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ahduvido.com.br http://ahduvido.com.br/8-falacias-logicas-que-alimentam-os-sentimentos-anticiencia Anderson 8 falácias lógicas que alimentam os sentimentos anticiência Curiosidades Estavam com saudades destes textos polêmicos e interessantes? Pois então confira oito dos piores erros lógicos cometidos contra a ciência e o conhecimento científico. É claro que na maioria das vezes precisamos da ciência, quase sempre ou sempre, vai depender de seu ponto de vista ao ler este post. É evidente que muitas pessoas têm dificuldades para obter informações sobre o método científico e as conquistas obtidas com ele. É incrível que dependamos tanto da ciência e que as pessoas tenham tão pouco conhecimento, ou o que é pior, tenham ideias erradas sobre ela. Para tornar tudo mais difícil ainda, as ideias equivocadas que estas pessoas têm sobre ciência geralmente são reforçadas por falácias lógicas, ou erros na lógica dedutiva. Como se não bastasse tudo isto, ainda tem gente que se dedica a espalhar estes erros e falácias. 1. Falsa equivalência Oferecer uma visão equilibrada é importante, mas isto não significa que todas as perspectivas sobre um assunto devem receber o mesmo tempo ou consideração. Esta é a falácia da equivalência: a afirmação de que há uma equivalência lógica entre dois argumentos opostos, quando na verdade não há nenhuma. Este erro geralmente é cometido por jornalistas tentam apresentar um debate “equilibrado” entre um ponto de vista científico e outro negador da ciência (como no “debate” evolucionista/criacionista entre Bill Nye e Ken Ham). O mais comum é que o lado dissidente não tem evidências, ou apresenta evidências fracas ou de qualidade dúbia. De fato, nem sempre os dois lados de uma discussão estão em pé de igualdade em termos de qualidade e evidência. Como foi apresentado no blog The Skeptical Raptor, “basta olhar uma apresentação em qualquer das mídias sobre a mudança climática antropogênica. Há um debatedor, geralmente um cientista, que está tentando apresentar dados sutis, contra um outro debatedor fotogênico, possivelmente um cientista (mas de um campo

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ahduvido.com.br http://ahduvido.com.br/8-falacias-logicas-que-alimentam-os-sentimentos-anticiencia

Anderson

8 falácias lógicas que alimentam os sentimentos anticiência

Curiosidades

Estavam com saudades destes textos polêmicos e interessantes? Pois então confira oito dos piores erros lógicoscometidos contra a ciência e o conhecimento científico.

É claro que na maioria das vezes precisamos da ciência, quase sempre ou sempre, vai depender de seu pontode vista ao ler este post. É evidente que muitas pessoas têm dificuldades para obter informações sobre o métodocientífico e as conquistas obtidas com ele. É incrível que dependamos tanto da ciência e que as pessoas tenhamtão pouco conhecimento, ou o que é pior, tenham ideias erradas sobre ela.

Para tornar tudo mais difícil ainda, as ideias equivocadas que estas pessoas têm sobre ciência geralmente sãoreforçadas por falácias lógicas, ou erros na lógica dedutiva. Como se não bastasse tudo isto, ainda tem genteque se dedica a espalhar estes erros e falácias.

1. Falsa equivalência

Oferecer uma visão equilibrada é importante, mas isto não significa que todas as perspectivas sobre um assuntodevem receber o mesmo tempo ou consideração. Esta é a falácia da equivalência: a afirmação de que há umaequivalência lógica entre dois argumentos opostos, quando na verdade não há nenhuma.

Este erro geralmente é cometido por jornalistas tentam apresentar um debate “equilibrado” entre um ponto devista científico e outro negador da ciência (como no “debate” evolucionista/criacionista entre Bill Nye e KenHam). O mais comum é que o lado dissidente não tem evidências, ou apresenta evidências fracas ou dequalidade dúbia. De fato, nem sempre os dois lados de uma discussão estão em pé de igualdade em termos dequalidade e evidência.

Como foi apresentado no blog The Skeptical Raptor, “basta olhar uma apresentação em qualquer das mídiassobre a mudança climática antropogênica. Há um debatedor, geralmente um cientista, que está tentandoapresentar dados sutis, contra um outro debatedor fotogênico, possivelmente um cientista (mas de um campo

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totalmente sem relação com estudos climáticos) que usa falácias lógicas e dados manipulados para apresentarseu argumento. E o espectador pensa que a comunidade geral de cientistas também está dividida entre cadalado do ‘debate’. Entretanto, um debate equilibrado de verdade teria que ter 97 cientistas defendendo a mudançaclimática causada pelo homem contra 2 ou 3 contra. Um periódico bem respeitado, com fator de impactobastante alto, o Proceedings of the National Academy of Science, analisou a ciência da mudança climática edeterminou que entre 97 a 98% dos pesquisadores em ciência climática aderem à tese de que o ser humanoinfluenciou a mudança climática”.

O The Skeptical Raptor acrescenta que os negadores da ciência tentam criar a falsa equivalência através devários métodos, a maioria deles falácias por si próprias, incluindo a alegação que a ciência é uma democracia, oapelo à autoridade, conspirações e “manufatrovérsia” (a manufatura ou invenção de controvérsias).

2. Apelo à natureza e a falácia naturalista

O apelo à natureza e a falácia naturalista tem causado um tremendo dano aos cientistas e seu trabalho. O apeloà natureza é a crença de que o que é natural é “bom” e “correto”, e a falácia naturalista é a dedução de que oque é naturalmente de uma forma, tem que ser aceito como regra.

Os dois têm sido usados para argumentar que o progresso da ciência e tecnologia representa uma ameaça àordem natural das coisas. É uma linha de pensamento que proclama as maravilhas inerentes das coisas naturaise deplora as coisas não naturais como sendo perigosas e não saudáveis.

Esta convicção se baseia em uma ideia absurda de que as conquistas tecnológicas e científicas da humanidadeacontecem fora da natureza, e que nossa atividade no universo serve só para perverter o equilíbrio e fluxonatural das coisas. Este sentimento tem alimentado preocupações e proibições, como as pesquisas biológicasbásicas, ao mesmo tempo contribuindo para o surgimento de ideias pseudocientíficas como o DarwinismoSocial.

O filósofo George E. Moore argumentou que é um erro tentar definir o conceito de “bom” em termos de alguma

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propriedade natural. David Hume apontou que há um salto entre “é” e “deve”. Mais ainda, é errado distanciar ahumanidade e suas atividades de outros aspectos do universo. Nós estamos trabalhando dentro dele e deacordo com suas leis, nunca em violação delas. O que fazemos e o que produzimos é tão natural quanto todo oresto.

3. Observação seletiva

Muitos dos críticos da ciência, deliberada ou inconscientemente, selecionam e compartilham informações queservem para atacar certas alegações da ciência, ao mesmo tempo que ignoram as informações que dão baseàquelas alegações.

Um exemplo que todo mundo já deve ter ouvido: “Meu avô fumou e comeu churrasco a vida toda, e nunca ficoudoente” (e aí já temos outra falácia, a estatística com números pequenos). Ou então quem aponta circunstânciasfavoráveis ao mesmo tempo que ignora as desfavoráveis (e vice-versa), como informar todos os vencedores deum cassino ao mesmo tempo ignorando os perdedores, ou reclamar que o crime está aumentando após ver onoticiário, mas ignorar estatísticas que apontam taxas decrescentes.

É o famoso caso da “evidência anedótica”: alguém tem uma história que supostamente contradiz algumaafirmação científica e de uma hora para outra aquele caso único tem mais peso que todos os trabalhoscientíficos na área.

4. Apelo à fé

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“Não me interessam evidências – eu tenho fé que o que eu acredito é verdade”.

“Discutir sobre Deus é inútil por que Deus está além das razões científicas ou argumentos”.

“Eu me recuso acreditar em toda estas coisas de aquecimento global. Tenho fé que Deus não vai deixar umacoisa assim ruim acontecer conosco”.

Se você já ouviu alguma coisa parecida, você já ouviu o apelo à fé, uma falácia em que as convicções religiosassão contrapostas a razões e evidências. Apesar de muitas destas pessoas acharem que estão agindo de formaracional, a verdade é que a escolha em acreditar em alguma coisa não é substituto para a ciência.

Como o filósofo George M. Felis aponta, apelar para a fé não é só um erro lógico, mas também uma falha moral:“A razão para isto ser tão importante não é simplesmente que as pessoas que abraçam uma fé terão crençasmal-formadas. A razão não é normativa apenas no sentido mínimo que existem estruturas dentro das quais eladeve operar ou ela não é mais razão. Existe um componente ético na razão também, por que as crenças dealguém estão intimamente conectadas com as ações desta pessoa. Algumas destas crenças são por sinormativas – crenças sobre o que é bom e correto sobre por que a vida é valiosa e por que e de que forma (vejaos debates sobre aborto e eutanásia). E as crenças factuais também são importantes, uma vez que a forma quecompreendemos o mundo em que agimos dão forma a cada ação nossa tanto quanto nossos valores eobjetivos.

Se alguém desiste da razão na formação de suas crenças, também desiste da única forma de acesso à verdadeque temos. Os humanos não têm uma capacidade de perceber e discernir imediatamente o que é verdade, damesma forma que conseguimos discernir cores e formas (se contarmos com boa iluminação e boa visão). Omais perto que podemos chegar da verdade é justificar as nossas crenças. A fé declara que algumas crenças –as mais importantes, no centro de nossos mundos, que determinam como vemos outras coisas – não precisamser justificadas”.

Em resumo, você pode acreditar que pode voar, mas isto não vai te libertar da tirania da gravidade.

5. Deus das Lacunas

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A ciência não tem todas as respostas, nem finge ter. Não sabemos ainda como funciona a consciência, nãosabemos o que causou o Big Bang, e ainda há lacunas no nosso conhecimento sobre como certos traçosemergiram via seleção natural. Mas isto não quer dizer que nunca venhamos a saber isso. Mas enquanto nãotemos estas respostas, é importante reunir evidências, criar hipóteses e assumir o paradigma naturalista (ouseja, todos os fenômenos podem ser explicados sem precisar apelar para as ações de uma força divina).

Infelizmente, entretanto, há uma tendência entre os que querem desacreditar a ciência de preencher estaslacunas de nosso conhecimento com explicações supernaturais e metafísicas. Por exemplo, os criacionistasalegam com frequência que a seleção natural não pode explicar adequadamente a diversidade, complexidade(irredutível ou não) e o aparente projeto da vida na Terra. Da mesma forma, fenômenos neurológicos com asexperiências de quase-morte ou experiências alucinatórias como uma presença remota geralmente sãoexplicadas com o sobrenatural quando explicações mais simples são mais prováveis e plausíveis.

O matemático Charles A. Coulson escreveu em 1955:”Não há um ‘Deus das lacunas’ para assumir aquelespontos estratégicos onde a ciência falha, e a razão é por que as lacunas deste tipo tem o hábito de encolher”,acrescentando que “ou Deus está em toda a Natureza, sem lacunas, ou ele não está nela de forma alguma”.

6. Apelo às consequências

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O apelo às consequências pode se apresentar como um tipo de princípio de precaução, um aviso para não semeter em atividades ou empreitadas científicas que ameaçam causar danos (ou resultados indesejáveis) para asaúde humana ou para o ambiente, a partir de uma série de eventos imprevistos (que está relacionado a outrafalácia, a do declive escorregadio). Em muitos casos, entretanto, o pessoal anticiência mistura as discussõessobre uma certa linha de investigação científica com supostas consequências morais e filosóficas.

Por exemplo, há um certo medo que a crença na evolução leve ao genocídio, ou que leve à opinião de que oshumanos são apenas outro animal na floresta (ou seja, a negação do excepcionalismo humano). Outrapreocupação comum é que o ateísmo ou o materialismo levem a uma vida imoral e insatisfatória.

Um outro bom exemplo vem do filme The Matrix, quando perguntam a Neo se ele acredita em destino e eleresponde que não. Mas quando perguntado por quê, ele responde: “eu não gosto da ideia de que não estou nocontrole”. Neste exemplo, Neo não está se baseando em evidências, mas no lado desagradável de acreditar emdestino.

Com certeza algumas linhas de pesquisa científica são mais perigosas que outras. Uma das pesquisas recentesenvolvendo o vírus H5N1 da gripe aviária é um exemplo que não vale os riscos. Mas não é o método científicoou os cientistas que estão errados, mas a forma com que nos adaptamos ao novo conhecimento.

7. Retenção da anuência

“É apenas uma teoria”.

Não, algumas vezes não é só uma teoria. Quer dizer, os princípios científicos como a seleção natural e arelatividade geral são teorias, mas chega um ponto em que as explicações ou modelos se tornam tão instrutivose tão úteis que começam a ser tratados como axiomas – uma declaração ou proposição que é tão bemembasada, aceita, ou auto-evidente que devemos deixar de reter nossa anuência, porque fazer diferente ésimplesmente irracional.

Não quer dizer que devamos abandonar o ceticismo ou deixar de aperfeiçoar nossos axiomas, mas é importantereconhecer “teorias” úteis quando as encontramos e deixar de desacreditá-las quando se tornam inconvenientes.

8. Brincando de Deus

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Esta falácia é o corolário não-secular da falácia naturalista. Não é reconhecida como uma falácia lógica. É maisum erro na forma de pensar – a ideia que a humanidade não deve se meter onde é tradicionalmente o campo deação da divindade, e que ao fazê-lo, estamos sendo arrogantes, imprudentes e desrespeitosos.

A preocupação é de que estejamos nos metendo a fazer coisas que estão além da nossa compreensão econtrole e que o resultado é uma bagunça sem conserto. O risco é de deixar Deus furioso. As tentativas deimpedir as pessoas de “brincar de Deus” são geralmente dirigidas a assuntos como controle da natalidade,aborto, eutanásia voluntária, engenharia genética e coleta de células-tronco embrionárias. No futuro,provavelmente vão dizer a mesma coisa de procedimentos de extensão radical da vida e geoengenharia.

Mas a resposta tem sido geralmente que, se não brincarmos de Deus, quem irá? Este era o ponto principal doIluminismo europeu, e a ascensão do humanismo secular. Trabalhando com a suposição que Deus não existe(ou não interfere nos nossos assuntos), emergiu a opinião popular de que a humanidade tem a obrigação decuidar de certos assuntos com as próprias mãos, se a intenção é realmente entender o mundo e torná-lo melhor.E, pelo uso da razão e do método científico, a humanidade tem uma chance de sucesso, ao invés de ficar àespera de alguma força sobrenatural. [io9]

Via HypeScience

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