ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS ORIENTAÇÃO FINAL DE ENFERMAGEM

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Adriana Inocenti MiassoSilvia Helena De B. Cassiani

ADMINISTRATION OF MEDICINES: FINAL NURSING ORIENTATION FOR HOSPITAL RELEASE

ADMINISTRACIÓN DE MEDICAMENTOS: ORIENTACIÓN FINAL DE ENFERMERÍAPARA EL ALTA HOSPITALARIA

Adriana Inocenti Miasso1, Silvia Helena De Bortoli Cassiani2

RESUMOEste estudo avaliou a orientaçãofinal de enfermagem para a altahospitalar quanto à terapêuticamedicamentosa em uma clínica deinternação hospitalar. A amostraconstou de 38 pacientes com altahospitalar em dezembro de 2001e fevereiro de 2002 e dos enfer-meiros que os orientaram. Paracoleta dos dados utilizou-se atécnica de observação não parti-cipante. Obtivemos como resul-tados: locais inadequados paraorientação, poucas informaçõespor escrito, curto tempo paraorientação e não utilização deestratégias que confirmem oentendimento do paciente quantoas orientações. Conclui-se queestes aspectos possam estar con-tribuindo para ocorrência de errosde medicação no domicílio, apósa alta hospitalar.

DESCRITORESErros de medicação.Alta do paciente.Educação do paciente.

ABSTRACTThis study assessed the finalnursing orientation for hospitalrelease in what refers to themedicamental therapeutics in aclinic of hospital internment. Thesample was comprised of 38patients that had hospital releasein December of 2001, Februaryof 2002 and of the nurses whooriented them. The technique usedfor collecting data was non-participant observation. Theresults obtained were: inadequateplaces for orientation, few writteninformation, short time for orien-tation and no use of strategies thatconfirm the comprehension of theorientation on the part of thepatient. The conclusion is thatthose problems may be contribu-ting for the occurrence of errorsin the use of medicines at home,after hospital release.

KEY WORDSMedication errors.Patient discharge.Patient education.

RESUMENEste estudio evaluó la orientaciónfinal de enfermería para el altahospitalaria en cuanto a la tera-péutica medicamentosa en unaclínica de internamiento hospita-lario. La muestra constó de 38pacientes con alta hospitalaria endiciembre del 2001, febrero del2002 y de los enfermeros que losorientaron. Para la recolección delos datos se utilizó la técnica deobservación no-participante.Obtuvimos como resultados:locales inadecuados para la orien-tación, pocas informaciones porescrito, corto tiempo para laorientación y no utilización deestrategias que confirmen elentendimiento del paciente encuanto a las orientaciones. Seconcluyó que tales aspectos pue-den estar contribuyendo para laocurrencia de errores de medi-cación en el domicilio, despuésdel alta hospitalaria.

DESCRIPTORESErrores de medicación.Alta del paciente.Educación del paciente.

Recebido: 03/06/2003Aprovado: 16/10/2003

RELATO D

E PESQ

UISA

Administração de medicamentos:orientação final de enfermagempara a alta hospitalar*

* Extraído da Dissertação“Terapêutica medicamen-tosa: orientação e conhe-cimento do paciente naalta e pós-alta hospitalar”,Escola de Enfermagemde Ribeirão Preto - Universi-dade de São Paulo(EERP-USP), 2002.

1 Enfermeira. Doutoranda doPrograma Interunidades deDoutoramento em Enfer-magem da [email protected].

3 Professora Associada doDepartamento de Enfer-magem Geral e Especiali-zada da EERP-USP

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INTRODUÇÃO

Erros relacionados à administração de medica-mentos podem ocorrer tanto no hospital quantono domicílio, após a alta hospitalar do paciente.Sabe-se que muitas vezes o paciente recebe altahospitalar com a prescrição de um grande númerode medicamentos necessários à continuidade doseu tratamento e em decorrência de vários fatoresacaba ocorrendo erros.

A ocorrência de erros de medicação no domicí-lio tem relação com o trabalho do enfermeiro, umavez que é de competência desse profissional edu-car o paciente para o uso correto dos medicamen-tos após a alta hospitalar.

Para tanto o enfermeiro precisa ter conhecimen-to da ação do medicamento no organismo, méto-dos e vias de administração, eliminação, reaçõescolaterais, dose máxima e terapêutica, efeitos tóxi-cos, das técnicas de administração pelas diferen-tes vias, bem como, da anatomia e fisiologia huma-na pois, falhas no conhecimento do enfermeiro re-fletem diretamente na orientação que é fornecidaao paciente.

Estudo detectou conhecimento deficiente dosenfermeiros sobre o nome comercial e genérico domedicamento, propriedades farmacológicas, cál-culo errado do fluxo de infusão intravascular,conhecimento insuficiente acerca das indicaçõesdo medicamento e falta de preparo teórico parasubsidiar a implementação segura da terapiamedicamentosa(1).

Aliado a este contexto observa-se atualmenteque, devido à carência de recursos nasinstituições hospitalares, há uma tendência do re-torno mais precoce do paciente ao domicílio,diminuindo o período disponível para educaçãodo mesmo(2).

O “plano de alta”, como garantia da continui-dade da assistência do paciente após suahospitalização, pode ser uma saída e deve-se con-siderar a importância do envolvimento da famíliaem todas as etapas do plano, devendo para isso,ser orientada e compreender o estado de saúde enecessidades do paciente(3).

O enfermeiro deve avaliar as habilidades dopaciente para se auto-cuidar e o interesse da famí-lia em ajudá-lo, visto que o plano de alta tem comofinalidade tornar o paciente auto-suficiente paraseu cuidado no domicílio ou para ser cuidado pelafamília. Desse modo, o papel do enfermeiro no pro-cesso de alta é o de proporcionar assistência des-de a internação, educando o paciente e a família.

O profissional e o paciente devem constante-mente avaliar seu progresso no que se refere aoprocesso ensino-aprendizagem, uma vez que amudança de comportamento do paciente constituium importante fator para a garantia da continuida-de de sua assistência no domicílio(4).

Quanto às orientações finais estabelecidas noplano de alta, o paciente deve recebê-las antes dohorário previsto para sua saída formal do hospital,evitando o acúmulo de informações nesse momen-to, possibilitando a avaliação de sua compreensãoquanto às informações fornecidas e o esclareci-mento de dúvidas.

Assim sendo, no momento da alta, o enfermei-ro deve reforçar as orientações sobre o plano a serseguido e a importância do retorno para controlemédico (caso seja solicitado pelo médico). O paci-ente deve ser informado que poderá se comunicarcom a equipe sempre que tiver alguma dúvida. Umtelefone que possa ser fornecido para contato coma equipe hospitalar é sempre uma alternativa im-portante no caso de dúvidas.

Grande parte dos pacientes deixa o hospitalcom dúvidas sobre os medicamentos prescritos,dieta a ser seguida, retornos para seguimento edas atividades que poderá realizar e há ainda umnúmero reduzido de informações redigidas pelaenfermagem e fornecidas aos pacientes. O conhe-cimento insuficiente e a carência de entendimentopodem ocasionar uma administração de medica-mentos incorreta e ineficiente(5-6).

Reconhecemos que os pacientes devem terconhecimento de todos os aspectos de seu cuida-do, incluindo a terapia medicamentosa. Devem tam-bém assumir papel ativo no uso de seus medica-mentos através do questionamento e aprendiza-gem de seu tratamento pois, assim, a ansiedaderelacionada à incerteza do tratamento pode ser ali-viada e erros podem ser prevenidos.

OBJETIVO

Avaliar a orientação final de enfermagem para aalta hospitalar no que concerne à terapêuticamedicamentosa, em uma clínica de internação deum hospital universitário do interior paulista.

METODOLOGIA

Tipo de estudo

Trata-se de um estudo descritivo, transversal ede campo.

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População e amostra

A população alvo deste estudo compõe-sede todos os pacientes e enfermeiros da clínicamédica de um hospital universitário do interiordo estado de São Paulo.

A amostra investigada constou de 38 pacien-tes adultos, de ambos os sexos, que receberamalta hospitalar, com prescrição de medicamentospara uso no domicílio, nos meses de dezembrode 2001 e fevereiro de 2002 e dos enfermeirosresponsáveis pela orientação final para alta hos-pitalar desses pacientes.

Coleta de dados

Os dados foram coletados após a aprovaçãodo projeto pelo Comitê de Ética de Pesquisa emSeres Humanos da instituição hospitalar e con-forme Resolução 196/96.

Para a coleta dos dados, a autora permane-ceu na clínica em estudo, diariamente, a partir dohorário em que os médicos residentes chegam àclínica (8 horas), até o término da observação daorientação de enfermagem ao último paciente dealta hospitalar do dia (nos meses de dezembro de2001 e fevereiro de 2002). A confirmação da últi-ma alta hospitalar do dia era obtida junto aosenfermeiros e médicos residentes da unidade.

No momento da alta, era realizada a observa-ção direta não participante da orientação de en-fermagem ao paciente, com a utilização de umroteiro que continha dados referentes ao ambi-ente, prescrição médica, orientação de enferma-gem sobre a terapêutica medicamentosa e dadosrelativos ao paciente e família. Os dados a seremobservados não foram revelados antecipadamen-te aos profissionais da unidade com a finalidadede evitar interferências no comportamento dosmesmos. Os dados oriundos de cada observa-ção eram registrados no roteiro após o términoda mesma. Foi solicitado o consentimento infor-mado aos participantes do estudo.

Análise dos dados

Foi realizada análise quali-quantitativa dosdados. A partir das notas redigidas foram extraí-das as seguintes unidades de análise: o ambien-te da orientação e a prescrição médica, o conteú-do da orientação, o paciente e a família. Nessaetapa foram criados alguns enunciados a partirdas respostas dos pacientes. Tais enunciados selimitaram a conter as sentenças chaves extraídasdas respostas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No aprendizado do paciente, as dificuldadesque surgem podem estar relacionadas aoorientador, ao aprendiz (quando este demonstrapouco interesse e disponibilidade, tem baixa mo-tivação e capacidade de aprendizagem, entre ou-tras), ou ao ambiente onde se desenvolve a situ-ação. A falta de apoio dos familiares também podeinterferir no aprendizado do paciente(7).

Assim, os resultados desse estudo serãoapresentados sob quatro enfoques: o ambienteda orientação e a prescrição médica, o conteúdoda orientação, o paciente e a família.

O Ambiente da orientação e a prescrição médica

AmbienteNo que se refere ao ambiente utilizado para a

orientação final de enfermagem ao paciente dealta hospitalar, verificou-se que para 18 (47,4%)participantes a orientação foi realizada com oenfermeiro dentro do posto de enfermagem e oparticipante em frente ao posto, 7 (18,4%) partici-pantes foram orientados dentro da enfermaria,para 6 (15,8%) participantes a orientação foi rea-lizada com o enfermeiro e o participante em frenteao posto de enfermagem e 4 (10,5%) participan-tes foram orientados no corredor interno próxi-mo às enfermarias. Identificou-se, ainda, 1 (2,6%)participante que foi orientado em frente ao eleva-dor por um auxiliar de enfermagem, 1 (2,6%) quefoi orientado em frente ao posto de enfermagempor um auxiliar de enfermagem e 1 (2,6%) partici-pante que recebeu orientação do enfermeiro norefeitório.

Destaca-se o fato de que 65,8% dos partici-pantes foram orientados próximo ao posto deenfermagem, ambiente este considerado inade-quado para esta atividade tendo em vista o gran-de fluxo de pessoas, a entrega e recolhimento demateriais, o excesso de ruídos referente a rádioligado, telefone tocando, pessoas conversando,dentre outros fatores presentes neste ambienteque podem contribuir para o desvio de atençãodo paciente e enfermeiro durante a orientação.

Ainda com relação à caracterização do ambi-ente utilizado para orientação ao participante, foipossível verificar que 1 (2,6%) participante foiorientado com a presença de rádio ligado e 3(7,9%) com a televisão ligada. Durante a orienta-ção de 15 participantes, o telefone tocou. Todasas orientações de enfermagem foram realizadasem ambientes com pessoas transitando e con-

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versando o que poderia dificultar a audição acercada orientação.

Descrevemos os vários fatores que podem con-tribuir para o desvio de atenção do enfermeiro/par-ticipante no momento da orientação tais comoruídos, fluxo de pessoas entre outros. Nesse mo-mento consideraremos desvio de atenção do en-fermeiro/participante a interrupção da orientaçãode enfermagem.

A esse respeito obtivemos que: 3 enfermeirosforam abordados pelo médico e interromperam aorientação para fornecer ao mesmo informaçõessobre outro paciente, 3 enfermeiros pararam a ori-entação para atender o telefone, 1 foi abordadopelo escriturário e o atendeu e 1 enfermeiro foi abor-dado por uma funcionária que o comunicou que amedicação das oito horas não havia sido adminis-trada ao participante receptor da orientação e, emseguida o enfermeiro preparou e administrou amedicação. Cabe informar que tal orientação foirealizada às dez horas e quinze minutos e, dessemodo, a medicação foi administrada com duas ho-ras e quinze minutos de atraso.

Acreditamos que a interrupção da orientaçãoao paciente ocasionou perda de informações im-portantes à continuidade de seu tratamento bemcomo, diminuiu sua liberdade para expressar-se equestionar.

Desse modo, pode-se considerar que todos oslocais utilizados para orientação ao paciente foraminadequados. Para realização desta atividade de-veria ser utilizado um local reservado, com ausên-cia de ruídos, onde o enfermeiro pudesse realizar aorientação ao paciente e familiar sem que ocorres-se interrupções e desvio de atenção dos mesmos.

As dificuldades de aprendizagem do participan-te podem situar-se nos estímulos excessivos dolocal onde ocorre a orientação bem como na faltade local apropriado (ruídos, temperatura, ilumina-ção e privacidade) para realização das mesmas(7).

Prescrição médica

Observando as receitas médicas destinadas aosparticipantes, identificamos que todas continham adosagem dos medicamentos, a freqüência de utili-zação dos mesmos bem como o uso de abreviaturas.Verificamos ainda que 9 receitas apresentavam letraparcialmente legível, o que dificultava a identificaçãodo nome e dosagem de alguns medicamentos, em4 não constava o tempo de utilização dos medica-mentos, em 3 receitas todos os medicamentos foramprescritos pelo nome comercial e em 11 havia no míni-mo um medicamento prescrito pelo nome comercial.

Sabe-se que a receita médica constitui uma fon-te de informações a qual o paciente pode recorrercaso tenha dúvidas sobre a utilização de seus me-dicamentos. Desse modo os médicos deveriam dis-pensar atenção especial à elaboração da prescri-ção dos medicamentos para uso após a alta hospi-talar, visando à prevenção de erros de medicaçãono domicílio.

A orientação inadequada ao participante so-bre seus medicamentos durante a internação e ofornecimento de uma receita médica parcialmentelegível e/ou com informações ambíguas no momen-to da alta hospitalar constituem fatores potenciaispara os erros de medicação no domicílio.

Passaremos agora à análise do conteúdo daorientação de enfermagem aos participantes doestudo que estavam de alta hospitalar.

O Conteúdo da orientação

O enfermeiro, por atuar diretamente na admi-nistração de medicamentos ao paciente, tem papelprimordial na orientação do mesmo, no que se refe-re à terapêutica medicamentosa.

Nesse estudo verificamos que dos 38 partici-pantes, 36 (94,7%) foram orientados por enfermei-ros e 2 (5.3%) por auxiliares de enfermagem. Estesdois últimos participantes recusaram-se a aguar-dar a orientação do enfermeiro para alta alegandopressa em deixar o hospital. Um dos participantesestava deixando a clínica sem receber as orienta-ções finais, sendo abordado e orientado pelo auxi-liar de enfermagem em frente ao elevador. Vale res-saltar que de acordo com o manual de normas erotinas da instituição em estudo, constitui funçãodo enfermeiro a orientação de pacientes de altahospitalar.

Quanto ao tempo de duração da orientação fi-nal de enfermagem ao paciente de alta hospitalar,constatamos que 28 (73,7%) orientações tiveramduração de 2 a 5 minutos, 7 (18,4%) duraram de 6 a10 minutos e 3 (7,9%) orientações tiveram duraçãosuperior a 10 minutos.

Cabe ressaltar que o tempo de orientação men-cionado foi utilizado para fornecer informaçõesgerais ao paciente incluindo àquelas da terapêuti-ca medicamentosa prescrita.

Não encontramos na literatura estudos queestabelecessem um tempo adequado para orienta-ção do paciente de alta hospitalar uma vez que otempo utilizado depende de uma série de fatoresinerentes ao paciente e tratamento estabelecido.Entretanto, partindo-se de nossa experiência e do

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pressuposto de que o paciente tenha sido orien-tado durante a internação quanto aos aspectosrelevantes para a continuidade de seu tratamen-to, consideramos que um tempo de orientaçãoinferior a 10 minutos seria insuficiente para refor-çar as orientações referentes ao uso de medica-mentos, exames, retornos, cuidados específicostais como alimentação, atividade física, entre ou-tros. Cabe mencionar que para 92,1% dos partici-pantes a orientação final de enfermagem teveduração igual ou inferior a 10 minutos.

No que se refere à orientação de enfermagempor escrito ao participante, para 3 (7,9%) partici-pantes foram anotados, na receita médica, oshorários em que deveriam tomar os medicamen-tos de acordo com os horários em que os utiliza-vam no hospital.

Na educação do paciente, tanto a informaçãoverbal quanto a escrita são importantes e com-plementares. A informação verbal é insuficientedevido ao fato de o paciente priorizar as informa-ções relativas ao diagnóstico em detrimento dasinformações sobre o medicamento. Tem-se aindaa possibilidade de o paciente não compreender ainformação verbal, esquecê-la ou rejeitá-la. O for-necimento de informações escritas, através defolhetos explicativos, tem sido uma maneira efe-tiva de apoiar as orientações verbais fornecidasao paciente a respeito dos medicamentos(8).

Com relação às informações fornecidas aoparticipante sobre o(s) medicamento(s) prescri-tos para uso no domicílio, verificamos que 25enfermeiros leram a receita médica para o partici-pante, 2 apenas entregaram a receita, 6 pergunta-ram ao participante se o médico havia entregue areceita e não orientou o participante sobre osmedicamentos, 3 enfermeiros entregaram a recei-ta e disseram: “Continua as mesmas medicações”.Os dois auxiliares de enfermagem leram a receitamédica para o participante.

Verifica-se que a maioria dos enfermeiros(65,8%) limitou-se a ler a receita médica para oparticipante e, desse modo, forneceu aos mes-mos apenas as informações nela contidas, asquais, como já descrito, eram incompletas.

Atualmente, na rotina da alta hospitalar,observa-se que a responsabilidade da equipe deenfermagem acaba no momento em que ospapéis estão sendo preenchidos e a receita médi-ca está em posse do paciente ou de seus familia-res, o que também pode ser comprovado nesseestudo(9).

Para que o paciente reconheça a necessidadedos medicamentos para manutenção de sua saú-de e tenha uma participação ativa no tratamentode sua doença, é necessário que receba uma ori-entação adequada. Essa orientação deve incluirentre outros aspectos, a finalidade dos medi-camentos, o modo de utilização, os cuidadosque devem ser tomados com os mesmos e comolidar com possíveis efeitos colaterais. Deve ain-da enfatizar a importância da continuidade dotratamento.

Antes de realizar as orientações, o enfermei-ro deve verificar se o paciente sabe ler, com oobjetivo de derivar estratégias que facilitem oaprendizado do mesmo. Vale ressaltar que ne-nhum enfermeiro ou auxiliar de enfermagem queatuou na orientação ao participante identificouse o mesmo sabia ler.

Com relação às estratégias utilizadas paraverificar se o participante compreendeu as ori-entações fornecidas, obtivemos que 33 (86,8%)enfermeiros não verificaram se o participante com-preendeu as orientações e 5 (13,2%) enfermeiros,após ler a receita médica, perguntaram aos par-ticipantes se os mesmos haviam entendido asorientações.

A maioria dos enfermeiros não assume as res-ponsabilidades em relação às orientações minis-tradas, gerando a idéia de que uma vez realizadaa orientação, o profissional já cumpriu seu papel,sem preocupar-se se o paciente assimilou ou nãoas informações fornecidas(7).

O enfermeiro deve assegurar-se de que o pa-ciente compreendeu as orientações ministradase, pedir para que o paciente as repita constituiuma medida eficaz para o alcance desse objetivo.

Durante a internação, o participante deve re-ceber todas as informações necessárias ao usocorreto de seus medicamentos. Deve ainda serencorajado a exercer papel ativo no seu trata-mento e questionar sempre que houver dúvidas.

Enfocando o paciente

Ao orientar o paciente o enfermeiro deve con-siderar entre vários aspectos: as expectativas domesmo quanto à alta hospitalar, o conhecimentoprévio sobre sua doença e tratamento, sua cultu-ra e condições sócio-econômicas.

A grande quantidade e diversidade de expe-riências e conceitos adquiridos previamente e aatividade educacional podem influenciar positi-vamente ou não na sua nova aprendizagem(7).

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Durante a observação da orientação terapêuti-ca de enfermagem, no que se refere ao paciente,vários aspectos foram observados e serão discu-tidos a seguir. Pela riqueza das observações e falasdos pacientes, decidimos estar incluindo algu-mas das falas mais significativas para o estudodessa temática, como forma de ilustrar o conteúdodiscutido.

Durante a orientação na alta hospitalar, dos 38participantes, 11 (28,9%) apresentaram dúvidasquanto aos medicamentos prescritos para uso nodomicílio. Destes, 3 questionaram sobre a dose domedicamento(a).

Eu tenho que tomar 1 comprimido ou meio com-primido de clorana? (p.12)

Durante a internação este paciente fez uso demeio comprimido de clorana por dia e ao ser pornós questionado, antes da orientação final de en-fermagem, se conhecia os medicamentos utiliza-dos na internação, não mencionou o nome destemedicamento, o que demonstra que o participantenão sabia que o estava utilizando durante ainternação.

Foi também prescrito para este participante uti-lizar no domicílio: “Meticorten 5mg, tomar 1,5 cpcedo em dias alternados” e o mesmo questionou:

O meticorten não é de 20 mg? (p 33).

Observando a prescrição feita para o pacienteno último dia de internação verificamos que foiprescrito para o mesmo: “Prednisona 20mg, 1,5 cpcedo em dias alternados”. O enfermeiro orientou oparticipante a telefonar para a clínica no diaseguinte com o objetivo de confirmar a dose domedicamento com o médico. Quando questionadono domicílio, o participante informou que houveum erro na prescrição e o médico o orientou, portelefone, a utilizar 30 mg por dia do medicamento ea comparecer no hospital para realizar a troca dareceita.

Essa situação denota a importância do conhe-cimento do paciente a respeito do medicamentoque utiliza, já que lhe fornece subsídios paraquestionamentos bem como, para opinar sobre aterapêutica medicamentosa empregada. Nesse casoespecificamente, evitou um erro de medicação nodomicílio, assegurando a utilização da dose corre-ta do medicamento.

Para outro participante foi prescrito: “L-Carnitina 500mg/ml, tomar 2 ml de 12/12h (4g/dia)”o qual indagou:

Em casa eu tenho frasco de 250mg/ml, entãoquantos ml eu tenho que tomar? (p.38).

O enfermeiro o orientou a tomar 4ml em cadahorário. Fica evidente que o participante apresen-tou dificuldade em realizar um cálculo de funda-mental importância para o uso correto da dose domedicamento prescrito. Além de pedir ao pacienteque repita as informações fornecidas, o enfermeirodeve estimulá-lo a expressar suas dúvidas, pergun-tar-lhe se possui em casa algum dos medicamen-tos prescritos e qual a dosagem do mesmo, tendoem vista a variedade de formas de apresentaçãodos medicamentos e a dificuldade de alguns paci-entes em realizar os cálculos necessários ao apro-veitamento do medicamento que possui.

Também identificamos que 3 participantes ques-tionaram sobre o nome do medicamento. Ao ler areceita para o participante “Amitriptilina 25mg, to-mar 1 cp 1-2h antes de dormir”, o mesmo pergun-tou:

Essa medicação é nova? (p.1).

Ao verificarmos a prescrição feita para o parti-cipante durante a internação constatamos que omesmo não estava utilizando este medicamento.Como o participante não foi informado de que fariauso do medicamento no domicílio, conseqüente-mente não recebeu informações sobre o mesmo.

Cabe informar que o cloridrato de amitriptilinaconstitui um antidepressivo que pode ocasionar,no usuário, uma série de efeitos colaterais. Desta-ca-se entre os mais freqüentes: secura na boca,hipotensão, turvação visual, constipação, íleo pa-ralítico, tontura, fraqueza, fadiga, aumento ou per-da de peso, sonolência, impotência, entre outros.Além de fornecer as informações presentes na pres-crição médica, caberia ao enfermeiro orientar o par-ticipante enfatizando quanto aos possíveis efeitoscolaterais decorrentes da utilização do medicamen-to e os cuidados a serem tomados na presença dosmesmos, tendo em vista que a medicação seria ini-ciada no domicílio, sem uma monitorização próxi-ma da equipe de saúde.

Foi prescrito para um participante utilizar nodomicílio: “Insulina NPH 12U cedo e Insulina re-gular 4U cedo” e o mesmo indagou:

Tem dois tipos de insulina? (p10).

Durante a internação o participante utilizou In-sulina de ação intermediária 16UI de manhã e 4UI àtarde. Assim, para uso no domicílio, ocorrerammudanças no que se refere ao tipo, dosagem e ho-rário de administração do medicamento e o pacien-

(a) Algumas falas sele-cionadas foramtranscritas para umamelhor compreensãodos problemas. Elassão acompanhadasde uma codificaçãoentre parênteses,que relaciona a res-posta ao indivíduoobservado. Assim, ocódigo (p.1) corres-ponde ao partici-pante observadoque recebeu onúmero de ordem 1.

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te só recebeu essa informação no momento daalta hospitalar.

Este paciente solicitou ainda que fosse escri-to em sua receita a palavra “humana”, pois empós-alta anterior não conseguiu adquirir a insuli-na na Unidade Básica de Saúde devido a ausên-cia dessa palavra na prescrição médica. O enfer-meiro orientou o participante que no hospital omesmo havia feito uso de insulina suína e não deinsulina humana. Diante de tal informação, o pa-ciente mostrou-se ansioso, pediu para conversarcom o médico e questionou:

Então a insulina que eu tomei em casa tavaerrada e descompensou meu diabetes? (p.10).

O médico foi comunicado e realizou as orienta-ções necessárias ao paciente.

Todas as informações referentes à insulina:tipos, horários e locais adequados à administra-ção, entre outras deveriam ter sido fornecidas aoparticipante durante a internação visandoprepará-lo para o uso correto do medicamentoapós a alta hospitalar.

No momento da alta o enfermeiro orientou aoparticipante que deveria utilizar “Tiroxina 75mg,1 comp. cedo” e o mesmo questionou:

Esse medicamento é novo?...Eu tomava Puranantes (p. 16).

O enfermeiro respondeu ao paciente: Agoraé esse. A resposta emitida pelo enfermeiro deno-ta o seu desconhecimento quanto ao medicamen-to prescrito, uma vez que ambos os nomes refe-rem-se a um mesmo princípio ativo. Assim, o par-ticipante recebeu alta hospitalar com a informa-ção de que faria uso de um medicamento que nãoutilizava anteriormente.

Verificamos que um participante questionouse poderia fazer uso de bebida alcoólica duranteo uso do medicamento e o enfermeiro limitou-sea dizer é melhor não. Um questionou sobre onome e indicação do medicamento (perguntouse no caso não encontrar o enalapril poderia com-prar o eupressin e o enfermeiro respondeu quese tratava do mesmo medicamento). Perguntouainda o que era ticlid e o enfermeiro respondeu éum anti-hipertensivo).

Identificamos um participante com dúvidasquanto ao nome e interação com alimentos. Ques-tionou: esse medicamento é novo? referindo-se apenicilamina e se eu tomar os medicamentos comleite faz mal?. O enfermeiro respondeu respecti-vamente esse é novo e não, pode tomar com leite.

Temos um participante que questionou por-que não poderia deitar-se após uso do medica-mento prescrito e, nesse caso o enfermeiro soli-citou ao médico que explicasse ao paciente. Umparticipante perguntou porque utilizoupolaramine apenas um dia e o medicamento nãofoi prescrito para uso no domicílio e o enfermeirodisse que não sabia informar, que o participantedeveria perguntar ao médico.

As situações descritas mostram que o enfer-meiro, embora seja responsável pela administra-ção de medicamentos bem como, pela orientaçãodos pacientes sobre os vários aspectos relativosà terapêutica medicamentosa, nem sempre pos-sui uma base adequada de conhecimento paraassumir essa responsabilidade.

Um estudo que investigou falha no conheci-mento de profissionais de enfermagem a respeitoda administração de medicamentos e suas pro-priedades farmacológicas, detectou conhecimen-to deficiente sobre o nome comercial e farmaco-lógico do medicamento, suas indicações, propri-edades farmacológicas, cálculo incorreto do flu-xo de infusão intravascular e falta de preparo te-órico para subsidiar a implementação segura daterapia medicamentosa(1).

Enfocando a família

Sabe-se que cada vez mais a família tem assu-mido a responsabilidade de continuar cuidandoda saúde de seus membros, necessitando, por-tanto, de apoio dos profissionais no que se refe-re à atenção à saúde, tanto no âmbito hospitalarquanto domiciliar. Em relação à administração demedicamentos, deve ser orientada tanto quantoo paciente para que possa auxiliá-lo nessa tarefacaso necessite.

Assim, consideramos de fundamental impor-tância a presença da família durante as orienta-ções ao paciente. A esse respeito, observamosque dos 38 participantes, 27 (71%) estavam acom-panhados por familiares durante a orientação fi-nal de enfermagem para alta hospitalar. Destes,12 estavam acompanhados por esposo/esposa,6 por filho/filha, 4 por pai/mãe, 3 por irmão/irmã e2 participantes estavam acompanhados pelanora.

Verificamos que 3 familiares apresentaramdúvidas durante as orientações:

Como faz quando o paciente começa amelhorar e não quer mais tomar o remédio?(p 2).

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Esse questionamento do familiar nos remete àhipótese de que em algum momento do tratamentoo participante deixou de utilizar os medicamentosprescritos. Cabe então ao enfermeiro, diante dointeresse do familiar por informações, expor aomesmo e ao participante os resultados benéficos eimportantes que o tratamento correto proporcio-na, assim como os adversos que comumente podeexperimentar e o que o participante deveria fazernesse último caso, estimulando-o a desenvolver aauto-responsabilidade pelo seu tratamento. O en-fermeiro orientou o familiar e o paciente que o nãoseguimento da terapêutica medicamentosa pode-ria causar uma piora da doença.

Quando o nível de informação se amplia, o pa-ciente torna-se mais eficiente no sentido de ter umaparticipação mais ativa no tratamento de sua do-ença e de se auto-cuidar. Uma orientação adequa-da estimula a motivação do paciente para tomar omedicamento corretamente visando o alcance dacura ou melhoria de sua condição de saúde(10).

Quanto aos medicamentos que já utilizava, ob-servamos a seguinte questão de 1 participante:

E os remédios que estava tomando? (p. 30)

O enfermeiro orientou que o participante deve-ria utilizar apenas os medicamentos que consta-vam na receita atual. A experiência mostra que al-guns pacientes acreditam que devem suspenderos medicamentos que já utilizavam, para evitar queinterfiram com os recém-prescritos outros, após aalta, somam os medicamentos recém-prescritos aosque utilizavam anteriormente à internação sem ques-tionar sobre a necessidade dos mesmos ou possí-veis interações com os medicamentos atuais. Res-salta-se a importância de orientar o paciente a in-formar, por ocasião da admissão, o nome de todosos medicamentos que utiliza para que os profissio-nais da saúde possam orientá-lo sobre possíveisinterações com os medicamentos recém-prescritos,necessidade de suspender algum medicamentodevido à introdução de outro, bem como paraorientá-los sobre quais medicamentos deverá utili-zar após a alta hospitalar. Entretanto não basta queo paciente informe o nome dos medicamentos, énecessário que os profissionais responsáveis pelopaciente estejam atentos a essa problemática, erealizem uma orientação efetiva que venha a con-tribuir para a minimização dos erros de medicaçãono pós-alta hospitalar.

Quanto às dúvidas sobre o horário, tivemos aseguinte questão de 1 familiar:

Que horário ele vai tomar as medicações?(p. 32)

O enfermeiro anotou para cada medicamentoda receita os horários em que o participante osutilizava durante a internação. Poderia nessemomento questionar ao participante sobre suas ati-vidades diárias visando relacionar os horáriosde administração dos medicamentos as mesmas(uso antes ou após as refeições, antes de deitar-se, etc.) respeitando as especificidades de cadamedicamento.

Observamos assim que embora, no domicílio,algumas vezes os familiares sejam os responsá-veis pela administração ao paciente, estes poucotêm sido orientados a esse respeito no momentoda alta hospitalar do paciente. Verificamos aindaque mesmo quando questionam sobre o tratamen-to do paciente, recebem um número reduzido deinformações.

O enfermeiro deve considerar que o pacientenão é um ser abstrato e isolado, mas sim que en-contra-se inserido em um contexto social e familiare, desse modo, a mesma preocupação dispensadaao paciente deve ser dispensada à sua família, aqual deve ser compreendida como uma extensãodo paciente(11).

CONCLUSÕES

Os resultados dessa investigação permitiramconcluir que:

• Os enfermeiros dispensaram um período curtode tempo para orientação ao participante (92,1% re-alizaram a orientação em tempo inferior a 10 minu-tos) e desenvolveram essa atividade em locais ina-dequados (presença de ruídos, pessoas transitan-do, etc), o que pôde contribuir para distração doparticipante com conseqüente perda de informaçõesrelevantes à continuidade de seu tratamento;

• A maioria dos profissionais apenas leu a re-ceita médica para o participante, sem identificar seo mesmo compreendeu as orientações fornecidasou se, no domicílio, seria capaz de ler a receita casoesquecesse o modo de administração dos medica-mentos;

• Orientações de enfermagem por escrito foramfornecidas apenas para 3 (7,9%) participantes e li-mitaram-se às anotações quanto aos horários deadministração dos medicamentos, na própria re-ceita médica do participante;

• Onze participantes (33,3%) apresentaram dú-vidas durante a orientação final de enfermagem,sendo essas principalmente a respeito da dose edo nome dos medicamentos;

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Rev Esc Enferm USP2005; 39(2):136-44.

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Adriana Inocenti MiassoSilvia Helena De B. Cassiani

• Os participantes pouco questionaram arespeito da terapia medicamentosa instituída e,quando o fizeram, receberam um número reduzi-do de informações, sendo, essas, algumas vezesincorretas;

• Apesar de, em alguns casos, os familiaresserem os únicos responsáveis pela administra-ção dos medicamentos ao participante, essespouco foram orientados a respeito da terapêuti-ca medicamentosa instituída para o mesmo.

Assim, acreditamos que o reduzido númerode orientações, a respeito da terapêutica medica-mentosa, fornecidas ao participante e familiardurante a internação hospitalar, pode ter contri-

buído para a ocorrência de erros de medicaçãono domicílio, após a alta hospitalar.

A partir dos dados encontrados nessa inves-tigação sugerimos que:

• O enfermeiro, juntamente com a equipe desaúde, elabore um plano de alta individualizadopara o paciente, a partir de sua admissão na ins-tituição, com o objetivo de assegurar a continui-dade de seu tratamento no domicílio;

• A equipe de saúde se mobilize em busca denovas estratégias de ensino, que atendam a ne-cessidade individual do paciente, visando asse-gurar uma administração de medicamentos segu-ra no domicílio.

REFERÊNCIAS

(1) Carvalho VT. Erros na administração de medica-mentos: análise de relatos dos profissionais deenfermagem. [dissertação] Ribeirão Preto (SP):Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP;2000.

(2) Mellone M. Hospital sem paredes: A desinternaçãoé uma das metas para tornar o tratamento aos pa-cientes mais humanizado e baratear os custos ge-rais de internação hospitalar. Rev. Unimed HospRec Próprios [periódico online] 1999. Disponívelem: <http://www.epub.com.br/unimed/hospital>.(10 mar. 1999).

(3) White MJ, Holloway M. Patient concerns afterdischarge from rehabilitation. Rehabil Nurs 1990;15(6):316-8.

(4) Zago MMF, Casagrande LDR. A comunicação doenfermeiro cirúrgico na orientação do paciente: ainfluência cultural. Rev Lat-Am Enferm 1997;5(4):69-74.

(5) Aguillar OM. A alta do paciente cirúrgico no con-texto do sistema de saúde.[dissertação] RibeirãoPreto (SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão Pre-to/USP; 1990.

(6) Holloway A. Patient knowlwdge and informationconcerning medication on discharge from hospital.J Adv Nurs 1996; 24(6):1169-74.

(7) Lage OC. Preparo para alta pós-cirúrgica: resulta-dos da ação andragógica observados durante a visi-ta domiciliar. [dissertação] São Paulo (SP): Escolade Enfermagem da USP; 2002.

(8) Silva T, Dal-pizzol F, Bello CM, Mengue SS,Schenkel EP. Bulas de medicamentos e a informa-ção adequada ao paciente. Rev Saúde Pública 2000;34(2):184-9.

(9) Marin MJS. Levantamento de problemas dos pa-cientes idosos no momento da alta hospitalar. [dis-sertação] Ribeirão Preto (SP): Escola de Enferma-gem de Ribeirão Preto/USP; 1995.

(10) Araújo RC. Aconselhamento ao paciente sobremedicamentos: ênfase nas populações geriátricae pediátrica. [Apresentado no 3º Encontro deCentros de Informação sobre Medicamentos doBrasil; 1999 out 27-30; Vitória].

(11) Andrade OG, Marcon SS, Silva DMP. Como osenfermeiros avaliam o cuidado/cuidador familiar.Rev Gaúcha Enferm 1997; 18(2):123-32.

Correspondência:Adriana Inocenti MiassoRua José Urbano 170,Bl. A2-Ap.46- Jd. PaulistaRibeirão PretoCEP -14091-190 - SP