Aluno (a): - COPE Nexus · 2016. 6. 16. · No sentido literal, a distância que separa um camarote...

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1 A SUBJETIVIDADE/ABSTRAÇÃO DOS TEMAS X A OBJETIVIDADE DA DISSERTATAÇÃO-ARGUMENTATIVA MUITA ATENÇÃO!!! O tema da FUVEST todo ano é CONCEITUAL e pede do vestibulando uma visão crítica e realista sobre os fatos Históricos e EVENTOS ATUAIS. • Vale ressaltar, a FUVEST não pede que o aluno fique filosofando ou teorizando, mas que aprofunde o tema com visão crítica e realista. • A FUVEST aponta um conceito e ludibria o aluno desavisado. O que ela quer é que o aluno encontre um exemplo na realidade concreta para o Conceito. • Exemplo, se o tema é "CAMAROTIZAÇÃO" ela quer que aluno discuta e aponte exemplos como "rolezinhos", ou "Gentrificação", ou "o Advento de Camarotes em Baladas e Estádios", para mostrar concretamente como tal fenômeno acontece na realidade. • Ou mesmo o tema de 2017, em que há várias formas concretas de mostrar que o Homem não saiu da Menoridade Intelectual, pelo comodismo a que se encontra pelo uso viciado das Mídias, ou pelo Analfabetismo Político de não saber quais direitos tem em uma sociedade dita democrática, ou por "preguiça" de ler, ou por "covardia" em não buscar caminhos menos intolerantes em uma sociedade em transformação. • São exemplos, o aumento da intolerância, discriminação de gênero e racismo, nos últimos anos. Cabe aos vestibulando, portanto, mostrar, efetivamente, que o homem não saiu da Menoridade Intelectual citada pelo iluminista prussiano. LISTA PAULISTAS PROFESSORA: KARLA BÁRBARA Aluno (a): __________________________________________________________________________________________________________________________________

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    A SUBJETIVIDADE/ABSTRAÇÃO DOS TEMAS X A OBJETIVIDADE DA DISSERTATAÇÃO-ARGUMENTATIVA

    MUITA ATENÇÃO!!!

    • O tema da FUVEST todo ano é CONCEITUAL e pede do vestibulando uma visão crítica e realista sobre os fatos Históricos e EVENTOS

    ATUAIS.

    • Vale ressaltar, a FUVEST não pede que o aluno fique filosofando ou teorizando, mas que aprofunde o tema com visão crítica e realista.

    • A FUVEST aponta um conceito e ludibria o aluno desavisado. O que ela quer é que o aluno encontre um exemplo na realidade concreta

    para o Conceito.

    • Exemplo, se o tema é "CAMAROTIZAÇÃO" ela quer que aluno discuta e aponte exemplos como "rolezinhos", ou "Gentrificação", ou "o

    Advento de Camarotes em Baladas e Estádios", para mostrar concretamente como tal fenômeno acontece na realidade.

    • Ou mesmo o tema de 2017, em que há várias formas concretas de mostrar que o Homem não saiu da Menoridade Intelectual, pelo

    comodismo a que se encontra pelo uso viciado das Mídias, ou pelo Analfabetismo Político de não saber quais direitos tem em uma

    sociedade dita democrática, ou por "preguiça" de ler, ou por "covardia" em não buscar caminhos menos intolerantes em uma sociedade em

    transformação.

    • São exemplos, o aumento da intolerância, discriminação de gênero e racismo, nos últimos anos. Cabe aos vestibulando, portanto, mostrar,

    efetivamente, que o homem não saiu da Menoridade Intelectual citada pelo iluminista prussiano.

    LISTA PAULISTAS PROFESSORA: KARLA BÁRBARA

    Aluno (a): __________________________________________________________________________________________________________________________________

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    FUVEST/2015

    Elitização perniciosa No sentido literal, a distância que separa um camarote do público em geral é de apenas alguns metros. Contudo, tal

    disposição dos espaços assume a conotação de um abismo social. O acesso das camadas mais populares ao que antes era exclusivo da elite potencializou o fenômeno da “camarotização” no Brasil. A aversão à mistura é resultado de um histórico de desigualdade social no país. Dessa maneira, é pertinente inferir que a segregação dos ambientes revela o anseio por distinções em uma sociedade carregada de notória estratificação social e esvaziada de democracia.

    Cunhado pelo filósofo político americano Michael Sandel e traduzido do inglês “skyboxfication”, o neologismo está associado a outros três termos no contexto brasileiro: distinção, desigualdade e segregação. O impulso de distinção diz respeito a se apresentar ao mundo pelo consumo, de forma a se diferenciar. Já a desigualdade e a segregação são crônicas no país,

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    retratadas, inclusive, em clássicos literários, como “Casa-grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, e “Raízes do Brasil”, o historiador Sérgio Buarque de Holanda, ambos ilustrando uma constante ruptura da isonomia.

    Todavia, os recentes avanços na distribuição de renda agregaram novos componentes aos conflitos entre classes. O acesso de estratos sociais e nos abastados a aeroportos, shoppings e a bairros nobres através do metrô diverge dos interesses daqueles que já usufruíam dessas vantagens. Esses indivíduos buscam preservar seus ambientes porque não os entendem como privilégios, mas como consequência do mérito. Uma amostra de efeitos nocivos da camarotização é perceptível na qualidade do ensino discrepante entre escolas públicas e colégios de elite, conjuntura esta que faz acentuar a disparidade socioeconômica das gerações futuras, denegrindo a democracia. Outra ilustração do aviltante fenômeno foi a repercussão negativa dada aos rolezinhos, apropriação democrática de espaços públicos privilegiados por jovens e baixa renda, rechaçados em uma nítida violência simbólica. Esse processo de segregação se traduz na negação do outro e na convivência com ele, coibindo assim a igualdade de direitos prevista em uma sociedade democrática.

    A partir de uma análise criteriosa, torna-se possível inferir que a camarotização representa uma ameaça à democracia, uma vez que o regime exige que os cidadãos compartilhem uma vida comum. Dessa maneira, é necessário que pessoas de contexto e posições sociais diferentes se encontrem e convivam no cotidiano a fim de que respeitem as particularidades do outro e zelem pelo bem comum." [sic]

    FUVEST/2017

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    Patrícios e plebeus. Suseranos e vassalos. Burguês e proletário. A história da humanidade, desde seus primórdios, é marcada por uma hierarquia, seja ela do ponto de vista econômico, social e até mesmo intelectual. Nesse sentido, Kant, filósofo renomado do Esclarecimento alemão, desenvolveu o postulado da maioridade, status apenas atingido pelo indivíduo ao libertar-se de determinada dependência intelectual. Contudo, em uma organização social, inclusive a brasileira, marcada por hierarquias e laços de dependência no que diz respeito ao acesso ao conhecimento-atualmente controlado pela mídia e por grandes empresas – os indivíduos não foram capazes de se libertarem das rédeas da alienação e atingirem a tão desejada maioridade kantiana, permanecendo sob tutela de um sistema capitalista e limitados por sua própria zona de conforto.

    Seguindo essa perspectiva, é possível apontar o papel fundamental dos meios de comunicação e das grandes companhias na permanência do indivíduo na situação de menoridade. Nesse sentido, o filósofo frankfurtiano Hokheimer, na teoria do “indivíduo zero”, aponta a incapacidade do indivíduo contemporâneo de pensar por si próprio dentro de uma era informacional e tecnológica em que o sistema capitalista dita uma série de ideias e comportamentos. Assim, torna-se evidente que, mesmo na contemporaneidade, o ser humano continua preso em padrões impostos por aqueles que dominam o topo da hierarquia intelectual.

    Além disso, outro ponto a ser levado em consideração é a série de limitações que o homem é capaz de impor em si mesmo com receio de sair de sua zona de conforto. Nesse ponto, em especial, a Alegoria da Caverna, de Platão, demonstra que o indivíduo, ao sair do estado de alienação, sofre e passa por diversos obstáculos até atingir o conhecimento verdadeiro, sendo necessário resistir em busca de sua autonomia intelectual. Dessa forma, é demonstrada a necessidade que é dada ao indivíduo de abrir os olhos e enxergar a realidade por si próprio-que muitas vezes não era atingida propositalmente — e finalmente atingir sua maioridade.

    Fica claro, portanto, que a humanidade só será capaz de atingir a esperada autonomia de pensamento, ou seja, a maioridade kantiana, quando deixar de se curvar para o que é imposto pela mídias sociais, sair da situação usual de conforto e aceitar lutar contra as hierarquias que dominam o ser humano desde a antiguidade.

    FUVEST/2018

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    As manifestações artísticas são e sempre foram ferramentas essenciais de compreensão do mundo e de suas organizações sociais. Diante dessa relevância, em tempos conturbados, como por exemplo o século XX, diversos artistas vanguardistas-como o dadaísta Marcel Duchamp — surgiram com a proposta de modificar a visão academicista e elitista que a arte assumia anteriormente, revolucionando e quebrando paradigmas em relação ao papel da arte na sociedade. A partir dessas inúmeras discussões, as manifestações culturais passaram a ser representações cada vez mais subjetivas e amplas, assumindo uma liberdade expressiva jamais vista. Contudo, apesar da função fundamental da liberdade artística como forma de colocar em pauta temas considerados tabus no contexto social, é evidente que, a fim de evitar o desrespeito à símbolos, crenças e culturas, em geral, a arte precisa ser, ao menos, fiscalizada.

    Seguindo essa perspectiva, torna-se incontestável o dever da arte como forma de discutir temas polêmicos e marginalizados socialmente. Nesse cenário, é possível destacar a obra “Quem matou Herzog?” de Cildo Meirelles, que, em plena ditadura militar, contestou o regime político vigente-colocando em pauta a suposta tortura e assassinato do jornalista brasileiro — e incentivou a adoção de comportamento semelhante nos demais membros da estrutura social. Dessa forma, diversas representações, assim como a de Cildo, são fundamentais para a construção se uma consciência crítica e para a discussão de temas socio-políticos antes negligenciados.

    Contudo, apesar do papel engajado assumido pela arte, é possível destacar a necessidade do respeito às diversas religiões, símbolos, crenças e rituais. Nesse contexto, é possível citar o caso do cartunista Charlie Hebdo, que, ao tratar dos conflitos envolvendo os conflitos envolvendo o Oriente Médio, desrespeitou e tratou de forma “cômica” temas e tradições milenares da cultura árabe. É inegável, portanto, que ao utilizar ofensas ou desrespeitar manifestações culturais, a arte perde sua função primordialmente desafiador, assumindo uma postura meramente superficial e vulgar.

    Em linhas gerais, é possível apontar que a arte, após anos de conquista e discussões acerca de seu papel social, deve sim ser tratada como uma ferramenta de contestação e insubordinação, mas sempre baseando-se nos limites impostos pelo respeito e pela tolerância, para que possa, efetivamente, assumir sua função associada ao debate relacionado à questões de diversidade e problemas sociais.

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    NÃO TÃO SUBJETIVA/ABSTRATA SEMPRE!

    UNESP 2018

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    Autoritarismo e falsa democracia Recentemente, na eleição para prefeito da cidade de São Paulo, o número de votos em branco foi superior ao número de

    votos efetivos. O voto em branco tornou-se um protesto muito comum, atualmente, contra o sistema político e a falta de representatividade. Essa forma de protestos, por sua vez, suscitou debates acerca da obrigatoriedade dos votos e de como ela interfere na democracia. Apesar de muitos fatores indicarem que o voto facultativo seria democraticamente mais correto, o Brasil ainda mantém sua obrigatoriedade, evidenciando um Estado autoritário e uma democracia fajuta.

    A República Democrática brasileira nasceu de um molde autoritário e alienador, herança que é presente até hoje, na sociedade. A prática do voto de cabresto não permitiu que a classe eleitora formasse uma consciência eleitoral, pois não se enxergava claramente as implicações de um voto, além de não lhe ser dado o poder de escolha, devido ao voto a descoberto. Muito tempo se passou, mas embora os mecanismos tenham mudado substancialmente, nenhum projeto de educação foi criado para esclarecer aos leitores acerca da importância da participação democrática, sendo ainda muito comum a ideia de que um voto não possui valor algum. Dessa forma origina-se a prática de compra e venda de votos, muito recorrente no Brasil, e um dos motivos alegados para a manutenção do voto compulsório. No entanto, o autoritarismo manifestado no voto obrigatório remete à estrutura anti-democrática da recém-criada república, pois é apenas uma maneira de se manter a população sob controle, e não uma medida eficiente para solucionar os problemas eleitorais brasileiros.

    Além disso, o Brasil vive uma crise de representatividade. A ausência de confiança na classe política e a descrença nos processos democráticos derivados, entre outros, da corrupção generalizada e da falta de seriedade nos processos democráticos, como o impeachment, são causa do alto índice de votos brancos e nulos. Esses votos são o protesto de quem não desejava votar, mas foi obrigado. No entanto, eles são prejudiciais à democracia pois permitem que candidatos se elejam sem o número mínimo de votos exigidos, o que claramente não é solução para a crise de representatividade. Portanto, o voto obrigatório é uma violação democrática, pois retira do povo o pleno poder de escolha – inclusive de não votar.

    Em suma, o Brasil hesita em entregar definitivamente o poder ao povo, devido ao ser caráter autoritário e à democracia inconsistente. No entanto, a decisão de votar é o primeiro passo rumo ao voto consciente e à compreensão da importância do processo eleitoral. Estes, por sua vez, quando respeitados, poderão nos levar à uma plena democracia.

    UNESP 2020

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    Há algum tempo, a revista “Esquire” publicou um artigo no qual o autor, que nunca havia fumado, descreve as experiências decorrentes de se propor a fumar um maço de cigarro ao dia, durante um mês. Ao longo da trajetória do desafio, o homem reflete sobre o tabagismo e suas consequências enquanto fenômeno social, na medida em que tenta reproduzir o ato de fumar como se já estivesse há muito habituado a ele. Nessa tentativa o “novo fumante” busca ocupar os mesmos espaços utilizados por tabagistas de longa data e nota que, na atualidade, fumar é fazer parte de um clube restrito composto por praticantes de um vício que estão constantemente sob olhares de desprezo e de desaprovação lançados por não-fumantes. Essa situação, inerentemente adaptada, se repetirá em um futuro um pouco distante com aqueles que continuarem a usar carros para se locomoverem.

    Para a corrente filosófica positivista, a humanidade tende ao progresso. De fato, observa-se que, pelo menos no que se refere às tecnologias, a evolução humana foi vigorosa. A invenção do automóvel representa um marco desse progresso ao possibilitar uma locomoção mais rápida. Entretanto, o progresso e evolução estão fortemente ligados ao contexto no qual se manifestam e, nesse sentido, a popularização do carro se deu em meio a um cenário de pouco conhecimento acerca das consequências ambientais causadas por esse meio de transporte como, por exemplo, a intensificação do efeito estufa oriunda da emissão de gases poluentes pela queima de combustível. Assim, tal como o cigarro, outrora representante de um estilo de vida “descolado” e hoje visto como maléfico, o carro caminha no sentido de ser, em breve, o vilão.

    Todavia, não são apenas as consequências ambientais que estão diminuindo o apreço pelos carros. As grandes cidades têm enfrentado cada vez mais problemas de mobilidade e esses automóveis se destacam no agravamento dessa situação. Isso porque, tal meio de transporte é utilizado em larga escala nos grandes centros urbanos e, apesar de um carro poder transportar, em geral, cinco pessoas, ele é muitas vezes utilizado individualmente. Logo, o número de veículos em circulação é elevado, o que aumenta os congestionamentos e torna o trânsito caótico e lento. Os indivíduos, então, começaram a preferir modalidades alternativas que cumpram a mesma função de deslocamento, porém de forma mais eficiente. E, assim, as consequências advindas da utilização, ao causarem desprezo e desaprovação, aproximam novamente o carro do cigarro.

    Em suma, depreende-se que em um futuro pouco distante a revista “Esquire” poderá publicar um artigo que narre a experiência de possuir e dirigir um carro, meio de transporte que se tornará símbolo ultrapassado de progresso e que, seguindo essa perspectiva, será o novo cigarro: utilizado por alguns e desprezado por muitos. Essa situação decorrerá do entendimento da grandeza dos malefícios causados ao meio ambiente pela poluição gerada pelos carros e pelo desejo de uma locomoção mais eficiente em cidades cada vez mais sobrecarregadas. Faz-se necessário, então, pensar quais serão os meios de transportes a serem utilizados, os quais devem ser preferencialmente coletivos (ônibus, metrô) e, em um futuro um pouco mais distante, será preciso discutir “qual será o novo carro”.