Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 ·...

73
1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO BIOMÉDICO INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL DEPARTAMENTO DE EPIDEMIOLOGIA VARIAÇÃO TEMPORAL DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM IDOSOS: ESTUDO NAS REGIÕES NORDESTE E SUDESTE DO BRASIL Adriana Simone da Cunha Dissertação apresentada como requisito para obtenção do grau de Mestre em Saúde Coletiva – área de concentração em Epidemiologia Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Orientadora: Prof. Dra. Rosely Sichieri Rio de Janeiro 2002

Transcript of Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 ·...

Page 1: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO BIOMÉDICO

INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL

DEPARTAMENTO DE EPIDEMIOLOGIA

VARIAÇÃO TEMPORAL DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM IDOSOS:

ESTUDO NAS REGIÕES NORDESTE E SUDESTE DO BRASIL

Adriana Simone da Cunha

Dissertação apresentada como requisitopara obtenção do grau de Mestre emSaúde Coletiva – área de concentraçãoem Epidemiologia – Instituto deMedicina Social da Universidade doEstado do Rio de Janeiro.

Orientadora: Prof. Dra. Rosely Sichieri

Rio de Janeiro

2002

Page 2: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

2

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO BIOMÉDICO

INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL

DEPARTAMENTO DE EPIDEMIOLOGIA

VARIAÇÃO TEMPORAL DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM IDOSOS:

ESTUDO NAS REGIÕES NORDESTE E SUDESE DO BRASIL

Mestranda: Adriana Simone da Cunha

Orientadora: Rosely Sichieri

Banca examinadora:

Carlos Augusto Monteiro – FSP/USP

Gulnar Azevedo e Silva Mendonça – IMS/UERJ

Inês Rugani Ribeiro de Castro – SMS/RJ

Banca Suplente:

Cláudia de Souza Lopes – IMS/UERJ

Maurício Teixeira Leite de Vasconcellos – IBGE

Renato Peixoto Veras – IMS/UERJ

Page 3: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

3

“... não estamos sós, porque Deus existe, eme chamou à existência, e me mantémnela, e me dá fortaleza. Além disso,escolheu-me com predileção e, se eu tiverconfiança, me concederá a constância e afirmeza no meu caminho, porque, quandoEle começa uma obra, acaba-a: Ele fazsempre as coisas perfeitas.”

(Mons. Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957)

Page 4: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

4

Dedico :

Aos meus pais, Jorge da Cunha eHenriqueta Dalva da Cunha, queme incentivam e se realizam emmim.

Page 5: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

5

AGRADECIMENTOS

A Rosely Sichieri, um exemplo de dedicação e responsabilidade, pela

cumplicidade no trabalho diário com os bancos de dados e na elaboração da

dissertação.

Às amigas Kamile dos Santos Siqueira, Márcia Pereira da Silva, Magna Fabiana

Souza da Silva, Enilce de Oliveira Fonseca Sally, Maria Lúcia Alves Cavaliere e

Márcia Luiza dos Santos por partilharmos tão intensamente nossas vidas e por

serem uma fonte constante de estímulo e aprendizado.

Às colegas do grupo de epidemiologia nutricional - “epi-nutri” - por acompanharem

e me auxiliarem nos vários momentos da dissertação.

Aos colegas de classe, pelas infindáveis horas de estudo em grupo e discussões

dos trabalhos.

Aos colegas, funcionários do Instituto, que vivenciaram e auxiliaram o trabalho

diário.

À banca examinadora do projeto e da dissertação: Gulnar Azevedo e Silva

Mendonça, Maurício Teixeira Leite de Vasconcellos, Inês Rugani Ribeiro de

Castro e Carlos Augusto Monteiro; pelas críticas, sugestões e pelo material

fornecido que auxiliaram na elaboração da dissertação.

Aos professores Inês Rugani Ribeiro de Castro, Elda Lima Tavares, Eliane de

Abreu Soares, Emilson Souza Portella, Maria Inês Barreto Silva Chvaicer, Marina

da Silva Teles Naegeli, M. Fátima G. de Menezes, Conceição de M. Sintz, Mara

Lúcia Penna Queiroz, José Augusto Adler Pereira e Ângela Corrêa de Freitas, pelo

exemplo de profissionalismo e dedicação que marcaram a minha graduação.

Page 6: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

6

APRESENTAÇÃO

Esta dissertação encontra-se nos padrões requeridos para apresentação, no

formato de manuscrito, conforme proposto pelo Departamento de Epidemiologia

do Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ). Assim, o artigo elaborado com o

objeto do estudo da dissertação, é parte integrante do trabalho apresentado.

Os capítulos contidos neste trabalho estão organizados da seguinte forma: o

primeiro capítulo (Introdução) contém informações gerais sobre o envelhecimento

da população brasileira e mundial, aponta a necessidade de avaliação e

monitoração do estado nutricional em idosos. A magnitude do baixo-peso e

sobrepeso na população, e especificamente em idosos, também é abordada. No

segundo e terceiro capítulos são apresentados a justificativa e os objetivos,

respectivamente. A amostragem e os procedimentos antropométricos dos

inquéritos estudados (Estudo Nacional da Despesa Familiar - ENDEF, 1974/75;

Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição - PNSN, 1989; e Pesquisa sobre Padrões

de Vida - PPV, 1996/97) são abordados no quarto capítulo. Ainda neste capítulo,

expõem-se os procedimentos para a análise estatística, considerando-se o

desenho complexo das amostras. No quinto capítulo encontra-se o artigo da

dissertação, que contém, entre outros itens, os resultados e a discussão deste

trabalho. Já as conclusões encontram-se no sexto capítulo.

Page 7: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

7

RESUMO

(Introdução) No Brasil, não se conhecem as prevalências mais recentes de baixo-

peso e sobrepeso em idosos, bem como a variação temporal do Índice de Massa

Corporal (IMC - kg/m2). O presente trabalho se propõe a preencher parte desta

lacuna ao avaliar a variação temporal do IMC em idosos das regiões Nordeste e

Sudeste do Brasil. (Metodologia) Para a análise da variação temporal do IMC

utilizaram-se três inquéritos domiciliares: o Estudo Nacional de Despesa Familiar

(ENDEF, 1975), a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN, 1989) e a

Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV, 1997). O ENDEF (1974/75) e a PNSN

(1989) são inquéritos de abrangência nacional e a PPV (1997) restringe-se às

regiões Sudeste e Nordeste. Assim, a análise deste estudo se restringiu a estas

regiões e foi estratificada por: região (Nordeste ou Sudeste), situação de domicílio

(rural ou urbano), sexo e faixa etária (60-69, 70-79, > 80). A evolução do estado

nutricional dos idosos foi avaliada através da comparação das curvas de

distribuição do IMC e das prevalências de baixo-peso (IMC < 18,5 kg/m2) e

sobrepeso (IMC > 25 kg/m2) estimados para cada inquérito. Para avaliar a

magnitude e a significância estatística no aumento do IMC, foi realizada análise de

regressão linear que considerou o desenho complexo da amostra. Utilizou-se o

procedimento proc surveyreg em SAS (Statistical Analysis System) que permite

considerar os fatores de expansão de cada pesquisa e o desenho amostral.

(Resultados) No período de 1975 a 1997, a prevalência de baixo-peso diminuiu

em 70% para as mulheres e em 50% para os homens. Em 1997, atingiu 4,8% para

as mulheres e 6,8% para os homens. O sobrepeso aumentou em 100% para os

homens e em 50% para as mulheres (36,0% em homens e 49,1% em mulheres

em 1997). Embora tenha ocorrido uma importante redução na prevalência de

baixo-peso, estes percentuais apresentam-se ainda elevados na região Nordeste

(14%) para ambos os sexos. Ainda neste período, o aumento no IMC (β) foi

significativo para os diferentes grupos etários, com exceção de homens com 80

anos ou mais, cujo valor p foi limítrofe (p= 0,05). Observou-se um maior aumento

(β) do IMC para as mulheres do que para os homens, sendo que para estes não

Page 8: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

8

houve uma diferença importante entre as áreas e regiões (β = 0,08, Sudeste

urbano; β = 0,07, Sudeste rural; β = 0,07, Nordeste Urbano; 0,05, Nordeste Rural).

Para as mulheres o maior aumento ocorreu no Nordeste rural (β = 0,15). Quando

se considera os intervalos entre as pesquisas (1975-1989 e 1989-1997), o

incremento no IMC (β) mostrou-se significativo somente no período de 1975 a

1989, com exceção do grupo de homens do Sudeste rural, que foi o único grupo

com aumento significativo no período mais recente (1989 – 1997). (Conclusões)

Não há tendência recente (1989-1997) de aumento do sobrepeso, com exceção

dos homens do Sudeste rural. Contudo, há uma alta prevalência de sobrepeso

entre idosos. O baixo-peso ainda é um importante agravo nutricional no Nordeste

rural.

Page 9: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

9

01 - INTRODUÇÃO

1.1 Envelhecimento: conceito e demografia

O envelhecimento é um processo multifatorial resultante da combinação de

diferentes elementos, dentre eles o estilo de vida. Neste sentido, a sua definição

engloba aspectos cronológicos, biológicos, funcionais, psíquicos, sociais e a

percepção da própria idade (Veras, 1994).

Segundo critério cronológico proposto pela Organização Mundial de Saúde

(WHO, 1995), constituem o grupo de idosos, os indivíduos com idade igual ou

superior a 60 anos. Este mesmo critério é adotado no Brasil, sendo estabelecido

pela legislação que dispõe sobre a Política Nacional de Saúde do Idoso (Brasil,

1994) de 04/01/94. A existência de um contingente significativo de idosos na

população era, até período recente, atributo dos países mais desenvolvidos da

América do Norte, Europa e Japão. A partir da década de 70 esta situação se

modifica, os idosos passam a ser também um importante segmento da população

nos países do terceiro mundo. A difusão de dados relativos ao crescimento da

população idosa nos países do terceiro mundo, em particular naqueles de grande

extensão territorial, levou `a necessidade de um maior conhecimento sobre a

população idosa desses países (Veras, 1992).

Segundo a Organização Mundial de Saúde, existe atualmente cerca de 600

milhões de indivíduos idosos no mundo, dos quais, dois terços situam-se em

países em desenvolvimento. No Brasil, os idosos representam mais de 8 % da

população, com um número absoluto maior que 14 milhões (Brasil, 2002).

As projeções demográficas revelam que no ano de 2025 o grupo de idosos

corresponderá a 15% da população brasileira (32 milhões). Este crescimento é o

mais acelerado do mundo (1,1514%) e só comparável ao México e a Nigéria

(UNO, 1985b). Espera-se também que no ano de 2020, cerca de 70% da

Page 10: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

10

população idosa mundial esteja em países em desenvolvimento, com um número

absoluto maior que 700 milhões. A estimativa para os países desenvolvidos é de

318 milhões (WHO, 1987).

Mantendo-se a tendência brasileira demográfica atual, a expectativa de vida

média da população chegará a 72 anos em 2025, com o aumento em termos

absolutos e proporcionais do número de pessoas atingindo idades avançadas. As

projeções indicam que, em 23 anos, 75% da população terá mais de 15 anos e o

número de idosos superará os 30 milhões (UNO, 1985a). Em termos de saúde, o

aumento do número de idosos numa população se traduz em um aumento de

problemas crônicos, de longa duração, que dependem de intervenções mais

complexas e caras.

Uma particularidade brasileira, decorrente do crescimento da população

idosa, é o fato de que a grande proporção de idosos brasileiros é “jovem” (entre 60

e 69 anos), em contraste com os países europeus ou da América do Norte, onde o

segmento desse grupo etário que mais cresce é o de mais de 70 anos (Veras,

1992).

Segundo Barreto & Carmo (1998), o Brasil atravessa um processo de

mudança na estrutura demográfica bastante acentuado, tendo como principais

características a queda da fecundidade, o aumento da expectativa de vida, a

diminuição dos óbitos, devidas a causas infecciosas. Tal realidade tem

implicações sérias, no que se refere ao complexo de problemas de saúde do país,

uma vez que se soma aos problemas já existentes, como a alta incidência das

doenças infecciosas, os problemas de saúde na infância, bem como a crescente

situação dos problemas ambientais e da violência, o processo de envelhecimento

populacional, com o aumento das doenças crônico-degenerativas.

Apesar do envelhecimento ser mais frequentemente relatado em regiões

mais desenvolvidas do país, um aumento expressivo e rápido da população idosa

Page 11: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

11

pode também já ser percebido, nas últimas décadas, em áreas com indicadores

socioeconômicos mais desfavoráveis e cujas estruturas etárias apresentam

caracteristicamente maior proporção de jovens. Na região Nordeste, por exemplo,

a população com 60 anos de idade ou mais era da ordem de 3% da população

total em 1970 (IBGE, 1970), 6% em 1991 e 8,4% em 2002 (Brasil, 2002; IBGE,

1992). Este último é similar ao percentual de idosos do país. Estas transformações

demográficas ocorridas no Nordeste são atribuídas tanto à emigração de pessoas

em idade produtiva, como também a declínios nas taxas de mortalidade e

fecundidade.

Cerca de 75% dos idosos brasileiros vivem nas regiões Nordeste e Sudeste

do país (Brasil, 2002). As marcantes diferenças entre essas regiões, em termos de

indicadores socioeconômicos e situação de saúde, são bem conhecidas. A região

Nordeste, por exemplo, apresentava no período de 1984 a 1994, taxas de

mortalidade infantil 72% maiores do que a região Sudeste, e as doenças

infecciosas e parasitárias ainda ocupavam a segunda causa de internação. A taxa

de analfabetismo no Nordeste (33,74%) representava, em 1991, mais do dobro da

região Sudeste (13,07%) e a renda per capita, pouco mais de um terço dessa

região (IBGE, 1992). Portanto, as precárias condições de vida e oportunidades de

emprego têm motivado a emigração de muitos jovens do Nordeste para outras

regiões do país, acarretando efeitos sobre a rede de suporte familiar a idosos de

nível socioeconômico mais baixo.

As características demográficas para a terceira idade provavelmente serão

diferentes no futuro. Estas mudanças demográficas terão grande impacto na

demanda dos serviços de saúde em todos os países, mas especialmente em

países em desenvolvimento, onde há um menor desenvolvimento econômico e as

pesquisas com idosos são escassas (WHO, 1995). O envelhecimento da

população tende a proporcionar, nas próximas décadas, desafios cada vez

maiores aos serviços de saúde, particularmente em regiões onde a polarização

epidemiológica faz-se mais presente. O delineamento de políticas específicas para

Page 12: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

12

pessoas idosas vem sendo apontado como altamente necessário, sendo

imprescindível o conhecimento das necessidades e condições de vida desse

segmento etário, onde se inclui a necessidade de conhecer as prevalências de

baixo-peso e sobrepeso e avaliar a tendência de modificação destas prevalências

no tempo.

Page 13: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

13

1.2 Idosos: Saúde e Nutrição

O crescente aumento da população idosa no mundo, e particularmente, nos

países em desenvolvimento (WHO, 1989), um problema emergente na área de

saúde, impõe a necessidade de análise dos diversos fatores associados e/ou de

risco para o perfil de morbidade, mortalidade e de qualidade de vida desta

população, dentre os quais a nutrição assume importante papel (Tavares, 1997).

A avaliação nutricional no segmento populacional de idosos é matéria

complexa e ainda em desenvolvimento metodológico na maioria dos países que já

contam com uma história de pesquisa na área. Sua especificidade torna a

interpretação de resultados sobre estado nutricional e relação com indicadores de

saúde um grande desafio, pelas dificuldades tanto no desenho de estudos

epidemiológicos sobre o envelhecimento, como na seleção de métodos e

indicadores adequados (WHO, 1995).

A antropometria tem sido utilizada preferencialmente para a avaliação

nutricional, por apresentar relação com o processo saúde-doença (WHO, 1995) e

vantagens operacionais sobre outros métodos como: relativa simplicidade, maior

adequação aos estudos de campo e maior possibilidade de comparações em

diferentes períodos históricos e populações diversas (Gibson, 1990).

1.3 Mudanças corporais na terceira idade

O envelhecimento é acompanhado de mudanças na maioria dos sistemas

orgânicos. As modificações corporais relacionadas ao envelhecimento incluem:

redução das estruturas celulares, água corporal, tonicidade, peso, estatura, massa

muscular e percentual de tecido muscular (Incalzi et al, 1996). Ocorre também

Page 14: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

14

aumento (Bouchard et al., 1993) e redistribuição da gordura corporal (Paolisso et

al, 1995).

A perda da massa muscular está muito associada à redução da atividade

física. Estudo realizado com aposentados revela que os homens em países

desenvolvidos tendem a gastar uma maior quantidade de tempo em atividades

sedentárias, o que pode explicar a perda de massa magra relacionada a idade

(Patrick et al, 1982). Uma correlação significativamente negativa entre idade e

circunferência da panturrilha é notada em homens idosos, mas não em mulheres.

Isto pode ser devido à perda muscular geral em resposta à maior redução

reportada de atividade física entre homens (WHO, 1995), uma vez que as

mulheres, independentemente da idade, apresentam menor atividade física

(Gomes et al, 2000)

A taxa de declínio da estatura é de 1-2 cm/década e mais rápida para

idades mais avançadas (Eveleth & Turner, 1990). O declínio é usualmente

observado através da medida da estatura de um indivíduo sentado e é o resultado

da compressão da coluna vertebral, mudança na altura e forma dos discos

vertebrais, perda do tônus muscular e mudanças posturais. Adicionalmente, por

conta da redução da estatura nos idosos, o IMC fica influenciado por esta

modificação (WHO, 1995).

O peso se altera com a idade e o ganho de peso tende à estabilização dos

50 a 60 anos e geralmente declina após os 65 anos. Em mulheres, o aumento de

peso é frequentemente maior e a estabilização do peso ocorre cerca de 10 anos

mais tarde que nos homens (WHO, 1995).

O declínio da massa corporal e mudanças nos compartimentos continuam

até uma idade muito avançada. Um estudo longitudinal de composição corporal

em idosos examinados entre os 70 e 80 anos demonstrou a intensa perda de

massa corporal em ambos os sexos (7 kg em homens e 6 kg em mulheres),

Page 15: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

15

sugerindo que o fato de pessoas muito idosas serem muito magras não seria

apenas devido à mortalidade seletiva das pessoas obesas (Steen, 1988). Segundo

o estudo, a redução da massa corporal correspondeu mais à perda de massa

muscular em homens e de gordura corporal em mulheres, enquanto que a

redução da água corporal foi a causa mais importante deste decréscimo na oitava

década de vida, com os homens apresentando menos de 60% e as mulheres

menos de 50% de água corporal. Contudo, mudanças ponderais involuntárias e

rápidas podem alertar para a presença de processos mórbidos ou estado

nutricional comprometido em idosos (Willett, 1997; Harris et al., 1997).

1.4 Índice de Massa Corporal (IMC)

A principal mudança no estado nutricional de idosos caracteriza-se por uma

alteração na composição corporal do indivíduo, especialmente no que se refere à

proporção de tecido adiposo. Dispõe-se hoje de recursos precisos para a medição

da gordura corporal que, de modo geral, são complexos e custosos, sendo mais

apropriados para uso clínico e individual.

Historicamente, referências que combinam um valor de massa corporal

para estatura são utilizadas para a obtenção da massa corporal ideal ou desejável,

definida como aquela associada com a menor mortalidade, morbidade e/ou melhor

qualidade de vida.

A necessidade de um indicador adequado para avaliações epidemiológicas

levou ao desenvolvimento de métodos indiretos, que expressam a proporção de

gordura. Estes indicadores indiretos baseiam-se principalmente na relação do

peso e a estatura. Um bom indicador indireto é aquele que seja independente da

estatura do indivíduo, isto é, que seja tão preciso para pessoas altas como para as

baixas e que se correlacione com outras medidas de gordura corporal. Análises de

grandes bancos de dados antropométricos foram realizadas, na tentativa de

Page 16: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

16

encontrar a melhor relação peso/estatura que preenchesse os requisitos

mencionados (Coitinho et al., 1991).

A relação peso(kg)/estatura(m2) denominada de Índice de Massa Corporal

(IMC) tem sido reconhecida como o indicador que melhor avalia o estado

nutricional de adultos em estudos populacionais. Entretanto, a relação do IMC com

a massa gorda e muscular muda com a idade. Estudos transversais e longitudinais

de avaliação da composição corporal têm demonstrado mudanças como o declínio

da massa magra e acúmulo de gordura com o decorrer da idade. Dados do

National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) I e II, revelam que o

IMC é mais correlacionado com gordura subcutânea em jovens do que em idosos

(Miccozzi & Harris, 1990). Assim, o IMC pode ter diferentes significados em idosos

e jovens adultos e segundo a OMS (WHO, 1995), na avaliação do grupo de

idosos, o IMC deve ser utilizado para o rastreamento de grupos populacionais e

não como critério de diagnóstico individual.

Estudo longitudinal realizado em idosos nos EUA (Sorkin et al., 1999) revela

que a taxa de decréscimo na estatura é maior para mulheres do que homens.

Para ambos os sexos, a perda da estatura inicia-se aos 30 anos e acelera-se com

o aumento da idade. A perda de estatura entre as idades de 30 a 70 anos foi em

média de 3 cm para homens e 5 cm para mulheres; após os 80 anos, esta perda

foi de 5 cm para homens e 8 cm para mulheres. Segundo os autores, este grau de

perda de estatura leva a um aumento “artificial” no IMC de aproximadamente 0,7

kg/m 2 em homens e 1,6 kg/m2 em mulheres até os 70 anos quando aumenta para

1,4 e 2,6 kg/m2, respectivamente, na idade de 80 anos.

Grande parte dos trabalhos utilizados para a definição dos pontos de corte

da OMS (Organização Mundial de Saúde) foram importantes para consolidar na

área da avaliação nutricional o uso de índices de massa corporal, mas estes

analisaram dados referentes a populações adulta jovem ou de meia-idade. A

própria OMS destaca que os pontos de corte de IMC são recomendados para a

Page 17: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

17

avaliação de idosos na faixa de 60 a 69 anos, havendo limitação para seu uso no

grupo acima de 70 anos (WHO, 1995).

Nos estudos longitudinais há uma tendência de associação positiva do IMC

e/ou massa gorda com a mortalidade. Contudo a magnitude desta associação

parece tornar-se menor com o aumento da idade. Assim, estudo longitudinal

prospectivo de 3741 idosos americanos na faixa de 71 a 93 anos, revelou uma

associação inversa entre IMC e dobras cutâneas e mortalidade (Kalmijn et al.,

1999). Bender et al (1999) em estudo longitudinal contemplando 6.193 pacientes

obesos (>36,6 kg/m2) na Inglaterra, indicam que a associação de obesidade com

mortalidade diminui com a idade para todos os níveis de obesidade. Análises, que

incluíram a avaliação de massa magra e gorda e o IMC em estudo de coorte com

787 homens (> 60 anos), revelam que indivíduos no 3o quinto de IMC

apresentaram menor risco relativo de mortalidade e que o IMC está associado

positivamente com massa gorda e negativamente com massa magra (Heitman et

al., 2000). Em estudo de seguimento realizado em uma amostra de 262.019

mulheres e 62.116 homens americanos, o IMC se associou positivamente com

mortalidade em homens e mulheres até 75 anos, mas o risco relativo associado

com maior IMC declinou com a idade (Stevens et al., 1998).

Vários pontos de corte têm sido sugeridos para expressar a melhor relação

do IMC com morbidade, mortalidade e/ou capacidade funcional em idosos. Alguns

autores propõem limites de normalidade de IMC maiores conforme o aumento da

idade, com o acréscimo de uma unidade a cada década principalmente em

mulheres (Bray, 1991).

A própria classificação proposta pela Organização Mundial de Saúde

(WHO, 1995) reconhece que não há consenso nas definições de pontos de corte

apropriados para idosos. Alguns autores destacam que o sobrepeso moderado

poderia associar-se à menor mortalidade em faixas etárias mais avançadas, dada

a grande incidência de morbidade que leva à perda de peso neste grupo. Assim, o

Page 18: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

18

baixo-peso tem sido considerado mais relevante como preditor de risco de morte

em idosos (Andres, 1985; Matilla et al., 1986; Tayback et al., 1990; Campbell et

al., 1990; Heiat et al., 2001) do que o sobrepeso. Por outro lado, estudos têm

verificado aumento de risco em ambos extremos de massa corporal, mesmo

quando controlados por fumo, colesterol e pressão arterial. Nestes estudos, os

riscos relativos foram maiores para o baixo-peso do que para o sobrepeso (Harris

et al., 1988; Cornoni-Huntley et al., 1991).

Ainda nesta linha da redução do risco associado ao sobrepeso com a idade,

estudo realizado na Noruega, contemplando 1,7 milhões de indivíduos, constatou

uma associação entre IMC e mortalidade em formato de U, que se aplainava com

o aumento da idade. As causas de morte associadas com baixo IMC foram

tuberculose, doença obstrutiva pulmonar e câncer de estômago e pulmão. Aquelas

associadas com alto IMC foram doença cerebrovascular, doença cardiovascular,

diabetes e, em homens, câncer de colon. Em idosos, as faixas de IMC onde

ocorreu a menor mortalidade foram 21-27 para homens e 23-27 para mulheres

(Waaler, 1984; Waaler, 1988).

Uma associação em formato de U entre IMC e mortalidade também foi

reportada para jovens adultos filandeses (Rissanen et al., 1989). Restringindo-se

aos indivíduos com idade superior a 75 anos, maiores valores de IMC associaram-

se a menor taxa de mortalidade. Nas mulheres idosas, verificou-se pouca

variação da mortalidade com o IMC. Ainda nesta população, o sobrepeso não

reduziu a expectativa de vida em mulheres filandesas na idade de 65-75 anos

(Rissanen et al., 1991). De fato, um modesto grau de sobrepeso apresentou-se

como fator protetor para a morte. A faixa de IMC mais favorável foi de 27 - 31, que

é consideravelmente maior do a encontrada para a Norurega.

Estudo longitudinal realizado na Finlândia com 95 homens e 431 mulheres

acima de 85 anos revelou que baixo IMC foi um melhor preditor de risco para

morte do que alto IMC (Mattila et al., 1986). A maior mortalidade, em cinco anos

Page 19: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

19

de seguimento, foi observada no grupo com IMC menor que 20 e a menor para o

grupo com IMC maior que 30, indicando que o sobrepeso não é fator de risco

neste grupo.

Em recente revisão sistemática de 13 estudos longitudinais, Heiat et al

(2001) avaliaram a associação entre IMC e mortalidade em idosos e concluiram

que idosos de ambos os sexos, com sobrepeso na faixa de 25 a 27 kg/m2, não

apresentaram risco aumentado de morte. Três estudos indicaram o sobrepeso (>

27 kg/m2) como fator prognóstico importante para mortalidade entre indivíduos de

64-74 anos, e um estudo mostrou uma associação significativamente positiva

entre sobrepeso (> 28 kg/m2) e mortalidade entre indivíduos com 75 anos ou mais.

Há que se considerar ainda que pequenas variações nos valores de IMC

usados como pontos de corte, seja para sobrepeso ou para baixo-peso, tem

grande impacto nas prevalências, como pode ser observado na comparação entre

diferentes indicadores de baixo-peso e sobrepeso baseados no IMC aplicados à

população adulta norte-americana (Sichieri et al., 1992; Kuczmarski et al., 1997).

Variações de prevalência de sobrepeso de até 100% nestas classificações

implicam em gastos consideráveis do Sistema de Saúde e com impacto

particularmente importante quando tratamos de idosos que são os grandes

usuários.

1.5 Magnitude e tendências de baixo-peso e sobrepeso em idosos no Brasil

Não há estudo em idosos que tenha comparado os três inquéritos

realizados no Brasil em relação aos idosos. Os dados existentes, que se referem

as diferentes faixas etárias, não levam em conta a mudança demográfica

importante entre idosos e utilizaram pontos de corte variáveis para definição de

baixo-peso. Assim, segundo o inquérito nacional de 1989 (PNSN) o baixo-peso já

se mostrava um problema grave para o grupo de idosos, tendo 20,7% dos idosos

Page 20: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

20

e 17% das idosas apresentado baixo-peso. Em termos absolutos, o país tinha 1

milhão e 300 mil idosos com baixo-peso (Coitinho et al., 1991). Um outro estudo

utilizando este mesmo banco de dados revelou que 7,8% dos homens e 8,4% das

mulheres apresentaram déficit de massa corporal (IMC < 18,5 kg/m2). A

prevalência de baixo-peso atingiu percentuais de 13% na área rural (Tavares &

Anjos, 1999) .

Sichieri et al (1994) avaliando a variação temporal do IMC, apontam para a

redução da prevalência de baixo-peso (IMC < 20) de 30% para 20% em homens

idosos (> 65 anos) brasileiros no período de 1975-1989. As autoras relataram o

aumento do sobrepeso/obesidade, de 18% para 28%, em homens idosos no

período de 1975-1989.

Tavares & Anjos (1999), estudando indivíduos com idade igual ou superior

a 60 anos na PNSN (1989), revelaram que 30,4% dos homens e 50,2% das

mulheres apresentam algum grau de excesso de peso. Estudo recente avaliando a

variação temporal da obesidade nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, aponta

para o aumento do risco em idosos (> 65 anos) do sexo masculino no período de

1975-1997. Para o sexo feminino, a prevalência aumenta de 1975-1989, mas há

um declínio no período de 1989-1997 (Monteiro et al, 2000).

Page 21: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

27

2. JUSTIFICATIVA:

A terceira idade é um período da vida dos indivíduos em que o estado

nutricional se associa diretamente com várias morbidades. Por um lado, o estado

nutricional é um dos mais importantes fatores de risco para doenças que se

manifestam nesta fase da vida, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.

Por outro lado, o estado nutricional sofre consequências destas mesmas

patologias. Cabe salientar, ainda, as importantes mudanças na composição

corporal que vão se acentuando entre os idosos.

No Brasil, tem-se demonstrado, cada vez mais, o aumento da prevalência

de sobrepeso e redução de baixo-peso em adultos e pouco se sabe sobre os

padrões de mudança mais recente do IMC em idosos brasileiros. Adicionalmente,

a realidade brasileira apresenta extrema heterogeneidade socioeconômica que

pode ser forte determinante dos agravos nutricionais encontrados em idosos.

Tanto o baixo-peso quanto o sobrepeso estão intimamente ligados a doenças

neste grupo, seja como fator de risco ou em consequência de doenças, sendo

importante aprofundar informações nutricionais para estabelecer práticas de

monitoramento.

As regiões Nordeste e Sudeste do Brasil concentram três quartos da

população brasileira, sendo as mais heterogêneas das regiões. Justifica-se,

portanto, descrever a variação temporal do índice de massa corporal de idosos

nestas regiões, de forma a contribuir com informações que auxiliem o

planejamento das ações de saúde voltadas para a terceira idade.

Page 22: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

29

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Avaliar a variação temporal do IMC de idosos das regiões Nordeste e Sudeste

do Brasil.

3.2 Objetivos específicos

• Avaliar as prevalências de baixo-peso e sobrepeso em idosos das regiões

Nordeste e Sudeste do Brasil, segundo sexo, faixa etária, região geográfica e

situação de domicílio (urbano, rural), em três períodos de tempo: 1974/75,

1989 e 1996/97.

• Avaliar a variação temporal do IMC em idosos das regiões Nordeste e Sudeste

do Brasil, segundo sexo, faixa etária, região geográfica e situação de

domicílio, no período de 1974 a 1997.

Page 23: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

31

4 - METODOLOGIA

Para a avaliação da evolução temporal do IMC foram utilizadas as

seguintes pesquisas: Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF, 1974/75),

Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN, 1989) e a Pesquisa sobre

Padrões de Vida (PPV, 1996/97). As duas primeiras são de abrangência

nacional, sendo que, no ENDEF, não foram pesquisados os estratos rurais não

metropolitanos das regiões Norte e Centro-Oeste e na PNSN, o Norte rural. A

PPV restringiu-se às regiões Nordeste e Sudeste. Assim, para fins de

comparação as análises foram restritas a essas regiões.

4.1 Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF, 1974/75)

A Pesquisa de orçamento familiar cobre ampla faixa de dados

socioeconômicos, com ênfase em informações sobre o consumo alimentar.

Conduzida pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

em convênio com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e

Agricultura (FAO), objetivou a obtenção de um fluxo mais completo das

estatísticas sociais. O ENDEF (1974/75) foi conduzido no período de agosto de

1974 a agosto de 1975. O entrevistador visitou cada uma das famílias por oito

dias consecutivos, para pesar e registrar os dados de consumo alimentar e

antropometria (Vasconcellos, 1983).

Amostragem

O desenho da amostra utilizado no ENDEF é probabilístico e com quatro

estágios de seleção para os domicílios não auto-representativos: municípios,

setores censitários, subsetores e domicílios; ou três estágios de seleção para os

municípios auto-representativos: setores censitários, subsetores e domicílios.

Para efeito de representatividade e de seleção da amostra, o Brasil foi dividido em

sete regiões, assim constituídas: 1. Estado do Rio de Janeiro; 2. Estado de São

Paulo; 3. Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; 4. Estados de

Page 24: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

32

Minas Gerais e Espírito Santo; 5. Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio grande

do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia; 6. Distrito Federal; e

7. Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá, 8. Estados do Mato

Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Tocantins.

Os municípios foram divididos em auto-representativos e não auto-

representativos. Foram considerados auto-representativos os seguintes

municípios:

1. das capitais de Estados e territórios;

2. pertencentes às regiões metropolitanas (definidas pela Lei

Complementar no 14 de 18/06/73) e;

3. todos cuja população, em 01/09/70 (data de referência do Censo

Demográfico de 1970), não era menor que o valor do corte

populacional (valor de população que assegura a seleção do município

na amostra) calculado para cada região (Vasconcellos, 1983).

Todos os municípios auto-representativos foram incluídos na amostra. Os

municípios não auto-representativos, foram agrupados em estratos geográficos

(formados por municípios adjacentes) que respeitavam os limites de microrregiões

homogêneas. A probabilidade de seleção nestes municípios foi proporcional à sua

população em 01/09/70. Foram selecionados 846 municípios entre auto-

representativos e não auto-representativos (Vasconcellos, 2001).

Nos setores censitários selecionados, foi feita a operação de contagem

rápida, que consistia na contagem dos domicílios particulares (e de moradores em

domicílios coletivos) do setor censitário e na sua divisão em áreas menores

denominadas subsetores de aproximadamente 50 domicílios. Os setores

censitários foram selecionados com probabilidade proporcional ao seu número de

domicílios particulares, no censo demográfico de 1970, e os subsetores, de

acordo com a probabilidade proporcional ao seu número de domicílios

particulares, neste mesmo censo. Ao todo, foram selecionados 4.602 setores e

9.795 subsetores censitários (Vasconcellos, 1983).

Page 25: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

33

Em cada subsetor selecionado (denominado área de listagem), foi feita

uma listagem das estruturas residenciais e não residenciais para estabelecer o

cadastro básico sobre o qual foram selecionados os domicílios. A seleção de

domicílios foi sistemática, com início aleatório. Foram selecionados 63.866

domicílios e, devido à recusa em 1.009 (1,6%) e à perda de 8.534 (fechados, não

particulares, vagos ou não habitáveis), foram efetivamente entrevistados 54.323

domicílios. Alguns destes foram retirados da amostra, após a análise de

consistência, sendo o número de domicílios pesquisados de 53.311(Vasconcellos,

2001). Nestes, constam 13.923 idosos residentes nas regiões Nordeste e

Sudeste. O fator de expansão expande para a população vigente em 1/02/1975.

Esquema 1: Fluxo da amostra do ENDEF (1975)

846 municípios

4.602 setores censitários

9.795 subsetores

77.477 domicílios listados

63.866 domicílios selecionados

1.009 recusas 8.354 perdas 1.012 retirados

53.311 domicílios entrevistados

13.923 idosos (regiões NE e SE)

Page 26: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

34

Medida do peso e estatura no ENDEF (1974/75)

Para a tomada do peso, o entrevistador utilizou balança mecânica, do tipo

balança de banheiro, com capacidade máxima de 125 kg (IBGE, 1974). As

balanças foram aferidas pelo Instituto Nacional de Pesos e Medidas. Os

indivíduos foram pesados sem sapatos, em seus domicílios. O peso foi registrado

em quilos, desprezava-se as frações inferiores a 500 gramas e, para as frações

iguais ou maiores a 500 gramas, arredondava-se para a unidade superior. Já a

estatura foi registrada em centímetros e, desprezava-se as frações inferiores a 5

milímetros. (Vasconcellos, 1983).

4.2 Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN, 1989)

Conduzida pelo Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN), associado

à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e ao Instituto de

Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), com o intuito de descrever a condição

de nutrição e saúde da população brasileira no seu contexto sócio-econômico na

base de uma amostra probabilística de abrangência nacional. A PNSN (1989) foi

conduzida no período de junho a setembro de 1989, sendo que 99% das

entrevistas ocorreram nos meses de julho e agosto (INAN, 1990).

Amostragem

A amostra da PNSN abrange as cinco grandes macrorregiões do país,

excluindo apenas o Norte rural, de difícil acesso. Na sua estrutura, a amostra

inclui a investigação de 17.920 domicílios, encontrados em 486 setores

censitários. A população pesquisada foi de 63.123 pessoas de todas as idades,

residentes em 363 municípios brasileiros.

A amostra de seleção e probabilística, foi independente por macrorregião e

situação (urbano e rural), contou com dois estágios de seleção e fornece

Page 27: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

35

estimativas da população brasileira e de suas características para os anos de

1980 (PNSN) e 1989 (IBGE).

Para as cinco grandes regiões e as duas situações de domicílio, excluído

apenas o Norte rural, obtém-se 9 estratos geográficos. Cada estrato geográfico da

pesquisa tornou-se um estrato da amostra e, em média, cada estrato contém

observações sobre 54 setores censitários, 1.991 domicílios e 7.024 pessoas.

Em cada estrato da amostra, procedeu-se ao primeiro estágio de seleção,

referente aos setores censitários. Depois de ordenar os setores censitários

segundo sua renda domiciliar mensal média em 1980, seguiu-se uma seleção

sistemática de setores, com probabilidades proporcionais ao número de

domicílios existentes em 1980.

Cada âmbito da amostra foi previamente estratificado em três grupos

socioeconômicos, resultando em 27 estratos em todo o país (9 âmbitos X 3

estratos). Para cada um destes, foram sorteados, em média, 18 setores

censitários, perfazendo um total de 486 setores. Este procedimento constituiu-se

na primeira etapa de seleção da amostra. Todos os 486 setores censitários foram

devidamente listados.

Numa segunda etapa, em cada setor censitário, selecionou-se 30

domicílios, em média, totalizando 17.920 domicílios, com probabilidades

proporcionais ao número de domicílios no setor. Destes, 1.680 apresentavam-se

em condições de serem habitados, mas estavam vagos ou ocupados,

exclusivamente, por pessoas não abrangidas pela pesquisa (ex.: hotéis, hospitais

, asilos e similares). Excluiu-se, também, a população residente em aldeias

indígenas. A amostra definitiva foi composta de 16.262 domicílios. O número de

recusas foi de apenas 55 domicílios e em 1.752 (10,8%) não foi possível localizar

os ocupantes ou não havia moradores (casa em reformas, ruínas ou de uso

ocasional). Na PNSN foram pesquisados efetivamente 14.555 domicílios, 63.200

pessoas de todas as idades, sendo 4.650 idosos em todo o Brasil e 2.326 idosos

nas regiões Nordeste e Sudeste.

Page 28: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

36

A não-resposta para as variáveis peso e estatura foi extremamente

reduzida. Apenas 1.144 (2%) de todos os indivíduos entrevistados, não foram

medidos.

Medida de peso e estatura na PNSN (1989)

As medidas de peso e estatura foram coletadas no domicílio do

entrevistado, por uma dupla de entrevistadores treinados

(antropometrista/anotador). As medidas foram tomadas com as pessoas usando

roupas leves e com os pés descalços. As balanças eram calibradas em cada

domicílio e, para cada pessoa, o peso era mensurado duas vezes. Para a

obtenção do peso, foi utilizada uma balança microeletrônica portátil, da marca

nacional Filizola com capacidade de 150 kg e precisão de 100g. O peso foi

registrado em quilogramas (kg) e uma casa decimal. Para a aferição da estatura

foi utilizada uma fita métrica com precisão de 0,1 cm, afixada numa superfície

plana e vertical do domicílio. A estatura foi registrada em centímetros e uma casa

decimal (INAN/IPEA/IBGE, 1988).

Page 29: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

37

Esquema 2: Fluxo da amostra da PNSN (1989)

9 estratos geográficos

27 estratos geográficos e de renda

486 setores censitários

17.920 domicílios

1.658 55 1.752

(vazios/instituições) (recusa) (sem moradores)

14.455 domicílios

63.213 indivíduos

4.650 idosos

2.326 idosos (regiões NE e SE)

Page 30: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

38

4.3 Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV, 1996/97)

Levantamento multitemático, integrado em uma mesma amostra de

domicílios. A PPV foi conduzida pelo IBGE, em convênio com o Banco Mundial,

com o objetivo de fornecer informações adequadas para o planejamento,

acompanhamento e análises de políticas econômicas e programas sociais, em

relação aos seus impactos nas condições de vida domiciliar, em especial nas das

populações mais carentes.

A PPV (1996/97) foi conduzida de março de 1996 a março de 1997. O

questionário da pesquisa foi aplicado em duas visitas ao mesmo domicílio em um

intervalo de duas semanas.

Amostragem

A PPV (1996/97) foi realizada nas regiões Nordeste e Sudeste do país. A

amostragem em duas etapas tem como unidade primária de amostragem os

setores do censo demográfico de 1991 e a unidade de secundária é o domicílio.

As unidades primárias de amostragem foram obtidas através de

estratificações, que foram realizadas em duas etapas. A primeira resultou na

definição de 10 estratos geográficos: Região Metropolitana de Fortaleza, Região

Metropolitana do Recife, Região Metropolitana de Salvador, o restante da área

urbana do Nordeste, o restante da área rural do Nordeste, Região Metropolitana

de Belo Horizonte, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Região Metropolitana

de São Paulo, o restante da área urbana do Sudeste e o restante da área rural do

Sudeste. A segunda estratificação considerou as informações sobre a renda

média mensal do chefe do domicílio, obtida no Censo Demográfico 1991. Cada

estrato geográfico foi subdividido em 3 níveis de renda, perfazendo um total de

30 estratos geográficos e de renda.

Page 31: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

39

O tamanho da amostra para cada estrato geográfico foi fixado em 480

domicílios. Em cada estrato geográfico, foi fixado em aproximadamente 60, o

número de setores a serem selecionados e foram sorteados 8 domicílios em cada

setor. Para os dois estratos rurais (Quadro 1) fixou-se em 30 o número de setores

e em 16 o número de domicílios a serem selecionados, conforme quadro que

segue e que foi parte do plano de amostragem da PPV. Obteve-se assim, uma

amostra de 4.944 domicílios e 19.409 indivíduos, sendo 1.661 idosos.

Medida do peso e estatura na PPV (1996/97)

Foram avaliadas, na segunda visita ao domicílio, por entrevistadores

treinados, com o indivíduo vestindo roupas leves. Utilizou-se balança

microeletrônica de origem dinamarquesa, marca Seca, modelo 890, calibrada até

150 kg, que permitiu o registro do peso com precisão de 100 gramas (IBGE,

1998).

Para a estatura, os indivíduos foram mensurados em posição vertical,

devidamente encostados numa superfície vertical, lisa e plana. Foram utilizados

microestadiômetros, que permitiram o registro da estatura, em uma única medida,

com precisão de décimos de centímetros.

Page 32: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

40

Quadro 1 - Número de domicílios esperados na amostra e fração amostral de

domicílios, por estrato geográfico e estrato de renda. Pesquisa sobre padrões de

vida (PPV, 1996/97).

Estrato Geográfico Estrato de RendaNúmero desetores naamostra

Número dedomicílios

esperados naamostra

Fraçãoamostral

domicílios(por 10.000)

1 – RM Fortaleza

I II III

46 11 5

368 88 40

9,85 10,22 10,83

2 – RM Recife

I II III

45 9 7

360 72 56

7,32 7,41 8,00

3 – RM Salvador

I II III

46 9 6

368 72 48

8,49 8,61 9,38

4 – Restante Nordeste Urbano

I II III

47 11 3

376 88 24

1,22 1,22 1,30

5 – Restante Nordeste Rural

I II III

26 5 2

416 80 32

1,48 1,82 7,42

6 – RM Belo Horizonte

I II III

45 11 6

360 88 48

5,94 6,26 6,33

7 – RM Rio de Janeiro

I II III

44 10 7

352 80 56

1,80 1,81 1,91

8 – RM São Paulo

I II III

44 12 5

352 96 40

1,23 1,23 1,21

9 – Restante Sudeste Urbano

I II III

33 20 8

264 160

64

0,71 0,72 0,75

10 – RestanteSudeste Rural

I II III

19 9 3

304 144

48

3,10 3,20 3,96

Total

I II III

------------- Total

395 107 52

------ 554

3.520 968 456

---------- 4.944

2,03 1,77 2,21

--------- 1,99

Fonte: [CD-ROM]. Documentação. Rio de Janeiro (IBGE, 1998).

Page 33: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

41

Esquema 3: Fluxo da amostra da PPV (1996/97)

10 estratos geográficos

30 estratos geográficos e de renda

554 setores censitários

4.944 domicílios

19.409 indivíduos

1.661 idosos (regiões NE e SE)

Page 34: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

42

4.4 População de estudo

Este estudo restringiu-se aos indivíduos com idade igual ou superior a 60

anos, de ambos os sexos, residentes nas regiões Nordeste e Sudeste do país e

participantes das pesquisas: Estudo Nacional de Despesas Familiares (ENDEF,

1975), Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN, 1989) e a Pesquisa sobre

Padrões de Vida (PPV, 1996/97).

4.5 Variáveis e Índice estudados

O índice de massa corporal (IMC) é expresso pela relação do peso em

quilogramas (kg) dividido pela estatura em metros ao quadrado (kg/m2). A

Organização Mundial de Saúde (WHO,1998) propõe que sejam considerados os

seguintes pontos de corte: baixo-peso igual ou abaixo de 18,5 kg/m2, faixa normal

de 18,6 a 24,9 kg/m2 e sobrepeso igual ou acima de 25 kg/m2. A análise para o

IMC nos 3 inquéritos foi estratificada por faixa etária, sexo, região geográfica e

situação de domicílio.

Nas três pesquisas calculou-se a idade a partir do mês e ano do nascimento

das pessoas. Os idosos foram classificados quanto à idade, de acordo com a

recomendação da Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995), em idosos de:

60 a 69 anos; 70 a 79 anos; e 80 anos ou mais.

A taxa de não resposta para o IMC em idosos foi de 21,1% em 1975, 0,8% em

1989 e 8,8% em 1997. A alta taxa de não resposta em 1975 decorre da exclusão

de todos os moradores para os quais não houvesse todos os dados

antropométricos.

O IMC utilizado como variável contínua e como variável categórica. Para os

cálculos de prevalência de baixo-peso e sobrepeso, a referência foi os pontos de

corte para IMC propostos pela OMS (WHO, 1995).

Page 35: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

43

Para a avaliação da evolução temporal, o IMC como variável contínua, foi

ajustado por idade, e a variável para o inquérito (quadro 2) foi analisada como: .

1. variável numérica, assumindo os valores 75, 89 e 97, mantendo o intervalo

de anos entre as pesquisas;

2. variável categórica, com a inclusão de duas variáveis indicadoras na

pesquisa, sendo 75 o valor de referência;

3. variável categórica, com a inclusão de duas variáveis indicadoras na

pesquisa, sendo 1989 o valor de referência, quando se tem interesse na

variação entre 1989 e 1997.

Page 36: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

44

4.6 Análise dos dados

A evolução do estado nutricional dos idosos foi avaliada através das

comparações das prevalências de baixo-peso e sobrepeso; das distribuições, das

médias e das estimativas (β) de aumento do IMC, estimados para cada inquérito.

Todas as análises foram expandidas para a população idosa das regiões

Nordeste e Sudeste do Brasil. Para cada inquérito utilizou-se o fator de expansão

(inverso da probabilidade de seleção), correspondente. No ENDEF (1974/75) e na

PNSN (1989) a variável de expansão para a antropometria está corrigida para as

perdas de peso e estatura. No ENDEF, foram excluídos todos os domicílios que

não incluíram a totalidade dos moradores. Assim, existe no banco de dados 977,

idosos com valores de peso e altura que, contudo, foram excluídos porque a

expansão corrigiu para estes indivíduos, que foram considerados como perdas.

Estes casos estão como missing para a variável de expansão. Para a PPV

(1996/97) utilizou-se a variável de expansão da amostra tendo em vista a

substituição de domicílios (amostra reserva), devido a recusas, domicílios vagos

ou fechados, na realização da entrevista. Na PNSN, utilizou-se a variável de

expansão para antropometria IBGE, que expande a amostra para a população em

1989.

Pressupondo que houve aumento da prevalência de sobrepeso em idosos

ao longo do tempo, como demonstrado em outras pesquisas (Monteiro et al.,

2000; Sichieri et al., 1994 e Coitinho et al., 1991), as curvas de distribuição do

IMC para os três inquéritos serão apresentadas de forma a visualizar se a curva

moveu-se como um todo, ou se houve uma maior dispersão à direita dos valores

de IMC.

Para investigar a magnitude e a significância das mudanças na distribuição

do IMC através das pesquisas, corrigindo para a amostragem complexa dos três

inquéritos, foi realizado modelo de regressão linear através do procedimento proc

surveyreg (SAS, 2000) em SAS (Statistical Analysis System). Para tanto foi

elaborado um único banco de dados com todos os indivíduos estudados nos três

Page 37: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

45

inquéritos, contendo uma variável para os inquéritos (Quadro 2). No modelo de

regressão linear, ajustado por idade, o IMC é a variável dependente e a variável

para o inquérito ou a indicadora da pesquisa, a independente.

Para comparar as pesquisas considerando seu desenho complexo e, tendo

em vista que os desenhos não são similares, com diferentes estratificações e de

dois a quatro estágios de seleção, os setores censitários foram classificados em

decis de renda familiar per capita. As análises foram conduzidas utilizando a

classificação em decil dos setores e os setores censitários, na forma apresentada

nos inquéritos, como conglomerado. Este procedimento foi comparado a um

procedimento mais simples, de utilizar somente o setor censitário como

conglomerado. Como os dois procedimentos não mostraram efeitos diferentes, as

análises estão apresentadas utilizando os setores censitários dos inquéritos. A

unidade primária de amostragem (setor censitário) foi aninhada ao estrato que é a

variável para o inquérito. Assim, o estimador da variação do IMC (â) no período,

os p valores e os intervalos de confiança foram calculados, considerando o

desenho complexo da amostra.

Quadro 2 – Simulação do banco de dados.

Variável inquérito Ano do Inquérito Setor censitário Idade Sexo

75

.

89

.

97

.

1974/75

.

1989

.

1996/97

.

0000

.

0000

.

0000

.

65

.

88

.

70

.

1

.

2

.

2

.

Page 38: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

47

VARIAÇÃO TEMPORAL DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM IDOSOS:

ESTUDO NAS REGIÕES NORDESTE E SUDESTE DO BRASIL

Adriana Simone da Cunha

Rosely Sichieri

Endereço para correspondência:

Adriana Simone da Cunha

Estr. dos Bandeirantes, 8.325, bloco 5, apartamento 902. Jacarepaguá, Rio de

janeiro, RJ. CEP: 22783115.

Email: [email protected] / [email protected]

Palavras chave: tendência temporal, idosos, Indice de Massa Corporal;

sobrepeso e baixo-peso; Brasil.

Page 39: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

48

5.1 RESUMO

(Introdução) No Brasil, não se conhecem as prevalências mais recentes de

baixo-peso e sobrepeso em idosos, bem como a variação temporal do Índice de

Massa Corporal (IMC - kg/m2). O presente trabalho se propõe a preencher parte

desta lacuna ao avaliar a variação temporal do IMC em idosos das regiões

Nordeste e Sudeste do Brasil. (Metodologia) Para a análise da variação temporal

do IMC utilizaram-se três inquéritos domiciliares: o Estudo Nacional de Despesa

Familiar (ENDEF, 1975), a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN,

1989) e a Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV, 1997). O ENDEF (1974/75) e a

PNSN (1989) são inquéritos de abrangência nacional e a PPV (1997) restringe-se

às regiões Sudeste e Nordeste. Assim, a análise deste estudo se restringiu a

estas regiões e foi estratificada por: região (Nordeste ou Sudeste), situação de

domicílio (rural ou urbano), sexo e faixa etária (60-69, 70-79, > 80). A evolução do

estado nutricional dos idosos foi avaliada através da comparação das curvas de

distribuição do IMC e das prevalências de baixo-peso (IMC < 18,5 kg/m2) e

sobrepeso (IMC > 25 kg/m2) estimados para cada inquérito. Para avaliar a

magnitude e a significância estatística no aumento do IMC, foi realizada análise

de regressão linear que considerou o desenho complexo da amostra. Utilizou-se o

procedimento proc surveyreg em SAS (Statistical Analysis System) que permite

considerar os fatores de expansão de cada pesquisa e o desenho amostral.

(Resultados) No período de 1975 a 1997, a prevalência de baixo-peso diminuiu

em 70% para as mulheres e em 50% para os homens. Em 1997, atingiu 4,8%

para as mulheres e 6,8% para os homens. O sobrepeso aumentou em 100% para

os homens e em 50% para as mulheres (36,0% em homens e 49,1% em

mulheres em 1997). Embora tenha ocorrido uma importante redução na

prevalência de baixo-peso, estes percentuais apresentam-se ainda elevados na

região Nordeste (14%) para ambos os sexos. Ainda neste período, o aumento no

IMC (β) foi significativo para os diferentes grupos etários, com exceção de

homens com 80 anos ou mais, cujo valor p foi limítrofe (p= 0,05). Observou-se um

maior aumento (β) do IMC para as mulheres do que para os homens, sendo que

para estes não houve uma diferença importante entre as áreas e regiões (β =

0,08, Sudeste urbano; β = 0,07, Sudeste rural; β = 0,07, Nordeste Urbano; 0,05,

Page 40: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

49

Nordeste Rural). Para as mulheres o maior aumento ocorreu no Nordeste rural (β

= 0,15). Quando se considera os intervalos entre as pesquisas (1975-1989 e

1989-1997), o incremento no IMC (β) mostrou-se significativo somente no período

de 1975 a 1989, com exceção do grupo de homens do Sudeste rural, que foi o

único grupo com aumento significativo no período mais recente (1989 – 1997).

(Conclusões) Não há tendência recente (1989-1997) de aumento do sobrepeso,

com exceção dos homens do Sudeste rural. Contudo, há uma alta prevalência de

sobrepeso entre idosos. O baixo-peso ainda é um importante agravo nutricional

no Nordeste rural.

Page 41: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

50

5.2 ABSTRACT

(Objective) To evaluate body mass index (BMI - kg/m2) trend in the elderly (> 60

y) in the Northeast and Southeast regions of Brazil. (Method) Three cross-

sectional randomly selected samples of households from Brazilian surveys were

included in this study: the “Estudo Nacional de Despesa Familiar” (ENDEF, 1975),

the “Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição” (PNSN, 1989) and the “Pesquisa

sobre Padrão de Vida” (PPV, 1997). The ENDEF (1974/75) and the PNSN (1989)

were nationwide surveys, while PPV (1997) was restricted to the Southeast and

Northeast regions. Thus, the analyses of this study covered only Southeast and

Northeast regions. Prevalences of underweight (BMI < 18,5 kg/m2) and overweight

(BMI > 25 kg/m2) were estimated for each survey taking into account the sample

weights and the complex design of the sample. Changes in the BMI distribution

were evaluated through linear regression by using the proc surveyreg procedure in

SAS (Statistical Analysis System). All analysis was stratified by sex, region

(Southeast and Northeast) and area rural and urban. (Results) From 1975 to

1997, the prevalence of underweight decreased 70% for women and 50% for men.

In 1997, the prevalence of underweight reached 4.8% for women and 6.8% for

men, whereas the prevalence of overweight increased 100% for men and 50% for

women, reaching 36.0% in men and 49.1% in women in 1997. The increase in

BMI in the period from 1975 to 1989 was significant for all subgroups, except for

the men living in the rural area of Southeast. This group was the only one that

presented a significant increase in the BMI in the 1989-1997 period. Although

there was an important reduction in the prevalence of underweight, these

percentages were still high in the Northeast region for both sexes in 1997 (14%).

There was a higher BMI increase (β) for women than for men, although for men

there was not important difference between areas and regions (β = 0.08, urban

Southeast; β = 0.07, rural Southeast; β = 0.07, urban Northeast; β = 0.05, rural

Northeast). The BMI increase was the highest for women living in the rural

Northeast (β = 0.15). The BMI increase in the whole period (1975-1997) was

significant for the three age groups (60-70, 70-80, and > 80), except for eighty-

year and older men, whose p value was borderline (p = 0.05). (Conclusions)

There was a high prevalence of overweight among elderly, particularly among

Page 42: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

51

women, however there was no trend of increasing BMI in the last period except for

men living in the rural area of Southeast. Underweight is still an important

nutritional problem in the Northeast.

Page 43: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

52

5.3 INTRODUÇÃO

A faixa etária de 60 anos ou mais, representa mais de 8 % da população

brasileira, com um número absoluto maior que 14 milhões (IBGE, 2002). As

projeções demográficas revelam que no ano de 2025 o grupo de idosos

corresponderá a 15% da população brasileira (32 milhões). Este crescimento é o

mais acelerado do mundo (1,1514%) e só comparável ao do México e da Nigéria

(UNO, 1985b). Espera-se também que no ano de 2020, cerca de 70% da

população idosa mundial esteja em países em desenvolvimento, com um número

absoluto maior que 700 milhões.

A terceira idade é um período da vida dos indivíduos em que o estado

nutricional se associa diretamente com várias morbidades. Por um lado, o estado

nutricional é um dos mais importantes fatores de risco para doenças que se

manifestam nesta fase da vida, como o diabetes tipo 2 e as doenças

cardiovasculares. Por outro lado, o estado nutricional sofre consequências destas

mesmas patologias. Cabe salientar, ainda, as importantes mudanças na

composição corporal que vão se acentuando entre os idosos.

No Brasil, tem-se demonstrado, cada vez mais, o aumento da prevalência

de sobrepeso e redução de baixo-peso em adultos. Contudo, pouco se sabe

sobre os padrões de mudança mais recente do IMC em idosos brasileiros.

Adicionalmente, a realidade brasileira apresenta extrema heterogeneidade

socioeconômica que pode ser forte determinante dos agravos nutricionais

encontrados em idosos. As regiões Nordeste e Sudeste do Brasil concentram três

quartos da população brasileira, sendo as mais heterogêneas das regiões. Assim,

o presente trabalho se propõe a avaliar a variação temporal do Índice de Massa

Corporal (IMC - kg/m2) em idosos das regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, de

forma a contribuir com informações que auxiliem o planejamento das ações de

saúde.

Page 44: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

53

5.4 METODOLOGIA

Para a avaliação da evolução temporal de baixo-peso e sobrepeso foram

utilizadas as seguintes pesquisas: Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF,

1974/75), Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN, 1989) e a Pesquisa

sobre Padrões de Vida (PPV, 1996/97). As três pesquisas foram conduzidas pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) e para estas foi utilizado o

desenho da amostra estratificado (multi-estágios) por conglomerado. Para o

ENDEF, não foram pesquisados os estratos rurais não metropolitanos das regiões

Norte e Centro-Oeste e na PNSN, o Norte rural. A PPV restringiu-se as regiões

Nordeste e Sudeste. Assim, para fins de comparação, as análises foram restritas

a estas regiões.

A medida de peso e estatura foi realizada de forma similar nas três

pesquisas. Indivíduos treinados utilizaram balanças calibradas (mecânica em

1975 e microeletrônica em 1989 e 1997) com os indivíduos vestindo roupas leves

e sem sapatos. Para a classificação do estado nutricional utilizou-se o Índice de

Massa Corporal (IMC - kg/m2) e os pontos de corte propostos pela OMS (WHO,

1998): baixo-peso = < 18,5 kg/m2, faixa normal = 18,5 – 25,0 kg/m2, sobrepeso =

> 25,0 kg/m2.

Todas as análises foram expandidas para a população idosa das regiões

Nordeste e Sudeste. Para cada inquérito, utilizou-se o fator de expansão

correspondente. No ENDEF (1974/75) e na PNSN (1989), a variável de expansão

para a antropometria está corrigida para as perdas de peso e estatura. No

ENDEF, foram excluídos todos os domicílios que não incluíram a totalidade dos

moradores, porque a expansão está corrigida para estes indivíduos.

A evolução do estado nutricional dos idosos foi avaliada através da

comparação da distribuição do IMC e das prevalências de baixo-peso e

sobrepeso estimados para cada inquérito. Para investigar a magnitude e a

significância das mudanças na distribuição do IMC através das pesquisas,

corrigindo para a amostragem complexa dos três inquéritos, foi realizado modelo

Page 45: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

54

de regressão linear através do procedimento proc surveyreg (Statistical Analysis

System - SAS, 2000), com todas as análises estratificadas por sexo, região e

áreas urbana e rural.

Page 46: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

55

5.5 RESULTADOS

Nas três pesquisas, o número de mulheres foi maior do que o de homens.

Assim, em 1975, 42,3% dos idosos eram do sexo masculino e 52,7% do sexo

feminino. Já em 1989, estes percentuais foram de 44,1% e 55,9% e, em 1997, de

44,9% e 55,1%, respectivamente (tabela 1).

Observou-se um aumento do percentual de idosos nas faixas etárias mais

avançadas para ambos os sexos. Assim, os idosos acima de 80 anos que

representavam 6,9% (homens) e 8,6% (mulheres) da população idosa em 1975,

passaram a corresponder a 11,4% (homens) e 14,6% (mulheres) em 1997 (tabela

1).

Tabela 1 - Distribuição (%) dos idosos residentes na região Nordeste e Sudeste

do Brasil, segundo faixa etária e sexo. (ENDEF – 1974/75, PNSN - 1989, PPV –

1996/97).

Homem (%) Mulher (%)Faixa etária

1975

(N=5.102)

1989

(N=1.080)

1997

(N=662)

1975

(N=5.887)

1989

( N=1.228)

1997

( N=853)

60-69 anos 65,4 61,4 57,6 62,7 59,7 55,1

70 a 79 aos 27,7 29,3 31,0 28,7 29,8 30,4

Acima de 80 anos 6,9 9,3 11,4 8,6 10,6 14,6

> 60 anos 42,3 44,1 44,9 52,7 55,9 55,1

Page 47: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

56

A prevalência de baixo-peso ao longo das pesquisas reduziu-se

intensamente, com exceção para os homens do Nordeste rural onde a

prevalência era de 14,3% em 1975 e passou para 13,1% em 1997. Assim, a

prevalência de baixo-peso passou de 27% para 7% nas mulheres do Nordeste

urbano e de 20% para 6% nos homens do Sudeste rural. As prevalências de

baixo-peso em mulheres foram sempre maiores na região Nordeste (23,5% em

1975; 11,8% em 1989; e 9,2% em 1997) do que a na região Sudeste (11,5% em

1975; 6,0% em 1989; e 2,4% em 1997). Para os homens, as diferenças foram

menos acentuadas. Em relação à faixa etária, para quase todas as regiões e

áreas geográficas, a prevalência de baixo-peso aumentou com a idade (tabela 2).

Confirmou-se a predominância de baixo-peso nas áreas rurais nos três

períodos estudados, em todas as regiões e para ambos os sexos. A pior situação

foi verificada em mulheres no Nordeste rural, cujos percentuais de baixo-peso

foram de 28,6% em 1975, 17,7% em 1989 e 14,1% em 1997 (tabela 2).

Page 48: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

57

Tabela 2 - Prevalência expandida de baixo-peso (OMS, 1995) segundo região, situação

de domicílio, sexo e faixa etária em idosos (> 60 anos) residentes nas regiões Nordeste

e Sudeste do Brasil. ENDEF (1975), PNSN (1989) e PPV (1997).

Homem (%)

(<18,5 kg/m2)

Mulher (%)

( <18,5 kg/m2)

Regiões e faixa

etária1975

(N=4.613)

1989

(N=1.080)

1997

(N=662)

1975

(N=5.402)

1989

( N=1.228)

1997

( N=853)

Nordeste 14,1 8,7 8,2 23,5 11,6 9,2

Rural (N) (976) (330) (98) (961) (285) (100)

60 - 69 anos 13,9 10,3 11,1 27,5 17,7 7,9

70 - 79 aos 15,6 11,6 19,9 29,9 17,4 21,0

Acima de 80 anos 12,4 13,1 - 32,5 18,6 28,3

> 60 anos 14,3 11,0 13,7 28,6 17,7 14,1

Urbano (N) (1.027) (274) (214) (1.391) (380) (317)

60 - 69 anos 12,6 4,6 0,5 15,0 6,5 6,9

70 -79 anos 15,5 9,7 11,8 18,0 9,6 6,2

Acima de 80 anos 15,4 5,0 1,5 25,5 12,5 6,5

> 60 anos 13,7 6,6 4,2 16,8 8,3 6,6

Sudeste 13,9 6,8 5,9 11,5 6,0 2,4

Rural (N) (711) (271) (73) (616) (264) (67)

60 - 69 anos 18,1 15,8 5,0 19,0 7,8 2,5

70 -79 anos 22,8 18,3 5,7 27,2 14,6 8,7

Acima de 80 anos 39,0 19,6 9,9 15,0 28,7 26,0

> 60 anos 20,7 16,8 5,6 21,0 11,2 6,1

Urbano (N) (1.899) (205) (277) (2.434) (299) (369)

60 - 69 anos 10,2 2,3 4,4 7,1 2,6 1,5

70 - 79 anos 13,6 10,2 7,7 12,7 11,3 2,4

Acima de 80 anos 9,8 5,5 9,3 9,6 4,5 4,5

> 60 anos 11,1 4,6 6,0 9,0 5,2 2,1

Total 14,0 7,7 6,8 16,1 8,3 4,8

Page 49: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

58

Situação inversa ao que ocorreu com o baixo-peso observou-se para o

sobrepeso tendo as prevalências praticamente dobrado no período de 1975 a

1997. Na pesquisa mais recente, 36,0% dos idosos e 49,1% das idosas

apresentaram sobrepeso. A magnitude do sobrepeso foi sempre mais elevada

para as mulheres nas três pesquisas. Entretanto, o aumento foi maior entre os

homens do que entre as mulheres. Para os homens, houve aumento crescente,

entre as três pesquisas, na prevalência de sobrepeso, independente de região e

área, sendo que o maior aumento ocorreu no Nordeste rural (192%) e o menor no

Sudeste urbano (53,1%). Já para as mulheres, este tipo de aumento ocorreu

apenas no Nordeste rural (172,2%) e urbano (67,3%); no sudeste rural (22,8% -

1975; 38,8% - 1989; 38,9% - 1997) houve estagnação e no sudeste urbano

(45,6% - 1975; 59,2% - 1989; 52,2% - 1997) diminuição nas prevalências de

sobrepeso, quando se considera as pesquisas mais recentes. Há uma tendência

de diminuição das prevalências de sobrepeso, ao contrário do que se observou

para o baixo peso (tabela 3).

Ainda em relação ao sobrepeso, a comparação entre os três estudos

nacionais indica que os diferenciais por sexo aumentam (15,0% – 20,8%) no

período de 1974 a 1989 e diminuem (20,8% - 13,1%) no período de 1989 a 1997.

No período de 15 anos (1975 – 1989), a prevalência de sobrepeso para os

homens idosos cresceu em 64% e em 50% para as idosas. No mesmo período a

média, ajustada por idade, do IMC aumentou 1,17 kg/m2 para os idosos do sexo

masculino e 2,08 kg/m2 para as idosas. O sobrepeso em homens idosos

continuou a aumentar de 1989 a 1997, a prevalência cresceu em 25,0%,

enquanto a média do IMC aumentou 0,81 kg/m2. O sobrepeso em idosas,

entretanto, praticamente não se alterou no período mais recente: a prevalência foi

de 49,3% para 49,1% e a média do IMC de 25,5 kg/m2 para 25,22 kg/m2. Nota-se

que, enquanto a prevalência de sobrepeso aumenta mais que o dobro (105,7%)

para os homens em 23 anos, esse aumento foi menor (51,1%) para as mulheres.

Nos três períodos estudados a prevalência de sobrepeso foi maior na região

Sudeste e na área urbana, para ambos os sexos e mais frequente entre as

mulheres (tabela 3).

Page 50: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

59

Tabela 3 - Prevalência expandida de sobrepeso (OMS, 1995) segundo região, área e

faixa etária em idosos (> 60 anos) residentes nas regiões Nordeste e Sudeste do

Brasil. ENDEF (1975), PNSN (1989) e PPV (1997).

Homem (%)

(>25,0 kg/m2)

Mulher (%)

( >25,0 kg/m2)

Regiões e faixa

etária1975

(N=4.613)

1989

(N=1.080)

1997

(N=662)

1975

(N=5.402)

1989

( N=1.228)

1997

( N=853)

Nordeste 10,0 23,7 26,2 20,8 38,7 45,2

Rural (N) (976) (330) (98) (961) (285) (100)

60 - 69 anos 5,7 14,6 24,4 16,0 29,1 51,6

70 - 79 anos 7,6 19,1 12,1 14,8 31,0 26,2

Acima de 80 anos 9,5 11,5 17,6 9,4 21,3 25,9

> 60 anos 6,6 15,7 19,3 15,1 28,9 41,1

Urbano (N) (1.027) (274) (214) (1.391) (380) (317)

60 - 69 anos 17,7 33,4 37,6 30,6 47,9 49,5

70 - 79 anos 12,3 26,2 26,8 27,2 41,6 46,6

Acima de 80 anos 13,6 37,1 10,7 16,8 34,6 43,3

> 60 anos 15,7 31,0 31,2 28,4 44,1 47,5

Sudeste 23,1 32,7 41,7 40,8 56,5 51,2

Rural (N) (711) (271) (73) (616) (264) (67)

60 - 69 anos 10,4 11,2 19,3 27,8 39,6 51,1

70 - 79 anos 9,0 18,5 34,5 13,9 40,1 19,0

Acima de 80 anos 1,0 13,0 14,7 12,0 14,3 27,7

> 60 anos 9,5 13,3 22,4 22,8 38,0 38,9

Urbano (N) (1899) (205) (277) (2.434) (299) (369)

60 - 69 anos 28,9 41,4 50,1 48,6 62,3 56,3

70 - 79 anos 29,3 29,2 40,3 43,4 56,1 47,5

Acima de 80 anos 22,7 25,6 21,5 33,2 47,7 44,4

> 60 anos 28,6 36,9 43,8 45,6 59,2 52,2

Total 17,5 28,7 36,0 32,5 49,3 49,1

Page 51: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

60

Uma outra abordagem para avaliar as variações do IMC nas três pesquisas

é a de comparar as curvas de distribuição desta variável. Para os homens, as

diferenças na distribuição do IMC entre as pesquisas foram menores para os que

tinham 80 anos ou mais, tendo em vista que as curvas praticamente se

sobrepõem. Já para as mulheres as mudanças mais marcantes na distribuição do

IMC ocorreram entre o ENDEF e as duas pesquisas mais recentes. Como era de

se esperar, estas figuras encontram-se sempre desviadas para a direita devido as

altas prevalências de sobrepeso entre as mulheres (figura 1). Os valores de p

nestas figuras indicam que pelo menos uma das médias é estatisticamente

diferente das demais. Exceção para os homens com 80 anos ou mais, cujo valor

de p foi limítrofe e a variação do IMC mínima. As figuras indicam, ainda que, para

as mulheres, a grande variação ocorreu de 1975 para 1989. Estas variações

foram testadas e estão apresentadas na figura 2 e detalhadas na tabela 4.

Na figura 2, pode-se observar que, para ambos, os sexos as maiores

médias de IMC foram obtidas para o Sudeste urbano seguido do Sudeste rural,

Nordeste rural e urbano. Esta figura inclui as pesquisas como uma única variável,

de forma que os β representam a taxa de aumento do IMC no período (1974 -

1997). O maior aumento (β = 0,15) ocorreu para as mulheres do Nordeste rural e

o menor aumento (β = 0,05), entre as mulheres do sudeste urbano e homens do

nordeste rural. Entre os homens, a tendência de aumento variou de 0,05 unidades

de IMC a 0,08. Todas as variações foram estatisticamente maiores do que zero.

Page 52: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

70-79 anos (homens)

0

10

20

30

40

50

10 15 20 25 30 35 40 45 50

%

P= <0,0001

IMC

0

10

20

30

40

50

10 15 20 25 30 35 40 45 50

% 60-69 anos (mulheres)

IMC

P= <0,0001

0

10

20

30

40

50

10 15 20 25 30 35 40 45 50

IMC

> 80 anos (homens)%

P= 0,05

1975 1989 1997

Figura 1 – Distribuição do Índice de Massa Corporal de idosos das regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, segundo sexo efaixa etária. ENDEF (1975), PNSN (1989) e PPV (1997). Valor de ANOVA comparando os três inquéritos.

0

10

20

30

40

50

10 15 20 25 30 35 40 45 50

% > 80 anos (mulheres)

IMC

P= 0,001

60-69 anos (homens)

0

10

20

30

40

50

10 15 20 25 30 35 40 45 50

%

P= <0,0001

IMC

%

0

10

20

30

40

50

10 15 20 25 30 35 40 45 50

70-79 anos (mulheres)

P= <0,0001

IMC

Page 53: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

Figura 2 – Média e estimativa (β) do aumento do Índice de Massa Corporal ao longo do tempo (1975 a 1997), ajustadas por idade, em

idosos brasileiros, segundo região e situação de domicílio. ENDEF (1974/75), PNSN (1989) e PPV (1996/97).

Homens

20

22

24

26

28

30

1975 1989 1997

IMC

Ano da pesquisa

Mulheres

β = 0,05

β = 0,1

β = 0,11β = 0,15

Legenda:

∆ Sudeste Urbano

× Sudeste Rural

l Nordeste Urbano

� Nordeste Rural

β = 0,08

β = 0,07

β = 0,07β = 0,05

20

22

24

26

28

30

1975 1989 1997

IMC

Ano da pesquisa

Page 54: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

63

Os mesmos dados da figura 2 estão apresentados na tabela 3, quando,

inicialmente, contrastou-se as duas pesquisas mais recentes (PNSN, 1989 e PPV,

1996/97) com o ENDEF (1974/75) e, posteriormente, a PNSN (1989) com a PPV

(1996/97). Assim, considerando-se o ENDEF (1974/75) como linha de base, os

maiores aumentos estimados do IMC se deram para as mulheres, como sugerido

pelos dados da figura 2. Para estas, o maior incremento de massa corporal, de

1975 a 1989, ocorreu no Nordeste urbano (β=2,27) e de 1975 a 1997, (β=3,26) no

Nordeste rural. Excetuando-se os homens do Sudeste rural (β=0,48; IC95%= -

0,01;0,97), no período de 1974 a 1989, os demais intervalos das estimativas não

incluíram o zero. Concluindo-se que em praticamente todas as áreas e regiões

houve aumento do IMC. Tendo a PNSN (1989) como referência, comparou-se as

pesquisas de 1989 e 1997 e observou-se que, para ambos os sexos, só ocorreu

aumento para homens do Sudeste rural (β=1,29), pois para todas as outras

situações os intervalos incluíram o zero (Tabela 4).

Page 55: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

64

Tabela 4 – Estimativa (â ) do aumento do Índice de Massa Corporal e Intervalo de

Confiança de 95% (IC95%), ajustados por idade, segundo região e situação de

domicílio. ENDEF (1975), PNSN (1989) e PPV (1997).

Homem MulherRegião, situação

de domicílio e

ano da pesquisa â (IC95%) â (IC95%)

Linha de base - 1975

Nordeste Rural

1989 0,70 (0,21 – 1,19) 1,70 (1,01 – 2,39)

1997 1,19 (0,34 – 2,03) 3,26 (1,46 – 5,04)

Nordeste Urbano

1989 1,22 (0,59 – 1,85) 2,27 (1,56 – 2,98)

1997 1,72 (1,05 – 2,39) 2,50 (1,52 – 3,48)

Sudeste Rural

1989 0,48 (-0,03 – 0,99) 1,91 (1,00 – 2,85)

1997 1,77 (0,82 – 2,71) 1,93 (0,66 – 3,22)

Sudeste Urbano

1989 1,14 (0,47 – 1,81) 1,51 (0,80 – 2,22)

1997 1,69 (1,00 – 2,38) 1,25 (0,60 – 1,90)

Linha de base - 1989

Nordeste rural

1997 0,49 (-0,45 – 1,43) 1,56 (-0,28 – 3,40)

Nordeste urbano

1997 0,50 (-0,34 – 1,34) 0,23 (- 0,89 – 1,35)

Sudeste rural

1997 1,29 (0,27 – 2,31) 0,02 (-1,45 – 1,49)

Sudeste urbano

1997 0,55 ( -0,37 – 1,47) - 0,26 (-1,16 – 0,64)

Page 56: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

65

5.6 DISCUSSÃO

A situação nutricional dos idosos brasileiros sofreu uma grande alteração

no período de 1975 a 1997. Estimou-se uma redução de 51% para homens e 70%

para mulheres na prevalência de baixo-peso e um aumento do excesso de peso

(IMC > 25 kg/m2) da ordem de 100% para os homens e 50% para as mulheres. A

redução da incidência de doenças infecciosas, a modificação dos hábitos

alimentares e a alteração da atividade física são os possíveis fatores explicativos

(Coitinho et al, 1991).

No Brasil, assim como em vários países o percentual de mulheres idosas é

maior do que o de homens idosos (Costa et al, 2000; Filho & Ramos, 1999;

Ramos et al; 1998) e esta diferença aumenta com o avançar da idade. Segundo

Veras (1994) a maior sobrevida em mulheres se dá por conta da diferença na

exposição ao risco de acidentes de trabalho, de trânsito, homicídios e suicídios;

os homens também consomem mais tabaco e álcool, fatores de risco bem

estabelecidos e associados à mortalidade; há o maior cuidado das mulheres em

relação à própria saúde, e a diminuição importante da mortalidade materna, antes

uma das principais causas de morte prematura em mulheres.

Da presente análise, destaca-se os altos índices de excesso de peso entre

a população idosa brasileira, chegando a 50% em mulheres e a 40% entre os

homens no inquérito mais recente. Comparando ao ENDEF (1975), evidenciou-se

um importante ganho de peso entre os idosos no período. Como esperado,

observou-se também uma maior prevalência de baixo-peso em idosos de idade

mais avançada e de sobrepeso em idosos mais jovens, independente de sexo,

região e situação de domicílio. Estudos longitudinais mostram que os idosos

tendem a perder massa muscular ao longo do tempo (Andres, 1985). Além disto,

ocorre redução das estruturas celulares, água corporal e peso (Incalzi et al, 1996).

Contudo, ocorre aumento (Bouchard et al., 1993) e redistribuição da gordura

corporal (Paolisso et al, 1995).

As prevalências de baixo-peso encontradas no último inquérito realizado

(PPV, 1996/97) foram baixas, 5% em mulheres idosas e 7% em homens idosos,

Page 57: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

66

porém com variações regionais importantes. No Nordeste rural, cerca de 14% dos

idosos apresentaram baixo-peso. A Organização Mundial de Saúde utiliza como

marcador de situação de pobreza, entre população adulta, os valores de 10 a

19% (WHO, 1995). Adicionalmente, o baixo-peso em idosos tem sido apontado

como fator mais fortemente associado à mortalidade do que o excesso de peso

(Harris et al., 1997; Sichieri et al., 1992; Andres, 1985). O baixo-peso é também

fator de risco para infecções e importante causa de morbidade e mortalidade em

idosos (Tayback et al, 1990; Chandra, 1990). Assim, é preocupante a alta

prevalência encontrada no Nordeste rural.

No presente estudo o sobrepeso foi mais frequente na área urbana do

Sudeste, enquanto que o baixo-peso na área rural do Nordeste, evidenciando que

importantes diferenças socioeconômicas persistem entre as áreas geográficas

avaliadas, refletindo, conforme salientado por Tavares & Anjos (1999) a presença

de fatores relacionados a condições de vida, história ocupacional e estilos de

vida.

Utilizando a classificação de idosos aos 65 anos, Monteiro et al. (2000),

avaliaram a tendência temporal de obesidade em adultos e idosos (> 20 anos) da

região Nordeste e Sudeste do Brasil (1974/75 – 1996/97) e evidenciaram o

aumento de obesidade (IMC > 30 kg/m2) entre homens e mulheres de todas as

faixas etárias, com exceção dos homens residentes em áreas rurais. Para os

idosos do sexo masculino, as prevalências de obesidade foram crescentes: 3%

em 1975, 5% em 1989 e 6% em 1997. Para as idosas, esses valores foram

sempre maiores: 10% em 1975, 18% em 1989 e 13% em 1997. Outra análise da

variação temporal do IMC em adultos (> 20 anos) brasileiros, no período de 1975

a 1989, revelou que, em 1989, os idosos (> 80 anos) apresentavam um risco,

cerca de 3 vezes maior de baixo-peso (< 20 kg/m2) que adultos de 40 a 50 anos.

Neste período, para os homens idosos, a prevalência de baixo-peso reduziu-se de

30 para 20% e de sobrepeso (> 25 kg/m2) aumentou de 18 para 28% (Sichieri et

al, 1994).

Os pontos de corte para baixo-peso e para a definição de idosos têm sido

variáveis. Assim, para Coitinho et al. (1991) as prevalências de baixo-peso (IMC <

Page 58: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

67

20 kg/m2) em idosos (> 65 anos) brasileiros na Pesquisa Nacional de Saúde e

Nutrição (1989) foram de 20% nos homens e 17% nas mulheres. Anderson

(1997), neste mesmo inquérito, utilizando ponto de corte para idade de 60 anos e

para baixo-peso de 20 kg/m2 verificou que 18,5% dos homens e 14,6% das

mulheres apresentaram baixo-peso. Observa-se que há um importante diferencial

nas prevalências de baixo-peso, em relação ao nosso estudo, que foram de 7,7%

para os homens e de 8,2% para as mulheres. Para o sobrepeso, os valores

obtidos por Anderson (1997) foram de 30,4% para os homens e de 50,4% para as

mulheres, enquanto que no presente estudo, estes valores foram de 28,7% e

49,5%, respectivamente. Assim, deduz-se que as prevalências são muito

sensíveis à alterações no ponto de corte.

Ainda em relação à PNSN (1989), Tavares & Anjos (1999) utilizaram

pontos de corte para idade, baixo-peso e sobrepeso iguais aos utilizados neste

estudo e observaram, para o Brasil como um todo, prevalências semelhantes

(baixo-peso: 7,8 - homens idosos, 8,4% - mulheres idosas; sobrepeso: 30,0% -

homens idosos, 50,2% mulheres idosas). Estes achados indicam que o Nordeste

e Sudeste brasileiros nos dão estimativas bastantes aproximadas para o Brasil.

A adoção de pontos de corte mais altos do Índice de Massa Corporal de

acordo com o aumento da idade, tanto para baixo-peso como para sobrepeso tem

sido sugerida há vários anos (Heiat et al, 2001; Andres, 1985). As questões sobre

qual o peso que está associado à menor mortalidade e morbidade em diferentes

idades, e os efeitos da perda e variação do peso na mortalidade e morbidade

permanecem controversos (Troiano et al, 1996; Pamuk et al, 1992; Willett et al,

1991). Se novos limites de IMC fossem adotados, as prevalências de baixo-peso

e sobrepeso sofreriam importantes alterações. Assim, estudar avaliações da

distribuição do IMC ao longo do tempo mostram um retrato mais claro das

modificações do estado nutricional.

Uma vez que a tendência de aumento do sobrepeso, tem sido

acompanhado de redução da mortalidade em países desenvolvidos, questiona-se

suas implicações na morbidade e mortalidade, particularmente em populações

que envelhecem (Kuczmarski et al, 1994).

Page 59: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

68

Nos Estados Unidos, a prevalência de sobrepeso (IMC > 25 kg/M2)

aumentou para homens idosos e manteve-se estável para as mulheres idosas de

1960 a 1994. Para homens de 60 a 69 anos, a prevalência aumentou de 52%

para 70% e de 70 a 79 anos, de 36% para 63%. Para as mulheres, a tendência de

aumento foi mínima. Assim, a prevalência variou de 63% em 1960, para 64% em

1994, mantendo-se igual para as mais idosas na faixa de 60%. Para os indivíduos

com idade igual ou superior a 80 anos, as prevalências foram avaliadas somente

na pesquisa mais recente (NHES III) e foram similares para os ambos sexos:

50,7% para homens e 50,1% para mulheres (Flegal et al, 1998). Estes valores

são consideravelmente maiores que os achados para a população idosa

brasileira. Estes inquéritos evidenciaram, também, menores aumentos do IMC

nos grupos etários mais avançados, principalmente entre as mulheres (Flegal &

Troiano, 2000), assim como observado no presente estudo.

O aumento de sobrepeso tem ocorrido em todos os continentes e tende a

ser menor nas idades mais avançadas, possivelmente, devido a um efeito de

sobrevida. Em países em desenvolvimento, estudos recentes, também apontam

para o aumento do sobrepeso. Estudo realizado em Maurício, na África, mostrou

que a proporção de homens obesos cresceu de 3,4%, em 1987, para 5,3%, em

1992, enquanto que a proporção de mulheres obesas cresceu de 10,4% a 15,2%

no mesmo período (Dowse et al, 1995; Hodge et al, 1996).

No Brasil, o deslocamento para a direita das distribuições do IMC,

indicando um ganho de peso da população idosa em 22 anos, pode estar

relacionado a mudanças na atividade física. No município do Rio de Janeiro,

observou-se que na população como um todo e particularmente entre os idosos a

atividade física de lazer é de baixa prevalência. Assim, 77,4% dos homens idosos

e 82,0% das idosas relataram não realizar nenhuma atividade física de lazer

(Sichieri, 1998). Os idosos e os indivíduos de baixa escolaridade são os grupos

onde a realização de atividade física de lazer é menos frequente. Adicionalmente,

o grupo de idosos refere assistir televisão por mais horas do que o de adultos

(Gomes et al., 2001). Na PPV somente 18% da população referiu realizar alguma

Page 60: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

69

atividade física de lazer, sem diferença entre o Nordeste e o Sudeste (Castro,

2001).

É importante destacar que, o aumento no IMC ocorreu de forma importante

e significativa entre os inquéritos de 1975 e 1989. No período mais recente (1989

-1997), o aumento se deu somente para homens do Sudeste rural, o único grupo

que não apresentou aumento do IMC no período de 1975 a 1989.

Possíveis limitações desta análise decorrem de diferenças no período de

coleta de dados (um ano para o ENDEF e a PPV, e aproximadamente dois

meses, para a PNSN), sendo que a variação sazonal poderia ter influenciado a

variável peso de forma diferenciada, entre os dois estudos. Contudo, não existem

evidências de que ocorra sazonalidade no peso de idosos no Brasil e na

realidade, esse fenômeno é mais característico de sociedades

predominantemente rurais e de países frios (Davidson et al., 1979).

Adicionalmente, combinar dados de diferentes inquéritos com planos complexos

de amostragem é uma tarefa de difícil execução, uma vez que, nos diferentes

inquéritos, foi necessário restringir a análise, somente para as regiões que o

inquérito mais recente contemplou. A estratificação não foi a mesma entre os

inquéritos e a amostragem por conglomerado altera a variância, pois os

elementos do mesmo conglomerado tendem a ser mais semelhantes do que a

população como um todo. Assim, dados provenientes de planos complexos

devem ser analisados através de métodos que considerem o desenho de estudo,

uma vez que a informação, a partir de uma amostra por conglomerados, traduz-se

em estimativas que são menos precisas do que as obtidas usando amostragem

simples. Na nossa pesquisa observamos que o efeito de desenho (erro padrão

bruto/ erro padrão corrigido) foi de aproximadamente dois.

Outra possível limitação deste estudo decorre de sobrevivências seletivas e

desiguais nos três inquéritos. Considera-se ainda que, a população idosa,

provavelmente apresenta uma proporção maior de pessoas vivendo em

instituições, e estes percentuais podem estar aumentando mais recentemente.

Page 61: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

70

Como os inquéritos avaliados não contemplam indivíduos institucionalizados, a

exclusão de uma proporção diferenciada de indivíduos institucionalizados de

acordo com o inquérito, pode ter influenciado nas estimativas do estado

nutricional.

Page 62: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

71

6.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDERSON I. P. A saúde e condições de vida do idoso no Brasil. 1997. 100f.

Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Medicina Social.

Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

ANDRES, R. Mortality and obesity: the rationale for age-especific height-weight

tables. In: ANDRES, R. (Ed.); BIERMAN, E.L. (Ed.); HAZZARD, W.R. (Ed.).

Principles of geriatric medicine. New York: McGrawHill, 1985.

BOUCHARD, C.; DESPRÉS, J. P.; MAURIÉGE, P. Genetic and nongenetic

determinants of regional fat distribuition. Endocrine Reviews , v. 14, n.1, p. 72–92.

1993.

CASTRO, J.F.G. Padrões de consumo alimentar e índice de massa corporal na

regiões nordeste e sudeste do Brasil. 2001. 66f. Dissertação (Mestrado em Saúde

Coletiva) – Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de

Janeiro, Rio de Janeiro.

CHANDRA, R.K. The relation between imunology, nutrition and disease in elderly

people. Age and Ageing, v.19, p. 525-531, 1990.

COITINHO, D. C. et al. Condições nutricionais da população brasileira: adultos e

idosos. Brasília, D.F.: INAN, 1991. 39 p.

COSTA, M.F.F.L. et al. The Bambuí health and ageing study (BHAS):

methodological approach and preliminary results of a population-based cohort

study of the elderly in Brazil. Rev. Saúde Pública, v.34, n.2, p.26-35, 2000.

DAVIDSON et al. Human nutrition and dietetics. London: Churchill Livingstone,

1979.

DOWSE G.K. et al. Changes in population cholesterol concentrations and other

cardiovascular risk factor levels after five years of the non-comunicable disease

intervention programme in mauritius . British medical journal, v.311, p.1255-1259,

1995.

Page 63: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

72

FILHO, J.M.C.; RAMOS, R. L. Epidemiologia do envelhecimento no Nordeste do

Brasil: resultados de inquérito domiciliar. Rev. Saúde Pública, v.33, n.5, p.445-

453, 1999.

FLEGAL K. M., et al. Overweight and obesity in the United States: prevalence and

trends, 1930-1994. Int. J. Obes., v.22, p. 39-47, 1998.

FLEGAL K. M.; TROIANO R. P. Changes in the distribution of body mass index of

adults and children in the US population. International Journal of Obesity, v.24

p.807-818, 2000.

GOMES V.B.; SIQUEIRA, K.S.; SICHIERI R. Atividade fisica em uma amostra

probabilistica da população do municipio do Rio de Janeiro. Cadernos de Saude

Pública, v.17, n.4, p.969- 976, 2001.

HARRIS, T. B. et al. Carrying the burden of cardiovascular risk in old age:

association of weight and weight change with prevalent cardiovascular disease,

risk factors, and health status in the Cardiovascular Health Study. American

Journal of Clinical Nutrition, v. 66, n. 4, p. 737, 1997.

HEIAT, A.; VACCARINO, V.; KRUMHOLZ, H. M. An Evidence-based assesment

of federal guidelines for overweight and obesity as they apply to elderly persons.

Archives of Internal Medicine, v. 161, p. 1194-1203, 2001.

HODGE, A. M. et al. Incidence, increasing prevalence, and predictors of change in

obesity and fat distribution over 5 years in the rapidly developing population of

Mauritius. Int. J. Obes. Relat. Metab. Disord., v.20, p.137-146, 1996.

IBGE (FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA).

Estudo Nacional da Despesa Familiar – ENDEF: Manual de instruções. Rio de

janeiro, 1974.

______. Pesquisa sobre padrões de vida: 1996-1997. Rio de Janeiro: IBGE, 1998.

CD-ROM.

INAN (INSTITUTO NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO). Pesquisa Nacional

sobre Saúde e Nutrição: PNSN – 1989: arquivo de dados da pesquisa. Brasília: INAN,

1990.

Page 64: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

73

INCALZI, R. A. et al. Nutritional assessment: a primary component of

multidimendional geriatric assessment in acute care setting. Journal of the

American Geriatric Society, v. 144, p. 166–174, 1996.

KUCZMARSKI, R. J et al. Increasing prevalence of overweight among US adults:

the National Health and Nutrition Examination Surveys 1960 to 1991. Journal of

the American Medical Association, v.272, p.205-211, 1994.

MONTEIRO, C. A. et al. Shifting obesity trends in Brazil. European Journal of

Clinical Nutrition, v. 54, p. 342-346, 2000.

PAMUK E. R. et al. Weight loss and mortality in a national cohort of adults: 1971-

1987. Am. J. Epidemiol., v.136, p.686-697,1992.

PAOLISSO, G. et al. Body composition, body fat distribuition, and resting

metabolic rate in healthy centenarians. Am. J. Clin. Nutr. V. 62, p. 746–750, 1995.

RAMOS, L. R. et al. Two-year follow-up study of elderly residents in S. Paulo,

Brazil: methodology and preliminary results. Rev. Saúde Pública, v.32, n.5, p.397-

407, 1998.

SAS INSTITUTE INC. SAS/STAT user’s guide version 8. Cary, NC: SAS Institute,

2000. V. 1, 3p.

SICHIERI, R. Epidemiologia da obesidade. Rio de janeiro: EdUERJ, 140 p. 1998.

______ et al. High temporal, geographic and income variation in body mass index

among adults in Brazil. American Journal of Public Health, v. 84, n. 5, p.793 – 798,

1994.

TAVARES, E. L.; ANJOS, L. A. Perfil antropométrico da população idosa

brasileira: resultados da pesquisa nacional sobre saúde e nutrição. Cadernos de

Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 15,n. 4. p. 759-768, 1999.

TAYBACK, M.; KUMANYKA S; CHEE, E. Body weight as a risk factor in the

elderly. Archives of Internal Medicine, v. 150, p. 1065-1072, 1990.

TROIANO R. P. et al. The relationship between body weight and mortality: a

quantitative analysis of combined information from existing studies. Int. J. Obes.,

v. 20, p. 63-75, 1996.

Page 65: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

74

UNO (UNITED NATION ORGANIZATION). Departament of International

Economic and Social Affairs (UNO, Diesa). The world aging situation:

Strategies and Policies. Comunicação técnica, United Nation, Nova York,

1985b.

VERAS, R. P. País jovem de cabelos brancos: a saúde do idoso no Brasil. 2. ed.

Rio de Janeiro: Relumé–Dumará, 1994. p. 224.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Physical status: the use and

interpretation of anthropometry: report a WHO Expert Commitee. Geneva:

WHO, 1995. (Technical report series, n.854).

WILLETT, W.C. et al. New weight guidelines for Americans: justified or

injudicious? Am. J. Clin. Nutr., v.53 p.1102-1103, 1991.

Page 66: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

76

7. CONCLUSÕES

Conclui-se que há uma alta prevalência de sobrepeso entre idosos,

principalmente no sexo feminino. Contudo, a tendência de aumento do sobrepeso

tem se dado de forma mais intensa entre os homens do que entre as mulheres.

Como as mulheres ganharam peso, no primeiro período do estudo, sofrem um

efeito-limite para o ganho de peso. Dada a importância do sobrepeso como fator

de risco para a doença cardiovascular e o diabetes tipo 2, muito frequentes neste

grupo de idade, medidas de prevenção entre adultos jovens possivelmente

contribuirão para a saúde dos idosos.

As altas prevalências de baixo-peso ainda encontradas no Nordeste rural e

a de sobrepeso no Sudeste urbano revelam que estudos para a população idosa

brasileira devem considerar a heterogeneidade socioeconômica do país, que,

certamente, é um forte determinante dos agravos nutricionais para os idosos.

Tendo em vista que o problema do baixo-peso continua existindo de forma

importante para a população idosa do Nordeste rural, há que se considerar

análises mais detalhadas, pois é possível que tais casos possam ser secundários

ou concomitantes às patologias. Para isto, ressalta-se a importância de se

aprofundar informações nutricionais para o estabelecimento de práticas de

monitoramento e direcionamento de intervenções adequadas às diferentes

necessidades dos grupos de idosos. As diferenças relativas a sexo, faixa etária,

região geográfica e situação de domicílio remetem também, à necessidade de se

estabelecerem políticas diferenciadas de atuação, de acordo com as

características demográficas, sociais e regionais.

O acompanhamento da situação nutricional dos idosos bem com a geração

de mais informações que auxiliem no entendimento da questão, são fundamentais

para o planejamento e monitoramento das ações de saúde para a terceira idade e

devem ser enfocados como atividades prioritárias na área de alimentação e

nutrição, pois, mantida a tendência demográfica atual, em 23 anos, o número de

idosos superará 30 milhões (UNO, 1985a).

Page 67: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

77

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDERSON I. P. A saúde e condições de vida do idoso no Brasil. 1997. 100f.

Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Medicina Social.

Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

ANDRES, R. Mortality and obesity: the rationale for age-especific height-weight

tables. In: ANDRES, R. (Ed.); BIERMAN, E.L. (Ed.); HAZZARD, W.R. (Ed.).

Principles of geriatric medicine. New York: McGrawHill, 1985.

BARRETO, M. L.; CARMO, E. I. Tendências recentes das doenças crônicas no

Brasil. In: LESSA, I. (Org). O adulto brasileiro e as doenças da modernidade:

epidemiologia das doenças não-transmisíveis. São Paulo: HUCITEC, 1998.

p.139-153.

BENDER, R. et al. Effect of age on excess mortality in obesity. JAMA, v. 281, n.

16, p. 1498-1504, 1999.

BOUCHARD, C.; DESPRÉS, J. P.; MAURIÉGE, P. Genetic and nongenetic

determinants of regional fat distribuition. Endocrine Reviews , v. 14, n.1, p. 72–92.

1993.

BRASIL. Ministério da Saúde. População residente – Brasil. [Brasília, DF: MS],

2002. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br> . Acesso em: 16 abr. 2002.

BRASIL. Política Nacional da Saúde do Idoso. Lei no. 8842 de 4 janeiro de1994.

Diário Oficial da União, Brasília, DF, ano 132, n. 3, p. 77-79, 5 jan. 1994. Seção 1.

BRAY, G. A. 1991. Obesidad: conocimientos actuales sobre nutrición. 6. ed.

Washington, D.C.: OPS, 1991. (Publicación Científica, 532).

CAMPBELL, A. J. et al. Anthropometric measurements as predictors of mortality in

community population aged 70 years and over. Age and Ageing, v. 19, p. 131-135,

1990.

Page 68: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

78

CASTRO, J.F.G. Padrões de consumo alimentar e índice de massa corporal na

regiões nordeste e sudeste do Brasil. 2001. 66f. Dissertação (Mestrado em Saúde

Coletiva) – Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro,

Rio de Janeiro.

CHANDRA, R.K. The relation between imunology, nutrition and disease in elderly

people. Age and Ageing, v.19, p. 525-531, 1990.

COITINHO, D. C. et al. Condições nutricionais da população brasileira: adultos e

idosos. Brasília, D.F.: INAN, 1991. 39 p.

CORNONI-HUNTLEY, J. C. et al. An overview of body weight of older person,

including the impact on mortality: the national health and nutrition examination

survey. I _ epidemiologic follow-up study. Journal of Clinical Epidemiology. v. 44,

743-753, 1991.

COSTA, M.F.F.L. et al. The Bambuí health and ageing study (BHAS):

methodological approach and preliminary results of a population-based cohort

study of the elderly in Brazil. Rev. Saúde Pública, v.34, n.2, p.26-35, 2000.

DAVIDSON et al. Human nutrition and dietetics. London: Churchill Livingstone,

1979.

DOWSE G.K. et al. Changes in population cholesterol concentrations and other

cardiovascular risk factor levels after five years of the non-comunicable disease

intervention programme in mauritius . British medical journal, v.311, p.1255-1259,

1995.

EVELETH, P. B.; TANNER, J. M. Worldwide variation in human growth. 2nd ed.

Cambridge: Cambridge University Press, 1990.

FILHO, J.M.C.; RAMOS, R. L. Epidemiologia do envelhecimento no Nordeste do

Brasil: resultados de inquérito domiciliar. Rev. Saúde Pública, v.33, n.5, p.445-453,

1999.

FLEGAL K. M., et al. Overweight and obesity in the United States: prevalence and

trends, 1930-1994. Int. J. Obes., v.22, p. 39-47, 1998.

Page 69: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

79

FLEGAL K. M.; TROIANO R. P. Changes in the distribution of body mass index of

adults and children in the US population. International Journal of Obesity, v.24

p.807-818, 2000.

GIBSON, R. S. Principles of nutrition assessment. Oxford: Oxford University Press,

1990.

GOMES V.B.; SIQUEIRA, K.S.; SICHIERI R. Atividade fisica em uma amostra

probabilistica da população do municipio do Rio de Janeiro. Cadernos de Saude

Pública, v.17, n.4, p.969- 976, 2001.

HARRIS, T. B. et al. Carrying the burden of cardiovascular risk in old age:

association of weight and weight change with prevalent cardiovascular disease,

risk factors, and health status in the Cardiovascular Health Study. American

Journal of Clinical Nutrition, v. 66, n. 4, p. 737, 1997.

HARRIS, T. B. et al. Body mass index and mortality among nonsmoking older

persons: the Framinghan Heart Study. Journal of The American Medical

Association, v. 259, n. 10, p. 1529-34, 1988.

HEIAT, A.; VACCARINO, V.; KRUMHOLZ, H. M. An Evidence-based assesment of

federal guidelines for overweight and obesity as they apply to elderly persons.

Archives of Internal Medicine, v. 161, p. 1194-1203, 2001.

HEITMAN, B. L. Mortaliy associated with body fat, fat-free mass and body mass index

among 60-year-old Swedish men-a 22-year follow-up: the study of men born in 1913.

Int. J. Obes. Relat. Metab. Disord., v. 24, n. 1, p. 33-37, 2000.

HODGE, A. M. et al. Incidence, increasing prevalence, and predictors of change in

obesity and fat distribution over 5 years in the rapidly developing population of Mauritius.

Int. J. Obes. Relat. Metab. Disord., v.20, p.137-146, 1996.

IBGE. Censo demográfico. Rio de Janeiro: IBGE, 1973. [8º Recenseamento Geral

do Brasil, 1970].

______. Censo demográfico. Rio de Janeiro: IBGE, 1991: Análises preliminares.

Rio de Janeiro, 1992.

Page 70: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

80

IBGE (FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA).

Estudo Nacional da Despesa Familiar – ENDEF: Manual de instruções. Rio de

janeiro, 1974.

______. Pesquisa sobre padrões de vida: 1996-1997. Rio de Janeiro: IBGE, 1998.

CD-ROM.

INAN (INSTITUTO NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO). Pesquisa Nacional

sobre Saúde e Nutrição: PNSN – 1989: arquivo de dados da pesquisa. Brasília: INAN,

1990.

INAN; IPES; IBGE. Pesquisa nacional sobre saúde e nutrição – 1988: manual do

entrevistador: questionário de saúde e nutrição.

INCALZI, R. A. et al. Nutritional assessment: a primary component of

multidimendional geriatric assessment in acute care setting. Journal of the

American Geriatric Society, v. 144, p. 166–174, 1996.

KALMIJN, S. et al. The association of body weight and anthropometry with

mortality in elderly mens: the Honolulu Heart Program Int. J. Obes. Relat. Metab.

Disord., v.23, n. 4, p. 395-402, 1999.

KUCZMARSKI, R. J et al. Increasing prevalence of overweight among US adults:

the National Health and Nutrition Examination Surveys 1960 to 1991. Journal of

the American Medical Association, v.272, p.205-211, 1994.

KUCZMARSKI, R. J. et al. Varying body mass index cutoff points to describe

overweight prevalence among U.S. adults: NHANES III (1988 to 1994). Obes.

Res., v. 5, n. 6, p. 542-548, 1997.

MATILLA, K; HAAVISTO, M; RAJALA, S. Body mass index and mortality in the

elderly. British Medical Journal, v. 292, p. 867-868, 1986.

MICOZZI, M.S.; HARRIS, T.M. Age variations in the relation of body mass indices

to estimates of body fat and muscle mass. American Journal of Human Biology, v.

1, p. 457-462, 1990.

Page 71: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

81

MONTEIRO, C. A. et al. Shifting obesity trends in Brazil. European Journal of

Clinical Nutrition, v. 54, p. 342-346, 2000.

PAMUK E. R. et al. Weight loss and mortality in a national cohort of adults: 1971-

1987. Am. J. Epidemiol., v.136, p.686-697,1992.

PAOLISSO, G. et al. Body composition, body fat distribuition, and resting

metabolic rate in healthy centenarians. Am. J. Clin. Nutr. V. 62, p. 746–750, 1995.

PATRICK, J. M.; BASSEY, E. J.; FENTEM, P. H. Changes in body fat and muscle

in manual workers at and after retirement. European Journal of Applied Physiology

and Ocupational Physiology, v. 49, p. 187-196, 1982.

RAMOS, L. R. et al. Two-year follow-up study of elderly residents in S. Paulo,

Brazil: methodology and preliminary results. Rev. Saúde Pública, v.32, n.5, p.397-

407, 1998.

RISSANEN, A. Weight and mortality in finish men. Journal of Clinical

Epidemiology, v. 42, n.8, p. 781-789, 1989.

RISSANEN, A. et al. Weight and mortality in finish women. Journal of Clinical

Epidemiology, v. 44, n.8, p. 787-795, 1991.

SAS INSTITUTE INC. SAS/STAT user’s guide version 8. Cary, NC: SAS Institute,

2000. V. 1, 3p.

SICHIERI, R. Epidemiologia da obesidade. Rio de janeiro: EdUERJ, 140 p. 1998.

______ et al. High temporal, geographic and income variation in body mass index

among adults in Brazil. American Journal of Public Health, v. 84, n. 5, p.793 – 798,

1994.

______ et al. Relative weight classifications in the assesment of underweight and

overweight in the United States. Int. J. Obes., v. 16, n. 4, p. 303-12, 1992.

SORKIN, J.D.; MULLER, D.; ANDRES. R. Longitudinal change in height of men

and women: implications for interpretation of the body mass index: the body

longitudinal study of aging. Am. J. Epidemiol., v. 150, n. 9, p. 969-977, 1999.

Page 72: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

82

STEEN, B. Body composition and aging. Nutrition Reviews , v. 46, n. 2, p. 45-51,

1988.

STEVENS, J. et al. The effect of age on the association between body-mass index

and mortality. N. Engl. J. Med., v. 338, n. 1, p. 1-7, 1998.

TAVARES E.L. Antropometria e envelhecimento: considerações metodológicas

sobre seu uso em idosos e situação nutricional da população idosa brasileira em

1989. 1997. 93f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Escola Nacional de

Saúde Pública, Rio de Janeiro.

TAVARES, E. L.; ANJOS, L. A. Perfil antropométrico da população idosa

brasileira: resultados da pesquisa nacional sobre saúde e nutrição. Cadernos de

Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 15,n. 4. p. 759-768, 1999.

TAYBACK, M.; KUMANYKA S; CHEE, E. Body weight as a risk factor in the

elderly. Archives of Internal Medicine, v. 150, p. 1065-1072, 1990.

TROIANO R. P. et al. The relationship between body weight and mortality: a

quantitative analysis of combined information from existing studies. Int. J. Obes., v.

20, p. 63-75, 1996.

UNITED NATION ORGANIZATION (UNO). Departament of International Economic

and Social Affairs (UNO, Diesa). Periodical on Ageing. 1984, v.1, n.1, United

narion, Nova York, 1985a.

______. The world aging situation: strategies and policies: comunicação técnica.

New York: United Nation, 1985b.

VASCONCELLOS, M. T. L. Análise crítica dos métodos de avaliação nutricional de

populações, a partir de dados de consumo familiar de energia. 2001. 231f. Tese.

(Doutorado em Saúde Pública) - IBGE, MS/Ensp/FioCruz.

VASCONCELLOS, M. T. L. Metodologia do estudo nacional da despesa familiar:

objetivos, descrição e metodologia usada no ENDEF. Rio de Janeiro: IBGE, 1983.

134 p. (Estudo Nacional da Despesa Familiar, v. 3. Publicações especiais, t.4,

pt.1).

Page 73: Adriana Simone da Cunhathesis.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/pdf/cunhaasm.pdf · 2005-08-24 · Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957) 4 ... Este mesmo critério é adotado

83

VERAS, R. P. Considerações sobre desenhos de pesquisa para estudos com

população idosa no Brasil. Rio de Janeiro: UERJ, IMS, 1992. p. 12.

VERAS, R. P. País jovem de cabelos brancos: a saúde do idoso no Brasil. 2. ed.

Rio de Janeiro: Relumé–Dumará, 1994. p. 224.

WAALER, H. Height, weight and mortality: the Norwegian experience. Acta Medica

Scandinavica, v. 679, 1-56. 1984. Supplementum.

WAALER, H.T. Hazard of obesity: the Norwegian experience. Acta Medica

Scandinavica, v. 723, p. 17-21,1988. Supplementum.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Health of the elderly. Geneva: WHO,

1989. (Technical report series, n.779).

______. Physical status: the use and interpretation of anthropometry: report a

WHO Expert Commitee. Geneva: WHO, 1995. (Technical report series, n.854).

______. Preventing and managing the global epidemic: report of a WHO

Consultation on Obesity. Geneva: WHO, 1998.

______. World health statistics annual. Geneva: WHO, 1987.

WILLETT, W. C. Weight loss in the elderly: cause of effect of poor health?

American Journal of Clinical Nutrition, v. 66, n. 4, p. 737, 1997.

WILLETT, W.C. et al. New weight guidelines for Americans: justified or injudicious?

Am. J. Clin. Nutr., v.53 p.1102-1103, 1991.