BOLETIM ELETRÔNICO30/08/2011

03) Estudantes ocupam reitoria e são retirados pela polícia

01) Acordo garante reivindicações e possibilita reestruturação da carreira02) Marcha reúne mais de 20 mil pessoas em Brasília04) Estudante do PURO morre atropelada, revelando total falta de segurança

Após meses de negociação, o ANDES-SN assinou acordo com o governo federal na sexta-feira passada, dia 26. Mesmo reconhecendo que o acordo não recupera a corrosão dos salários, os docentes decidiram pela assinatura do acordo emergencial com o governo, garantindo assim a conquista de algumas reivindicações históricas da categoria.“ O termo firmado não quita a dívida com os professores devido à corrosão inflacionária dos salários. Garante que isso inclusive voltará a ser negociado. A negociação foi tensa e difícil, mas conseguimos arrancar do governo alguns pontos importantes no sentido de avançar na conquista de uma linha só no contracheque, pondo fim a uma gratificação com potencial produtivista. O acordo também assegura tratamento igualitário para as duas carreiras e também para os ativos e aposentados. Além disso, agora temos o compromisso de finalmente dar início às discussões no sentido de reestruturar a carreira docente”, afirmou Marina Barbosa, presidente do ANDES-SN.

Marina ressaltou a necessidade de a categoria permanecer mobilizada no sentido de assegurar que o termo firmado seja cumprido, dentro dos prazos estabelecidos. “Sabemos que muitos professores queriam um acordo financeiro melhor para a categoria. No entanto, dentro da conjuntura imposta pelo governo aos servidores públicos federais e dos limites na construção da greve na nossa categoria, consideramos que tivemos avanços estruturais significativos nesse processo de acordo emergencial”, afirmou.

Depois da tentativa do Ministério do Planajemento de retirar a proposta já apresentada, o texto final retomou a proposta levada para a categoria. A proposta prevê a aplicação do reajuste de 4% sobre o Vencimento Básico, após a incorporação da gratificação, e também sobre a Retribuição por Titulação (RT), tanto para docentes do Magistério Superior quanto do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (Ebtt), a ser implementada em março de 2012.

O ANDES-SN apresentou alteração no texto da minuta, com algumas ressalvas, principalmente no terceiro parágrafo da cláusula terceira para que ficasse explícito que esta primeira etapa só tratou de parte das reivindicações dos docentes e que seria preciso garantir a continuidade de negociação das reivindicações não tratadas no acordo emergencial.

Foi exigido também fixação de um prazo menor para a conclusão dos trabalhos de reestruturação da carreira, que ficou definido em 31 de março de 2012. As entidades cobraram ainda que se estipulasse uma data para início dos trabalhos, o que ficou agendado para 14 de setembro.

Acordo garante reivindicações e possibilita reestruturação da carreira

Marcha reúne mais de 20 mil pessoas em Brasília

Mais de 20 mil pessoas enfrentaram o calor e a falta de umidade na capital brasileira e marcharam juntas pela Esplanada dos Ministérios na última quarta-feira (24). A manifestação faz parte Jornada Nacional de Lutas organizada por centrais sindicais, sindicatos de trabalhadores do serviço público e privado, movimentos sociais e populares. A passeata terminou com um ato em frente ao Congresso Nacional.

Servidores públicos federais, trabalhadores rurais, estudantes e militantes de movimentos sociais carregavam cartazes e bandeiras com eixos de luta, nos quais cobravam mais atenção e respeito às reivindicações apresentadas ao governo. Um dos destaques da manifestação foi a campanha pela aplicação dos 10% do PIB para educação pública, já.

No trajeto, diversas lideranças sindicais e de movimentos sociais fizeram falas criticando a política econômica do Governo Dilma, de redução de investimentos no serviço público e em áreas sociais, como Educação e Saúde.

A ADUFF levou uma delegação de 30 pessoas à caravana, com representação de docentes da sede e também de diversos campi no interior do estado.

Estudantes ocupam reitoria e são retirados pela polícia

Na quarta-feira da semana passada (24/08), um grupo composto por 27 estudantes ocupou a reitoria da UFF. A destruição do laboratório de agroecologia dos estudantes, no campus da Praia Vermelha, sem aviso prévio ou discussão, foi o estopim para a atitude dos alunos. A ocupação foi feita no final da tarde e a principal pauta de reivindicação era a abertura de um canal de diálogo entre a reitoria e os estudantes para que projetos como os da Via Orla e Via 100 e o REUNI fossem discutidos democraticamente entre a comunidade acadêmica.

No dia seguinte à ocupação do pequeno grupo, uma Assembléia Geral de Estudantes da UFF foi realizada e cerca de 300 estudantes decidiram aderir à ocupação da reitoria prestando solidariedade à pauta e também apresentando novas pautas relativas ao conjunto dos estudantes. Da Assembléia, no Teatro do DCE, os estudantes saíram em passeata até o prédio da reitoria.

Os estudantes já chegaram na reitoria recebidos por policiais militares. Indagados sobre a inconstitucionalidade da PM atuar em espaço federal, os policiais afirmaram ter sido acionados pelo reitor Roberto Salles para garantir a integridade do prédio e das instalações da UFF.

Quando os estudantes estavam novamente reunidos em plenária, nos jardins da reitoria, foram surpreendidos pela chegada do mandado de reintegração de posse, expedido pela Polícia Federal, para o prédio da reitoria e anexos. Logo em seguida, chegou o Batalhão de Choque da Polícia Militar. Os estudantes foram retirados sob a coação da polícia fortemente armada e sem nenhum compromisse de diálogo.

Estudante do PURO morre atropelada, revelando total falta de segurança

Na quarta-feira passada (24/08), a estudante Maria Clenilda, do 3º período de Serviço Social do Pólo Universitário de Rio das Ostras (PURO/UFF), foi atropelada na rodovia Amaral Peixoto, em frente ao prédio da UFF, e morreu. Por diversas vezes, docentes, funcionários e estudantes já haviam reivindicado a instalação de um sinal de trânsito em frente à UFF, pois a travessia era considerada perigosa. A estudante chegou a ser levada ao hospital municipal, onde foi operada, mas não resistiu.

Além da ameaça do trânsito, a comunidade do PURO reclama da total falta de segurança. Já houve dezenas de relatos de assaltos, inclusive vários recentes. Diante dessa situação, o luto de estudantes e docentes do PURO transformou-se em um protesto pelo descaso da prefeitura com o campus e a comunidade da UFF.Cerca de 300 pessoas interromperam a rodovia no dia seguinte (25/08), com faixas e palavras de ordem, pedindo mais segurança. “Prefeito, cadê o meu direito?” era um dos lemas da manifestação.

No mesmo dia 25, a prefeitura de Rio das Ostras ligou o sinal de trânsito bem em frente ao PURO, que estava desligado. De maneira inacreditavelmente desrespeitosa, publicou em seu site, no próprio dia 25, a notícia “Reforço da sinalização reduz número de acidentes em Rio das Ostras”.

Outro ato está previsto para esta quarta-feira, dia 31.