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Adequação nutricional e estado ponderal em crianças Nutritional adequacy and weight status in children Ana Maria Araújo Costa Orientação: Dr.ª Patrícia Padrão Tipo de documento: Trabalho de Investigação Porto, 2008

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Adequação nutricional e estado ponderal em crianças

Nutritional adequacy and weight status in children

Ana Maria Araújo Costa

Orientação: Dr.ª Patrícia Padrão

Tipo de documento: Trabalho de Investigação

Porto, 2008

i

Agradecimentos

À minha orientadora Dr.ª Patrícia Padrão, por me ter aturado, apoiado e

acompanhado de uma forma indescritível por toda esta odisseia.

Ao meu namorado sem o qual eu nunca teria conseguido, obrigada pela

paciência, apoio e dedicação.

E à minha companheira de caminhada Paulina, sem a qual todo este caminho não

teria tido tanto sentido.

ii

Índice

Agradecimentos ................................................................................................... i

Lista de Abreviaturas .......................................................................................... iii

Resumo em Português ...................................................................................... iv

Abstract ............................................................................................................. vi

Introdução ........................................................................................................... 1

Objectivos ........................................................................................................... 5

Participantes e Métodos ..................................................................................... 6

Resultados .......................................................................................................... 9

Discussão ......................................................................................................... 19

Conclusões ....................................................................................................... 25

Referências Bibliográficas ................................................................................ 26

iii

Lista de Abreviaturas

AHA – American Heart Association

AGPI – Ácidos Gordos Polinsaturados

AGPI n-3 – Ácidos Gordos Polinsaturados n-3

AGPI n-6 – Ácidos Gordos Polinsaturados n-6

AI – Adequate Intake

BMI – Body Mass Index

DP – Desvio-Padrão

EAR – Estimated Average Requirements for Groups

EB1 – Escola Básica do primeiro ciclo

EUA – Estados Unidos da América

FAO – Food and Agriculture Organization

IMC – Índice de Massa Corporal

IOTF – International Obesity Task Force

MQA – Manual de Quantificação de Alimentos

NA – Não Aplicável

OMS – Organização Mundial de Saúde

PUFA – Poly Unsaturated Fatty Acids

PUFA n-3 – Poly unsaturated fatty acids n-3

PUFA n-6 – Poly unsaturated fatty acids n-6

SPSS – Statistical Package for Social Sciences

UL – Tolerable Upper Intake Levels

USDA – United States Department of Agriculture

VET – Valor Energético Total

WHO – World Health Organization

iv

Resumo em Português

Uma alimentação equilibrada e completa, que assegure o aporte nutricional

que satisfaça as necessidades, é essencial para o crescimento adequado e para

a prevenção da obesidade e outras doenças crónicas. Os objectivos deste

trabalho foram avaliar a prevalência de excesso de peso e obesidade numa

amostra de crianças do 1º ciclo do ensino básico de Guimarães, determinar a

prevalência de crianças que cumpria as recomendações para a ingestão de

macro e micronutrimentos de acordo com os valores de referência, estabelecendo

a comparação no que respeita à adequação da ingestão nutricional, entre

crianças com peso normal e aquelas com excesso de peso/obesidade.

Foram convidados a participar neste estudo transversal, 586 alunos que

frequentavam 1º ciclo do ensino básico de um agrupamento de escolas públicas

de Guimarães, dos quais 464 aceitaram participar. Para avaliar a ingestão

alimentar, aplicou-se um questionário de recordação das 24h anteriores, tendo a

conversão dos alimentos em nutrimentos sido realizada através do programa

informático Food Processor Plus versão 10.0. Para estimar a adequação da

ingestão nutricional, usaram-se as recomendações propostas pela Organização

Mundial de Saúde (OMS) para os macronutrimentos e os Dietary Reference

Intakes (DRIs) do Food and Nutrition Board (Estimated Average Requirements for

Group (EAR) e Adequate Intakes (AIs)), para os micronutrimentos. Foi avaliado o

peso e altura das crianças, calculado o Índice de Massa Corporal (IMC), tendo

sido usados para a classificação ponderal, os pontos de corte definidos pela

International Obesity Taskforce (IOTF). A informação relativa às características

sócio-demográficas foi recolhida por questionário dirigido aos encarregados de

v

educação. Para a comparação da ingestão nutricional entre crianças

normoponderais e aquelas com excesso de peso/obesidade, utilizou-se o teste T

para amostras independentes ou teste de Mann-Whitney, dependendo da

distribuição das variáveis em estudo. Para a comparação de proporções, utilizou-

se o teste de Qui-quadrado.

A prevalência de excesso de peso/obesidade nesta amostra, foi de 30,6%

e observou-se, genericamente, uma baixa prevalência de adequação nutricional,

no que se refere tanto a macro como a micronutrimentos.

Verificou-se que a ingestão média de proteína se encontrava acima das

recomendações da OMS, a de hidratos de carbono abaixo do recomendado e a

de gordura dentro das recomendações. Verificou-se não existirem, para a maioria

dos nutrimentos, diferenças na ingestão e adequação nutricionais, entre crianças

com peso normal e com excesso de peso/obesidade, traduzindo as diferenças

encontradas, uma melhor adequação da ingestão nutricional por parte das

crianças normoponderais.

Os resultados deste trabalho reforçam a necessidade de incluir no

planeamento de políticas de saúde pública, estratégias de promoção de uma

alimentação saudável, o mais precocemente possível.

Palavras-Chave: Adequação nutricional, Obesidade, excesso de peso, crianças

vi

Abstract

A balanced diet is essential for growing healthy and for preventing obesity

and other chronic diseases. This study aimed to estimate the prevalence of

overweight and obesity in a sample of children and to assess the nutritional

adequacy, according to weight status.

We invited 586 children studying in 7 public primary schools from

Guimarães and 464 have accepted to participate in this cross-sectional study. A

24h recall questionnaire was used to assess food intake and a questionnaire on

socio-demographical characteristics was filled out by parents. Anthropometric

measures (weight and height) were obtained, Body Mass Index (BMI) computed

and overweight/obesity classified according to IOTS’s cut-off points. Food

Processor Plus 10.0 was used to convert food into nutrients. World Health

Organization (WHO) recommendations for macronutrients were used to estimate

macronutrients adequacy and Dietary Reference Intakes (DRIs) from Food and

Nutrition Board (Estimated Average Requirements for Group (EAR) and Adequate

Intakes (AIs)), were used to evaluate micronutrient adequacy. T-test for two

independent samples and Mann-Whitney test were used to compare nutritional

intake between normal weight children and those overweight/obese. Proportions

were compared by Chi-square test.

The prevalence of overweight/obesity in this sample was 30.6%. Low

nutritional adequacy prevalence (macro and micronutrient) was found in this

sample.

Mean protein intake was higher than WHO recommended intake,

carbohydrate intake was above and fat intake was inside the WHO

recommendations. Regarding nutritional intake and adequacy, for the majority of

vii

nutrients, no statistical difference was found between normal weight and

overweight/obese children. However, the differences observed, showed a better

nutritional adequacy in normal weight children.

These results emphasize the need to include healthy diet promotion

strategies during childhood, when planning public health politics.

Key Words: nutritional adequacy, obesity, overweight, children

1

Introdução

Uma alimentação adequada constitui uma componente essencial de um

estilo de vida saudável, que está directamente relacionado com uma melhor

qualidade de vida e com um aumento da esperança de vida. Por outro lado, um

estilo de vida saudável associa-se a uma menor probabilidade de ocorrência de

doenças crónicas nomeadamente, Diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares (1) ,

tão prevalentes em Portugal.

Uma alimentação equilibrada e completa, que assegure o aporte nutricional

que satisfaça as necessidades, é essencial na infância para o crescimento e este,

por sua vez, é um indicador sensível da adequação da ingestão nutricional (2).

A implementação de hábitos alimentares saudáveis e a educação do gosto

individual na infância, condicionam a sua manutenção por toda a vida, sendo por

isso fundamental promover escolhas alimentares saudáveis nas crianças, de

forma a impedir nomeadamente o crescimento da epidemia da obesidade (3). Há

por exemplo, evidência que os padrões de ingestão de hortofrutícolas quando

aprendidos na infância, com os pais, tendem a manter-se ao longo da vida (4-6).

É por isso essencial, estudar os hábitos alimentares, a adequação da

ingestão nutricional, e outras influências ambientais e sociais que moldam a

aquisição de comportamentos na infância, para se poder actuar, no sentido de

corrigir potenciais deficiências e promover a saúde, o mais precocemente possível

(7).

A obesidade tem sido definida pela Organização Mundial de Saúde como

uma doença crónica. Esta definição é normalmente atribuída ao adulto, mas dada

a relação forte, entre obesidade e todas as complicações na criança e no

adolescente, que se prolongam na idade adulta, considera-se que possa ser

2

usada também em idade pediátrica (8). Em Portugal, a prevalência de excesso de

peso e obesidade em crianças entre os 7 e os 9 anos é de 31,6%, sendo que

20,3% corresponde ao excesso de peso e 11,3%, a obesidade (9).

A obesidade na infância, conduz frequentemente, à obesidade no adulto,

estando desta forma relacionada com o aumento da morbilidade e mortalidade (9).

Trata-se de uma doença de etiologia multifactorial, com influência genética,

hormonal, metabólica, comportamental e social (10). Embora o seu

desenvolvimento seja atribuído a múltiplas interacções entre os genes e o

ambiente, há investigadores que sugerem que a epidemia da obesidade infantil

possa dever-se essencialmente aos factores ambientais (9).

Um factor alimentar determinante para o excesso de peso/obesidade é a

quantidade de energia ingerida (7), sabendo-se que a chave para a manutenção

do peso corporal reside no balanço entre a energia ingerida e a energia

dispendida (11). A obesidade ocorre quando a energia ingerida, supera a que é

dispendida, muito embora existam indivíduos biologicamente mais susceptíveis ao

desenvolvimento desta patologia. De qualquer forma, o aumento da prevalência

de obesidade, tem sido demasiado rápido para ser atribuído aos factores

genéticos, reflectindo por isso mudanças no padrão alimentar e nos níveis de

actividade física das populações optando-se mais frequentemente por actividades

sedentárias (7, 12, 13).

A crescente prevalência da obesidade está então intimamente associada a

mudanças de estilos de vida que, nos últimos anos, foram grandes. Registaram-

se mudanças significativas nomeadamente no tipo de alimentos consumidos,

assistindo-se a um consumo crescente de alimentos de elevada densidade

energética, e ao aumento do número de refeições realizadas fora de casa (11).

3

Grande parte dessas refeições têm lugar em restaurantes de comida rápida,

designada de fast food (12). Pensa-se, inclusive, que o consumo de fast food,

influencia as escolhas alimentares das crianças e adolescentes, podendo estar

associada a uma alimentação rica em alimentos gordos e pobre em

hortofrutícolas e leite (12).

Segundo a American Heart Association (AHA), os alimentos e bebidas de

elevada densidade nutricional, tais como hortofrutícolas, que contribuam

grandemente para a satisfação das necessidades nutricionais, são adequados

para que o crescimento das crianças ocorra da forma desejada, enquanto que os

alimentos e bebidas com elevada densidade energética, apresentam

frequentemente baixo valor nutricional, daí a necessidade de associar estes

alimentos a ingestões ocasionais, de forma a atingir o equilíbrio alimentar (14).

Sabe-se, por outro lado, que o défice em alguns nutrimentos pode atrasar o

crescimento e afectar a maturação esquelética, acarretando consequências

graves para a criança e futuro adulto, tais como, o atraso da puberdade e a

osteoporose (15). E uma vez que as crianças mais novas tendem a ingerir

pequenas quantidades de alimentos às refeições, quer por terem pouco apetite

quer por, neofobia, que se manifesta como receio de ingerir alimentos que não lhe

são familiares (16), torna-se imprescindível a presença de alimentos com elevada

densidade nutricional a fim de fornecer ao seu organismo os nutrimentos

necessários em qualidade e em quantidade. Caso contrário, rapidamente se

poderão desenvolver carências nutricionais. Nestas faixas etárias as

recomendações para a fibra alimentar, por exemplo, raramente são atingidas,

enquanto as de gordura total, gordura saturada e açúcares são ultrapassadas, o

que revela inadequação nutricional (17), facilitada pela predisposição inata para o

4

paladar doce (16). Assim se compreende que as crianças constituam um grupo de

risco, pelas necessidades aumentadas de micronutrimentos indispensáveis a um

óptimo crescimento e desenvolvimento (18).

O Leite e outros produtos lácteos, por exemplo, são fontes de proteína,

cálcio, vitamina D, fósforo, potássio, magnésio, riboflavina, niacina, vitamina B12

e A, importantes para a qualidade da alimentação da criança. Estes são

considerados alimentos com elevada densidade nutricional necessários para

promover o crescimento ósseo e reduzir o risco de doenças crónicas como a

osteoporose (19).

Segundo as recomendações do United States Department of Agriculture

USDA (2005) (20) as crianças americanas deveriam aumentar o consumo de

hortofrutícolas e cereais integrais e reduzir a ingestão de açúcares de forma a

controlarem o peso e alcançarem as recomendações de macro e

micronutrimentos (20).

Também na Europa, na maioria dos estudos publicados, verifica-se que,

uma proporção significativa da população, apresenta uma ingestão de

micronutrimentos abaixo das recomendações (18, 21).

Embora à partida se possa pensar que a probabilidade de satisfazer as

necessidades em micronutrimentos seja superior nas crianças com uma ingestão

energética mais elevada, este facto que nem sempre corresponde à realidade (22).

Segundo autores americanos, a deficiência de ferro é comum em crianças

com excesso de peso e obesidade, apesar de estas ingerirem maior quantidade

de alimentos e energia (23, 24).

Deste modo parece-nos imprescindível conhecer a prevalência de

inadequação nutricional nas crianças portuguesas, averiguando se esta depende

5

do seu estado ponderal, para que se possa delinear um programa de saúde

pública coerente e capaz de melhorar o estado nutricional das crianças, tendo em

conta eventuais especificidades encontradas neste grupo-alvo.

Objectivos

Este trabalho teve como objectivos:

- Avaliar a prevalência de excesso de peso e obesidade, numa amostra de

crianças que frequentam escolas EB1 de um agrupamento de Guimarães;

- Determinar a prevalência de crianças que cumpre as recomendações

para a ingestão de macro e micronutrimentos de acordo com os valores de

referência;

- Comparar a prevalência de adequação de macro e micronutrimentos

entre as crianças normoponderais e aquelas com excesso de peso/obesidade.

6

Participantes e Métodos

Participantes

Foi seleccionado, por conveniência, o agrupamento de escolas do concelho

de Guimarães, convidado a participar neste trabalho, tendo sido todas as crianças

que frequentavam as 7 escolas do agrupamento, convidadas a integrar o estudo

(n = 586). Aceitaram participar 464 crianças (225 rapazes e 239 raparigas), entre

os 6 e os 12 anos, as quais foram avaliadas antropometricamente e do ponto de

vista alimentar. Responderam ao questionário que continha informação socio-

demográfica, os encarregados de educação de 405 participantes.

Desenho do estudo

Este estudo transversal, coordenado na FCNAUP pelo Prof. Doutor Pedro

Moreira, foi conduzido entre Outubro de 2007 e Março de 2008, num

agrupamento de escolas do concelho de Guimarães. Foi inicialmente enviado um

pedido de autorização dirigido ao presidente do Conselho executivo do

agrupamento de escolas Santos Simões, que contemplava informação sobre o

objectivo do estudo e os procedimentos nele envolvidos. Depois de concedida

essa autorização, procedeu-se à recolha dos contactos de todas as EB1

pertencentes ao agrupamento, tendo sido, de seguida, convidados os seus

coordenadores a colaborarem no projecto.

Aceitaram participar as 7 escolas contactadas, sendo o número de alunos

convidados em cada escola, distribuído da seguinte forma: EB1 de Serzedo (77

alunos), EB1 de Infantas (86 alunos), EB1 de Paçô-Vieira (44 alunos), EB1 de

São Romão (111 alunos), EB1 da Cruz da Argola (158 alunos), EB1 da Arcela (48

alunos) e EB1 de Monte Largo (62 alunos). Foi distribuído a cada aluno um

envelope contendo um documento explicativo sobre o estudo bem como uma

7

declaração de consentimento a ser assinada pelos encarregados de educação

que autorizassem que o seu educando participasse no projecto.

Numa fase seguinte, procedeu-se à recolha das declarações de

consentimento e à avaliação antropométrica e alimentar das crianças cuja

declaração tinha sido assinada pelo encarregado de educação. A avaliação dos

participantes decorreu numa sala seleccionada pelo coordenador da escola para

o efeito, em ambiente tranquilo e de modo a assegurar privacidade. Aos alunos

avaliados foi entregue um questionário que visava a recolha de informação sócio-

demográfica, a ser preenchido pelo encarregado de educação, o qual foi recolhido

numa visita posterior.

Avaliação antropométrica

A avaliação antropométrica foi conduzida, usando procedimentos

internacionalmente recomendados (25, 26). As medições foram realizadas com a

criança vestida com roupas leves (5 a 6 peças de roupa no total) e sem sapatos.

A altura foi medida usando um estadiometro, incorporado na balança

Seca® 703, com a cabeça orientada de acordo com o plano de Frankfort. A

cabeça, costas, nádegas e pernas a tocar a craveira, as pernas direitas, ombros

relaxados, e os calcanhares próximos, a altura foi aferida até ao 0,1 centímetro. O

peso foi medido com o indivíduo colocado no centro da balança Seca ® 703, no

centro da balança, com o corpo posicionado na vertical, os braços pendentes ao

longo do corpo e a cabeça orientada de acordo com o plano de Frankfort (25).

Posteriormente, procedeu-se ao cálculo do IMC, de acordo com a fórmula

peso (kg) /altura2 (m) (27). Para determinar o estado ponderal das crianças, foram

utilizados os critérios do IOTF, que define excesso de peso e obesidade usando

pontos de corte internacionais para o IMC, específicos para sexo e idade(28).

8

Para análise, agrupamos num só grupo, as crianças com excesso de peso

e obesidade (descrito ao longo do trabalho como “excesso de peso/obesidade”), o

qual foi comparado com o grupo de crianças normoponderais, para vários

parâmetros nutricionais em estudo.

Avaliação da ingestão alimentar

Para a avaliação da ingestão alimentar usou-se o método de recordação

das 24 horas anteriores, usando como ferramenta de auxílio à quantificação, o

Manual de Quantificação de Alimentos (MQA)(29).O inquérito foi realizado sem o

prévio conhecimento da criança. A informação recolhida foi codificada e

introduzida no programa informático Food Processor Plus versão 10.0., para a

conversão dos alimentos em nutrimentos. Este programa utiliza a tabela de

composição de alimentos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da

América (EUA), e inclui alimentos crus e/ou processados. Esta base de dados

inclui ainda conteúdos nutricionais de alimentos ou pratos culinários tipicamente

portugueses, de acordo com informações nacionais(30).

Para proceder à quantificação dos alimentos e respectiva codificação foi

utilizada, para além do MQA (29) ,a informação publicada, em 1993, por Amaral et

al. (31).

Neste estudo foram analisados os seguintes parâmetros nutricionais:

ingestão energética total, hidratos de carbono totais, açúcares (entenda-se como

açúcares monossacarídeos e dissacarídeos), proteína total, fibra alimentar,

gordura total, ácidos gordos saturados, ácidos gordos polinsaturados, ácidos

gordos polinsaturados n-3 (AGPI n-3), ácidos gordos polinsaturados n-6 (AGPI n-

6), ácidos gordos trans, vitaminas A, C, E, B1, B2, B3, B6, B12 e folato, cobre,

iodo, ferro, magnésio, molibdénio, fósforo, selénio, zinco e cálcio.

9

Para a avaliação da adequação nutricional em macronutrimentos foram

utilizadas as recomendações propostas pela OMS (32) e para determinar a

adequação nutricional em micronutrimentos, utilizaram-se como valores de

referência as DRIs propostas pelo Food and Nutrition Board (EARs ou Ais no caso

dos micronutrimentos para os quais não existiam EARs) (33).

Análise estatística

Para a análise estatística usou-se o programa informático Statistical

Package for the Social Sciences (SPSS), versão 14.0. Primeiro testou-se a

normalidade das variáveis contínuas através do teste não paramétrico

Kolmogorov-Smirnov. Para comparar ingestão nutricional entre crianças

normoponderais e crianças com excesso de peso/obesidade, usou-se o teste T

para amostras independentes (para as variáveis contínuas, com distribuição

normal), e o teste de Mann-Whitney (para as variáveis contínuas, com distribuição

diferente da normal). Para a comparação de proporções, utilizou-se o teste de

Qui-quadrado. Considerou-se que havia significado estatístico quando p <0,05.

Resultados

Na amostra analisada, a média de idades foi de 8,53 anos (DP=1,25) e a

média do IMC foi de 17,91 kg/m2 (DP=2,73). Verificou-se uma prevalência de

10

excesso de peso de 23,3% (22,6% nas raparigas e 24,0% nos rapazes) e a de

obesidade situou-se nos 7,3% (7,5% nas raparigas e 7,1% nos rapazes), não

sendo as diferenças entre sexos, estatisticamente significativas. No global, a

prevalência de excesso de peso/obesidade foi de 30,6% (30,1% para raparigas

(48,6% dos 6 aos 8 anos de idade e 51,4% dos 9 aos 12 anos de idade) e 31,1%

para rapazes (44,3% dos 6 aos 8 anos de idade e 55,7% dos 9 aos 12 anos de

idade) (tabela 1).

Idade (anos) Estado Ponderal Raparigas n (%)

Rapazes n (%)

6 – 8 Normal 88 (52,7%) 80 (51,6%)

Excesso peso / Obesidade 35 (48,6%) 31 (44,3%)

9 - 12 Normal 79 (47,3%) 75 (48,4%)

Excesso peso / Obesidade 37 (51,4%) 39 (55,7%)

p 0,562 0,309 Tabela 1 - Prevalência de excesso de peso / obesidade por faixa etária e sexo

A ingestão energética média na amostra total foi de 2066,4 kcal

(DP=642,5), não se encontrando diferenças estatisticamente significativas entre

crianças normoponderais e aquelas com excesso de peso/obesidade (raparigas:

1994,4 ±583,6 kcal para as normoponderais e 1828,4±544,2 kcal para aquelas

com excesso de peso/obesidade, p = 0,495; rapazes: 2159,4±718,7 kcal para os

normoponderais e 2219,2±560,1 kcal para aqueles com excesso de

peso/obesidade, p= 0,469) (tabela 2).

No que respeita aos valores absolutos de ingestão de macronutrimentos,

(tabela 2) apenas se encontraram diferenças significativas entre crianças

normoponderais e com excesso de peso/obesidade, em relação aos valores

absolutos de AGPI e AGPI n-6, apresentando as raparigas normoponderais, um

valor de ingestão destes nutrimentos superior (AGPI: 9,02 g vs 7,49 g, p = 0,020;

AGPI n-6: 7,47 g vs 5,98 g, p = 0,015).

11

Como é visível na tabela 2, nos rapazes verificou-se que os

normoponderais apresentaram uma ingestão inferior de colesterol, quando

comparados com aqueles com excesso de peso /obesidade (207,92 mg vs 247,13

mg, p = 0,019). Já quando se comparou a ingestão percentual dos

macronutrimentos em relação ao VET, entre os dois grupos de estado ponderal,

observou-se que os rapazes com excesso de peso reportaram uma ingestão

superior aos normoponderais para proteína (16,29 % vs 15,23 %, p = 0,042) e

inferior para hidratos de carbono (51,42 % vs 49,16 %, p = 0,043).

Não se observou mais nenhuma diferença de ingestão nutricional, com

significado estatístico, entre as duas classes ponderais, nesta amostra de

crianças.

Comparando agora os valores médios de ingestão de nutrimentos, com as

recomendações, verificou-se que o contributo percentual para o VET de, gordura

total, açúcares, ácidos gordos saturados, ácidos gordos trans, bem como o valor

absoluto de ingestão de colesterol, encontraram-se dentro dos valores

recomendados pela OMS, em ambos os sexos; já o de proteína e AGPI n-6,

encontraram-se ligeiramente acima das recomendações enquanto que os de

hidratos de carbono, AGPI, AGPI n-3 e fibras, se situaram abaixo das

recomendações.

Quanto à ingestão de micronutrimentos (tabela 3), em geral, não se

encontraram diferenças significativas entre crianças normoponderais e aquelas

com excesso de peso/obesidade, exceptuando a ingestão de niacina que foi

inferior nos rapazes normoponderais (19,09 mg vs 22,46 mg, p = 0,017).

12

Comparando as médias dos valores de ingestão de micronutrimentos nesta

amostra, com as recomendações, verificou-se que apenas a média de ingestão

das vitaminas A e E, se situou abaixo das EAR estipuladas, em ambos os sexos.

Estado ponderal

Energia e

Macronutrimentos Normal Excesso peso/

Obesidade p (Média +/- DP) (Média +/- DP)

RA

PAR

IGA

S

Energia Kcal 1994,4±583,6 1828,4±544,2 0,495

Proteína g 77,27±25,99 73,33±26,03 0,285

% VET 15,52±4,13 15,53±4,01 0,516 Hidratos de

carbono g 253,11±84,54 233,64±74,52 0,920

% VET 50,78±8,11 51,42±7,76 0,573

Açúcares g 28,87±30,98 28,60±24,22 0,866 % 5,80±4,77 6,95±4,74 0,380

Gordura total g 64,18±26,52 57,51±23,96 0,051 % 29,82±6,68 28,58±5,78 0,172

AG. Saturados g 15,57±9,76 14,01±8,47 0,224 % 7,75±3,32 7,58±2,84 0,708

AGPI g 9,02±4,60 7,49±4,67 0,020 % 4,26±1,55 3,91±1,54 0,109

AGPI n-3 g 0,27±0,311 0,23±0,21 0,051 % 0,14±0,13 0,13±0,09 0,187

AGPI n-6 g 7,47±4,13 5,98±3,84 0,015 % 3,55±1,44 3,18±1,43 0,071

AG. Trans g 0,05±3,09 0,00±2,48 0,484 % 0,027±1,33 0,00±1,09 0,496

Colesterol mg 200,72±158,98 195,93±103,49 0,215 % 88,63±63,56 90,98±41,48 0,833

Fibras g 13,50±7,35 12,54±6,25 0,553

RA

PAZE

S

Valor energético Kcal 2159,4±718,7 2219,2±560,1 0,469

Proteína g 83,73±34,28 92,47±30,30 0,068

% VET 15,23±3,99 16,29±4,06 0,042 Hidratos de

carbono g 273,93±92,56 270,68±73,76 0,796

% VET 51,42±7,90 49,16±7,31 0,043

Açúcares g 28,60±21,94 28,47±22,71 0,912 % 5,4±4,3 4,9±4,2 0,548

Gordura total g 66,49±33,57 69,93±28,49 0,175 % 29,42±6,67 30,51±5,90 0,241

AG. Saturados g 17,47±10,43 19,07±9,12 0,595 % 7,86±2,95 7,90±2,87 0,928

AGPI g 9,71 ±5,75 10,61±7,41 0,191 % 4,16±1,68 4,49±1,70 0,172

AGPI n-3 g 0,30±0,37 0,37±0,51 0,152 % 0,13±0,11 0,15±0,13 0,194

AGPI n-6 g 7,94±5,36 8,31±6,62 0,470 % 3,46±1,65 3,62±1,61 0,496

AG. Trans g 0,00±3,20 0,00±3,23 0,334 % 0,00±1,18 0,00±1,12 0,304

13

Colesterol mg 207,92±137,01 247,13±214,27 0,019 % 89,33±46,03 96,96±90,99 0,021

Fibras g 13,27±7,08 16,31±6,60 0,107 Tabela 2 - Ingestão de energia e macronutrimentos, de acordo com o estado ponderal e por sexo.

Estado ponderal

Micronutrimentos Normal Excesso peso/ Obesidade p

(Média +/- DP) (Média +/- DP)

RA

PAR

IGA

S

Vitamina A 239,11±299,26 253,34±524,16 0,441 Vitamina C 56,56±78,43 65,21±36,94 0,140 Vitamina E 1,71±1,34 1,60±1,08 0,571

Tiamina 0,74±0,52 0,66±0,39 0,376 Riboflavina 0,99±0,722 0,97±0,50 0,747

Niacina 19,39±9,36 18,43±8,81 0,303 Vitamina B6 1,07±0,89 1,08±0,79 0,905

Folato 239,94±155,58 263,49±126,66 0,683 Vitamina B12 2,45±4,41 2,79±9,87 0,544

Cobre 0,56±0,41 0,53±0,91 0,375 Iodo 157,02±90,60 147,14±64,08 0,262 Ferro 10,17±5,37 9,97±4,66 0,391

Magnésio 244,07±89,12 239,45±74,70 0,361 Molibdénio 17,78±15,61 19,22±16,99 0,488

Fósforo 1317,99±443,37 1234,67±379,86 0,166 Selénio 66,63±38,36 60,26±39,46 0,248 Zinco 5,96±3,34 6,21±4,19 0,619 Cálcio 983,58±501,58 955,76±399,78 0,751

RA

PAZE

S

Vitamina A 232,90±275,08 266,56±224,29 0,338 Vitamina C 58,29±53,73 64,57±59,31 0,310 Vitamina E 1,72±1,43 1,76±1,31 0,566

Tiamina 0,81±0,61 0,83±0,58 0,714 Riboflavina 1,05±0,68 1,01±0,61 0,419

Niacina 19,09±13,05 22,46±11,46 0,017 Vitamina B6 1,19±0,91 1,35±0,831 0,839

Folato 269,29±176,61 221,74±140,92 0,364 Vitamina B12 2,94±4,91 2,89±9,87 0,623

Cobre 0,60±0,37 0,59±0,36 0,920 Iodo 174,55±79,22 173,73±75,67 0,939 Ferro 11,32±6,19 10,36±5,39 0,567

Magnésio 255,81±93,74 281,67±74,66 0,128 Molibdénio 20,93±12,55 18,98±8,96 0,594

Fósforo 1408,33±483,89 1461,48±376,00 0,372 Selénio 70,83±46,49 78,02±38,98 0,120 Zinco 6,44±4,55 6,85±3,56 0,432 Cálcio 1022,64±439,84 1066,56±596,41 0,518

Tabela 3 - Ingestão de micronutrimentos de acordo com o estado ponderal e por sexo.

Relativamente à prevalência de adequação de macronutrimentos (tabela

4), não se encontraram diferenças significativas entre crianças normoponderais e

14

crianças com excesso de peso/obesidade, à excepção dos hidratos de carbono,

verificando-se uma maior prevalência de rapazes normoponderais que cumpria as

recomendações deste nutrimento (31,6% vs 18,6%, p=0,043).

Verificou-se que uma elevada proporção de crianças revelou uma ingestão

de macronutrimentos que se encontrava fora dos limites recomendados pela

OMS, independentemente do sexo e do estado ponderal. Por exemplo no que

respeita a proteína e gordura total, uma prevalência elevada de crianças

encontrava-se acima das recomendações (proteína: variou entre 52,9% e 61,4 %,

e gordura total: variou entre 37,5 % e 50,0%, dependendo do sexo e estado

ponderal). Já no que se refere à ingestão de gordura saturada, uma proporção

elevada de crianças (entre 71,4 % e 81,9%, dependendo do sexo e estado

ponderal), encontrou-se dentro dos valores recomendados pela OMS (tabela 4).

Independentemente do sexo e estado ponderal, a prevalência de crianças que

não atingiu os valores recomendados de AGPI, e particularmente de AGPI n-6 e

n-3, foi muito elevada (variou entre 82,6 % e 100%, tabela 4). No que respeita à

adequação da ingestão de hidratos de carbono, verificou-se que uma baixa

proporção de crianças se encontrava dentro dos limites recomendados pela OMS

(variou entre 18,6% e 34, 7%, dependendo do sexo e estado ponderal).

Por outro lado, em relação à adequação de ingestão de ácidos gordos

trans, verificou-se que uma elevada proporção de crianças (variou entre 67,1% e

69,4%), se situava dentro dos limites recomendados pela OMS. Quanto à

prevalência de adequação de ingestão de colesterol, a totalidade das crianças

apresentou valores dentro dos limites recomendados. No que diz respeito ao

consumo de fibra alimentar, verificou-se que uma elevada proporção de crianças

(variou entre 92,3% e 97,2%) se apresentou abaixo do recomendado pela OMS.

15

Relativamente à prevalência de adequação de micronutrimentos (tabelas 5

e 6), verificou-se que uma elevada proporção de crianças (quase sempre mais de

50 %), se situou abaixo dos valores recomendados. Por exemplo, no caso da

vitamina E e do cobre, a quase totalidade das crianças (entre 98,7 % e 100%),

revelaram uma ingestão abaixo do preconizado pelas EAR.

Não se encontraram diferenças significativas entre crianças

normoponderais e crianças com excesso de peso/obesidade, relativamente à

adequação de ingestão de micronutrimentos, à excepção do folato, cuja

proporção de rapazes dos 9 aos 12 anos, normoponderais, que cumpriu as

recomendações, foi superior àquela encontrada nos rapazes desta faixa etária,

com excesso de peso/obesidade (25,2 % vs 17,1 %, p = 0,031).

No que diz respeito ao limite máximo de ingestão (UL), verificou-se que

este foi ultrapassado por uma proporção de crianças que variou entre 6% e 9%,

para alguns micronutrimentos (vitamina A, iodo, ferro, fósforo, selénio, zinco e

cálcio).

16

Nutrimentos Estado ponderal

p Normal Excesso peso / Obesidade < Rec. n (%)

Rec. n (%)

> Rec. n (%)

< Rec. n (%)

Rec. n (%)

> Rec. n (%)

RAPARIGAS

Proteína 10 (6,0) 62 (37,1) 95 (56,9) 2 (2,8) 29 (40,3) 41 (56,9) 0,559 Hidratos de

carbono 119 (71,3) 47 (28,1) 1 (0,6) 47 (65,3) 25 (34,7) 0,493

Açúcares NA 139 (83,2) 28 (16,8) NA 57 (79,2) 15 (20,8) 0,453 Gordura

total 2 (1,2) 87 (52,1) 78 (46,7) 45(62,5) 27 (37,5) 0,244

AG. Saturados NA 135 (80,8) 32 (19,2) 59 (81,9) 13 (18,1) 0,841

AGPI 147 (88) 20 (12,0) 65 (90,3) 6 (8,3) 1 (1,4) 0,227

AGPI. n-3 167 (100) 72 (100) No stat

AGPI. n-6 141 (84,4) 26 (15,6) NA 63 (87,5) 8 (11,1) 1 (1,4) 0,215

AG. trans NA 122 (67,1) 55 (32,9) NA 50 (69,4) 22 (30,6) 0,718

Colesterol 165 (98,8) 2 (1,2) NA 72 (100) NA NA 1,000

Fibras 155 (92,8) 12 (7,2) NA 70 (97,2) 2 (2,8) NA 0,239

RAPAZES

Proteína 9 (5,8) 64 (41,3) 82 (52,9) NA 27 (38,6) 43 (61,4) 0,091 Hidratos de

carbono 106 (68,4) 49 (31,6) 57 (81,4) 13 (18,6) 0,043

Açúcares NA 131 (84,5) 24 (15,5) NA 60 (85,7) 10 (14,3) 0,816 Gordura

total 2 (1,3) 78 (50,3) 75 (48,4) 35 (50) 35 (50) 0,628

AG. Saturados NA 123 (79,4) 32 (20,6) 50 (71,4) 20 (28,6) 0,192

AGPI 128 (82,6) 27 (17,4) 59 (84,3) 10 (14,3) 1 (1,4) 0,284

AGPI. n-3 155 (100) 70 (100) No stat

AGPI. n-6 128 (82,6) 26 (16,8) 1 (0,6) 63 (90) 6 (8,6) 1 (1,4) 0,231

AG. trans NA 117 (75,7) 38 (24,5) NA 47 (67,1) 23 (32,9) 0,193

Colesterol 154 (99,4) 1 (0,6) NA 69 (98,6) 1 (1,4) NA 0,526

Fibras 143 (92,3) 12 (7,7) NA 65 (92,9) 5 (7,1) NA 0,875

Tabela 4 – Prevalência de adequação em macronutrimentos (tendo em conta as recomendações da OMS) de acordo com estado ponderal, por sexo. “Rec.” - valor recomendado pela OMS; NA - Não se aplica, No stat - sem estatística.

17

Estado ponderal

Nutrimentos Idade Normal Excesso peso / Obesidade p

Recomendado n (%)

Recomendado n (%)

RA

PAR

IGA

S

Vitamina A 6-8 34(20,4) 15(20,8) 0,666

9-12 21(12,6) 8(11,1) 0,565

Vitamina C 6-8 79(47,3) 32(44,4) 1,000

9-12 53(31,7) 29(40,3) 0,213

Vitamina E 6-8 2(1,2) 0(0) 1,000

9-12 0(0) 0(0) No stat

Tiamina 6-8 64(38,3) 26(36,1) 0,860

9-12 40(24) 16(22,2) 0,458

Riboflavina 6-8 48(28,7) 24(33,3) 0,671

9-12 72(43,1) 29(40,3) 0,892

Niacina 6-8 86(51,5) 31(43,1) 0,054

9-12 76(45,5) 37(51,4) 0,550

Vitamina B6 6-8 68(40,7) 27(37,5) 0,988

9-12 48(28,7) 25(34,7) 0,479

Folato 6-8 54(32,3) 20(27,3) 0,666

9-12 34(20,4) 13(18,1) 0,419

Vitamina B12 6-8 69(41,3) 28(38,9) 0,845

9-12 58(34,7) 29(40,3) 0,565

Cobre 6-8 0(0) 0(0) No stat

9-12 0(0) 0(0) No stat

Iodo 6-8 78(46,7) 31(43,1) 1,000

9-12 69(41,3) 30(41,7) 0,374

Ferro 6-8 82(41,3) 31(43,1) 0,468

9-12 72(43,1) 32(44,4) 0,517

Magnésio 6-8 86(51,5) 32(44,4) 0,139

9-12 59(35,3) 28(38,9) 0,908

Molibdénio 6-8 42(25,1) 20(27,3) 0,346

9-12 19(11,4) 9(12,5) 0,974

Fósforo 6-8 88(52,7) 33(45,8) 0.079

9-12 59(35,3) 28(38,9) 0,908

Selénio 6-8 81(48,5) 32(44,4) 1,000

9-12 72(43,1) 30(41,7) 0,136

Zinco 6-8 59(35,3) 24(33,3) 0,871

9-12 17(10,2) 3(4,2) 0,075

Cálcio 6-8 63(37,7) 27(37,5) 0,531

9-12 31(18,6) 12(16,7) 0,479 Tabela 5 – Prevalência de adequação em micronutrimentos em raparigas (tendo em conta os valores recomendados pelas do Food and Nutrition Board: EAR e AI) de acordo com estado ponderal. No stat - sem estatística.

18

Estado ponderal

Nutrimentos Idade Normal Excesso peso / Obesidade p Recomendado

n (%) Recomendado

n (%) R

APA

ZES

Vitamina A 6-8 34(21,9) 17(24,3) 0,242

9-12 17(11,0) 9(12,9) 0,966

Vitamina C 6-8 73(47,1) 28(40) 1,000

9-12 58(37,4) 31(44,3) 0,792

Vitamina E 6-8 2(1,3) 0(0) 1,000

9-12 0(0) 0(0) No stat

Tiamina 6-8 61(39,4) 26(37,1) 0,382

9-12 49(31,6) 23(32,9) 0,504

Riboflavina 6-8 51(32,9) 25(35,7) 0,675

9-12 74(47,7) 28(40,0) 0,708

Niacina 6-8 77(49,7) 31(44,3) 0,558

9-12 70(45,2) 36(51,4) 1,000

Vitamina B6 6-8 64(41,3) 29(41,4) 0,082

9-12 50(32,3) 24(34,3) 0,586

Folato 6-8 44(28,4) 17(24,3) 0,988

9-12 39(25,2) 12(17,1) 0,031

Vitamina B12 6-8 74(47,7) 26(37,1) 0,286

9-12 52(33,5) 27(38,6) 0,991

Cobre 6-8 0(0) 0(0) No stat

9-12 0(0) 0(0) No stat

Iodo 6-8 78(50,3) 31(44,3) 1,000

9-12 69(44,5) 38(54,3) 0,419

Ferro 6-8 74(47,7) 31(44,3) 0,183

9-12 65(41,9) 35(50) 0,769

Magnésio 6-8 77(49,7) 31(44,3) 0,558

9-12 59(38,1) 32(45,7) 0,669

Molibdénio 6-8 48(31,0) 17(24,3) 0,620

9-12 21(13,5) 7(10,0) 0,237

Fósforo 6-8 80(51,6) 31(44,3) No stat

9-12 56(36,1) 35(50) 0,057

Selénio 6-8 73(47,1) 31(44,3) 0,187

9-12 69(44,5) 34(48,6) 0,507

Zinco 6-8 57(36,8) 25(35,7) 0,312

9-12 15(9,7) 10(14,3) 0,490

Cálcio 6-8 64(41,3) 24(34,3) 0,763

9-12 31(20,0) 16(22,9) 0,975 Tabela 6 – Prevalência de adequação em micronutrimentos em rapazes (tendo em conta os valores recomendados pelas do Food and Nutrition Board: EAR e AI) de acordo com estado ponderal. No stat - sem estatística.

19

Discussão

Este trabalho de investigação que pretendeu, para além de estimar a

prevalência de excesso de peso/obesidade numa amostra de crianças do 1º ciclo

de ensino básico de Guimarães, avaliar a adequação da sua ingestão nutricional,

segundo o estado ponderal, apresenta algumas limitações.

Importa referir, por exemplo, que o IMC, usado neste estudo para a

classificação do estado ponderal, apresenta uma capacidade limitada de reflectir

a quantidade de gordura corporal, muito embora seja amplamente utilizado e seja

considerado um estimador válido do excesso de peso e obesidade das

populações (34, 35). Por outro lado, os pontos de corte para crianças são mais

complexos do que para adultos, porque variam de acordo com a idade e o sexo

(36). Assim, para a classificação ponderal, poderiam usar-se os critérios de

classificação do Centers for Disease Control (CDC) ou os da International Obesity

Task Force (IOTF), cujos pontos de corte foram propostos por Cole (28). Segundo

alguns autores, os critérios da IOTF tendem a ser mais conservadores que os do

CDC, apesar de ambos apresentarem consistência (37). Estes, no entanto,

permitem classificar as crianças em normoponderais, com excesso de peso e com

obesidade, não permitindo, contudo, distinguir o baixo peso do peso normal,

incluindo assim todas as crianças que estão abaixo do primeiro ponto de corte,

como sendo normoponderais.

Para a recolha da ingestão alimentar usou-se o inquérito de recordação

das 24 horas anteriores, que tem sido amplamente usado em estudos com

crianças (38). É um método rápido, económico e de fácil administração, sendo por

isso usado frequentemente neste tipo de estudos. No entanto, este método, por

si, também apresenta limitações, uma vez que: recorre à memória; o dia alimentar

20

que está a ser avaliado pode não corresponder a uma ingestão habitual e por

outro lado, o relato da ingestão alimentar pode sofrer algum viés, por sofrer

influência do que é considerado socialmente desejado ou aprovado. Também os

instrumentos utilizados para proceder à codificação (MQA) e ao tratamento dos

dados alimentares, (programa Food Processor Plus), apresentam um número de

alimentos e pratos limitado, podendo esse facto constituir uma limitação para

avaliar a ingestão alimentar e a adequação nutricional.

A amostra foi seleccionada por conveniência, podendo não ser

representativa da população em estudo. Por outro lado, o facto de ser um estudo

transversal, embora permita avaliar prevalências, bem como relacionar variáveis,

não permite a detecção de factores de causalidade.

Os resultados do presente estudo apontaram para uma prevalência de

excesso de peso/obesidade de 30,6% (30,1% para raparigas e 31,1% para

rapazes), o que vai de encontro ao descrito por Padez et al., em 2004, num

trabalho que incluiu uma amostra de crianças portuguesas entre os 7 e os 9 anos

(9). É de salientar neste estudo, uma prevalência elevada de crianças com

ingestão acima das recomendações da OMS para proteína. Este resultado pode

ser preocupante tendo em conta que parece existir uma associação entre um

elevado consumo deste nutrimento em idades jovens e a ocorrência de obesidade

(39, 40). Por outro lado, sabe-se que a ingestão de proteína durante o aleitamento

materno exclusivo é baixa, mas quando a criança introduz a alimentação

diversificada, esta aumenta marcadamente (41). Torna-se por isso importante,

intervir o mais precocemente possível, para que as crianças quando deixam de

ser amamentadas, continuem a ter a uma alimentação equilibrada,

nomeadamente no que se refere ao contributo da ingestão proteica para o VET.

21

Também a prevalência de crianças a ultrapassar as recomendações de

gordura total foi elevada e o inverso sucedeu em relação aos hidratos de carbono,

para os quais uma proporção considerável de crianças, não atingiu as

recomendações. Há autores que defendem que uma alimentação com elevado

conteúdo de gordura e baixo teor de hidratos de carbono, tem sido associada ao

desenvolvimento da adiposidade infantil (42). A gordura é o macronutrimento mais

denso energeticamente, por isso torna-se crucial adequar a ingestão às

recomendações (2). No que se refere à ingestão de gordura saturada e ácidos

gordos trans, uma proporção relativamente grande de crianças encontrou-se

dentro dos valores recomendados pela OMS. O consumo de algumas das fontes

alimentares de ácidos gordos trans como algumas margarinas, bolachas e

“snacks” (43), têm sido associados a um aumento do risco de desenvolver doenças

cardíacas (44).

Verificámos também uma elevada prevalência de inadequação no que diz

respeito aos AGPI (particularizando os AGPI n-3 e AGPI n-6). Uma ingestão

insuficiente de AGPI n-3, também descrita por outros autores (45), poderá não

favorecer um bom estado de saúde, uma vez que estes ácidos gordos

apresentam benefícios na prevenção de doenças cardiovasculares (2). As suas

principais fontes são o óleo de peixe, pelo que deve ser promovido o consumo de

peixe, e em particular o gordo, uma vez que, frequentemente, o seu consumo

escasseia (45). Reforçam esta ideia, alguns estudos que relacionam a obesidade

infantil com o consumo de AGPI e que postulam que um aumento no consumo de

AGPI n-6, associado a uma elevada razão entre ácido linoleico/ ácido linolénico,

pode favorecer o desenvolvimento contínuo do tecido adiposo durante a infância

(46).

22

Embora a ingestão de açúcares recordada pelas crianças desta amostra,

esteja dentro dos limites recomendados pela OMS, parece-nos que poderá ter

sido alvo de sub estimativa. A sub estimativa da ingestão alimentar é

frequentemente resultado de uma alimentação menos cuidada, acompanhada de

um consumo elevado de gorduras e açúcares (47), e parece ser influenciada pelo

estado ponderal (48), sendo este viés normalmente superior em indivíduos do sexo

feminino (49).

Relativamente à prevalência de adequação de micronutrimentos, verificou-

se que uma elevada proporção de crianças, se situou abaixo dos valores

recomendados. Estes resultados vão de encontro aos relatados por outros

autores que defendem que, na Europa, as deficiências de micronutrimentos,

nomeadamente, iodo e ferro, são comuns (50, 51), e a deficiência de zinco, ocorre

frequentemente, durante a infância (52). Estes resultados são preocupantes, uma

vez que a ingestão sub óptima destes micronutrimentos, pode comprometer o

crescimento e o desenvolvimento intelectual das crianças (52, 53).

O caso da vitamina E e do cobre, por exemplo, em que a prevalência de

adequação foi de 0%, é muito preocupante, uma vez que é sabido que algumas

vitaminas como o caso da vitamina E e alguns minerais como o cobre,

apresentam propriedades antioxidantes (54), tornando-se por isso importante

encontrar estratégias que promovam a sua ingestão. Contudo, importa referir que

esta tão elevada prevalência de inadequação, poderá ser em parte ser explicada

pela baixa ingestão de vísceras, moluscos e sub estimativa da ingestão das

gorduras adicionadas ao cozinhado ou usadas na confecção, nomeadamente o

azeite.

23

Por outro lado, seria de esperar que as crianças com mais peso

apresentassem melhor adequação de micronutrimentos, proporcional ao consumo

energético, facto que não se verifica, o que nos poderá sugerir que estes

indivíduos possam ter um estilo de vida mais sedentário, e que o aporte

energético não lhes permita preencher as necessidades nutricionais. Também

poderá acontecer que nesta amostra, a insuficiente ingestão de micronutrimentos

se deva ao consumo de alimentos de baixa densidade nutricional e à escolha

concomitante de alimentos de elevada densidade energética. Em grande parte

dos casos, o insuficiente aporte de micronutrimentos em crianças, deve-se à

ingestão de alimentos designados “vazios calóricos”, ao “petiscar” frequente e à

ingestão cada vez menor de hortofrutícolas, o que conduz, por um lado a uma

elevada proporção de crianças em risco nutricional e por outro, a um aumento da

prevalência de obesidade (18). Lembramos que o aporte adequado de

micronutrimentos, é necessário para que ocorra um desenvolvimento adequado

do indivíduo (50).

O afastamento de um padrão alimentar saudável, e por outro lado, a

incorporação de alimentos de grande densidade energética podem ser a

explicação para as baixas prevalências de adequação nutricional encontradas nas

crianças deste estudo.

Neste trabalho, foram avaliadas crianças dos 6 aos 12 anos, sendo por

volta dos seis anos de idade que ocorre o segundo período de crescimento rápido

de tecido adiposo designado por adiposity rebound; é neste período que quer o

tamanho quer o número de adipócitos aumenta (55). Assim, ao intervirmos nesta

faixa etária, poderemos prevenir o aparecimento e/ou desenvolvimento de

obesidade, ensinando as crianças a fazerem escolhas mais acertadas (56).

24

Segundo um relatório conjunto WHO/FAO existe evidência de que um

consumo elevado de alimentos de elevada densidade energética, pode traduzir-se

no aumento do risco de obesidade. Também a publicidade exagerada à comida

do tipo fastfood e a elevada ingestão de bebidas açucaradas, foram considerados

como factores de risco prováveis no desenvolvimento da doença. Por outro lado,

o aumento do tamanho das porções de comida disponível, foi considerado como

factor de risco possível para o seu aparecimento (7).

25

Conclusões

Encontrou-se nesta amostra uma elevada prevalência de excesso de

peso/obesidade (30,1% nas raparigas e 31,1% nos rapazes) e observou-se,

genericamente, uma baixa prevalência de adequação nutricional, no que se refere

tanto a macro como a micronutrimentos.

Verificou-se que a ingestão média de proteína se encontrava acima das

recomendações da OMS, a de hidratos de carbono, se situava abaixo do

recomendado, enquanto a de gordura total se encontrava dentro dos valores

recomendados. Por outro lado, verificou-se não existirem, para a maioria dos

nutrimentos, diferenças na ingestão e adequação nutricionais, entre crianças com

peso normal e com excesso de peso/obesidade, reportando as diferenças

encontradas, uma melhor adequação da ingestão nutricional por parte das

crianças normoponderais.

A baixa prevalência de adequação nutricional observada nas crianças

deste estudo, deve incentivar ao planeamento de políticas de saúde pública que

contemplem estratégias de promoção de uma alimentação saudável, introduzida o

mais precocemente possível, para que hábitos alimentares saudáveis sejam

criados e desenvolvidos de forma sólida para serem capazes de se manterem

durante toda a vida. Parece-nos por exemplo, que seria importante, explorar no 1º

ciclo de ensino básico, noções de alimentação saudável, para que as crianças

possam ser veículos de informação sobre este tema, até aos familiares e amigos

e passem a fazer escolhas alimentares mais saudáveis.

26

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