Amigosdavenida Artigo

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Amigosd’Avenida - como pode uma comunidade organizar-se para pensar o seu futuro? Os Amigosd’Avenida são um grupo de cidadãos de Aveiro que se tem vindo a reunir, de forma informal, há mais de sete meses para reflectir sobre o futuro da sua cidade.

O grupo teve a sua origem no debate público lançado, em Novembro de 2008, pela autarquia aveirense sobre o futuro da Avenida Lourenço Peixinho. Nessa oportunidade, foi entendido por um grupo de pessoas criar um blogue colectivo (http://amigosdavenida.blogs.sapo.pt/) que tem funcionado como espaço de encontro e debate, com a preocupação de assegurar a pluralidade e o confronto de ideias, de trazer conhecimento (técnico e científico), de apresentar exemplos de boas práticas a nível nacional e internacional, mostrando como noutras realidades se desenvolvem políticas públicas locais de mobilidade, cultura, de economia e urbanismo. Para apoiar a reflexão e criar uma maior interactividade com a comunidade foi criada uma mailing-list que tem funcionado, ainda que de uma forma embrionária, como espaço de interacção entre cidadãos contando, neste momento, com cerca de 180 membros.

Um dos temas a que o grupo tem dedicado particular atenção tem sido as comemorações dos 250 anos de Aveiro e a oportunidade que o evento pode ter para ‘afirmar a cultura como um factor de desenvolvimento e de competitividade’ da cidade. A necessidade de qualificar essa aposta motivou a criação de grupos de trabalho sobre duas questões centrais: a questão da “animação e qualificação do espaço público” e o “papel das actividades artísticas, culturais e de criatividade”.

A leitura de experiências internacionais inspiradores, nomeadamente a estratégia assumida por Vilnius Capital Europeia da Cultura 2009, que defendia a ideia de "levar a arte para a rua e transformar a face da cidade" e que “investia na participação das pessoas e na vivência da cidade" e a constatação da importância, relevância, dimensão e número de agentes artísticos, culturais e do sector criativo/tecnológico existente em Aveiro motivou o lançamento de um desafio à comunidade aveirense – aproveitar as comemorações como oportunidade para estimular a produção artística, cultural e tecnológica, para intervir na qualificação do espaço público da cidade e para criar uma relação mais próxima dos Aveirenses com a sua cidade.

Para apoiar essa reflexão foram organizados vários debates públicos (abertos à participação de todos os interessados), que sistematizaram preocupações/problemas, identificaram princípios de actuação e sugeriram algumas pistas de acção (tendo em conta os escassos meios disponíveis e o curto espaço de tempo para as desenvolver). O ‘caderno de encargos’ obtido neste processo colaborativo foi enviado a todas as instituições da cidade, tendo sido solicitado contributos e avaliado disponibilidades para poderem apoiar a concretizar algumas das ideias presentes.

Das várias propostas sugeridas o grupo entendeu desenvolver um projecto-piloto “Se esta praça tivesse 250 anos” (http://programadasfestas.blogs.sapo.pt/), inspirado na estratégia de Vilnius2009, e que surge com o objectivo de motivar a organização de um programa de actividades ‘artísticas’ numa das praças centrais da cidade (Praça Melo Freitas), aos sábados à tarde, mobilizando para a sua concretização os vários agentes culturais da cidade (música, teatro, pintura, dança, poesia, entre outras). Para culminar esse conjunto de actividades foi lançado um último desafio aos cidadãos e agentes culturais, sociais e económicos da cidade e da região para se associarem à organização de um evento que se designou ‘250 Anos de Estórias na Ria' e que não pretende ser mais do que uma 'festa de amigos e vizinhos' para celebrar a nossa cidade e que se irá realizar no Rossio e na Praça Melo Freitas em 19 Setembro (http://festadosamigosevizinhos.blogs.sapo.pt/).

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A necessidade de articular e coordenar as actividades dos vários agentes artísticos, culturais e criativos da cidade, motivou a proposta de criação da Plataforma de agentes culturais e criativos de Aveiro (http://plataformaculturaveiro.blogs.sapo.pt/) que se pretende venha a assumir a função de programação e divulgação cultural, de gestão dos espaços e equipamentos culturais, de estímulo de desenvolvimento de acções conjuntas, de apoio à inserção em redes nacionais e internacionais, de pesquisa e candidatura a programas de financiamento.

Recentemente, foi lançado um manifesto por ‘uma política de qualificação e animação do espaço público da cidade de Aveiro’ (http://manifestopelacidade.blogs.sapo.pt) o qual pretende contribuir para a qualificação das opções de política cultural e urbanística para a cidade de Aveiro. Com base no manifesto está a ser desenvolvido o projecto cinematográfico ‘Aqui! / Here!’, liderado pelos Amigosd’Avenida e pelo Festival AVANCA’09, que se desenvolverá a partir dos dez princípios para criar dez curtas-metragens desenvolvidas em dez cidades dos cinco continentes (http://aqui2009.blogs.sapo.pt).

Finalmente, procurando contribuir para a qualificação do debate sobre o futuro da ‘Avenida Lourenço Peixinho’, os Amigosd’Avenida participaram numa sessão pública organizada pela Assembleia Municipal (26JUN) onde procuraram alertar para a necessidade de mudar a perspectiva do debate ‘muito centrada nas questões infra-estruturais – perfil da avenida, estacionamento, sentidos de trânsito’ para uma discussão sobre o modelo conceptual e funcional da Avenida (‘o que queremos que seja a Avenida e áreas adjacentes’). Nesse sentido, defendeu-se, nessa oportunidade, que a intervenção sobre a ‘Avenida’ se constitua como um momento de (re)construção do ‘sentido de lugar e de comunidade’ assumindo-se como prioridade ‘voltar a viver o centro’. Propuseram-se para o efeito seis princípios fundamentais - a Avenida como: i) ‘montra e porta de entrada’; ii) ‘espaço de residência para todos’; iii) ‘passeio público’; iv) ‘palco de actividades de animação’; v) ‘espaço acessível e partilhado’; vi) ‘rótula de ligação’ com outros espaços (http://ideiadeavenida.blogs.sapo.pt/).

José Carlos Mota, Aveiro (16 Julho 2009)