ALGUMASEVIDNCIASPRECONTRAOCRIACIONIS

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ALGUMAS EVIDÊNCIAS PRÓ E CONTRA O CRIACIONISMO Yuri Tandel Geoinform Introdução Trataremos neste artigo, de maneira resumida, de apenas algumas das evidências favoráveis e outras contrárias ao criacionismo devido à complexidade e interdisciplinaridade do tema. A própria definição de criacionismo é variável, como se observa na tabela 1 assim, neste artigo, adotou–se a definição de “Criacionismo” como aquela normalmente aceita pela maioria dos membros da igreja adventista do sétimo dia (IASD), qual seja: A vida na Terra é jovem (cerca de 10.000 anos); a semana literal, no período da criação relatado no Gênesis; o dilúvio é fonte dos sedimentos e fósseis das grandes bacias sedimentares e das principais feições geológicas (tectônica de placas, glaciações, estruturas das rochas, etc.). Tabela1: A IASD adota o modelo 1 de criacionismo. Fonte:Roth (2001) (1)

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  • ALGUMAS EVIDNCIAS PR E CONTRA O CRIACIONISMO

    Yuri Tandel Geoinform

    Introduo

    Trataremos neste artigo, de maneira resumida, de apenas algumas das evidncias favorveis e outras contrrias ao criacionismo devido complexidade e interdisciplinaridade do tema. A prpria definio de criacionismo varivel, como se observa na tabela 1 assim, neste artigo, adotouse a definio de Criacionismo como aquela normalmente aceita pela maioria dos membros da igreja adventista do stimo dia (IASD), qual seja: A vida na Terra jovem (cerca de 10.000 anos); a semana literal, no perodo da criao relatado no Gnesis; o dilvio fonte dos sedimentos e fsseis das grandes bacias sedimentares e das principais feies geolgicas (tectnica de placas, glaciaes, estruturas das rochas, etc.).

    Tabela1: A IASD adota o modelo 1 de criacionismo. Fonte:Roth (2001) (1)

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    Assumese tambm que o relato bbiclo fruto da inspirao do pensamento do profeta, em oposio idia de inspirao verbal, ou seja, que o relato tenha sido ditado por Deus. Esta a posio da IASD, inclusive para os escritos de Ellen White. (2)

    Convm ainda lembrar que houve um desenvolvimento do pensamento criacionista nas ltimas dcadas, onde foi descartado, por um grupo significativo dos adventistas que estudam esse assunto, crenas equivocadas antigas, s vezes, antiqssimas: que as espcies so fixas, criao da Terra e do Universo num mesmo momento, a cronologia de Ulsher para os eventos da criao ( cerca de 6.000 anos) e a interpretao literal da volta de Jesus pelo espao aberto na constelao de rion (3)

    . Parte destes assuntos foi abordado com mais detalhes pelo autor em artigo anterior (4).

    Evidncias favorveis ao Criacionista

    Dividiram-se didaticamente as evidncias pr-criacionismo tratadas neste artigo em positivas e negativas, isto , aquelas que so contribuio cincia em contrapartida daquelas que so apenas contestaes teoria evolucionista. Estas ltimas eventualmente so abandonadas medida que a cincia progride. Um exemplo tpico era a afirmao de que no haveria fsseis nas camadas do prcambriano e que houve uma exploso de vida apenas a partir do Cambriano. Todavia hoje j so bem conhecidos vrios fsseis desta idade: estromatlitos, fauna de Idiacara, etc. (5).

    Como evidncias positivas citam-se: o design inteligente, a existncia de seqncia de camadas sedimentares com lacunas entre si de milhes de anos, porm sem evidncias de processos erosivos nos contatos, a existncia de vrios fsseis vivos como, por exemplo, o famoso celacanto e a veracidade arqueolgica bblica.

    Como evidncias negativas a favor do criacionismo destacam-se entre outras: a falcia em se provar a origem espontnea da vida no planeta, bem como, de mecanismo que formariam gradualmente rgos complexos (por exemplo, o olho de um polvo). Somamse ainda freqentes rvores evolutivas incompletas. O uniformitarismo tambm contestado por vrias evidncias de catastrofismo: impacto de meteoros, glaciaes globais, vulcanismos colossais, etc.

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    Podese ainda elencar outro tipo de evidncias, isto , as de carter pessoal e/ou religiosa: o cumprimento de profecias, a ocorrncia de milagres e convices intimas (voz da conscincia).

    Algumas evidncias desfavorveis ao Criacionismo

    As evidncias contrrias viso do criacionismo tm sido alvo de estudos e debates, porm no se chegou respostas satisfatrias (6).

    Datao Radiomtrica que fornecem idades de centenas de milhes de anos para rochas que contm fsseis. Esta tecnologia encontra-se muito desenvolvida, existindo dezenas de mtodos radiometricos diferentes para se datar rochas, todos coerentes entre si. Ressalta-se ainda que esses mtodos fornecem idades de bilhes a milhares de anos para os diferentes fsseis na coluna geolgica, dificultando a interpretao de tratar-se apenas de idades relativas e no absolutas. So tambm muito utilizados para pesquisa mineral sendo uma ferramenta importante na descoberta de novas jazidas minerais;

    Datao por fsseis guia que, embora baseada na datao radiomtrica para se obter o valor absoluto em anos, permite definir com muita preciso a idade de uma determinada camada. So muito utilizados fsseis microscpios, por exemplo, os foraminferos, pois possuem caractersticas morfolgicas muito distintas ao longo da coluna geolgicas. A pergunta imediata : por que o dilvio no os sepultou de maneira aleatria, j que habitavam ambientes semelhantes (a maioria so marinhos)? Possuem ainda uma aplicao fundamental na pesquisa de novos campos petrolferos, ao permitirem determinar as idades e palioambientes medida que as sondagens so executadas;

    Datao pelo gelo obtido em sondagens nas regies glaciais do planeta. Por este mtodo possvel atingir idades at 100.000 anos e h uma correlao muito forte com eventos histricos (mudanas climticas, desaparecimento de civilizaes, extines de animais pr-histricos, etc.);

    Evidncias muito fortes de vrias glaciaes desde o pr-cambriano e no apenas uma, por ocasio do trmino do dilvio;

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    A distribuio dos fsseis ao longo da coluna geolgica, isto , do mais simples ao mais complexo, sem estarem misturados como seria de esperar num dilvio onde a chuva foi um fator importante;

    A existncia de espcies tpicas de determinado clima, por exemplo, de plantas tpicas de reas polares, sendo substitudas por de climas mais ameno ao mudar-se de camada;

    As ltimas camadas, isto , as do cenozico, possurem fsseis diferentes dos atuais, pois, se esperaria que os animais que foram soterrados no dilvio fossem iguais ao que saram da arca de No;

    Vrias estruturas geolgicas que sugerem longo espao de tempo para se formarem: a deriva continental (tectnica de placas) onde haveria a fuso dos continentes por superaquecimento (atrito) se ocorresse em apenas 1 ano. Alm disso, no assoalho ocenico, que foi se formando com o preenchimento do espao entre os continentes, as rochas magmticas (basalto) esto dispostas em vrias faixas com os minerais constituintes ora indicam uma direo dos plos, ora a direo inversa (inverso de polaridades). Para isto ter ocorrido seria necessrio que cada faixa de magma estivesse solidificado antes que outra fosse formada, o que demanda muito tempo, pois estas rochas possuem vrios metros de espessura. A propsito, pode-se especular que por ocasio de cada inverso da polaridade magntica, ocorreu um declnio momentneo do campo magntico, permitindo uma maior incidncia dos raios csmicos que poderiam acelerar o decaimento radioativo nas rochas;

    Podem-se citar ainda dobras e falhamentos em camadas subjacentes de outra sem tais feies. Isto implica que as camadas inferiores passavam pelo processo de diagnese e metarmofismo antes da disposio da nova camada.

    Outra estrutura muito comum a intruso de magma em camadas sedimentares j consolidadas. Todas estas feies no so explicadas por um dilvio rpido e sem longos intervalos entre os eventos.

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    Concluses

    A geologia tradicional e a teologia so cincias humanas que possuem uma interface antagnica. Ao aguardar que ambas se desenvolvam, devemos manter uma atitude de humildade e, se no nesta Terra, ter finalmente nossa dvidas dirimidas pelo nosso Criador quando estabelecer um Novo Cu e uma Nova Terra.

    Referncias Bibliogrficas

    1. Roth A. A. (2001): Origens, relacionando a cincia com a Bblia. Casa Publicadora Brasileira, Tatu, SP, pg. 329.

    2. Douglass, E. H. (2001). Mensageira do Senhor. Casa Publicadora Brasileira, Tatu, SP, pg. 118.

    3. Mendes, Y. (2008). Os Mistrios de rion. Ed. Casa Publicadora Brasileira, Tatu, SP, pg. 111.

    4. Tandel, R. Y (2007): Formas de Interpretao da Bblia e seu Relacionamento com o Criacionismo. 5 Encontro Nacional de Criacionistas, UNASP Campus SP, So Paulo.

    5. Teixeira, W. et al (2000): Decifrando a Terra. Ed. Oficina de Textos, So Paulo, SP, 55 pg.

    6. Cincias das Origens, n. 2, maio-agosto de 2002.