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1 ACREDITAÇÃO HOSPITALAR PELA ONA: PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS SOBRE O PROCESSO Marlice Dahmer Schmitt * RESUMO Na atualidade, a busca incessante pela melhoria da qualidade dos serviços de saúde prestados, é o caminho para as instituições que buscam a excelência na assistência de saúde. Por isso, os hospitais procuram novos modelos assistenciais e outras formas de gestão, afim de alcançarem resultados capazes de otimizar recursos, intensificar o cuidado humanizado, além de garantir a melhoria dos serviços oferecidos. Nesse contexto, o programa de Acreditação Hospitalar surge como uma possibilidade de promover mudanças no cenário atual. O novo processo de qualidade traz mudanças de hábitos, valores e comportamentos, gerando um ambiente organizacional de excelência. Este estudo tem o objetivo de conhecer a percepção dos enfermeiros de uma Unidade Cirúrgica de um hospital privado de Porto Alegre sobre processo de acreditação hospitalar pela Organização Nacional de Acreditação ONA. Trata- se de uma pesquisa descritiva e exploratória de abordagem qualitativa. Os resultados encontrados demonstram uma percepção positiva dos enfermeiros diante do processo de acreditação. Palavras-chave: Enfermagem. Acreditação hospitalar. Percepção. Enfermeiros. 1 INTRODUÇÃO A enfermagem necessita identificar e caracterizar frequentemente seus conhecimentos e técnicas científicas, onde indicadores de desenvolvimento fazem parte da evolução profissional. Pode-se dizer ainda que os enfermeiros são comprometidos com os serviços que oferecem, possuindo conhecimentos específicos que conduzem suas ações administrativas em busca da excelência da assistência, por meio de uma prática planejada com vistas a um melhor trabalho. * Discente do curso MBA em Gestão em Saúde da Universidade La Salle - Unilasalle, matriculada na disciplina de Trabalho de Conclusão I. E-mail: [email protected], sob a orientação da Profª. M.ª Kátia Lopes Inácio. E-mail: [email protected]. Data de entrega: 09 mar. 2018.

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ACREDITAÇÃO HOSPITALAR PELA ONA: PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS

SOBRE O PROCESSO

Marlice Dahmer Schmitt*

RESUMO

Na atualidade, a busca incessante pela melhoria da qualidade dos serviços de saúde prestados,

é o caminho para as instituições que buscam a excelência na assistência de saúde. Por isso, os

hospitais procuram novos modelos assistenciais e outras formas de gestão, afim de

alcançarem resultados capazes de otimizar recursos, intensificar o cuidado humanizado, além

de garantir a melhoria dos serviços oferecidos. Nesse contexto, o programa de Acreditação

Hospitalar surge como uma possibilidade de promover mudanças no cenário atual. O novo

processo de qualidade traz mudanças de hábitos, valores e comportamentos, gerando um

ambiente organizacional de excelência. Este estudo tem o objetivo de conhecer a percepção

dos enfermeiros de uma Unidade Cirúrgica de um hospital privado de Porto Alegre sobre

processo de acreditação hospitalar pela Organização Nacional de Acreditação – ONA. Trata-

se de uma pesquisa descritiva e exploratória de abordagem qualitativa. Os resultados

encontrados demonstram uma percepção positiva dos enfermeiros diante do processo de

acreditação.

Palavras-chave: Enfermagem. Acreditação hospitalar. Percepção. Enfermeiros.

1 INTRODUÇÃO

A enfermagem necessita identificar e caracterizar frequentemente seus conhecimentos

e técnicas científicas, onde indicadores de desenvolvimento fazem parte da evolução

profissional. Pode-se dizer ainda que os enfermeiros são comprometidos com os serviços que

oferecem, possuindo conhecimentos específicos que conduzem suas ações administrativas em

busca da excelência da assistência, por meio de uma prática planejada com vistas a um melhor

trabalho.

* Discente do curso MBA em Gestão em Saúde da Universidade La Salle - Unilasalle, matriculada na disciplina

de Trabalho de Conclusão I. E-mail: [email protected], sob a orientação da Profª. M.ª Kátia Lopes

Inácio. E-mail: [email protected]. Data de entrega: 09 mar. 2018.

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Assim, estes profissionais possuem um papel fundamental no processo de acreditação

hospitalar, pois participam ativamente nos âmbitos decisórios, estratégicos e assistenciais,

além de ser parte da equipe de avaliadores. A percepção desta equipe constitui um diagnóstico

importante para a busca da excelência na assistência segura, levando a possibilidades de

inovação no seu trabalho.

Atualmente, com os padrões de qualidade vinculados aos serviços de saúde, os

enfermeiros passaram a orientar a organização de serviços de acordo com quesitos pré-

estabelecidos pelas normas e padrões de acreditação hospitalar, buscando melhor desempenho

e melhorias contínuas na assistência. Fatores estes que indicaram a necessidade de utilizar

ferramentas de avaliação de qualidade.

A Acreditação Hospitalar é um mecanismo que avalia a graduação da qualidade dos

serviços prestados em instituições de saúde. O processo não pode ser dissociado da mudança

organizacional, condição intrínseca na fase de preparação e implantação das adequações

necessárias para receber a certificação. É também uma metodologia desenvolvida para

apreciar a qualidade da assistência médico-hospitalar em todos os serviços de um hospital.

Tem como base a avaliação dos padrões de referências desejáveis, construídos por peritos da

área e previamente divulgados e nos indicadores ou instrumentos que o avaliador emprega

para constatar os padrões que estão sendo observados.

Para a Instituição hospitalar, objeto deste estudo, a acreditação é um fato novo que

ocorreu no decorrer do ano de 2016, fato este que evidenciou verificar a percepção dos

enfermeiros frente à acreditação nesta instituição. A enfermagem possui um papel

fundamental no processo de acreditação hospitalar desta instituição. O funcionamento de

serviços de saúde é caracterizado por ser um sistema complexo, em que diferentes elementos,

pessoas ou materiais, se interconectam, de maneira que ocorre uma grande dependência entre

as unidades. Assim, para serem “acreditados” todos os serviços devem apresentar

conformidade com os padrões estabelecidos. (NOVAES, 2007).

A proposta deste estudo consiste em conhecer a percepção dos enfermeiros da

Unidade Cirúrgica do hospital Divina Providencia de Porto Alegre no processo de acreditação

hospitalar pela ONA. A escolha por esta temática para pesquisa surgiu devido a pesquisadora

do estudo ser funcionária desta instituição e ter interesse em conhecer melhor a adesão dos

funcionários ao processo de acreditação, entendendo que a percepção dos enfermeiros é uma

das etapas importantes também para subsidiar o caminho para a ONA nível II. Outro interesse

consiste em contribuir para a ampliação dos conhecimentos sobre a percepção dos

enfermeiros mediante o processo de acreditação e proporcionar contribuição para o

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desenvolvimento da empresa neste quesito.

2 REVISÃO DE LITERATURA

O cuidado está cada vez mais presente nos diversos tipos de organizações,

demonstrando preocupações com a qualidade dos serviços e produtos oferecidos. Neste

contexto, um ramo considerado em expansão é o da saúde, pois exerce influência crescente na

economia de diversos países e aprimora-se em função das especificidades de sua clientela,

que busca continuamente qualidade e excelência no atendimento das suas necessidades de

saúde e doença (ROCHA; TREVIZAN, 2009).

Manzo, Brito e Correa (2012) relatam que atualmente a globalização propaga as

informações e as tecnologias de forma muito rápida, constante e crescente, obrigando as

organizações de saúde a buscarem permanentemente melhoria na qualidade e excelência da

assistência nos atendimentos em saúde. O “Programa de Acreditação” surge com a proposta

de aprimoramento da assistência e a melhoria na gestão das instituições hospitalares. Visando

aumentar a probabilidade de resultados Acreditação” surge com a proposta de aprimoramento

da assistência e a melhoria na gestão das instituições hospitalares. Da mesma forma, o

programa busca aumentar a probabilidade de resultados favoráveis através de avaliação e

educação, caracterizado com um processo voluntário, periódico e reservado, que tende a

garantir a qualidade da assistência através de padrões previamente aceitos. Os padrões podem

ser mínimos ou mais exigentes, definindo diferentes níveis de satisfação. (BRASIL, 2010).

2.1 Acreditação

As organizações de todos os setores da economia e, mais recentemente, a saúde têm

envidado esforços em melhorias na qualidade, desenvolvendo estratégias de avaliação.

Neste sentido, os hospitais têm se inserido no processo de Acreditação Hospitalar.

Assim, o “Programa de Acreditação” surge com a proposta de aprimoramento da

assistência e a melhoria na gestão das instituições hospitalares. A ideia é aumentar a

probabilidade de resultados favoráveis abrangendo o binômio “avaliação e educação”,

caracterizado como um processo voluntário, periódico e reservado, que tende a garantir a

qualidade da assistência através de padrões previamente aceitos. Tais padrões podem ser

mínimos ou mais exigentes, definindo diferentes níveis de satisfação. (BRASIL, 2014).

Tratando-se da saúde, a qualidade dos serviços é concebida de forma complexa, sendo

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por vezes problematizada essencialmente sob a ótica da gestão. Nesse contexto, é

indispensável alinhar os propósitos organizacionais com as necessidades dos consumidores,

serviços ofertados viabilizando a assistência à saúde qualificada. (FREITAS et al., 2014).

Para Haddad e Évora (2012) na área da saúde em especial, qualidade e avaliação são

conceitos que interagem entre si e, por isso, faz-se necessário utilizá-los de forma racional e

conjunta no cotidiano das instituições, sejam elas públicas ou privadas. Organizações

hospitalares buscam aprimorar os processos de forma permanente, e viabilizando a

sustentabilidade financeira e efetividade nos resultados assistenciais.

Neste contexto, gestores no setor da saúde utilizam estratégias de avaliação, sendo

que essa ação gerencial contribui para alcançar os objetivos organizacionais, influenciando na

melhoria continua dos serviços de saúde (PENA; MELLEIRO, 2012). Visando garantir a

qualidade da assistência através de padrões pré-estabelecidos, no contexto hospitalar, a

Acreditação é um dos métodos de avaliação externa dos recursos ou serviço de saúde das

organizações, utilizando ferramentas sistêmicas, periódicas e reservadas de apreciação das

instituições. (YURI; TRONCHIN, 2010).

Porém, para que a Acreditação possa ser utilizada como reconhecimento da qualidade

da organização hospitalar, gerando vantagem competitiva, é importante que o paciente

entenda que está “credencial” qualifica aquilo que não está ao alcance dos seus olhos ou de

sua compreensão. (VASCONCELLOS, 2013).

A certificação é o procedimento, a ação por entidade devidamente autorizada, de

determinar, verificar e atestar, por escrito, quanto à qualificação de pessoal e processo de

itens, de acordo com os requisitos aplicáveis. Relaciona-se com a qualidade assistencial,

mas é baseado na crença de que os hospitais devem ser locais seguros para os profissionais

e para os pacientes e de que certas ações podem ser tomadas para que um hospital seja “um

bom hospital”. No que concerne à Enfermagem, os critérios relativos ao processo de

certificação que visam assegurar a qualidade da assistência, foram classificados nas

atribuições administrativas, assistenciais e ensino-pesquisa. (BRASIL, 2014).

2.2 Organização nacional de acreditação - ONA

Em nosso país, a Acreditação recebeu maior destaque após 1999, ano marcado pelo

início do funcionamento da Organização Nacional de Acreditação (ONA), que é um órgão

regulador e que credencia os serviços de saúde, zelando pelo desenvolvimento de melhoria da

qualidade de assistência à saúde em âmbito nacional. A ONA tem por objetivo a implantação

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e implementação de um processo de melhoria da assistência à saúde que, consequentemente,

estimulará os serviços a conquistarem padrões mais elevados de qualidade. (BRASIL, 2013).

A ONA é uma entidade não governamental, sem fins lucrativos e de interesse coletivo

que desenvolve e opera um sistema de acreditação com o intuito de contribuir efetivamente

para qualidade dos serviços de saúde atingindo a satisfação de seus clientes. Estabelece o

planejamento, padronização, análise e melhoria contínua dos processos e resultados. Também

realiza avaliação da qualidade dos serviços de saúde focados na segurança do paciente,

fornece certificado às instituições de saúde, influenciando todos os serviços envolvidos e

buscando processos de melhorias continuas. (BRASIL, 2012).

A acreditação é um método que desenvolve instrumentos de avaliação para a melhoria

contínua da qualidade do atendimento aos pacientes e do desempenho organizacional,

oferecendo confiança da comunidade em seu hospital. Qualidade é o exercício de julgar uma

realidade frente a uma referência ou padrão, seguida de avaliações sistemáticas. A acreditação

se caracteriza sempre por três componentes: (a) a presença de padrões de referência,

estabelecidos por peritos ou especialistas na área, (b) visita de avaliadores, em geral um

médico, um administrador hospitalar e uma enfermeira, no caso de hospitais. Estas visitas são

periódicas, com intervalos de dois ou três anos. (c) a avaliação é realizada em toda instituição.

O funcionamento de serviços de saúde é caracterizado por ser um sistema complexo, em que

diferentes elementos, pessoas ou materiais, se interconectam, de maneira que ocorre uma

grande dependência entre as unidades. Assim, para ser “acreditado” todos os serviços devem

apresentar conformidade com os padrões estabelecidos. (NOVAES, 2007).

Para Brasil (2014) a certificação da Acreditação pode ocorrer pelo processo de

certificação no Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar, estruturado em três níveis,

conforme a Organização Nacional de Acreditação:

Nível 1) Acreditado – É fornecido para as instituições que atendem os critérios de

segurança do cliente em todas as áreas de atividade, levando em consideração os aspectos

estruturais e assistenciais da instituição. Tem validade de dois anos.

Nível 2) Acreditado Pleno – É fornecido para as instituições que atendam os critérios

de segurança e, também, apresentem gestão integrada dos processos, exige planejamento na

organização da assistência hospitalar com comunicação entre as atividades. Tem validade de

dois anos.

Nível 3) Acreditado com excelência – É fornecido para uma Organização ou

Programa de saúde Acreditado com excelência, Atende aos níveis 1 e 2, e a instituição deve

ter uma cultura organizacional de melhoria contínua com maturidade institucional. Tem

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validade de três anos.

2.3 Envolvimento dos enfermeiros no processo de acreditação

Em várias experiências de implantação de programas de qualidade em instituições

hospitalares, verificou-se que a equipe de enfermagem constitui-se no serviço com maior

adesão ao novo modelo de gerenciamento. Acredita-se que isso tenha ocorrido pelas

características dos serviços de enfermagem que desenvolvem suas atividades 24h por dia,

todos os dias da semana, por ser o elo entre paciente, família e equipe de saúde e, também por

se constituírem na maior equipe de profissionais que atuam nos serviços hospitalares,

tornando-se um grupo fundamental a ser envolvido para garantir o sucesso da Gestão pela

Qualidade. (HADDAD; ÉVORA, 2008).

Mudanças nos processos de gestão e nos modelos assistenciais têm influenciado o

cotidiano dos profissionais de saúde, especialmente do enfermeiro, que atua com

diversas funções e responsabilidades, tanto em cargos assistenciais quanto gerenciais. Estudos

apontaram que o conhecimento e a atuação dos enfermeiros é fundamental na Acreditação

Hospitalar, já que estes assumem posições estratégicas nas instituições de saúde e na

articulação com outros profissionais, além de desenvolver ferramentas para avaliação da

assistência como ações táticas. O enfermeiro aparece como destaque na gestão dos programas

de Acreditação Hospitalar sempre com grande potencial para a implantação, manutenção e

desenvolvimento de políticas de qualidade. Estes aspectos podem ser justificados pela sua

capacidade gerencial. (SIMAN; BRITO; CARRASCO, 2014).

3 OBJETIVOS

3.1 Geral

Conhecer a percepção dos enfermeiros da Unidade Cirúrgica de um hospital privado

de Porto Alegre sobre processo de acreditação hospitalar pela Organização Nacional de

Acreditação - ONA.

3.2 Específicos

Avaliar o conhecimento dos profissionais de saúde, quanto à importância da

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acreditação hospitalar pela ONA;

Identificar quais os aspectos positivos esperados pela equipe de enfermagem com a

acreditação hospitalar;

Verificar a percepção dos enfermeiros que estiveram presentes durante o processo

de avaliação pela comissão da ONA;

Verificar quais as mudanças percebidas na Instituição após a acreditação pela ONA

na percepção dos enfermeiros; e

Avaliar qual dos processos de acreditação pela ONA teve mais impacto no setor de

atuação do enfermeiro.

4 METODOLOGIA

4.1 Delineamento

Trata-se de uma pesquisa com estudo descritivo e exploratório de abordagem

qualitativa. O método qualitativo é recomendado quando se tem pouco conhecimento sobre

um fenômeno ou pretende-se descrevê-lo de acordo com o ponto de vista do sujeito. Esse tipo

de pesquisa responde a questões muito particulares e, dentro das Ciências Sociais se ocupa de

aspectos que não podem ser quantificados. (MINAYO, 2010).

4.2 Local de estudo

O presente estudo foi realizado em um hospital privado do sul do país, localizado no

município de Porto Alegre/RS. O hospital conta com uma área total de 220.650 m², dos quais

19.995 m² são área construída.

Na década de 1960, o Cardeal Dom Vicente Scherer percebeu a necessidade de

construir um hospital para atender a comunidade local e os sacerdotes doentes. O cardeal

ofereceu às superiores da Congregação a doação do terreno. O início das obras se deu em

1962, com o auxílio financeiro das Províncias da Holanda e Alemanha. O hospital Divina

Providência foi fundado no dia 31 de maio de 1969.

Atualmente o Hospital tem capacidade de 165 leitos/dia, sendo que os atendimentos

ocorrem por convênios ou particulares. A Unidade Cirúrgica do Hospital é composta pelas

seguintes áreas: Bloco Cirúrgico (BC), Sala de Recuperação (SR), Centro de Esterilização e

Materiais (CME) e Unidade Endovascular (EU).

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O Bloco cirúrgico é composto por 8 salas cirúrgicas devidamente preparadas para

diversos tipos de procedimentos cirúrgicos como: cirúrgica cardíaca, neurológica,

traumatológicas, cirurgia geral e cirurgia plástica.

A sala de recuperação tem um total de 15 leitos que absorvem quase 90 % dos

pacientes que realizam procedimentos cirúrgicos nesta instituição.

O centro de esterilização e materiais é dividido em três áreas, sendo elas: área 1

(recebe os instrumentais provenientes do BC e das unidades, realiza a lavagem dos

instrumentais de forma manual ou com uso de lavadoras), área 2 (atende o BC, prepara e

embala os instrumentais para serem esterilizados, realiza inspeção e testes de funcionalidade

destes instrumentais), a área 3 que realiza esterilização dos instrumentais e o armazenamento

destes.

E, por fim, a Unidade Endovascular que é composta por 1 sala cirúrgica para

procedimentos pequenos e 2 salas para cirurgias endovasculares onde são realizados

cateterismos, angiografias entre outros procedimentos endovasculares. Está unidade também

possui uma sala de recuperação composta por 15 leitos que absorvem os pacientes desta

unidade e cerca de 10 % dos pacientes do BC.

4.3 Sujeitos do estudo

O estudo contou com a participação dos enfermeiros atuantes na unidade cirúrgica do

hospital Divina Providencia de Porto Alegre/RS, mediante convite. A Unidade Cirúrgica do

Hospital é composta pelas áreas: Bloco Cirúrgico (BC), Sala de Recuperação (SR), Centro de

Esterilização e Materiais (CME) e Unidade Endovascular (EU).

Os sujeitos da pesquisa foram enfermeiros assistenciais que atuam na Unidade

cirúrgica da Instituição, nos quatro turnos de trabalho: manhã (M), Tarde (T), noite I (NI) e

noite II(NII), perfazendo um total de 25 enfermeiros que atuam neste setor. Incialmente a

proposta foi conversar com dez enfermeiros aleatoriamente das diferentes áreas, e seguir entrevistando

até a saturação dos dados.

Após o aceite do participante, o mesmo foi informado sobre os objetivos da pesquisa e

assinou o Termo de Compromisso Livre e Esclarecido - TCLE em duas vias.

Os participantes da pesquisa tiveram suas identidades preservadas. Todas as

informações obtidas no estudo estão mantidas em sigilo e o anonimato foi preservado. Os

resultados deste estudo poderão ser publicados com finalidade científica de forma anônima.

O participante poderá sofrer o risco de constrangimento ao responder perguntas com

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informações aqui requisitadas. Assim, a coleta de dados foi realizada em sala reservada para

melhor conforto, evitando possíveis interrupções, constrangimentos e minimizando os

possíveis riscos. A entrevista teve duração de 60 minutos.

Os participantes serão beneficiados direta ou indiretamente, na medida em que

passarão a entender melhor sobre o processo de Acreditação Hospitalar pela Organização

Nacional de Acreditação, compreendendo minhas percepções e dificuldades.

4.3.1 Critérios de inclusão

Atuar como enfermeiros assistenciais na Unidade Cirúrgica. Aceitar participar da

pesquisa e que assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Ter uma carga horaria mínima de 36 horas semanais e, no mínimo, seis meses de

trabalho na Unidade Cirúrgica.

4.3.2 Critérios de exclusão

Enfermeiros da Unidade cirúrgica afastados por licença ou que se recusem a participar

da pesquisa.

4.4 Instrumento de coleta das informações

A coleta de informações foi realizada mediante aplicação de um questionário dividido

em duas partes, perguntas abertas e fechadas.

As perguntas fechadas são referentes à identificação do perfil sócio demográfico dos

participantes do estudo e, as perguntas abertas referentes ao processo de acreditação pela

ONA, buscando atingir os objetivos do estudo.

4.5 Organização e análise das informações

As questões fechadas foram analisadas por estatística descritiva e apresentadas em

forma de texto.

As respostas às questões abertas foram submetidas à análise de conteúdo do tipo

temática. (MINAYO, 2010).

Análise temática, conforme descrição de Minayo (2010) desdobra-se em três etapas:

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Pré-análise: baseia-se na retomada dos objetivos iniciais da pesquisa, na leitura

flutuante e progressiva do material obtido no campo, bem como na constituição do corpus e

na formulação e reformulação dos objetivos.

Exploração do material: momento em que se visa alcançar o núcleo de compreensão

do texto a partir da identificação de categorias, as quais são responsáveis pela especificação

dos temas.

Tratamento dos resultados obtidos e interpretação: refere-se à articulação das

inferências e interpretações das informações obtidas no campo com o referencial teórico, a

fim de responder ao objetivo do estudo.

4.6 Análise das informações

A análise dos dados teve início com realização da leitura flutuante, atividade esta que

busca gerar impressões iniciais acerca do material a ser analisado. A etapa seguinte foi a

exploração do material, com o recorte do texto buscando classificar os referidos recortes nas

categorias temáticas. Por fim, foi realizado o tratamento dos resultados e interpretação a fim

de analisar os dados obtidos. (BARDIN, 2010).

4.7 Considerações éticas

O presente projeto de pesquisa foi aprovado pela Assessoria de Projetos da Rede de

Saúde Divina Providência. Após, cadastrado na Plataforma Brasil e finalmente aprovado ao

Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Instituição Proponente – Universidade La Salle –

Canoas- RS.

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi emitido em duas vias, ambas

devendo ser assinadas, uma delas ficará retida pelo sujeito da pesquisa e outra será arquivada

pelo pesquisador.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 25 enfermeiros assistenciais que foram entrevistados e trabalham na área cirúrgica

composta por Sala de Recuperação, Bloco Cirúrgico, Centro de Esterilização de Materiais e

Unidade Endovascular, 08 não cumprem os requisitos para participar da pesquisa, devido ter

menos de 1 ano na instituição em estudo ou estarem em licença maternidade no período de

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coleta de dados. Ainda destes 25 enfermeiros, 17 se enquadraram na metodologia deste

estudo, porém destes 17 enfermeiros, 2 não responderam o questionário, totalizando 15

participantes do estudo.

Em se tratando das informações sócio demográficas, a idade dos participantes do

estudo prevalece entre 30 e 40 anos de idade. Também ficou evidente a predominância do

sexo feminino.

Com relação ao tempo de trabalho na instituição, 8 participantes do estudo trabalham

na instituição no período de 1 a 5 anos, 4 no período de 5 a 10 anos e 3 trabalham nesta

empresa a mais de 10 anos.

Referindo-se ao turno de trabalho, o maior número dos participantes do estudo

trabalham no matutino, ou seja 7 participantes, 5 trabalham no vespertino e 3 no período

noturno.

Tratando-se do número de horas de capacitação para o processo de acreditação, 10

participantes realizaram de 3 a 5 horas de capacitação e 5 fizeram de 10 a 12 horas de

capacitação.

Destes 15 enfermeiros que participaram do estudo 08 estiveram ausentes durante a

avaliação pela comissão da ONA para o processo de acreditação e 07 estiveram presentes

durante o processo.

Da analise das entrevistas emergiram quatro 4 temas, discutidos abaixo:

5.1 Tema 1 – Melhorias percebidas pelos enfermeiros no processo de avaliação pela

comissão da ONA

Para que o processo de Acreditação Hospitalar não resulte apenas na redução de custos

e otimização de recursos é fundamental a interação entre a direção e o corpo de enfermagem

na busca de mecanismos de controle dos processos de trabalho, a terceirização de atividades

do meio, a informatização da maioria dos processos administrativos e a ênfase na utilização

de protocolos. (EMÍDIO et al., 2013).

Neste contexto, propõe-se também gerar uma consciência no setor hospitalar sobre a

necessidade de melhoria continua na qualidade da assistência. Para a realização de mudanças

em qualidade dos serviços de saúde, devem-se incrementar os programas de educação

continuada para conhecimento de toda a equipe. Portanto, para que a Acreditação possa ser

utilizada como reconhecimento da qualidade da organização hospitalar, gerando vantagem

competitiva, é importante que o paciente entenda que esta “credencial” qualifica aquilo que

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não está ao alcance dos seus olhos ou de sua compreensão. (VASCONCELLOS, 2013).

A pesquisa revelou que a acreditação gera mudanças nas ações realizadas pelos

profissionais da instituição, estimulando o desenvolvimento do processo de trabalho da

enfermagem, onde os enfermeiros relataram melhorias constantes com impacto direto no

trabalho e prezando o cuidado humano com os pacientes, bem como, a segurança dos

mesmos. Os discursos corroboram:

Percebi com bastante melhorias, e as mesmas sendo atendidas constantemente no

dia-a-dia, tendo um grande impacto no nosso ambiente de trabalho prezando sempre o

cuidado humano dos pacientes (A1).

Percebi que o processo de avaliação teve grande impacto na instituição em relação a

melhorias e qualidade no atendimento, prezando pela segurança do paciente (A2).

5.2 Tema 2 – Percepção quanto as mudanças percebidas na Instituição após a

Acreditação pela ONA

O hospital que se submete a passar pelo processo de Acreditação Hospitalar configura-

se como uma unidade de saúde comprometida com a qualidade da assistência e com recursos

humanos. O hospital sofre grandes mudanças quando está prestes a receber a visita da

comissão de acreditação. A instituição credenciadora realiza visitas e estabelece uma série de

normas que devem ser cumpridas pela instituição a ser acreditada, fato este que contribui para

melhorar e mante a qualidade do hospital. (MAZIERO; SPIRI, 2013).

Ao considerar a implantação da gestão da qualidade, vale ressaltar que se trata de um

processo de mudanças, e estas exigem dos profissionais alterações em crenças e valores

próprios, podendo apresentar insegurança e medo do desconhecido, pois se passa a

desempenhar novas atividades com aumento inicial do trabalho. (MANZO, BRITO;

CORREA, 2012).

Segue os relatos dos participantes da pesquisa.

O processo dos indicadores que não era medido. O processo da contagem dos

instrumentais em sala cirúrgica. Confirmação dados pacientes visando a cirurgia segura,

lateralidade (A1).

Aumento no quadro de funcionários. Melhorias nos processos. Maior

comprometimento (A3).

As mudanças na instituição foram nítidas após todo o processo que envolveu a

acreditação ONA. Percebeu-se uma organização na metodologia de processos que já

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existiam porem ainda não eram efetivos, apresentavam falhas. Com esta organização dos

processos obteve-se um resultado muito melhor em tudo que foi proposto (A 4).

Toda mudança inicialmente gera dúvidas, alguns processos tiveram mais

dificuldades que outros. Os processos em se alinhando de forma mais natural e estas

mudanças foram para melhor (A5).

... melhorar ainda mais a organização do setor (A6).

... atendimento com mais qualidade e segurança para o paciente (A7, A11)

... processo de indicadores que não eram medidos e protocolo de cirurgia segura

(A2).

... os funcionários apresentam segurança nos processos, agilizando o atendimento

(A8).

... funcionários estão mais preocupados em realizar o processo correto e acabam

sugerindo ideias no dia a dia para melhorar ainda mais (A9).

Melhora de processos que buscam a segurança do paciente, mas falhos em muitos

processos implantados, o que exige um trabalho constante (A10).

5.3 Tema 3 – No ponto de vista dos enfermeiros, qual dos processos de acreditação pela

ONA teve mais impacto no Centro Cirúrgico

A cultura de segurança do paciente é de fundamental importância para medir as

condições organizacionais que levam a possíveis danos ao paciente nos serviços de saúde.

Esse tipo de avaliação tem várias utilidades, entre elas de diagnosticar o nível de cultura de

segurança, os possíveis riso de dano interno e externo, a evolução das intervenções de

segurança do paciente e acompanhar a evolução e as notificações de incidentes. Avaliar a

cultura de segurança depende do envolvimento das partes interessadas. Para essa avaliação ser

confiável deve-se selecionar uma ferramenta adequada, utilizar métodos de coletas de dados

válidos, implementar o plano de ação e iniciar as mudanças. (GULDENMUND, 2007).

É muito importante ressaltar que a ênfase da avaliação ocorre na qualidade do serviço

profissional prestado, independente dos recursos tecnológicos envolvidos. O atendimento

deve se pautar pelo critério da excelência, aproveitando-se da tecnologia disponível, qualquer

que seja ela. Assim, tanto o hospital público quanto o particular, localizado em uma metrópole

ou na zona rural, terão de se adaptar aos mesmos padrões de qualidade. (SELEGATO, 2013).

Percebemos este contexto nos relatos a seguir:

O preenchimento do quadro em sala cirúrgica, pois muitas vezes o procedimento é

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corrido, não dando tempo de preencher (A1).

A bipagem da pulseira do paciente foi o processo que mais achei importante. O risco

é menor para ocorrer erros, protegendo o paciente (A8).

Segurança do paciente (A3).

... “cirurgia segura”, no meu ponto de vista a implementação da organização deste

processo foi o que teve maior impacto dentro do setor (A4).

O realinhamento das medicações na SR para rastreabilidade juntamente com a

farmácia (A5)

No nosso setor percebi que a segurança do paciente teve uma melhora significativa

(A6)

... melhor atendimento para o paciente (A7, A11).

Foi o processo de eventos pós anestésicos e a bipagem de medicamentos e pulseira

dos pacientes na SR (A2).

A rastreabilidade e controle de esterilização dos materiais utilizados nos pacientes.

(A9).

... registros de Processos (A10, A14).

5.4 Tema 4 – Percepção dos enfermeiros quanto às exigências do processo de acreditação

pela ONA

Os sistemas de saúde necessitam de um número suficiente de pessoas treinadas para

prestar serviços de saúde de qualidade, onde os profissionais da enfermagem devem estar

comprometidos com a qualidade do serviço e assistência, a fim de alcançar as metas da

instituição, proporcionando bem estar e segurança ao paciente. Para isso é necessário que o

enfermeiro reconheça a importância de almejar a qualidade do serviço e buscar

conhecimento. (RECHEL; MCKEE, 2014).

Uma boa gestão de recursos humanos pode influenciar os cuidados prestados ao

doente no que diz respeito à forma como os profissionais aplicam os cuidados. Melhorias

ao nível da qualidade e segurança do doente são indispensáveis em qualquer processo de

acreditação hospitalar. (GREENFIELD et al., 2014).

A acreditação tornou-se uma marca registada para a qualidade dos sistemas de saúde

em todo o mundo, onde o comprometimento com a qualidade e a segurança do paciente é um

dos fatores mais gratificantes. Salienta-se quanto á importância do profissional enfermeiro

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para a instituição acreditada e a responsabilidade deste ao trabalhar na instituição (SALEH et

al., 2013). Os discursos expressam:

Foi tranquilo, estamos preparados (A1, A8).

Ao mesmo tempo que foi impactante, foi motivador as solicitações de melhoria para

o setor (A3, A15).

Foi bem trabalhoso mas quando podemos notar as diferenças foi bem gratificante

(A6, A13)).

Crescimento pessoal e comprometimento (A7, A5).

... são importantes para a segurança do paciente, sendo assim trabalho com a

certeza que a enfermagem deve fazer o melhor (A2, A11)

Foi muito gratificante poder fazer parte do processo de acreditação, pois foi nítida a

mudança ocorrida após a implementação das exigências da ONA dentro do contexto da

instituição (A4, A14)

Ao mesmo tempo que foi impactante, foi motivador as solicitações de melhoria para

o setor (A 12).

Proporcionou um conhecimento ainda mais de todos os processos que envolvem o

atendimento ao paciente. Foi um trabalho que exigiu muito comprometimento de todos,

mas que trouxe um retorno muito maior ao paciente, funcionários e instituição (A9).

Um desafio benéfico e de grande valia para a instituição (A10).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo, apesar de aplicado em apenas um hospital, busca auxiliar os hospitais

brasileiros a conhecer a percepção dos enfermeiros da Unidade Cirúrgica de um hospital

privado de Porto Alegre sobre processo de acreditação hospitalar pela Organização Nacional

de Acreditação - ONA.

Os depoimentos dos profissionais entrevistados permitiram evidenciar aspectos

distintos do processo de Acreditação Hospitalar e de sua influência no trabalho dos

enfermeiros. Observou-se, portanto, que a Acreditação Hospitalar trouxe consigo grandes

mudanças nos processos internos da instituição em questão, gerando experiências valiosas

para os profissionais enfermeiros presentes neste processo.

Em relação aos enfermeiros do hospital pesquisado foram observadas percepções

distintas em relação ao processo de acreditação. Assim, foram destacados aspectos positivos,

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frequentemente relacionados ao crescimento pessoal e institucional, onde a Acreditação traz

orgulho e satisfação, tendo em vista a responsabilidade pela conquista do título e pela

valorização do hospital.

Revela-se, também a questão da segurança proporcionada pelo processo de

Acreditação ao profissional enfermeiro. Os sujeitos da pesquisa abordaram que o funcionário

inserido em um serviço acreditado sente-se melhor preparado para atender as solicitações dos

seus clientes, além de manter o nível de qualidade e segurança ao paciente ocasionado pela

padronização de rotinas da organização.

Este estudo reforça a constante necessidade de investimentos em educação permanente

para a viabilização das mudanças nos processos internos da organização, e também responder

as demandas futuras dos protocolos de certificação. Desta forma, a Acreditação pode

representar uma importante estratégia de capacitação de pessoas no âmbito do hospital, o que

reflete a atual tendência da gestão de pessoas.

Os hospitais acreditados são considerados diferenciados, reconhecidos pela

comunidade médica, pelos funcionários, pelos fornecedores, empresas de Saúde Suplementar,

pelos pacientes e também pela comunidade, com um padrão externamente reconhecido.

Do ponto de vista de gestão da qualidade, os processos são monitorados pelas equipes

de auditoria interna e pelos agentes multiplicadores, resultando em um aprimoramento

continuo. A existência de um programa de Acreditação Hospitalar, focado na qualidade dos

processos assistenciais, proporciona normas e rotinas, descrição de processos, guias, manuais

para serem seguidos e isto, consequentemente, contribui para a padronização da assistência e

melhoria continua da qualidade.

Acredito que os enfermeiros podem desenvolver programas inovadores nas

organizações, centrados em novas concepções de estrutura e propriedades dos seus serviços.

Estes com vistas a melhores práticas em saúde e melhor qualidade do cuidado.

O processo de acreditação de serviços de saúde está diretamente relacionado com o

desenvolvimento dos países, sua cultura, educação dos profissionais e, principalmente, com o

reconhecimento das populações de seus direitos de receber uma assistência médica de

qualidade.

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HOSPITAL ACCREDITATION BY ONA: PERCEPTION OF NURSES ABOUT THE

PROCESS

ABSTRACT

At present, the incessant search for the improvement of the quality of health services

provided, is the way for institutions that seek excellence in health care. Therefore, hospitals

seek new models of care and other forms of management, in order to achieve results that

optimize resources, intensify humanized care, and ensure the improvement of the services

offered. In this context, the Hospital Accreditation program appears as a possibility to

promote changes in the current scenario. The new quality process brings changes of habits,

values and behaviors, generating an organizational environment of excellence. This study

aims to know the perception of nurses of a surgical unit of a private hospital in Porto Alegre

on the process of hospital accreditation by the National Accreditation Organization - ONA

This is a descriptive and exploratory qualitative approach. The results show a positive

perception of the nurses in the accreditation process.

Keywords: Nursing. Hospital accreditation. Perception Nurses.

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APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE COLETA DE INFORMAÇÕES

Informações sócio demográficas

1. Idade: ( ) 20 a 30 anos ( ) 30 a 40 anos ( ) 40 a 50 anos ( ) mais de 50 anos

2. Gênero: ( ) masculino ( ) feminino

3. Tempo de trabalho na instituição: ( ) 1 a 5 anos ( ) 5 a 10 anos ( ) mais de 10 anos

4. Turno de trabalho: ( ) manhã ( ) tarde ( ) noite

5. Número de horas de capacitação para o processo de acreditação:

Questionário

1. Você esteve presente durante a avaliação pela comissão da ONA para o processo de

Acreditação?

( )Sim ( ) Não

Se esteve como você percebeu o processo de avaliação?

2. Na sua percepção, quais as mudanças percebidas na Instituição após a Acreditação pela

ONA?

3. No seu ponto de vista, qual dos processos de acreditação pela ONA teve mais impacto em

seu setor?

4. Como foi para você, enquanto profissional do setor, atender às exigências do processo de

acreditação pela ONA?