudo e, para assegurar que as

micrografias eletrônicas foram representativas de todas as partes da glândula. Metade foi

descartada, e a outra hemi pituitária foi cortada em cubos em seis partes. Três secções

seriadas, consistindo de uma ultra fina e duas semi-finas (0,6µm), foram cortadas de cada

bloco com um ultramicrótomo equipado com navalha de vidro. As secções semi-finas

foram montadas em lâminas de vidro, o Epon foi removido com sodium ethoxide

(C2H5ONa) em etanol, e as secções foram imersas em uma solução a 4% de H2O2 para

remover o tetróxido de ósmio. As secções foram lavadas em PBS e posteriormente tratadas

com anticorpos anti GH e anti PRL (SASAKI; IWAMA, 1988 a).

Ana Rita de Lima

36

Os hormônios da Pars distalis são polipeptídeos ou glicoproteínas. Os polipeptídeos

incluem a prolactina, hormônio do crescimento (GH), corticotropina (ACTH) e

melanotropina (MSH). Os hormônios glicoprotéicos são tireotropina, hormônio luteinizante

(LH) e hormônio folículo estimulante (FSH). A identificação microscópica das células

secretórias na Pars distalis depende primeiramente da capacidade destas células para

estocar os hormônios que são sintetizados. Os hormônios são acumulados na forma de

grânulos citoplasmáticos. As células parenquimais contêm muitos grânulos intensamente

corados e são chamados de cromófilas; células com pouco ou nenhum grânulo e pouco

coradas são chamadas de cromófobas. As células cromófilas são classificadas em acidófilas

e basófilas. A coloração histológica diferencial da hipófise está baseada na combinação de

três ou mais corantes ácidos, por exemplo, o Masson (fucsina ácida, ponceau R, anilina

azul) e Mallory (fucsina ácida, anilina azul, orange-G). Estas técnicas permitem uma clara

diferenciação entre acidófilos, que aparecem em vermelho (fucsina ácida) ou laranja

(orange-G), e basófilos que se coram em azul (anilina azul). As células produtoras de GH

normalmente são ovóides e estão dispostas ao longo dos capilares, seus grânulos reagem

intensamente com corantes ácidos incluindo eosina, eritrosina, orange-G e fucsina ácida. A

ultraestrutura das células produtoras de GH no rato é similar a outras células que secretam

proteínas. O retículo endoplasmático rugoso não é uma característica proeminente, os

grânulos secretórios maduros são arredondados, homogêneos, densos, envoltos por

membrana, e possuem diâmetro máximo de 350nm. O citoplasma possui lisossomos junto

com as mitocôndrias. O hipotálamo estimula a secreção de GH através do fator liberador de

hormônio do crescimento (GHRF). O GHRF acelera a extrusão dos grânulos secretórios

das GH células para dentro do espaço perivascular. O nível de GH circulante exerce um

Ana Rita de Lima

37

feedback negativo nas GH células. Algumas horas depois da administração de grandes

doses de GH em ratos, o conteúdo de GH na hipófise estará elevado. Se as injeções forem

continuadas por mais de cinco dias, o conteúdo de GH na hipófise reduz; o prolongamento

do tratamento causa redução no tamanho e número de acidófilos e sua granulação. Os

esteróides sexuais possuem uma significante influência sobre as “GH cells”. As GH células

são mais numerosas e maiores em machos adultos que em fêmeas de ratos (BAKER, 1974).

Arana et al. (1997) relataram que os métodos mais usados para a tipificação celular da

adenohipófise são os citoquímicos. As amostras obtidas foram processadas para exame

histológico coradas com Hematoxilina - eosina (HE) e para estudo citoquímico foram

utilizados os seguintes corantes Ácido Periódico de Shiff (PAS), Alcian Blue pH 2,5 e

Alcian Blue pH 0,5.

As células produtoras de GH possuem forma oval ou arredondada, tamanho médio e

distribuídas em toda a glândula. O número e tamanho das células produtoras de GH

aumenta com a idade em ambos os sexos. As células produtoras de GH são divididas em

três tipos baseado na ultraestrutura das células, em particular o tamanho dos grânulos

secretórios. O tipo I de células contém somente grânulos secretórios grandes (variando

entre 200 e 700nm), o tipo II contém tanto grânulos secretórios grandes quanto pequenos

(de 1 a 700nm) e estão distribuídos em todo o citoplasma das células. Estes dois tipos são

os somatotrofos clássicos, com forma oval e núcleo normalmente oval. O tipo III de célula

é angular ou oval e contêm somente grânulos secretórios pequenos (de 1 a 200nm) e

normalmente são menores que os tipos I e II (MANABE et al., 2000).

Sasaki e Iwama (1988 b) afirmaram que o número de células PRL e GH na

adenohipófise do rato aumenta durante o desenvolvimento pós-natal. Em animais adultos

Ana Rita de Lima

38

muitas células parenquimais são células-PRL ou GH, ocorrendo marcante diferença das

populações celulares com a diferenciação sexual. O estrógeno pode atuar na adenohipófise

durante este período para aumentar o número de células PRL e inibir as células GH. As

células PRL e GH estão em todas as áreas das secções horizontais da Pars distalis. As

células-PRL são predominantes nas áreas rostral e caudal, mas não nas porções central e

lateral. As células-GH são predominantes na região rostro-lateral.

Sasaki et al. (1992) descreveram que em suínos com 60 dias de gestação as células

produtoras de GH estão densamente distribuídas em todas as áreas exceto nas áreas das

secções medianas e paramedianas da Pars distalis, assim sendo, são distribuídas em todas

as áreas nas secções laterais. O padrão de distribuição das células pode ser visto na glândula

no final da gestação. Contrastando com as células produtoras de GH, as células LH estão

dispersas somente em pequenas regiões da área rostral da Pars distalis e Pars tuberalis e

visíveis aos 60 a 80 dias de gestação. No final da gestação, estão dispersas completamente

pela Pars distalis, mas uma população remanescente fica restrita à área rostral. A

contribuição do GH para o crescimento fetal é relativamente pequena, pois fetos de ratos

decapitados no útero continuam crescendo em ritmo normal até o nascimento.

Lee et al. (2004) realizaram estudo imunohistoquímico e descreveram que não

existem diferenças no número total de somatotrofos na hipófise de suínos recém nascidos e

pré-púberes. Contudo, ocorrem mudanças na distribuição espacial dos somatotrofos com o

decorrer da idade. O lobo anterior das hipófises foi dividido em cinco regiões e três

diferentes posições foram fotografadas em cada uma das cinco regiões. Os somatotrofos

foram contados em quinze posições (5 regiões x 3 posições por região) em três secções

(proximal, média e distal) em cada hipófise.

Ana Rita de Lima

39

Em embriões de galinha com 10 dias as células somatotróficas marcadas podem ser

vistas à microscopia de luz, mas a quantificação não é realizável. Durante o

desenvolvimento embrionário ocorre o aparecimento de grânulos de GH em células

marcadas. Embriões com 12 dias possuem grânulos pleomórficos sendo

predominantemente ovais, alongadas e poucos grânulos são esféricos. Com 15 dias a

maioria dos grânulos é esférica. A população de células somatotróficas passa abruptamente

de 3,6% para 20,7% entre o vigésimo dia de desenvolvimento embrionário e o primeiro dia

após o nascimento (MALAMED et al., 1993).

Os grânulos secretórios das adenohipofisárias estão ligados uns aos outros e

circundados pelo citoesqueleto. Muitos grânulos estão próximos à membrana e outros se

localizam abaixo dos microfilamentos periféricos ou estão presos nesta rede. A secreção de

hormônios rende um baixo ritmo de secreção de neurotransmissores e muitos grânulos

secretores são excluídos da região subplasmalemal. A dissolução da rede de actina cortical

pode ser necessária para a exclusão dos grânulos para próximo da membrana para que

ocorra a exocitose (CARBAJAL, VITALE, 1997).

Ana Rita de Lima

40

3.3 ESTUDO MORFOMÉTRICO E ESTEREOLÓGICO

A estereologia moderna promove eficiente e segura ferramenta para a descrição de

parâmetros quantitativos de estruturas em secções de tecidos. Muitos princípios que

permitem a estimativa do coeficiente de volume, área de superfície, coeficiente superfície-

volume e o número total de partículas são revistos e apresentados de forma geral

(HOWARD; REED, 2004).

Malamed et al. (1997) descreve que a área seccional em hipófises de frangos pode ser

determinada por micrografias de baixa capacidade. Estes valores foram multiplicados pela

distância entre as secções amostradas para calcular o volume de cada segmento cilíndrico

constituinte da hipófise anterior. A soma dos volumes de cada segmento das glândulas foi

coletado para estimar o volume total de cada glândula. A distância (K) entre as secções

amostradas foi de 150µm (30 secções com 5µm de espessura). Para cada micrografia de

alta capacidade três determinações foram feitas: área do campo exibido na micrografia, área

total de somatotrofos, e número de somatotrofos nucleados. A área seccional média dos

somatotrofos foi obtida pela divisão da área total ocupada pelos somatotrofos pelo número

total de somatotrofos por área de secção. A fração de área dos somatotrofos (porcentagem

de àrea ocupada pelos somatotrofos na àrea total da adeno hipófise) foi estimada pelos

coeficientes totais das áreas de somatotrofos nos campos amostrados e o total de área destes

Ana Rita de Lima

41

campos. A densidade numérica (número de somatotrofos / volume da adenohipófise) foi

estimado de acordo com a equação padrão (WEIBEL; BOLENDER, 1973):

Nv = K . NA

β VV

O valor de β foi determinado pelas secções dos somatotrofos sendo estimado através

do comprimento e diâmetro. N é o número somatotrofos contidos por unidade de área

seccional. V é a densidade de volume (volume dos somatotrofos / volume da glândula).

Para estimar o volume total dos somatotrofos a densidade de volume dos mesmos foi

multiplicada pelo volume da hipófise anterior. O número de somatotrofos em cada

segmento foi obtido através da densidade numérica dos somatotrofos multiplicado pelo

volume do segmento. Para o volume de um somatotrofo isolado, o volume total dos

somatotrofos na glândula foi dividido pelo número total de somatotrofos na mesma

(MALAMED et al., 1997).

O volume celular pode ser estimado pelo Princípio de Cavalieri multiplicando-se a

distância entre as secções histológicas pela somatória das áreas seccionais das células,

utilizando-se a seguinte fórmula (HOWARD; REED; 2004; RIBEIRO et al., 2004):

V= T x ∑A

Onde:

V= volume;

T= distância entre secções;

∑A= somatória das áreas seccionais.

Células produtoras de GH foram estudadas morfometricamente à microscopia de luz

e eletrônica em ovelhas lactantes e logo após o desmame. O estudo morfométrico revelou

Ana Rita de Lima

42

que a área celular variou de 66,2 a 114µm², com um diâmetro entre 11,1 e 15,9µm. Neste

estudo, não se observou diferença significante na densidade celular entre os grupos

estudados. As células produtoras de GH tiveram variações na forma mas em geral eram

esféricas ou ovais (BERNABÉ et al., 2000).

3.4 ANATOMIA DA IMAGEM (IMAGOLOGIA)

A tomografia computadorizada é uma modalidade diagnóstica que por meio de raios

X e do computador consegue formar imagens seccionais do paciente em diferentes planos

(transversal, dorsal e mediano), com a vantagem sobre a radiografia convencional, de

apresentar uma grande sensibilidade a pequenas diferenças de atenuação dos raios X e ser

isenta de sobreposição de estruturas, sendo utilizada para avaliação da hipófise em casos de

adenoma de hipófise e hiperadrenocorticismo hipófise dependente. Para a realização destes

exames é necessário o uso de contrastes radiopacos intravenosos para demarcar a região a

ser estudada (FEENEY et al., 1991; HATHCOCK; STICKLE, 1993; LOVE et al, 2000;

VLUGT-MEIJER et al., 2002; VLUGT-MEIJER et al., 2004 ).

O aparelho de tomografia é constituído basicamente por um “gantry” (abertura do

aparelho), onde estão colocados um tubo de raios X com um colimador e em sentido oposto

os detectores de raios X; um computador; um console de comando com um monitor e uma

câmara multiformato (HATHCOCK; STICKLE, 1993).

Ana Rita de Lima

43

A imagem tomográfica é adquirida através da emissão de raios X, colimados à

espessura desejada (1 a 10 mm), que sofrerão distintas atenuações ao atravessarem o

paciente em cada um dos 360° de rotação do tubo ao redor dele e serão captados pelos

detectores. Estes raios X captados serão transformados em um sinal elétrico e

posteriormente em números, que o computador utilizará para calcular, através de um

algoritmo matemático, o coeficiente linear de atenuação dos tecidos, para então produzir a

imagem dentro de uma escala de cinzas (BERRY, 2002; FEENEY et al., 1991;

HATHCOCK; STICKLE, 1993).

3.5 ASPECTOS NEUROENDÓCRINOS

O GH é um polipeptídeo de cadeia simples produzido pelos somatotrofos na

adenohipófise, com peso molecular de aproximadamente 22.000 daltons. A integridade do

eixo GH/IGF-I é essencial e um dos principais determinantes para o crescimento pós-natal

normal (EIGENMANN; PATTERSON, 1984; SIZONENKO et al., 2001). A liberação do

hormônio de crescimento é regulada por dois hormônios hipotalâmicos, o hormônio

liberador de GH (GHRH), que estimula a secreção pulsátil do GH (usualmente 6 pulsos

durante as 24 horas) e a somatostatina (SST) que atua inibindo sua liberação (BANKS,

1993).

Os esteróides sexuais (andrógenos e estrógenos) modulam a síntese e secreção de GH

pela hipófise anterior através de ações diretas nos somatotrofos ou via modulação dos

Ana Rita de Lima

44

neuropeptídeos hipotalâmicos que controlam a secreção de GH (Somatostatina e GHRH),

sendo seus efeitos observados com o início da puberdade (CHOWEN; FRAGO;

ARGENTE, 2004). No cão o início da puberdade varia de acordo com a raça ocorrendo

entre 5 e 12 meses de idade sendo os animais de pequeno porte mais precoces (LAING;

MORGAN; WAGNER, 1988).

Parte dos efeitos do GH é mediado por um polipeptídeo chamado de Fator I de

crescimento Símile à Insulina (IGF-I) também conhecido como somatomedina C, este

polipeptídeo é produzido ubiquamente, principalmente pelo fígado, rins e músculos sendo

regulado pelo GH. O IGF-I funciona como mediador de ações anabólicas e mitogênicas do

GH (DAUGHADAY; ROTWEIN, 1989). É encontrado na circulação periférica circulando

primariamente na forma de complexo ternário de alto peso molecular com a proteína 3 de

ligação ao IGF (IGFBP3) e a subunidade ácido lábil (ALS), ambos fatores GH dependentes

(BAXTER et al., 1989; RECHIER, 1993, YAKAR et al., 2002). Uma pequena proporção

de IGF-I pode circular em associação com outras proteínas ligadoras do IGF (RECHIER,

1993) e estima-se que menos de 5% do IGF-I plasmático circule na forma livre (ZAPF et

al., 1986). Os níveis plasmáticos de IGF-I apresentam uma variação diurna desprezível

(LEE; ROSENFIEL, 1987).

Dosagens isoladas do GH não representam sua secreção diária já que o mesmo é

secretado de maneira pulsátil com níveis extremamente baixos entre os pulsos. A

investigação laboratorial dos níveis séricos de GH baseia-se na sua análise direta através da

sua dosagem seriada (a cada 20 minutos) em ritmos de 24 horas, através de testes de

estímulo para sua secreção ou indiretamente com a dosagem das proteínas IGF-I e IGFBP-3

(ALBERTSSON-WIKLAND; ROSBERG, 1988).

Ana Rita de Lima

45

Devido a alta freqüência de falsos negativos e a complexidade em relação à análise

dos testes de liberação de GH e do ritmo de GH, na década de 90 as dosagens de IGF-I e

IGFBP-3 ganharam destaque como exames de avaliação de integridade do eixo GH/IGF-I

em estudos em seres humanos (ROSENFELD et al., 1995). As concentrações séricas de

IGF-I e IGFBP-3 estão diretamente relacionadas à ação do GH e por apresentarem níveis

sanguíneos relativamente estáveis ao longo de 24 horas, as suas determinações servem

como um espelho da secreção de GH. A avaliação do IGF-I e IGFBP-3 deve levar em conta

a idade e o sexo, pois tendem a se elevar com a idade e, em humanos, as dosagens são

maiores no sexo feminino que no masculino (JUUL et al.,1997; MAURAS et al., 2000).

A mensuração do IGF-I em seres humanos pode ser utilizada para avaliar os níveis de

GH (WACHARASINDHU et al., 2000) para diagnóstico de deficiência deste hormônio,

(CLEMMONS, 2001), para monitorar o tratamento com GH a curto e longo prazo (LEE;

ROSENFIEL, 1987) e para avaliar os riscos de doenças crônicas incluindo o câncer,

doenças cardiovasculares, diabetes mellitus e osteoporose (DELAFONTAINE, 1995;

JEHLE et al., 2003; PEACEY; SHALET, 2001; RENEHAN et al., 2003; SANDHU et al.,

2002; SHALET et al., 1998). Em animais de experimentação as dosagens de IGF-I e

IGFBP3 também são utilizadas para avaliar o eixo GH/IGF-I (HIGAKI et al., 1997; KIM et

al., 2004; SCHLEIM et al., 1999).

As concentrações séricas de IGF-I são determinadas por radioimunoensaio - RIA ou

ensaios imunorradiométricos – IRMA (BOQUETE et al., 2003; LISSETT et al., 2003;

SHALET et al., 1998). Os níveis plasmáticos de IGF-I são baixos na deficiência de GH

(LEE et al., 1990; LEE; ROSENFIEL, 1987), na desnutrição (LEE; ROSENFIEL, 1987;

SOLIMON et al., 1986) no hipotireoidismo, doenças hepáticas, diabetes mellitus

Ana Rita de Lima

46

descompensado (SHALET et al., 1998) e na síndrome de deficiência de receptores de GH

(GUEVARA-AGUIRRE et al., 1993).

A idade, níveis séricos de insulina, hormônios tireoidianos, esteróides sexuais e

estado nutricional regulam diretamente os níveis circulantes dos IGFs (GÓMEZ et al.,

2004; CLEMMONS, 2001). Em um estudo realizado para avaliar o efeito da idade e da

obesidade nas concentrações séricas de IGF-I, foi observado um contínuo e significante

declínio no total de IGF-I, IGF-I livre e IGFBP-3 entre 15 e 70 anos de idade em ambos

sexos; o avanço da idade foi o maior determinante das concentrações de IGF-I. Este

declínio no IGF-I pode ser resultante de alguns processos, tais como: a redução de secreção

de GH em função da idade ou a redução no número de receptores de GH no fígado

(GÓMEZ et al., 2004).

3.6 ESTUDO PILOTO (ANATOMIA CIRÚRGICA)

Nas hipofisectomias, as técnicas cirúrgicas são denominadas segundo a via de

acesso. Faz-se uma incisão de 3 a 4 cm no palato mole, no nível dos hâmulos do osso

pterigóide, que servem de referência. Posteriormente, em igual sentido e no mesmo nível do

palato mole, incisa-se o mucoperiósteo do canal craneofaríngeo, deixando descoberta parte

do corpo do basisfenóide. Neste momento inicia-se a trepanação da camada cortical externa

do basisfenóide, fazendo-se quatro perfurações que posteriormente se unem permitindo a

extração de um quadrilátero de 1cm2 de área. Na camada cortical interna extrai-se um

quadrilátero pequeno deixando-se a hipófise à mostra. É necessário ter muito cuidado ao

Ana Rita de Lima

47

extrair a cortical interna para não lesionar o seio cavernoso, pois se isso ocorrer será difícil

conter a hemorragia. O passo seguinte será incisar a lâmina ventral da dura-máter e aplicar

uma sucção moderada para manter o campo limpo de sangue e suspender levemente a

glândula; nestas condições, com um gancho de estrabismo pequeno se libera a hipófise de

suas envolturas meníngeas, sendo possível remover a glândula integralmente, deixando in

situ o túber cinerium. A trepanação foi tamponada com cera de Horsley e o palato mole foi

suturado com pontos simples separados. Durante o período pós-operatório administrou-se

antibióticos e analgésicos por via parenteral (COPPA et al.,1978) .

Dois acessos à hipófise canina podem ser realizados: intracranial e transbucal. A

menos invasiva é a trans esfenoidal (trans palatina, trans bucal) resultando estes acessos em

aumento na probabilidade de sobrevivência. Uma modificação do acesso trans esfenoidal,

usando a via retrofaríngea para alcançar o basisfenóide assepticamente foi utilizada neste

estudo. Apesar das vantagens do acesso transesfenoidal, é difícil identificar a localização da

hipófise precisamente, a osteotomia inexata pode resultar em hemorragia per-operatória

fatal. A hipofisectomia é considerada como uma técnica impraticável em raças

braquicefálicas. A hipófise canina é de difícil localização, a distância da hipófise com

pontos de referência palpáveis e visíveis tais como os hâmulos do pterigóide e a sutura

interesfenoidal varia com o tamanho e forma do crânio (NIEBAUER; EVANS, 1988).

Enemar (2003) efetuou a hipofisectomia fetal seletiva em ratos, que levou a baixa

taxa de sobrevivência. Como resultado, o desenvolvimento das glândulas tireóide, adrenal e

timo dos fetos foi retardado. Não obstante, o crescimento dos ossos longos não sofreu

alterações após o procedimento cirúrgico. No entanto, a seletividade de tal técnica cirúrgica

Ana Rita de Lima

48

foi questionada pelo próprio autor, uma vez que em alguns casos a adenohipófise não foi

excisada na sua totalidade.

Niebauer et al (1990) descreveram hipofisectomia experimental realizada em sete

cães clinicamente normais. Antes da realização da técnica foi utilizado radioimunoensaio

homólogo específico e as concentrações plasmáticas de hormônio do crescimento foram

mensuradas antes e em intervalos específicos depois da estimulação com clonidina HCl.

Meij et al (1997) observaram que devido à alta taxa de mortalidade associada com o

acesso intracraniano transtemporal, o acesso transesfenoidal para remoção da hipófise

tornou-se a técnica preferida em estudos experimentais em cães. Nenhum dos cães mostrou

resposta aos hormônios da hipófise posterior em dez semanas após a hipofisectomia. Não

ocorreram anormalidades no baço, fígado, coração, rins, ou pâncreas. A próstata e os

testículos estavam atrofiados, a tireóide e paratireóide estavam inativas.

Ana Rita de Lima

49

4 MATERIAL E MÉTODOS

O material e os métodos utilizados nesta pesquisa estão descritos abaixo.

4.1 MATERIAL

Para a realização deste trabalho foram utilizados quatro cães Golden Retriever não

distróficos e oito cães Golden Retriever acometidos pela distrofia muscular, todos do sexo

masculino e com idade variando entre um mês e um ano. No estudo histológico utilizamos

dois animais não distróficos (com um ano de idade) e três animais acometidos por Distrofia

muscular (entre sete meses e um ano de idade) apresentando a forma grave da doença. Estes

mesmos animais foram utilizados para o estudo macro e mesoscópico. Para o estudo

radiológico e tomográfico foram utilizados dois animais sendo um distrófico apresentando

a forma grave da doença e um não distrófico, ambos com um ano de idade. Na dosagem

sérica de IGF-I utilizamos cinco animais, sendo quatro animais Distróficos, inicialmente os

quatro animais apresentavam a forma clínica benigna da doença e posteriormente dois

destes animais evoluíram para a forma grave, e um animal não distrófico. Os animais

distróficos e não distróficos utilizados neste estudo foram obtidos no canil existente na

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-

USP), construído em colaboração do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo

para o estudo da Distrofia muscular em cães da raça Golden Retriever.

Ana Rita de Lima

50

4.2 MÉTODOS

Os métodos utilizados estão descritos nos itens que se seguem.

4.2.1 Estudo Macroscópico e Mesoscópico

Logo após o óbito dos animais, ocorrido como conseqüência da progressão da

doença, a hipófise foi fixada, utilizando-se os mesmos fixadores dos itens 4.2.3.1 e 4.2.3.2

sendo perfundida pela artéria carótida comum esquerda. Em seguida foi realizada a

dissecação do osso esfenóide e o acesso trans-esfenoidal para remoção da glândula hipófise

na sua totalidade, após a completa remoção esta foi seccionada em duas partes iguais por

meio de uma incisão mediana. A seguir, a neuro-hipófise foi separada da adenohipófise.

Espessura, comprimento e largura foram mensurados nas duas hemi-adenohipófises com o

uso de um paquímetro digital da marca Digimess®.

Ana Rita de Lima

51

4.2.2 Anatomia da Imagem (Imagologia)

Neste item utilizamos dois animais sendo um distrófico apresentando quadro grave e

um não distrófico que foram fixados em solução aquosa de formol a 10% logo após o óbito,

pelas artérias carótidas comuns direita e esquerda. Os dois animais tiveram a hipófise

dissecada pelo acesso trans-esfenoidal para exposição da mesma e colocação do marcador

(esfera de chumbo com 0,5mm de diâmetro) que foi utilizada para permitir a localização e

diferenciação da hipófise em relação às outras estruturas.

Os exames radiográficos e tomográficos foram realizados no Serviço de Diagnóstico

por Imagem do Hospital Veterinário do Departamento de Cirurgia da Faculdade de

Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP).

4.2.2.1 Equipamento Tomográfico

O exame tomográfico foi realizado em equipamento CT-MAX 640 (General Eletric)

de terceira geração. As imagens foram fotografadas em câmera multiformato MFC640

(General Eletric®), em filmes de marcas MN NIF Agfa IBF Medix (IBF - Indústria

Brasileira de Filmes) e Kodak Ektanscan M (Kodak Brasileira Com. Ind. LTDA) tamanho

Ana Rita de Lima

52

35x43cm os quais foram revelados e fixados em Processadora Automática RPX-OMAT

Processor (Eastman Kodak Company).

4.2.2.2 Técnica Tomográfica

Os animais foram posicionados em decúbito ventral com os membros torácicos

tracionados cranialmente. Realizou-se radiografia digital (“scout”) em incidência

dorsoventral. Os cortes tranversais iniciaram-se a 8mm rostralmente em direção ao

marcador e extenderam-se por 7mm caudalmente.

O ajuste de técnica foi de 120kV e 22mA, com 3 segundos de tempo de exposição. A

espessura dos cortes foi de 5mm com incremento de 5mm entre os cortes. As imagens

adquiridas foram fotografadas em câmera multiformato MFC640 (General Eletric®), com

seleções de janela e nível que permitissem adequada avaliação de arcabouço ósseo para

localização da região hipofisária, onde a mesma encontrava-se marcada com uma esfera de

chumbo (0,5mm de diâmetro). Foi realizado um corte de 2mm de espessura exatamente em

cima do marcador. As imagens tomográficas foram realizadas com janelas e nível que

permitissem adequada avaliação de estruturas ósseas e partes moles.

Ana Rita de Lima

53

4.2.2.3 Equipamento Radiográfico

O exame radiográfico foi realizado em aparelho de raios-X da marca Ray-tec modelo

RT de 500mA e 125Kv, foram utilizados chassis de 18 x 24cm, com écrans intensificadores

Kodak Lanex X-Omatic Regular Screens (Kodak Eastman Company) e filmes radiológicos

no tamanho 18 x 24cm, RP-X-OMAT (Kodak Brás. Com. E Ind. Ltda). As radiografias

foram reveladas em Processadora Automática RPX-OMAT Processor (Eastman Kodak

Company).

4.2.2.4 Técnica Radiográfica

Os animais foram posicionados em decúbito ventral com os membros torácicos

tracionados cranialmente. Realizou-se radiografias convencionais com incidência dorso-

ventral o ajuste de técnica utilizado foi de 40 Kv e 100 mA.

Ana Rita de Lima

54

4.2.3 Estudo Histológico

Este capítulo foi dividido em vários tópicos para facilitar o entendimento do leitor.

4.2.3.1 Aspectos Microestruturais

A fixação neste caso consistiu de perfusão pela artéria carótida comum esquerda com

uma solução de Karnovsky modificada (5% glutaraldeído + 1% formoldeído em tampão

cacodilado de sódio - 0,125 M; pH 7,4) e imersão no mesmo fixador por 72 horas, antes de

realizar a fixação fizemos a lavagem do sistema com o uso de uma solução composta por

tampão fosfato, nitrito de sódio a 0,1% e 2% de heparina. O material foi lavado em solução

de tampão cacodilato de sódio, pós-fixado em solução de tetróxido de Ósmio a 2%

(Sigma®) em tampão cacodilato de sódio 0,1M por 90 minutos à temperatura ambiente. O

material sofreu outra lavagem em tampão cacodilato de sódio e água destilada por três

vezes e foi contrastado com solução saturada de acetato de uranila (Reagen®) por 90

minutos à temperatura ambiente e abrigado da luz.

As amostras foram desidratadas em concentrações crescentes de etanol (50% 70%

80% 90% 100%), logo após a desidratação o material foi submetido a dois banhos em

solução de Óxido de propileno (Aldrich®) puro e então incluído em uma solução de óxido

de propileno e Araldite 502 (Polyscience Inc.®), na proporção 9:1, e mantido sobre agitação

Ana Rita de Lima

55

constante por 10 minutos. Decorrido este período o material foi colocado em óxido de

propileno e resina Araldite (1:1) por 1 hora sob agitação constante, em seguida foi realizada

a troca de concentração de óxido propileno e Araldite na proporção (1:9) mantendo o

material sob mesma condição por 12 horas e posteriormente colocado em Araldite pura por

8 horas. O material foi colocado em nova solução pura de Araldite por 12 horas e

finalmente em resina pura por 2 a 3 dias em estufa (60º a 70ºC), sendo acondicionado em

moldes de silicone específicos para este procedimento.

Após a embebição, procedeu-se a trimagem do bloco e à seguir o material foi cortado

em um ultramicrótomo da marca RMC modelo MT- RL com 2 µm de espessura (secções

semi-finas) e secções ultra-finas (70-90 nm de espessura). Os cortes foram coletados em

lâminas de vidro, secos em placa térmica (Leica®), corados com solução de azul de

toluidina alcoólica (1%) e montados sob lamínula.

Para a microscopia eletrônica de transmissão seguimos o mesmo protocolo acima,

efetuando-se porém cortes ultra-finos com 70nm - 90 nm de espessura que foram colocados

em grids de cobre de 200 mesh, corados com acetato de uranila 3% e citrato de chumbo e

observados ao microscópio eletrônico de transmissão (JEOL Electron Microscopic® JEM-

1010) no Instituto de Ciências Biomédicas na Universidade de São Paulo (ICB-USP).

Ana Rita de Lima

56

4.2.3.2 Aspectos Morfoquantitativos

A adenohipófise (Pars proximalis e Pars distalis) foi cortada seriadamente e

exaustivamente (2 µm de espessura), de sorte que cada qüinquagésima secção (K=50) foi

amostrada juntamente com vinte outras secções vizinhas. As secções foram observadas e

analisadas em microscópio Leica® DMR com uso de software de Análise de Imagem Leica

QWin (Leica Microsystem Imaging Solution Ltd, Cambridge,UK). Após aplicação dos

planos de inclusão e exclusão tridimensionalmente, dezessete secções foram consideradas

para cada região. Portanto, a partir de dezessete secções seriadas com 2µm de espessura,

uma área (por região) foi escolhida sistematicamente e aleatoriamente (SURS) para

promover a análise morfométrica e estereológica. Um sistema teste composto por seis áreas

testes com área total de 56428µm² foi colocado sobre a imagem da secção histológica

captada e projetada na tela de um computador por meio da câmera digital Leica® DC 300 F

e todas as células granulares que estavam dentro das áreas testes (e que não tocavam as

linhas de exclusão) foram consideradas para o estudo quantitativo.

Os seguintes parâmetros foram estudados nas células granulares adenohipofisárias:

Eixo longo;

Área seccional;

Volume celular estimado globalmente pelo Princípio de Cavalieri;

Ana Rita de Lima

57

“Profile or Packing density” (densidade de perfis celulares – DP) estimado pela

seguinte fórmula:

DP = ∑ profiles / área total amostrada (HOWARD e REED, 2004).

Neste caso foi utilizado um sistema teste com seis frames, sendo a área total destas

frames de 56428µm².

Para a realização desta etapa foram mensurados o seguinte número de células para

cada região de cada animal (Tabela 1).

Tabela 1 - Número de células granulares adenohipofisárias (Pars proximalis e Pars distalis) de cães Golden Retriever distróficos e não distróficos utilizados no estudo estereológico, São Paulo – 2005

Número de células por região

Animal Estado Pars proximalis Pars distalis

01 Distrófico 22 89

02 Não Distrófico 31 254

03 Distrófico 34 440

04 Não Distrófico 8 369

05 Distrófico 34 230

Ana Rita de Lima

58

Tamanho médio dos grânulos das células adenohipofisárias

As mensurações dos grânulos foram realizados à microscopia eletrônica de

transmissão, com o uso de imagens capturadas no microscópio eletrônico da marca JEOL

uma área (por região) foi escolhida sistematicamente e aleatoriamente (SURS) com auxílio

de sistema teste para microscopia eletrônica de transmissão para promover a análise

quantitativa. Um sistema teste composto por seis áreas testes com área total de 6981µm² foi

colocado sobre a imagem projetada na tela de um computador e todos os grânulos elétron-

densos vistos em secção transversal e que estavam dentro das áreas testes (não tocavando as

linhas de exclusão) foram considerados. Desta forma, com o uso do software de Análise de

Imagem Leica QWin (Leica Microsystem Imaging Solution Ltd, Cambridge,UK)

realizamos a mensuração dos grânulos em seu eixo longo e área seccional.

4.2.4 Aspectos Neuroendócrinos

Amostras mensais (durante quatro meses consecutivos) foram coletadas de animais

distróficos (apresentando a forma benigna da doença) e de um animal não distrófico

(animal controle), filhotes machos e de mesma idade (a partir de um mês de idade). No

sétimo mês foi coletada outra amostra dos mesmos animais, sendo que dois animais

distróficos evoluíram para a forma grave da doença e dois permaneceram com a forma

benígna. Devido à interferência nutricional na dosagem sérica de IGF-I (SHALET et al;

Ana Rita de Lima

59

1998), o estado nutricional dos animais testados foi padronizado. A classificação dos

animais foi estabelecida baseando-se em dois parâmetros propostos:

1) Relação peso corporal esperado / idade real do animal pareado entre animais

sadios e distróficos. O peso corporal esperado foi considerado como estando até 20%

abaixo do peso do animal controle a cada coleta (Tabela 2).

Tabela 2 - Dados de peso (Kg) e idade expressa em meses entre os animais Distróficos (1-4) e não Distrófico (5) utilizados neste estudo, São Paulo – 2005

Peso (Kg)

Idade 1° Mês 2° Mês 3° Mês 4° Mês 7° Mês

Animal 01 2,3 8,8 11,2 13,0 14,0 Animal 02 2, 5 8,5 11,0 13,0 14,3 Animal 03 2,3 8,4 10,8 12,5 22,2

Animal 04 2,5 9,0 11,0 13,2 23,9

Animal 05 2,8 10,5 12,3 15,0 26,0

Média 2,5 9,1 11,3 13,3 20,1

Desvio Padrão

1,1

0,8

0,6

0,9

5,5

2) Quantidade total diária de ração ingerida / freqüência diária de ingestões, pareada

entre animais sadios e distróficos. Todos os animais receberam a mesma quantidade diária

de ração (500g de Royal Canin Growth) diferindo apenas na frequência, ou seja, os animais

Distróficos receberam a quantidade total dividida em cinco refeições (cinco refeições de

100g cada) enquanto que os animais não Distróficos em apenas duas refeições de 250g

cada.

Ana Rita de Lima

60

Desta forma, a classificação do estado nutricional adotada foi:

Adequado - foram classificados como tendo estado nutricional adequado aqueles

animais que possuíam até 80% do peso do animal controle (não Distrófico).

Inadequado - foram classificados como tendo estado nutricional inadequado aqueles

animais que possuíam menos de 80% do peso do animal controle (não Distrófico).

As amostras de sangue foram coletadas em tubos sem anti-coagulante, e

centrifugados a 4.000 rpm durante 15 minutos sendo separado o soro e criopreservadas à –

20°C até sua dosagem (AGUSTSSON et al. 2000; BOQUETE et al., 2003; CORDIDO et

al., 2003; LISSETT et al., 2003; SHALET et al., 1999).

As dosagens foram efetuadas no Laboratório de Hormônios e Genética Molecular

Lim/42 da Disciplina de Endocrinologia e Metabologia do Hospital das Clínicas de São

Paulo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, utilizando ensaio

Imunorradiométrico (IRMA) (Diagnostic Systems Laboratories – DSL-5600®, Webster,

USA). Este ensaio inclui uma etapa de extração simples na qual o IGF-I é separado das

suas proteínas de ligação no soro (IGFBP3 e ALS) através de acidificação seguida de

precipitação por etanol da fração de IGFBPs sendo o sobrenadante submetido a dosagem

hormonal. O IRMA é um ensaio não competitivo no qual a substância a ser determinada é

mantida ligada em dois anticorpos; o primeiro anticorpo está imobilizado nas paredes

internas dos tubos, o outro anticorpo é radiomarcado para a sua detecção. A substância a ser

determinada presente nas amostras (IGF-I) liga-se em ambos os anticorpos e os materiais

Ana Rita de Lima

61

não ligados são removidos por decantação e lavagem dos tubos, seguida de leitura dos

resultados obtidos (Figura 1).

As dosagens de testosterona foram realizadas utilizando-se um sistema automático

de imunoensaio com o kit AutoDELFIA®, este ensaio possui uma fase sólida de

fluoroimunoensaio baseado na competição entre europium marcado com testosterona e

amostras de testosterona para anticorpos policlonais anti-testosterona (originários de

coelhos). O agente bloqueador no ensaio de testosterona facilita a liberação da testosterona

das proteínas ligadoras, um segundo anticorpo, diretamente ligado a IgG de coelho, está

revestido na fase sólida, e a ligação do complexo IgG-testosterona promove uma

conveniente separação entre o anticorpo e o antígeno livre. A dissociação dos íons de

europium da testosterona ligada dentro da solução forma quelatos altamente fluorescentes

com os componentes da solução realçada. A fluorescência em cada um é mensurada, sendo

inversamente proporcional a concentração de testosterona da amostra (Figura 2).

Ana Rita de Lima

62

Figura 1- Esquema do ensaio Imunorradiométrico (IRMA) realizado para a dosagem de IGF-I. FONTE: www.portfolio.mvm.ed.ac.uk/.../ radidia.htm

Figura 2- Esquema do imunoensaio utilizado para a dosagem de testosterona

Ana Rita de Lima

63

4.2.5 Análise Estatística

Nas análises estatísticas considerou-se diferentes modelos de acordo com a natureza

das variáveis mensuradas. Para análises de dados paramétricos e de distribuição contínua

(área, volume e eixo para microscopia de luz de secções semi-finas e eixo e área à

microscopia eletrônica de transmissão), o modelo contemplou os efeitos dos grupos

comparativos (animais distróficos versus não-distróficos), segundo o Método de Quadrados

Mínimos por meio do procedimento PROC GLM do programa Statistical Analysis System,

versão 8.02 (SAS, 1995) . Para as variáveis de contagens celulares, o modelo contemplou

os mesmos efeitos dos grupos comparativos (animais ditróficos versus não-distróficos),

porém utilizando-se a metodologia de Modelos Lineares Generalizados, pressupondo

distribuição de Poisson com função de ligação logarítmica, por meio do procedimento

PROC GENMOD do programa Statistical Analysis System, versão 8.02 (SAS, 1995).

Para as dosagens de IGF-I, o modelo estatístico considerou os efeitos principais de

meses de idade (de um até quatro meses e sete meses), dos grupos comparativos (animais

distróficos versus não distróficos). Estas análises foram realizadas utilizando-se o teste t de

Student como procedimento de comparações múltiplas, onde utilizou-se a média amostral

dos animais distróficos comparando-se com o valor real obtido a cada mês do animal

controle. No sétimo mês comparou-se a média dos animais distróficos graves com o valor

real do animal não distrófico e a média dos animais distróficos benignos com o valor real

do animal não distrófico.

Ana Rita de Lima

64

4.3 ESTUDO PILOTO (ANATOMIA CIRÚRGICA)

Realizou-se estudos pilotos em dois cães S.R.D. com peso de 15Kg para a remoção

total da hipófise. Para a técnica anestésica utilizada empregou-se a aplicação de

Acepromazina (0,1mg/kg - IV) como medicação pré-anestésica, Midazolam (0,5mg/kg)

associado a Ketamina (5mg/kg) - IV como agentes de indução. Os animais foram então

entubados e mantidos à ventilação assistida em plano anestésico empregando-se Halotano.

O acesso cirúrgico realizado foi o transesfenoidal, o animal estava posicionado em

decúbito ventral com a cavidade oral aberta para o acesso ao palato mole que foi incisado

em sua linha média, após a incisão no palato mole localizamos os hâmulos do osso

pterigóide e traçando uma linha imaginária entre estas estruturas localizamos a posição da

hipófise no centro desta linha. Com o uso de uma broca o basisfenóide foi aberto até a

localização da hipófise que foi removida com o uso de pinça e tesoura oftálmica. Logo após

o procedimento cirúrgico ambos animais foram ortoeutanaziados mediante overdose do

mesmo anestésico usado na manutenção cirúrgica.

Ana Rita de Lima

65

5 RESULTADOS

Os resultados obtidos estão descritos nos itens deste capítulo.

5.1 ESTUDO MACROSCÓPICO E MESOSCÓPICO

No Golden Retriever a hipófise está localizada na Sella turcica do osso basisfenóide,

aderida ao túber cinerium por meio do infundíbulo hipofisário. Rostralmente à mesma está

o quiasma óptico, lateralmente os Tractos ópticos, e caudalmente observam-se os

pedúnculos cerebrais e os corpos mamilares (Figura 3). Um revestimento de dura-máter

envolve a glândula e também o teto da depressão. Macroscopicamente está composta pela

Adenohipófise que se divide em Pars distalis, Pars intermédia e Pars tuberalis e pela

Neuro-hipófise e foi possível isolarmos a Adeno da Neuro-hipófise. No material à fresco, a

Adenohipófise apresenta coloração amarelo-rosada e envolve a Neuro-hipófise látero-

rostro-caudalmente. A Neuro-hipófise possui coloração branco - amarelada. Os aspectos

macromorfométricos das adenohipófises estudadas estão sumarizados na Tabela 3. Estes

resultados foram não significativos quando analisados pelo teste t (p > 0,05) (Tabela 4).

Macroscopicamente não observamos diferenças entre os animais distróficos e não

distróficos quanto à coloração e localização da mesma.

Ana Rita de Lima

66

Tabela 3 - Dados sumarizados de comprimento, largura e espessura das adenohipófises dos cães Golden Retriever Distróficos e não Distróficos. São Paulo – 2005

Tabela 4 - Estatísticas descritivas para as variáveis avaliadas (comprimento, largura e espessura) das adenohipófises estudadas, São Paulo – 2005

Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Coeficiente de Variação

Comprimento Pars

proximalis

0,69 1,77 1,01 0,44 43,41

Comprimento Pars distalis

4,79 6,23 5,74 0,58 10,15

Largura 5,92 6,85 6,33 0,38 6,10

Espessura 3,77 4,54 4,12 0,37 8,97

Comprimento (mm)

Pars proximalis Pars distalis Largura (mm) Espessura (mm)

Animal 01 Distrófico

Grave 1,77 4,79 6,85 4,54

Animal 02 Não Distrófico 1,05 5,97 6,30 4,49

Animal 03 Distrófico

Grave 0,75 6,13 6,02 3,77

Animal 04 Não Distrófico 0,69 6,23 5,92 3,80

Animal 05 Distrófico

Grave 0,83 5,62 6,58 4,02

Ana Rita de Lima

67

Figura 3 – Fotomacrografia detalhada mostrando situação da hipófise de Golden Retriever não distrófico. Rostralmente observa-se o quiasma óptico (*), lateralmente os Tractos ópticos (cabeças de seta) e caudalmente os pedúnculos cerebrais (p)

5.2 ANATOMIA DA IMAGEM (IMAGOLOGIA)

A imagem radiográfica revelou que a hipófise está localizada na Sella turcica, no

osso basisfenóide entre os Hâmulos do osso pterigóide, não havendo diferenças na

localização desta entre o animal distrófico malígno e não distrófico. Para a localização da

hipófise através do Raio-X esta foi marcada com uma esfera de chumbo (0,5mm de

diâmetro) (Figura 4) pois com o uso de contrastes radiopacos, não foi possível identificar

somente a hipófise sendo os tecidos adjacentes também marcados. A esfera foi colocada

ventralmente à hipófise que havia sido dissecada para o estudo macroscópico.

Ana Rita de Lima

68

Figura 4 – Fotografia de imagem radiográfica de crânio de um Golden Retriever não distrófico. A seta indica a localização da hipófise que foi marcada com uma esfera de chumbo

A imagem tomográfica mostrou que a hipófise está localizada dentro da Sella

turcica (no osso basisfenóide), entre as bulas timpânicas e rostral ao conduto auditivo, não

ocorrendo diferenças entre o animal distrófico grave e o não distrófico (Figura 5 A e B). A

hipófise foi marcada com uma esfera de chumbo que foi colocada após a dissecação da

mesma.

Ana Rita de Lima

69

Figura 5 - 5 A - Imagem tomográfica de cão Golden Retriever Distrófico onde podemos observar a Hipófise (H), parte do Osso Basisfenóide (X) que foi removido na dissecação, Cavidade Timpânica (*), Bula Timpânica (B) e o Processo zigomático do osso temporal (T). 5 B - Imagem tomográfica de cão Golden Retriever Não Distrófico, podemos observar a Hipófise (H), o Osso Basisfenóide (X), o Processo zigomático do osso temporal (T) e o Processo condilar da mandíbula (M)

A

B

Ana Rita de Lima

70

5.3 ESTUDO HISTOLÓGICO

5.3.1 Aspectos Microestruturais

As células granulares, estão distribuídas homogeneamente na Pars proximalis e

distalis na adenohipófise de todos os animais, formando grupos (média de 7 células)

próximos aos vasos sanguíneos e às vezes aparecendo isoladas (Figura 6 A, B, C e D).

Estas células variaram na forma, sendo normalmente esféricas ou ovaladas.

Ana Rita de Lima

71

Figura 6 – Fotomicrografias demonstrando as células granulares (g) adenohipofisárias e vasos sanguíneos

(seta) em um cão Golden Retriever distrófico (A e C) e não distrófico (B e D). Azul de toluidina. Escala de barra: 20µm (em A e B) e Escala de barra: 5µm (em C e D)

A B

C D

g

g

g

g

g g

Ana Rita de Lima

72

5.3.2 Aspectos Morfoquantitativos

Nos animais distróficos graves, as células granulares da Pars proximalis apresentam

um eixo longo entre 4,6 e 14,4µm (n=90, média de 7,7µm e desvio padrão de 2,2) enquanto

que nos animais controle (não distróficos) o eixo longo variou entre 3,1 e 11,1µm (n=39,

média de 6,5µm e desvio padrão de 1,9). Em relação à área seccional destas células os

animais distróficos apresentaram uma área entre 34,5 e 121,7µm² (n=90, média de 66,3µm²

e desvio padrão de 18,7) e os animais controle de 15,1 e 116,1µm² (n=39, média de

50,4µm² e desvio padrão de 21,9). O volume das células granulares variou entre 337,5 e

1977,1µm³ (n=90, média 747,6µm³ e desvio padrão de 300) nos animais distróficos e

variou de 178,4 a 986,9µm³ (n=39, média 526,3µm³ e desvio padrão de 208) nos animais

não distróficos (Tabela 5).

O eixo longo das células granulares da Pars distalis nos animais distróficos variou de

3,5 a 14,7µm (n=759, média de 7,1µm e desvio padrão de 1,5), a área seccional variou de

18,6 a 135,2µm² (n=759, média de 64,1µm² e desvio padrão de 18,8). Nos animais controle

o eixo longo das células granulares da Pars distalis variou de 2,1 a 9,8µm (n=623, média

de 5,8µm com desvio padrão de 1,2) e a área seccional variou de 17,5 a 119,5µm² (n=623,

média de 47,1µm² e desvio padrão de 14,4) (Tabela 5). O volume das células granulares na

Pars distalis variou de 79,7 e 1574,8µm³ (n=759, média 702,1µm³ e desvio padrão de 239)

para os animais distróficos e de 141,2 a 1359,6µm³ (n=623, média 559,9µm³ e desvio

padrão de 203) para os animais controle (Tabela 5).

Ana Rita de Lima

73

Tabela 5 - Valores médios dos parâmetros quantitativos: eixo longo, área seccional e volume para as células granulares da adenohipófise (Pars proximalis e Pars distalis) de cães Golden Retriever distróficos e não distróficos. São Paulo – 2005

Pars proximalis Pars distalis

Distróficos Graves

Não Distróficos

Distróficos Graves

Não Distróficos

Eixo longo (µm) 7,7 6,4 7,1 5,8

Área seccional (µm²) 66,2 50,4 64,1 47,1

Volume celular (µm³) 747,6 526,2 702,1 560,0

As análises de variância realizadas para comparar área e volume das células

granulares adenohipofisárias em suas duas porções (Pars proximalis e distalis) estudadas

em secções semi-finas indicam diferenças significativas entre os animais distróficos e não

distróficos, sendo que nos animais distróficos os parâmetros adotados (área e volume)

sempre se mostraram superiores e significativos quando comparados aos animais não

distróficos (Tabelas 6 e 7) .

Tabela 6 - Médias de quadrados mínimos para Área e Volume celular, na Pars proximalis e distalis comparando animais distróficos e não-distróficos, São Paulo – 2005

Médias de Quadrados Mínimos

Pars proximalis Pars distalis Grupos Comparativos

Área (µm²) Volume (µm³) Área (µm²) Volume (µm³)

Distróficos Graves 66,26 A 747,62 A 64,13 A 702,10 A

Não Distróficos 50,41 B 526,29 B 47,06 B 559,96 B

Resultados seguidos pela mesma letra não diferem entre si estatisticamente, resultados seguidos por letras distintas diferem entre si estatisticamente.

Ana Rita de Lima

74

Tabela 7- Resumo das análises de variância das células granulares adenohipofisárias (Área e volume celular na Pars proximalis e distalis), segundo os grupos comparativos. São Paulo, 2005

Quadrados Médios Pars proximalis Pars distalis Fontes de

variação GL Área (µm²) Volume (µm³) Área (µm²) Volume (µm³)Grupo

Comparativo 1 6831,68** 1333001,11** 100061,13** 6941354,00** Resíduo 127 388,47 76172,54 287,34 50067,33

Resultados seguidos pelo mesmo número de asteriscos não diferem entre si estatisticamente, resultados seguidos por números distintos de asteriscos diferem entre si estatisticamente.

O número de células por área (profile density) variou de 3,5x10-5 a 3,2x10-4 na Pars

proximalis dos animais Distróficos (média 2,0x10-4, desvio padrão 9,6x10-5, coeficiente de

variação 48%) e de 3,5x10-5 a 3,7x10-4 nos animais não Distróficos (média 1,7x10-4, desvio

padrão 1,5x10-4, coeficiente de variação 88%). Na Pars distalis variou de 8,8x10-5 a

4,4x10-4 (média 4,4x10-4, desvio padrão 7,2x10-5, coeficiente de variação 16,3%) nos

animais Distróficos e de 3,5x10-5 a 3,7x10-4 (média 1,7x10-4, desvio padrão 1,5x10-4,

coeficiente de variação 88%) nos animais não distróficos (Tabela 8). Em relação ao número

de células estudadas a análise de variância revelou resultados não significativos (p > 0,01)

indicando que não existem diferenças entre os animais distróficos e não distróficos (Tabelas

9 e 10).

Ana Rita de Lima

75

Tabela 8- Dados sumarizados da densidade de perfis celulares da Pars proximalis e na Pars distalis nos animais Distróficos e não Distróficos. São Paulo – 2005

Pars proximalis Pars distalis

Distróficos Não Distróficos Distróficos Não

Distróficos Mínimo 8,8x10-5 3,5x10-5 3,5x10-5 3,5x10-5 Máximo 4,4x10-4 3,7x10-4 3,2x10-4 3,7x10-4 Média 2,5x10-4 1,7x10-4 2,0x10-4 1,7x10-4

Desvio padrão 7,1x10-5 1,4x10-4 9,6x10-5 1,5x10-4 Coeficiente de

variação 5,1x10-9 9,8x10-9 9,3x10-9 2,1x10-8

Tabela 9 - Resumo das análises de variância das células granulares adenohipofisárias na Pars proximalis, Pars distalis para a densidade de perfis celulares. São Paulo – 2005

Fontes de Variação QUI-QUADRADO

GL

Pars proximalis Pars distalis

Grupo Comparativo 1 0,57 NS 1,18 NS

GL – Grau de Liberdade NS – Resultado não significativo

Tabela 10 - Médias de quadrados mínimos para a Pars proximalis e Pars distalis para a densidade de perfis celulares. São Paulo – 2005

Médias de Quadrados Mínimos Grupos Comparativos

Pars proximalis Pars distalis

DISTRÓFICOS 11,25 A 14,06 A

NÃO DISTRÓFICOS 9,75 A 13,26 A

Resultados seguidos pela mesma letra não diferem entre si estatisticamente, resultados seguidos por letras distintas diferem entre si estatisticamente.

Ana Rita de Lima

76

À microscopia eletrônica de transmissão as células apresentaram grânulos elétron-

densos distribuídos por todo o citosol (Figura 7 A e B; Figura 8 A, B, C e D) apresentando

parede dupla e eixo longo entre 67 e 363nm (n=187, média de 175nm e desvio padrão de

69) na Pars proximalis da adenohipófise e eixo longo entre 102 e 448 (n= 145, média de

218nm e desvio padrão de 74) na Pars distalis nos animais distróficos. Nos animais não

distróficos eixo longo entre 47 e 293nm (n=78, média de 130nm e desvio padrão de 46) na

Pars proximalis da adenohipófise e eixo longo entre 64 e 329nm (n=198, média de 163nm

e desvio padrão de 47) na Pars distalis (Tabela 11).

Em relação à área dos grânulos os animais não distróficos apresentaram área entre 51

e 5684nm2 (n=78, média de 1664nm2 e desvio padrão de 1003) na Pars proximalis da

adenohipófise, na Pars distalis a área variou entre 833 e 6998nm2 (n=198, média de

2730nm2 e desvio padrão de 1363). Nos animais distróficos a área dos grânulos na Pars

proximalis variou entre 69 e 10392 nm2 (n=187, média de 2997 nm2 e desvio padrão de

2042) e na Pars distalis entre 1241 e 12448 nm2 (n= 145, média de 4344 nm2 e desvio

padrão de 2164) (Tabela 11).

Tabela 11 - Valores médios para eixo longo e área dos grânulos das células adenohipofisárias (Pars proximalis e Pars distalis) em cães Golden Retriever distróficos e não distróficos. São Paulo – 2005

Pars proximalis Pars distalis

Distróficos Não Distróficos Distróficos Não

Distróficos

Eixo longo (nm) 175 130 218 163

Área seccional (nm²) 2997 1664 4344 2730

Ana Rita de Lima

77

A A B

Figura 7 - 7A -Eletromicrografia de células adenohipofisárias de cão Golden Retriever Distrófico (Pars distalis) mostrando a presença de grânulos elétron-densos (g) distribuídos homogeneamente pelo citosol e ao redor do núcleo (N). Escala de Barra: 1µm. 7B - Eletromicrografia de duas células adenohipofisárias de cão Golden Retriever não Distrófico (Pars distalis), delimitadas pelo plasmalema (cabeças de seta cheia). Observa-se ainda o núcleo (N) e grânulos elétron-densos (g) distribuídos pelo citosol. Escala de Barra: 500nm

Ana Rita de Lima

78

Figura 8 - Eletromicrografias mostrando células adenohipofisárias (Pars proximalis) de cão Golden Retriever

Distrófico (A) e Golden Retriever não Distrófico (B) evidenciando grânulos elétron-densos (g) e presença do núcleo (N). Eletromicrografias de células adenohipofisárias (Pars distalis) de cão Golden Retriever Distrófico (C) e Golden Retriever não Distrófico (D) mostrando grânulos elétron-densos (g) ao redor do núcleo (N). Nota-se em B e D grânulos elétron-densos formados por parede dupla (cabeças de seta brancas). As cabeças de setas pretas indicam os limites do plasmalema externo. Escala de Barra: 200nm

A B

C D

Ana Rita de Lima

79

Á microscopia eletrônica de transmissão, as análises de variâncias realizadas com o

uso das variáveis: número de grânulos mensurados - N, média, desvio padrão - DP,

coeficiente de variação - CV, valores mínimo e máximo dos grânulos para eixo longo e área

(Tabela 12) revelaram que as dimensões dos grânulos elétron-densos nas células

adenohipofisárias em suas duas porções (Pars proximalis e distalis) mostraram diferenças

significativas (p< 0,01) no teste de quadrados mínimos entre os animais distróficos e não

distróficos, sendo que nos animais distróficos os parâmetros (eixo longo e área seccional)

apresentaram valores maiores quando comparados com os animais não distróficos (Tabelas

13 e 14).

Tabela 12 - Estatísticas descritivas para as variáveis avaliadas (eixo longo e área) dos grânulos elétron–densos de células adenohipofisárias de cães Golden Retriever Distróficos e Golden Retriever não Distrófico, São Paulo – 2005

Variável N Mínimo Máximo Média DP CV (%)

Eixo(nm) 269 0,48 3,63 1,6 0,7 41,2 Pars proximalis Área (nm²) 269 5,12 103,92 26,0 18,9 72,9

Eixo(nm) 347 0,65 4,48 1,8 0,6 35,4 Pars distalis Área (nm²) 347 8,33 124,49 34,1 19,2 56,2

N – número total de grânulos mensurados DP - Desvio Padrão CV - Coeficiente de Variação

Ana Rita de Lima

80

Tabela 13 - Resumo das análises de variância para Eixo e Área dos grânulos elétron-densos das células

adenohipofisárias na Pars proximalis e Pars distalis, segundo os grupos comparativos, São Paulo – 2005

Pars proximalis Pars distalis Quadrados Médios Quadrados Médios

Fontes de Variação GL

Eixo(nm) Área(nm²)GL

Eixo(nm) Área(nm²) Grupo

Comparativo 1 11,24 ** 9981,48 ** 1 25,72 ** 22097,69 **

Resíduo 267 0,41 323,56 345 0,36 305,54 Resultados seguidos pelo mesmo número de asteriscos não diferem entre si estatisticamente, resultados seguidos por números distintos de asteriscos diferem entre si estatisticamente.

Tabela 14 - Médias de quadrados mínimos para Eixos e Áreas dos grânulos das células adenohipofisárias (Pars proximalis e distalis), São Paulo – 2005

Pars proximalis Pars distalis Grupos Comparativos Eixo(nm) Área(nm²) Eixo(nm) Área(nm²)

Distróficos Graves 1,76 A 29,98 A 2,19 A 43,45 A

Não distróficos 1,31 B 16,65 B 1,64 B 27,30 B

Resultados seguidos pela mesma letra não diferem entre si estatisticamente, resultados seguidos por letras distintas diferem entre si estatisticamente.

5.4 ASPECTOS NEUROENDÓCRINOS

As coletas foram realizadas em quatro cães Golden Retriever com distrofia muscular

na fase benígna e em um cão Golden Retriever não distrófico, todos jovens, machos e com

estado nutricional adequado. As amostras foram obtidas durante os quatro primeiros meses

de vida sendo realizada uma coleta por mês. No sétimo mês foi coletada outra amostra dos

Ana Rita de Lima

81

mesmos animais, sendo que dois animais distróficos evoluíram para a forma grave da

doença e os outros permaneceram com a forma benígna. A relação dos animais e resultados

dos testes de IGF-I e testosterona estão sumarizados na Tabela 15.

Os testes foram realizados com kit para dosagem de IGF-I humano (DSL-5600®),

pois verificamos por pareamento que as seqüências de IGF-I humano (NP 000609 -

COUTANT et al., 2004) e canino (P 33712 – DELAFONTAINE et al., 1993) apresentavam

alta homologia (95,16%), diferindo entre elas em apenas 6 aminoácidos (humano apresenta

124 aa e cão 122 aa) (Figura 8). Desta forma concluímos que é adequado o uso do kit de

IGF-I humano para a dosagem do IGF-I canino. Ainda, não se esperam reações cruzadas

para o IGF-II, insulina, pró-insulina e hormônio do crescimento. Todos os testes foram

feitos em duplicata em um único ensaio para não existirem variações inter-ensaios. O

coeficiente de variação intra-ensaio foi de 3,2%.

Figura 8 - Seqüência de aminoácidos do IGF-I das espécies canina com a humana. Podemos observar que as seqüências apresentam alta homologia (95,16%) diferindo apenas em seis aminoácidos

Ana Rita de Lima

82

Tabela 15 - Dados da dosagem sérica do IGF-I nos cães Golden Retriever distróficos e não distróficos. São Paulo – 2005

Identificação Idade Forma clínica Peso (Kg) IGF-I (ng/ml) Testosterona

(ng/dl) 1mês 2,3 267 7

2meses 8,8 386 --- 3meses 11,2 455 --- 4meses

Benigna

13,0 381 115 01 Distrófico

7meses Grave 14,0 7 --- 1mês 2,5 273 47

2meses 8,5 322 --- 3meses 11,0 474 --- 4meses

Benigna

13,0 249 150 02 Distrófico

7meses Grave 14,3 72 --- 1mês 2,3 191 7

2meses 8,3 324 --- 3meses 10,8 359 --- 4meses

Benigna

12,5 195 646 03 Distrófico

7meses Benigna 22,2 137 --- 1mês 2,5 259 7

2meses 9,0 305 --- 3meses 11,0 371 --- 4meses

Benigna

13,2 273 1092 04 Distrófico

7meses Benigna 23,9 187 XXX 1mês 2,8 338 7

2meses 10,5 445 --- 3meses 12,3 497 --- 4meses

XXX

15,0 502 258 05 Não Distrófico

7meses XXX 26,0 408 ---

Todos os animais distróficos apresentaram um aumento na concentração sérica de

IGF-I entre o primeiro e terceiro meses de idade, ocorrendo redução no quarto mês,

enquanto o animal não distrófico mostrou um aumento contínuo do primeiro ao quarto mês.

Estes resultados quando analisados estatisticamente pelo teste t mostraram-se

Ana Rita de Lima

83

0,00

100,0

020

0,00

300,0

040

0,00

500,0

060

0,00

Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 7

Idade (meses)

IGF-

I (n

g/m

l) animal 01animal 02animal 03animal 04animal 05

estatisticamente significativos (p< 0,05) quando se comparou a média amostral dos animais

distróficos com o valor real mensal do animal não distrófico (Gráficos 1 e 2 e Tabela 16).

No sétimo mês ocorreu redução nos níveis séricos de IGF-I em todos os animais

sendo que nos distróficos graves ocorreu uma grande redução, estes resultados foram

estatisticamente significativos quando analisados pelo teste t (p< 0,05) onde se comparou a

média dos animais distróficos graves com o valor real do animal não distrófico e a média

dos animais distróficos benignos com o valor real do animal não distrófico (Gráficos 1 e 2,

Tabela 16).

Gráfico 1 – Gráfico linear mostrando dados referentes à dosagem de IGF-I nos animais Distróficos graves (animais 01 e 02), animais distróficos benignos (animais 03 e 04) e não Distrófico (animal 05), durante os quatro primeiros meses e sétimo mês de vida. Nota -se em todos os animais um aumento nas concentrações séricas de IGF-I nos três primeiros meses, seguido de queda nos animais distróficos, ocorrendo um leve aumento no animal não distrófico no quarto mês, ocorrendo nova queda em todos os animais no sétimo mês, São Paulo – 2005

Ana Rita de Lima

84

Dosagem de IGF-I durante o desenvolvimento da doença em cães Golden Retriever

-50

50

150

250

350

450

550

mês 1 mês 2 mês 3 mês 4 mês 7

ng/m

l

-50

50

150

250

350

450

550

Distroficos benígnos Distroficos graves Não Distrófico

Gráfico 2 – Histograma demonstrando a distribuição dos valores médios das concentrações séricas de IGF-I nos animais Distróficos graves, Distróficos benignos e não Distrófico, durante os quatro primeiros e sétimo mês de idade, São Paulo – 2005

Tabela 16 - Resultado do teste t Student de comparações múltiplas para valores de IGF-I, segundo os meses e grupos comparativos avaliados. Mostra-se que existem diferenças estatísticas significantes entre animais distróficos graves e não distrófico e animais distróficos benignos e não distrófico, São Paulo – 2005

1º MÊS 2º MÊS 3º MÊS 4º MÊS 7º MES 7º MES DISTRÓFICOS

BENIGNOS1 247,5A 334,25A 414,75A 274,5A 162,0A ---

DISTRÓFICOS GRAVES2 --- --- --- --- --- 39,5A

NÃO DISTRÓFICO3 338,0B 445,0B 497,0B 502,0B 408,0B 408,0B

Resultados seguidos pela mesma letra (nas colunas) não diferem entre si estatisticamente, resultados seguidos por letras distintas (nas colunas) diferem entre si estatisticamente (teste t, p< 0,05) 1 Valores médios da dosagem de IGF-I dos animais distróficos benignos 2 Valores médios da dosagem de IGF-I dos animais distróficos graves 3 Valor referência da dosagem de IGF-I no animal normal

Ana Rita de Lima

85

Os resultados de testosterona mostraram que com o decorrer da idade ocorre

aumento nos níveis séricos deste hormônio, este aumento mostrou-se estatisticamente

significativo quando analisado pelo teste t de Student (p<0,05).

5.5 ESTUDO PILOTO (ANATOMIA CIRÚRGICA)

De acordo com a técnica cirúrgica empregada e discorrida no capítulo referente à

metodologia, observamos que o acesso cirúrgico da hipófise em cães caracteriza-se por ser

uma cirurgia de extrema delicadeza e de alto grau de dificuldade. A dificuldade de sucesso

em se individualizar a hipófise relaciona-se desde o posicionamento do animal em decúbito

dorsal e abertura da cavidade oral para o acesso do palato mole. Após a conseqüente

abertura da ferida cirúrgica observou-se que neste decúbito o animal apresenta intermitente

sangramento dificultando ainda mais a visualização das estruturas no foco cirúrgico. A

distinção entre as porções da neurohipófise e adenohipófise e, por conseguinte a

individualização das Pars proximalis e distalis desta, foi dificultada quando da aplicação da

abordagem cirúrgica sendo possível evidenciar a hipófise somente como um todo.

Ana Rita de Lima

86

6 DISCUSSÃO

Os resultados previamente descritos acima em cada um dos referentes capítulos serão

confrontados de acordo com a literatura consultada neste capítulo. Observa-se a

manutenção da divisão dos assuntos em sub itens para melhor abordagem do leitor.

6.1 ESTUDO MACRO E MESOSCÓPICO

A hipófise encontra-se situada ventralmente ao hipotálamo estando suspensa pelo

Tuber cinereum dentro da fossa hipofisária do osso basisfenóide coincidindo com os relatos

de Dyce et al, 2002 e Evans, 1993.

A análise macroscópica da adenohipófise nos animais estudados não revelou

diferenças entre os animais distróficos graves e os animais não distróficos, quanto à

coloração (amarelo-rosada), localização (fossa hipofisária) e tamanho. A avalição dos

dados macromorfométricos da adenohipófise (comprimento, largura e espessura) não

mostrou diferenças estatisticamente significativas ao Teste t de “Student” (p>0,05) entre os

animais distróficos graves e os animais não distróficos.

Ana Rita de Lima

87

6.2 ANATOMIA DA IMAGEM (IMAGOLOGIA)

As imagens radiográficas e tomográficas em relação à localização da hipófise

revelaram resultados congruentes com a descrição anatômica macroscópica e, estes

resultados estão de acordo com a literatura consultada demonstrando a localização da

hipófise dentro da Sella turcica no osso basisfenóide (FEENEY et al., 1991; KÖNIG;

LIEBICH, 2002). No paciente “in vivo” faz-se necessário o uso de contrastes intravenosos

para a realização da tomografia computadorizada (LOVE et al, 2000; VLUGT-MEIJER et

al., 2002; VLUGT-MEIJER et al., 2004). Desta forma, como não foi possível o uso de

contrastes neste estudo, pois os animais estavam mortos, foi utilizada uma bolinha de

chumbo antes do exame tomográfico para referenciar a localização da hipófise.

Ana Rita de Lima

88

6.3 ESTUDO HISTOLÓGICO

Os aspectos histológicos são discutidos em capítulos devido a diversas abordagens

aplicadas conforme descrito no capítulo referente ao método.

6.3.1 Aspectos Microestruturais

Com o uso da microscopia de luz de cortes semi-finos foram observadas células

granulares distribuídas homogeneamente na Pars proximalis e Pars distalis da

adenohipófise de todos os animais, estando estas células dispostas em grupos ao redor dos

capilares conforme descrito por Baker (1974); Bernabé et al. (2000); Conklin (1966);

Dacheux (1984 a, b); El Etreby; Fath El Bab (1977) e Nakane (1970). Nestes trabalhos

estão descritas as células acidófilas granulares produtoras de GH em diversas espécies de

animais (ratos, suínos, cães, homem e ovinos) que foram identificadas com o uso de

reações imunohistoquímicas com anticorpos específicos para cada espécie. As células

produtoras de GH variaram na forma, sendo normalmente esféricas ou ovaladas.

As células granulares distribuem-se ao longo da Pars proximalis e distalis nos

animais Distróficos graves e não Distróficos, sendo encontrado um menor número destas

células na Pars proximalis em relação a Pars distalis, porém esta diferença não se mostrou

estatisticamente significativa (p>0,05). Nos animais distróficos as freqüências de células

Ana Rita de Lima

89

granulares na Pars proximalis e na Pars distalis foram respectivamente 1,2 e 2,6% maiores

do que nos animais não distróficos.

6.3.2 Aspectos Morfoquantitativos

As células granulares adenohipofisárias (Pars distalis) relacionadas à produção do

hormônio de crescimento em cães Golden Retriever com Distrofia Muscular (forma grave)

apresentam-se maiores que nos cães Golden Retriever não distróficos quanto aos aspectos

mensurados. Nos animais distróficos, as células granulares da Pars proximalis

apresentaram um eixo longo de 7,7µm enquanto que nos animais não distróficos o eixo

longo foi de 6,5µm, sendo o eixo longo 1,2% maior nos animais distróficos que nos

animais não distróficos. A área e o volume foram 1,3% maiores nos animais distróficos

quando comparados com os animais não distróficos. O eixo longo das células granulares da

Pars distalis nos animais distróficos foi de 7,1µm e, nos animais não distróficos de 5,8µm,

sendo o eixo longo, área e volume 1,2% maiores nos animais distróficos que nos animais

não distróficos, estes resultados foram significativos quando comparados por meio do teste

de Quadrados Mínimos (Qui Quadrado - p< 0,01). Foi encontrado na literatura dados

referentes às células produtoras de GH em ratos e em ovelhas, onde estas apresentavam

diâmetro entre 10 a 13 µm em ratos (NAKANE, 1970) e de 11 a 15 µm em ovelhas

(BERNABÉ, 2000). Os resultados obtidos nesta pesquisa revelam que as células granulares

adenohipofisárias em cães, especificamente na raça Golden Retriever, são menores que as

Ana Rita de Lima

90

encontradas em ratos e em ovelhas, sendo o tamanho das células uma característica de cada

espécie.

À microscopia eletrônica de transmissão observamos que as células associadas à

produção de GH apresentaram grânulos elétron-densos distribuídos homogeneamente por

todo o citosol apresentando membrana de parede dupla e tamanho médio de 175nm na Pars

proximalis e 218nm na Pars distalis em cães Golden Retriever Distróficos e de 130nm na

Pars proximalis e 163nm na Pars distalis, em cães Golden Retriever não Distróficos,

diferindo do que encontramos na literatura onde os autores relatam que os grânulos

possuem um diâmetro médio de 300 a 400nm (ADAM et al., 1970; BAKER, 1974;

DELLMANN e BROWN, 1987; MIKAMI, 1987; MORIARTY, 1973; NAKANE, 1970;

OSAMURA, 1996 e SASAKI, 1988).

A presença de células e grânulos maiores nos animais Distróficos pode indicar um

acúmulo de grânulos e de seus produtos de extrusão no interior destas células devido à

dificuldade de exocitose, alterações na regulação da secreção dos peptídeos que controlam

a secreção de GH ou ainda, a falta de receptores periféricos para o GH como ocorre na

síndrome de Laron em humanos. A dificuldade na exocitose pode estar relacionada à

ausência da proteína distrofina, visto que esta faz parte do citoesqueleto das células e a

ausência desta ocasiona a desestabilização da membrana plasmática e alterações no

movimento de organelas e vesículas citoplasmáticas além de alterações na manutenção do

cálcio intracelular (BERGMAN et al 2002; BLAKE et al., 2002; BOGDANOVICH et al.,

2004; EHMSEN, POON, DAVIES, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1999;

KORNEGAY et al., 1994; NGUYEN et al 2002; ROSS, KAYE, PAWLINA, 2003;

SHELTON et al., 2001), promovendo desta forma o acúmulo de grânulos secretórios na

Ana Rita de Lima

91

interior das células que, conseqüentemente leva ao aumento no tamanho das células

associadas à produção de GH nos animais distróficos.

6.4 ASPECTOS NEUROENDÓCRINOS

A dosagem do IGF-I foi eleita para analisar as características do eixo GH/IGF-I, pois

este é mais estável durante o dia e não sofre picos de secreção como ocorre com o GH

(BOQUETE et al., 2003; LISSETT et al., 2003; SHALET et al., 1998). As dosagens foram

realizadas para avaliar se existem diferenças na secreção de GH entre animais não

Distróficos e acometidos pela Distrofia muscular nas diferentes formas clínicas da doença:

benigna e grave.

Os testes foram realizados com kit para dosagem de IGF-I humano (DSL-5600®),

pois verificamos por pareamento que as seqüências de IGF-I humano (NP 000609 -

COUTANT et al., 2004) e canino (P 33712 – DELAFONTAINE et al., 1993) apresentavam

alta homologia (95,16%), diferindo entre elas em apenas 6 aminoácidos. Desta forma

concluímos que o kit de IGF-I humano foi adequado para dosar o IGF-I canino, não sendo

esperadas reações cruzadas para o IGF-II, insulina, pró-insulina e hormônio do

crescimento. Todos os testes foram feitos em duplicata em um único ensaio para não

existirem variações inter-ensaios, sendo o coeficiente de variação intra-ensaio de 3,2%.

Os animais apresentaram aumento e posteriormente decréscimo nas concentrações

de IGF-I com o decorrer da idade o que está de acordo com os dados observados em

estudos com outros animais, bem como em humanos (GÓMEZ et al., 2004). O decréscimo

Ana Rita de Lima

92

nas concentrações de IGF-I pode estar relacionado à redução de secreção de GH ou a

redução no número de receptores de GH no fígado ou ainda, no caso dos animais

distróficos graves (no sétimo mês) pode ter ocorrido devido ao estado nutricional

inadequado, uma vez que a desnutrição leva a redução nos níveis de IGF-I.

Todos os animais seguiram um padrão, ocorrendo aumento seguido de queda da

concentração sérica de IGF-I. No entanto, o fato que diferencia os animais distróficos do

animal não distrófico é o mês em que esta queda ocorre, sendo mais tardia no animal não

distrófico (sétimo mês). Quanto aos animais distróficos graves e benignos, no sétimo mês

ocorreu uma queda bastante acentuada e abrupta nas concentrações de IGF-I dos animais

distróficos graves, sendo que esta queda pode estar relacionada ao estado nutricional visto

que nesta fase os animais apresentavam-se severamente desnutridos. No entanto, nos

animais distróficos benignos também foi constatada uma redução nos níveis de IGF-I,

porém não tão abrupta quanto nos animais com a forma grave da doença.

A puberdade também é um fator que interfere no IGF-I como descrito por Chowen;

Frago; Argente (2004), pois os esteróides sexuais modulam inibitoriamente a síntese, e

secreção de GH pela hipófise anterior. Em nossos resultados o IGF-I sofreu um aumento

progressivo independente da ação da testosterona, até o quarto mês. Tanto as concentrações

de IGF-I quanto de testosterona sofreram um aumento no decorrer dos meses sugerindo que

a testosterona não interferiu na concentração de IGF-I.

Além do músculo esquelético, a Distrofina encontra-se presente também em várias

regiões do sistema nervoso central (SNC) e a sua ausência (Distrofia muscular de

Duchenne) está relacionada com alterações na arquitetura do SNC, anormalidades

dendríticas e diminuição no número de neurônios no tronco encefálico e córtex cerebral

Ana Rita de Lima

93

tanto em seres humanos como em animais de laboratório (ANDERSON et al., 2002). Não

existe informação sobre a sua expressão na hipófise nem da sua função nos tecidos não

musculares. Podemos conjecturar que a sua ausência na hipófise e/ou no tronco encefálico e

córtex cerebral, possa levar a alterações na regulação da secreção dos

peptídeos que controlam a secreção de GH (GH-RH e SST), ocasionando uma

diminuição na secreção de GH o que resultaria em um acúmulo de grânulos de

secreção no interior dos somatotrofos e conseqüente diminuição nos níveis de

IGF-I circulante. Ou ainda, que devido à ausência da distrofina no citoesqueleto ocorra uma

redução na exocitose dos grânulos secretórios, pois sem a distrofina ocorre desestabilização

de suas membranas impedindo a exocitose dos mesmos e alterações na manutenção do

cálcio intracelular (CARBAJAL, VITALE, 1997).

Futuras investigações devem avaliar o papel da distrofina nos grânulos secretores

adenohipofisários de animais sadios para então inferir sobre o significado funcional de sua

ausência em animais distróficos. Finalmente, nossos resultados comprovam que através das

dosagens de IGF-I nos animais Golden Retriever é possível avaliar o eixo GH/IGF-I,

investigando-se possíveis alterações no mesmo que possam influenciar a evolução clínica

da distrofia muscular e analisar o efeito da aplicação do Hormônio de

Crescimento no tratamento clínico da doença. Até o presente momento, os dados obtidos

neste estudo sugerem que não há nenhuma relação entre a redução dos níveis séricos de GH

e o quadro clínico benigno da doença como foi proposto por alguns autores onde pacientes

com deficiência de GH apresentavam um quadro clínico benigno da doença (CHYATTE et

al., 1973; CHYATTE et al., 1974; FRANK e SMITH 2001; ZATZ, FROTA-PESSOA

1981b).

Ana Rita de Lima

94

Contrariamente, os dados obtidos nesta investigação, referentes à dosagem sérica de

IGF-I, revelaram uma maior concentração do mesmo nos animais portadores da forma

clínica benigna em relação aos animais com quadro clínico grave. Isto parece sugerir que o

GH poderá ser utilizado no futuro como uma alternativa terapêutica para a Distrofia de

Duchenne. Não obstante, estudos futuros devem investigar esta questão em um maior

número de cães.

5.5 ESTUDO PILOTO (ANATOMIA CIRÚRGICA)

A proposta inicial da hipofisectomia era a remoção seletiva da Pars distalis onde se

localizam as células produtoras do hormônio de crescimento (GH). Como descrito na

literatura é possível realizar a remoção total da hipófise em cães, entretanto, os resultados

deste estudo piloto demonstraram que o acesso específico à Pars distalis ou mesmo a

adenohipófise é inviável impossibilitando a sua remoção seletiva e pelo processo cirúrgico

ser excessivamente cruento. Ainda, a ablação total e não seletiva da hipófise ou da

adenohipófise privaria o animal não apenas do GH, mas também de outros hormônios

produzidos pela hipófise e mesmo que ocorresse uma melhora no quadro clínico, isto

poderia ser atribuído à deprivação do GH e/ou de outros hormônios hipofisários ou

adenohipofisários, o que não possibilitaria qualquer inferência acerca do papel

neuroendócrino do GH na patogênese da Distrofia Muscular de Duchenne.

Ana Rita de Lima

95

7 CONCLUSÃO

Com base nos métodos empregados e nos resultados obtidos podemos concluir que:

1. A localização da hipófise nos cães Golden Retriever Distróficos e Não Distróficos

não mostrou diferenças entre si e em relação ao que está descrito na literatura para

outras raças de cães.

2. As células granulares adenohipofisárias (Pars proximalis e distalis) associadas à

produção do GH e seus respectivos grânulos elétron-densos apresentaram-se 1,3%

maiores nos cães Golden Retriever com Distrofia Muscular do que nos cães Golden

Retriever não distróficos, tanto na Pars proximalis quanto na Pars distalis.

3. A dosagem de IGF-I em cães Golden Retriever foi padronizada e pode ser realizada

com o emprego de kit desenvolvido para a dosagem do IGF-I humano devido a alta

homologia (95,16%) entre estas duas espécies.

4. As concentrações séricas de IGF-I apresentaram um aumento progressivo até o

terceiro mês de idade tanto em animais Distróficos e quanto no não distrófico. O

decréscimo das concentrações séricas de IGF-I iniciou-se a partir do sétimo mês de

vida para o animal não Distrófico e a partir do terceiro mês em animais Distróficos,

o mesmo ocorrendo de modo abrupto em animais Distróficos (forma clínica Grave).

Ana Rita de Lima

96

5. Contrariamente ao sugerido por alguns autores, os dados referentes à concentração

sérica de IGF-I sugerem que não há nenhuma relação entre a diminuição dos níveis

séricos de GH e o estabelecimento de uma forma clínica benígna da doença.

Paradoxalmente, níveis mais altos de GH sugerem um quadro mais atenuado ou a

ausência da doença.

6. Este estudo sugere que o GH poderá ser utilizado no futuro como uma das

alternativas terapêuticas para a Distrofia de Duchenne

7. A ablação seletiva da Pars distalis da adenohipófise mostrou-se inviável do ponto de

vista cirúrgico tanto para se avaliar a evolução clínica quanto como possível

alternativa terapêutica para a Distrofia Muscular de Duchenne.

Ana Rita de Lima

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