AMANDA MACHADO CAETANO CONCEPÇÃO DE CÉLULAS POR …

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense

Campus Pelotas - Visconde da Graça

Curso de Especialização em Ciências e Tecnologias na Educação

AMANDA MACHADO CAETANO

CONCEPÇÃO DE CÉLULAS POR ESTUDANTES DO 7º ANO DO

ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS DE ARROIO GRANDE-RS

PELOTAS

2014


CONCEPÇÃO DE CÉLULAS POR ESTUDANTES DO 7º ANO DO

ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS DE ARROIO GRANDE-RS

Monografia apresentada como requisito parcial para

obtenção do grau de Especialista em Ciências e

Tecnologias na Educação do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense do

Campus Pelotas - Visconde da Graça.

Orientador: Prof. Dr. Vitor Hugo Borba Manzke.

Co-orientadora: Profª. Drª. Rosemar Gomes Lemos.

PELOTAS

2014

C128 Caetano, Amanda Machado Concepção de Células por Estudantes do 7° ano do Ensino

Fundamental das Escolas de Arroio Grande - RS/ Amanda Machado Caetano. – 2014.

45 f.

Monografia (Especialização) – Instituto Federal Sul-Rio-Grandense, Câmpus Pelotas Visconde da Graça, Programa de Pós - graduação em Ciências e Tecnologias da Educação, 2014. “Orientação: Prof. Dr. Vitor Hugo Borba Manzke.”.

“Co-orientadora: Profª. Drª. Rosemar Gomes Lemos”. 1. Citologia. 2. Biologia Celular. 3. Metodologia de Ensino – Célula. I. Título.

CDU – 576

Catalogação na fonte elaborada pelo Bibliotecário

Vitor Gonçalves Dias CRB 10/ 1938


CONCEPÇÃO DE CÉLULAS POR ESTUDANTES DO 7º ANO DO ENSINO

FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS DE ARROIO GRANDE/RS

Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Instituto Federal Sul-Rio-

Grandense do Campus Pelotas - Visconde da Graça, como requisito parcial para obtenção do

título de Especialista em Ciências e Tecnologias na Educação.

Aprovado em 05/09/2014

Comissão Examinadora:

Vitor Hugo Borba Manzke

Prof. Dr.

Instituto Federal Sul-Rio-Grandense – Campus Pelotas – Visconde da Graça

Orientador

Lourdes Helena Dummer Venzke

Profª. Drª.


Adriane Delgado Menezes

Profª. Drª.


DEDICATÓRIA

Dedico este Trabalho:

A minha Dinda Rosemar Gomes Lemos, pois a mesma foi essencial e de muita

importância para que eu pudesse terminá-lo.

Aos meus pais in-memorian, Innocêncio Lacy Caetano e Geny Souza Machado

Caetano, por serem pessoas humildes, mas, que lutaram sempre em prol da educação,

para que suas filhas tivessem um ensino e uma formação de qualidade, jamais desistindo

de seus sonhos e objetivos.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos que “me aguentaram”, ajudaram e incentivaram a

realizar um dos meus tantos sonhos profissionais. Especialmente:

A minha Dinda Rosemar, por ter me incentivado, ajudado, colaborado

incansavelmente para realizar esta etapa em minha vida.

Ao meu namorado Jozemar, pela ajuda e compreensão, por tantos momentos que

tivemos que ficar longe um do outro para que eu pudesse realizar meu objetivo.

Ao meu orientador professor Vitor, por todas as vezes que foi solicitado, me

ajudando quando precisei.

As minhas irmãs Arinda Beatriz, Andréia e Adriana por estarem sempre ao meu

lado em todos os momentos da minha vida.

Ao meu Dindo Nei e ao meu primo Renan por terem me aguentado uns dias na casa

deles.

A minha tia Gilda por ser como uma mãe pra mim, sempre me apoiando.

Aos meus sobrinhos Camila, Anderson, Alice, Flávia, Gabriel, Vitor Inocêncio e

Adrian que são especiais para mim.

As minhas amigas e colegas por todos os momentos bons que passamos juntas.

A minha prima Lisiane e seu namorado Max por terem me ajudado com o Abstract.

A amiga Regina Jardim que, de tão boa vontade, realizou a revisão gramatical deste

Trabalho.

Aos professores, equipe diretiva, supervisoras e alunos das escolas onde realizei a

pesquisa, pela maneira que fui bem recebida.

Aos professores da especialização por terem dado aulas que foram essenciais para

este momento se efetivar.

A equipe do ProNecim que proporciona cursos para que possamos estar sempre

atualizados em prol da educação.

Por fim agradeço a Deus pela oportunidade que me proporcionou a fim de que eu

pudesse dar mais um passo rumo à evolução.

RESUMO

O conhecimento básico de Biologia Celular é fundamental para qualquer entendimento mais

avançado em Ciências Biológicas. Por este fato, considerou-se de suma importância verificar

o nível de entendimento sobre o tema, com alunos do 7º ano do Ensino Fundamental de cinco

escolas, quatro públicas e uma privada, do município de Arroio Grande/RS, Brasil. Desta

forma, a pesquisa quali-quantitativa que originou este Trabalho teve por objetivo geral:

verificar se a população pesquisada apresentava noções básicas de concepção de célula.

Ainda, indiretamente, avaliou-se a eficiência do método de ensino adotado pelos professores

destes. Para tanto elaborou-se um questionário que possibilitasse verificar o nível de

conhecimento que os alunos apresentavam sobre célula. Ao analisar os resultados obtidos

percebeu-se que apenas uma pequena parcela conseguiu identificar membrana plasmática,

citoplasma e núcleo nos exemplos apresentados. É importante ressaltar que, nenhum aluno

identificou as células do tipo eucariótica e procariótica mostradas. Ao final da pesquisa,

concluiu-se que o método de investigação utilizado foi eficiente e que os resultados obtidos

foram de extrema importância tanto para os estudantes do 7º ano do ensino fundamental

quanto para os professores responsáveis pelos mesmos, possibilitando a busca por novas

formas de ensinar tais conteúdos para obtenção de melhores resultados.

Palavras chave: Citologia, Educação, Alunos de 7º ano do ensino fundamental, formação de

professores.

ABSTRACT

Basic knowledge of Cell Biology is fundamental to a more advanced understanding in

Biological Sciences. For this fact, it was considered extremely important check the level of

understanding of the subject by students of 7th grade of elementary school for five schools,

four public and one private, in the city of Arroio Grande / RS, Brazil. The qualitative and

quantitative research that originated this work had as main objective: determine whether the

surveyed population had some basic understanding of the Cell Biology. Indirectly was

evaluated the effectiveness of the teaching method adopted by these teachers. For this theme

we prepared a questionnaire that enabled check the level of knowledge that students had about

cell biology. Analyzing the results it was noticed that only a small portion could identify

plasma membrane, cytoplasm and nucleus in the examples presented. It’s important to

mention that no student identified the type of eukaryotic cells and prokaryotic ones. At the

end of the survey, it was concluded that the research method used was efficient and the results

obtained were of utmost importance to both students of the 7th grade of elementary school

and for teachers responsible for them, enabling the search for new forms of teach that content

to achieve better results.

Keywords: Cytology, Education, Students 7th grade of elementary school, teacher training.

LISTA DE SIGLAS

FICAI Ficha de Comunicação do Aluno Infrequente

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PCNS Parâmetros Curriculares Nacionais

PPP Projeto Político Pedagógico

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Localização de Arroio Grande - RS ................................................... 16

Figura 2 Número de Escolas por nível – Arroio Grande - RS - Censo 2010 ....... 17

Figura 3 Número de Docentes por nível – Arroio Grande - RS - Censo 2010 ... 17

Figura 4 Pessoas de 10 anos ou mais de idade, por nível de Instrução - Superior

Completo - Brasil - Censo 2010 ........................................................

19

Figura 5 Esquematização da célula - Identificação da estrutura dos diferentes

organismos vivos (Resultado geral) .....................................................

28

Figura 6 Identificação dos tipos de Célula (vegetal, bacteriana, animal) - Escola B 29

Figura 7 Identificação dos tipos de Célula (vegetal, bacteriana, animal) - Escola C 29

Figura 8 Resultados obtidos na investigação - Identificação do tipo de Célula

Vegetal - Escola B ...........................................................................

30

Figura 9 Resultados obtidos na investigação - Identificação do tipo de Célula

Vegetal - Escola C ............................................................................

30

Figura 10 Resultados obtidos na investigação – Identificação de célula bacteriana -

Escola B ............................................................................................

31

Figura 11 Resultados obtidos na investigação - Identificação de célula bacteriana -

Escola C .............................................................................................

31

Figura 12 Resultados obtidos na investigação - Identificação da célula 3 (animal) -

Escola A ...........................................................................................

32


Escola B ...........................................................................................

32


Escola C ...........................................................................................

33


Escola D ...........................................................................................

33

11

Figura 16 Resultados obtidos na investigação - Identificação de célula 3 (animal) -

Escola E .............................................................................................

34

Figura 17 Resultados obtidos na investigação – Caracterização celular dos

organismos - Escola A .........................................................................

35

Figura 18 Resultados obtidos na investigação - Caracterização celular dos

organismos - Escola B ...........................................................................

35


organismos - Escola C ......................................................................

36


organismos - Escola D .........................................................................

36


organismos - Escola E ........................................................................

37

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ……………………………………………………………… 13

2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA ………………………………….. 16

3 REFERENCIAL TEÓRICO ………………………………………………... 20

3.1 FORMAÇÃO DE PROFESSORES ………………………………………… 20

3.2 A CÉLULA ................................................................................................. 22

4 METODOLOGIA ....................................................................................... 24

5 RESULTADOS .......................................................................................... 26

6 DISCUSSÃO ............................................................................................... 38

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 40

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 42

ANEXOS ............................................................................................................ 45

1 INTRODUÇÃO

O ensino brasileiro, em todos os seus níveis, está passando por transformações face ao

processo de evolução científica e tecnológica mundial. Os alunos já não se “conformam” com

aulas que utilizam apenas quadro e giz como recursos didáticos, nem com informações sem

significado para suas realidades. Os jogos, as cores e as tecnologias são seu objeto de

interesse. Todavia, existem conhecimentos básicos, que não podem ser considerados

obsoletos, especificamente, o conhecimento da célula e seus componentes. No corpo humano

todo seu funcionamento tem por base as células e, além disso, na atualidade, existem várias

doenças que tem seu início a partir de alterações ou anomalias nas mesmas. Sendo assim, as

Ciências não podem ser desenvolvidas no âmbito escolar sem a compreensão deste tema e,

por este motivo, considerou-se de suma importância verificar, nas escolas da cidade de Arroio

Grande - RS, o nível de entendimento dos alunos de cinco escolas sobre os conceitos básicos

envolvidos no assunto.

O conhecimento básico de Biologia Celular é precursor para qualquer entendimento

mais avançado em Ciências Biológicas. Os níveis Fundamental e Médio do sistema de ensino

brasileiro fornecem os conhecimentos essenciais para a formação superior em todas as áreas.

Sendo assim, para aqueles jovens que se direcionarão para a área da saúde ou das ciências

relacionadas ao mundo vegetal e animal, faz-se fundamental o conhecimento básico sobre

células, seus elementos, tipos, funções, entre outras tantas informações. Os PCNs -

Parâmetros Curriculares Nacionais – são norteadores do sistema educacional brasileiro e,

neste, no que se refere às Ciências Naturais, consta:

Para que o aluno compreenda a integridade do corpo, é importante estabelecer

relações entre os vários processos vitais, e destes com o ambiente, a cultura ou a

sociedade. São essas relações que estão expressas na arquitetura do corpo e faz dele

uma totalidade. Discernir as partes do organismo humano é muitas vezes necessário

para entender suas particularidades, mas sua abordagem isolada não é suficiente para

a compreensão da ideia do corpo como um sistema. Portanto, ao se enfocar anatomia

e fisiologia humanas é necessário selecionar conteúdos que possibilitem ao

estudante compreender o corpo como um todo integrado, não como somatório de

partes (PCNs, 1998, p.45).

14

Hoje não se podem conceber jovens que não pesquisem, diretamente na internet,

assuntos que lhes interessam e, as áreas da saúde e ecologia podem fazer parte destes, como:

conhecer os ecossistemas e as alterações sofridas pelo mesmo sob a ação da poluição, ou as

origens de determinadas doenças e como as células reagem nas suas ações. A educação

precisa de educandos pensantes, pesquisadores, que interajam com a Biologia, porém, os

alunos devem ser instigados a esta curiosidade. Será que o professor vem realizando esta

função? Este questionamento também pretende-se responder nesta abordagem.

Face à realidade apresentada, julgou-se fundamental abordar tal tema, verificando se

os métodos de ensino adotados pelos professores de Ciências têm alcançado resultados

positivos junto à classe discente, ou seja, verificar o conhecimento construído por estudantes

do 7º ano de diferentes escolas de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul em relação à

citologia.

Escolheu-se este nível para a realização da presente investigação, por tratar-se de uma

série na qual a grade curricular contém a classificação e características dos seres vivos, vírus,

reino animalia, reino protista, reino monera, reino plantae e reino fungi onde os alunos

conhecem os tipos de células existentes entre outros temas.

Na realização deste trabalho teve-se por objetivo verificar o conhecimento que os

alunos tinham em relação à citologia. O critério de escolha para a localização geográfica

deveu-se ao fato da investigadora residir e trabalhar no município de Arroio Grande/RS,

Brasil. Logo, os resultados obtidos poderiam contribuir para o conhecimento e melhoria do

nível de ensino deste. No que se refere, especificamente, às escolas escolhidas, o motivo foi o

fato da mesma já ter trabalhado e/ou estudado em algumas, possibilitando o conhecimento

prévio da realidade das mesmas. Assim que, a pesquisa foi realizada em cinco escolas, sendo

estas, duas estaduais (A e B), duas municipais (C e D) e uma de ensino privado (E).

Participaram da pesquisa, 88 alunos, com idade entre 11 e 17 anos. A saber:

a) Escola A – com idade entre 12 e 14 anos;

b) Escola B - com idade entre 12 e 16 anos;

c) Escola C - com idade entre 12 e 16 anos;

d) Escola D - com idade entre 12 e 17 anos;

e) Escola E - com idade entre 11 e 12 anos.

A investigação quali-quantitativa, do tipo Estudo de Caso foi realizada com uma

população de 88 alunos, bem como suas responsáveis docentes e supervisão escolar de cada

estabelecimento de ensino pesquisado. Primeiramente foi realizada uma entrevista com os

15

professores a fim de verificar: se os mesmos autorizavam a realização da pesquisa, qual seria

o melhor dia, como os alunos demonstravam interesse pela disciplina de Ciências, como era a

turma com relação à disciplina na Escola, se os mesmos eram interessados e/ou participativos.

O objetivo geral da investigação foi: verificar se os alunos do 7º ano do Ensino

Fundamental de escolas do município de Arroio Grande - RS possuem noções básicas de

concepção de célula. Para tanto definiu-se como objetivos específicos: Observar se os alunos

conhecem as diferentes estruturas celulares; Identificar a que organismo as células pertencem,

vegetal, bacteriana ou animal; Perceber se os estudantes são capazes de identificar a

classificação das células a partir, das estruturas nucleares apresentadas; Avaliar se os alunos

pesquisados são capazes de identificar os elementos das células e por fim, apontar se os

alunos distinguem as características celulares de acordo com o tipo de organismo, enquanto

unicelular, pluricelular ou acelular.

No início da investigação tinha-se por hipótese que os alunos iriam superar as

expectativas de reconhecerem os tipos de células eucarióticas e procarióticas, pois estas são

fundamentais para a identificação dos seres vivos com relação à membrana nuclear.

O trabalho foi dividido em cinco seções. Na primeira, denominada “Caracterização do

Problema” é apresentada a realidade da cidade e das escolas pesquisadas. Na segunda tem-se

o referencial teórico, apresentando as normas que regem o ensino e a formação de

professores, apresentando a realidade da educação brasileira, além dos conceitos investigados

na pesquisa. Na terceira é apresentada a metodologia utilizada na investigação. Na quarta

parte são apresentados os resultados obtidos e, na quinta a discussão dos mesmos, seguida das

considerações finais e referências. Nos anexos são apresentados: o questionário utilizado na

pesquisa, bem como uma representação gráfica das células realizada por um dos alunos que

participou da pesquisa.

2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

A investigação que resultou neste trabalho foi realizada na cidade de Arroio Grande -

RS, localizada à 343 km da capital Porto Alegre, possui uma população de 18.470 habitantes

e os moradores usufruem o nome gentílico de arroio-grandense. No que se refere à economia,

sua renda é baseada na agricultura e pecuária.

Figura 1 - Localização de Arroio Grande - RS

Fonte: IBGE, 20141.

O município é constituído por escolas estaduais, municipais e privadas. Pesquisando

no IBGE2 verificou-se, em termos de educação atuando no nível fundamental, o que se

apresenta nas Figuras 2 e 3.

1 Google mapas. Disponível em: https://www.google.com.br/maps/dir/Pelotas+-+RS/Arroio+Grande,+RS/.

Acesso em 21/08/2014. 2 IBGE. Disponível em:

http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=430130&search=||infogr%E1ficos:-

informa%E7%F5es-completas. Acesso em: 26/07/2014.

17

Figura 2 - Número de Escolas por nível – Arroio Grande - RS – Censo 2010

Fonte: IBGE, 20142

Figura 3 - Número de Docentes por nível – Arroio Grande - RS – Censo 2010.

Fonte: IBGE, 20143.

4 IBGE. Disponível em:

http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/educacao.php?lang=&codmun=430130&search=rio-grande-do-

sul|arroio-grande|infogr%E1ficos:-escolas-docentes-e-matr%EDculas-por-n%EDvel. Acesso em:

19/08/ 2014.

5 Ibidem.

18

Tal realidade corrobora a necessidade de conhecer os resultados da presente

investigação, visto o grande número de escolas de nível fundamental, bem como o número de

professores que atua neste nível. Julga-se importante ainda comparar os resultados

encontrados com outras investigações já realizadas.

Acredita-se que alunos do nível Fundamental que estudam nas Escolas de Arroio

Grande - RS, não apresentam conhecimentos básicos ao se tratar do tema “célula”. Outras

pesquisas já foram realizadas abordando o mesmo tema, porém, com alunos do Ensino Médio.

Salienta-se a investigação realizada por Manzke (2011) na cidade de Pelotas - RS, localizada

há 96,4 km de Arroio Grande - RS4.

Manzke (2011, p.45) em sua investigação buscou conhecer a concepção de citologia

trazida por estudantes egressos do Ensino Fundamental (anos finais) que chegam ao Ensino

Médio de escolas públicas de Pelotas - RS. A autora percebeu com este estudo que os alunos

do 1º ano do Ensino Médio, na sua grande maioria, não apresentavam conhecimento correto

sobre a composição dos seres vivos de acordo com o número de células que o compõem. Os

estudantes que resolveram o exercício proposto reconheceram com maior facilidade os

indivíduos pluricelulares, enquanto que os unicelulares e acelulares, não tiveram um

percentual muito grande de acertos.

Assim, os resultados obtidos poderão ser referência para novos investimentos em

termos de formação docente e discente neste município.

Partindo para a macro análise, a educação no Brasil apresenta diferentes realidades

quanto ao nível de educação superior (onde situam-se os professores de Ciências, um dos

focos da presente investigação - Figura 4). Por isso, fez-se necessária a especificação relativa

à localização geográfica e temporal.

6 Disponível em: https://www.google.com.br/maps/dir/Pelotas+-+RS/Arroio+Grande,+RS/. Acesso em:

21/08/2014.

19

Figura 4 - Pessoas de 10 anos ou mais de idade, por nível de Instrução

– Superior Completo – Brasil – Censo 2010

Fonte: IBGE (1), 20144.

No referencial teórico, julgou-se ainda conveniente apresentar alguns conceitos

básicos que fazem parte da análise dos resultados da investigação.

7 IBGE. Disponível em:

http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/educacao.php?lang=&codmun=430130&search=rio-grande-do-

sul|arroio-grande|infogr%E1ficos:-escolas-docentes-e-matr%EDculas-por-n%EDvel. Acesso em:

19/08/ 2014.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 FORMAÇÃO DE PROFESSORES

A Ciência é uma disciplina que pode ser muito interessante, despertando motivação e

curiosidade entre os jovens. Porém este comportamento tem relação direta com a ação

docente. Os professores de Ciências do Ensino Fundamental, anos finais, devem dar aulas

motivadoras, através de pesquisas, experiências e aulas práticas fazendo com que o aluno se

sinta valorizado ao participar das mesmas, instigando-os, desta maneira, à curiosidade e o

desenvolvimento de novas atividades. Ferrari (2011) ao comentar sobre a obra de Paulo Freire

(1987) intitulada Pedagogia do Oprimido, declarou que:

Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos

alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é,

as "escolas burguesas"), que ele qualificou de educação bancária. Nela, segundo

Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas

receptivo, dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se

julgam seus detentores. Trata-se, para Freire, de uma escola alienante, mas não

menos ideologizada do que a que ele propunha para despertar a consciência dos

oprimidos. "Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a

curiosidade, o espírito investigador, a criatividade", escreveu o educador. Ele dizia

que, enquanto a escola conservadora procura acomodar os alunos ao mundo

existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los5.

Desta forma, na prática e principalmente, na formação docente deve-se tomar cuidado

para que realmente os alunos “construam o conhecimento”.

Rovazolo (2008, p.781) em sua prática de ensino aplicou uma proposta didática

objetivando, ao mesmo tempo, fazer emergir as concepções dos alunos sobre a construção do

conceito de célula e propiciar a evolução do mesmo. O estudo foi realizado com alunos da 7ª

8FERRARI, Márcio; Paulo Freire. Disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/paulo-

freire-300776.shtml. Acesso em: 21/08/2014.

21

série durante três semanas, por três horas/aula cada. Nesse processo, a metodologia utilizada

na coleta de dados foi à aplicação de um pré-teste referente ao conceito célula, um pós-teste

quatro semanas após o início da aplicação da proposta didática, a utilização de desenhos

representativos do conceito e a análise por comparação entre esses instrumentos propostos.

Com os resultados pretendeu-se abarcar a construção do conhecimento referente a esta noção,

se houve evolução nas pré-concepções destes alunos durante este período ou não. Algumas

perguntas relacionadas a assuntos, como reprodução e organismo unicelular tiveram maior

porcentagem de respostas erradas, por exigirem um grau de interpretação maior, enquanto

outros, como nutrição teve um melhor entendimento. Os resultados indicaram que houve

assimilação e mudança conceitual para alguns alunos, e outros permaneceram com as

concepções anteriores a abordagem do assunto em sala de aula, sendo algumas diferentes do

conhecimento científico aceito.

A definição dos métodos de ensino adequados para cada conteúdo depende do tipo de

formação do professor, que ministra as aulas, e seu processo de atualização. Este profissional

deve, permanentemente, aperfeiçoar seus conhecimentos, buscar novas técnicas de ensino-

aprendizagem, além do uso de novos recursos didáticos. Esta possibilidade torna-se real

quando os mesmos participam do processo de formação continuada, possibilitada pelas redes

de ensino brasileiras. Com relação à formação de professores de Ciências e Biologia, relata

Leite (2010, p.4-52):

Existem muitas pesquisas relacionadas à formação continuada em comparação com

as que se voltam à formação inicial, e que a tendência reflexiva dessa formação é a

orientação de quase todos os artigos, o que indica, portanto uma superação da

tendência tecnista nas produções da pesquisa sobre a formação de professores.

A partir dos dados encontrados e da análise e discussão pode-se perceber que em

quase todos os artigos havia a preocupação com o processo reflexivo tanto na

formação inicial como na formação continuada. Nos dados encontrados nos resumos

dos artigos sobre a formação de professores reforçam a ideia de que ainda há maior

preocupação e investimento na formação continuada, portanto precisa-se de maiores

pesquisas e investimento na formação inicial.

Assim, é conveniente destacar a importância da formação dos professores de Ciências.

Segundo Araújo e Vianna (2011) existem alunos nos cursos de Licenciatura em Ciências que

não tem ponderado a possibilidade de atuar na Educação Básica, consideradas as más

condições encontradas nas salas de aula.

22

Nos Centros de Biologia, Institutos de Física, Departamentos de Matemáticas,

Escolas de Química, Faculdades de Educação e Centros de Formação de Professores

é possível encontrar estudantes de licenciatura que não desejam atuar na Educação

Básica. Concursos para diversas carreiras, mestrados e outros cursos de graduação

estão se tornando rotas de fuga que os licenciados têm para escapar das más

condições encontradas nas salas de aula da Educação Básica.

Assim, mesmo que o país consiga ofertar, no Ensino Superior, o total de vagas

estimadas nesse trabalho, o Brasil continuará sem professores nas quantidades e

qualidades necessárias, se as condições que levam os licenciados a evadirem as salas

de aula da Educação Básica não forem alvo de ações contundentes. Assim, alerta-se

que são necessárias, no âmbito das políticas educacionais, reflexões sobre os

caminhos adotados para a solução da carência de professores, pois corre-se o risco

de se perder não somente os esforços e investimentos no Ensino Superior, mas

também a oportunidade de se construir, para a próxima geração, uma educação de

qualidade e, consequentemente, um país melhor (ARAÚJO; VIANNA, 2011, p.75).

Tal realidade deve ser alterada e cabe às coordenações dos Cursos de Pós-graduação e

Licenciatura em Ciências tentarem modificá-la e aos governos federal, estadual e municipal

valorizar a profissão do professor em nível de salários dignos da importância de sua ação

social.

Considerando ainda o foco da investigação deve-se discorrer sobre alguns conceitos básicos

relacionados à citologia, como consta a seguir.

3.2 A CÉLULA

Para que possa entender os conceitos relacionados ao tema “célula” é fundamental que

se tenha conhecimentos básicos na área da citologia.

A citologia é o ramo da biologia que trata do estudo da célula e suas funções

bioquímicas entre outras. Suas origens remontam à primeira descrição celular feita

por Robert Hooke em 1665, mas somente um século depois com o aperfeiçoamento

do microscópio é que a citologia pôde se desenvolver. A célula é a menor unidade

morfológica dos seres vivos que possui todas as características fundamentais à vida6.

Existem vários tipos de células, tais como a célula animal e a vegetal. Há certas estruturas

que são comuns a esses dois tipos de célula e certas estruturas que são específicas para cada um

9 QI Educação Citologia. Disponível em: www.qieducacao.com/2010/04/citologia.htm/. Acesso em:

27/06/2014.

23

desses tipos. Segundo Paulino (2005), os diferentes tipos de seres vivos apresentam uma

espetacular diversidade de células, que exibem uma grande variedade de formas, tamanhos e

funções. Paulino (1992) em sua obra declara que:

A célula é a menor unidade de um ser vivo. Robert Hooke ao analisar um pedaço de

cortiça em seu microscópio primitivo chamou de “célula” os pequenos espaços

vazios que ele observou. Na verdade, o que ele observou eram espaços cheios de ar

de células mortas que conservavam apenas suas espessas paredes, mas o nome

“célula” permaneceu por consagração científica (PAULINO, 1992, p.32).

Apesar de toda essa diversidade, podem-se reconhecer em termos estruturais, apenas

dois tipos básicos de padrões celulares: as células procariotas (ou procarióticas) e as células

eucariotas (ou eucarióticas). Segundo Linhares (2005, p.105):

Os procariontes ou protocariontes (proto = primitivo; cario = núcleo) são

unicelulares e têm a estrutura celular mais simples, sem núcleo individualizado. Na

célula procariótica o material genético não está envolvido nem separado do

citoplasma por membrana nuclear (carioteca; teca = involucro). São representados

pelas bactérias, nas quais estão incluídas as algas azuis ou cianofíceas (hoje

denominadas cianobactérias) e os micoplasmas, grupo de bactérias sem parede

celular A estrutura celular dos eucariontes (eu = verdadeiro) é mais complexa. A

célula eucariótica apresenta núcleo - o material genético está separado do citoplasma

por uma membrana nuclear- e outras estruturas que não aparecem nos procariontes.

Alguns seres vivos, como os protozoários, algumas algas e certos fungos, são

unicelulares; outros, como os animais, as plantas e os fungos em geral, são

pluricelulares.

Existem seres vivos que não são formados por células, ou seja, acelulares,

especificamente, os vírus. Em Só Biologia7 consta que: vírus são seres muito simples e

pequenos (medem menos de 0,2 µm), formados basicamente por uma cápsula proteica

envolvendo o material genético, que, dependendo do tipo de vírus, pode ser o DNA, RNA ou

os dois juntos (citomegalovírus).

Em suma, esses foram os conceitos envolvidos na investigação de forma direta,

conforme apresentado no anexo.

10

Só Biologia. Disponível em: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Seresvivos/Ciencias/biovirus.php/.

Acessa em: 12/07/2014.

4 METODOLOGIA

O questionário foi elaborado configurando-se como pesquisa quantitativa a fim de

verificar o nível de compreensão sobre célula que os alunos apresentavam e avaliando se a

concepção que os mesmos têm estaria de acordo com o conteúdo trabalhado. Conhecer o nível

de conhecimento destes é importante, pois desta forma poder-se-ia rever a maneira de alguns

professores desenvolverem suas aulas.

Os alunos pesquisados apresentavam idades entre 12 e 17 anos conforme relatado

anteriormente, dentre estes alguns com déficit de aprendizagem. No ato da aplicação dos

questionários todos os alunos estavam presentes, com exceção da Escola E. No processo

investigativo, no seu início, antes de ser entregue o questionário para os mesmos, foi

explicada a importância e o objetivo da pesquisa.

Os questionários foram formulados de maneira que os alunos demonstrassem através de

desenho, o conhecimento que os mesmos possuem com relação às células. Além disso, foram

apresentadas imagens, as quais os mesmos deveriam escrever a que organismo e classificação

pertenciam. O questionário da pesquisa foi estruturado em três tipos de exercícios (ver

anexos). No exercício um, o aluno deveria considerar a estrutura celular dos diferentes

organismos vivos existentes, representando esquematicamente células que ocorrem nestes

seres. No exercício dois foram apresentados esquemas de três diferentes tipos de células de

distintos organismos vivos. Os alunos deveriam identificar a que organismo pertencia, sua

classificação, considerando a presença de estrutura nuclear e as estruturas que eram indicadas

por setas no desenho. No exercício três, deveriam marcar com um “x” a característica celular

dos seres vivos indicados conforme consta no anexo.

Além disso, foram analisados os PPPs (Projetos Político-Pedagógicos) das Escolas no

que se referem ao tema Ciências Naturais. Segundo Labor Institucional (2014):

25

Nos últimos anos, principalmente após a promulgação da LDB (Lei Federal nº

9.394, 20/12/1996), se intensificou a discussão em torno do Projeto Político

Pedagógico (PPP) ou Proposta Pedagógica para a escola. Nas leis federais e

estaduais sobre educação, usam-se vários termos para indicar esse documento:

Proposta Pedagógica, Plano Pedagógico, Projeto Pedagógico e - o mais usado -

Projeto Político Pedagógico, apelidado entre os técnicos de educação de "PPP".

Esses termos todos designam um mesmo sentido de projetar: orientar-se antes de se

lançar; criar caminhos e agir em um processo intencional com base na reflexão sobre

as concepções e ações do presente8.

A análise do PPP poderia fornecer respostas aos resultados encontrados bem como

verificar a importância dada à abordagem do tema pela escola.

11

O que é Proposta Pedagógica ou Projeto Político. Disponível em: www.labor.org.br/pt-br/gestao-participativa-

8.asp. Acesso em: 12/07/2014.

5 RESULTADOS

Analisando a documentação fornecida pelas Escolas verificaram-se os seguintes

resultados:

a) Na Escola A, o PPP discorre sobre o ensino de Ciências declarando como

objetivo: que o aluno seja capaz de identificar relações entre conhecimento

científico, produção de tecnologia e condições de vida, no mundo de hoje e em sua

evolução histórica, além de compreender a tecnologia como meio para suprir

necessidades humanas, sabendo elaborar juízo sobre riscos e benefícios das práticas

científico-tecnológicas;

b) Na Escola B, o ensino das Ciências para o aluno tem por objetivo fazer o mesmo

“reconhecer-se integrante do ambiente, compreendendo a inter-relação entre seus

elementos, nas dimensões ecológica, social e política, enquanto coparticipante do

processo de melhoria da qualidade de vida”;

c) De acordo com o PPP da Escola C, o aluno deve interessar-se pelo método

científico, e, com relação ao ensino das ciências naturais deve saber utilizar

conceitos científicos básicos, associados à energia, à matéria, à transformação, ao

espaço, ao tempo, ao sistema, ao equilíbrio e à vida;

d) Na escola D, a disciplina de Ciências tem por objetivo investigar e explicar os

fatos que ocorram no meio ambiente e a diversidade dos seres vivos, utilizando estes

aprendizados para conhecer o mundo em que está inserido;

e) Na escola E, o PPP destaca que o aluno deve interessar-se pelo método

científico, e, com relação ao ensino das ciências naturais deve saber utilizar

conceitos científicos básicos, associados à energia, à matéria, à transformação, ao

espaço, ao tempo, ao sistema, ao equilíbrio e à vida.

Com relação aos conteúdos do 7º ano, todas as escolas possuem o mesmo objetivo e

conteúdo, que é estudar a classificação e as características dos seres vivos, vírus, reino dos

protistas, reino dos fungos, reino dos moneras e reino plantae.

Antes de realizar a pesquisa, acreditava-se que a maioria dos alunos conseguiria

identificar as células de acordo com a estrutura celular dos seres vivos, pois este conteúdo é

trabalhado nas séries finais.

Na Escola A (53 professores e 930 alunos) participaram vinte e seis alunos. Estes eram

agitados, porém educados, bem curiosos, fizeram muitas perguntas, queriam saber se a

investigadora iria voltar mais vezes e relataram gostar muito de realizar a pesquisa. Alguns se

27

lembravam de ter estudado o conteúdo, outros não. A professora falou que o tema abordado

não era bem trabalhado, mas que iria retomar o conteúdo.

Na Escola B (41 professores e 554 alunos) participaram 19 alunos. Os mesmos,

segundo a professora, têm dificuldade na aprendizagem, vivenciaram o fracasso escolar,

oriundos de várias escolas e alguns têm idade superior à faixa etária da turma. Este grupo

apresenta distorção idade/série, alguns são moradores da zona rural, com pouco interesse em

conteúdos escolares, apresentam problemas familiares e pertencem a uma turma que teve

origem no ano de 2012 com alunos vindos de várias escolas. Foi declarado ainda que alguns

alunos são obrigados pela lei ou pelos pais a estarem frequentando a escola, por este motivo

não frequentam diariamente, mesmo recebendo a FICAI9 – Ficha de Comunicação do Aluno

Infrequente.

Na Escola C (18 professores e 170 alunos), participaram 18 alunos. A docente

classificou-os como bem ativos, curiosos, alguns desinteressados e outros querendo saber

quando eu voltaria novamente.

Na Escola D (422 alunos e 44 professores) participaram 22 alunos. Segundo a

professora da turma, agitados, alguns repetentes, não muito interessados, queriam saber se a

atividade seria avaliada, se podiam olhar no caderno, ou seja, ficaram bastante nervosos.

Porém, quando foi explicada a finalidade da pesquisa, eles realizaram tranquilamente, e

perguntaram se a pesquisadora voltaria mais vezes. Percebeu-se que a maioria dos alunos se

mostrou bem interessada em realizar a atividade.

Na Escola E (8 professores e 107 alunos) participaram três estudantes de uma turma

composta por apenas cinco alunos. A educadora os caracterizou como calmos observadores e

curiosos. Durante a investigação quiseram olhar no livro para desenvolver o questionário, pois

já haviam esquecido o que tinha sido trabalhado pela professora. Ficaram um pouco nervosos,

mas a investigadora buscou acalmá-los, dizendo que era um trabalho para sua conclusão da

Especialização e por isso poderiam ficar tranquilos porque sua professora ou eles não seriam

penalizados caso os resultados não fossem positivos.

9 Segundo o site da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul (2014): FICAI é um instrumento que existe

desde 1997, reunindo diferentes instâncias (Governo do Estado, Prefeituras, Ministério Público, Conselhos

Tutelares, Conselhos Setoriais) que visa ao acompanhamento da situação de alunos infrequentes e o seu resgate

às salas de aula .

28

No que se refere aos resultados obtidos na aplicação dos questionários obtiveram-se

resultados semelhantes, porém para que se pudesse melhor analisar a realidade percebida

decidiu-se por fazer uso de gráficos. A seguir os resultados, gráficos e interpretação dos

mesmos serão apresentados.

Especificamente verificou-se que com relação ao exercício 1, a maioria dos alunos (97%)

não conseguiu esquematizar a estrutura celular conforme apresentado na Figura 5. Numa

população de oitenta e oito alunos, apenas três representaram as diferentes estruturas celulares

existentes. Desta forma, vista a realidade percebida, julgou-se conveniente apresentar os resultados

obtidos nas cinco escolas em um único gráfico (Figura 5).

Figura 5 - Esquematização da célula - Identificação da estrutura dos

diferentes organismos vivos (Resultado geral)

Já no exercício 2, considerou-se relevante analisar apenas a questão (a), visto que a

mesma tinha por objetivo perceber se o estudante seria capaz de identificar a que organismo

pertencia cada uma das células apresentadas, as quais eram: célula 1 (vegetal), célula 2

(bacteriana) e célula 3 (animal). Os resultados obtidos são apresentados nas Figuras 6 e 7,

visto que em apenas duas escolas (B e C) obtiveram-se resultados positivos. Maiores detalhes

são apresentados nas Figuras de 06 a 11.

3%

97%

sim

não

29

.

Figura 6 - Identificação dos tipos de Célula (vegetal, bacteriana,

animal) - Escola B

Figura 7 - Identificação dos tipos de Célula (vegetal, bacteriana,

animal) - Escola C

5%

95%

Identif. (a)

Não Identif. (a)

33%

67%

Identif. (a)

Não Identif. (a)

30

Figura 8 - Resultados obtidos na investigação - Identificação do tipo de

Célula Vegetal - Escola B

Figura 9 - Resultados obtidos na investigação - Identificação do tipo de

Célula Vegetal - Escola C

5%

95%

Identif. (a)

Não Identif. (a)

6%

94%

Identif. (a)

Não Identif. (a)

31

Figura 10 - Resultados obtidos na investigação – Identificação de

célula bacteriana - Escola B

Figura 11 - Resultados obtidos na investigação - Identificação de

célula bacteriana - Escola C

No que se refere ao exercício 2, questão (a), onde entre outras verificações, o aluno

deveria identificar o tipo de célula animal (célula 3), poucos alunos identificaram. Nas escolas

A, B e D - um aluno, na escola C - seis alunos e escola E - dois alunos. Para melhor

interpretação tais resultados foram representados na forma gráficos (Figuras 12, 13, 14, 15 e

16), os quais são apresentados a seguir.

5%

95%

Identif. (a)

Não Identif. (a)

11%

89%

Identif. (a)

Não Identif. (a)

32

Figura 12 - Resultados obtidos na investigação - Identificação da

célula 3 (animal) - Escola A


célula 3 (animal) - Escola B

4%

96%

Identif. (a)

Não Identif. (a)

5%

95%

Identif. (a)

Não Identif. (a)

33


célula 3 (animal) Escola C


célula 3 (animal) - Escola D

33%

67%

Identif. (a)

Não Identif. (a)

5%

95%

Identif. (a)

Não Identif. (a)

34

Figura 16 - Resultados obtidos na investigação - Identificação de

célula 3 (animal) - Escola E

O exercício 3 tratava da caracterização celular. Foram apresentados diferentes

organismos, que os alunos deveriam identificar como unicelulares, pluricelulares ou

acelulares .Os resultados obtidos nas escolas A, B, C, D e E foram diversos e encontram-se

representados na forma de gráficos conforme a seguir apresentados (Figuras 17, 18, 19, 20 e

21).

40%

60%

Identif. (a)

Não Identif. (a)

35

Figura 17 - Resultados obtidos na investigação – Caracterização

celular dos organismos - Escola A

Figura 18 - Resultados obtidos na investigação - Caracterização celular

dos organismos - Escola B

13%

9%

5%

15%

9%11%

4%

6%

7%

8%

13%Fungo(Mofo)

Angiospermas(Goiabeira)

Protozoários(Ameba)

Formiga(inseto)

Algas azuis

Pulga(inseto)

Pteridófitas(Samambaia)

Vírus(Bacteriófago)

Bactéria(E. coli)

Piolho(inseto)

Mosquito(inseto)

8%

8%

13%

9%

8%

10%

9%

8%

7%

8%

12%

Fungo(Mofo)



Formiga(inseto)

Algas azuis

Pulga(inseto)



Bactéria(E. coli)

Piolho(inseto)

Mosquito(inseto)

36


dos organismos - Escola C


dos organismos - Escola D

21%

17%

8%

7%

7%

13%

4%

4%

6%

7%

6%

Fungo(Mofo)



Formiga(inseto)

Algas azuis

Pulga(inseto)



Bactéria(E. coli)

Piolho(inseto)

Mosquito(inseto)

12%

10%

2%

8%

11%

9%9%

16%

9%

6%

8% Fungo(Mofo)



Formiga(inseto)

Algas azuis

Pulga(inseto)



Bactéria(E. coli)

Piolho(inseto)

Mosquito(inseto)

37

Figura 21- Resultados obtidos na investigação - Caracterização celular

dos organismos - Escola E

Analisando as Figuras 17, 18, 19, 20 e 21, pode-se perceber que poucos alunos

conseguiram identificar as características celulares dos organismos apresentados. Desta

forma, avaliou-se-que os mesmos realizaram escolhas aleatórias, e não resultante do

conhecimento construído.

É importante salientar ainda que, nenhum aluno da população pesquisada identificou a

classificação referente à presença de estrutura nuclear (exercício 2, questão b).

15%

7%

15%

8%

8%

0%

8%

8%

8%

15%

8% Fungo(Mofo)



Formiga(inseto)

Algas azuis

Pulga(inseto)



Bactéria(E. coli)

Piolho(inseto)

Mosquito(inseto)

6 DISCUSSÃO

Julgou-se fundamental apresentar algumas considerações específicas a respeito dos

resultados encontrados. Assim que, a seguir, estas são apresentadas.

Ao analisar os resultados obtidos percebeu-se que os alunos conseguiram identificar

membrana plasmática, citoplasma, núcleo, mas não conseguiram identificar a parede celular

(exercício 2, questão c), embora a mesma faça parte da mesma área do conhecimento. Logo

julgou-se não confiáveis as respostas assinaladas, se considerado o conhecimento dos alunos a

respeito do tema abordado. Por esse motivo sugerem-se futuros estudos, a fim de determinar a

causa de tais fenômenos.

Percebeu-se que os resultados encontrados diferem da experiência realizada por

Rovazolo (2008), apresentada no item 2. Neste experimento, mesmo não havendo uma

abordagem inicial sobre o tema, alguns alunos alcançaram resultados positivos, comprovando

que o método de ensino adotado pelos docentes permitiu que, pelo menos, parte dos

conteúdos fossem lembrados pelas crianças.

Ainda na análise dos resultados obtidos nesta investigação, ao considerá-los uma

amostra do que ocorre no sétimo ano das escolas de Ensino Fundamental do Sul do Rio

Grande do Sul pode-se chegar a outro diagnóstico. Se comparar-se a mesma, à pesquisa

realizada por Manzke (2011) referida no item 1.2, poder-se-á supor que os resultados por ela

encontrados, nos quais, os alunos não apresentavam conhecimento correto sobre a

composição dos seres vivos de acordo com o número de células que o compõem, pode ter sua

causa no conhecimento que não foi construído no sétimo ano do Ensino Fundamental.

No que se refere ao corpo docente, antes e após a apresentação dos resultados aos

professores de Ciências responsáveis pelas turmas foram observadas algumas reações. Todos

enalteceram a iniciativa da pesquisa, reagindo de maneira interessada, participativa,

declarando que era um assunto de extrema importância tanto para as escolas, como para os

39

alunos, e que o conhecimento do resultado final da pesquisa, proporcionaria a busca por novas

formas de ensinar, caso o resultado não fosse satisfatório. Depois de conhecer os resultados, a

professora da escola “E” declarou que “iria retomar o conteúdo, pois o mesmo tinha sido

trabalhado no início do bimestre e no livro não havia muitas informações”. Declarou ainda

que, como já estava terminando o conteúdo programático, a mesma iria trabalhar mais

detalhadamente o assunto citologia, por ser de extrema importância. Suas reações demonstram

a preocupação com uma formação contínua e abrangente de acordo com o pensamento de

Paulon, et al (2007, p.21) que declararam:

A formação do professor deve ser um processo contínuo, que perpassa sua prática

com os alunos, a partir do trabalho transdisciplinar com uma equipe permanente de

apoio. É fundamental considerar e valorizar o saber de todos os profissionais da

educação no processo de inclusão. Não se trata apenas de incluir um aluno, mas de

repensar os contornos da escola e a que tipo de Educação estes profissionais têm se

dedicado. Trata-se de desencadear um processo coletivo que busque compreender os

motivos pelos quais muitas crianças e adolescentes também não conseguem um

“lugar” na escola.

Desta maneira, avaliou-se que, os professores perceberam que é extremamente

importante trabalhar mais detalhadamente a temática “concepção de citologia” e que, até

aquele momento, o tema não havia sido abordado como realmente deveria. Felizmente, tais

profissionais reagiram de acordo com o que Freire (1987, p.45) defendia, qual seja, “a

educação deve ter a intenção de inquietar”.

Por fim, foi possível deduzir que, no ambiente pesquisado, independente das escolas

serem municipais, privadas ou estaduais, os resultados, obtidos a partir da aplicação do

questionário, foram negativos, vista a baixa porcentagem de acerto em cada questão proposta.

Ou seja, na população investigada, o conhecimento a respeito de concepção de célula ainda

não foi totalmente construído.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acredita-se que esta pesquisa, realizada na cidade de Arroio Grande - RS e que

abordou o tema “concepção de célula” foi de extrema importância tanto para os estudantes do

7º ano do ensino fundamental quanto para os professores responsáveis pelos mesmos.

Os resultados demonstraram que:

a) o método de investigação utilizado foi eficiente;

b) os alunos pesquisados, do 7º ano do Ensino Fundamental de escolas do município

de Arroio Grande - RS, em sua maioria não apresentam noções básicas de concepção de

célula;

c) poucos alunos conhecem as diferentes estruturas celulares;

d) somente os alunos das escolas B (estadual) e C (municipal) conseguiram

identificar a que organismo as células pertenciam (vegetal, bacteriana ou animal);

e) nenhum estudante foi capaz de identificar a classificação das células a partir, das

estruturas nucleares apresentadas;

f) poucos alunos pesquisados foram capazes de identificar os elementos das células,

independente do tipo de escola (municipal, estadual ou particular) e por fim,

g) não é possível, apontar se os alunos distinguiram as características celulares de

acordo com o tipo de organismo, enquanto unicelular, pluricelular ou acelular, se comparadas

as respostas fornecidas pelos mesmos em outras questões dos exercícios propostos.

Pode-se deduzir ainda que, durante e após a realização da investigação os discentes

passaram, a saber, se apresentavam um conhecimento básico com relação ao tema trabalhado

ou não.

Em relação aos professores, percebeu-se que, conhecido o resultado da investigação,

eles verificaram que deveriam trabalhar os conteúdos de citologia fazendo uso de diferentes

metodologias ainda não utilizadas buscando alcançar melhores resultados.

41

Sugere-se que: as Supervisões Pedagógicas das escolas pesquisadas tenham

conhecimento dos resultados obtidos e busquem novos procedimentos, no processo de ensino-

aprendizagem, a fim de que seus estudantes obtenham conhecimentos básicos e fundamentais

no estudo da citologia, e que tal investigação seja também realizada com os mesmos alunos

no 8º ano, a fim de verificar se as deficiências encontradas serão corrigidas.

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matemática na Educação Básica e a ampliação das vagas no Ensino Superior. Disponível

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43

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__________ (1). Disponível em:

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MANZKE, Gabriela Rodrigues. Concepção de célula por alunos egressos do Ensino

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Especialista em Ciências e Tecnologias de Educação do Instituto Federal de Educação,

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PAULINO, R. Wilson. Biologia Atual - Citologia, Histologia. 1 vol. 8. ed. São Paulo: Ática,

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44

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http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Seresvivos/Ciencias/biovirus.php/. Acesso em:

12/07/2014.

45

ANEXOS

46

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO SUL-RIOGRANDENSE-CAMPUS

PELOTAS-VISCONDE DA GRAÇA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO

PROJETO CONCEPÇÃO DE CÉLULAS POR ESTUDANTES

DO 7º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

ARROIO GRANDE/2013

Querido estudante!

Este projeto tem por objetivo conhecer a realidade do ensino de citologia no ensino

fundamental. Tua participação é fundamental para que se possam produzir novas propostas

metodológicas visando à melhoria deste nível de ensino.

Solicito a vocês o preenchimento do cabeçalho corretamente e a resolução de todos os

exercícios propostos.

Agradeço pela tua colaboração.

Nome do aluno: __________________________________________

Escola: __________________________________________ Turma: ______ Idade: ___

Município de origem: _________________

A escola de origem pertence à rede: ( ) pública ( ) municipal ( ) estadual

( ) confessional

( ) privada

Exercício 1 – Considerando a estrutura celular dos diferentes organismos vivos existentes,

representa, esquematicamente, células ocorrentes nestes seres:

47

Exercício 2 – Os esquemas abaixo representam células de três diferentes organismos vivos.

Identifica:

a) a que organismo pertence cada uma delas;

b) sua classificação considerando a presença de estrutura nuclear;

c) as estruturas indicadas pelas setas

48

a) Organismo: ____________________

b) classificação ___________________

a) Organismo:________________

b) classificação: ______________

Célula 1

Célula 2

a) Organismo: ________________

b) Classificação __________

Citoplasma

Núcleo

Membrana Plasmática

Célula 3

49

3 – Marca com um “X”, nas colunas 2, 3, 4, a característica celular do ser indicado na coluna

1:

1 - Organismo 2 - Unicelular 3 - Pluricelular 4 - Acelular

Fungo (Mofo)

Angiospermas (Goiabeira)

Protozoário (Ameba)

Formiga (inseto)

Algas azuis

Pteridófitas (Samambaia)

Pulga (inseto)

Vírus (Bacteriófago)

Bactéria (E. coli)

Piolho (Inseto)

Mosquito (inseto)

50

Representação Gráfica realizada por um aluno.

AMANDA MACHADO CAETANO CONCEPÇÃO DE CÉLULAS POR …

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