AJES FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E...

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AJES FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA CURSO: GESTÃO EM SAÚDE NOTA 7,5 ESTUDO DE CASO: APLICANDO O PROCESSO DE ENFERMAGEM A UM CLIENTE COM DISTÜRBIO ABDOMINAL [email protected] Pedro Henrique Guimarães da Silva Siqueira Orientadora: Ms. Cynthia Cândida Corrêa LUCAS DO RIO VERDE / 2012

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AJES – FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E

ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

CURSO: GESTÃO EM SAÚDE

NOTA 7,5

ESTUDO DE CASO: APLICANDO O PROCESSO DE ENFERMAGEM A UM

CLIENTE COM DISTÜRBIO ABDOMINAL

[email protected]

Pedro Henrique Guimarães da Silva Siqueira

Orientadora: Ms. Cynthia Cândida Corrêa

LUCAS DO RIO VERDE / 2012

AJES – FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E

ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

CURSO: GESTÃO EM SAÚDE

ESTUDO DE CASO: APLICANDO O PROCESSO DE ENFERMAGEM A UM CLIENTE COM DISTÜRBIO ABDOMINAL

Pedro Henrique Guimarães da Silva Siqueira

Orientadora: Ms. Cynthia Cândida Corrêa

“Trabalho apresentado como avaliação

da disciplina de Metodologia de Pesquisa

Científica à AJES- Instituto Superior de

Educação do Vale do Juruena ao Curso de Pós

Graduação de Gestão em Saúde”.

SINOP/2012

RESUMO

A assistência de enfermagem é a atividade mais importante do enfermeiro

em um momento privilegiado para o desenvolvimento de uma assistência integral ao

indivíduo. Este trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica do tipo revisão de

literatura e relato de caso do S.R.P, assistido no Pronto Atendimento Municipal de

Sinop nos dias 31/01/2011, 02/02/2011 e 04/02/2011. Foi realizado o histórico a

partir da coleta de dados do prontuário, informações colhidas do paciente e da

equipe de saúde; exame físico geral e dirigido, estudo das patologias que o cliente

esteve sujeito e exames laboratoriais, com base na literatura; diagnóstico de

enfermagem usando como referencial o NANDA; assistência e prescrição clínica de

enfermagem. Todos esses dados possibilitou mostrar a importância do

planejamento, no caso de enfermagem, a luz da gestão na saúde. Este trabalho

trouxe o desenvolvimento de habilidades, capacidade de tomada de decisão,

objetividade, exigiu conhecimento, busca de informação, enriquecimento

comunicativo e autonomia.

Palavras-chaves: assistência de enfermagem, diagnóstico de enfermagem,

intervenções de enfermagem, distúrbio abdominal, estudo de caso.

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Classificação etiológica do DM. ................................................... 32

QUADRO 2: Educação em saúde. ................................................................... 53

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 05

CAPÍTULO I - REFERENCIAL TEÓRICO ................................................... 08

1.1 SISTEMA HEPÁTICO ............................................................................... 08

1.2 CIRROSE HEPÁTICA ................................................................................ 11

1.3 SISTEMA CARDIOVASCULAR ................................................................. 16

1.4 HIPERTENSÃO ARTERIAL ....................................................................... 21

1.5 DIABETES MELLITUS ............................................................................... 30

1.6 EXAMES LABORATORIAIS....................................................................... 35

CAPÍTULO II – METODOLOGIA ................................................................. 42

CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS ............. 43

3.1 HISTÓRICO DE ENFERMAGEM .............................................................. 43

3.2 EXAME FÍSICO.......................................................................................... 44

3.3 DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM ....................................................... 47

3.4 PLANO DE ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ........................................ 48

3.5 PRESCRIÇÕES DE ENFERMAGEM ......................................................... 49

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 56

ANEXOS .......................................................................................................... 59

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INTRODUÇÃO

Diariamente, nosso cérebro é bombardeado por milhares de informações

às quais faz uma seleção para arquivar uma pequena parte delas em nossa

memória, a partir daquilo que faz sentido para nós, a depender da nossa cultura e

dos nossos valores. Com a mesma freqüência somos chamados a tomar um número

elevados de pequenas decisões, como, por exemplo, escolher que roupa vestir para

estar de acordo com as ocasiões em que iremos estar envolvidos naquele dia, o que

comer, que caminho fazer para ir ao trabalho de modo a enfrentar menos trânsito. É

certo que muitas dessas decisões que tomamos são escolhas aleatórias, sem que

tenhamos consciência do processo, das etapas percorridas e dos critérios que

lançamos mão para fazer as escolhas ou tomar decisões.

Entretanto, a necessidade de tomar decisões acertadas não se restringe a

essas situações corriqueiras do cotidiano. Em um mundo cada vez mais complexo e

competitivo, com maiores pressões para que tenhamos um bom desempenho,

principalmente no setor da saúde, onde temos que decidir de um modo assertivo, as

decisões que tomamos podem ser a chave para o nosso sucesso ou insucesso

pessoal e profissional. Assim, este trabalho vem sensibilizar os profissionais da

saúde que ocupam posições de coordenação ou gestão de serviços para as

oportunidades de intervenção e de transformação da realidade por meio do exercício

do planejamento sistematizado colocando como instrumento o processo de

enfermagem na prática desta profissão.

Durante o período de 31/01 a 04/02/2011 o senhor S.R.P foi

acompanhado por mim durante sua internação hospitalar, o qual subsidiado de

teoria científica e implementando a assistência de enfermagem, permitiu prestar um

cuidado eficaz e de forma holística.

Por meio de revisão bibliográfica sobre a patologia, exame físico, coleta

de dados em prontuário, e interação com a equipe de saúde foi realizado o trabalho

no qual será abordado o caso clínico em questão, de uma forma abrangente e

utilizando o Processo de Enfermagem.

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Diante do fato de trabalhar em uma unidade hospitalar e assistir

constantemente clientes com distúrbios abdominais despertou o interesse em buscar

informações a respeito, para registrá-las e posteriormente, uma maior elucidação à

luz deste conhecimento, permitirá que programas de tratamento mais efetivos sejam

traçados para estes pacientes. Com a participação do módulo de planejamento

estratégico que enfatizou a resolução de problemas através da construção de metas,

me incentivou a demonstrar a aplicabilidade do trabalho sistematizado de

enfermagem.

Levantando a hipótese que a atuação do enfermeiro requer um

planejamento no cuidado de um cliente em condições de internação, tendo como

exemplo uma patologia comum nos ambientes hospitalares, a hepatopatia, é

possível estabelecer a sistematização da assistência de enfermagem nesses casos.

Esse estudo tem como principal objetivo demonstrar o processo de

enfermagem aplicado a um paciente com distúrbio abdominal. E para alcançar tal

objetivo foram propostos os seguintes objetivos específicos: Esclarecer o modo

fisiopatológico das doenças associadas ao sistema digestório e as patologias

secundária ao paciente assistido, demonstrar as etapas do planejamento do cuidado

em enfermagem e elucidar o cuidado eficiente e eficaz quando se aplica o processo

de enfermagem.

Para Horta (1979), o processo de enfermagem compreende seis fases

inter-relacionadas: histórico, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial e

prescrição de enfermagem. Dessas fases, o histórico e a prescrição de enfermagem

são as que têm sido implementadas com maior freqüência. Ela menciona que o

Processo de Enfermagem é a representação maior do método científico da

profissão, sendo direcionado pela Sistematização da Assistência de Enfermagem

(SAE), através da qual ocorre o desenvolvimento e organização do trabalho da

equipe pela qual o enfermeiro é responsável. A SAE permite detectar as prioridades

de cada paciente quanto as suas necessidades, fornecendo assim, uma direção

para as possíveis intervenções. No que se refere às necessidades humanas, a

equipe de enfermagem deve ter sensibilidade para correlacioná-las com a realidade

em que atua. Para tanto, o enfermeiro deve ser estimulado a desenvolver seu

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pensamento crítico durante sua formação, assim, irá tornar-se apto a elaborar e

aplicar adequadamente modelos e teorias às condições em que a equipe trabalha.

Trata-se de um estudo caracterizado por ser um relato de caso embasado

na revisão de literatura. Buscou-se informações sobre o assunto em artigos

científicos, livros, periódicos, revistas técnicas e científicas, entre outros. Foram

colhidos todos os dados importantes destes instrumentos e também do prontuário do

cliente onde foi permitido realizar uma relação, possibilitando a execução deste

trabalho na luz da gestão em saúde.

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CAPÍTULO I

REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 SISTEMA HEPÁTICO

O fígado, maior glândula do corpo, tem por função manter a homeostasia

do organismo por meio de várias funções (ROBBINS, 2005). É um órgão que

processa e armazena os nutrientes absorvidos no trato gastrointestinal e que serão

utilizados por outros órgãos. É portanto uma interface entre o sistema digestivo e o

sangue. (JUNQUEIRA, 2004)

Ele pesa cerca de 1,5 kg (no adulto médio) e encontra-se situado no

hipocôndrio direito sob a caixa costal e estende-se do quinto espaço intercostal

direito na linha hemiclavicular até imediatamente abaixo do rebordo costal. Ele se

projeta ligeiramente abaixo da margem costal, na linha hemiaxilar direita, e sob o

processo xifóide na linha mediana. (ROBBINS, 2005)

Segundo Spence (1991), o fígado é dividido em 2 lobos: lobo direito, no

qual estão os pequenos lobos caudado e quadrado, e lobo esquerdo. Os lobos

direito e esquerdo estão separados pelo ligamento falciforme, que prende o fígado à

parede abdominal anterior.

O hepatócito é componente estrutural do fígado. Os lóbulos hepáticos são

formados por uma massa poligonal de tecido, os quais são separados por tecido

conjuntivo (JUNQUEIRA, 2004). Segundo Spence (1993) no canto dos lóbulos

encontra-se um ramo da veia hepática, um ramo da artéria hepática e um dúctulo os

quais formam a tríade hepática. Os sinusóides de cada lóbulo, que passam entre os

hepatócitos, são revestidos por um endotélio altamente permeável à difusão de

proteínas para fora da corrente sanguínea, o que permite a entrada, nos hepatócitos,

de substâncias absorvidas pelo sangue no intestino.

Os sinusóides venosos são revestidos por células endoteliais típicas e

células de Kupffer, as quais fagocitam substâncias tóxicas e bactérias presentes no

sangue dos seios hepáticos (GUYTON, 2002)

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Cerca de 1050 milímetros de sangue perfunde o fígado, o qual provém de

duas fontes: 75% pela veia porta e 25% pela artéria hepática (BRUNNER, 2006).

Segundo Bevilacqua (1998), a veia porta é formada pela veia mesentérica superior

(resulta de ramos aferentes do delgado, cólon, da cabeça do pâncreas e do

estômago) e pela veia esplênica (origina-se no hilo do baço). A veia mesentérica

inferior drena sangue da metade esquerda do cólon tranverso, do cólon descendente

e parte do reto. Ela pode juntar-se diretamente esplênica ou à união desta com a

mesentérica superior ou alcançando diretamente o tronco porta.

O sangue aferente no fígado flui por meio da artéria hepática (transporta

sangue rico em oxigênio provindo da aorta) e pela veia porta (transporte de sangue

venoso rico em nutrientes, proveniente do trato digestivo, pâncreas e baço) o qual

alcança os sinusóides hepáticos, veias centrais, veias hepáticas e em seguida a veia

cava inferior, onde será feito o trajeto de saída do sangue (SPENCER, 1998).

Como os poros nos sinusóides hepáticos são muito permeáveis e

permitem a rápida passagem de líquidos e de proteínas para os espaços de Disse, a

linfa que drena do fígado tem, habitualmente, concentração de proteína de cerca de

6 g/dl, que é, apenas, ligeiramente inferior à concentração plasmática de proteínas.

Além disso, a extrema permeabilidade do epitélio dos sinusóides hepáticos permite a

formação de grande quantidade de linfa. Por conseguinte, cerca da metade de toda

a linfa formada no organismo em condições de repouso provém do fígado.

“O fígado é um grande reservatório de células onde ocorrem reações

químicas. Essas células apresentam elevado metabolismo, compartilham substratos

e energia de sistema metabólico para outro, processam e sintetizam múltiplas

substâncias que são transportadas para outras áreas do organismo e desempenham

inúmeras funções metabólicas.” (GUYTON, 2005).

Para manutenção dos níveis séicos normais de glicose sanguínea e

metabolização de glicose, ocorre um processo de gliconeogênese ou gicogenólise,

no fígado. Depois de uma refeição, a glicose é captada a partir do sangue venoso

porta pelo fígado e convertida em glicogênio, o qual é armazenado nos hepatócitos.

Quando houver níveis baixos de glicose, o glicogênio é novamente convertido em

glicose e liberado para dentro da corrente sanguínea. (BRUNNER, 2006)

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“Calcula-se que 60 a 70% da gordura ingerida é transportada para o

fígado pelos linfáticos depois de absorvido, e 30 a 40% pelo sangue porta”

(VASCONCELLOS, 1998).

O fígado também desempenha uma função importante na metabolização

dos lipídios, com a finalidade de produção de energia para outras funções orgânicas

(GUYTON, 2005). Estas funções resumem-se em:

a) Síntese de grande quantidade de colesterol, fosfolipídios e da maioria

das lipoproteínas;

b) Síntese de gordura a partir das proteínas e carboidratos;

O fígado é a sede principal da síntese de suas proteínas e as proteínas

plasmáticas como: albumina, o fibrinogênio, proteínas de transporte e fatores de

coagulação sanguínea. Esta síntese de proteínas é a partir de aminoácidos

absorvidos no intestino depois da hidrólise das proteínas da alimentação; resultantes

da destruição protéica endógena; formados a partir de hidrocarbonados e de lipídios.

(VASCONCELLOS, 1998)

A utilização de aminoácids para gliconeogênese, resulta na formação da

amônia. Esta substância altamente tóxica para o organismo será metabolicamente

convertida em uréia para ser excretada na urina. (BRUNNER, 2006)

A metabolização das drogas no fígado, realiza-se devido à ação de

enzimas localizadas nos microssomos do retículo endoplasmático liso e de co-

fatores presentes nos hepatócitos. (VASCONCELLOS, 1998)

Uma importante via para metabolização dos medicamentos é a

conjugação com diversos componentes, como ácido glicurônico ou acético, os quais

formam substâncias mais solúveis, sendo excretadas na urina e nas fezes.

(BRUNNER, 2006)

É uma excelente fonte de armazenamento de vitaminas A, B, D e várias

vitaminas do complexo B. O ferro é armazenado sob forma de ferritina, que é um

composto originado da ligação do fero com apoferritina. (GUYTON, 2005)

A bile é composta de água, ácidos graxos, colesterol, bilirrubina, sais

biliares, lectina e eletrólitos (sódio, potássio, cálcio, cloreto e bicarbonato). A bile

tem por funções: (BRUNNER, 2006)

a) Excreção de fármacos, hormônios quimicamente alterados e bilirrubina;

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b) Digestão através da emulsificação dos lipídios pelos sais biliares.

A bilirrubina é produto final da degradação do heme, o qual sofre ação da

hemeoxigenase, transformando-o em biliverdina, que será reduzida em bilirrubina

pela biliverdina redutase. Esta bilirrubina formada fora do fígado é liberada e ligada a

albumina. Este complexo é captado pelos hepatócitos, onde sofrerá conjugação com

o ácido glicurônico, gerando monoglicuronídeos e diglicuronídeos, substâncias

hidrossolúveis facilmente excretadas na bili. No intestino, as bactérias desconjugam

a bilirrubina e degradam-na para urobilinogênios, os quais são excretados nas fezes,

com alguma reabsorção e excreção na urina. (ROBBINS, 2005)

1.2 CIRROSE HEPÁTICA

“É um processo crônico do fígado, de evolução irreversível resultante da

agressão continuada de várias causas. Caracterizado por fibrose extensa em

associação à formação de nódulos regenerativos e reorganização da estrutura

vascular’’. (VASCONCELLOS, 1998)

“Cirrose é uma doença crônica caracterizada pela substituição do tecido

hepático normal por fibrose difusa, o qual rompe com a estrutura e função do

fígado”. (BRUNNER, 2006)

Segundo Brunner (2006) as partes do fígado principalmente afetadas são

os espalos porta e periporta, onde os canalículos biliares de cada lóbulo comunicam-

se para formar os dutos biliares hepáticos. Essas áreas transforma-se nos sítios de

inflamação, e os dutos biliares são ocluídos pela bile espessada e pus.

Para Bennet e Plum (1997) “cirrose consiste em fibrose do parênquima

hepático que resulta na formação de nódulos. Representa as conseqüências de uma

resposta permanente de ferida-cicatrização à agressão hepática crônica induzida por

uma ampla gama de processos incluindo toxina (álcool), infecção viral crônica,

colestase e distúrbios metabólicos.”

A cirrose é uma resposta de fibrose do fígado, em razão a uma agressão

do fígado, que pode ser por várias causas: alccolismo crônico, hepatites virais B, C,

D, colestase, agressão química, congênitas, congestiva, criptogênica.

(VASCONCELLOS, 1998)

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Pelo fato do paciente S.R.P estar com suspeita de uma cirrose devido ao

alcoolismo ou à uma infecção viral do tipo B ou C, será feito uma breve descrição da

doença hepática alcoólica e da cirrose pós-viral.

“A possibilidade da formação da hepatite alcoólica depende da

intensidade do alcoolismo, da duração da ingestão de álcool e do tipo de bebida”.

(VASCONCELLOS, 1998)

Segundo Vasconcellos (1998), o álcool depois de absorvido é quase

totalmente oxidado no organismo, principalmente no fígado, acontecendo em duas

fases:

a) Na primeira, ocorre a formação de aldeído acético por oxidaççao sob o

efeito da álcool-desidrogenase;

b) Na segunda, forma-se acetato e acetil-CoA, precursor de ácidos graxos

e do colesterol.

O etanol exerce ação tóxica direta sobre o fígado, alterando o retículo

endoplasmático liso e o rugoso, o aperelho de Golgi e as mitocôndrias.

As teorias da lesão hepática alcoólica envolvem três mecanismos: hipóxia

centrolobular, infiltração, atividade dos neutrófilos e formação de complexos

acetaldeído-proteína. À medida que a fibrose prossegue, o órgão encolhe por causa

da contração das bandas fibrosas por parte dos lipócitos ativados. Ao nível

estrutural, o desaparecimento das fenestrações sinusoidais contribuiria para o

comprometimento da permuta de nutrientes através do espaço subendotelial entre o

sangue sinusoidal e os hepatócitos, colaborando para o declínio na função hepática.

(BENNET, 1997)

Segundo Bennet (1997) no paciente cirrótico que continua bebendo,

persistem elementos histopatológicos tanto de esteatose hepática quanto de

hepatite.

“As infecções crônicas pelo vírus da hepatite B (HBV) e pelo vírus da

hepatite C (HCV) são a segunda causa principal de cirrose no mundo ocidental e a

principal causa na Ásia e na África “. (BENNET, 1997)

A hepatite viral é uma infecção viral sistêmica, na qual a necrose e a

inflamação das células hepáticas produzem um agrupamento característico de

alterações clínicas, bioquímicos e celulares (BRUNNER, 2006).

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O HBV replica-se no fígado e permanece no soro por períodos longos,

permitindo a transmissão do vírus, o qual transmite-se através de secreções

corpóreas (sangue, sêmen, saliva e secreções vaginais). (BRUNNER, 2006)

De acordo com Bennet (1997), na infecção crônica pelo HBV, a

velocidade de progressão para cirrose é influenciada pelo grau de inflamação e

distorção lobular. A lesão hepática concomitante induzida por outras causas também

pode intensificar o grau de inflamação e acelerar o início da cirrose.

O vírus da hepatite C (HCV) tem períodos de incubação variável e pode

durar de 15 a 160 dias. A transmissão do vírus HCV, é da mesma forma que o HCB,

por secreções corpóreas. (BRUNNER, 2006)

Da mesma forma, na infecção crônica por HCV, a progressão para cirrose

é influenciada pelo grau de lesão hepática observada na biópsia inicial, assim como

pela idade por ocasião da exposição e pela duração da infecção. (BENNET, 1997)

Segundo Robbins (2005) icterícia é o acumulo de bilirrubina não

conjugada e de glicurinídeos de bilirrubina nos tecidos, dando origem à coloração

amarelada da icterícia, característica evidente nas escleras.

A icterícia ocorre quando o equilíbrio entre a produção e a remoção de

bilirrubina é perturbada por um ou mais dos seguintes mecanismos: produção

excessiva de bilirrubina; captação reduzida pela hepatócito; conjugação prejudicada;

excreção hepatocelular reduzida e fluxo biliar prejudicado. (ROBBINS, 2005)

Nas cirroses descompensadas, a síntese de albumina, de cuja

concentração depende a pressão coloidosmótica do plasma, está diminuída. Esta

hipoalbuminemia predispõe a edema periférico e a ascite. (VASCONCELLOS, 1998).

Segundo Vasconcellos (1998) “ascite é um acúmulo de líquido na

cavidade abdominal que se faz de forma rápida ou gradual, dependente de vários

processos patológicos.”

A patogênese da ascite pode ser por: hipertensão portal,

hipoalbuminemia, hipertensão linfática e fatores renais (aumento da aldosterona no

sangue, do hormônio antidiurético, prostaglandinas) (VASCONCELLOS, 1998). As

manifestações clínicas são o aumento do peso e da circunferência abdominal,

dispnéia e distúrbio hidroeletrolítico (BRUNNER, 2006).

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A intolerância á glicose está associada à cirrose. As concentrações

plasmáticas de insulina costumam ser altas, sugerindo um estado de resistência à

insulina. Tanto o número de receptores da insulina quanto sua afinidade de fixação

podem estar diminuídos nos monócitos do sangue periférico. (BENNET, 1997)

“A resistência à insulina pode refletir em parte as maiores concentrações

plasmáticas de glucagon e, em parte, um menor efeito da insulina sobre o fígado,

por causa do desvio desta do fígado pelos shunts portossistêmicos (BENNET, 1997).

Segundo Robbins (2005) “é um odor corporal característico descrito como

“mofado ou doce azedo”. Ele é relacionado à formação de mercaptãs pela ação de

bactérias gastrointestinais sobre o aminoácido sulfurado metionina e desvio de

sangue esplênico da circulação portal para a sistêmica.

A Hiperestrogenemia é o aumento de estrogênios devido à falha de sua

metabolização no fígado. As conseqüências são o eritema palmar, angioma em

aranha da pele, hipogonadismo e ginecomastia. (ROBBINS, 2005)

“Hipertensão portal é o quadro sindrômico resultante de qualquer

obstáculo ao tronco porta ou a um de seus ramos, dentro ou fora do fígado. Quando

o obstáculo se estabelece, as vias colaterais anatomicamente mais próximas

começam a desenvolver-se, visando drenar o sangue porta para o sistema cava,

surgindo, então, uma série de complicações e manifestações clínicas.”

(BEVILACQUA, 1998)

Segundo o autor acima citado, as manifestações clínicas da hipertensão

portal são:

a) Circulação colateral superficial, visível na parede abdominal e torácica;

b)Varizes no fundo gástrico, no esôfago (as quais estão sujeitas a

rupturas, predispondo à hemorragias) e no reto (dando origem às hemorródas)

c) Esplenomegalia do tipo congestiva inicialmente, depois fibro-congestiva

e com deposição do pigmento férrico.

d) Anasarca ou edema localizado

e) Ascite

Pacientes cirróticos apresentam distúrbios da coagulação, devido à

diminuição da síntese de proteínas, que conseqüentemente, reduzem a produção de

fibrinogênio, protrombina e fatores V, VII, IX, X.

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A trombocitopenia pode resultar do hiperesplenismo. No paciente

alcoolista, pode haver uma supressão direta da medula óssea pelo etanol.

A coagulopatia predispõe sangramento gastrointestinal maciço, bem como

sangramento petequial em outros locais. (ROBBINS, 2005)

“É interpretada como um distúrbio da neurotransmissão no sistema

nervoso central e no sistema neuromuscular e parece ser associada a

concentrações sanguineas elevadas de amônia, que prejudicam a função neuronal e

promovem edema cerebral generalizado.” (ROBBINS, 2005)

A amônia origina-se da degradação das proteínas nos intestinos pela

microbiota bacteriana e pela desaminação oxidativa dos aminoácidos realizada em

todos os tecidos, principalmente no fígado e nos rins. (VASCONCELLOS, 1998)

A encefalopatia hepática é manifestada por perturbações de consciência,

variando desde anormalidades comportamentais sutis e acentuada confusão e

estupor ao coma profundo e morte. (ROBBINS, 2005)

A peritonite bacteriana pode se desenvolver nos pacientes cirróticos com

ascite na ausência de uma fote intra-abdominal de infecção ou de um abcesso. Essa

condição é referida como peritonite bacteriana espontânea (PBE). Acredita-se que a

vacteremia é a mais provável via de infecção. Os sinais clínicos podem estar

ausentes; a paracentese pode ser necessária para diagnóstico. A antibioticoterapia é

efetiva no tratamento e prevenção dos episódios recorrentes de peritonite bacteriana

espontânea. (BRUNNER, 2006)

A peritonite bacteriana espontânea é uma complicação ominosa da

hepatopatia em estágio terminal. A patogenia é obscura, porém acredita-se que

reflita uma permeabilidade alterada da parede intestinal às bactérias, menor

capacidade dos macrófagos hepáticos e esplênicos em combater as bacteremias

portais e/ou a presença de um volume de líquido peritonial capaz de facilitar o

crescimento bacteriano. Os achados típicos incluem febre, sinais de sepse ou

descompesação de uma função hepática previamente estável que se manifesta por

uma encefalopatia ou azotemia. Os microrganismos causais comuns incluem

Escherichia coli, Pneumococcus, Klebsiela e anaeróbios. (BENNET & PLUM, 1997)

O tratamento tem por finalidade reduzir as complicações que podem

ocorrer com a evolução clinica da hepatopatia.

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1.3 SISTEMA CARDIOVASCULAR

De acordo com Brunner (2006, p. 683) e Spence (1991, p.290) o coração

é um órgão muscular oco, que funciona como uma bomba contráctil,

propulsionadora de sangue, está localizado no centro do tórax onde ocupa o espaço

entre os pulmões (mediastino) e é envolvido por uma camada fibrosa: o pericárdio, e

repousa sobre o diafragma. Aproximadamente dois terços de sua massa está

situada à esquerda da linha mediana. No homem normal, pesa aproximadamente

300g, tem a forma de um cone invertido, apresentando uma base, um ápice e três

faces (esternocostal, diafragmática e pulmonar). Seu ápice é voltado para baixo.

Tem o tamanho aproximado da mão fechada, embora o peso e o tamanho do

coração sejam influenciados pela idade, sexo, peso corporal, extensão do exercício

físico e condicionamento e pela doença cardíaca.

Segundo Spence (1991, p.291) é constituído pelo músculo cardíaco, que

é formado por três camadas musculares: epicárdio, miocárdio e endocárdio. O

coração está contido num saco membranoso de parede dupla chamada pericárdio. A

membrana interna é o pericárdio seroso visceral e a membrana externa pelo

pericárdio seroso parietal que protegem a superfície do coração. O espaço

compreendido entre a superfície do coração e o pericárdio seroso parietal é

preenchido por uma quantidade mínima de líquido, que lubrifica a superfície e reduz

o atrito, durante a sístole.

Para Brunner (2006, p.685) e Spence (1991, p. 292) internamente o

coração é dividido por paredes musculares em quatro câmaras, sendo a parede

comum entre as câmaras D e E denominada septo. As duas câmaras superiores são

os átrios, e as duas inferiores são os ventrículos. Cada átrio comunica-se com seu

respectivo ventrículo através de uma valva, que se constitui de um conjunto de

válvulas. Estas estruturas valvares têm como objetivo fazer com que o fluxo

sanguíneo seja unidirecional, isto é, flua sempre no mesmo sentido. Tipos de valvas:

a) Atrioventriculares: separam os átrios dos ventrículos. A valva tricúspide

separa o átrio D do ventrículo D, e a valva mitral ou bicúspide, separa o átrio E do

ventrículo E. Os músculos papilares e as cordas tendíneas são responsáveis pela

manutenção do fluxo unidirecional e estão fixados a estas duas valvas;

17

b) Semilunares: normalmente são compostas por três cúspides. Após a

contração ventricular, o sangue é impedido de retornar aos ventrículos devido a

estas valvas semilunares. A valva entre o ventrículo D e a artéria pulmonar é a valva

pulmonar. A valva entre o ventrículo E, e a aorta, é a valva aórtica.

Os átrios servem como câmaras que recebem o sangue das várias partes

do corpo e o repassa para os ventrículos, e os ventrículos são câmaras que ejetam o

sangue para as artérias. O ventrículo D bombeia o sangue venoso para os pulmões,

enquanto que o E, para todas as partes do corpo o sangue oxigenado, do qual foi

removido o excesso de gás carbônico, provenientes dos pulmões.

As paredes atriais são mais finas comparadas as dos ventrículos, em

função do tipo de trabalho sob menor pressão, que recebem o sangue e o

transferem aos ventrículos. O ventrículo esquerdo pela sobrecarga de trabalho,

apresenta a parede 2 ½ vezes mais espessa que o ventrículo direito. O ventrículo

esquerdo ejeta sangue contra pressão sistêmica elevada, enquanto e direito ejeta

sangue contra a pressão baixa da vascularização pulmonar.

O ventrículo D situa-se anteriormente (logo abaixo do esterno) e o

ventrículo E posteriormente, este é responsável pelo batimento apical, geralmente

palpável na linha hemiclavicular esquerda, no espaço intercostal.

Os vasos de grande calibre que entram e saem do coração são: a veia

cava superior e veia cava inferior, artéria tronco pulmonar, veias pulmonares e a

artéria aorta.

Segundo Spence (1991, p.294) o músculo cardíaco é denominado

miocárdio, o revestimento interno que está em contato com o sangue é denominado

endocárdio, e a superfície externa o epicárdio (pericárdio seroso visceral).

As veias são tubos que, ao contrário das artérias, a partir da rede de

capilares, passam a se unir, formando vasos cada vez mais calibrosos.

Desembocam no átrio direito, através de dois grandes vasos, denominados de veia

cava superior e veia cava inferior. Estes vasos trazem de volta ao coração o sangue

que já sofreu troca com os tecidos, ou seja, o sangue pobre em oxigênio e rico em

gás carbônico. No átrio esquerdo, desembocam quatro veias pulmonares, duas

provenientes de cada pulmão, trazendo o sangue já oxigenado.

18

A parede da veia também é formada por três membranas, porém a

camada média e bem mais delgada e possui poucas fibras musculares. As veias

possuem no seu interior válvulas que impedem o retrocesso do sangue estando

relacionadas ao ciclo cardíaco, principalmente nas veias dos membros inferiores.

Segundo Brunner (2006) as artérias coronárias direita e esquerda e seus

ramos fornecem o sangue arterial para o coração. Essas artérias originam-se da

aorta exatamente acima dos folhetos da válvula aórtica. Diferente do que ocorre com

outras artérias, as artérias coronárias são perfundidas durante a diástole.

A artéria coronária esquerda possui três ramos. A partir do ponto de

origem até o primeiro ramo principal, ela é chamada de artéria coronária esquerda.

O lado direito do coração é suprido pela artéria coronária direita, que progride ao

redor do fundo ou parede inferior do coração. A parede posterior do coração recebe

seu suprimento sanguíneo por um ramo adicional a partir da artéria coronária direita.

(BRUNNER, 2006)

Segundo Spence (1991) a circulação consiste em uma rede muito

ramificada, que passa por todos os tecidos do corpo. No caso da circulação

sanguínea, os vasos condutores são as artérias, que levam o sangue do coração a

todas as partes do corpo, e as veias, que trazem este sangue das diferentes partes

do corpo, para o coração.

Existem dois tipos de circulação, grande circulação ou circulação

sistêmica, e pequena circulação ou circulação pulmonar. Na grande circulação, o

sangue rico em oxigênio vindo dos pulmões é bombeado para o ventrículo esquerdo

para a artéria aorta.

Esta artéria, de diâmetro grande subdivide-se em outros menores, que se

dirigem a todas as partes do corpo, subdividindo-se cada vez mais até formarem

vasos microscópicos que constituem as redes capilares. Esta circulação leva sangue

rico em oxigênio e nutrientes para cada célula de todo o corpo.

Na pequena circulação, ou circulação pulmonar, o ventrículo direito

impulsiona o sangue venoso, proveniente de todas as partes do corpo (rico em gás

carbônico e pobre em oxigênio, como conseqüência do metabolismo celular),

através das artérias pulmonares para os pulmões, onde o sangue venoso se

transformará em sangue arterial.

19

Convém ainda ressaltar que a “limpeza” do sangue com retirada dos

metabólicos, ocorre principalmente em território dos rins e do fígado. Fica fácil

entender, a partir deste conhecimento, a razão pelo quais os indivíduos que

apresentam deficiência das funções renais e hepáticas acumulam impurezas,

produzidas pelo próprio organismo, que ocasionam um processo de intoxicação

orgânica. Já os indivíduos que apresentam comprometimento pulmonar têm

prejudicado o processo de troca de gases que ocorre nos pulmões, podendo

acumular gás carbônico e apresentar déficit circulatório de oxigênio.

Segundo Brunner (2006) é a quantidade de sangue ejetado por cada um

dos ventrículos durante determinado período. O débito cardíaco de um adulto normal

é de 5 l/min. Débito cardíaco é igual ao volume sistólico multiplicado pela freqüência

cardíaca (DC = VS x FC).

O volume sistólico é a quantidade de sangue ejetado por cada batimento

cardíaco. Portanto o débito cardíaco pode ser afetado pelas alterações do volume

sistólico e/ou na freqüência cardíaca.

Freqüência cardíaca do adulto em repouso: 60 a 80bpm.

Volume ejetado médio: 70ml por batimento.

O débito cardíaco pode variar de acordo com as necessidades

metabólicas. Exemplo: Em exercício o débito cardíaco pode aumentar até quatro

vezes, podendo alcançar valor de 20ml/min, este aumento é conseguido como

aumento da freqüência cardíaca e volume ejetado.

Os impulsos parassimpáticos que chegam ao coração pelo nervo vago,

podem reduzir a freqüência cardíaca, os estímulos simpáticos a aceleram. Efeitos

sobre a freqüência cardíaca resultam da ação sobre o nódulo sinoatrial. O equilíbrio

destes dois sistemas de controle refluxo determina a freqüência cardíaca. Ela

também é acelerada pela elevação dos níveis das catecolaminas circulantes

(secretadas pela glândula adrenal) e pelo excesso de hormônio tireoidiano.

O volume sistólico é determinado por três fatores:

Contratilidade: é a força que tem que ser gerada pelo miocárdio, sob uma

determinada condição. Ela é aumentada pelas catecolaminas circulantes, pela

atividade neural simpática e por certas drogas (digitálicos). Ela é reduzida pela

20

hipoxemia e pela acidose (correção realizada pela administração de bicarbonato de

sódio). O aumento na contratilidade resulta na elevação do volume sistólico.

Pré-carga: é a força de distensão do músculo ventricular, antes de sua

excitação e contração. A pré-carga ventricular é determinada pelo volume de sangue

no interior do ventrículo ao final da diástole. Quanto maior a pré-carga, maior o

volume sistólico, até o ponto em que o músculo fica tão distendido que não

consegue mais contrair.

Pós-carga: a resistência à ejeção do ventrículo esquerdo é denominada

Resistência Vascular Sistêmica (RVS), a resistência à ejeção do ventrículo direito,

imposta pela pressão pulmonar é conhecida como Resistência Vascular Pulmonar

(RVP), a elevação da pós-carga acarreta redução do volume sistólico.

A atividade elétrica cardíaca é a conseqüência dos movimentos de íons

(partículas carregadas como sódio, potássio e cálcio) através da membrana celular.

As alterações elétricas registradas dentro de uma única célula resultam no que é

conhecido como o potencial de ação cardíaca. No estado de repouso as células

musculares cardíacas estão polarizadas, ou seja, existe uma diferença elétrica entre

o interior da membrana celular negativamente carregado e o exterior positivamente

carregado. Logo que um impulso elétrico é iniciado, a permeabilidade da membrana

celular se modifica e o sódio desloca-se rapidamente para dentro da célula,

enquanto o potássio sai da célula. Essa troca iônica começa a despolarização

(ativação elétrica da célula), convertendo a carga interna da célula em uma carga

positiva. Portanto, a contração do miocárdio sucede a despolarização. A

repolarização (retorno da célula ao seu estado de repouso) ocorre a medida que a

célula retorna a seu estado basal ou de repouso; isso corresponde ao relaxamento

do músculo miocárdico.

O ciclo cardíaco na sístole, a pressão dentro dos ventrículos eleva-se

rapidamente, forçando as válvulas átrio ventriculares a se fecharem. Em

conseqüência o sangue pára de fluir dos átrios para dentro dos ventrículos. A rápida

elevação da pressão dentro dos ventrículos direito e esquerdo força as válvulas

pulmonar e aórtica a se abrirem, sendo o sangue ejetado para dentro da artéria

pulmonar e aorta, respectivamente. No final da sístole a pressão dentro dos

ventrículos direito e esquerdo diminui rapidamente reduzindo as pressões da artéria

21

pulmonar e aórtica e gerando o fechamento das válvulas semilunares. Esses

eventos marcam o inicio da diástole. É na diástole, quando os ventrículos estão

relaxados e as válvulas átrio ventriculares estão abertas, o sangue que retorna das

veias flui para dentro dos átrios e, em seguida, para dentro dos ventrículos. No final

desse período diastólico os músculos atriais contraem-se em resposta a um impulso

elétrico iniciado pelo nódulo SA (Sino Atrial). Essa contração ejeta o sangue para

dentro dos ventrículos. Nesse ponto, a sístole ventricular começa em resposta a

propagação do impulso elétrico que começou no nódulo AS a alguns milisegundos.

1.4 HIPERTENSÃO ARTERIAL

A hipertensão arterial é definida como uma doença crônica e multifatorial,

que acomete grande parte da população, sendo portanto incurável e que exige uma

mudança no estilo de vida da pessoa afetada e na maioria dos casos o uso

concomitante de medicamentos para o seu tratamento.

Segundo Brunner (2006) a pressão arterial é o produto do débito cardíaco

multiplicado pela resistência periférica. O produto da freqüência cardíaca

multiplicada pelo volume sistólico é denominado débito cardíaco. Na circulação

normal, a pressão é exercida pelo fluxo sanguíneo através do coração e dos vasos

sanguíneos. A pressão arterial alta, conhecida como hipertensão, pode resultar de

uma alteração no débito cardíaco, de uma alteração na resistência periférica ou de

ambas.

A OMS, Organização Mundial da Saúde define como hipertenso: o

indivíduo adulto, maior de 18 anos, com valores de pressão arterial sistólica (PAS)

igual ou maior a 140mmHg ou com pressão arterial diastólica (PAD) igual ou maior

que 90mmHg. Os valores intermediários aos acima mencionados serão

considerados limítrofes (BRASIL, 2002).

Assim, os valores utilizados para definir hipertensão arterial são os iguais

ou superiores a 140/90mmHg, obtidos pela média de valores de no mínimo duas

aferições em diferentes situações e momentos.

Em 95% dos casos, a hipertensão é de causa desconhecida, sendo

classificada como hipertensão primária ou hipertensão essencial. Os outros 5%

22

constituem o grupo de hipertensos cuja causa da hipertensão arterial é conhecida.

(MEDCURSO, 2005) Entre essas causas encontram-se os estreitamentos das

artérias renais, doença renal parenquimatosa, hiperaldosteronismo, determinados

medicamentos, gravidez e coarctação da aorta. (BRUNNER, 2006)

A hipertensão é por vezes chamada de “assassino silencioso”, porque as

pessoas que a possuem freqüentemente não evidenciam sintomas. Uma vez

identificada, a pressão elevada deve ser monitorada a intervalos regulares porque a

hipertensão é uma condição para o resto da vida. (BRUNNER, 2006)

A hipertensão, segundo Brunner (2006) acompanha os fatores de risco

para cardiopatia aterosclerótica, como a dislipidemia (níveis lipídicos sanguíneos

anormais) e diabetes melito. O tabagismo não provoca pressão arterial alta; contudo,

se uma pessoa com hipertensão faz uso do tabaco, seu risco de mortalidade por

cardiopatia ou distúrbios correlatos aumenta de maneira significativa.

Segundo Brunner (2006) a pressão arterial elevada pode ser visualizada

de três maneiras: como um sinal, um fator de risco para a doença cardiovascular

aterosclerótica ou como uma doença. Como um sinal, os profissionais de saúde

utilizam a pressão arterial para monitorar o estado clínico de um paciente. A pressão

elevada pode indicar uma dose excessiva de um medicamento vasoconstritor ou

outros problemas. Como um fator de risco, a hipertensão contribui para a velocidade

com que a placa aterosclerótica se acumula dentro das paredes arteriais. Como

doença, é um importante contribuinte para a morte por doença cardíaca, renal e

vascular periférica.

O segundo a V Diretrizes de Hipertensão Arterial (2006) a pressão arterial

ideal, condição em que o indivíduo apresenta o menor risco cardiovascular é PAS <

120 mmHg e PAD < 80 mmHg. A pressão arterial de um indivíduo adulto que não

esteja em uso de medicação anti-hipertensiva e sem co-morbidades associadas é

considerada normal quando a PAS é < 130 mmHg e a PAD < 85 mmHg. Níveis de

PAS entre 130 e 139 mmHg e/ou de PAD entre 85 e 89 mmHg são considerados

limítrofes.

Segundo Brunner (2006) não é conhecida a causa exata para a maioria

dos casos. Só se sabe que a hipertensão é uma condição multifatorial. Para que ela

aconteça, deve haver uma alteração em um ou mais fatores que afetam a resistência

23

periférica ou o débito cardíaco. Além disso, deve haver um problema com os

sistemas de controle que monitoram ou regulam a pressão. As mutações genéticas

isoladas foram identificadas para alguns raros tipos de hipertensão, mas acredita-se

que a maioria dos tipos de pressão arterial alta é do tipo poligênico (mutações de

mais de um gene).

Segundo Medcurso (2005) a maioria das teorias da patogênese da

hipertensão primária parte do pressuposto que o evento inicial é o aumento do

Débito Cardíaco, geralmente por retenção excessiva de sódio e água pelos rins. A

hipertensão por hiperfluxo (alto débito cardíaco), com o tempo, converte-se na HAS

(hipertensão arterial sistêmica) por hiperresestência (aumento RVP).

Teorias sobre a patogênese da hipertensão primária segundo Medcurso

(2005):

Heterogeneidade de Néfrons: Nesta teoria, uma subpopulação de néfrons

possui uma arteríola aferente de calibre reduzido, estimulando a produção excessiva

de renina no parênquima renal, suficiente para aumentar a retenção de sódio e

líquido. Os níveis plasmáticos de renina podem estar normais.

Redução do número de néfrons: Na teoria, os indivíduos pré-dispostos à

hipertensão nascem com um menor número de néfrons. A hiperfiltração dos néfrons

remanescentes leva à esclerose glomerular, com conseqüente retenção de sal e

líquido.

Não-Modulação da Angiotensina II Intra-Renal: A presença de níveis não

suprimíveis de angiotensina II no parênquima renal, propiciando uma

hipersensibilidade ao sódio.

Hiperativação do Sistema Nervoso Simpático: O estresse crônico e

alterações primárias dos centros baroreguladores podem manter uma hiperatividade

adrenérgica, responsável pela vasoconstrição periférica, pelo remodelamento

vascular, pelo aumento de renina-angiotensina intra-epitelial e pelo aumento inicial

do débito cardíaco (DC).

Resistência à Insulina e Hiperinsulinemia: Quase 100% dos hipertensos

obesos e 40% dos não obesos apresentam resistência periférica à insulina e

hiperinsulinemia. Estudos prospectivos mostraram que a hiperinsulinemia é um fator

preditivo de HAS.

24

Segundo Brunner (2006) as alterações estruturais e funcionais no coração

e vasos sanguíneos contribuem para aumentos na pressão arterial que acontecem

com a idade. As alterações incluem o acúmulo da placa aterosclerótica,

fragmentação das elastinas arteriais, depósitos aumentados de colágeno e

vasodilatação prejudicada. O resultado dessas alterações é uma diminuição na

elasticidade dos principais vasos sanguíneos. Por conseguinte, a aorta e as grandes

artérias são menos capazes de acomodar o volume de sangue bombeado pelo

coração (volume sistólico), e a energia que teria estirado os vasos eleva a pressão

arterial sistólica. A hipertensão sistólica isolada é mais comum em idosos.

Segundo Brunner (2006) o exame físico pode não revelar anormalidades

diferentes da pressão arterial alta. Ocasionalmente, ocorrem as alterações

retinianas, como hemorragias, exsudatos (acúmulo de líquido), estreitamento

arteriolar e manchas algodoadas (pequenos infartos). Na hipertensão grave, pode

ser notado o papiledema (inchaço do disco óptico). As pessoas com hipertensão

podem estar assintomáticas e permanecer assim durante muitos anos. No entanto,

quando os sinais e sintomas específicos sobrevêm, elas geralmente indicam a lesão

vascular, com manifestações específicas relacionadas com os órgãos servidos pelos

vasos afetados. A cardiopatia coronariana com angina ou infarto do miocárdio é uma

conseqüência comum da hipertensão. A hipertrofia ventricular esquerda acontece

em resposta à carga de trabalho aumentada colocada sobre o ventrículo, quando ele

se contrai contra a pressão sistêmica mais elevada. Quando a lesão cardíaca é

extensa, surge a insuficiência cardíaca. As alterações patológicas nos rins (indicadas

pelos de uréia e creatinina no sangue) podem manifestar-se como nictúria. O

envolvimento vascular cerebral pode levar a um acidente vascular cerebral ou crise

isquêmica transitória, manifestada por alterações na visão e fala, tonteira, fraqueza,

uma queda súbita ou paralisia temporária em um lado (hemiplegia). Os infartos

cerebrais contribuem para a maioria dos acidentes vasculares cerebrais e para as

crises isquêmicas transitórias nos pacientes com hipertensão.

Segundo Medcurso (2005) a HAS afeta basicamente dois elementos: os

vasos sanguíneos (especialmente as artérias e arteríolas) e o coração. O

comprometimento vascular está por trás das principais complicações da hipertensão.

Provavelmente, a lesão do epitélio é o evento inicial deste processo. Uma série de

25

fatores tróficos pode ser liberada, uma vez perdida a integridade endotelial, pois o

endotélio atua como um verdadeiro “protetor” vascular. O remodelamento vascular

causa um aumento progressivo e permanente da RVP, elevando mais ainda a

pressão arterial, entrando em um ciclo vicioso. O estágio da HAS pode, assim,

progredir com o passar dos anos.

O aumento crônico da pós-carga ventricular impõe uma cobrecarga

sistólica ao VE. Como resposta “fisiológica” a este tipo de sobrecarga, o miocárdio

começa a hipertrofiar, isto é, aumentar a sua massa . É muito comum o achado de

déficit de relaxamento ventricular, que é um grau leve de disfunção ventricular,

associada a aumento atrial esquerdo e hipertrofia ventricular esquerda. Essa

disfunção associada à dilatação ventricular pode progredir para uma insuficiência

cardíaca congestiva. (MEDCURSO, 2005)

Segundo Medcurso (2005) a doença cerebrovascular é a principal

conseqüência da HAS. O risco aumenta com o estágio da hipertensão, chagando a

5 vezes na HAS grave. A doença cerebrovascular pode se manifestar de várias

formas: ataque isquêmico transitório, AVE isquêmico, AVE hemorrágico intra-

parenquimatoso, hemorragia subaracnóide, demência multi-vascular e atrofia

cerebral devido à aterosclerose difusa; todas elas fortemente relacionadas à HAS

Existe uma forte relação entre hipertensão arterial e alterações da

histopatologia e disfunção renal, mesmo na HAS leve. Histopatologicamete, boa

parte dos hipertensos de longa data apresenta, arterioloesclerose hialina nas

arteríolas aferentes. (MEDCURSO, 2005)

Segundo Brunner (2006) para se diagnosticar hipertensão são

necessários uma história de saúde e exame físico completos. As retinas são

examinadas, e os exames laboratoriais são efetuados para avaliar a possível lesão

dos órgãos-alvo.

A anamnese do portador de hipertensão deve ser orientada para os

seguintes pontos:

Identificação de sexo, idade, cor da pele, profissão e condição

socioeconômica; história atual: duração conhecida de hipertensão arterial e níveis de

pressão de consultório e domiciliar, adesão e reações adversas aos tratamentos

prévios; sintomas de doença arterial coronária, sinais e sintomas sugestivos de

26

insuficiência cardíaca, doença vascular encefálica, insuficiência vascular de

extremidades, doença renal, diabetes melito, indícios de hipertensão secundária;

fatores de risco modificáveis: dislipidemia, tabagismo, sobrepeso e obesidade,

sedentarismo, etilismo e hábitos alimentares não saudáveis; avaliação dietética,

incluindo consumo de sal, bebidas alcoólicas, gordura saturada, cafeína e ingestão

de fibras, frutas e vegetais.

Consumo pregresso ou atual de medicamentos ou drogas que podem

elevar a pressão arterial ou interferir em seu tratamento; grau de atividade física;

história atual ou pregressa de gota, doença arterial coronária, insuficiência cardíaca,

pré-eclâmpsia/eclâmpsia, doença renal, doença pulmonar obstrutiva crônica, asma,

disfunção sexual e apnéia do sono; perfil psicossocial: fatores ambientais e

psicossociais, sintomas de depressão, ansiedade e pânico, situação familiar,

condições de trabalho e grau de escolaridade.

História familiar de diabetes melito, dislipidemias, doença renal, acidente

vascular cerebral, doença arterial coronariana prematura ou morte prematura e

súbita de familiares próximos (homens < 55 anos e mulheres < 65 anos).

Segundo Brunner (2006) são dois os tipos de crises hipertensivas:

emergência hipertensiva e urgência hipertensiva. Sendo essas crises decorrentes

em pacientes que têm a pressão arterial mal controlada ou aqueles que interrompem

o tratamento medicamentoso abruptamente.

Deve-se monitorar rigorosamente os sinais vitais do paciente nos casos

de emergência e urgência hipertensivas, já que eles podem oscilar num curto

período de tempo.

A emergência hipertensiva é crise em que a pressão arterial deve ser

imediatamente controlada para conter ou evitar lesões em órgão-alvo, que

representam risco de vida para o paciente (ex: aneurisma dissecante da aorta e

hemorragia intracraniana, infarto agudo do miocárdio). Os medicamentos mais

utilizados nesse tipo de crises são os de efeito imediato como os vasodilatadores

intravenosos.

A urgência hipertensiva é crise em que a pressão arterial deve ser

diminuída dentro de algumas horas (ex: hipertensão perioperatória grave). As

27

urgências hipertensivas são tratadas com doses orais de agentes de ação rápida,

como os beta-bloqueadores, diuréticos de alça, antagonistas de cálcio entre outros.

Segundo Brasil (2002) o tratamento da hipertensão arterial inclui as

seguintes estratégias: educação, modificações dos hábitos de vida e, se necessário,

medicamentos.

O paciente deve ser continuamente estimulado a adotar hábitos

saudáveis de vida (manutenção do peso adequado, prática regular de atividade

física, suspensão do hábito de fumar, baixo consumo de gorduras saturadas e de

bebidas alcoólicas).

O tratamento dos portadores de hipertensão arterial deve ser

individualizado, respeitando-se as seguintes situações:

a) Idade do paciente;

b) Presença de outras doenças;

c) Capacidade de percepção da hipoglicemia e de hipotensão;

d) Estado mental do paciente;

e) Uso de outras medicações;

f) Dependência de álcool ou drogas;

g) Cooperação do paciente;

h) Restrições financeiras.

O objetivo primordial do tratamento da hipertensão arterial é a redução da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares. Assim, os antihipertensivos devem

não só reduzir a pressão arterial, mas também os eventos cardiovasculares fatais e

não-fatais. (V Diretrizes de Hipertensão Arterial, 2006)

Segundo Brunner (2006) a terapia farmacológica utilizada em pacientes

com hipertensão varia muito. Se for diagnosticado o paciente com hipertensão não-

complicada e sem histórico de indicação específica para os medicamentos que

inicialmente são adotados, recomenda-se o uso de diuréticos e beta-bloqueadores

em doses baixas. Se a PA vir a não cair a baixo de 140/90 mmHg, as doses dos

medicamentos adotados vão sendo gradativamente aumentadas e associadas a

outros medicamentos.Quando ocorre de a PA permanecer abaixo de 140/90

mmmHg durante o período de um ano, a dosagem medicamentosa vai

28

gradativamente diminuindo. Sendo necessária para a adesão do tratamento,

inicialmente o mais simples possível geralmente com um comprimido ao dia.

Estão disponíveis seis classes de anti-hipertensivos: os diuréticos, os

inibidores adrenérgicos (os de ação central, os alfa-1 bloqueadores e os

betabloqueadores), os vasodilatadores diretos, os inibidores da enzima conversora

da angiotensina (IECA), os antagonistas dos canais de cálcio e os antagonistas do

receptor da angiotensina II

Diuréticos

O mecanismo de ação anti-hipertensiva dos diuréticos relaciona-se

inicialmente aos seus efeitos diurético e natriurético, com diminuição do volume

extracelular. Posteriormente, após cerca de 4 a 6 semanas, o volume circulante

praticamente se normaliza e há redução persistente da resistência vascular

periférica. São eficazes no tratamento da hipertensão arterial, tendo sido

comprovada sua eficácia na redução da morbidade e da mortalidade

cardiovasculares140-142 (A). Como anti-hipertensivos, são preferidos os diuréticos

tiazídicos e similares, em baixas doses. Os diuréticos de alça são reservados para

situações de hipertensão associada com hipertrofia prostática benigna. (V Diretrizes

de Hipertensão Arterial, 2006)

Tipos:

a) Tiazídicos (Hidroclorotiazida): é o diurético utilizado, na maioria das

vezes, como droga inicial, permitindo uma ação anti-hipertensiva lenta, com reações

compensatórias reflexas menos intensas.

b) De Alça (Furosemida): tem efeito potente e de ação rápida e de curta

duração, atuando em todas as regiões do néfron com exceção do túbulo distal;

c) Polpadores de potássio (Espirinolactona): promove a perda de

bicarbonato de sódio e cálcio ao mesmo tempo em que preserva os íons de potássio

e de hidrogênio.

Inibidores simpáticos

Atuam estimulando os receptores alfa-2-adrenérgicos pré-sinápticos no

sistema nervoso central, reduzindo o tônus simpático, como fazem a alfametildopa, a

29

clonidina e o guanabenzo, e/ou os receptores imidazolidínicos, como a moxonidina e

a rilmenidina. Seu efeito hipotensor como monoterapia é, em geral, discreto.

Entretanto, eles podem ser úteis quando utilizados em associação com

medicamentos de outros grupos, particularmente no caso de evidência de

hiperatividade simpática. (V Diretrizes de Hipertensão Arterial, 2006)

Antagonistas dos canais de cálcio

A ação anti-hipertensiva decorre da redução da resistência vascular

periférica por diminuição da concentração de cálcio nas células musculares lisas

vasculares. (V Diretrizes de Hipertensão Arterial, 2006)

a) Nifedipina – bloqueia a passagem do cálcio dos espaços extracelulares

para as fibras do miocárdio e dos músculos vasculares com conseqüente diminuição

da contratilidade.

Inibidores da IECA

Agem fundamentalmente pela inibição da ECA, bloqueando a

transformação da angiotensina I em II no sangue e nos tecidos, embora outros

fatores possam estar envolvidos neste mecanismo de ação. (V Diretrizes de

Hipertensão Arterial, 2006)

a) Captopril – Reduz a formação de angiotensina-2, diminuindo a

resistência arterial periférica;

b) Enalapril – Inibidor da ECA, resultando na diminuição da angiotensina-

2 plasmática, levando a uma menor atividade vasopressora e diminuição da

secreção da aldosterona.

Antagonista do receptor da angitensina II

a) Valsartana – não inibe a ECA. Atua seletivamente no receptor subtipo

AT¹, responsável pelas conhecidas ações da angiotensina-II;

b) Losartana – hipotensor arterial sendo antagonista dos receptores de

angiotensina II (AT¹).

Vasodilatadores diretos

30

Atuam sobre a musculatura da parede vascular, promovendo relaxamento

muscular com conseqüente vasodilatação e redução da resistência vascular

periférica. Pela vasodilatação arterial direta, promovem retenção hídrica e

taquicardia reflexa, o que contra-indica seu uso como monoterapia. São utilizados

em associação a diuréticos e/ou betabloqueadores.

a) Minoxidil – Vasodilatador de ação direta atuando diretamente na

musculatura lisa vascular.

1.5 DIABETES MELLITUS

“O diabetes é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por

hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários

órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sangüíneos.

Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos

patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas

(produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da

insulina, entre outros” (MINISTERIO DA SAÚDE, 2006).

O diabetes mellitus possui evolução crônica e, dependendo do controle

metabólico obtido, pode gerar complicações agudas e crônicas, que podem ser

fatais. É considerado um dos mais importantes fatores de risco para doença

cardiovascular e para outras complicações macro e microvasculares.

O diabetes é comum e de incidência crescente. Estima-se que, em 1995,

atingia 4,0% da população adulta mundial e que, em 2025, alcançará a cifra de

5,4%. A maior parte desse aumento se dará em países em desenvolvimento,

destacando-se, nesses países, o padrão atual de concentração de casos na faixa

etária de 45-64 anos. No Brasil, no final da década de 1980, estimou-se que o

diabetes ocorria em cerca de 8% da população, de 30 a 69 anos de idade, residente

em áreas metropolitanas brasileiras. Essa prevalência variava de 3% a 17% entre as

faixas de 30-39 e de 60-69 anos. A prevalência da tolerância à glicose diminuída era

igualmente de 8%, variando de 6 a 11% entre as mesmas faixas etárias

(MINISTERIO DA SAÚDE, 2006).

31

Considerando-se tal quadro, torna-se urgente implementar ações básicas

de diagnósticos e controle, através dos seus clássicos fatores de risco, nos

diferentes níveis de atendimento especialmente no nível primário de atenção.

A insulina é secretada por células beta, as quais constituem um dos

quatro tipos de células nas ilhotas de Langherans no pâncreas. A insulina é um

hormônio anabólico ou de armazenamento. Quando uma pessoa ingere uma

refeição, a insulina no organismo aumenta e movimenta a glicose para o músculo

fígado e células adiposas. Na célula beta, a insulina:

Transporta e metaboliza a glicose para a energia

Estimula o armazenamento de glicose no fígado e músculo (na forma

de glicogênio)

Sinaliza ao fígado para interromper a liberação de glicose

Estimula o armazenamento de lipídios da dieta no tecido adiposo

Acelera o transporte de aminoácidos (derivados da proteína nutricional)

para as células.

A insulina também inibe a clivagem da glicose, proteína e lipídios

armazenados.

Durante os períodos de jejum (entre as refeições e durante a noite), o

pâncreas libera continuamente uma pequena quantidade de insulina (insulina basal);

outro hormônio pancreático chamado glucagon (secretado pelas células alfa das

ilhotas de Langherans), é liberado quando os níveis de glicose no sangue diminuem

e estimulam o fígado a liberar a glicose armazenada. A insulina e o glucagon

mantêm, em conjunto, um nível constante de glicose no sangue ao estimularem a

liberação de glicose pelo fígado.

Inicialmente, o fígado produz glicose através da clivagem do glicogênio

(glicogenólise). Depois de 8 a 12 horas sem alimento, o fígado forma glicose a partir

da clivagem de substancias diferentes do carboidrato, incluindo aminoácidos

(gliconeogênese) (BRUNNER E SUDDARTH, 2005).

As manifestações clinicas de todos os tipos de diabetes incluem, poliúria,

polidipsia, polifagia. Podendo estar acompanhados de outros sintomas que

compreendem fadiga, fraqueza,alterações visuais súbitas, formigamento ou

dormência nas mãos ou pés, pele seca, lesões cutâneas ou feridas que exibem

32

cicatrização lenta, além de infecções recorrentes. Já as manifestações clínicas

relacionado às complicações do diabetes são: proteinúria,neuropatia periférica,

retinopatia, ulcerações crônicas nos pés, doença vascular ateroaclerótica,

impotência sexual,paralisia oculomotora (BRUNNER E SUDDARTH, 2005).

Os principais fatores de risco incluem idade superior ou igual de quarenta

anos, história familiar, obesidade (andróide), Excesso de peso IMC > 25 kg/m²);

doenças vasculares, hipertensão arterial, mães com RN com mais de quarenta

quilos, história hiperglicemia/ glicosúria, uso de medicamentos diabetogênicos e

antecedentes de aborto, parto prematuro, sedentarismo, Triglicerídios em

quantidade maior ou igual a 200 mg/dl; Presença de doença aterosclerótica antes

dos 50 anos; HDL-colesterol menor ou igual a 35 mg/dl;

A American Diabetes Association (ADA) propôs, em 1997, a classificação,

adotada posteriormente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela

Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) demonstrada no quadro 1.

QUADRO 1: Classificação etiológica do DM.

1) Diabetes do tipo 1

a) auto-imune.

b) idiopático.

2) Diabetes do tipo 2

Outros tipos específicos:

a) defeitos genéticos da função da célula β: MODY 1, MODY2, MODY3,

MODY4, MODY5, MODY6,mutações no DNA mitocondrial, outros;

b) defeitos genéticos na ação da insulina: resistência à insulina tipo A

(síndrome de Kahn), Leprechaunismo, síndrome de Rabson-

Medenhal, diabetes lipoatrófico, outros;

c) doenças do pâncreas exócrino: pancreatite, trauma/pancreatectomia,

neoplasias, fibrose cística, hemocromatose, pancreatopatia,

fibrocalculosa, outros;

33

d) endocrinopatias: acromegalia, síndrome de Cushing, glucagonoma,

feocromocitoma, hipertireoidismo, somatostatinoma, aldosteronoma,

outros;

e) induzido quimicamente ou por drogas: agonistas α-adrenérgicos,

agonistas β-adrenérgicos, diazóxido, glicocorticóides, ácido nicotínico,

pentamidina, hormônio tireoideano, tiazídicos, terapia com interferon-

α, outros;

f) infecções: sarampo, enteroviroses, rubéola congênita, outros;

g) formas incomuns de diabetes imunomediado: síndrome stiff-man,

anticorpos anti-receptor de insulina, outros;

h) síndromes genéticas associadas: síndrome de Down, síndrome de

Klinefelter, síndrome de Turner, coréia de Huntington, síndrome de

Laurence-Moon-Beidel, distrofia miotônica, porfiria, síndrome de

Prader-Willi, síndrome de Wolfran, outros;

Fonte: Caderno de atenção básica de Diabetes Mellitus do ministério da saúde.

Em 90% dos casos o DM tipo I é comprovadamente uma doença

autoimune, podendo estar inclusive associado a outras doenças autoimunes

conhecidas. O desenvolvimento do DM tipo I depende da interação de fatores

genéticos e ambientais. (MEDCURSO, 2005)

É uma doença geralmente diagnosticada em indivíduos > de 40 anos,

sendo 80% deles obesos. O marco fisiopatológico da doença é a combinação de

dois fatores: resistência periférica à insulina e a disfunção das células beta

pancreáticas, que secretam quantidades de insulina insuficientes para o adequado

controle metabólico.(MEDCURSO, 2005)

Os métodos habituais para estabelecer o diagnóstico de diabetes

baseiam-se em diversos testes químicos da urina e do sangue. (GUYTON, 2005)

Glicose Urinária: Pode-se utilizar testes simples, no próprio

consultório, ou testes laboratoriais quantitativos e mais complicados para determinar

a quantidade de glicose perdida na urina.

Níveis de glicemia em jejum e Níveis de insulina: O nível de

glicemia em jejum, pela manhã, é normalmente, de 80 a 90 mg/100ml, sendo o valor

34

de 110 mg/100ml considerado o limite superior da normalidade. Nível de glicemia em

jejum acima desse valor indica, freqüentemente a presença de diabetes mellitus.

Teste de tolerância à glicose: Quando o indivíduo normal, em jejum,

ingere 1 g de glicose por quilograma de peso corporal, o nível de glicemia eleva-se

de cerca de 90 mg/100ml para 120 a 140mg/100ml e em seguida cai para valores

abaixo do normal em cerca de duas horas. No paciente com diabetes, a

concentração de glicose sanguínea em jejum está quase sempre acima de 110/100

ml e com freqüência de 140/100 ml.

Hálito de cetona: Pequena quantidade de ácido acetoacético no

sangue, que aumenta acentuadamente no diabete grave, é convertida em acetona.

A acetona é volátil e eliminada no ar expirado.

A teoria do tratamento do diabete melito tipo I consiste na administração

de insulina suficiente para que o paciente tenha o metabolismo dos carboidratos,

das gorduras e das proteínas o mais normal possível. (GUYTON, 2005)

A dieta deve conter em média 55-60 % de carboidratos (especialmente

amido e fibras solúveis, contidas em alimentos tais como verduras, frutas e

legumes), 10-20% de proteínas e 30-35% de lipídios. O álcool deve ser

desencorajado, por trazer importante risco de hipoglicemia nos usuários de insulina.

O exercício físico regular é uma medida promotora de saúde indicada de rotina nos

diabéticos tipo I. ( MEDCURSO, 2005)

Nos pacientes com diabetes tipo II, são habitualmente, recomendadas

dieta e a prática de exercícios físicos, visando a obter perda de peso e reverter a

resistência à insulina. Se esse esquema falhar, pode-se administrar fármacos para

aumentar a sensibilidade à insulina ou para estimular a produção aumentada do

hormônio pelo pâncreas. Entretanto, em muitos indivíduos, deve-se administrar

insulina exógena para regular o nível de glicemia.

35

1.6 EXAMES LABORATORIAIS

Segundo Oliveira 2003, o hemograma é um exame de muita utilidade na

vivência médica, sendo usado tanto na avaliação e no acompanhamento de

procedimentos eletivos, como emergenciais. Pode ser realizado apenas o

eritrograma, que é a dosagem de hemoglobina, determinação do hematócrito e

cálculos dos índices hematimétricos, ou ser realizado somente o leucograma, que

consiste na contagem global de leucócitos e seu diferencial.

O hemograma completo é frequentemente utilizado na avaliação geral da

função da medula óssea; avalia as três linhagens celulares (leucócitos, eritrócitos,

plaquetas). Sendo importante observar as alterações como o passar do tempo, bem

como muitas condições hematológicas mostram alterações no hemograma completo

bem antes do paciente ficar sintomático (BRUNNER E SUDDARTH, 2005).

De acordo com Junqueira e Carneiro (2004), as hemácias são

anucleadas, contendo uma grande quantidade de hemoglobina (uma proteína

transportadora de oxigênio) e estão na forma de discos bicôncavos que quando

suspensos em soluções isotônicas medem 7,5 µm de diâmetro, com 2,6 µm de

espessura próximo a sua borda e 0,8 µm no centro. Essa forma bicôncava da

hemácia normal proporciona grande superfície em relação ao volume, o que facilita

as trocas de gases (oxigênio e gás carbônico).

A presença de uma grande quantidade de hemoglobina possibilita que o

eritrócito realize sua função principal, o transporte de oxigênio entre os pulmões e os

tecidos. A molécula de hemoglobina, transportadora de oxigênio, é constituída de

quatro subunidades, cada qual contendo uma porção ligada a uma cadeia de

globina. O ferro esta presente no componente heme da molécula. Uma importante

propriedade do heme e sua capacidade de ligar-se ao oxigênio, de modo frouxo e

reversível. O oxigênio dissocia-se prontamente da hemoglobina nos tecidos, onde o

oxigênio é necessário para o metabolismo celular. (BRUNNER E SUDDARTH,

2005).

A Hemoglobina é um item importante no hemograma, pois sua deficiência

abaixo dos valores de referência para a faixa etária e sexo do paciente indica

anemia. Varia conforme a faixa etária, o sexo, o estado gestacional, a menstruação

36

e a altitude local. Já os índices hematimétricos são de importância no resultado do

hemograma, tanto para o diagnóstico quanto para o acompanhamento do

tratamento. São úteis na avaliação e classificação morfológica das anemias. Estes

índices são VCM, HCM e CHCM.

VCM: significa volume corpuscular médio, representando o volume das

hemácias. Valores abaixo do valor de referência indicam microcitose, e valores

superiores indicam macrocitose.

HCM: significa hemoglobina corpuscular média, indicando a quantidade

de hemoglobina do eritrócito. Valores abaixo do valor de referência indicam

hipocromia, e valores superiores indicam hipercromia.

CHCM: significa concentração hemoglobínica corpuscular média,

representando a relação entre a saturação de hemoglobina e o volume da célula.

Este é um índice-chave para o acompanhamento do tratamento utilizando ferro.

(OLIVEIRA, 2003)

Os leucócitos são os componentes celulares brancos do sangue, cujos

valores inferiores e superiores dos valores de referência indicam respectivamente

leucopenia e leucocitose. (OLIVEIRA, 2003).

Neutrófilos (célula terminal): age fazendo fagocitose de bactérias

Eosinófilo (célula terminal): defesa contra helmintos parasitas; modulação

do processo inflamatório

Basófilo (célula terminal): liberação de histaminas e outros mediadores da

inflamação

Monócito (célula terminal): diferenciação em macrófagos teciduais, que

fagocitam, matam e digerem protozoários, certas bactéria, vírus e células

senescentes.

Linfócitos: diferenciação em plasmócitos (células produtoras de

anticorpos) e destruição de células infectadas por vírus. (JUNQUEIRA E

CARNEIRO, 2004).

37

Ocorrendo um processo infeccioso agudo o organismo passa a responder

com aumento de leucócitos numa seqüência hierárquica, se isto não for suficiente

ocorrerá o envio para o sangue periférico de elementos mais jovens (bastonetes).

Diante de um processo infeccioso grave, pode haver a presença de

granulações tóxicas nos neutrófilos, o que se deve ao estímulo contínuo à produção

de granulócitos e leva a diminuição dos prazos de maturação de células da medula

óssea, e então os neutrófilos chegam ao sangue periférico com a persistência de

granulações. (OLIVEIRA, 2003).

As alterações que ocorrem na série branca podem ser bem orientadas da

extensão da gravidade do processo infeccioso ou tóxico que afeta o organismo,

como detalhado aqui:

Leucocitose com desvio à esquerda e ausência de eosinófilos indica

infecção muito grave;

Granulações tóxicas abundantes nos neutrófilos indicam processo

supurativo;

Desvio à esquerda persistente indica quadro grave;

Ausência de monocitose e linfocitose após muitos dias de infecção é

sinal de ineficiência da reação orgânica. (OLIVEIRA, 2003).

Cada um dos elementos da série branca tem sua função individualizada

na defesa do organismo. É importante ressaltar a presença ou a ausência de

eosinófilo, já que esta célula tem grande valor prognóstico de varias doenças.

Geralmente, num processo infeccioso agudo, há o desaparecimento de eosinófilo,

que reaparece com a melhora do quadro. (OLIVEIRA, 2003).

São varias as alterações que podem ocorrer nos leucócitos, de acordo

com a etiologia do quadro clínico, como linfocitose, linfopenia, eosinofilia,

eosinopenia, basofilia, basopenia, monocitose e monocitopenia. (OLIVEIRA, 2003).

Linfocitose significa aumento do número de linfócitos, o que pode ser

fisiológico na infância; também ocorre nas viroses e no paciente esplenectomizado.

Linfopenia é a diminuição do número de linfócitos, o que traduz uma

resposta à ativação do eixo hipotálamo-adrenal, devido a um estresse independente

da sua origem.

38

Eosinofilia é o aumento de eosinófilos, o que acontece nas parasitoses e

nos quadros alérgicos (asma e dermatites).

Eosinopenia é a diminuição do número de eosinófilos, o que traduz uma

resposta à ativação do eixo hipotálamo-adrenal devido a um estresse, independente

da sua origem.

Basofilia é o aumento no numero de basófilos. Tem valor nos grandes

aumentos, sendo relacionados as leucemias.

Monocitose é o aumento do número de monócitos, o que se relaciona

com processo inflamatório.

Basopenia e monocitopenia são a diminuição do número de basófilos e

monócitos respectivamente, que são achados incomuns. (OLIVEIRA, 2003).

As plaquetas são corpúsculos sem núcleos, com a forma de disco,

medindo cerca de 2-4 µm de diâmetro, derivados de células gigantes e poliplóides

da medula óssea, os megacariócitos. Elas promovem a coagulação do sangue e

auxiliam a reparação da parede dos vasos sanguíneos, evitando perda de sangue.

(JUNQUEIRA E CARNEIRO, 2004).

Os distúrbios eletrolíticos acontecem na pratica clinica e devem ser

corrigidos para a saúde e segurança do paciente. Esses exames identifica muitos

constituintes químicos do sangue fundamentais para diagnósticos e evoluções da

terapêutica.

Glicemia: A incapacidade do fígado em armazenar glicose em forma

de glicogênio faz com que o nível da mesma se eleve na circulação sanguínea,

principalmente em pacientes cirróticos. (GUYTON, 2005)

Sódio: É o eletrólito mais abundante do líquido extracelular e funciona

no estabelecimento do estado eletromecânico necessário para a contração muscular

e transmissão dos impulsos nervosos. Muito utilizado para a avaliação de

desidratação, hiperidratação e distúrbios do íon. Valores aumentados no caso de

infusão venosa hipertônica, perdas renais, febre, paciente grande queimado, no uso

de diurético de alça. Valores baixos em caso de hiperproteinemia, na síndrome da

secreção inapropriada do hormônio antidiurético, na insuficência adrenal, na

diarréria,na infusão venoso de solução hipotônica. (OLIVEIRA, 2003).

39

Potássio: É o principal eletrólito intracelular e tem sua importância no

funcionamento muscular esquelético e cardíaco. Tem grande utilidade para avaliar o

equilíbrio hidroeletrolítico, apresenta valores aumentados na insuficiência renal, na

insuficiência adrenal, no uso de diuréticos poupador de potássio (como a

espironolactona).Há diminuição na inanição, vômitos diarréia, diuréticos depletor de

potássio, hiperaldosteronismo. (OLIVEIRA, 2003).

Cálcio: É um cátion extracelular importante na ativação de enzimas

que estimulam reações químicas essenciais no organismo, atuam na coagulação

sangüínea, atividades musculares em geral, inclusive a freqüência cardíaca normal.

Quase todos os distúrbios do metabolismo do cálcio decorrem de perturbações da

absorção intestinal ou de anormalidades no balanço interno entre o liquido extra-

celular e o compartimento ósseo. Os principais fatores reguladores do metabolismo

do cálcio são o paratormônio, a vitamina D, os níveis séricos de cálcio, o pH sérico e

a oferta renal de sódio dependente do grau de expansão ou contração do liquido

extra-celular. Uma diminuição da albumina sérica leva à diminuição do cálcio total

porque parte desse cálcio se encontra ligado a albumina no organismo.

(BEVILACQUA, 1998).

Magnésio: É o cátion intracelular que assume o segundo lugar em

abundância. Age diretamente na junção mioneural, no metabolismo de carboidratos

e proteínas e como ativador de muitos sistemas enzimáticos intracelulares. A

metade do magnésio corporal total encontra-se depositada no osso. Do restante, a

maior parte acha-se no interior das células. Apenas uma fração de 2% do magnésio

corporal localiza-se no compartimento extracelular. O balanço externo e interno do

magnésio depende da interação do trato gastrintestinal, dos rins e dos ossos.

(BEVILACQUA, 1998).

Fósforo: É o principal ânion intracelular, essencial para a função

muscular, neural, hemácias, formação de adenosina trifosfato (ATP) e

difosfoglicerato (DPG), manutenção do equilíbrio ácido-básico e metabolismo

intermediário dos carboidratos, proteínas e gorduras, além de fornecer apoio

estrutural dos ossos e dentes. É muito utilizado para a avaliação de uma variedade

de funções estruturais e metabólicas, além de seu papel na metabolização óssea.

Em pessoas normais, à medida que se eleva o nível de cálcio sérico, diminui o

40

fósforo. O fósforo plasmático tem variação com a idade, apresenta-se reduzido

transitoriamente após a ingestão de carboidratos, pela insulina e pelo quadro de

alcalose respiratória aguda. Ocorre aumenta na insuficiência renal aguda ou crônica,

no hipoparatireoidismo. (OLIVEIRA, 2003).

Creatinina: É um produto final do metabolismo muscular. É um

indicador confiável de função renal, pois não sofre variação com a ingestão de

proteínas e ritmo metabólico. Porém é sempre associada a uréia para o diagnostico

de disfunção renal. Pequenos aumentos no valor da creatinina já indicam grande

alteração percentual da função glomerular (OLIVEIRA, 2003).

Uréia: “Produto final nitrogenado do metabolismo protéico” (BRUNNER

E SUDDARTH, 2006). Ela é muito usada para avaliar a função renal com sua

concentração sanguínea variando conforme a dieta o catabolismo e a função

hepática (OLIVEIRA, 2003).

Albumina: É uma proteína sintetizada no fígado,utilizada para avaliar

os pacientes com doenças crônicas, como cirrose hepática, síndrome nefrótica,

hemorragias graves. A desidratação é a única condição clinica que provoca aumento

da albumina. Haverá diminuição na cirrose hepática, desnutrição, na presença de

infecção,choque volêmico, perdas gastrintestinais (OLIVEIRA, 2003). Quando os

níveis de albumina abaixa a globulina sérica tende a ficar mais elevada

ultrapassando a albumina, refletindo a reação do sistema reticuloendotelial.

Bilirrubina: É um pigmento derivado da clivagem da hemoglobina

pelas células do sistema reticuloendotelial, inclusive pelas células de kupfer do

fígado. Os hepatócitos removem a bilirrubina a partir do sangue e a modificam

quimicamente através da conjugação com o acido glicurônico, o que a torna a

bilirrubina mais solúvel em solução aquosa (BRUNNER E SUDDARTH, 2006).

Existem dois tipos de bilirrubina: a indireta ou não conjugada que é virtualmente

insolúvel em água em pH fisiológico, é firmemente complexada à albumina sérica e

é tóxica; e a direta ou conjugada que hidrossolúvel, atóxica e apenas frouxamente

ligada a albumina (ROBBINS E COTRAN, 2005).

Glutamiltransferase: A Gama GT é uma enzima que está presente no

fígado, rim, próstata e baço. A sua elevação indica disfunção dos hepatócitos,

41

detecta hepatopatia induzida por álcool e rastreia as conseqüências do alcoolismo,

por ser muito sensível a quantidade de álcool consumida por alcoólatras crônicos.

O liquido ascítico é o liquido acumulado na cavidade abdominal

decorrente de doenças que acometem ou não a membrana peritoneal. A hipertensão

portal e a hipoalbuminemia são condições que levam a formação de ascite em que o

peritônio não está acometido, enquanto as síndromes inflamatórias, infecciosas e

certas doenças malignas levam a ascite com comprometimento da membrana

peritoneal (OLIVEIRA, 2003).

Sendo vários os determinantes da ascite, a análise desse líquido é

essencial para o diagnóstico. Sua coleta é realizada pelo procedimento chamado

paracentese. Coletado o material, a rotina da avaliação laboratorial abrange a

pesquisa bioquímica de células (hemácias, leucócitos, células malignas), e o exame

bacteriológico, além de exames bioquímicos opcionais, como LHD, glicose, amilase,

bilirrubina e creatinina (OLIVEIRA, 2003).

Os leucócitos, principalmente polimorfonucleares, são as células de maior

importância na avaliação da celularidade. O fluido ascítico normal tem 500

leucócitos/µL e menos de 250 polimorfonucleares/µL. Um aumento na contagem de

polimorfonucleares sugere peritonite bacteriana primária ou secundária. O

predomínio de linfócitos leva à suspeita de tuberculose ou carcinomatose.O aspecto

róseo e sugestivo de peritonite bacteriana espontânea (OLIVEIRA, 2003).

O exame de cultura e antibiograma deve ser realizado em toda a amostra

de liquido ascítico com a finalidade de, em um quadro infeccioso, identificar o agente

etiológico e sua sensibilidade antibiótica (OLIVEIRA, 2003).

42

CAPÍTULO II

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo caracterizado por ser um relato de caso embasado

na revisão de literatura. Buscou-se informações sobre o assunto em artigos

científicos, livros, periódicos, revistas técnicas e científicas, entre outros.

Foram colhidos todos os dados importantes destes instrumentos e

também do prontuário do cliente onde foi permitido realizar uma relação,

possibilitando a execução deste trabalho na luz da gestão em saúde.

43

CAPÍTULO III

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

3.1 HISTÓRICO DE ENFERMAGEM

Os dados coletados do cliente englobam revisão de prontuário, entrevista

com paciente e diálogo com o médico responsável pelo caso.

S.R.P.; sexo masculino; 53 anos; nascido em 15/08/1953; pardo; casado

há 25 anos; 3 filhas, uma com 13 anos, que reside com ele e sua esposa, uma com

20 anos e outra com 23 anos, que são casadas; católico não praticante, porém

refere, usar sua fé em Nossa Senhora da Aparecida para superar os momentos de

dificuldades. Escolaridade: 5º série do ensino fundamental; caminhoneiro há 33 anos

(percorrendo aproximadamente 750 km por dia), com renda familiar de

aproximadamente 13 salários mínimos; natural de Soledade – MS; reside em Sinop

há 10 anos com a esposa (do lar) e com a filha mais nova, em casa própria de

alvenaria, com 11 cômodos, com água encanada, com fossa séptica, com

pavimentação asfáltica e coleta de lixo 2 vezes por semana.

Sedentário; ex-etilista há 1 mês, fazia uso de bebida alcoólica fermentada

(cerveja) desde os 18 anos de idade, não soube informar exatamente o volume

ingerido diariamente (Segundo Informação Colida - SIC). Ex-tabagista há 8 anos,

fumou desde os 23 anos duas carteiras de cigarro com filtro por dia (SIC).

Quanto à alimentação informa não ter restrições alimentares, “comia de

tudo”, com freqüência de 3 refeições diárias (desjejum com apenas café, almoço

com carne assada, feijão, salada esporadicamente, jantar o mesmo cardápio do

almoço). Referiu que há algum tempo diminuiu a ingesta de carne vermelha devido

sentir repugnância, pois comia freqüentemente em churrascarias em suas viagens.

Costuma dormir menos de 7 horas por dia, apresentando freqüência urinária de 6 a

8 vezes por dia e intestinais 1 vez ao dia. Relata terem ocorrido episódios de sono

durante o período de trabalho. Realiza higiene oral pela manhã e antes de dormir.

Relatou que devido à sua doença a união entre a família se fortaleceu,

demonstrado pela verbalização: “Minha família é tudo pra mim” (SIC).

44

Demonstrava-se entristecido pelas manifestações sintomatológicas da

patogenia e pelo fato de seu trabalho estar prejudicado devido à internação.

Colaborativo, comunicativo, porém desmotivado a continuar com sua profissão

devido à patologia apresentada e por trabalhar há muito tempo como caminhoneiro,

fato evidenciado por verbalização de vontade de vender o seu caminhão.

Durante a entrevista demonstrou insegurança em responder às perguntas

a ele dirigidas e ansiedade em receber o resultado da sorologia da hepatite realizada

no período.

Paciente apresentava-se sem oscilação de humor, irritabilidade ou

dificuldade na verbalização. Relatou estar aborrecido por ter “perdido” os dentes há

1 ano, referindo ser algo que muito valorizava.

Observou-se também que após familiarizar-se com a equipe e receber

orientações, ficou mais acessível, quanto à fisiopatologia de seu caso, tornando mais

receptivo e seguro em relação à assistência de enfermagem prestada.

Apresentava – se como:

1) Antecedentes Patológicos Familiares:

Mãe: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e cirrose hepática.

Pai: Cardiopatia (falecido devido a um infarto agudo de miocárdio).

2) Antecedentes Patológicos Pessoais: HAS e Diabetes Mellito (DM).

3) Internações Anteriores:

2000 – Admitido no Pronto atendimento Municipal de Sinop, consciente,

orientado, referido cólica em região lombar esquerda e disúria, sendo diagnosticado

cálculo renal, onde foi submetido a tratamento cirúrgico de colocação de cateter

duplo J. Recebeu alta em 14/07/2000.

Foi diagnosticado pela equipe médica como portador de diabetes mellitus,

hipertensão arterial sistêmica, cirrose hepática, peritonite bacteriana espontânea e

hepatite em questionamento em alcoólica ou viral.

3.2 EXAME FÍSICO

45

Sinais Vitais (SSVV): Temperatura: 36,4 ºC (afebril); Freqüência Cardíaca:

90 batimentos por minuto (normocárdico); Freqüência Respiratória: 18 respirações

por minuto (eupnéico); Pressão Arterial (PA): 120/80 mmHg (normotenso);

Circunferência Abdominal (CA): 138 cm em linha de cicatriz umbilical; Peso: 123,5

kg; Altura: 1,77cm; Índice de Massa Corporal (IMC): 39,42 kg/m2. Deambulando sem

auxílio, mobilidade articular preservada, comunicativo, colaborativo, ictérico (+2/+4),

afebril, normotenso, normocárdico, eupnéico, consciente, orientado, escala de

Glasgow 15 (Abertura Ocular (AO): 4, Resposta Verbal (RV): 5, Resposta Motora

(RM): 6.

Pele de cor parda, de textura lisa, ausência de “fetor hepaticus”, turgor e

elasticidade preservada; cabelos normoimplantados, curtos, finos, encaracolados,

grisalhos, hidratados, higiene satisfatória; pilificação diminuída (tórax e Membros

Inferiores - MMII); unhas espessas, amareladas, higiene satisfatória.

Crânio simétrico, sem alterações ósseas, couro cabeludo íntegro com

nódulo de consistência endurecida, fixo, não doloroso, de aproximadamente 1 cm

em região parietal esquerda; mucosa ocular hipocorada (+1/+4), esclera ictérica

(+3/+4), reserva lacrimal preservada, edema periorbital (+2/+4), ptose palpebral

parcial em olho Esquerdo, pupilas isocóricas e fotorreagentes, acuidade visual

diminuída (SIC); nariz proporcional ao rosto, normoimplantado, ausência de desvio

de septo, epistaxe, lesões e batimento de asas de nariz, higiene satisfatória, olfato

presente; orelhas normoimplantadas, ausência de cerume, secreções, nódulos ou

lesões, higiene satisfatória; lábios hidratados, normocorados, ausência de

sangramento gengival, edêntulo parcial na arcada inferior (presentes os dentes

incisivos e molares), edêntulo total na arcada superior com uso de próteses, língua

rósea e levemente rugosa, reserva salivar preservada, higiene satisfatória; gânglios

pré-auriculares, auriculares, posteriores, occiptais, amigdalianos, submandibulares,

submentonianos, cervicais e supraclaviculares, não palpáveis, ausência de rigidez

de nuca e turgor de jugulares, ausência de ruídos à ausculta carotídea.

Tórax simétrico, circunferência de 122 cm em linha mamilar, ausência de:

abaulamentos, depressões, uso de musculatura acessória e circulação colateral,

teleangectasia; presença de petéquias difusas em região mamária e infraescapular

de aproximadamente 0,5 cm de diâmetro, ginecomastia bilateral, “verruga” em região

46

vertebral de aproximadamente 1 cm de diâmetro, expansibilidade torácica

prejudicada pela ascite, ortopnéia, ausência de ruídos adventícios, frêmito tátil

presente em todos os quadrantes, Bulhas Normorítmicas e normofonéticas com 2

tempos sem sopro cardíaco (NRNF 2T S/S), ictus cordis palpável no 5º espaço

intercostal.

Abdome globoso, ascítico, CA: 138 cm em linha de cicatriz umbilical,

endurecido (tenso), ausência de víbices e circulação colateral, presença de lesão

vegetante de 1 cm diâmetro e 0,5 cm de altura, de coloração avermelhada e

petéquias difusas em região periumbilical; Ruídos Hidroaéreos (RHA) presentes,

com 08 gorgolejos por minuto em Quadrante Inferior Direito; teste de Giordano

negativo e piparote positivo, percussão e hepatometria prejudicadas pela ascite.

A genitália não inspecionada devido à recusa do paciente, embora ter

sido demonstrado a necessidade da avaliação em busca de atrofias testiculares.

Nos membros superiores observou-se enchimento capilar preservado,

perfusão periférica presente (3s), ausência de atrofia muscular, pulsos braquial e

radial cheios, rítmicos, sincronizados.

Membro Superior Direito (MSD) ressecado (+1/+4); Membro Superior

Esquerdo (MSE) com acesso venoso periférico de média duração nº 22 em região

inferior do antebraço e presença de cicatriz de aproximadamente 7cm/2cm; dorso da

mão esquerda: sufusão hemorrágica com secreção purulenta, de aproximadamente

4 cm por 2 cm e edema (+1/+4) de cacifo positivo.

E nos menbros inferiores viu-se uma pele fina, acianótica, ausência de

edema, pulso pedioso e tibial cheio, rítmico, mobilidade preservada, reflexo de

Babinsk positivo. Membro Inferior Direito (MID): pele ressecada (+1/+4) e cicatriz

amadurecida de aproximadamente 10cm/ 2cm devido a acidente automobilístico, em

região anterior da perna.

De acordo com a dieta apresentava-se hipercalórica, hipossódica,

hipoglicídica.

Eliminações intestinais presentes, 1 vez ao dia, de consistência pastosa

coloração castanho-parda e eliminações vesicais de coloração amarelo citrino, com

volume de 200 ml, 6 vezes ao dia (SIC).

47

3.3 DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM

1. Excesso de volume de líquidos, relacionado a mecanismo regulador

comprometido.

2. Nutrição alterada: Ingestão menor do que as necessidades corporais,

relacionada à incapacidade para absorver nutrientes devido a fatores biológicos.

3. Risco para integridade da pele prejudicada, caracterizado por alteração

no estado nutricional, metabólico e circulação; edema; fatores mecânicos (punção

venosa periférica).

4. Distúrbio na auto-imagem, relacionado a biofísico (edêntulo).

5. Risco para lesão/hemorragia, caracterizado por desnutrição, perfil

sangüíneo (fatores coagulantes alterados, trombocitopenia).

6. Déficit de conhecimento, relacionado à falta de disposição, limitações

cognitivas.

7. Risco para adaptação prejudicada, caracterizado por deficiência ou

mudança de estado de saúde que requeira transformação no estilo de vida, falta de

motivação para mudar comportamento.

8. Risco para infecção, caracterizado por defesa primária inadequada

(sufusão), defesa secundária inadequada (hemoglobina diminuída, leucopenia),

doença crônica (DM, HAS), desnutrição, conhecimento insuficiente para evitar

exposição a agentes patogênicos, agentes farmacêuticos.

9. Ansiedade, relacionada à mudança no estado de saúde e ambiente.

48

10. Mucosa oral alterada, relacionada à desnutrição/deficiência de

vitaminas.

11. Déficit de lazer, relacionado à profissão e hospitalização.

12. Distúrbio do padrão de sono, relacionado à rotina hospitalar,

inatividade, estresse psicológico e mudança do turno de trabalho.

13. Intolerância a atividade, relacionado a estilo de vida sedentário, ascite.

14. Diarréia, relacionado a efeitos adversos da medicação, processo

infeccioso.

15. Dentição prejudicada relacionada a déficit nutricional, higiene oral

ineficaz, uso crônico do tabaco.

16. Disposição para religiosidade aumentada, relacionado à verbalização

de crença em Nossa Senhora de Aparecida.

17. Padrão Respiratório Ineficaz, relacionado à ansiedade, ascite.

18. Risco para alteração da temperatura corporal, caracterizado por peso,

infecção (Peritonite Bacteriana Espontânea).

19. Potencial para melhoria do bem-estar espiritual relacionado à,

verbalização da fé em Nossa Senhora da Aparecida.

3.4 PLANO DE ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

1. Acompanhar e avaliar evolução clínica;

2. Manter e restabelecer equilíbrio hidroeletrolítico;

49

3. Restabelecer e manter estado nutricional;

4. Restabelecer e manter integridade cutânea, mucosa e tissular;

5. Proporcionar higiene, conforto e segurança (infecção);

6. Restabelecer/ manter / monitorar troca gasosa;

7. Promover apoio psicológico, espiritual e social;

8. Observar a eficácia e cuidados da terapêutica medicamentosa;

9. Orientar e preparar para a alta hospitalar:

10. Promover educação em saúde para paciente e acompanhante;

3.5 PRESCRIÇÕES DE ENFERMAGEM

1. Verificar SSVV, atentando para FC (taquicardia), FR (dispnéia), 3 vezes

ao dia, 8/8hs, (equipe). 6:00, 14:00, 22:00.

2. Aplicar escala de coma de Glasgow, 3 vezes ao dia, 8/8hs (enfermeiro).

06:00, 14:00, 22:00.

3. Realizar e registrar curva pressórica com esfigmomanômetro e

estetoscópio, em região braquial, em decúbito dorsal, 3 vezes ao dia, 8/8hs (equipe),

06:00, 14:00, 22:00.

4. Realizar e registrar curva térmica com termômetro de coluna de

mercúrio em região axilar, D ou E durante 7 minutos, 8/8hs, (equipe), 6:00, 14:00,

20:00.

50

5. Realizar balanço hídrico, registrando ao final de cada plantão, 3 vezes

ao dia, (equipe).

06:30__________,12:30_________, 18:30________.

6. Realizar glicemia capilar, anotando curva glicêmica, 3 vezes ao dia,

8/8hs, (equipe), 6:00, 14:00, 22:00;

7. Realizar controle de diurese, com saco coletor de 2000ml, registrando

ao final de cada plantão, 3 vezes ao dia (equipe).

06:30_________12:30_________, 18:30________.

8. Realizar medida de circunferência abdominal, em linha de cicatriz

umbilical, com fita métrica, 1 vez ao dia, (equipe), 08:00.

9. Pesar, em jejum, com bexiga vazia e roupa do hospital, pela manhã,

com balança antropométrica, 1 vez ao dia (equipe), 06:00.

10. Calcular IMC, 1 vez ao dia (enfermeiro), 15:30.

11. Realizar exame físico dirigido (enfermeiro) uma vez a cada plantão,

08:00, 15:00, 20:00 e atentar para:

Geral:

Avaliar estado geral, estado nutricional (peso, altura, circunferência

abdominal, IMC), nível de consciência, Escala de Glasgow, cianose de

extremidades; observando sinais e sintomas: hipocalemia (fadiga, fraqueza

muscular, câimbras nas pernas, motilidade intestinal diminuída, poliúria),

hipercalemia (fraqueza muscular esquelética, paralisia muscular, cólica intestinal

intermitente), hipernatremia (edema, ascite, sede, temperatura corporal elevada,

náuseas e vômitos), hipocalcemia (dormência, formigamento dos dedos,

irritabilidade e ansiedade), hipercalcemia (fraqueza muscular, constipação, náuseas

e vômitos, poliúria, polidipsia, letargia), hipermagnesemia (rubor, hipotensão,

51

sonolência, reflexos hipoativos), hipomagnesemia (insônia, alterações do humor,

anorexia, vômitos), (enfermeiro).

Dirigido:

Pele: Fina e ressecada, presença de icterícia, petéquias, teleangectasias,

eritema palmar, fetor hepaticus.

Cabeça e pescoço: coloração mucosa ocular e oral, presença de icterícia

em esclera, edema periorbital, sangramentos nasal e gengival,palpar rede

ganglionar.

Tórax: presença de ginecomastia, simetria, uso da musculatura acessória,

expansibilidade torácica, ruídos adventícios, posicionamento do ictus cordis.

Abdome: Forma, presença de ascite, circulação colateral, teleangectasia,

freqüência e intensidade dos RHA, manobra de piparote.

Membros superiores: Presença de edema e atrofia articular, temperatura

das extremidades.

Genitália: presença de atrofia testicular.

Membros inferiores: Presença de edema, atrofia articular e palpação dos

pulsos pedioso e tibial, temperatura das extremidades.

12. Supervisionar e auxiliar banho, por aspersão, com uso de sabonete

neutro e água morna, 1 vez ao dia, (equipe), 8:00.

13. Supervisionar e auxiliar, higiene oral com escova de dentes com

cerdas macias e creme dental, 6 vezes ao dia, (equipe), 7:00, 09:00, 11:00, 14:00,

17:00, 20:00.

14. Realizar curativo oclusivo em sufusão em região do dorso da mão E, 2

vezes ao dia, uma vez após o banho e outra à noite, 12/12 hs, conforme o esquema

abaixo (enfermeiro), 09:00, 21:00.

1. Limpeza com soro fisiológico morno em jato;

2.Curativo primário: com pomada (acetonido de triancinolona + sulfato de

neomicina + gramicidina + nistatina);

52

3. Curativo secundário: gaze + fixação com atadura de crepe.

15. Aplicar protocolo de cuidados de enfermagem para acesso venoso

periférico continuamente, (equipe), M T N;

16. Aparar e lixar as unhas em formato quadrado, com tesoura de ponta

romba, 1 vez ao dia, (equipe), pela manhã.

17. Realizar limpeza concorrente da unidade do paciente, com álcool a 70

%, 1 vez ao dia, (equipe), 08:00.

18. Manter a cabeceira do leito elevada em 30º, continuamente, (equipe),

M T N.

19. Observar e registrar presença de sangramentos (nasal, gengival),

informando freqüência, quantidade e localização, continuamente, (equipe), M T N.

20. Avaliar evolução dos resultados de exames: laboratorias (bioquímica:

uréia, creatinina, bilirrubina total, Na, K, Ca, Mg; hemograma completo); diagnósticos

(endoscopia digestiva, ultrassonografia de abdome, paracentese), 1 vez ao dia,

(enfermeiro), 17:00.

21. Orientar o paciente a deambular pelo corredor, com acompanhante, 1

vez por dia, durante 15 minutos pela manhã, (equipe), 10:00.

22. Realizar educação em saúde, ao paciente e acompanhante, utilizando

cartazes, folders e comunicação terapêutica, 1 vez ao dia, de segunda a domingo,

durante 15 minutos, conforme o quadro 2 (enfermeiro):

53

QUADRO 2: Educação em saúde.

Assunto 2ª Feira 15:00h

3ª Feira 15:00h

4ª Feira 15:00h

5ª Feira 15:00h

6ª Feira 15:00h

Sáb. 15:00h

Dom. 15:00h

Patologia X

Dieta adequada X

Controle de PA, glicemia e peso

X

Terapia medicamentosa

X

Importância do apoio familiar

X

Hábitos de vida saudável

X

Importância da imunização

X

Fonte: Quadro elaborado pelo autor.

23. Avaliar e registrar eliminações intestinais (quantidade, aspecto,

freqüência, odor, consistência), 3 vezes ao dia, ao final de cada plantão (equipe).

06:30_________12:30_________, 18:30________.

24. Oferecer e supervisionar a aceitação da dieta prescrita, 6 vezes ao

dia, (equipe), 7:00, 09:00, 11:00, 14:00, 17:00, 20:00.

25. Solicitar avaliação, por escrito, ao nutricionista, 1 vez ao dia, à tarde,

(enfermeiro), 16:00.

26. Solicitar avaliação, por escrito, ao psicólogo, (enfermeiro), à tarde,

17:00.

27. Solicitar avaliação, por escrito, ao assistente social, (enfermeiro), pela

manhã.

28. Solicitar avaliação ao capelão, (enfermeiro), à tarde, 15:00.

54

29.Solicitar avaliação, por escrito, ao odontólogo, (enfermeiro), pela

manhã, 10:00.

30. Realizar orientações quanto importância retorno para consulta,

aceitação e adesão ao tratamento, cuidados com curativo, (enfermeiro), na alta

hospitalar.

55

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência em realizar este trabalho oportunizou o enriquecimento do

conhecimento técnico científico para prestar um cuidado de forma integral ao

paciente. Ele demonstra que há possibilidade de executar o processo de

enfermagem a um paciente com distúrbio abdominal na prática do dia a dia do

trabalho da enfermagem. Isso exige deste profissional conhecimento técnico e

planejamento quanto a assistência de enfermagem.

A patologia principal do cliente assistido evidencia os prejuízos que a

bebida alcoólica traz para o indivíduo, sendo muitas vezes danos irreversíveis que

pode levar o paciente a óbito. Graças ao cuidado prestado pela equipe de saúde

desta instituição o paciente em estudo teve cuidado de excelência que possibilitou

evitar danos maiores.

Finalizo este trabalho querendo viver o que disse Jim Ron “ não deixe que

seu aprendizado o leve ao conhecimento; deixe que ele o leve à ação”.

56

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WIKIPÉDIA. A enciclopédia livre. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki.

Acesso em 31 jan 2011 as 15:00.

59

ANEXOS

PROTOCOLO DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM ACESSO VENOSO

PERIFÉRICO

CUIDADO JUSTIFICATIVA

1- Realizar higienização das mãos - Reduzir os microrganismos da microbiota

da pele, substâncias tóxicas,

medicamentosas; sujidade, suor,

oleosidade, pêlos, células descamativas,

interrompendo a transmissão de infecções

veiculadas ao contato.

- Evitar contaminação do material estéril.

- Evitar a propagação de doenças e

infecções cruzadas;

2- Utilizar luvas de procedimento; - Evitar transferências de microrganismo;

- Promover a segurança do profissional e

do cliente, proporcionando barreira de

contato com secreções, excreções,

3- Exame físico geral:

a) Nível de consciência (escala de

Glasgow, Status mental, padrão

respiratório);

b) Ausculta cardíaca;

- Direcionar o cuidado e realizar o

planejamento das ações.

a) Observar agitação, agressividade,

confusão, torpor, coma, pois pode interferir

na aplicação da técnica e na eficácia da

terapêutica.

b) Avaliar o trabalho cardíaco (ritmo,

intensidade, freqüência, amplitude). Se o

60

c) Estado nutricional e hidratação;

d) disfunções motoras;

e) Queixas;

f) Processos alérgicos, dermatites;

paciente for cardiopata, maior cuidado com

infusão e sobrecarga hídrica.

c) Influência nas condições para a inserção/

manutenção do cateter, levando às

complicações (infecção, necrose,

hemorragia);

d) Alterações de sensibilidade interferem na

identificação de alterações que

comprometam a instalação ou permanência

do acesso venoso periférico.

e) O paciente deve ser solicitado a

descrever e quantificar o que sente;

f) Indicativos de complicações pela

presença do Acesso venoso periférico

4- Exame físico dirigido:

Pele:

a) Turgor e elasticidade;

b) Coloração;

c) Temperatura;

d) Hipersensibilidade;

e) Implantação de pêlos;

f) Infiltrações;

a) Revela o nível de hidratação do

paciente;

b) Identificação da presença de

inflamação (rubor);

c) Sinal flogístico;

d) Relacionada à dor (sinal flogístico);

e) Dificulta a fixação do cateter, é fonte

de infecção e aumento a dor ao removê-lo;

f) Causa danos teciduais, necrose e perda

61

g) Sangramento;

h) Eritema, equimoses;

i) Presença de sinais flogísticos (rubor,

calor, dor);

Rede ganglionar:

a) Palpação de linfonodos (axilares,

infra-claviculares, supra-claviculares);

de medicação no interstício, diminui os

níveis terapêuticos da droga bem como a

reposição volêmica;

g) Atentar para perda de volume, devido a

desconexão do acesso venoso periférico;

podem ser indicativos de alterações do

processo de coagulação;

h) Registrar a presença destes sinais, pois

podem evidenciar extravasamento de

sangue;

i) Observar se há existência de processos

inflamatórios no local da inserção do

acesso venoso periférico, como: hiperemias

e tumefação; integridade da pele; sensação

dolorosa;

a) Linfonodos infartados são indicação de

infecção;

5- Avaliar Exames Laboratoriais:

Hemograma completo e bioquímica,

cultura e TTPA;

-Hemograma Completo e Bioquímica:

Detectar alterações nas células sanguíneas

que denotem um processo infeccioso

(leucocitose), níveis séricos de eletrólitos,

presença de microrganismos patogênicos;

distúrbios de oxigenação e perfusão

tecidual;

- Cultura: Detectar infecção;

-TTPA (tempo de tromboplastina parcial

ativada): Detectar deficiências no sistema

de coagulação;

6- Manter técnica asséptica durante a

manipulação do acesso venoso

periférico,

- Evitar a contaminação do acesso venoso

periférico,

- Acelerar e melhorar o processo de

62

cicatrização;

7- Fechar acesso venoso periférico - Evitando a entrada de ar no sistema e a

contaminação da mesma;

8- Realizar assepsia das conexões

antes da administração de fluidos e

medicações, com álcool a 70%;

- Remover a microbiota que se instala no

local, prevenindo infecções locais e

sistêmicas;

9- Retirar a tampa da conexão com

gase estéril

- Evitar a contaminação do acesso venoso

periférico,

10- Testar a permeabilidade do cateter

com soroterapia contínua;

- Evitar precipitação de medicamentos;

- Evitar obstruções;

11- Administrar medicação lentamente,

principalmente às vesicantes e

irritantes;

- Evitar risco de complicações como:

extravasamento, irritação venosa, infecções

sistêmicas e embolia gasosa;

12- Lavar o cateter com cinco ml de

SF 0,9% ou AD antes e após

administração do medicamento;

- Evitar aglutinação ou cristalização de

medicamentos;

13-Observar conexões quanto

possíveis extravasamentos durante

administração medicamentosa;

- Evitar complicações como: irritação e

necrose tecidual;

14- Controlar infusão de soroterapia ou

hemoderivados;

- Evitar sobrecarga volêmica e causar

complicações em pacientes

descompensados (cardiopatas, nefropatas,

extremos de idade).

15-Realizar curva térmica;

- Detectar infecções;

16- Trocar equipo de infusão contínua

a cada 24 hs ou se houver obstrução

e/ ou contaminação;

-Evitar: infecção, contaminação e obstrução

do AVC;

17- Evitar coleta de sangue pelo - Pode alterar o resultado dos exames por

63

acesso venoso periférico; estar o sangue diluído com medicações e

outros líquidos parenterais. - Evitar a

formação de coágulos e êmbolos no

cateter.

18-Manter frasco de infusão acima do

nível do coração inclusive ao

transportar o paciente;

- Evitar o refluxo de sangue no cateter e

equipo.

19-Realizar curativo oclusivo no local

de inserção do acesso venoso

periférico;

- Evitar: infecção e contaminação;

20-Identificar fixação com data, hora, e

assinatura;

- Controlar tempo de permanência, já que o

risco de infecção aumenta à cada dia;

- Atentar e informar aos profissionais o

tempo de vida útil do acesso venoso

periférico;

21- Evitar tracionamento e dobras no

acesso venoso periférico;

- Evitar: deslocamento e obstruções;

22-Orientar paciente e acompanhante

quanto a:

a) Não tracionar o acesso venoso

periférico;

b) Não deitar sobre conexões;

c) Não alterar o gotejamento de

infusões;

d) Não fechar a roldana do equipo

durante banho ou transporte para

exames, mudança de leito/ enfermaria;

e) Não manipular ou retirar curativo;

a) Evitar deslocamento;

b) Evitar obstrução;

c) Para manter os níveis terapêuticos das

drogas no sangue nos horários prescritos,

bem como evitar sobrecarga de volume.

;

d) Evitar obstrução

e) Evitar riscos de contaminação, infecção e

64

deslocamento;

23-Registrar cuidados prestados; - Comprovar a assistência de enfermagem

prestada;

- Acompanhar a evolução do tratamento;

ESCALA DE COMA DE GLASGOW

OLHOS

(AO)

Abertos

Espontaneamente 4 4

Ao comando verbal 3

A dor 2

Sem resposta 1

MELHOR

RESPOSTA

MOTORA

(MRM)

Ao comando

verbal

Obedece

6

6

Aos estímulos

dolorosos*

Localiza a dor 5

Flexão - Sem localizar 4

Flexão anormal (decorticação) 3

Extensão (descerebração) 2

Sem resposta 1

MELHOR RESPOSTA VERBAL1

(MRV)

Orientado e conversando 5 5

Desorientado e conversando 4

Palavras inapropriadas 3

Sons inapropriados 2

Sem resposta 1

TOTAL 15/15