Tornar o simples complicado é fácil; tornar o complicado simples, isso é criatividade.
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ALINE DA SILVA CARVALHO
DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES:
UMA VISÃO GERAL E SEUS TRATAMENTOS
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
2010
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ALINE DA SILVA CARVALHO
DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES:
UMA VISÃO GERAL E SEUS TRATAMENTOS
Monografia para obtenção do título de
Técnico em Prótese Dentária da Escola
Técnica Philadelpho Gouvêa Netto de São
José do Rio Preto. Professor orientador:
Gustavo Cosenza Botelho Nogueira.
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
2010
3
Dedico essa monografia aos meus pais João Cândido e Sidinei Carmen,
ao meu namorado Douglas e a minha irmã Barbara pelo grande apoio,
amor e compreensão nas horas difíceis.
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente á Deus, por colocar pessoas tão especiais na minha vida e ter
me mostrado os melhores caminhos que enfrentei até o momento.
Aos meus pais, João Cândido de Carvalho e Sidinei Carmen da Silva
Carvalho por ter renunciado muitas coisas na vida para darem o melhor para mim e
me tornado a pessoa que sou hoje. Pelo amor, carinho, dedicação e compreensão
que tens comigo nos momentos difíceis.
Ao meu grande amor, namorado Douglas, que nos momentos de estresse,
teve paciência, carinho e amor. E ter me ajudado a ser essa pessoa com tanta
dedicação.
A minha querida irmã Barbara, que com paciência me escutou e acompanhou
em todos os momentos.
Aos meus amigos de sala, pelos maravilhosos dois anos de convivência.
Aos meus professores, por passarem a sua sabedoria e conduzirem a minha
profissão.
Aos meus familiares, pelas horas de minha ausência.
Aline Carvalho
5
“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios.
Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente,
antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”.
Charles Chaplin
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RESUMO
As desordens temporomandibulares (DTMs) é o funcionamento anormal da
articulação temporo-mandibular (ATM), ligamentos, músculos da mastigação, ossos
maxilo-mandibular, dentes e estruturas de suporte dentário. O paciente que
apresenta esta desordem tem como sintomatologia: dor de cabeça, dor de ouvido
e/ou zumbido, dor ou cansaço dos músculos da mastigação, ruídos articulares e
dificuldade para abrir a boca. O objetivo desse trabalho é apresentar os tipos de
Desordens Temporomandibulares e os tratamentos realizados para um melhor
resultado, através de revisão bibliográfica.
Palavras-Chave:
7
ABSTRACT
The temporomandibular disorders (DTMs) are the abnormal functioning of temporo-
mandibular joint (TMJ), ligaments, muscles of mastication, maxillo-mandibular bones,
teeth and dental structures of support. The patient has disorders that presents this as
symptoms: headache, earache and / or tinnitus, pain or fatigue of muscles of
mastication, joint noises (pop or crackle) and difficulty to open the mouth. The aim of
this paper is to present the types of temporomandibular disorders and treatments for
a better outcome achieved through literature review.
Key-Words:
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Disfunção da ATM. Disponível em: J. J. Barros Disfunção da ATM.
Articulação Temporomandibular, Causas, Sintomas e Tratamento.
Figura 02: Bruxismo. Disponivel em: L.B. YAMAGUCHI Dores Faciais &
Disfunção da Articulação Têmporo-mandibular (DTM)
Figura 03: Má postura. Disponível em: L.B. YAMAGUCHI Dores Faciais &
Disfunção da Articulação Têmporo-mandibular (DTM)
Figura 04: Desgaste dental. Disponível em: J. J. Barros Disfunção da ATM.
Articulação Temporomandibular, Causas, Sintomas e Tratamento.
Figura 05: Radiografia panorâmica. Disponível em: N.T. CABEZAS Disfunção da
Articulação Temporo-Mandibular (ATM) e Dores Faciais
Figura 06: Radiografia computadorizada. Disponível em: N.T. CABEZAS Disfunção
da Articulação Temporo-Mandibular (ATM) e Dores Faciais
Figura 07: Ressonância magnética. Disponível em: N.T. CABEZAS Disfunção da
Articulação Temporo-Mandibular (ATM) e Dores Faciais
Figura 08: Placa miorrelaxante. Disponível em: L.B. YAMAGUCHI Dores Faciais &
Disfunção da Articulação Têmporo-mandibular (DTM)
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LISTA DE ABREVIATURAS
DTM: Desordem Temporomandibular
ATM: Articulação Temporomandibular
DOF: Dor Orofacial
REM: (RAPID EYE MOVIMENT) Movimento Rápido dos Olhos
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SUMÁRIO
Resumo 06
Abstract 07
Lista de Figuras 08
Lista de Abreviaturas 09
1 Introdução 11
2 Revisão de literatura 12
2.1 Terminologia 12
2.2 Històrico das desordens temporomandibulares 13
2.3 O que è DTM 14
2.4 Conceito das desordens 14
2.5 Fatores desencadeantes da doença 17
2.6 Sintomas 20
2.7 Diagnostico das desordens 21
2.8 Instrumentos de diagnóstico 22
2.9 Prevenção da DTM 25
2.10 Auto-Ajuda para Disfunção e/ou Desordens da ATM 25
2.11 Tratamento 27
2.11.1 Recomendações de tratamento 27
2.11.2 Terapias de Suporte 30
2.11.3 Farmacoterapia 30
2.11.4 Dispositivos Interoclusais (Placas Oclusais) 31
3 Exercícios Mandibulares 32
4 Conclusão 34
5 Referencia Bibliográfica 35
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1- Introdução
A Articulação Temporomandibular (ATM) é um elemento do sistema
estomatognático formado por várias estruturas internas e externas, capaz de realizar
movimentos complexos. A mastigação, a deglutição, a fonação e a postura,
dependem muito da função, saúde e estabilidade desta para funcionarem de forma
adequada.
Quando existe alguma alteração nesta articulação há o que chamamos
de Disfunção Temporomandibular (DTM), que é definida como uma coleção de
condições médicas, dentárias ou faciais associadas com anormalidades do sistema
estomatognático, que desencadeiam disfunções na Articulação Temporomandibular
e tecidos adjacentes, incluindo os músculos faciais e cervicais. Sua etiologia é
multifatorial, estas são: alterações na oclusão, lesões traumáticas ou degenerativas
da ATM, problemas esqueléticos, fatores psicológicos e hábitos deletérios.
As modalidades do tratamento definitivo têm por objetivo controlar,
tratar ou eliminar o fator etiológico causador da DTM. As que são utilizadas com o
objetivo de alterar os sintomas do indivíduo são denominadas de terapias de suporte
(Okeson, 2008).
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2- Revisão de literatura
2.1 Terminologia
Com o passar dos anos, os disturbios do sistema mastigatorio tem sido
identificados por uma grande variedade de termos. Esta variedade certamente
contribuiu para causar algumas confusoes nesta area. Em 1939, james costen,
descreveu um grupo de sintomas situados ao redor dos ouidos e das ATMs. Por
causa desse trabalho, foi criado o termo sindrome de costen. Mais tarde o termo
disturbios da articulaçao temporomandibular se tornou popular e entao em 1959
Shore introduziu o termo sindrome da disfunçao da articulaçao temporomandibular.
Em seguida veio o termo disturbios funcionais da articulaçao temporomandibular,
designado por Ramfjord e Ash. Alguns termos descritos sugeriram fatores
etiologicos, tais como disturbios oclusomandibulares e mioartropatia da articulaçao
temporomandibular. Outros enfatizam a dor, como sindrome da dor-disfunçao,
sindrome da dor-disfunçao miofacial e sindrome da dor-disfunçao
temporomandibular.
Como os sintomas nao estao sempre isolados na ATM, alguns autores
acreditam que o acima descrito è muito limitado e que um termo mais amplo deveria
ser empregado, como desordens craniomandibulares. Bell sugeriu o termo
desordens temporomandibulares, o qual obteve popularidade. Este termo nao
sugere meramente problemas que estao isolados das articulaçoes, mas inclui todos
os disturbios associados com a funçao do sistema mastigatorio.
A enorme variedade de termos usados contribuu para muitas
confusoes que existem neste ja complicado campo de estudo. Falta de comunicaçao
e coordenaçao dos esforços de pesquisa geralmente começa com diferenças na
terminologia. Numa tentativa, portanto, de coordenar os esforços, a American Dental
Association adotou o termo desordens temporomandibulares. Neste livro, desordens
temporomandibulares (DTMs) è o termo usado para incluir todos os disturbios
funcionais do sistema mastigatorio.
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2.2 Històrico das desordens temporomandibulares
Quem primeiramente introduziu para a carreira odontològica a àrea
das DTMs foi um artigo escrito por James Costen em 1934. Costen foi um
otorrinolaringologista que, baseado em onze casos, primeiramente, sugeriu para os
dentistas que mudanças nas condições dentais eram responsàveis por vàrios
sintomas nos ouvidos. Logo apos seu artigo, os clinicos começaram a questionar a
precisão das conclusões de Costen com relação à etiologia e tratamento. Apesar de
amaior parte, para não dizer todas, das propostas originais de Costen terem sido
desaprovadas, o interesse da Odontologia foi certamente estimulado por aquele
artigo. Nos finais dos anos 30 e meados dos anos 40, apenas alguns dentistas se
tornaram interessados em lidar com problemas que causassem esse tipo de dor. A
terapia mais comum oferecida naquela epoca eram aparelhos levantadores que
aumentavam a mordida, os quais foram primeiramente sugeridos e descritos por
Costen. No final dos anos 40 e nos anos 50, a Odontologia começou a questionar
estes aparelhos para levantar a mordida como a terapia de escolha para as
disfunções mandibulares. Foi então nessa epoca que a profissão começou a olhar
mais de perto para as interferências oclusais, como sendo os principais fatores
etiologicos nas queixas das DTMs.
Investigações cientificas das DTMs começaram no inìcio dos anos 50.
Os primeiros estudos cientìficos sugeriram que a condição oclusal poderia
influenciar na função da musculatura mastigatòria. Estudosde EMG (eletromiografia)
foram usados para constatar esta relação. No final da dècada de 50, foram escritos
os primeiros livros, descrevendo as disfunções mastigatòrias. As condições mais
comuns descritas naquela epoca foram as desordens da dor na musculatura
mastigatoria. Pensava-se geralmente que a causa mais comum destas desordens
era a desarmonia oclusal. Oclusão e mais tarde o estresse emocional foram aceitos
como os principais fatores etiologicos das desordens funcionais do sistema
mastigatorio nos anos 60 e meados dos anos 70. Então a partir dos anos 70 , houve
uma explosão de interesse nas DTMs. Foi tambem nessa epoca que a carreira
odontologica tomou conhecimento de que as dores das desordens eram
provenientes de fontes intracapsulares. Estas informações redirecionaram os
pensamentos dos profissionais na area das DTMs. Foi no final dos anos 70, que os
14
profissionais coemçaram a reconhecer totalmente a apreciar a complexidade das
DTMs. Esta complexidade agora tem o esforço da profissão para achar o seu papel
adequado no que diz respeito às DTMs e dor orofacial.
2.3 O que è DTM
ATM é abreviação de articulaçao temporomandibular, essa articulaçao
esta presente bilateralmente em nosso rosto, frente a cada orelha e articula a
mandíbula com o crânio. É responsável pelos movimentos da boca assim como:
abertura, fechamento, movimentos laterais, mastigação, deglutição, fala e
movimentos de expressão facial (Barros; Barros, 2010).
2.4 Conceito das desordens
A desordem temporomandibular (DTM) tem origem a partir de fatores
etiológicos diversos, caracterizada por dor, ruídos articulares e limitação da função,
com a presença ou não de pontos gatilho. A dor è explicada por alterações
circulatórias oriundas da compressão dos vasos sanguineos, o que leva a uma
diminuição da irrigação e das trocas metabólicas.
Existem muitas controvérsias sobre a epidemiologia, etiologia,
diagnostico e tratamento das DTMs. A etiologia destas desordens ainda è motivo de
muitas discussões. Sabe-se que o estresse físico ou emocional tem contribuído para
o desenvolvimento de hábitos parafuncionais. Alèm do estresse, fatores oclusais
também tem sido responsabilizados pelo desenvolvimento das DTMs. Diversos
autores, classificam as DTMs como uma doença multifatorial e complexa.
A dor è a razão mais comum para a busca de tratamento (Magnusson
et al., 1995) e muitas vezes è relatada como associada à função mandibular.
Disfunção temporomandibular e dor orofacial é uma área recente da
odontologia, que trata das alterações patológicas da articulação temporomandibular
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(ATM), e das dores do processo estomatognático e faciais. As DTMs (disfunções
temporomandibulares) são alterações patológicas relacionadas à articulação
temporomandibular (ATM), que articula o crânio e a mandíbula podendo ser tanto da
parte muscular mastigatória, ligamentar e nervosa, na região buço-facial ou cervical.
Estas articulações funcionam em dupla. Pode ter como consequência dores de
cabeça ou pescoço, ruídos articulares (estalos), zumbidos ou plenitude no ouvido,
limitação de abertura bucal, desgaste nos dentes e dificuldades na mastigação. De
etiologia ainda não definida, acredita-se que o stress seja o principal desencadeante,
além de hábitos deletéricos de bruxismo, trauma na região da cabeça e pescoço,
má-postura e má-oclusão.
A simetria ditada pela ATM tem que ser constante. Unida com as
articulações da coluna cervical e cintura escapular, a ATM trasforma-se em um
perceptível péndulo, consequentemente sua distonia provocará distúrbios posturas
diretos na coluna cervical e na cintura escapular, promovendo assim, alterações
posturais que podem acometer a coluna lombar e os membros inferiores. Não existe
sequer exatas confirmações científicas de que a disfunção da ATM pode levar a tal
disfunção postural de lombar para baixo, mas muitos estudos na área da saúde
demonstraram alguns pacientes com tais alterações posturais e possuiam uma
disfunção temporomandibular (Barros; Barros, 2010).
As Desordens Temporomandibulares (DTM), são desordens músculo-
esqueletais, associadas as dores de face. As sintomatologias dolorosas encontrada
nos pacientes são da ordem de 80% das dores da região da face, outros
diagnósticos corresponderiam as doenças intra-articulares ou de ordem inflamatória
de outras estruturas (Cabezas; Arruda, 2003).
Existe uma articulação temporomandibular de cada lado, e elas são
responsáveis por todos os movimentos mandibulares (abertura, fechamento,
protrusão, retrusão e lateralização). As DTMs caracterizam-se por apresentarem
dores de face, cefaléias, dor de ATM, ruídos articulares, limitação da abertura bucal
e estruturas anexas como cervicalgias e dor no ombro. (Cabezas; Arruda, 2003).
É possível localizar a articulação colando os dedos indicadores logo à
frente dos ouvidos e fazendo movimentos de abertura e fechamento da boca.
Quando elas estão sensíveis ao toque ou apresentam dor, estalos ou crepitações,
no movimento da boca, já são indicativos de problemas na ATM.
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A articulação temporomandibular, como outras articulações do nosso
corpo, é "amortecida" por um disco (disco articular), evitando assim que exista um
contado direto entre as estruturas ósseas e assim possibilitando o movimento. O
"bom estado" do disco reflete diretamente no bom funcionamento da articulação.
Os dentes são responsável pelo perfeito equilíbrio dos músculos, das
articulações e dos ligamentos. Qualquer alteração dentária, que pode ser desde um
simples dente torto, uma mordida inadequada ou até mesmo a falta deles, pode
gerar um desequilíbrio, levando a um quadro de ATM.
Figura 01: Disfunção da ATM
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2.5 Fatores desencadeantes da doença:
Condicionamento físico / ATM: A falta de atividade física aeróbica e de
alongamento muscular predispõe a uma maior possibilidade no aparecimento de dtm
e dor orofacial, até pela falta de oxigenação tecidual, com pior condição de
reparação na fadiga muscular causada pela má postura, atividades parafuncionais e
aumento do tônus muscular pelo comprometimento do sistema nervoso central em
casos de estresse e dor. (Zangerolami, 2010)
Alimentação / ATM: os hábitos alimentares saudáveis estão diretamente
relacionados à melhor defesa orgânica contra a dor e a produção de antioxidantes,
favorecendo a eliminação de radicais livres, responsáveis pelo desenvolvimento de
desordens articulares e musculares. A deficiência do Cálcio (Ca) no organismo que
favorece o aparecimento de dores musculares (Zangerolami, 2010).
Ingestão de água / ATM: A orientação ao paciente em relação ao
consumo de água é de fundamental importância, pois a falta de água no organismo
provoca o aparecimento de pontos álgicos (doloridos) na musculatura, e o aumento
da viscosidade do liquido sinovial (líquido presente dentro da articulaçao
temporomandibular - ATM, diminuindo a eficiência da engrenagem desta articulação)
(Zangerolami, 2010).
Ingestão de cafeína / ATM: A cafeína substancia encontrada tanto no
café com em refrigerantes, chocolates e até em alguns medicamentos analgésicos.
Estes pacientes que ingerem uma quantidade anormal de cafeína, apresentam o
sistema nervoso central estimulado, alterando a qualidade do sono, e induzindo ao
bruxismo noturno. Afetando atividades metabólicas e cardiovasculares (Zangerolami,
2010).
• Roer unhas ou remover cutículas com os dentes;
• Mastigar de um só lado;
• Chupar ou morder o dedo, objetos e alimentos duros;
• Apoiar a mão no queixo, enquanto estuda,dorme ou trabalha;
• Dormir com travesseiro muito alto ou muito baixo;
• Briquismo (habito de apertar os dentes durante o dia);
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• Bruxismo (habito de apertar os dentes á noite) e stress e
ansiedade
Figura 02: Bruxismo
Qualidade do sono: A má qualidade do sono influência diretamente as:
disfunções mandibulares, dores orofaciais e as cefaléias. O paciente com DTM e dor
orofacial tem um sono de baixa qualidade, (fase I e II), fase REM onde o paciente
leva o estresse do dia a dia com um acordar cansado. Já em fases mais profundas
como III e IV, onde as ondas cerebrais são mais lentas, acredita-se que nestas
fases haja reparação celular e presença de substancias essências ao nosso bem
estar como: substâncias P, serotonina, cortisol etc. (Zangerolami, 2010).
Dor / ATM: Hoje a dor deixa de ser apenas um sintoma para se tornar
também um importante fator na causa de alguns tipos de alterações no sistema
nervoso central. Como, por exemplo, a cronicidade da dor causada pela presença
de estímulo constante (Zangerolami, 2010).
Má postura / ATM: favorece a anteriorizaçao da cabeça e ombros,
provocando um desequilíbrio e fadiga na musculatura de sustentação da cabeça. O
que poderá ser um fator perpetuante na disfunção ATM (Zangerolami, 2010).
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Figura 03: Má postura
Hábitos profissionais:
Apoiar com o ombro o telefone, de encontro ao ouvido;
• Praticar esportes, como natação, posicionando a mandíbula de
maneira incorreta ao respirar;
• Posicionamento do queixo incorreto do violonista ao usar o
instrumento;
• Tocadores de instrumentos de sopro;
Segurar com os dentes alfinetes de costura, clipes de papel, caneta ou
lápis (Barros; Barros, 2010).
Também podemos ter sintomas de alteração na ATM, por origem
traumática:
Traumas / ATM: dependendo da intensidade e duração pode
considerá-lo macro trauma ou micro trauma. Entendemos por macro trauma aquele
que ocorre Com maior intensidade e por curto período de tempo como exemplo
podemos citar alguns como: acidente de carro, queda com trauma de cabeça ou
face etc. O micro trauma, é de menor intensidade e com um maior tempo de
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exposição a ele, como exemplo podemos citar: mascar chiclete, postura
anteriorizada de cabeça , má postura no sono, bruxismo durante o sono,
apertamento dental etc (Zangerolami, 2010).
2.6 Sintomas
Causam dores de cabeça, podem causar tonturas (chamadas de
labirintites), aparecimento de zumbidos, dores próximas ao ouvido e torcicolos;
levando o paciente a procurar profissionais de diversas áreas, (como otorrino,
neurologista, ortopedista, entre outros). Isso ocorre devido a proximidade da
articulação e os músculos que participam da mastigação, com diferentes órgãos do
corpo humano (como o ouvido e o pescoço, por exemplo).
As tonturas ou vertigens, também chamadas de labirintites são
originadas, em grande parte dos casos, devido a um ligamento que esta em contato
com o labirinto e um músculo, que é tracionado quando ocorre um desequilíbrio na
musculatura da ATM, ocorrendo devido essa tração, uma sensação de perda do
equilíbrio ou tontura muitas vezes, bastante acentuada, que normalmente melhoram,
com o tratamento da ATM.
Figura 04: Desgaste dental
21
As dores de cabeça como, por exemplo, nas enxaquecas ou cefaléias
ocorrem, na maioria dos casos, devido a um desequilíbrio da musculatura da
mastigação, gerando por isso, dores por uso excessivo dessa musculatura,
causando dores de cabeça na região temporal e em outras regiões da cabeça.
Também esses sintomas podem aumentar, nos portadores de Bruxismo, Briquismo,
pacientes com estresse, hábitos parafuncionais, pela maior sobrecarga desses
músculos. Nos casos do Bruxismo e do Briquismo utilizamos novas técnicas,
associadas ao tratamento da ATM, sendo consideradas mais seguras e com maior
índice de resultados
Os zumbidos, em alguns casos, podem ser relacionados a ATM. São
aqueles, que variam de intensidade, ao mastigar os alimentos ou quando abrimos a
boca, por exemplo.
Os fatores psicológicos têm um papel importante nas DTMs, o estresse
produz o apertamento dentário, contraem os músculos consciente ou
inconscientemente e causam danos criando um ciclo vicioso de dor/estresse/dor,
esta dor produz mudanças de comportamento do paciente que passa a estar irritado
por qualquer estímulo, observando neles mudanças no comportamento, sentimentos
e pensamentos e por tanto em cada aspecto de suas vidas (Cabezas; Arruda, 2003).
Por uma ação reflexa, outros músculos também podem entrar em
desequilíbrio, nos portadores de ATM (como por exemplo, os do pescoço e braços,
causando torcicolos, sensações de que o paciente carregou uma "mala" - os braços
ficam doloridos, dores nos olhos, sensação de que tem um comprimido grande
enroscado na garganta ou que alguém esta apertando o pescoço, dor no olho -
sensação que alguma coisa esta empurrando o olho por traz, náuseas).
Normalmente os pacientes relatam uma melhora desses problemas, com o
tratamento da ATM.
Porém não só uma alteração no disco ou nos dentes é que poderão
gerar a ATM, mas também inúmeros fatores, dentre eles os psicológicos, que levam
a hábitos parafuncionais, dentre os quais podemos destacar:
22
2.7 Diagnóstico das desordens
O diagnóstico de DTM está baseado em vários sintomas, testando a
amplitude dos movimentos mandibulares, auscultando os ruídos articulares,
examinando o engrenamento dos dentes, apalpando as articulações como também
os músculos da face e cabeça. Geralmente o cirurgião oral, pergunta ao paciente em
busca de informações que causam a dor e outros sintomas, traumas, hábitos orais,
tratamentos médicos e dentais prévios (Cabezas; Arruda, 2010).
O diagnóstico deve ser feito por um profissional especialista em ATM e
Dor orofacial que estará apto em realizar um diagnóstico diferencial de todas as
outras dores que se manifestam nesta área, tratá-la o que for de seu âmbito (dores
de cabeça relacionadas à ATM e aos músculos da mastigação), e encaminhar o que
não for para outras especialidades. E só um profissional especializado em ATM
pode entender os mecanismos da dor e interpretá-la nos seus aspectos subjetivos,
pois esses são os mais importantes a serem considerados no diagnóstico elaborado
pelo profissional, pois a dor, sendo subjetiva, sua intensidade varia de acordo com o
individuo,com seu estado emocional e com a sua doença.Portanto a capacidade em
diagnosticar, tratar e controlar as dores que se manifestam no complexo orofacial,
principalmente no caráter crônico e no controle das dores originadas nos músculos
da mastigação e na articulação temporomandibular é de responsabilidade deste
profissional especialista em ATM e DOF (Zangerolami, 2010).
2.8 Instrumentos de diagnóstico
Os mais comum são:
A) Radiografias Convencionais (radiografia plana, inclusive
panorâmica): são rápidas e relativamente baratas. Porém, elas mostram somente a
estrutura óssea da articulação, sendo geralmente úteis para avaliar mudanças
morfológicas e processos degenerativos da doença (Cabezas; Arruda, 2010).
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Figura 05: radiografia panorâmica
B) Tomografia Linear ou Planigrafia: este exame mostra "fatias" da
articulação. Quando realizadas corretamente e com precisão, permitem melhor
visualização que nas radiografias convencionais. As principais desvantagens da
tomografia são o tempo e o custo elevado e, como as radiografias convencionais
mostram somente o osso (Cabezas; Arruda, 2010).
C) Tomografia Computadorizada: mostra os mínimos detalhes do osso,
com uma dose mínima de radiação. Os custos são bastante altos e oferecem uma
visão limitada do disco articular e dos tecidos moles (Cabezas; Arruda, 2010).
Figura 06: radiografia computadorizada
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D) Ressonância Magnética: produz imagens detalhadas e precisas do
tecido mole e é considerado o melhor método para estudar a ATM. Nenhuma
radiação é usada, mas como o equipamento é sofisticado os custos são altos; às
vezes, acima de R$ 1.000,00 para ambos os lados da articulação (Cabezas;
Arruda,2010).
Figura 07: ressonância magnética
E) Artrotomografia: permite o estudo posicional e funcional da
articulação, inclusive do disco articular. O procedimento é realizado pela injeção de
um material de contraste na articulação, seguida por radiografias ou tomogramas,
vídeo ou uma combinação. Um profissional qualificado é um imperativo para
interpretação do exame, o procedimento pode ser muito incômodo, mas quando feito
corretamente, a artrografia pode ser uma ferramenta de diagnóstico extremamente
precisa (Cabezas; Arruda, 2003).
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2.9 Prevenção da DTM
Quando falamos em prevenção da ATM, temos a certeza que esta
seria a melhor maneira de evitar dor. Para facilitar citaremos de forma objetiva
alguns itens de relevância na obtenção de uma vida saudável e distante da dor.
Fique atento com seus hábitos parafuncionais como: apertamento
dental, mascar chicletes, roer unhas, morder lábios etc. Estes movimentos alem de
serem desnecessários irão causar fadiga na sua musculatura (Zangerolami, 2010).
Atenção a sua postura corporal, ao sentar, trabalhar, usar o
computador, deitar no sofá, na utilização do telefone, ao dormir etc.
» Bom condicionamento físico.
» Uma boa qualidade de sono.
» Boa hidratação (água)
» Alimentação correta e regular (3 em 3 horas)
» Não ingestão de álcool.
» Respiração adequada.
» Aprender a lidar com o estresse e com a ansiedade.
» Ter horas para algum laser.
2.10 Auto-Ajuda para Disfunção e/ou Desordens da ATM
Se você acha que tem um problema de DTM, primeiro consulte um
médico, para descartar doenças ou problemas que possam imitar ou expressar
sintomas semelhantes aos das doenças de DTM.
Muitas pessoas que sofrem de DTM têm grandes chances de melhorar
com tratamentos reversíveis. Às vezes, o problema melhora gradualmente.
Gostaríamos de oferecer técnicas de auto-ajuda que podem aliviar os
sintomas:
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Calor úmido: O calor reduz a inflamação e melhora a função. Use uma
bolsa ou uma garrafa de água quente ou uma toalha morna embrulhada ao redor do
rosto, com cuidado para não se queimar (Cabezas; Arruda, 2010).
Gelo: O gelo tem o mesmo efeito que o calor e também aumenta o
fluxo de sangue, promovendo o relaxamento muscular. Se você for usar uma bolsa
de gelo, embrulhe-a em um pano e coloque-a no rosto, por no máximo 10 minutos
para não danificar sua pele (Cabezas; Arruda, 2010).
Dieta macia: As comidas brandas temporariamente podem ajudar ao
permitir que a mandíbula e músculos circunvizinhos descansem. Evite
especialmente comidas duras, crocantes ou trituráveis, que possam traumatizar a
articulação ou que lhe exijam abrir a boca amplamente, como uma maçã ou uma
espiga de milho. Não mastigue chicletes (Cabezas; Arruda, 2010).
Uso de analgésicos: Talvez você tenha que experimentar vários
analgésicos, até encontrar um que melhor se adapte ao seu organismo.
Acetominofen, como Tylenol, ajudam algumas pessoas, outros encontram alívio com
o uso da Aspirina ou Ibuprofen. Alguns medicamentos necessitam de prescrição.
Confira com seu cirurgião oral antes de tomar qualquer tipo de medicamento
(Cabezas; Arruda, 2010).
Exercícios mandibulares: Exercitar a mandíbula, abrir e fechar
lentamente sua boca, mover a mandíbula para os lados; isto, às vezes, melhora a
mobilidade. Exercícios que causam um aumento da dor ou da deficiência devem ser
descontinuados (Cabezas; Arruda, 2010).
Técnicas de relaxamento: Há evidências de que técnicas de
relaxamento diminuem o sofrimento em casos de dor crônica. Respire lenta e
profundamente, enrijeça e relaxe seus músculos alternadamente. A ioga e/ou
hipnose são úteis para algumas pessoas (Cabezas; Arruda, 2010).
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Auto-educação: Um paciente bem informado pode tornar melhores as
difíceis decisões relativas às opções de tratamento e discutí-las com o profissional.
Aprenda, tanto quanto possível, lendo e falando com outras pessoas que sofrem de
ATM (Cabezas; Arruda, 2010).
2.11 Tratamento
Os objetivos do tratamento são:
Reduzir a dor
Restabelecer função mandibular confortável
Limitar a recorrência da dor
Restabelecer o padrão de vida normal, o mais rapidamente possível.
(Cabezas; Arruda, 2010).
2.11.1 Recomendações de tratamento
Freqüentemente, somado à dor física, existe o estigma que muitos
cirurgiões maxilo-faciais ou médicos impõem aos seus pacientes de ATM, que seu
problema é psicológico e não desejam melhorar ou não podem corrigir o estresse.
Sabemos que o tratamento farmacológico, que se utiliza para aliviar as dores
persistentes relacionadas com DTM (ATM), são iguais aos tratamentos de outras
condições de dores crônicas. Opiáceos e AINEs (medicamentos anti-inflamatórios
não esteroidais) são analgésicos e deveriam ser implementados proporcionalmente
à intensidade da dor apresentada pelo paciente (Cabezas; Arruda, 2010).
Podemos presumir que, com estas recomendações, a dor relacionada
à ATM seja adequadamente controlada, portanto, os pacientes poderiam desfrutar
de uma melhor qualidade de vida, cessando a sua desesperada busca por um
tratamento mágico para aliviar sua dor. Recentemente, houve uma explosão de
pesquisas científicas, que estão ampliando a compreensão dos mecanismos de
neurofisiologia da dor, seus neurotransmissores e sistemas nervosos periférico e
central (Cabezas; Arruda, 2010).
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O tratamento de casos de disfunção da ATM exige um conhecimento
profundo da etiologia do problema, pois alguns recursos multidisciplinares são
necessários (Favero,2006).
Para que o tratamento possa ser realizado de forma eficiente,
necessitamos obter um correto diagnóstico, através de uma detalhada avaliação do
paciente para descobrir qual a causa do problema. O tratamento é bastante
conservador, e a maioria dos casos pode ser tratada com o repouso do sistema
através de placas oclusais estabilizadoras ou reposicionadoras e diversas outras
técnicas de alongamento e relaxamento, podendo ser indicado até o uso de
medicamentos (Segato; Markert, 2010)
O tratamento é multidisciplinar. A fisioterapia associada ao tratamento
odontológico trás resultados positivos. A fisioterapia trabalha com massagem facial e
cervical, mobilizações articulares e teciduais, e correção postural. Hoje já sabemos
que o tratamento se bem conduzido por especialista da área de ATM, sejam eles
dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos, os resultados são
surpreendentes (Gonzales, 2010).
Os objetivos gerais do tratamento do indivíduo com a DTM estão
relacionados ao alívio da dor crônica. Todos os protocolos de tratamento para as
DTMs podem ser divididos, de maneira geral, em tratamento definitivo ou terapia de
suporte. As modalidades do tratamento definitivo têm por objetivo controlar, tratar ou
eliminar o fator etiológico causador da DTM. As que são utilizadas com o objetivo de
alterar os sintomas do indivíduo são denominadas de terapias de suporte (Okeson,
2008).
Um tratamento definitivo para uma DTM só deve ser proposto se o
agente etiológico (causa) puder ser diagnosticado com precisão (Okeson, 2008).
Quando a causa oclusal for determinada, os tratamentos que alteram a oclusão
permanentemente são considerados como definitivos. Assim, a ortodontia, a cirurgia
ortognática e as reabilitações oclusais extensas, estão entre as formas de
tratamento definitivo mais utilizado (Okeson, 2008).
Contudo, se a causa da DTM, for o aspecto psicoemocional, o
tratamento desse fator também é importante, podendo ser considerado como o
tratamento definitivo (Carlsson et al., 1993).
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Algumas vezes o comprometimento anatômico das ATMs impede a
função articular. Nesses casos, uma cirurgia funcional articular da ATM pode ser o
tratamento indicado (Guarda-Nardine et al., 2008).
Entre os tratamentos conservadores mais utilizados com sucesso para
as DTMs musculares e/ou articulares, estão aqueles que utilizam os exercícios
mandibulares, a termoterapia, a farmacoterapia e os dispositivos inter-oclusais
(placas oclusais) (Oliveira, 2002; Okeson, 2008).
Essas modalidades de tratamento são consideradas também terapias
de suporte. Após a remissão dos sintomas, a restauração da função e a reavaliação
criteriosa do caso em questão, uma opção definitiva de tratamento pode ser
preconizada se necessário (Oliveira, 2002; Okeson, 2008).
O tratamento definitivo deve ser direcionado para a causa. Quando a
oclusão dentária é considerada um fator desencadeador ou de perpetuação, o
tratamento deve ser voltado para a correção deste fator (Oliveira, 2002; Okeson,
2008).
Muitas vezes o estado psicoemocional é importante, devendo o
tratamento ser dirigido para o controle do estresse e para as modificações
comportamentais (Oliveira, 2002; Okeson, 2008). Quando o problema estiver
localizado na alteração da relação estrutural de uma ATM, os procedimentos
cirúrgicos podem ser a única opção (Oliveira, 2002; Okeson, 2008).
O curso natural das diferentes DTMs como doença ou enfermidade,
ainda é motivo de muita discussão (Fricton, Shiffman, 2003). Ao serem comparados
os resultados de quarenta estudos de longo prazo, que utilizaram diferentes
propostas para o tratamento das DTMs envolvendo os métodos definitivos
(irreversíveis/não-conservadores), como também os tratamentos com terapias de
suporte (reversíveis/conservadores), os resultados pareceram ser semelhantes, pois
houve 70% de sucesso para as terapias "conservadoras" e 85% para as "não-
conservadoras". A despeito das possíveis diferenças entre os indivíduos, os
métodos de diagnóstico e a avaliação do sucesso entre esses estudos, ficam
evidente que as propostas tratamento devem ser inicialmente as reversíveis
(Okeson, 2008).
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02.11.2 Terapias de Suporte
A termoterapia, que emprega o calor úmido (45°C/25 min.), tem como
propósito básico o aumento do fluxo sanguíneo sob a área aplicada. Esse processo
melhora o metabolismo tecidual da área afetada, mediando o processo inflamatório
local (Gutmann, 1980). O emprego do gelo em compressas sobre a área afetada por
cerca de seis minutos (Burgess et al., 1988), ou a aplicação de spray à base de
fluormetano (Simons et al., 1999), também pode ser utilizado.
2.11.3 Farmacoterapia
É importante que algumas características da dor causada pela DTM
sejam conhecidas, pois a intensidade, a duração e o tempo de instalação da dor são
importantes para a opção do fármaco mais indicado. Os mais utilizados são,
normalmente, os analgésicos, os antiinflamatórios não esteroidais, os agentes
antiinflamatórios, os corticosteróides, os ansiolíticos, os relaxantes musculares e os
anestésicos locais (Hersh et al., 2008).
Em alguns casos específicos, a associação de fármacos se faz
necessária. Nos casos de uma dor aguda causada pela DTM, por exemplo, a
escolha dos analgésicos para as dores musculares cíclicas, dos corticosteróides
para os casos das artralgias agudas e dos ansiolíticos quando há a possibilidade de
bruxismo noturno, dão resultados satisfatórios (Hersh et al., 2008).
Já nos casos em que há a necessidade de melhorar a condição do
sono (aumento da fase IV e diminuição dos despertares) na busca da melhora para
a dor, os antidepressivos tricíclicos são os indicados. Nos casos da dor miofascial
com pontos gatilho, a injeção local com anestésico é uma das melhores terapias
(Okeson, 2008).
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2.11.4 Dispositivos Interoclusais (Placas Oclusais)
Os dispositivos interoclusais vem sendo utilizados para o
controle/tratamento das DTMs há mais de cem anos, embora seu mecanismo de
ação ainda não seja totalmente compreendido. Atualmente, estão sendo
classificados entre aqueles que visam a estabilização mandibular e nos que
reposicionam anteriormente a mandíbula.
Figura 08: Placa miorrelaxante
Esses dispositivos, geralmente confeccionados em laboratório com
uma resina acrílica termopolimerizável, devem recobrir totalmente os dentes de uma
das arcadas dentárias. Os dispositivos interoclusais de estabilização baseiam o seu
efeito terapêutico na estabilização ortopédica entre a posição oclusal e a posição
das ATMs motivo pelo qual eles são indicados para tratar a hiperatividade muscular
(bruxismo e/ou apertamento dental) (Ekberg et al., 2003; Ekberg et al., 2004;
Wahlund et al., 2003).
Quando existe necessidade de uma alteração temporária da posição
de relacionamento do posicionamento do complexo côndilo-disco, para propiciar
uma melhor condição de adaptação e reparo, o dispositivo de reposicionamento
anterior da mandibula é o indicado.
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Essa situação está presente nos casos em que há uma dor retrodiscal
pós-trauma, nos quais a sua indicação traz comprovados benefícios (Anderson et
al., 1985; Moloney, Howard, 1986; Simmons 3rd, Gibbs, 1995; Tecco et al., 2004).
Nos casos dos estalidos articulares únicos ou recíprocos e dos travamentos crônicos
ou intermitentes do disco articular, esses dispositivos podem trazer alguns
benefícios (Okeson, 2008).
3- Exercícios Mandibulares
Os exercícios mandibulares, associados ou não a outras modalidades
não invasivas de tratamento (aconselhamento e placas oclusais, por exemplo), vêm
sendo utilizados com resultados muito satisfatórios para o controle da dor causada
pela DTM (Michelotti et al., 2000; 2004; 2005; Nicoakis et al., 2000; 2001; Yoda et
al., 2003; 2006). O período de observação dos indivíduos submetidos aos exercícios
variou de acordo com o protocolo, mas após 3 meses já eram observados bons
resultados. Em estudos aleatórios e controlados, casos em que foram
recomendados exercícios mandibulares e o aconselhamento foram comparados com
aqueles nos quais só se recomendou o aconselhamento para o tratamento da dor
miofascial causada pela DTM. O resultado foi melhor nos grupos que fizeram os
exercícios, o que confirmou ser a terapia dos exercícios mandibulares a primeira
escolha para a intervenção nas DTM musculares (Michelotti et al., 2000; 2004;
2005).
No tratamento do deslocamento do disco articular com redução, a dor
provocada por essa disfunção, após seis meses de tratamento, teve significativa
redução devido aos exercícios mandibulares passivos (Nicolaski et al., 2000). Outros
autores também mostraram que se obtinham bons resultados com os exercícios
mandibulares na redução da dor provocada pelo deslocamento do disco articular
sem redução (Nicolaski et al., 2002).
No tratamento do estalido articular, os exercícios mandibulares
melhoraram o ruído de forma significativa, quando comparados com um grupo
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controle no qual não se observou melhora alguma (Yoda et al., 2003). Os exercícios
mandibulares, quando associados à placa oclusal de reposicionamento mandibular
para o uso noturno, apresentaram-se como forma mais efetiva de tratamento para o
travamento articular intermitente do que o uso de, apenas, a placa ou o exercício
isoladamente (Yoda et al., 2006).
Os exercícios mandibulares, entre as terapias de suporte (TS) para a
DTM, são de fácil aceitação e muito eficientes tanto nas disfunções musculares
como nas articulares (Michelotti et al., 2000; 2004; 2005; Nicoakis et al., 2000; 2001;
Yoda et al., 2003; 2006), além de serem comparáveis com aos aparelhos
interoclusais (Magnusson, Syren, 1999; Maloney et al., 2002; Ismail, et al., 2007).
Os exercícios de coordenação, de relaxamento e de alongamento, são
os mais utilizados como terapia de suporte nas DTMs em geral, sendo o seu objetivo
fazer com que os músculos elevadores e abaixadores da mandíbula funcionem com
a mesma intensidade e de forma coordenada (Oliveira, 2002). Quando é necessária
a promoção do relaxamento muscular, o estímulo forçado da musculatura
antagonista é uma proposta interessante dentro da teoria da inervação recíproca
(Oliveira, 2002) porque o relaxamento dos músculos elevadores é feito com o
movimento da abertura mandibular contra-resistência. Na presença da limitação do
movimento pela contratura tecidual (contratura, aderência, formação de tecido
cicatricial), os exercícios de alongamento são os indicados para aumentar a
amplitude do movimento (Okenson, 2000)
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4-Conclusão
Conclui-se que diante de uma revisão de literatura, que a articulação
temporomandibular è uma das principais articulações existentes nos seres humanos
pois sem ela não haveria os movimentos mandibulares, as desordens
temporomandibulares têm origem multifatorial, levando a varias conseqüências.
Tendo como melhor resultado a prevenção e o diagnostico correto.
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