ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA COM ALUNOS DE ESCOLA … · José do Alto Viçosa no município de...
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ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA COM ALUNOS DE ESCOLA
PÚBLICA EM CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
DO MUNICÍPIO DE VENDA NOVA DO IMIGRANTE/ES
Elaine Cristina Rossi – [email protected]
Instituto Federal do Espírito Santo
Vitória – Espírito Santo
Eduardo Augusto Moscon Oliveira – [email protected]
Universidade Federal do Espírito Santo
Vitória – Espírito Santo
Resumo: Descreve e analisa prática educacional investigativa desenvolvida por meio de
sequências didáticas interdisciplinares trabalhadas com educandos do ensino médio regular
a partir de uma aula de campo no espaço não formal do Centro de Desenvolvimento
Sustentável Guaçu Virá (Venda Nova do Imigrante/ES). Os conteúdos abordados nas
disciplinas de física, química, biologia e geografia estão previstos nos PCNs, DCNs e no
Currículo Comum das Escolas Estaduais do Estado do Espírito Santo. Entendemos que o
conhecimento mediado pela experiência vivencial pode possibilitar a transposição do
conhecimento científico, aliado a uma prática social reflexiva, crítica e sustentável. Essa é
uma característica da construção do conhecimento por meio da experiência investigativa de
uma aula de campo, mediada pela pedagogia histórico crítica. Os conteúdos apropriados em
vivências contextuais buscaram promover a alfabetização científica no conjunto da
abordagem em CTSA (Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente). Dessa forma, a educação
ambiental necessita perpassar todo conjunto disciplinar da escola e ampliar os
espaços/tempos de mediação, experiências/vivências com vistas possibilitar a melhoria da
qualidade de vida em toda sociedade.
Palavras-chave: Alfabetização científica. Aula de campo. CTSA. Espaço não-formal.
Educação ambiental.
1. INTRODUÇÃO
A década de 1970 foi de grande importância para os movimentos ambientalistas, depois
da Conferência de Estocolmo (1972), com o lançamento das “bases de uma legislação
ambiental internacional do meio ambiente”, as questões ambientais passaram a ser discutidas
mais amplamente, novos conceitos foram surgindo e sendo implementados (eco-
desenvolvimento, desenvolvimento sustentável, viabilidade econômica, prudência ecológica e
justiça social). Para o desenvolvimento de sequencias didáticas interdisciplinares foi
selecionado um espaço de educação não formal, o Centro de Desenvolvimento Sustentável
Guaçu Virá, como ponto de partida para todas as disciplinas envolvidas no projeto: física,
química, biologia e geografia.
O Centro de Desenvolvimento Sustentável Guaçu Virá (CDS Guaçu Virá) abrange uma
área de dez alqueires (sendo sete alqueires de Mata Atlântica), localizado na zona rural de São
José do Alto Viçosa no município de Venda Nova do Imigrante, região serrana do Espírito
Santo, foi criado em 1993, surgindo da Associação de Amigos da Terra, uma associação da
sociedade civil sem fins lucrativos. Foi oficialmente constituído em 1996, com objetivo de
promover o desenvolvimento sustentável em consonância com o desenvolvimento econômico,
social, cultural e a melhoria de qualidade de vida e do meio ambiente.
No CDS Guaçu Virá sustentabilidade significa manter-se estável e constante por muito
tempo. Baseado em princípios de preservação e desenvolvimento do meio ambiente, tem
elaborado, ao longo dos seus 18 anos de existência, equipamentos e projetos que transformam
recursos naturais em benefícios para o ser humano.
Essa ONG vem atuando na região com iniciativas que envolvem desde programas de
educação ambiental, desenvolvimento e valorização das habilidades da comunidade local,
capacitação profissional em várias áreas até a promoção de encontros de lideranças
comunitárias, eventos sociais e principalmente, desempenhando um papel de laboratório de
práticas de sustentabilidade aplicadas à realidade local. O CDS Guaçu Virá tem como
principal financiador dos projetos desenvolvidos a empresa Agrosabor Industrial Ltda.
Desde 1994 a Agrosabor Industrial em parceria com o CDS Guaçu Virá desenvolvem um
projeto de gestão empresarial sócio-ambiental que se tornou referência nacional e
internacional destacando-se como Pólo de Educação Ambiental e Difusão de Práticas
Sustentáveis em consonância com os postulados da Agenda 21.
No CDS Guaçu Virá, trabalha-se por meio de práticas simples como o reflorestamento,
soltura de animais, recuperação de nascentes, conservação e utilização correta do solo,
emprego de energias alternativas entre outras. Todas estas práticas vêm ao encontro do
Movimento Ciência Tecnologia Sociedade e Ambiente (CTSA) e são disseminadas entre os
vizinhos e visitantes do projeto. Para tornar a aula de campo mais proveitosa existe a
necessidade de utilização de múltiplas estratégias didáticas para disseminar as atividades que
são realizadas neste espaço sustentável e não formal de educação e desenvolvimento de
tecnologias sustentáveis. Os cursos CTSA admitem a utilização de:
literatura infantil, da música, do teatro e de vídeos educativos, reforçando a
necessidade de que o professor pode, através de escolha apropriada, ir
trabalhando os significados da conceituação científica veiculada pelos discursos contidos nestes meios de comunicação; explorar didaticamente
artigos e demais seções da revista Ciência hoje das Crianças, articulando-os
com aulas práticas; visitas a museus; zoológicos, industrias, estações de
tratamento de águas e demais órgãos públicos; organização e participação em saídas a campo e feiras de Ciências; uso do computador da Internet no
ambiente escolar. (LORENZETTI &DELIZOICOV, 2001, p.9)
As orientações provindas das idéias acima mencionadas são claras ao apontar a
necessidade de superação das metodologias arcaicas, baseadas apenas no processo de
transmissão-recepção de informações veiculadas por aulas predominantemente expositivas.
Portanto, busca-se dinamizar o processo de ensino-aprendizagem como forma de permitir
uma aprendizagem significativa e vinculada aos acontecimentos do mundo e da sociedade em
geral. No CDS Guaçu Virá existem aproximadamente 20 espaços não formais que podem ser
utilizados para a aprendizagem das ciências física, química, biologia e geografia, alguns deles
estão apresentados nas fotos do local (figuras 1, 2 , 3 e 4):
Figura 1: Roda d‟água. Figura 2: Estação de Tratamento de Efluentes.
Figura 3: Refletor Termosolar. Figura 4: Monjolo
O objetivo deste trabalho é relatar uma proposta educacional investigativa realizada por
meio se sequencias didáticas a partir de uma aula de campo em um espaço não formal
abordando temáticas de CTSA. Algumas ações didáticas como as aulas de campo, sequências
didáticas, mostra científica e cultural que visam relacionar as ciências com as aplicações
tecnológicas e os fenômenos da vida cotidiana. Abordam o estudo de aplicações científicas
que tem relevância social. Analisam as implicações sociais e éticas relacionadas ao uso da
ciência e da tecnologia com vistas a proporcionar uma compreensão da natureza da ciência e
do trabalho científico.
2. ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E EDUCAÇÃO
Segundo Chassot (2003, p. 91) a alfabetização científica pode ser considerada como uma
das dimensões para potencializar alternativas que privilegiam uma educação mais
comprometida. O autor defende que a ciência seja uma linguagem; assim, ser alfabetizado
cientificamente é saber ler a linguagem em que está escrita a natureza. É um analfabeto
científico aquele incapaz de uma leitura do universo. A ciência pode ser considerada como
uma linguagem construída pelos homens e pelas mulheres para explicar o nosso mundo
natural. Entender as ciências nos facilita, também, contribuir para controlar e prever as
transformações que ocorrem na natureza, sendo assim, a utilização de espaços não-formais
para construir os conhecimentos científicos de forma integrada com a natureza é um recurso
metodológico de suma importância para os educadores das mais diversas áreas de
conhecimento. Em virtude dessa demanda foi escolhido o CDS Guaçu Virá para o
desenvolvimento deste trabalho.
Para Teixeira (2003) não existe neutralidade científica e quando as ciências são ensinadas
nas escolas de forma desarticulada e altruísta elas passam a ter uma concepção de ciência
ingênua, desinteressada, apolítica, desconectados das atualidades e como se não tivesse uma
utilidade social. Por isso propomos um trabalho interdisciplinar por meio de sequências
didáticas que abordem a temática CTSA nas ciências: física, química, biologia e geografia.
Todo trabalho educacional deve ser permeado por uma proposta pedagógica, apropriamos
da pedagogia Histórico-Crítica, definida por Dermeval Saviani (1991) como expressão de
uma pedagogia que se propõe a pensar a educação como movimento crítico e social. Sendo a
educação mediação,
[...] isto significa que ela não se justifica por si mesma, mas tem sua razão de
ser nos efeitos que se prolongam para além dela e que persistem mesmo após
a cessação da ação pedagógica. Considerando-se, como já se explicitou, que, dado o caráter da educação como mediação no seio da prática social global,
a relação pedagógica tem na prática social o seu ponto de partida e seu ponto
de chegada, resulta inevitável concluir que o critério para se aferir o grau de
democratização atingido no interior das escolas deve ser buscado na prática social. (p.86)
Conforme acima, esse conjunto de pressupostos vem ao encontro dos objetivos dos
professores provocadores que vêem na escola uma instituição que por um lado promova o
acesso ao conhecimento científico tomando a prática social como ponto de partida e chegada
do processo de ensino. Mas, também, problematize a prática social, estabelecendo conexões
entre teoria e prática, desenvolvendo atividade mediadora entre a prática social, o saber
elaborado e o conhecimento erudito (conteúdos clássicos). Neste contexto, entende-se que o
movimento CTSA, entendido a partir dos fundamentos da pedagogia histórico-crítica,
proporciona um diálogo importante para a área de ensino de ciências.
O Movimento CTSA (Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente) teve início na década
de 1970 e segundo Santos (2007, p.482) tem por objetivo o desenvolvimento de uma
cidadania responsável (individual e social) para lidar com problemas que tem dimensões
científicas e tecnológicas.
Existem alguns pontos de convergência entre a Pedagogia Histórico-Crítica e o
Movimento CTSA que valem a pena ser apresentados para demonstrar a articulação entre os
elementos que compõem este trabalho (sequência didática, aula de campo, espaço não-formal,
movimento CTSA, alfabetização científica e aprendizagem significativa). A inserção da
prática social (contexto sócio econômico e realidade social) no ensino utilizando sequências
didáticas de aprendizagem inspirada no movimento CTSA. Importância da escola como
instrumento de formação para a cidadania. A necessidade de superação das metodologias
arcaicas, baseadas apenas no processo de transmissão-recepção de informações veiculadas
por aulas predominantemente expositivas. Devem se utilizadas simulações, jogos, fóruns,
debates, projetos, redações de cartas para autoridades, visitas a indústrias e museus, estudo de
caso, aulas de campo, ação comunitária, entrevistas, análises de dados no computador,
materiais audiovisuais e demais atividades didáticas. Os conteúdos são instrumentos
mediadores da formação geral dos alunos, e não como mero conjunto de informações factuais
desprovidas de relações com a sociedade, que os alunos apenas memorizam para efeito de
exames, para depois, com a inexorável ação do tempo serem progressivamente esquecidos. O
papel dos professores com competência técnica e compromisso político para ser um
provocador do desejo de conhecer.
O objetivo deste ensino, que almeja a formação cidadã dos estudantes para o domínio e
uso dos conhecimentos científicos e seus desdobramentos nas mais diferentes esferas de suas
vidas, é por nós compreendido como „alfabetização científica‟.
Conforme Sasseron e Carvalho (2011, p.61),
[...] alfabetização científica designa as idéias que temos em mente e que
objetivamos ao planejar um ensino que permita aos educandos interagir com
uma nova cultura, com uma nova forma de ver o mundo e seus conhecimentos, podendo modificá-los e a si próprio através da prática
consciente propiciada por sua interação cerceada de saberes de noções e
conhecimentos científicos, bem como das habilidades associadas ao fazer
científico.
Para os educadores é importante ressaltar que a alfabetização científica não acontece
apenas no ambiente escolar, em determinado espaço/tempo, mas, como uma atividade que se
desenvolve gradualmente ao longo da vida e que depende das características sociais,
econômicas e culturais do meio onde este sujeito está inserido.
As autoras citadas acima reforçam o pressuposto de que as aulas de campo são atividades
problematizadoras, cujas temáticas são capazes de relacionar e conciliar diferentes áreas de
ensino e esferas da vida dos educandos, observando os elementos presentes em seu dia a dia
como produtos das ciências.
Lorenzetti e Delizoicov (2001) destacam que por meio das saídas a campo, os alunos
estarão realizando observações diretas, contribuindo para a alfabetização científica, na medida
em que permitem, de modo sistemático, mediar o uso dos conhecimentos para melhor
compreender as situações reais. Os alunos acabam utilizando todos os sentidos e não apenas a
observação visual, pois “[...] o contato com ambientes, seres vivos, áreas em construção,
máquinas em funcionamento, possibilita observações de tamanho, formas, comportamentos e
outros aspectos dinâmicos, dificilmente proporcionados pelas observações indiretas”
(BRASIL, 1997, p.122).
O ensino de Ciências não deve se restringir à transmissão de conhecimentos, mas deve
mostrar aos alunos a natureza da ciência e a prática científica e, sempre que possível, explorar
as relações existentes entre ciência, tecnologia, sociedade e ambiente. Tendo esse objetivo, as
autoras propõe o ensino por investigação como uma forma de favorecer a alfabetização
científica (SASSERON;CARVALHO, 2011).
Chassot (2003), entende que seria desejável que os alfabetizados cientificamente não
apenas tivessem facilitada a leitura do mundo em que vivem, mas entendessem as
necessidades de transformá-lo – e, preferencialmente, transformá-lo em algo melhor. A
ciência deveria servir acima de tudo para melhorarmos a vida no planeta, e não torná-la mais
perigosa, como ocorre, na maioria das vezes em uma sociedade de consumo cujo primeiro
objetivo é a produção de lucros e não a qualidade de vida da população.
3. METODOLOGIA DA AULA DE CAMPO
A pesquisa teve início quando os professores envolvidos no projeto foram visitar o
Centro de Desenvolvimento Sustentável Guaçu Virá, sendo recebidos pelo presidente da
ONG Julio Alberto Dueñas e pela bióloga Graziele Dalbó Falqueto que conduziram a equipe
a uma visita monitorada para conhecer os projetos do CDS Guaçu Virá. A partir dessa visita
os educadores planejaram suas sequências didáticas de forma interdisciplinar.
Nos meses de novembro e dezembro de 2009 foram desenvolvidas essas sequencias
didáticas com os educandos da Escola Estadual de Ensino Médio Irmã Dulce Lopes Ponte,
localizada na Avenida Espírito Santo s/n, Marcílio de Noronha-Viana/ES. Para organização
dos trabalhos, os professores foram apresentando suas sequências didáticas e os alunos foram
aderindo aquele com o qual mais se identificavam, ou pelo qual tinham maior afinidade com
os professores.
Os preparativos para as aulas de campo começaram com o envio das solicitações de
autorizações para os familiares dos educandos assinarem, a contratação de transporte escolar
adequado, regulamentado e com seguro, planejamento do horário das atividades, transmissão
com objetividade e clareza aos educandos do que se esperava alcançar com a aula de campo e
lista de orientações quanto às roupas, calçados fechados, bonés, repelentes, filtro solar, blusa
de frio, lanche, água.
As aulas de campo foram realizadas com os educandos nos dias 4, 5 e 6 de Novembro de
2009. Os alunos que aderiram as sequências didáticas financiaram o transporte e a entrada no
Projeto Guaçu Virá. No dia 4 de novembro as professoras de Geografia e História saíram da
EEEM Irmã Dulce Lopes Ponte com 39 alunos das turmas dos 1º anos do ensino médio ás 7
horas e 30 minutos com destino ao CDS Guaçu Virá. A programação foi realizada da seguinte
forma:
09h30min – recepção dos alunos no Centro de Vivência pela bióloga Graziele Dalbó
Falqueto.
10h00min – trilha na área de recuperação ambiental de Mata Atlântica e Mata de Araucária.
11: 00 – visitação aos projetos (energias alternativas, desidratador solar, minhocário, dentre
outros).
12h00min – Almoço/definição dos grupos de 3 a 5 alunos, por afinidade.
13h00min – reunião para escolha do projeto que será apresentado na Mostra Científica e
Cultural por cada grupo.
13h30min – estudo mais elaborado do projeto escolhido pelo grupo.
15h00min – Retorno
17h00min – Chegada na Escola.
As fotos 5 e 6 apresentam alguns dos momentos de aprendizagem que foram muito
significativos para os educandos e educadores que participaram desta aula de campo.
Foto 5: Desidratador Solar. Foto 6: Trilha na Mata Atlântica
No dia 5 de novembro os professores de Geografia e Química saíram do bairro Marcílio
de Noronha em Viana com 38 alunos das turmas dos 2º e 3º anos do ensino médio ás 7 horas e
30 minutos com destino ao CDS Guaçu Virá. A programação realizada foi à mesma
supracitada. Nesta data a bióloga não pode fazer a monitoria da visita técnica ficando está a
cargo da professora de Geografia. O FML – Formador Mediador Local – e também professor
de Química filmou a visita técnica e o vídeo foi exibido durante a Mostra Cientifica e
Cultural.
No dia 6 de novembro os professores de Física e Química saíram do bairro Marcílio de
Noronha em Viana com 43 alunos das turmas dos 2º e 3º anos do ensino médio ás 7 horas e
30 minutos com destino ao CDS Guaçu Virá. A programação se manteve inalterada em
relação às demais visitas.
Um montante de 120 alunos e 7 professores tiveram a oportunidade de conhecer este
projeto de sustentabilidade desenvolvido em terras capixabas. Nas aulas de campo foi
possível a apropriação de vários conceitos das ciências. Propiciar o entendimento,
problematização e a leitura do contexto social e proporcionar subsídios para alfabetização
científica. A seqüência de fotos de 7 a 10 apresentam algumas dessas leituras científicas que
os educandos tiveram a oportunidade de realizar durante as aulas de campo.
Foto 7: Opasca utilizada na compostagem. Foto 8: Horta Vertical
Foto 9: Fogão solar. Foto 10: Tratador automático de peixes
Com todo material coletado por meio de anotações, fotografias e os conhecimentos
adquiridos por meio da aula de campo passamos a desenvolver encontros semanais na escola
para orientação dos grupos de trabalho. Foram quatro encontros supervisionados pelos
professores do projeto até a data na Mostra Científica e Cultural. Nestes encontros eram
trocadas experiências, dicas, informações e montagem das réplicas dos projetos.
4. A MOSTRA CIENTÍFICA NA ESCOLA
No dia 27 de Novembro de 2009 foi realizada a Mostra Científica e Cultura da EEEM
Irmã Dulce Lopes Ponte, no horário das 8 às 22 horas para expor as réplicas dos projetos e
cartazes apresentado as experiências de projetos implantados no CDS Guaçu Virá.
Além das réplicas do CDS Guaçu Virá foram apresentados uma variedade de projetos
desenvolvidos por professores das mais diversas áreas de conhecimento, tais como as músicas
que marcaram as décadas de 1960 e 1970 (História, Português); projeto meu dever de casa –
tecnomídia (Matemática); Modelagem com argila (Artes, Filosofia e Sociologia); Hockey,
Patinação e Karatê (Biologia e Educação Física); Mata Atlântica (Inglês); Experimentos de
Física; Experimentos de Química e muitos outros trabalhos realizados por alunos do ensino
médio orientados pelos professores dessa instituição de ensino.
Os trabalhos foram apresentados pelos educandos a toda comunidade que visitou a
Mostra Científica e Cultural e alguns deles foram escolhidos por técnicos da Secretaria
Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Viana para participar do I Seminário
de Educação Ambiental promovido por esta Secretaria. Os trabalhos foram expostos e
apresentados pelos educandos no dia 11 de dezembro no Centro Paroquial da Igreja Católica
de Viana durante a realização do evento. Foram convidados cerca de 20 alunos para
apresentarem seus projetos representando a escola. As fotos de 11 a 14 apresentam alguns dos
trabalhos apresentados na Mostra Científica e Cultura.
Foto 11: Tratador automático de peixes. Foto 12: Unidades Fotovoltaicas
Foto 13: Agricultura Vertical. Foto 14: Monjolo.
4.1. Autorizações
O trabalho de pesquisa obteve autorização prévia da direção da escola, dos professores e
dos educandos para a realização da sequência didática e sua posterior utilização para fins
educacionais,bem como do CDS Guaçu Virá.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As aulas de campo, as sequências didáticas e a mostra científica e cultural foram muito
importantes para a alfabetização científica dos educandos e educadores que trabalharam o
equilíbrio entre os projetos desenvolvidos no CDS Guaçu Virá e a realidade dos educandos,
suas vivências e a possibilidade de aplicação de cada um desses projetos na comunidade onde
esta inserida a escola. A apropriação de conceitos científicos e a sua aplicação para vida
social, pode desenvolver no educando significados para a sua alfabetização científica: a
expansão da capacidade de problematização, de análise e sínteses teoricamente mediadas. É
importante a realização de atividades anteriores e posteriores a aula de campo para propor
situações investigativas de forma crítica, em relação as mediações capazes de serem
estabelecidas com as ciências, as tecnologias, a sociedade e o ambiente.
Alguns dos projetos que foram explorados como maior profundidade nas sequencias
didáticas foram: o reator biológico, a criação de coelhos, a trilha das samambaiaçus, a área de
reintegração dos papagaios à natureza, as áreas de estudo dos anfíbios, as unidades
fotovoltaicas de captação de energia solar, as nascentes, a estação de tratamento de esgoto, o
moinho d‟água, o forno e o fogão solar e a oficina de marcenaria.
O CDS Guaçu Virá apresenta muitas interações entre o ambiente e a sociedade de Venda
Nova do Imigrante. É um excelente espaço não formal para o desenvolvimento da
alfabetização científica em CTSA.
Agradecimentos
Agradecemos a comunidade escolar da Escola Estadual de Ensino Médio Irmã Dulce Lopes
Ponte pela participação pró-ativa durante o desenvolvimento de todas as etapas da sequência
didática e também a equipe do CDS Guaçu Virá que atendeu muito bem os educandos durante
as aulas de campo.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Ciências Naturais e suas tecnologias: Exemplar de uma experiência em séries iniciais.
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no contexto educacional brasileiro. Ciência e Educação, v.7, n. 1, p. 1-13, 2001.
BRASIL. Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006. Institui, no âmbito federal, o Programa
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Educação de Jovens e Adultos - PROEJA, e dá outras providências. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, 14 jul. 2006.
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CHASSOT, Attico. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social.
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DELIZOICOV, D. et al. Ensino de ciências: fundamentos e métodos. 4. ed. São Paulo:
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SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 25.ed. São Paulo: Cortez/autores associados,
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TEIXEIRA, Paulo Marcelo M. A educação científica sob a perspectiva da Pedagogia
Histórico-Crítica e do Movimento CTS no ensino de ciências. Ciência e Educação, v.9, n. 2,
p. 177-190, 2003.
CIENTIFIC LITERACY IN THE CENTER OF SUSTAINABLE
DEVELOPMENT GUAÇU-VIRA – VENDA NOVA DO IMIGRANTE/ES
Abstract: Describes and analyzes investigative educational practice developed through
interdisciplinary teaching sequences worked with high school students from a regular class
field in the space of non-formal Center for Sustainable Development Guaçu Virá (Venda
Nova do Imigrante / ES). The content covered in the disciplines of physics, chemistry, biology
and geography are provided in PCNs, DCNs Common Curriculum and the State Schools of
the Espírito Santo State. We understand that knowledge mediated by actual experience may
enable the implementation of scientific knowledge, combined with a social practice reflective,
critical and sustainable. This is a feature of the constrution of knowledge through
investigative experience in a class field , mediated by historical critical pedagogy. The
appropriate content in contextual experiences sought to promote science literacy throughout
the CTSA approach (Science, Technology and Society). Thus, the environmental education
needs to permeate every set of disciplinary school and expand the space/time of mediation
experience/practices in order to enable the improvement of quality of life all over society.
Key-words: Scientific literacy, CTSA, non-formal space, Class field, environmental education