Alegria de viver no Semiárido

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Alegria de viver no Semiárido Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 9 nº1933 Janeiro/2015 Iati “O meu sertão é lindo, o meu sertão. E aqui quem fala em guerra é só a televisão. O meu sertão, é lindo o meu sertão”. É compondo música e plantando pimentas que Seu Luís, de 63 anos, morador do Sítio Areias em Iati divide seus dias. Nascido em Quipapá, chegou ainda recém-nascido a cidade que é Iati. Isso porque a comunidade Areias já pertenceu também às cidades de Bom Conselho e Saloá. “Desde que vim pra cá, morei em três cidades mesmo sem sair do lugar”, conta o agricultor. Começou a trabalhar ainda criança, com 7 anos de idade, ajudando seu pai na roça. Para conseguir água na época, precisavam percorrer mais de 2km em busca de água, que era salgada, e traziam os baldes cheios na cabeça. Na juventude, foi pra o estado de Alagoas tentar a vida como cortador de cana. “Passei sete anos lá, mas não aguentei de saudade e voltei. Eu amo a minha terra e agora só saio daqui pra cidade de pé junto”, exclama Seu Luís. Passou por muitas dificuldades na vida, como a falta de água e de comida, mas nunca perdeu a esperança e a vontade de trabalhar. “A gente tem que enfrentar essas coisas né? Come um prato de feijão puro hoje, come outro amanhã. Bebe uma xicara d'água e vai passando”, relata. Ele diz que os anos de 2011, 2012 e 2013 foram os mais difíceis e que muitos dos seus conhecidos foram para o sul cortar cana para tentar melhorar de vida. Hoje se diz um homem rico. “Minha vida mudou demais depois que o cisternão chegou aqui. No inverno eu não tomava banho por causa do frio e no verão porque não tinha água. Agora tem água e eu tô tomando banho de inverno a verão”, fala sorrindo. Seu Luís Cebolinha Algodão

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"O meu sertão é lindo, o meu sertão. E aqui quem fala em guerra é só a televisão. O meu sertão, é lindo o meu sertão". É compondo música e plantando pimentas que Seu Luís, de 63 anos, morador do Sítio Areias em Iati vivencia seus dias.

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Alegria de viver no Semiárido

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 9 nº1933

Janeiro/2015

Iati

“O meu sertão é lindo, o meu sertão. E aqui quem fala em guerra é só a televisão. O meu sertão, é lindo o meu sertão”. É compondo música e plantando pimentas que Seu Luís, de 63 anos, morador do Sítio Areias em Iati divide seus dias. Nascido em Quipapá, chegou ainda recém-nascido a cidade que é Iati. Isso porque a comunidade Areias já pertenceu também às cidades de Bom Conselho e Saloá. “Desde que vim pra cá, morei em três cidades mesmo sem sair do lugar”, conta o agricultor. Começou a trabalhar ainda criança, com 7 anos de idade, ajudando seu pai na roça. Para conseguir água na época, precisavam percorrer mais de 2km em busca de água, que era salgada, e traziam os baldes cheios na cabeça.

Na juventude, foi pra o estado de Alagoas tentar a vida como cortador de cana. “Passei sete anos lá, mas não aguentei de saudade e voltei. Eu amo a minha terra e agora só saio daqui pra cidade de pé junto”, exclama Seu Luís. Passou por muitas dificuldades na vida, como a falta de água e de comida, mas nunca perdeu a esperança e a vontade de trabalhar. “A gente tem que enfrentar essas coisas né? Come um prato de feijão puro hoje, come outro amanhã. Bebe uma xicara d'água e vai passando”, relata. Ele diz que os anos de 2011, 2012 e 2013 foram os mais difíceis e que muitos dos seus conhecidos foram para o sul cortar cana para tentar melhorar de vida. Hoje se diz um homem rico. “Minha vida mudou demais depois que o cisternão chegou aqui. No inverno eu não tomava banho por causa do frio e no verão porque não tinha água. Agora tem água e eu tô tomando banho de inverno a verão”, fala sorrindo.

Seu Luís

Cebolinha Algodão

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Pernambuco

No quintal, uma variedade de pimentas. Pimenta bolinha, dedo de moça, negra, brinco de moça, de cheiro, estrela e malagueta. Além das pimentas, que é de onde tira seu principal sustento, é possível encontrar: Inhame, algodão, pé de barriguda, pinha, arueira, pé de braúna, catingueira, pinhão branco e pinhão roxo, moleque duro, alecrim, siriguela, melancia, macaxeira, batata, feijão de corda, palma, umbu, cebolinha, laranja, abacaxi e caju. “As pimentas vendo na feira de Iati e de Águas Belas e nos tempos de chuva planto feijão mulatinho e milho.”, disse seu Luíz. Sem nunca ter pisado em uma escola, seu Luiz aprendeu as letras e a escrever com ajuda de uma amiga. “Naquela época os estudos eram difícil, principalmente na casa de pobre. Uma amiga me mostrou as letras e eu fui desenrolando. Teve uma vez que comprei um cordel e só sosseguei quando consegui ler ele todo”, falou. Morando sozinho, Seu Luíz divide seus dias entre o roçado e na composição de músicas. “Tenho mais de 150 músicas de minha autoria, tá tudo em um caderno. A inspiração vem do nada. Às vezes tô cantando uma música e lá vem a ideia de escrever outra, é assim”, fala pensativo. E vive cantarolando: Em meu sertão quando a seca é pesada, pra nós o sertanejo às vezes falta pão, mas mesmo com a seca que há no meu sertão, nós não estranha com o calor do verão! “Um dia as minhas músicas serão conhecidas”, finalizou o agricultor.

Realização Apoio

As pimentas de Seu Luís