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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Luciene Silva dos Santos Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo. CARLINDA/2014

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Luciene Silva dos Santos

Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo.

CARLINDA/2014

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Luciene Silva dos Santos

Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo.

“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Psicopedagogia e Educação Infantil

CARLINDA/2014

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AGRADECIMENTOS

Dedico esta monografia primeiramente a Deus que me deu coragem, sabedoria, para continuar na busca do conhecimento e chegar a conclusão de mais um curso, a meus pais, Miguel e Jaci (in memórian), que em nenhum momento mediram esforços para realização dos meus sonhos, que me guiaram pelos caminhos corretos, me ensinaram a fazer as melhores escolhas, me mostraram que a honestidade e o respeito são essenciais à vida, e que devemos sempre lutar pelo que queremos. A eles devo a pessoa que me tornei. Sou extremamente feliz e tenho muito orgulho por chamá-los de pai e mãe.

ISAUDI, a você que está comigo em cada passo da vida, certo ou errado, sempre me apoiando, motivando e ensinando a ser uma pessoa melhor. A você, exemplo de garra, coragem e esperança, a quem tenho a honra de chamar de irmã.

FERNANDO, pela paciência e compreensão em relação aos momentos em que precisei estar ausente. Obrigada por fazer parte da minha vida.

AMO VOCÊS!

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DEDICATÓRIA

Agradeço a Deus todo poderoso pelo dom de vida que me concebeu e por

ter iluminado o meu caminho durante todos estes anos. Pelas oportunidades que me

foram dadas na vida, principalmente por ter conhecido pessoas interessantes, mas

também por ter vivido fases difíceis, que foram matérias-primas de aprendizado.

A minha irmã Isaudi, tão presente nesta caminhada, presença constante e

encorajadora.

A Willian, Maisa e Núbia, meus queridos sobrinhos que muitas vezes tiveram

que suportar a minha ausência, falta de carinho e atenção, mas sempre estão

prontos para me auxiliar.

As minhas irmãs, irmãos e cunhados que me concederam o apoio

necessário para perseverarmos, me auxiliaram nos momentos de minhas aflições e

compreenderam os momentos em que eu estive ausente.

Ao meu marido Fernando, pelo carinho, compreensão, companheirismo e

incentivo. Pela paciência nas horas de ausência e estudos nos finais de semana, e

soube me compreender nos momentos de aflições e conflitos, cansaço e angustias,

mas o mais importante me apoiando em todo tempo e crendo nas minhas

conquistas;

Vocês são tudo na minha vida!

Aos meus colegas e amigos pela coragem e carinho companheirismo e

pelos momentos agradáveis de convívio. A todos a minha sincera gratidão.

E finalmente, agradeço a todos que me ajudaram direto ou indiretamente

para o desenvolvimento deste projeto. Um MUITO OBRIGADO a todos vocês!

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Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la em lugar escondido ou debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la no candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a sua luz.

LC 11:33

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RESUMO

Este trabalho vem contribuir para uma melhor compreensão sobre a

importância do lúdico na educação infantil e na minha prática pedagógica, já que o

brincar é atividade fundamental para crianças pequenas, é brincando que elas

descobrem o mundo, comunicam e se inserem em um contexto social. Brincar é um

direito da criança, além de ser de grande importância para seu desenvolvimento, por

esse motivo as escolas de ensino infantil devem dar a devida atenção a essa

atividade. Contudo o foco deste trabalho será voltado especificamente para

educação infantil e tem como objetivo conhecer a importância de utilizar o lúdico na

educação infantil, bem como averiguar a importância dos brinquedos na educação

Infantil no desenvolvimento cognitivo da criança; saber qual a importância do lúdico

como ferramenta fundamental para o processo de ensino-aprendizagem;

compreender como as atividades lúdicas podem ser excelentes recursos

pedagógicos no contexto da educação infantil e constatar como se deve utilizar os

jogos e brincadeiras para o desenvolvimento da aprendizagem das crianças. Tendo

como metodologia pesquisas bibliográficas procurando entender as visões de

pensadores no que se refere ao tema abortado.

E por meio deste trabalho pude perceber que lúdico na educação infantil é

de suma importância, pois não pode ser visto e entendido como simples prática pela

prática, e sim como princípio pedagógico no processo de ensino-aprendizagem.

Palavra chave: Lúdico. Desenvolvimento. Aprendizagem. Educação Infantil.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................07

1. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................... 09

1.1 A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO NA ESCOLA INFANTIL ............................... 10

1.2 CUIDAR E O EDUCAR ......................................................................................12

2. A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...............16

3. O PAPEL DAS BRINCADEIRAS NO DESENVOLVIMENTO DA

CRIANÇA...................................................................................................................21

3.1 A APRENDIZAGEM ATRAVÉS DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO

INFANTIL...................................................................................................................24

CONCLUSÃO............................................................................................................28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.........................................................................29

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INTRODUÇÃO

O lúdico na Educação Infantil favorece muito o desenvolvimento da

aprendizagem, onde a criança tem a possibilidade de compreenda à sociedade em

que vive se tornando um adulto criativo e responsável assim capaz de resolver

situações problemas que apareçam no decorrer de sua vida. A brincadeira é a

essência da infância e seu uso na Educação Infantil permite um trabalho pedagógico

que possibilita a produção de conhecimento, da aprendizagem e do

desenvolvimento. As atividades lúdicas oportunizam às crianças explorarem

aspectos da vida cotidiana e de seu mundo interno. Constituem-se formas

importantes de comunicação e relacionamento com outras crianças. Através das

atividades lúdicas a criança convive com diferentes sentimentos que fazem parte da

sua realidade interior e permite a ela estabelecer melhores relações sociais.

A educação infantil é uma das fases mais complexa do desenvolvimento

emocional, intelectual, motor e social do ser humano. Durante muito tempo o ensino

destinado aos pequeninos era voltado para o assistencialismo não existia uma

preocupação didática com proposta pedagógica que estimulasse seu processo de

aprendizagem.

Este trabalho nos traz uma reflexão sobre a importância do lúdico na

educação infantil, já que o brincar é atividade fundamental para crianças pequenas,

é brincando que elas descobrem o mundo, comunicam e se inserem em um contexto

social, sabendo que a atividade lúdica é importante porque desenvolve na criança a

atenção, memorização, imaginação, enfim, todos os aspectos básicos para o

processo da aprendizagem.

Este trabalho tem como objetivo principal conhecer a importância de utilizar

o lúdico na educação infantil, bem como averiguar a importância dos brinquedos na

educação Infantil no desenvolvimento cognitivo da criança; saber qual a importância

do lúdico como ferramenta fundamental para o processo de ensino-aprendizagem;

compreender como as atividades lúdicas podem ser excelentes recursos

pedagógicos no contexto da educação infantil e constatar como se deve utilizar os

jogos e brincadeiras para o desenvolvimento da aprendizagem crianças.

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Para que o trabalho fosse desenvolvido de forma satisfatório fizeram-se

necessárias pesquisas bibliográficas sobre o tema e estudo para uma compreensão

teórica do mesmo. O desenvolvimento deste trabalho foi de fundamental

importância, uma vez que possibilitou-nos esclarecer duvidas de como utilizar o

lúdico na educação infantil.

Após as leituras bibliográficas sobre o tema poderei sistematizar as

informações com clareza abordando o tema (e se possível) dissertando sobre

conhecimentos teóricos, e posteriormente a isso apresentar sugestões na medida do

possível.

Os resultados desse trabalho serão sistematizados em um trabalho

monográfico para obtenção do certificado de Pós Graduação que será passado pela

banca examinadora esperando o parecer final.

Este trabalho visa demonstrar que através do lúdico é proporcionado a

criança aquisição de novos conhecimentos, além disso, desenvolve habilidades de

forma natural e agradável. E, ainda, é uma das necessidades básicas da criança e

essencial para o bom desenvolvimento motor, social, emocional e cognitivo.

O presente trabalho será apresentado da seguinte forma: no primeiro

capítulo falaremos sobre um breve histórico da Educação Infantil, a organização do

espaço escolar e o cuidar e educar.

O segundo capítulo apresenta sobre a importância das brincadeiras na

educação infantil.

O terceiro vem abordando o papel das brincadeiras no desenvolvimento da

criança e a aprendizagem através do lúdico na educação infantil

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CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

A história da educação infantil é recente no país. Foi nas últimas décadas

que o atendimento a criança menor de sete anos de idade em creches e pré-escolas

nasceu mais significativa e aceleradamente. Esse crescimento é motivado pelo

aumento da demanda por instituições de educação infantil decorrente da inserção,

cada vez maior, da mulher no mercado de trabalho.

Segundo ESPÍNDOLA (2006):

...Foi através de movimentos feministas, iniciado na década de 1960, que a luta por creche surgiu com enfoque novo, diferentemente do da creche vista como um programa que atendesse á classe trabalhadora pobre. A ideia defendida foi a de que a creche estendesse seu atendimento a todas as mulheres, independentemente de sua necessidade de trabalho ou de classe econômica. Proposta esta que considera a creche como um direito á educação da criança pequena, desvinculada-a de seu papel substitutivo materno. (p.91)

Através de muita luta a partir da Constituição de 1988, é que a Educação

Infantil pela primeira vez na história do Brasil reconheceu um direito próprio da

criança pequena que era o direito à creche e à pré-escola. A partir daí tanto a creche

quanto a pré-escola são incluídas na política educacional, seguindo uma concepção

pedagógica e não mais assistencialista. Esta perspectiva pedagógica vê a criança

como um ser social, histórico, pertencente a uma determinada classe social e

cultural.

A Declaração Universal dos Direitos da Criança de 1959, e a Convenção

Mundial dos Direitos da Criança de 1989. Um marco também de grande significação

para a área é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sancionada em

dezembro de 1996. É a primeira vez que a expressão “educação infantil” aparece na

lei de educação e recebe um destaque inexistente nas legislações anteriores, sendo

tratada numa seção especifica é definida como primeira etapa da educação básica,

tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança ate os 6 anos de idade

da criança. (BRASIL, 1998, p.23)

Com a Lei de Diretrizes de Base de Educação Nacional, (LDB LEI 9.394/96,

Art. 29º):

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A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança ate os 6 anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade

Estabelece que o objetivo é auxiliar na realização do trabalho educativo junto

à criança pequena, a educação infantil passa a ser vista por um novo ângulo,

valorizando a criança e a sua cultura, considerando ativa capaz de construir seus

próprios conhecimentos.De acordo com o plano nacional de educação as creches,

por determinação da LDB, serão destinadas ao atendimento de 0 a 03 anos,

devendo a faixa etária de 04 a 06 ficar sob-responsabilidade da instituição pré -

escolar assim o sistema educacional integra creches na categoria de educação

infantil, sendo, portanto o primeiro seguimento da educação básica ao qual a criança

tem direito, embora a educação infantil não seja uma etapa obrigatória, e sim direito

da criança, opção da família e um dever do estado. O trabalho do professor na

educação infantil também exige uma grande responsabilidade profissional, cabe a

ele trabalhar conceitos de naturezas diversas, que articulem o cuidar e educar em

todos os momentos do cotidiano educativo, para tal, se faz necessária uma

formação ampla do profissional, assumindo sempre uma atitude de aprendiz, que

venha de encontro com as necessidades do aluno.

A educação Infantil passa a ser vista como a junção do educar e cuidar.

Cuidar no sentido que as necessidades básicas da criança sejam atendidas e,

educar, por que devem oferecer a criança, possibilidades de descobertas e

aprendizados.

1.1 A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO NA ESCOLA INFANTIL

O espaço escolar da Educação Infantil deve ser lúdico, cheio de

expectativas e curiosidades para chamar a atenção das crianças. SANTOS (2010),

relata sobre a organização do espaço:

O espaço é um dos fatores importantes na escola, pois ele pode encorajar certas atividades e desencorajar outras. É nele que as experiências ocorrem e são capazes (ou não) de gerar conhecimentos. É através da articulação das formas, dos materiais adequados, da exploração inteligente das cores, do mobiliário, dos brinquedos, da criatividade do educador que se pode criar um espaço que contribua para a educação. (p. 34).

O espaço de sala de aula deve ser um espaço cheio de instrumentos de

conhecimentos, valores, pensamentos e experiências, pois neste espaço surgem e

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vivencia, historia de vida sorrisos, prazeres e acima de tudo onde ocorre à

aprendizagem. A organização do espaço deve proporcionar um ambiente em que se

compartilhem emoções, imaginação, construção, interação, expressão de emoções,

e que promova a autonomia da criança. O RCNEI (BRASIL, 1998) confirma:

Os materiais pedagógicos, brinquedos e outros objetos estejam à disposição, organizados de tal forma que possam ser encontrados sem a necessidade de interferência do adulto dispostos em altura ao alcance das crianças, em caixas ou prateleiras, etc. Sobretudo em ambientes especialmente organizados para brincar, com casinhas, garagem, circo, feira etc.(p.40).

A disposição destes materiais tem que ser do alcance da criança para que

possa desenvolver novas habilidades, novos conceitos, é onde ocorre a socialização

entre as crianças em um espaço de diversidade.

Espaços como cantos, que se alternam brinquedos, jogos, contos, poesias,

possibilidades, fantasias na construção de aprendizados.

O espaço físico é o lugar do desenvolvimento de múltiplas habilidades e

sensações e, a partir de sua riqueza e diversidade, ele desafia permanentemente

aqueles que o ocupam. Esse desafio constrói-se pelos símbolos e pelas linguagens

que o transformam e o recriam continuamente (BARBOSA, 2006 p. 120). Para

VYGOTSKY (1987),o espaço físico e social é fundamental para o desenvolvimento

das crianças, já que através da interação com esses fatores a criança constrói seu

conhecimento de si mesma enquanto sujeito. Segundo o Referencial Curricular

Nacional para a Educação Infantil (BRASIL,1998, p.69):

O espaço na Instituição de Educação Infantil deve propiciar condições para que as crianças possam usufruí-lo em benefício do seu desenvolvimento e aprendizagem. Para tanto é preciso que o espaço seja versátil e permeável à sua ação, sujeito a modificações propostas pelas crianças e pelos professores em função das ações desenvolvidas.

O espaço físico e os materiais são componentes ativos do processo

educacional, que auxiliam na aprendizagem, no entanto a melhoria da ação

educativa esta relacionada também ao uso que os educadores fazem deles junto às

crianças com as quais trabalham.

Uma sala de aula de Educação Infantil, geralmente, já possui inúmeros

materiais adequados à realização de atividades lúdicas, previamente planejadas

com o intuito de desenvolver as habilidades necessárias. ROJAS (2008), confirma:

...A sala de aula é uma das primeiras grandes buscas que cada um de nós empreende. É nesse “espaço de ação”, que é a sala de aula, que se

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desenrolam mais intensamente as articulações e contradições entre o eu e o outro, entre o passado e o futuro, entre a tradição e a revolução, entre a criatividade e o conformismo, entre a fala dialógica e a fala impositora, entre a difusão de ideias entre pessoas e a infusão de ideias sobre pessoas. É onde ocorre o movimento, do pensar, do agir e do fazer. Entrelaçando-se em ricas construções. (p.27).

A organização do espaço e do tempo no cotidiano das crianças é importante

para processo educativo, pois este pode auxiliar na promoção da interação e da

construção de conhecimento. Então, essa é a melhor estratégia, a organização

educativa de grande sucesso na educação infantil o desdobramento da sala de aula

em áreas ou cantos. KRAMER (1998), afirma:

...Organizar a sala em áreas é, então, muito importante, pois favorece a movimentação das crianças e a sua participação em atividades que venham ao encontro de seus interesses. Essa divisão atende, ainda, à própria diversidade das ações das crianças, que, em geral, alternam seu engajamento, em momentos diversos, na busca de satisfação de suas necessidades de desenvolvimento e conhecimento. (p.76)

A maioria das salas de Educação Infantil já possui materiais que são

destinados à execução de atividades lúdicas. Mas quando o professor se predispõe

a organizar a sala de aula em cantinhos para trabalhar com as crianças, ele pode

proporcionar momentos de socialização e interação que poderão desenvolver

algumas habilidades tais como a autonomia, o respeito, a imaginação, a criatividade,

dentre outros aspectos essenciais para o bom desenvolvimento da criança.

O espaço físico deve permitir que a criança dele se aproprie, vivenciando aí

sua experiência de ser criança. Ao mesmo tempo, este espaço deve oferecer ao

adulto apoio que possibilite trabalhar com todas as condições necessárias para tal.

Dessa forma, as relações entre criança-criança/criança-adulto/ adulto-adulto se farão

de forma a propiciar o espírito coletivo e a individualidade, harmoniosamente. Um

espaço físico e bem organizado possibilita o bom funcionamento da instituição de

Educação Infantil e do processo ensino aprendizagem.

1.2 CUIDAR E O EDUCAR

A Creche ou pré-escola é o primeiro contato da criança com mundo exterior

sem a presença dos pais, é o inicio de uma vida social, uma experiência difícil para

quem esta acostumada apenas com convívio familiar, daí a importância da

sensibilidade do professor em apoiar a criança nessa fase de transição, vivenciando

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um clima de paciência, atenção, afetividade, espontaneidade, para que a criança se

sinta segura e confiante em estar na escola interagindo com demais.

É importante a construção de um ambiente adequado a educação infantil,

não apenas no modo pratico de segurança e conforto, mas também um local que

esteja voltado ao universo da criança.

Os cuidados ministrados na creche e na pré – escola não se reduz ao atendimento de necessidades físicas das crianças, deixando – as confortáveis em relação ao sono, a fome, à sede e à higiene. Inclui a criação de um ambiente que garante a segurança física e psicológica delas, que lhes assegure oportunidades de exploração e de construção de sentidos pessoais e que se preocupe com a forma pela qual elas estão se percebendo como sujeito. Nesses ambientes de educação a criança se sente cuidada. (OLIVEIRA, 2010, p.47).

Todo o processo realizado no dia-a-dia das creches e pré-escolas desde

cuidados físicos e saúde torna-se parte do trabalho pedagógico desenvolvido com

as crianças, dependendo da forma como forem trabalhadas. A partir do momento

que a criança é integrada numa instituição de educação infantil, ela passa a ser

assistida, não se baseia apenas em cuidados físicos como saúde, higiene e

alimentação, mas na integridade seus direitos garantidos por lei (LDB/1996),

proteção e educação na qualidade de ensino, que têm como objetivo atender suas

necessidades e oferecer condições para que a mesma venha desenvolver sua

autonomia. O planejamento das ações e didáticas a serem aplicadas enquanto

instituição tem visão mais ampla e o cuidado com criança está em prepará-la para

vida, um processo que começa bem antes da sala de aula, no momento das

escolhas das atividades a serem aplicadas onde as necessidades da criança são

colocadas em primeiro lugar.

Atividades que envolvam o cuidado e a saúde são realizadas diariamente nas instituições de educação infantil e não podem ser consideradas na dimensão escrita de cuidados físicos. A dicotomia, muitas vezes vividas entre cuidar e o educar deve começar a ser desmistificada. Todos os momentos podem ser pedagógicos e de cuidados no trabalho com crianças de 0 a 5 anos. Tudo dependerá da forma como se pensam e se procedem às ações. Ao promovê-las proporcionamos cuidados básicos ao mesmo tempo em que atentamos para a construção da autonomia, dos conceitos, das habilidades, do conhecimento físico e social (CRAIDY KAERCHER, 1998, p. 59).

No momento em que o educador se prontifica a observar, ouvir, respeitar a

individualidade de cada criança, a espontaneidade, criatividade não significa que a

mesma possa fazer tudo que lhe der vontade, cabe ao professor ensinar a colaborar

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com os demais, que também fazem parte do convívio e socialização da sala, sem

castrar suas habilidades, fazendo que todos compreendam e respeite as regras.

A criança enquanto pequena condiciona sua espontaneidade e modo próprio

e natural de agir, a uma situação de segurança, que se sinta protegida e valorizada.

Por isso, é importante trabalhar constantemente a relação de afeto entre alunos com

seus pares e professor, dando assim condições de explorar o máximo a capacidade

intelectual de cada criança.

É interessante notar como na presença de uma pessoa com quem tem relação afetiva forte a criança pequena parece sentir-se mais a vontade e livre para explorar o ambiente, fazer travessuras, ser espontânea. Na ausência dessas pessoas, mostra-se muito mais quieta e comportada, dado que tem de assumir o controle de si própria. (OLIVEIRA, 2003, p. 36).

Ao professor de educação infantil, a sensibilidade de aproximar de cada

aluno, ganhar sua confiança, manter uma relação de amizade e respeito mutuo entre

professor e aluno, levando em consideração a forma particular de expressar de cada

criança, maneira de significar cada informação transmitida através das atividades

pedagógicas, cabe ao educador ouvir a curiosidade de cada criança, respondendo a

contento o que lhe foi perguntado, se colocando na posição do aluno para elaborar

resposta conforme a construção de conhecimento individual e coletivo.

O educador, ao participar com a criança da grande aventura de construção de conhecimentos, deve considerá-la um ser ativo, dona de uma forma própria de ver o mundo e a si mesma. Para tanto ele deve perceber cada criança, identificando seus objetivos, sua forma de apresentar e de participar nas interações e brincadeiras com as outras crianças. Com isso ele cria condições para interagir com ela adequadamente, ou seja, sendo seu parceiro nas situações: observando-a, apoiando-a, perguntando-lhe, respondendo-lhe escutando-a, incentivando-lhe, explicando-lhe, entregando-lhe objetos, pegando-a no colo ou rindo com ela. Com isso formam-se vínculos entre ele e a criança. (OLIVEIRA, 2003, p.69,70).

A educação deve partir do conhecimento da criança, levando-se sempre em

consideração os ensinamentos e hábitos adquiridos ao longo do seu processo de

crescimento e desenvolvimento pessoal, nas condições do meio em que vive e que

tem acesso a diversas fontes de informações, tais como celular, computador,

internet e outros.

E dever da família, da sociedade e do estado assegurar á criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito a vida, à saúde, à alimentação, á educação, ao lazer, á profissionalização, à cultura à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocar a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência e opressão. (art. 227, LDB, 1988 p. 24 ).

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Para uma boa formação do cidadão, com perfil de valores, caráter, boa

índole e sucesso pessoal, o que se espera de um futuro melhor, para as gerações

vindouras, dependem do que se investe na criança em seu processo de

desenvolvimento, fase essencial esta, que absorve todo o conhecimento e

informações que lhe é oferecido, daí a preocupação dos estudiosos da área de

educação em garantir sua segurança, proteção, melhorando a qualidade de ensino

que é ofertado as crianças.

O profissional que trabalha com esta criança precisa ter claro, qual o

conceito que ele possui sobre a infância, pois este determina a sua prática

pedagógica. Ele não deve ser o substituto da mãe, nem apenas o professor, mas

deve criar situações desafiadoras, investigando a cultura infantil, para que, junto à

criança promova novas aprendizagens, tanto para ele, como para ela. Desta forma,

estamos falando de um profissional pesquisador, que reflete sobre a sua prática e

questiona suas concepções a todo instante. Nesta proposta, educar e cuidar, não

são pólos opostos, mas complementares. E assim o educador estará transmitindo

exemplos de disciplina, organização e competência aos seus alunos que estão se

preparando para maiores desafios.

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CAPÍTULO II

A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O lúdico é importante na educação infantil, pois, é através dele que a criança

começa a desenvolver habilidades para que a aprendizagem possa acontecer.

O brincar na educação infantil e essencial para o desenvolvimento da

identidade e da autonomia, pois, a criança, desde cedo se comunicar por meio de

gestos, sons e mais tarde, representar determinado papel na brincadeira, faz com

que ela desenvolva sua imaginação. Através das brincadeiras, as crianças podem

desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a

memória, a imaginação.

Segundo VELASCO (1996, p.53), o brincar: "Promove a atenção e

concentração da criança, induzindo-a a criatividade e ao conhecimento de novas

situações, palavras e habilidades”.

São diversos os benefícios que o lúdico proporciona. VYGOTSKY (1998, p.

168), nos relata que: é no brinquedo que a criança adquire experiências para

distinguir futuramente o real do seu imaginário, “as maiores conquistas de uma

criança são conseguidas no brinquedo, conquistas que no futuro tornar-se-ão seu

nível básico de ação real e moralidade”.

Sobre o brincar BENJAMIM (1984, p.18), afirma: “Brincar é muito importante

porque, enquanto estimula o desenvolvimento intelectual da criança, também

ensina, sem que ela perceba, os hábitos necessários a esse crescimento.”

O brincar é importante na construção do conhecimento. Segundo NEGRINI

(1994).

Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona ideias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói seu próprio conhecimento (p.41).

No ato de brincar, cada criança tem seu modo de ser, realiza suas escolhas,

demonstra suas emoções, seus desejos, há as que gostam de brincar sozinha,

outras em grupo ou só com um coleguinha, porém neste momento em que as

crianças brincam também aprendem, conceito de dividir, de trocar, de esperar de

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cooperar e com isto confiar em si mesma, torna se ativa e criativa para o seu

crescimento escolar.

Para PIAGET (1974, p.47), “o brincar colabora para que a criança forme

esquemas para agir em diferentes situações por intermédio de experiências e

fantasias”.

Através do brinquedo e das brincadeiras ocorre à descoberta de si mesmo e

do outro, portanto, aprende-se. É no brincar que a criança está livre para criar e é

através da criatividade que o indivíduo se descobre.

De acordo com RCNEI (BRASIL, 1998, p. 22), de educação infantil “o

brincar é umas das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e

da autonomia da criança.”

Através do lúdico a criança desenvolve também sua habilidade de

descentrar e coordenar diferentes pontos de vista. Ela torna-se alerta, curiosa, crítica

e confiante na sua capacidade de imaginar coisas e dizer o que pensa realmente.

Desenvolve a capacidade de iniciativa, elaborar ideias e perguntas, problemas

interessantes e relacionar umas coisas às outras.

Sobre a importância dos brinquedos na educação Infantil no

desenvolvimento cognitivo da criança, BETTELHEIM afirma que:

Nenhuma criança brinca espontaneamente só para passar o tempo. Sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas, ansiedades. O que esta acontecendo com a mente da criança suas atividades lúdicas; brincar é sua linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo se não entendemos. (1984, p. 105).

A criança tem o seu tempo e seu modo de ser, por tanto, devemos respeita-

la ao desenvolver as atividades lúdicas, e com isso ela aprende a fixar sua atenção

e a se esforçar a concluir suas tarefas. O lúdico favorece a autoestima da criança e

a interação de seus pares, propiciando situações de aprendizagem e

desenvolvimento de suas capacidades cognitivas. A criança aprende a agir, exercita

sua autonomia, cumprir regras e tem sua curiosidade estimulada.

Os jogos e as brincadeiras são importantes na vida das crianças que

merecem atenção dos pais e educadores. Com os jogos e brincadeiras, é possível

trabalhar todas as disciplinas, voltando-as ao lúdico; dessa forma, a criança brinca e

aprende ao mesmo tempo. Nas situações de jogos e brincadeiras, o professor deve

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ser sempre mediador, orientando a criança a descobrir possibilidades para resolver

problemas oferecidos pelo jogo.

HUIZINGA (1980), confirma:

...Mesmo em suas formas mais simples, ao nível animal, o jogo é mais do que um fenômeno fisiológico ou um reflexo psicológico. Ultrapassa os limites da atividade puramente física ou biológica. É uma função significante, isto é, encerra um determinado sentido. No jogo existe alguma coisa “em jogo” que transcende as necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação. Todo jogo significa alguma coisa. Não se explica nada chamado “instinto” ao princípio ativo que constitui a essência do jogo: chamar-lhe “espírito” ou “vontade” seria dizer demasiado. Seja qual for a maneira que o considerem, o simples fato de o jogo encerrar um sentido implica a presença de um elemento não material em sua própria essência. (p.04).

Através da brincadeira e/ou jogo a criança socializa com as demais colegas,

sendo assim as atividades lúdicas dá oportunidade às crianças de explorarem os

aspectos da vida cotidiana e de seu mundo interno. Constituem-se formas

importantes de comunicação e relacionamento com outras crianças.

Como diz PIAGET (1976, p. 96), "a atividade lúdica é o berço obrigatório das

atividades intelectuais da criança."

Através das atividades lúdicas a criança convive com diferentes sentimentos

que fazem parte da sua realidade interior e permite a ela estabelecer melhores

relações sociais.

KISHIMOTO (1996), comenta que o brinquedo educativo é utilizado nas

escolas desde o renascimento. Afirma, ainda, que desde recém-nascida a criança

brinca de se movimentar, sorrir, olhar e falar.

O jogo serviu para divulgar princípios de moral, ética e conteúdos de história, geografia e outros a partir do Renascimento, o período de compulsão lúdica. O Renascimento vê a brincadeira como uma conduta livre que favorece o desenvolvimento da inteligência e facilita o estudo. Ao atender às necessidades infantis, o jogo infantil torna-se forma adequada para a aprendizagem dos conteúdos escolares. Assim, se contrapor aos processos verbais de ensino, à palmatória vigente, o pedagogo deveria dar forma lúdica ao conteúdo (KISHIMOTO, 1996, p.28).

O Referencial curricular nacional (BRASIL,1998, p.27), nos relata que

A brincadeira favorece a auto-estima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de constituição infantil.

O brincar é muito importante para o desenvolvimento da criança e

VYGOTSKY (2007), confirma essa afirmação:

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[...] No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além do seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que ela é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo uma grande fonte de desenvolvimento. (p.134).

Segundo MOYLES (2009, p. 19):

Brincar é uma parte fundamental da aprendizagem e do desenvolvimento nos primeiros anos de vida. È muito importante que as crianças aprendam a valorizar as suas brincadeiras, o que só pode acontecer se elas forem igualmente valorizadas por aqueles que as cercam. Brincar mantém as crianças físicas e mentalmente ativas.

Por tanto, PIAGET (1998, p.62), salienta que: “o brinquedo não pode ser

visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele

favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”.

Através do brincar que se processa a construção de conhecimento,

principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório. Agindo sobre os

objetos, as crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço e seu tempo,

desenvolvendo a noção de casualidade, chegando à representação e, finalmente, à

lógica.

Portanto, a brincadeira desempenha um papel determinante nessa fase da

vida, levando a criança a ter um bom desenvolvimento oportunizando-a de se

exercitar, imaginar, criar e fantasiar de forma pessoal e independente suas

emoções, sentimentos e conhecimentos, a partir das suas próprias experiências e

daquelas que são compartilhadas e vivenciadas com outras pessoas.

No brinquedo, espontaneamente, a criança usa sua capacidade de separar

significado do objeto sem saber que o está fazendo. Por meio do brinquedo, a

criança atinge uma definição funcional de conceitos ou de objetos e as palavras

passam a se tornar parte de algo concreto.

O brinquedo cria na criança uma nova forma de desejos. Ensina-a a desejar, relacionando seus desejos a um “eu” fictício, ao seu papel no jogo e suas regras. Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade. (VIGOTSKY, 1991, p. 114).

A partir das discussões de VIGOTSKY envolvendo a Zona de

Desenvolvimento Proximal, o autor aborda que:

O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal da criança. No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do que é na realidade. Como no foco de uma lente de

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aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo, ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento (VIGOTSKY, 1991, p. 117)

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CAPÍTULO III

O PAPEL DAS BRINCADEIRAS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

No que se refere ao desenvolvimento infantil brincar oferece contribuição em

vários aspectos e a falta desta atividade pode ocasionar graves consequências para

o futuro da criança em desenvolvimento. O brincar faz parte do mundo da criança,

assim elas aprendem melhor e se socializam com facilidade, apreendem o espírito

de grupo, aprendem a tomar decisões e percebem melhor o mundo dos adultos. É o

que afirma CUNHA (2001, p.13): “brincando a criança está nutrindo sua vida interior,

descobrindo sua vocação e buscando um sentido para sua vida.”

O RCNEI (BRASIL, 1998, p. 58), destaca a importância de se valorizar

atividades lúdicas na Educação Infantil, visto que “as crianças podem incorporar em

suas brincadeiras conhecimentos que foram construindo.” Ainda se observa no

RCNEI a valorização do brinquedo, entendidos como componentes ativos do

processo educacional que refletem a concepção de educação assumida pela

instituição. Constituem-se em poderosos auxiliares da aprendizagem. Sua presença

desponta como um dos indicadores importantes para a definição de práticas

educativas de qualidade em instituição de educação infantil. (BRASIL, 1998, p.67).

As brincadeiras possibilitam o desenvolvimento total da criança, já que ela

se envolve afetivamente no seu convívio social. A brincadeira faz parte do mundo da

criança. É nesse momento que ela experimenta, organiza-se, regula-se, constrói

normas para si e para o grupo.

Segundo MALUF (2003, p.21), “Todo aprendizado que o brincar permite é

fundamental para a formação da criança, em todas as etapas da vida.”

Desse modo, o brincar é uma das formas de linguagem que a criança usa

para entender e interagir consigo mesma e com os outros e o próprio mundo. Para

KISHIMOTO (1996), nas brincadeiras, a criança transforma os conhecimentos que

possui em conceitos gerais com os quais brinca. Seus conhecimentos derivam da

imitação ou de algo que conhecem, seja ela uma experiência vivida no âmbito

familiar, ou em outros lugares de seu cotidiano. É no ato de brincar que a criança

estabelece os diferentes vínculos entre as características do papel assumido, suas

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competências e as relações que possui com outros papéis, tomando consciência

disto.

Sobre a importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil

KISHIMOTO (2002, p. 150) enfatiza que:

Crianças que brincam aprendem a decodificar o pensamento dos parceiros por meio da metacognição, o processo de substituição de significados, típico de processos simbólicos. É essa perspectiva que permite o desenvolvimento cognitivo. Uma educação que expõe o pré-escolar aos contos e brincadeiras carregadas de imagens sociais e culturais contribui para o desenvolvimento de representações de natureza icônica, necessários ao aparecimento do simbolismo. Possibilitar que o ser humano desenvolva-se pelo movimento (enativo), pelo grafismo e imagens mentais (icônico) e atinja o lógico-científico (simbólico) significa respeitar suas formas de representação do mundo.

Conforme nos relata VELASCO (1996, p. 78):

Brincando a criança desenvolve suas capacidades físicas, verbais ou intelectuais. Quando a criança não brinca, ela deixa de estimular, e até mesmo de desenvolver as capacidades inatas podendo vir a ser um adulto inseguro, medroso e agressivo. Já quando brinca a vontade tem maiores possibilidades de se tornar um adulto equilibrado, consciente e afetuoso.

Cada vez mais as crianças aprendem coisas diferentes durante sua

aprendizagem, com isso ela vai aperfeiçoando sua relação com os colegas,

manifestando seus sentimentos. RCNEI (BRASIL,1998), afirma:

Para se desenvolver, portanto, as crianças precisam aprender com os outros, por meio dos vínculos que estabelece. Se as aprendizagens acontecem na interação com as outras pessoas, sejam elas adultos ou crianças, elas também dependem dos recursos de cada criança. Dentre os recursos que as crianças utilizam, destaca-se a imitação, o faz-de-conta, a oposição, a linguagem e a apropriação da imagem corporal. (p. 21).

Sobre a importância do ato de brincar para o desenvolvimento e a

aprendizagem ALMEIDA (1998, p. 37 ), afirma que:

Não existe ensino sem que ocorra aprendizagem e esta não ocorre se não for pela transformação do educando pela ação facilitadora do professor, no processo de busca e construção do conhecimento que deve ser despertado no aluno. É nesse contexto que o lúdico ganha espaço.

O brincar contempla varias área do conhecimento, a aprendizagem se torna

mais significativa, ao brincar o afeto, a motricidade, a linguagem, a percepção, a

representação, a memória e outras funções cognitivas, estão profundamente

interligadas.

Segundo KISHIMOTO (1999, p.45), “a criança, tem de explorar o mundo

que a cerca e tirar dele informações que lhe são necessárias”.

Portanto, isso vem ao encontro a FREIRE (2006, p. 37), dispõe que:

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Viajando pela fantasia, a criança vai longe. Conhece coisas que nós, adultos, já vivemos e esquecemos, e muitas vezes vão além de quase todos os adultos. No entanto, há pessoas mais velhas que enveredam pela ficção, e são capazes de trazer de lá conhecimentos que revolucionam o mundo. É uma pena que os homens quase sempre esqueçam suas fantasias e sonhos!

O brincar é universal, todas as crianças do mundo podem utilizá-lo a partir

de sua imaginação. Pois, brincando, a criança pode vivenciar uma mesma situação

diversas vezes, permitindo-lhe brincadeiras que lhe dão prazer, possibilitando que

ela possa solucionar problemas e aprenda processos e comportamentos adequados.

Brincar é um direito da criança, é, segundo LEONTIEV (2006, p. 68), “a

principal atividade das crianças pequenas, pois é ela que vai impulsionar a criança

para outro nível de desenvolvimento

A interação com objetos estimula a criança a se desenvolver no decorrer das

brincadeiras, e a partir dos movimentos possibilita a percepção do próprio corpo e

descobrindo as próprias possibilidades, na qual novas aprendizagens vão sendo

conquistadas. Através do movimento o corpo é conhecido e as sensações

impulsionam o desenvolvimento emocional e intelectual da criança.

De acordo com VELASCO (1996, p.53), "o brinquedo é capaz de estimular a

criança a desenvolver muitas habilidades na sua formação geral e isso ocorre

espontaneamente, sem compromisso e obrigatoriedade." A brincadeira é a essência

da infância e seu uso na educação infantil permite um trabalho pedagógico que

possibilita a produção de conhecimento, da aprendizagem e do desenvolvimento.

O brincar proporciona um desenvolvimento sadio e harmonioso, sendo uma

tendência instintiva da criança. A brincadeira é uma forma agradável de aprender,

ela envolve diversos temas e possibilita que a criança aprenda de forma divertida e

abrangente, por meio do lúdico, construindo assim seu conhecimento, adquirindo

autonomia, aprendendo com erros e acertos. Ao analisar a importância das

brincadeiras lúdicas para o desenvolvimento da criança, fez se entender que é

preciso que a educação lúdica caminhe efetivamente na educação infantil. REDIN

(2000, p. 65 ), nos relata que:

O brinquedo deve ter uma dimensão fundamental de socialização: os jogadores se encontram e aprendem a coexistir numa situação de igualdade, criam noções de propriedade, de relacionamento, de respeito e de normas.

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Portanto, a brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento

infantil na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados,

que expressa seu caráter ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento.

ZANLUCHI (2005, p. 89) reafirma que:

Quando brinca, a criança prepara-se a vida, pois é através de sua atividade lúdica que ela vai tendo contato com o mundo físico e social, bem como vai compreendendo como são e como funcionam as coisas.” Assim, destacamos que quando a criança brinca, parece mais madura, pois entra, mesmo que de forma simbólica, no mundo adulto que cada vez se abre para que ela lide com as diversas situações.

Ainda SANTOS (2002, p. 12), relata sobre a ludicidade como sendo:

(...) uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção de conhecimento.

Ao assumir a função lúdica e educativa, a brincadeira propicia diversão,

prazer, potencializa a exploração e a construção do conhecimento. Brincar é uma

experiência fundamental para qualquer idade, principalmente para as crianças da

Educação Infantil.

3.1 A APRENDIZAGEM ATRAVÉS DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Na Educação Infantil o brincar é muito importante para a aprendizagem

tendo em vista que através do lúdico a criança começa a vivenciar a aprendizagem

como processo social. A proposta do lúdico é promover uma alfabetização

significativa na prática educacional, é incorporar o conhecimento através das

características do conhecimento do mundo. O lúdico promove o rendimento escolar

além do conhecimento, oralidade, pensamento e o sentido

Os jogos e brincadeiras no processo de ensino-aprendizagem é de grande

valia para o desenvolvimento da criança, sobre o qual nos fala KISHIMOTO (1994,

p. 13):

O jogo como promotor da aprendizagem e do desenvolvimento passa a ser considerado nas práticas escolares como importante aliado para o ensino, já que colocar o aluno diante de situações lúdicas como jogo pode ser uma boa estratégia para aproximá-lo dos conteúdos culturais a serem veiculados na escola.

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O principal enfoque do educador durante o jogo é o enriquecimento que o

mesmo promoverá durante o desenvolvimento da atividade, introduzindo novos

personagens ou novas situações, os quais tornam o jogo mais rico e interessante

para as crianças, aumentando suas possibilidades de aprendizagem. De acordo com

KISHIMOTO (2005, p. 66):

Brincando, portanto, a criança coloca-se num papel de poder, em que ela pode dominar os vilões ou as situações que provocariam medo ou que a fariam sentir-se vulnerável e insegura. A brincadeira de super-heroi, ao mesmo tempo em que ajuda a criança a construir a autoconfiança, leva-a a superar obstáculos da vida real, como se vestir, comer um alimento sem deixar cair, fazer amigos, enfim, corresponder as expectativas dos padrões adultos.

VELASCO (1996, p. 69) completa o pensamento de KISHIMOTO (2005),

pois:

A criança constrói sua personalidade brincando. A brincadeira é uma parcela importante da sua vida. Para o adulto as experiências tanto externas como internas podem ser férteis, mas para a criança essa riqueza encontra-se principalmente na brincadeira e na fantasia.

Para compreender melhor o valor do brincar, os professores devem interferir

de maneira apropriada, não interferindo e descaracterizando o prazer que o lúdico

proporciona. GONZAGA (2009, p. 39), aponta:

(...) a essência do bom professor está na habilidade de planejar metas para aprendizagem das crianças, mediar suas experiências, auxiliar no uso das diferentes linguagens, realizar intervenções e mudar a rota quando necessário. Talvez, os bons professores sejam os que respeitam as crianças e por isso levam qualidade lúdica para a sua prática pedagógica.

O lúdico pode ser utilizado como uma estratégia de ensino e aprendizagem.

OLIVEIRA (1997, p. 57) acrescenta o fato que a:

Aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato com a realidade, o meio ambiente, as outras pessoas.

Mas para que essa aprendizagem seja eficaz é preciso que o aluno construa

o conhecimento e assimile os conteúdos. E o jogo é um excelente recurso para

facilitar a aprendizagem, neste sentido, CARVALHO (1992, p.14) afirma que:

(...) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção as atividades vivenciadas naquele instante.

CARVALHO (1992, p.28) acrescenta, mais adiante:

(...) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da

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criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo.

Para uma aprendizagem eficaz é preciso que o aluno construa o

conhecimento, assimile os conteúdos. E o jogo é um excelente recurso para facilitar

a aprendizagem, neste sentido, CARVALHO (1992, p. 28), afirma que:

[...] o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo.

ZANLUCHI (2005, p. 91) afirma que “A criança brinca daquilo que vive; extrai

sua imaginação lúdica de seu dia-a-dia”, portanto, as crianças, tendo a oportunidade

de brincar, estarão mais preparadas emocionalmente para controlar suas atitudes e

emoções dentro do contexto social, obtendo assim melhores resultados gerais no

desenrolar da sua vida.

Quando a criança brinca, sem saber fornece várias informações a seu

respeito, no entanto, o brincar pode ser útil para estimular seu desenvolvimento

integral, tanto no ambiente familiar, quanto no ambiente escolar. O educador é a

peça fundamental nesse processo, devendo ser um elemento essencial. Nessa

perspectiva, segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil

(BRASIL, 1998, p. 30, v.01):

O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano. Na instituição de educação infantil o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas.

A essas ideias associamos nossas convicções sobre o brincar como prática

pedagógica, sendo um recurso que pode contribuir não só para o desenvolvimento

infantil, como também para o cultural. Brincar não é apenas ter um momento

reservado para deixar a criança à vontade em um espaço com ou sem brinquedos e

sim um momento que podemos ensinar e aprender muito com elas. Por essa razão

que os pedagogos têm utilizado a brincadeira na educação, por ser uma peça

importante na formação da personalidade, tornando-se uma forma de construção de

conhecimento.

De acordo com SANTOS (2010, p. 12)

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Ao levar o lúdico para as escolas está-se promovendo algo diferenciado que ajuda os alunos a resgatar o prazer, mudar sua visão de escola e dar um novo sentido ao processo ensino aprendizagem, pois trabalha com as emoções, além de contribuir na concretização de propostas cognitivas que levam a construir conceitos e dominar habilidades, pode transformar as metodologias de ensino.

Cabe ao professor a tarefa de direcionar toda a atividade fazendo com que a

brincadeira tenha um caráter pedagógico, promovendo assim, a interação social e o

desenvolvimento de habilidades intelectivas. Segundo o RCNEI (BRASIL,1998),

trabalhar com as brincadeiras, o educador, deve dar tempo para criança desenvolver

e proporcionar ambientes que desafie sua aprendizagem.

Para que elas desenvolvam a confiança em suas capacidades motoras, a organização do espaço físico deve se dar de forma a deixar ao alcance das crianças tanto materiais que as desafiem como aqueles que lhes deem oportunidade de ter sucesso. Criar um ambiente encorajador significa favorecer a aceitação de novos desafios. (p.47, v 2).

Através das brincadeiras, a criança constrói o seu conhecimento, adquirindo

autonomia, aprendendo com erros e acertos. Nelas é importante a interação criança-

criança e fundamental a interação criança e educador. Como diz ALMEIDA, 2000:

O sentido real, verdadeiro, funcional da educação lúdica estará garantindo se o

educador estiver preparado para realizá-lo. Nada será feito se ele não tiver um

profundo conhecimento sobre os fundamentos essenciais da educação lúdica,

condições suficientes para socializar o conhecimento e predisposição para levar

isso adiante. ( p.63).

O educador deve ter um olhar perceptivo para compreender que a educação

é ato intencional, que requer orientação e utilização de diversos materiais

pedagógicos, para facilitar a construção do conhecimento por parte da criança.

KISHIMOTO (1999) acrescenta que:

Quando as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de aprendizagem, surge a dimensão educativa. Desde que mantidos as condições para expressão do jogo, ou seja, a ação intencional da criança para brincar, o educador esta potencializando as situações de aprendizagem. Utilizar o jogo na educação infantil significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora. (p.36-37)

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CONCLUSÃO

Pode-se concluir que lúdico é muito importante na educação infantil, pois

através dele a criança experimenta, descobre, inventa, aprende, confere habilidades,

além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporcionando ao

mesmo tempo o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração

e atenção. E com isso a criança vai construindo seu conhecimento de mundo de

modo lúdico, transformando o real com os recursos da fantasia e da imaginação.

Portanto é através da brincadeira que as crianças interagem uma com as outras,

aprendendo sobre si, seus limites capacidades e aprendendo a solucionar pequenos

problemas que ocorrer, respeitando os colegas, aprendendo a viver e conviver com

regras e normas.

O brincar é uma ação natural da vida infantil, no momento em que brinca a

criança trabalha com diversos aspectos como, físico, motor, emocional, social e

cognitivo, se constituindo um importante elemento no processo de desenvolvimento

e aprendizagem, e com isso o lúdico tem um grande destaque na educação infantil.

Quando estimulada a criança se desenvolve melhor, com isso pode por meio dessa

pesquisa constatar que o lúdico é importante no processo ensino aprendizagem.

Quando a criança brinca, ela aprende e se prepara para o futuro. Quando

experimenta o mundo ao seu redor, adquire conhecimentos para tornar-se uma

pessoa alegre, inteligente e criativa. Brincando, a criança pode vivenciar uma

mesma situação diversas vezes. Isso, além de permitir que ela repita brincadeiras

que lhe dão prazer, possibilita que ela solucione problemas e aprenda processos e

comportamentos adequados. O brincar é uma atividade prática, na qual as crianças

constroem e transformam seu mundo, conjuntamente, renegociando e redefinindo a

realidade. A criança tem prazer em todas as experiências de brincadeira física e

emocional, pois é comum dizer que as crianças dão escoamento ao ódio e a

agressão nas brincadeiras, como se a agressão fosse uma substancia má de que

ela poderá se livrar colocando-a para fora. Conclui-se que o aspecto lúdico voltado

para as crianças facilita a aprendizagem e o desenvolvimento integral nos aspectos

físico, social, cultural, afetivo e cognitivo. Enfim, desenvolve o indivíduo como um

todo, sendo assim, a educação infantil deve considerar o lúdico como parceiro e

utilizá-lo amplamente para atuar no desenvolvimento e na aprendizagem da criança.

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