Abordagem historiográfica da surdez

48

description

Apresentação historiográfica da Surdez no Brasil - Material de estudo

Transcript of Abordagem historiográfica da surdez

  • SURDOS, UMA ABORDAGEM BRASILEIRA HISTORIOGRFICA E CULTURAL

  • SUMRIO

    Introduo....................................................................................................................1

    ListadeSiglas..............................................................................................................4

    1Histrico1.1Brevehistricodesurdeznomundo...........................................................51.2Histricodasurdeznobrasil.......................................................................92Cultura,identidadeeeducaodossurdos.................................................11

    3Metodologia............................................................................................................19

    4Discusso...............................................................................................................20

    5Concluso...............................................................................................................23

    RefernciasBibliogrficas..........................................................................................24

    Anexos........................................................................................................................25

  • 1

    INTRODUO

    Parapesquisarsobre"Surdos,umaabordagembrasileirahistoriogrficaecultural",

    necessrioentenderqueacomunidadesurda,devidoutilizaodeoutralngua

    a Libras possui uma diferenciao cultural em relao ao seu pas de

    nacionalidade.A lnguadesinaisa lnguanaturaldossurdossendoestesuma

    comunidadelinguisticamenteminoritriadentrodacomunidadeouvinteusuriada

    lnguaoral.

    A continuidade da cultura1 um processo social. A cultura existe para que a

    pessoaconsigaasatisfaodosquenecessita.Opontomaisimportantedeuma

    culturaalinguagemusadadentroprocessodecomunicao.Semcomunicao

    nohculturaenohdesenvolvimentosocial.

    Atransformaodavidaeodesenvolvimentodapessoadependemdacultura,da

    linguagem e da comunicao. A cultura d a pessoa o controle sobre sua

    conivncia com o mundo e com as outras pessoas. Apesar da diferena que

    existementreumacomunidade,ospontosespecficosseligamentresieformam

    umconjunto integrado.Asmudanas que acontecemdentro daculturaenvolvem

    geralmente mudanas em outros aspectos como na lngua, nos costumes, no

    vesturio,na alimentao, na educao, etc. Dentro da cultura, a linguagem o

    elementomaisimportantedevidonecessidadedecomunicaoedetransmisso

    dos conhecimentos. Atravs da cultura e da linguagem as pessoas fazem suas

    ligaes e determinam os tipos de relaes entre si. A lngua a forma de

    manutenodacultura.

    Aculturanecessitadacomunicaoparatornarpossvelaconvivnciadaincluso

    social. A cultura, enquanto um conjunto de atos de uns grupos de pessoas que

    utilizam da linguagem para informar e transmitir conhecimentos. Ela varia de

    acordocomotipo,alngua,ageografiaeahistriadeumpovo,eestepresente

    emnmeromaioremaior,dependendodacolonizaodopovo.Elaspoderser

    1 Culturasooscostumesevaloresdeumasociedade,queseapresentamcomoidentidade.(BUENO,ed.2000)

  • 2

    transmitidaparaquemjvivenciouestesaspectosdaanecessidadedecontatoe

    interaosocialparaadivulgaoespecificadecadacultura.

    Aculturasofreinflunciadiretadaideologiaedacinciaeparafalardaculturada

    comunidadesurda,hmuito doque falar,principalmente sobrea comunicaoe

    sobre a utilizaoda lngua desinais.Sabese que a comunicao est ligada

    cultura, e os surdos sentem dentro das associaes um lugar diferente onde

    constroemseuambientesocial.Osurdodesconheceomundo,apesardavivncia

    edoconhecimentosobreaimportnciadacultura.Comalnguadesinaiselepode

    sentirosignificadodacultura,masa faltadeaberturadentrodomundosocialdo

    ouvinte1 acontece um desconhecimento do que essa cultura significa devido o

    bloqueiodacomunicaoeexcluso.

    alinguagemquetransmiteaomundooqueavida.Ocontatocomossurdos

    umaexperinciacompessoasouvintesqueaprendemlnguadesinaismostraque

    possvel uma ligao direta. Levando isso at as Associaes dos Surdos e

    outro, atravs da convivncia e do uso da lngua de sinais na comunicao

    percebeuquejconseguimostransmitiralgoequeessaconivnciaimportante.

    A experincia da cultura relevante, ela que vai proporcionar comunidade

    surdaocontatocomainformao,quetantoestranhaaessacomunidade.

    Oempobrecimentodaculturaseddevidoexclusoondeosujeitosurdo,aceita

    oquelheimpostosemapresentarresistncia,porfaltadecomunicao.

    A lnguadesinais, j reconhecidacomo lngua,cumpreperfeitamenteopapelde

    suportelingstico,dandoacessodimensosimblicasubjetividade,demodo

    semelhanteaopapelqueexercealnguanamodalidadeoralnodesenvolvimento

    deuma criana ouvinte (S,1999,p 170)Ahistria dossurdosvemdemonstrar

    umtrajetodelutasevitriasretratadasnestemundo.Fezsenecessrioconhecer

    1 Ouvintenaculturasurda,chamasedeouvinteaquelequeouve,emcontrastecomosurdo.Pode significar tambm,referirseculturadaqueles queouvem,diferenciandoos daculturadossurdos.

  • 3

    estahistrianomundoeretrataropercursobrasileiro,comoreconhecimentodas

    conquistashistricasdosurdo.

    Oobjetivodesteestudoderelataropercursohistricodossurdosnomundoeno

    Brasil,destacandoosprocessosculturaisdacomunidadesurda.

  • 4

    LISTADESIGLAS

    FENEISFederaoNacionaldeEducaoeIntegraodosSurdos

    MECMinistriodaEducao(acrnimodoantigonomeMinistriodaEducaoedaCultura)

    LibrasLnguaBrasileiradeSinais

    OMSOrganizaoMundialdaSade

    IBGEInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatstica

    UNESCOOrganizaodasNaesUnidasparaaEducao,CinciaeaCultura

    INESInstitutoNacionaldeEducaodosSurdos

  • 5

    1HISTRICO

    1.1BREVEHISTRICODASURDEZNOMUNDO

    Ossurdostiveramdebatalharmuitoparaconquistarseulugarnasociedadeatual,

    pois em Roma, por exemplo, no s os surdos, mas qualquer tipo de deficiente

    nascido, qualquer pessoa com algum tipo de anomalia deveria ser morto pelos

    pais, mas felizmente o infanticdio no foi praticado por todos, crianas assim,

    eventualmentecresciamecomisso,viviamdeesmolas,poishaviaumsentimento

    deculpaentreosromanos.TambmemRoma, jeramidentificadosdiferentes

    graus de surdez, mas mesmo assim, surdos de nascimento no poderiam ser

    educados.(MOURA,2000)NosomenteemRoma,mastambmnaGrciaantiga,

    os surdos eram considerados incapazes de raciocinar e insensveis. (SOUZA,

    1998)

    Em 1520 nasce na Espanha Pedro Ponce de Len, que se tornando monge

    ensinavasurdosafalarefazeraleituralabial.Poncetambmensinavaomtodo

    dactilolgico,que jerausadoemalgunsmosteiros,ondeeraexigidaaregrado

    silncio,PonceconsideradooPaidaEducaodosSurdos,JuanPabloBonet,

    consideradoumdosprimeirosadefenderomtodooralista,atuoudepoisdequase

    40anosdamortedePedroPonce.(PASTORALDOSSURDOS,2006)

    Na mesma poca de Juan Pablo, surgiram alguns nobres na Inglaterra que

    desenvolveram estudos sobre os surdos e seus problemas, eram John Bulwer e

    George Dalgarno, Bulwer, em um de seus livros afirma que uma pessoa surda

    poderiafacilmentesecomunicarcomsinaisetambmfalasobreproblemasquea

    surdezinfligenumafamlia.(GUARINELLO,2007)

    Jem1712,nasceocriadordoalfabetomanual,queathojeumadas formas

    mais bem sucedidas de comunicao entre os surdos, seu nome Charles de

    LEpe, (17121789), mas tambm um mtodo com objetivo somente oralista1 e

    que exclua qualquer tipo de mtodo diferente, estava sendo criado por Samuel

  • 6

    Heinick, e somente a palavra era usada nesse tipo de ensino. Esses dois

    educadoresderamcontribuiesinestimveisaoqueserefereeducaoparaa

    crianasurda.(ALMEIDA,2000)

    Porcentoedezanos,omundousavaemmaioriaomtodoalemodooralismo,

    masestudosforammostrandoaospoucosaimportnciadaLnguadeSinais.Em

    tornode2000a1500a.C.easantigasleisJudaicasjentravamemdefesapelos

    surdos.Em1579,RosseliusescreveuTheasaurus,queseriaumalfabetomanual

    italiano. Quase quarenta anos depois da morte de Ponce de Leon, Juan Pablo

    Bonet publicou Reduo das letras e a arte para ensinar a falar os mudos. O

    Mdico Gerolamo Cardano (15011576, o sculo XVI e j havia afirmado que

    surdomudez no era impedimento para que o surdo aprender e o melhor meio

    seriamescritos.(PASTORALDOSSURDOS,2006)

    Defensoresdametodologiaoralista,cujoensinoerabaseadonaaprendizagemdo

    alfabeto manual atravs forma escrita e dos respectivos sons, partindo de

    estruturas simples para estruturas gramticas. O processo da dactilologia

    importante e os sinais para que a comunicao d significado palavra. Nessa

    poca surgiram nobres na Inglaterra, John Bulwer e George Dalgarno, que

    desenvolveramestudossobresurdoseosproblemasqueelesacarretamemsuas

    famlias.Dalgarnopublicouumlivrosobreaeducaodesurdoseautorescreveu

    possibilidade uma linguagem universal. A dactilologia era sua principal

    metodologia,naqualalunosurdodeveriaaprenderossons,apalavra, leituraea

    escritaqualificada,aproveitadoaampliaodovocabulrio.(SOARES,2005)

    DuranteaRevoluoFrancesaeduranteaRevoluoIndustrial,entrousenuma

    eradedisputaentreosmtodosoralistaseosbaseadosnalnguagestual.Roch

    Ambroise CucurronSicard foiumabade francs, famosopeloseu trabalhocomo

    educador de surdos Sicard fundou a escola de surdos de Bordus, em 1782,

    posteriormente sucedeu a L'pe, como diretor do instituto criado pelo mesmo,

    tambm apoiou a criao de vrios institutos de surdos em todo o pas. Pierre

    Desloges, francs, tornouse surdo aos7 anos, devido varola, foi defensor da

    1 Oralismo o mtodo usado na educao dos surdos, no qual se defende majoritariamente oempregodalnguaoral.

  • 7

    lngua gestual, tendo sido autor do primeiro livro publicado por um surdo, onde

    revelava a sua indignao contra as ideias do Abade Deschamps, que havia

    publicadoumlivroquecriticavaalnguagestual.

    PierreDesloges,aesserespeito,declarouoseguinte:Talcomoofrancsvasualnguadesvirtuadaporumalemoqueapenasconhecealgumaspalavrasdalnguafrancesa,pensoquedevodefenderaminhalnguacontraasacusaesfalsasdesteautor(Wikipdia1)

    1http://pt.wikipedia.org/wiki/Lngua_de_sinais

    Muito do preconceito contra os surdos vem do passado, pois se achava que a

    surdezvinhaacompanhadadealgumtipodedficitdeinteligncia,masdepoisde

    umtempofoidescobertoqueossurdosnodesenvolviamsuaintelignciaporfalta

    decomunicaoe faltadeestmulo.Acomunicaoveiocomoaperfeioamento

    daslnguasgestuaisetambmcomooralismo.

  • 8

    Entretanto,noinciodosculoXX,amaiorpartedasescolasdesurdos,emtodoo

    mundo, abandona o uso da lngua de sinais. Isto foi conseqncia do famoso

    Congresso de Milo1 de 1880, quando, a despeito do que pensavam os surdos

    (maiores interessados, e que sequer foram consultados), considerouse que a

    melhor forma de educao do surdo, seria aquela que utilizasse unicamente o

    oralismo.

    O oralismo, ou filosofia oralista, usa a integrao da criana surda comunidadedeouvintes,dandolhecondiesdedesenvolveralnguaoral(nocasodoBrasil,o Portugus).Ooralismo percebe a surdezcomo umadeficincia que deve ser minimizada atravs da estimulao auditiva.(GOLDELD,1997,p3031)

    Percebese, mais uma vez, a clara (e nefasta) tendncia do homem

    padronizao: consideravase que o surdo, para viver em sociedade, deveria

    conseguir "ouvir" (com o uso de aparelho e apoiandose em tcnicas de leitura

    labial) e "falar" (atravs de exaustivos exerccios e, em ltimo caso, da

    comunicao escrita) com o ouvinte, devendo superar a deficincia, o defeito de

    nascena,parapoder terodireitodeconseguirvivereseraceitopeloseugrupo

    social.

    A partir do Congresso de Milo, a oralizao passou, ento, a ser o objetivo

    principaldaeducaodascrianassurdas.Masparaqueelaspudessemdominar

    a lngua oral, o ensino de disciplinas como Histria, Geografia e Matemtica, foi

    relegado a segundo plano. A queda do nvel de escolarizao do surdo foi

    inevitvel.

    Em 1971, por ocasio do Congresso Mundial de Surdos, em Paris, a lngua de

    sinais passou a ser novamente valorizada. Naquele congresso, foram trazidos

    tonaosresultadosdaspesquisasrealizadasnosEUAsobreaComunicaoTotal,

    a abordagem educacional recm surgida, que permitia o uso dos sinais na

    educaodossurdos(KOZLOWSKI,2000).

    1 Congresso de Milo O congresso de Milo realizado em 1880 considerou a superioridade domtodo oral puro em relao ao ensino que combinava fala e gesto para o desenvolvimento dalinguagemdosurdo.(ProibiodaLnguadeSinaisnomundo)

  • 9

    1.2HISTRICODASURDEZNOBRASIL

    Em 1857, foi fundada a primeira escola para surdos no Brasil, o Instituto dos

    SurdosMudos,hoje,InstitutoNacionaldaEducaodeSurdos(INES).Foiapartir

    deste instituto que surgiu da mistura da lngua de sinais francesa, trazida por

    Eduard Huet, coma lnguadesinaisbrasileiraantiga, j usadapelos surdosdas

    vriasregiesdoBrasil,alnguabrasileiradesinais.(FELIPE,2004).

    O INES inicialmente utilizava a lngua dos sinais, mas que em 1911 passou a

    adotar o oralismo puro. Na dcada de 70, com a visita de Ivete Vasconcelos,

    educadora de surdos da Universidade Gallaudet, chegou ao Brasil a filosofia da

    Comunicao Total, e na dcada seguinte, a partir das pesquisas da Professora

    LingistaLucindaFerreiraBritosobrealnguabrasileiradesinaisedaProfessora

    Eullia Fernandes, sobre a educao dos surdos, o Bilingismo passou a ser

    difundido. Atualmente, estas trs filosofias educacionais ainda persistem

    paralelamentenoBrasil.

    PadreBonhomme,em1883,fundouaCongregaodasIrmsdeNossaSenhora

    do Calvrio, na Frana, que tinha como objetivo principal, cuidar de crianas

    pobres, idosos, deficientes, enfermos, e posteriormente s pessoas surdas. Dom

    Francisco de Campos Barret, que era o bispo de Campinas, e irms calvarianas

    que haviam chegado a Campinas, estavam preocupados pois os surdos no

    haviam uma escola especializada para eles. Ento a superiora, Irm Ins,

    entusiasmadacomaidiadeabrirumaescolaparasurdosmandouFrana,duas

    irms brasileiras para estudarem, essas irms eram Irm Suzana Maria, e Irm

    Madalena da Cruz, quando elas voltaram, trouxeram com elas duas irms

    francesas,LuizadosAnjose MariaJoo,efundaramo InstitutoSantaTeresinha

    em 15 de abril de 1929, que era uma escola apenas para mulheres surdas, que

    recebiamalmdeeducaoescolareeducaoreligiosa,umtimoacolhimento.

    Em 18 de maro de 1933 a escola foi transferida para So Paulo e passou a

  • 10

    funcionaremprdiosalugadosatqueinstaladadefinitivamenteem1937nobairro

    BosquedaSade.(PastoraldosSurdos,2006).

    A histria do surdo no Brasil cheia de conquistas, a aprovao da Libras, o

    closed captionquevemsendocada vez maisusado nas televises daspessoas

    surdas,soalgunsdosexemplosdevriasvitrias,masaindasetemmuitoafazer

    pelacomunidadesurdabrasileira.

    Consideradaomeiolegaldecomunicaoentreascomunidadesepessoassurdas

    doBrasil,aLibras,foicriandosenaturalmente,esebaseianalnguafrancesade

    sinais,ealgumas semelhanascomalgumas lnguasdesinaiseuropiasenorte

    americana. A Libras composta de nveis lingsticos como fonologia, sintaxe,

    semntica e tambm apresenta itens lexicais, ou sinais, sua diferena para as

    demaislnguasapenasasuamodalidade,visoespacial.(Wikipdia1)

    1http://pt.wikipedia.org/Libras

  • 11

    2CULTURA,IDENTIDADEEEDUCAODOSSURDOS

    Segundo o decreto 5626 de 22 de dezembro de 2005(anexo 1), art. 2, que

    regulamentaaLein..10.436(anexo2),ealei10.098(anexo3)de24deabrilde

    2002,asurdezConsideradaapessoasurdaaquelaque,porterperdaauditiva,

    compreende e interage com o mundo por meio de experincias visuais,

    manifestandosuaculturaprincipalmentepelousodaLnguaBrasileiradeSinais

    Libras. Considerase deficincia auditiva a perda bilateral, parcial ou total de

    quarentaeumdecibis(dB)oumais,aferidaporaudiogramanas freqnciasde

    500hz,1000hz,2000hzou3000hz.

    Segundo DeAnn Sampley, os surdos so pessoas em que o sentido daaudionoefuncionalparacomoseupropsitoordinrio.Osomnotemsignificado no propsito da comunicao. Tal grupo esta divididoem duasdistintasclassesquantoperdadaaudio.Osurdocongnito,aquelequenasceu surdo e o surdo casual todo aquele que nasceu com a audionormal, mas em quem o sentido daaudio se tornou mais tarde na vidano funcionalatravsdedoenaouacidente, tambmchamadadesurdezadquirida.

    Masusarapalavrasurdo,vriasvezesusadadeformaembaraosaecapazde

    confundir,sendoquealgumaspessoasnoaceitamousodessapalavra,dizendo

    querarasvezesalgumrealmentesurdo,poissemprehumresduodeaudio.

    Ou tambm,negamseausarapalavra,porsuaexpresso forte, fazendopaise

    outros desistirem de tratamentos intensivos para amplificar o dito resduo de

    audio. A partir da, o termo deficiente auditivo passou a ser usado muitas

    vezes,referindoseatodososgrausdesurdez.Mesmoquedeficienteauditivoou

    surdonosejaliteralmenteaausnciatotaldeaudio.

    Outropontodereferenciaoqueaspessoasdefinemdesimesmas,porexemplo,

    pessoas que so surdas profundas e que se dizem deficientes auditivas, pois a

    educaoquelhefoiconferidadiziaparaevitarrotularsedesurdasedizeremque

    sodeficientesauditivas, ouo contrario, pessoasque sodeficientes auditivas e

    queseconsideramsurdaspelomeioemqueconviveram.

  • 12

    Asurdezumfato,comvidasdiferentes,comcerteza,masnadainferioresvida

    doouvinte,apartirdomomentoemquevocencaraasurdezcomoumadiferena

    e jamais como um defeito, voc est aberto para entender o mundo e a cultura

    surda.Uma comissopara a educaodossurdos,daOrganizao dasNaes

    Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura, declarou: No se pode mais

    negligenciar a lngua de sinais, nem evitar participar ativamente no seu

    desenvolvimentoemprogramaseducativosparaossurdos.precisoquesediga,

    porm,quesejaqualforomtododeeducaoescolhidopelospaisparaacriana

    Surda, a plena participao tanto do pai como da me no desenvolvimento da

    crianadecrucialimportncia.Mundialmente,ascomunidadesSurdascriarama

    suaprprialnguadesinais,ouincorporaramaspectosdeoutraslnguasdesinais.

    Quem estuda uma lngua de sinais fica impressionado com a sua sutil

    complexidade e riqueza de expresso. A maioria dos assuntos, pensamentos ou

    idiaspodemserexpressoscomalnguadesinais.Felizmente,humatendncia

    crescentedeproduzirliteraturaparasurdosemvideocassetes,usandoalnguade

    sinaisnaturalparacontarhistrias,expressarpoesia,apresentarrelatoshistricos

    eensinarverdadesbblicas.Emmuitospases,oaprendizadodalnguadesinais

    estemalta.(Wikipedia1)

    Surdos e ouvintes possuem cultura diferentes e lnguas diferentes, mas a

    convenciapassaaserpossvelquandoocorreoaprendizadodalnguadesinais.

    O trabalho realizado pelo Instituto Nacional de Educao de Surdos veio a

    fracassar e diminuir a caracterstica da Lngua de Sinais. Isso provocou muitas

    alteraesqueatingiramaculturadossurdos.Quandouma lnguaempobrece,a

    cultura ligada diretamente a ela sofre danos e que no passado ela no era to

    fraca.ComesseempobrecimentoacomunidadesurdadoRiodeJaneiroedetodo

    Brasilperdeumuitacoisatantonaeducao,nocampodacultura,nosocial,etc.

    Preservaraculturadacomunidadesurda.Respeitaraformadeacomunicaodo

    surdodeverdasociedadeem geral.

    1http://pt.wikipedia.org/wiki/Libras

  • 13

    Seaculturaapossibilidadedeentenderaspessoaseomundoemquevivem,

    precisoquecomunidadesurdapasseainvestirnesseentendimentoparaofuturoe

    a manuteno da prpria cultura, pois surdos e ouvintes possuem duas culturas

    completamentediferentes.

    Ossurdos,noconseguemexplicarcomovivernomundosurdo,simplesmente

    porque, no existe apenas um mundo surdo, pois, surdos se relacionam com

    ouvintes, outros surdos, outros deficientes de diferentes formas, essas formas

    dependem de diversas coisas, como a idade em que adquiriram deficincia, o

    grau auditivo da pessoa, as oportunidades escolares que a pessoa teve sua

    personalidade,suainteligncianaturaleoutros.

    Nenhumaoutradeficinciatemacontrovrsiademaisde200anos,sobreaforma

    lingstica majoritriaa seradotada,oralistaoua lnguadesinais,poishquem

    adoteametodologiaoralistade forma radical,e quem faa isso coma lnguade

    sinais.Osconselhosdados porpaisouvintes,ouprofissionaisso daadooao

    oralismo, mas a maioria dos surdos usa a lngua de sinais chegando idade

    adulta.

    Ossurdostmcostumesdiferentes,tantodeouvintes,quantodeoutrossurdos,e

    queissodependedasoportunidadesqueosurdotemaolongodavida.

    O Bilingismo assume que a lngua uma importante via de acesso ao

    desenvolvimento intelectual do surdo, em todas as esferas do conhecimento,

    propiciando a intercomunicao do sujeito surdo com os seus pares e com os

    ouvintes que conhecem a lngua gestual, dando suporte ao pensamento e

    estimulandooseuaprimoramentocognitivoesocial.

    DeacordocomSACKS(1998,p44):

    A lngua de sinais deve ser introduzida e adquirida o mais cedo possvel,

    seno seu desenvolvimento pode ser permanentemente retardado e

    prejudicado, com todos os problemas ligados capacidade de

    proposicionar (...) no caso dos profundamente surdos, isso s pode ser

    feitopormeiodalnguadesinais.Portanto,asurdezdeveserdiagnosticada

    o maiscedo possvel.Ascrianassurdasprecisamserpostas emcontato

    primeiro com pessoas fluentes na lngua de sinais, sejam seus pais,

  • 14

    professoresououtros.Assimqueacomunicaoporsinaisforaprendida,e

    elapodeserfluenteaostrsanosdeidade,tudoentopodedecorrer:livre

    intercursodepensamento,livrefluxodeinformaes,aprendizadodaleitura

    eescritae,talvez,dafala.Nohindciosdequeousodeumalnguade

    sinaisinibaaaquisiodafala.Provavelmente,ocorreoinverso.

    Acrianasurda,porsuafaltadeacessolinguagem,ecomoresultadodotreino

    escolar/clnico, o que pode conseguir uma fala morta. Ela repete palavras

    decoradasquetentadesesperadamenteencaixaremcontextossemprediferentes

    que se esfora por reconhecer atravs de pistas dadas por alguma palavra

    conhecida. As palavras, sem a correspondncia fontica de uma lngua j

    conhecida,sodifceisdeassociaraumconceito,poisseparecemdemaiseso

    muitas,os detalhes grficos somnimos, ossentidos completamente diferentes,

    vejam por ex: bolo e rolo. A sintaxe e os enunciados so mistrios completos.

    Porqueumapalavravemantesoudepois,porquecolocarverboseosubstantivoj

    mostraoque?

    O entendimento que a criana surda tem da linguagem falada sempre

    fragmentado, pois a leitura labial, com o melhor dos treinos, possibilita a

    compreensodeat40%damensagem.Ataquifalamosdesurdosescolarizados

    ebeneficiadospor,protetizaoelongotratamentofonoaudiolgico.

    Norecreioounorefeitriodeumaescoladesurdos,impressionaaanimaodas

    conversas sinalizadas, mos e bocas movimentamse rapidamente, risos e

    dilogos acontecem de fato. Que situao diferente daquela na qual o surdo

    obrigado a falar e tem de procurar, procurar a palavra, articular com esforo,

    desesperarse e desesperar o ouvinte que tambm se esforou, mas no

    conseguiuentender.Tentaretentaradivinharoqueooutroestdizendo.Pegar

    uma palavra que foi compreendida como pista e imaginar o todo, torcendo para

    que seja aquilo mesmo. Ou rirque,nemum tolo,e concordarcoma cabeapor

    nocompreendernada.

    A comisso de Cincia em lngua de Sinais da federao mundial de surdos

    enfatizaque:aexclusodalnguadesinaisdassalasdeaulanoexcluiamesma

  • 15

    apenasdaeducao formaldossurdos,mas,muitomais,excluiqualquer tipode

    linguagemdavidadamaioriadossurdosemseusprimeirosanosdevida.

    Observamos que pais que aprendem a Libras e a usam com seus filhos surdos

    apresentam um maior grau de comunicao entre si e maior aceitao da

    diferena,sejadaculturasurda,sejado filhoedacolaboraocomaeducao

    em sua nova modalidade, na participao poltica dos direitos dos surdos, tendo

    umamelhorrepresentaopsquicadasurdez.Asmodernaspesquisasnasreas

    da lingstica, da neuropsiquiatria, da educao deixam clara a necessidade de

    Librasnasfamlias.Elamaravilhosadizemospaislogoqueaprendem.

    Aslnguasdesinaissolnguasnaturaisquesedesenvolvemnomeioemquevive

    acomunidadesurda.Aspessoassurdasdeumadeterminadaregioencontramse

    e comunicase atravs de uma lngua de sinais da mesma forma que qualquer

    gruposcioculturalqueutilizaumalnguafalada.Taislnguassonaturaisporque

    refletem a capacidade psicobiolgica humana para a linguagem e surgiram da

    mesmaformaqueaslnguasoraisdanecessidadequeossereshumanostmde

    expressar idias, sentimentos e aes. As lnguas de sinais so sistemas

    lingsticosquepassaramdegeraoemgeraodepessoassurdas,solnguas

    que no derivaram das lnguas orais, mas fluram da necessidade natural de

    comunicao entre pessoas que no utilizam o canal auditivooral, mas o canal

    espaovisual.

    Pesquisasquevemsendorealizadasnomundocomdiversaslnguasdesinaise

    noBrasilcomaLibrasvemcomprovandoostatusdeverdadeiraslnguas,sistemas

    abstratosecomplexoscapazesdeexpressarmetforasepoesia.

    Aslnguasdesinaisapresentamosmesmosprincpiosdeorganizaogramatical

    das lnguas orais. Embora elas usem mecanismos visosespaciais, so

    processadasnohemisfrioesquerdodocrebroqueresponsvelpelalinguagem

    e no no hemisfrio direito que responsvel pelas informaes espaciais.

    Pesquisas que relatam este fato foram feitas observando vrias pessoas surdas

    que usavam lngua de sinais e sofreram leses de um lado do crebro. Foi

    constatadoque surdos com leses no lado esquerdo do crebro passaram a ter

    problemas com a sua lngua, enquanto continuava perfeita a sua percepo

  • 16

    espacial.Aocontrrio,surdoscomlesesnohemisfriodireitocontinuaramusando

    bem a lngua de sinais enquanto perdiam a sua percepo espacial para outras

    atividades.

    Assim, ficou comprovado cientificamente que para o crebro funcionam como

    sistema lingstico tanto as lnguas orais como as lnguas de sinais. Esta

    constatao no era necessria para os surdos, que sabiam j do valor de sua

    lngua, mas, foi importante para a comunidade cientfica que precisa sempre de

    provas documentadas e para os surdos que assim comearam a ter vozes de

    ouvintesqualificadosajudandoadefenderodireitodeusarsualngua.

    A excluso das lnguas de sinais da educao dos surdos expulsas a partir do

    fortalecimento do oralismo reduziu todas as implicaes emocionais, educativas,

    sociais e laborais dos surdos a colocarlhes uma prtese e fazlos freqentar

    clnicasdefala.Estegrandeerrofezcomquemuitasgeraesdesurdosfossem

    condenadasmarginalidade,semoportunidadeparadesenvolverseuspotenciais,

    semoportunidadeparaadquirirumaboaeducao,conseguirumtrabalhodigno,

    interagir com suas famlias e participar da sociedade enriquecendoa com suas

    diferenas representadas por sua cultura da qual o item mais relevante sua

    lnguadesinais.

    Aeducaotermofundamentalparaqueossurdospossamserintroduzidosna

    sociedade com sucesso, sem sofrerem represses, preconceitos, entre outros...

    Poiscomoplenodesenvolvimentodaeducaodacrianasurda,portasestaro

    abertas para o desenvolvimento dessa mesma criana surda como pessoa. O

    sucessoescolardosurdodependedemaisdesuacomunicao.

    Muitosacreditamqueaeducaoinclusiva,queaintroduodoalunodeficiente

    em escolas regulares, reestrutura a cultura, e prticas polticas das escolas, em

    relao aos mais diversos tipos de aluno, ressaltando a diversidade humana, e

    fazendo com que todos cresam como ser humanos, atendendo a satisfao

    imprescindveldosurdocomopessoa.

  • 17

    NadeclaraodeSalamanca1,promovidapelaUNESCO,foireforadaaidiade

    que todas as pessoas, independente de qualquer dificuldade, deficincia ou

    diferena, devem fazer parte de escolas regulares, pois as pessoas devem

    aprenderjuntasapesardetudo.NoBrasil,aeducaoinclusivatemsidocobrada

    inclusive legalmente, mas no h polticas efetivas de acompanhamento das

    exigncias.

    Mas a incluso noconsisteapenas emcobrara presena fsica dessesalunos,

    mas respeitar suas limitaes, mas no mbito de ampliar seus conhecimentos e

    limites,semprecomumaqualidadeescolardamelhormaneirapossvel,oobjetivo

    da educao inclusive tornar tanto a presena dos alunos deficientes, quanto

    fazlosparticipardavidaescolarefetivamente.

    AquinoBrasil,aeducaodossurdoscomeouformalmentequandooatualINES

    foicriadoem1857,napocacomonomedeInstitutoImperialdeSurdosMudos,

    masodesenvolvimentonareaeducativanofoitoexpressivoatadcadade

    60quandohouveumaumentodequase200%noatendimentospessoassurdas.

    Mas o acesso ao ensino pelos surdos ainda bastante precrio, e nem sempre

    produzbonsresultados,sejapelaretenodossurdosemsriesiniciais,sejapela

    faltadeserviodeEducaoEspecialemescolasregulares,muitasescolasainda

    noadotaramsuaposiosobreusarmtodooralougestual.(LIMA,2006)

    Aspropostasoralistas,usamcomobasedesuas idias,oaprendizadodalngua

    oral, pois dizem ser necessrio integrar o surdo ao modelo do ouvinte: a lngua

    oficial. Mas recentemente, esto sendo criadas diversas propostas que preferem

    adotar o bilingismo, que considera o aprendizado tanto do oralismo como da

    lnguadesinaiscomoimportantesparaocrescimentodacomunidadesurdaesua

    cultura,equereconheceaespecificidadedasurdez.

    Tambmvemsendomuitousadoobimodalismo,queatraduosimultneado

    portugusfaladoparaaLibras,inclusiveemfaculdades,escolaseoutroslugares.

    1DeclaraodeSalamancaSalamanca1994,umaresoluodaONUadotadaemAssembliaGeralqueapresentaosProcedimentosPadresdasNaesUnidasparaaEqualizaodeOportunidadesparaPessoasPortadorasdeDeficincias.Consideradaumdosmaisimportantesdocumentosquevisoainclusosocial.

  • 18

    Masumamodalidadedifcildeserusadapelainconveninciaqueproduz,alm

    do que a rapidez da lngua falada no permite uma sintonia entre os diferentes

    sinaiseaspalavras.

    Alguns estudos mostram que surdos filhos de surdos saemse melhor do que

    surdosfilhosdeouvintes,emrelaoaoaprendizadodalnguadesinais,enoh

    diferena entre os dois ao aprender a leitura labial, h possibilidade de isso

    acontecer,poissurdosfilhosdepaissurdossomaisautoconfiantesemrelaoa

    expressar sua lngua de forma segura. Mas o portugus escrito tem uma

    dificuldade maior para o surdo de ser aprendido, pois, a lngua de sinais se

    expressademaneiradiferentedoquea lnguaportuguesaescrita, isso acontece

    porqueaescritaumalinguageminteriorouumaespciedefalainternaealngua

    queosurdoacabafazendoporinterioralnguadesinaisquebastantediferente

    doportugusfaladoeescrito.

  • 19

    3METODOLOGIA

    O presente estudo do tipo exploratrio e foi realizado a partir de buscas ao

    acervo virtual da UNIVERSO, de peridicos artigos cientficos que retratam a

    histriaeaculturadossurdosnomundoenoBrasil.

  • 20

    4DISCUSSO

    CarlosSkliar,dizqueanoodesurdoestereotipadadediversas formas,

    por exemplo, em um local de trabalho, os surdos so admitidos como

    incapazes e sem definio cultural, que carregam seus corpos mutilados,

    sua inteligncia fracassada, e que a idia do surdo ser um individuo

    concentrado, como de fato , e que por isso seria um gerador braal de

    produtividade, e que surdos no podem assumir cargos de gerncia ou

    coordenao, seria isso porque a cultura surda no ofereceu possibilidades

    de assumir esses tipos de cargos ou porque o ouvinte no flexvel o

    suficiente?

    Qualomodelodesurdoquesetem?Omodelodosurdosoouvinte.Sopoucosossurdosbemsucedidosquenstemosquesirvamdemodeloparaossurdosmenores.Ento,elestma idiade inferioridade. Ea genteconhecea histria: a gentepassou100anosmandandonaeducaodesurdos,mandandonavidasocialnosurdo,mandandonavidadosurdo.E,fazeroqu?Hojecontinuaamesmacoisa.verdade..(SKLIAR,1998)

    Os surdos simplesmente tm modelos a seguir praticamente nulos, so poucas

    pessoasquefuncionariamcomoimpulsionadorparaaevoluosocialdosurdo.

    Mas ainda h diversas barreiras que servem como exemplo, como, as

    oportunidadesdependem muito ediretamentedacondioscioculturaldecada

    um,sepobre,comoosurdopoderestudarmaissedeveestartrabalhandopara

    sobreviver?Issovaleparaasociedadeemgeral,masumexemplomaisfocado

    comoosurdodeveresperarassumircargosaltos,papissimilaresadeouvintes

    se ainda h milhares debarreiras em termos de comunicao e lingstica? E

    assimquesemantmahegemoniaouvintenomundosurdo.Osurdovemsendo

    visto como possivelmente bem sucedido, desde que supere as dificuldades

    escolares e sociais, e que os investimentos feitos nele, os resultados so

    totalmenteresponsabilidadesua,ouseja,senodeucerto,aculpasuaporno

    conseguirseintegrarnasociedade.(SKLIAR,1998)

  • 21

    Tendoemvistaquealnguaatravsdaqualosurdoseexpressaecompreende

    comfacilidadealnguadesinaisequeseusprofessores,mesmoosespecialistas

    emdeficinciaauditiva,necessitamdeestudlaparautilizlaemsaladeaula,a

    FENEIS emparceria como MEC,comas IESe comas SEDUCs conseguiu

    realizaremtodooPasumadivulgaodaLibrascuja metaprimordial foi formar

    profissionaisparaatuaremcomInstrutoresdeLibras.

    Tal meta ousada, se levar em considerao que as agncias formadoras de

    profissionaisdaeducao(instituiesdeensinosuperior,institutosdeeducao,

    escolasnormais)nooferecem,ainda,essaformao.

    Os surdos, embora sem titulao acadmica para o ensino de lnguas, so

    proficientes na lngua brasileira de sinais. Assim, a FENEIS se props a realizar

    cursosparaprofessores(surdoseouvintes),bemcomocursospara formaode

    intrpretes,visandomelhoriadaeducaode,aproximadamente,50.000alunos

    matriculadosnaeducaobsica.

    O processo educacional de pessoas surdas deve ser visto sob a perspectiva do

    direito de igualdade de oportunidades, expresso na Constituio Federal nos

    artigos 205, 208 e na LDB artigos 4, 58, 59 e 60. Tal direito lhes vem sendo

    negado,fatoquesepodeserobservadopeloirrisrionmerodealunosnosnveis

    maiselevadosdeensino.

    Considerando a extrema carncia de professores com formao em Libras e a

    conseqente,aformaodeintrpretes,justificouseassumirodesafio.

    Acarreiradosprofessores,quefazempartedossistemasestaduaisoumunicipais

    de educao, prev sua formao continuada, e o curso de lngua brasileira de

    sinais ora proposto est sendo um fator de enriquecimento profissional sem

    precedentes.

    Alnguadesinais,porserdiferente,estafastadadaLnguaoral.Asfamliasdas

    crianas surdas ainda no entendem que a aproximao dessas crianas com o

    surdo adulto importante devido riqueza de experincias e ao acesso as

    informaesatravsdaidentidadecomogrupodepertinncia.

  • 22

    Hoje conseqncia de muita luta dos surdos, seus familiares, professores e

    profissionaisdareaqueresultaramemconquistasfundamentais,taiscomo:

    reconhecimentodadiferenalingsticadosurdo

    a oficializao da Lngua Brasileira de Sinais Libras, em Nvel Federal

    (Decreto56261)em2002

    apotencializaodopedaggicoemdetrimentodoclniconaeducao

    apossibilidadedaeducaobilngenumadimensopoltica

    oapoioaofortalecimentoequalificaodacomunidadesurda.

    ALibras por lei,obrigao curricularnoscursos para oexercciodomagistrio

    em nvel mdio e superior e nos cursos de fonoaudiologia. A pessoa surda tem

    direitotambmporleiaacessoaeducao,comunicaoeainformaodesdeo

    ensino infantilat aosuperior, tmdireito a acesso aoSUS,direito a tratamento

    diferenciado em empresas de servio pblico, em se tratando do uso de Libras,

    tradutores ou intrpretes disposio, capacitados para realizar esse tipo de

    comunicao, e rgos de administrao publica federal devem incluir em seus

    oramentos recursos destinados capacitao e qualificao de professores,

    servidoreseempregadosparaousoedifuso,traduoeinterpretaodaLibras.

    1 Decreton..5.626/05RegulamentaaLein..10.436quedispesobreaLibrasesobreoart.18daLein..10.098/00.

  • 23

    5CONCLUSO

    Apartirdosmovimentos polticosque temos realizado pela legitimao da lngua

    desinaisnossacomunidadetemvoltadoasemostrar,temseunidoembuscade

    conquistas e a vida dos surdos que tem podido participar est muito melhor. A

    conquistadenossacidadaniapassapelalegitimidadedaLibras,porsuainsero

    noscurrculosdossurdos,pelonossodireitodecomunicaresercomunicado.

  • 24

    REFERNCIASBIBLIOGRFICAS

    DANESI,MarleneCanarim Oadmirvelmundodossurdos:novosolharesdofonoaudilogosobreasurdez/OrganizadoporMarleneCanarimDanesiPortoAlegre:EDIPUCRS,2001.

    FREEMAN,RogerD.Seufilhonoescuta?Umguiaparatodosquelidamcomcrianassurdas/RogerD.Freeman,CliftonF.Carbin,RobertJ.Boesetraduo:VeraSarmentorevisoemlnguaportuguesaRinaldoMendesSarmentorevisotcnica Daniela Richter Teixeira Braslia: Coordenadoria Nacional paraIntegraodaPessoaPortadoradeDeficinciaCORDE,1999.

    GUARINELLO,AnaCristinaOpapeldooutronaescritadesujeitossurdos/AnaCristinaGuarinelloSoPaulo:Plexus,2007.A surdez: um olhar sobre as diferenas / org. de Carlos Skilar. Porto Alegre:Mediao,1998.

    LACERDA, Cristina de Fonoaudiologia, surdez e abordagem bilnge /organizadorasCristinadeLacerda,HeleniceNakamura,MariaCecliaLimaSoPaulo:Plexus,2000.

    S,NdiaReginaLimeiradeCultura,podereeducaodesurdos/NdiaReginaLimeiradeSSoPaulo:Paulinas,2006.

    SACKS, Oliver W. Vendo Vozes: uma viagem ao mundo dos surdos / OliverSacks:Traduo:LauraTeixeiraMottaSoPaulo:CompanhiadasLetras,1998.

    SANTANA, Ana Paula Surdez e Linguagem: aspectos e implicaesneurolingsticas/AnaPaulaSantanaSoPaulo:Plexus,2007.

    SCHNEIDER, Roselia Educao de surdos: incluso no ensino regular /RoseliaSchneiderPassoFundo:Ed.UniversidadedePassoFundo,2006.

    SKLIAR, Carlos A surdez: um olhar sobre as diferenas / Carlos Skilar. PortoAlegre:Mediao,1998.

    SOARES, Maria Aparecida Leite / Maria Aparecida Leite Soares 2. Ed. Campinas,SP:AutoresAssociados,2005.

    THOMAS,AdrianadaSilvaAinvenodaSurdez:cultura,alteridade,identidadesediferenanocampodaeducao/organizadoras:eMauraCorciniLopesSantaCruzdoSul,EDUNISC,2004.

    http://www.dspcom.fee.unicamp.br/cristia/surdos/h_surdo_prof.htmlhttp://www.feneis.com.brhttp://www.planalto.gov.brhttp://pt.wikipedia.org

  • 25

    ANEXOS

    anexo01Decreton5.626,deDezembrode2005.........................26

    anexo02 Lei10.098,de19deDezembrode2000......................38

    anexo03Lei10.436,de24deAbrilde2002............................40

  • 26

    anexo01Decreton5.626,de22deDezembrode2005

  • 27

    DECRETON5.626,DE22DEDEZEMBRODE2005.

    Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 deabrilde2002,quedispesobreaLnguaBrasileiradeSinaisLibras,eoart.18daLei no 10.098, de 19 de dezembro de2000.

    OPRESIDENTEDAREPBLICA,nousodasatribuiesquelheconfereoart.84,incisoIV,daConstituio,etendoemvistaodispostonaLeino10.436,de24deabrilde2002,enoart.18daLeino10.098,de19dedezembrode2000,

    DECRETA:

    CAPTULOI

    DASDISPOSIESPRELIMINARES

    Art.1o EsteDecretoregulamentaaLeino10.436,de24deabrilde2002,eoart.18daLeino10.098,de19dedezembrode2000.

    Art.2o ParaosfinsdesteDecreto,considerasepessoasurdaaquelaque,porterperdaauditiva,compreendeeinteragecomomundopormeiodeexperinciasvisuais,manifestandosuaculturaprincipalmentepelousodaLnguaBrasileiradeSinaisLibras.

    Pargrafonico. Considerasedeficinciaauditivaaperdabilateral,parcialoutotal,dequarentaeumdecibis(dB)oumais,aferidaporaudiogramanasfreqnciasde500Hz,1.000Hz,2.000Hze3.000Hz.

    CAPTULOII

    DAINCLUSODALIBRASCOMODISCIPLINACURRICULAR

    Art.3o ALibrasdeveserinseridacomodisciplinacurricularobrigatrianoscursosdeformaodeprofessoresparaoexercciodomagistrio,emnvelmdioesuperior,enoscursosdeFonoaudiologia,deinstituiesdeensino,pblicaseprivadas,dosistemafederaldeensinoedossistemasdeensinodosEstados,doDistritoFederaledosMunicpios.

    1o Todososcursosdelicenciatura,nasdiferentesreasdoconhecimento,ocursonormaldenvelmdio,ocursonormalsuperior,ocursodePedagogiaeocursodeEducaoEspecialsoconsideradoscursosdeformaodeprofessoreseprofissionaisdaeducaoparaoexercciodomagistrio.

  • 28

    2o ALibrasconstituirseemdisciplinacurricularoptativanosdemaiscursosdeeducaosuperiorenaeducaoprofissional,apartirdeumanodapublicaodesteDecreto.

    CAPTULOIII

    DAFORMAODOPROFESSORDELIBRASEDOINSTRUTORDELIBRAS

    Art.4o AformaodedocentesparaoensinodeLibrasnassriesfinaisdoensinofundamental,noensinomdioenaeducaosuperiordeveserrealizadaemnvelsuperior,emcursodegraduaodelicenciaturaplenaemLetras:LibrasouemLetras:Libras/LnguaPortuguesacomosegundalngua.

    Pargrafonico. Aspessoassurdasteroprioridadenoscursosdeformaoprevistosnocaput.

    Art.5o AformaodedocentesparaoensinodeLibrasnaeducaoinfantilenosanosiniciaisdoensinofundamentaldeveserrealizadaemcursodePedagogiaoucursonormalsuperior,emqueLibraseLnguaPortuguesaescritatenhamconstitudolnguasdeinstruo,viabilizandoaformaobilnge.

    1o AdmitesecomoformaomnimadedocentesparaoensinodeLibrasnaeducaoinfantilenosanosiniciaisdoensinofundamental,aformaoofertadaemnvelmdionamodalidadenormal,queviabilizaraformaobilnge,referidanocaput.

    2oAspessoassurdasteroprioridadenoscursosdeformaoprevistosnocaput.

    Art.6oAformaodeinstrutordeLibras,emnvelmdio,deveserrealizadapormeiode:

    Icursosdeeducaoprofissional

    IIcursosdeformaocontinuadapromovidosporinstituiesdeensinosuperiore

    IIIcursosdeformaocontinuadapromovidosporinstituiescredenciadasporsecretariasdeeducao.

    1o AformaodoinstrutordeLibraspodeserrealizadatambmpororganizaesdasociedadecivilrepresentativadacomunidadesurda,desdequeocertificadosejaconvalidadoporpelomenosumadasinstituiesreferidasnosincisosIIeIII.

    2oAspessoassurdasteroprioridadenoscursosdeformaoprevistosnocaput.

    Art.7o Nosprximosdezanos,apartirdapublicaodesteDecreto,casonohajadocentecomttulodepsgraduaooudegraduaoemLibrasparaoensinodessadisciplinaemcursosdeeducaosuperior,elapoderserministradaporprofissionaisqueapresentempelomenosumdosseguintesperfis:

  • 29

    IprofessordeLibras,usuriodessalnguacomcursodepsgraduaooucomformaosuperiorecertificadodeproficinciaemLibras,obtidopormeiodeexamepromovidopeloMinistriodaEducao

    IIinstrutordeLibras,usuriodessalnguacomformaodenvelmdioecomcertificadoobtidopormeiodeexamedeproficinciaemLibras,promovidopeloMinistriodaEducao

    IIIprofessorouvintebilnge:LibrasLnguaPortuguesa,compsgraduaoouformaosuperiorecomcertificadoobtidopormeiodeexamedeproficinciaemLibras,promovidopeloMinistriodaEducao.

    1o NoscasosprevistosnosincisosIeII,aspessoassurdasteroprioridadeparaministraradisciplinadeLibras.

    2o ApartirdeumanodapublicaodesteDecreto,ossistemaseasinstituiesdeensinodaeducaobsicaeasdeeducaosuperiordevemincluiroprofessordeLibrasemseuquadrodomagistrio.

    Art.8o OexamedeproficinciaemLibras,referidonoart.7o,deveavaliarafluncianouso,oconhecimentoeacompetnciaparaoensinodessalngua.

    1o OexamedeproficinciaemLibrasdeveserpromovido,anualmente,peloMinistriodaEducaoeinstituiesdeeducaosuperiorporelecredenciadasparaessafinalidade.

    2o AcertificaodeproficinciaemLibrashabilitaroinstrutorouoprofessorparaafunodocente.

    3o OexamedeproficinciaemLibrasdeveserrealizadoporbancaexaminadoradeamploconhecimentoemLibras,constitudapordocentessurdoselingistasdeinstituiesdeeducaosuperior.

    Art.9o ApartirdapublicaodesteDecreto,asinstituiesdeensinomdioqueoferecemcursosdeformaoparaomagistrionamodalidadenormaleasinstituiesdeeducaosuperiorqueoferecemcursosdeFonoaudiologiaoudeformaodeprofessoresdevemincluirLibrascomodisciplinacurricular,nosseguintesprazosepercentuaismnimos:

    I attrsanos,emvinteporcentodoscursosdainstituio

    II atcincoanos,emsessentaporcentodoscursosdainstituio

    III atseteanos,emoitentaporcentodoscursosdainstituioe

    IV dezanos,emcemporcentodoscursosdainstituio.

    Pargrafonico. OprocessodeinclusodaLibrascomodisciplinacurriculardeveiniciarsenoscursosdeEducaoEspecial,Fonoaudiologia,PedagogiaeLetras,ampliandoseprogressivamenteparaasdemaislicenciaturas.

    Art.10. AsinstituiesdeeducaosuperiordevemincluiraLibrascomoobjetodeensino,pesquisaeextensonoscursosdeformaodeprofessores

  • 30

    paraaeducaobsica,noscursosdeFonoaudiologiaenoscursosdeTraduoeInterpretaodeLibrasLnguaPortuguesa.

    Art.11. OMinistriodaEducaopromover,apartirdapublicaodesteDecreto,programasespecficosparaacriaodecursosdegraduao:

    Iparaformaodeprofessoressurdoseouvintes,paraaeducaoinfantileanosiniciaisdoensinofundamental,queviabilizeaeducaobilnge:LibrasLnguaPortuguesacomosegundalngua

    IIdelicenciaturaemLetras:LibrasouemLetras:Libras/LnguaPortuguesa,comosegundalnguaparasurdos

    IIIdeformaoemTraduoeInterpretaodeLibrasLnguaPortuguesa.

    Art.12. Asinstituiesdeeducaosuperior,principalmenteasqueofertamcursosdeEducaoEspecial,PedagogiaeLetras,devemviabilizarcursosdepsgraduaoparaaformaodeprofessoresparaoensinodeLibrasesuainterpretao,apartirdeumanodapublicaodesteDecreto.

    Art.13. OensinodamodalidadeescritadaLnguaPortuguesa,comosegundalnguaparapessoassurdas,deveserincludocomodisciplinacurricularnoscursosdeformaodeprofessoresparaaeducaoinfantileparaosanosiniciaisdoensinofundamental,denvelmdioesuperior,bemcomonoscursosdelicenciaturaemLetrascomhabilitaoemLnguaPortuguesa.

    Pargrafonico. OtemasobreamodalidadeescritadalnguaportuguesaparasurdosdeveserincludocomocontedonoscursosdeFonoaudiologia.

    CAPTULOIV

    DOUSOEDADIFUSODALIBRASEDALNGUAPORTUGUESAPARAO

    ACESSODASPESSOASSURDASEDUCAO

    Art.14. Asinstituiesfederaisdeensinodevemgarantir,obrigatoriamente,spessoassurdasacessocomunicao,informaoeeducaonosprocessosseletivos,nasatividadesenoscontedoscurricularesdesenvolvidosemtodososnveis,etapasemodalidadesdeeducao,desdeaeducaoinfantilatsuperior.

    1o Paragarantiroatendimentoeducacionalespecializadoeoacessoprevistonocaput,asinstituiesfederaisdeensinodevem:

    I promovercursosdeformaodeprofessorespara:

    a)oensinoeusodaLibras

    b)atraduoeinterpretaodeLibrasLnguaPortuguesae

    c)oensinodaLnguaPortuguesa,comosegundalnguaparapessoassurdas

    IIofertar,obrigatoriamente,desdeaeducaoinfantil,oensinodaLibrasetambmdaLnguaPortuguesa,comosegundalnguaparaalunossurdos

  • 31

    IIIproverasescolascom:

    a)professordeLibrasouinstrutordeLibras

    b)tradutoreintrpretedeLibrasLnguaPortuguesa

    c)professorparaoensinodeLnguaPortuguesacomosegundalnguaparapessoassurdase

    d)professorregentedeclassecomconhecimentoacercadasingularidadelingsticamanifestadapelosalunossurdos

    IVgarantiroatendimentosnecessidadeseducacionaisespeciaisdealunossurdos,desdeaeducaoinfantil,nassalasdeaulae,tambm,emsalasderecursos,emturnocontrrioaodaescolarizao

    Vapoiar,nacomunidadeescolar,ousoeadifusodeLibrasentreprofessores,alunos,funcionrios,direodaescolaefamiliares,inclusivepormeiodaofertadecursos

    VIadotarmecanismosdeavaliaocoerentescomaprendizadodesegundalngua,nacorreodasprovasescritas,valorizandooaspectosemnticoereconhecendoasingularidadelingsticamanifestadanoaspectoformaldaLnguaPortuguesa

    VIIdesenvolvereadotarmecanismosalternativosparaaavaliaodeconhecimentosexpressosemLibras,desdequedevidamenteregistradosemvdeoouemoutrosmeioseletrnicosetecnolgicos

    VIIIdisponibilizarequipamentos,acessosnovastecnologiasdeinformaoecomunicao,bemcomorecursosdidticosparaapoiaraeducaodealunossurdosoucomdeficinciaauditiva.

    2o Oprofessordaeducaobsica,bilnge,aprovadoemexamedeproficinciaemtraduoeinterpretaodeLibrasLnguaPortuguesa,podeexercerafunodetradutoreintrpretedeLibrasLnguaPortuguesa,cujafunodistintadafunodeprofessordocente.

    3o Asinstituiesprivadaseaspblicasdossistemasdeensinofederal,estadual,municipaledoDistritoFederalbuscaroimplementarasmedidasreferidasnesteartigocomomeiodeasseguraratendimentoeducacionalespecializadoaosalunossurdosoucomdeficinciaauditiva.

    Art.15. Paracomplementarocurrculodabasenacionalcomum,oensinodeLibraseoensinodamodalidadeescritadaLnguaPortuguesa,comosegundalnguaparaalunossurdos,devemserministradosemumaperspectivadialgica,funcionaleinstrumental,como:

    Iatividadesoucomplementaocurricularespecficanaeducaoinfantileanosiniciaisdoensinofundamentale

    IIreasdeconhecimento,comodisciplinascurriculares,nosanosfinaisdoensinofundamental,noensinomdioenaeducaosuperior.

  • 32

    Art.16. AmodalidadeoraldaLnguaPortuguesa,naeducaobsica,deveserofertadaaosalunossurdosoucomdeficinciaauditiva,preferencialmenteemturnodistintoaodaescolarizao,pormeiodeaesintegradasentreasreasdasadeedaeducao,resguardadoodireitodeopodafamliaoudoprprioalunoporessamodalidade.

    Pargrafonico. AdefiniodeespaoparaodesenvolvimentodamodalidadeoraldaLnguaPortuguesaeadefiniodosprofissionaisdeFonoaudiologiaparaatuaocomalunosdaeducaobsicasodecompetnciadosrgosquepossuamestasatribuiesnasunidadesfederadas.

    CAPTULOV

    DAFORMAODOTRADUTOREINTRPRETEDELIBRASLNGUAPORTUGUESA

    Art.17. AformaodotradutoreintrpretedeLibrasLnguaPortuguesadeveefetivarsepormeiodecursosuperiordeTraduoeInterpretao,comhabilitaoemLibrasLnguaPortuguesa.

    Art.18. Nosprximosdezanos,apartirdapublicaodesteDecreto,aformaodetradutoreintrpretedeLibrasLnguaPortuguesa,emnvelmdio,deveserrealizadapormeiode:

    Icursosdeeducaoprofissional

    IIcursosdeextensouniversitriae

    IIIcursosdeformaocontinuadapromovidosporinstituiesdeensinosuperioreinstituiescredenciadasporsecretariasdeeducao.

    Pargrafonico. AformaodetradutoreintrpretedeLibraspodeserrealizadapororganizaesdasociedadecivilrepresentativasdacomunidadesurda,desdequeocertificadosejaconvalidadoporumadasinstituiesreferidasnoincisoIII.

    Art.19. Nosprximosdezanos,apartirdapublicaodesteDecreto,casonohajapessoascomatitulaoexigidaparaoexercciodatraduoeinterpretaodeLibrasLnguaPortuguesa,asinstituiesfederaisdeensinodevemincluir,emseusquadros,profissionaiscomoseguinteperfil:

    Iprofissionalouvinte,denvelsuperior,comcompetnciaeflunciaemLibraspararealizarainterpretaodasduaslnguas,demaneirasimultneaeconsecutiva,ecomaprovaoemexamedeproficincia,promovidopeloMinistriodaEducao,paraatuaoeminstituiesdeensinomdioedeeducaosuperior

    IIprofissionalouvinte,denvelmdio,comcompetnciaeflunciaemLibraspararealizarainterpretaodasduaslnguas,demaneirasimultneaeconsecutiva,ecomaprovaoemexamedeproficincia,promovidopeloMinistriodaEducao,paraatuaonoensinofundamental

  • 33

    IIIprofissionalsurdo,comcompetnciapararealizarainterpretaodelnguasdesinaisdeoutrospasesparaaLibras,paraatuaoemcursoseeventos.

    Pargrafonico. Asinstituiesprivadaseaspblicasdossistemasdeensinofederal,estadual,municipaledoDistritoFederalbuscaroimplementarasmedidasreferidasnesteartigocomomeiodeasseguraraosalunossurdosoucomdeficinciaauditivaoacessocomunicao,informaoeeducao.

    Art.20. Nosprximosdezanos,apartirdapublicaodesteDecreto,oMinistriodaEducaoouinstituiesdeensinosuperiorporelecredenciadasparaessafinalidadepromovero,anualmente,examenacionaldeproficinciaemtraduoeinterpretaodeLibrasLnguaPortuguesa.

    Pargrafonico. OexamedeproficinciaemtraduoeinterpretaodeLibrasLnguaPortuguesadeveserrealizadoporbancaexaminadoradeamploconhecimentodessafuno,constitudapordocentessurdos,lingistasetradutoreseintrpretesdeLibrasdeinstituiesdeeducaosuperior.

    Art.21. ApartirdeumanodapublicaodesteDecreto,asinstituiesfederaisdeensinodaeducaobsicaedaeducaosuperiordevemincluir,emseusquadros,emtodososnveis,etapasemodalidades,otradutoreintrpretedeLibrasLnguaPortuguesa,paraviabilizaroacessocomunicao,informaoeeducaodealunossurdos.

    1oOprofissionalaqueserefereocaputatuar:

    Inosprocessosseletivosparacursosnainstituiodeensino

    IInassalasdeaulaparaviabilizaroacessodosalunosaosconhecimentosecontedoscurriculares,emtodasasatividadesdidticopedaggicase

    IIInoapoioacessibilidadeaosserviosesatividadesfimdainstituiodeensino.

    2o Asinstituiesprivadaseaspblicasdossistemasdeensinofederal,estadual,municipaledoDistritoFederalbuscaroimplementarasmedidasreferidasnesteartigocomomeiodeasseguraraosalunossurdosoucomdeficinciaauditivaoacessocomunicao,informaoeeducao.

    CAPTULOVI

    DAGARANTIADODIREITOEDUCAODASPESSOASSURDASOU

    COMDEFICINCIAAUDITIVA

    Art.22. As instituiesfederaisdeensinoresponsveispelaeducaobsicadevemgarantirainclusodealunossurdosoucomdeficinciaauditiva,pormeiodaorganizaode:

    Iescolaseclassesdeeducaobilnge,abertasaalunossurdoseouvintes,comprofessoresbilnges,naeducaoinfantilenosanosiniciaisdoensinofundamental

  • 34

    IIescolasbilngesouescolascomunsdarederegulardeensino,abertasaalunossurdoseouvintes,paraosanosfinaisdoensinofundamental,ensinomdiooueducaoprofissional,comdocentesdasdiferentesreasdoconhecimento,cientesdasingularidadelingsticadosalunossurdos,bemcomocomapresenadetradutoreseintrpretesdeLibrasLnguaPortuguesa.

    1o SodenominadasescolasouclassesdeeducaobilngeaquelasemqueaLibraseamodalidadeescritadaLnguaPortuguesasejamlnguasdeinstruoutilizadasnodesenvolvimentodetodooprocessoeducativo.

    2o Osalunostmodireitoescolarizaoemumturnodiferenciadoaodoatendimentoeducacionalespecializadoparaodesenvolvimentodecomplementaocurricular,comutilizaodeequipamentosetecnologiasdeinformao.

    3o AsmudanasdecorrentesdaimplementaodosincisosIeIIimplicamaformalizao,pelospaisepelosprpriosalunos,desuaopoouprefernciapelaeducaosemousodeLibras.

    4o Odispostono2odesteartigodevesergarantidotambmparaosalunosnousuriosdaLibras.

    Art.23. Asinstituiesfederaisdeensino,deeducaobsicaesuperior,devemproporcionaraosalunossurdososserviosdetradutoreintrpretedeLibrasLnguaPortuguesaemsaladeaulaeemoutrosespaoseducacionais,bemcomoequipamentosetecnologiasqueviabilizemoacessocomunicao,informaoeeducao.

    1o Deveserproporcionadoaosprofessoresacessoliteraturaeinformaessobreaespecificidadelingsticadoalunosurdo.

    2o Asinstituiesprivadaseaspblicasdossistemasdeensinofederal,estadual,municipaledoDistritoFederalbuscaroimplementarasmedidasreferidasnesteartigocomomeiodeasseguraraosalunossurdosoucomdeficinciaauditivaoacessocomunicao,informaoeeducao.

    Art.24. Aprogramaovisualdoscursosdenvelmdioesuperior,preferencialmenteosdeformaodeprofessores,namodalidadedeeducaoadistncia,devedispordesistemasdeacessoinformaocomojanelacomtradutoreintrpretedeLibrasLnguaPortuguesaesubtitulaopormeiodosistemadelegendaoculta,demodoareproduzirasmensagensveiculadasspessoassurdas,conformeprevoDecretono5.296,de2dedezembrode2004.

    CAPTULOVII

    DAGARANTIADODIREITOSADEDASPESSOASSURDASOU

    COMDEFICINCIAAUDITIVA

    Art.25. ApartirdeumanodapublicaodesteDecreto,oSistemanicodeSadeSUSeasempresasquedetmconcessooupermissodeserviospblicosdeassistnciasade,naperspectivadainclusoplenadaspessoassurdasoucomdeficinciaauditivaemtodasasesferasdavidasocial,devemgarantir,prioritariamenteaosalunosmatriculadosnasredesdeensinoda

  • 35

    educaobsica,aatenointegralsuasade,nosdiversosnveisdecomplexidadeeespecialidadesmdicas,efetivando:

    Iaesdeprevenoedesenvolvimentodeprogramasdesadeauditiva

    IItratamentoclnicoeatendimentoespecializado,respeitandoasespecificidadesdecadacaso

    IIIrealizaodediagnstico,atendimentoprecoceedoencaminhamentoparaareadeeducao

    IVseleo,adaptaoefornecimentodeprteseauditivaouaparelhodeamplificaosonora,quandoindicado

    Vacompanhamentomdicoefonoaudiolgicoeterapiafonoaudiolgica

    VI atendimentoemreabilitaoporequipemultiprofissional

    VIIatendimentofonoaudiolgicoscrianas,adolescentesejovensmatriculadosnaeducaobsica,pormeiodeaesintegradascomareadaeducao,deacordocomasnecessidadesteraputicasdoaluno

    VIII orientaesfamliasobreasimplicaesdasurdezesobreaimportnciaparaacrianacomperdaauditivater,desdeseunascimento,acessoLibraseLnguaPortuguesa

    IXatendimentospessoassurdasoucomdeficinciaauditivanarededeserviosdoSUSedasempresasquedetmconcessooupermissodeserviospblicosdeassistnciasade,porprofissionaiscapacitadosparaousodeLibrasouparasuatraduoeinterpretaoe

    XapoiocapacitaoeformaodeprofissionaisdarededeserviosdoSUSparaousodeLibrasesuatraduoeinterpretao.

    1o OdispostonesteartigodevesergarantidotambmparaosalunossurdosoucomdeficinciaauditivanousuriosdaLibras.

    2o OPoderPblico,osrgosdaadministraopblicaestadual,municipal,doDistritoFederaleasempresasprivadasquedetmautorizao,concessooupermissodeserviospblicosdeassistnciasadebuscaroimplementarasmedidasreferidasnoart.3odaLeino10.436,de2002,comomeiodeassegurar,prioritariamente,aosalunossurdosoucomdeficinciaauditivamatriculadosnasredesdeensinodaeducaobsica,aatenointegralsuasade,nosdiversosnveisdecomplexidadeeespecialidadesmdicas.

    CAPTULOVIII

    DOPAPELDOPODERPBLICOEDASEMPRESASQUEDETMCONCESSOOUPERMISSODESERVIOSPBLICOS,NOAPOIOAOUSO

    EDIFUSODALIBRAS

    Art.26. ApartirdeumanodapublicaodesteDecreto,oPoderPblico,asempresasconcessionriasdeserviospblicoseosrgosdaadministraopblicafederal,diretaeindiretadevemgarantirspessoassurdasotratamento

  • 36

    diferenciado,pormeiodousoedifusodeLibrasedatraduoeinterpretaodeLibrasLnguaPortuguesa,realizadosporservidoreseempregadoscapacitadosparaessafuno,bemcomooacessostecnologiasdeinformao,conformeprevoDecretono5.296,de2004.

    1o Asinstituiesdequetrataocaputdevemdisporde,pelomenos,cincoporcentodeservidores,funcionrioseempregadoscapacitadosparaousoeinterpretaodaLibras.

    2o OPoderPblico,osrgosdaadministraopblicaestadual,municipaledoDistritoFederal,easempresasprivadasquedetmconcessooupermissodeserviospblicosbuscaroimplementarasmedidasreferidasnesteartigocomomeiodeassegurarspessoassurdasoucomdeficinciaauditivaotratamentodiferenciado,previstonocaput.

    Art.27. Nombitodaadministraopblicafederal,diretaeindireta,bemcomodasempresasquedetmconcessoepermissodeserviospblicosfederais,osserviosprestadosporservidoreseempregadoscapacitadosparautilizaraLibraserealizaratraduoeinterpretaodeLibrasLnguaPortuguesaestosujeitosapadresdecontroledeatendimentoeaavaliaodasatisfaodousuriodosserviospblicos,sobacoordenaodaSecretariadeGestodoMinistriodoPlanejamento,OramentoeGesto,emconformidadecomoDecretono3.507,de13dejunhode2000.

    Pargrafonico. Caberadministraopblicanombitoestadual,municipaledoDistritoFederaldisciplinar,emregulamentoprprio,ospadresdecontroledoatendimentoeavaliaodasatisfaodousuriodosserviospblicos,referidonocaput.

    CAPTULOIX

    DASDISPOSIESFINAIS

    Art.28. Osrgosdaadministraopblicafederal,diretaeindireta,devemincluiremseusoramentosanuaiseplurianuaisdotaesdestinadasaviabilizaraesprevistasnesteDecreto,prioritariamenteasrelativasformao,capacitaoequalificaodeprofessores,servidoreseempregadosparaousoedifusodaLibraserealizaodatraduoeinterpretaodeLibrasLnguaPortuguesa,apartirdeumanodapublicaodesteDecreto.

    Art.29. ODistritoFederal,osEstadoseosMunicpios,nombitodesuascompetncias,definiroosinstrumentosparaaefetivaimplantaoeocontroledousoedifusodeLibrasedesuatraduoeinterpretao,referidosnosdispositivosdesteDecreto.

    Art.30. Osrgosdaadministraopblicaestadual,municipaledoDistritoFederal,diretaeindireta,viabilizaroasaesprevistasnesteDecretocomdotaesespecficasemseusoramentosanuaiseplurianuais,prioritariamenteasrelativasformao,capacitaoequalificaodeprofessores,servidoreseempregadosparaousoedifusodaLibraserealizaodatraduoeinterpretaodeLibrasLnguaPortuguesa,apartirdeumanodapublicaodesteDecreto.

  • 37

    Art.31.EsteDecretoentraemvigornadatadesuapublicao.

    Braslia,22dedezembrode2005184odaIndependnciae117odaRepblica.

    LUIZINCIOLULADASILVAFernandoHaddad

  • 38

    anexo02 Lei10.098,de19deDezembrode2000

  • 39

    Lei10098,de19dedezembrode2000Acessibilidadeart.18

    Librasreconhecidaoficialmentepelaleifederaln.10436,de24deabrilde2002,comomeiolegaldecomunicaoeexpressoparasurdosbrasileiros.

  • 40

    anexo03Lei10.436,de24deAbrilde2002

  • 41

    LEIN.10.436,DE24DEABRILDE2002.

    DispesobreaLnguaBrasileiradeSinaisLibrasedoutrasprovidncias.

    OPRESIDENTEDAREPBLICAFaosaberqueoCongressoNacionaldecretaeeusancionoaseguinteLei:

    Art.1oreconhecidacomomeiolegaldecomunicaoeexpressoaLnguaBrasileiradeSinaisLibraseoutrosrecursosdeexpressoaelaassociados.

    Pargrafonico.EntendesecomoLnguaBrasileiradeSinaisLibrasaformadecomunicaoeexpresso,emqueosistemalingsticodenaturezavisualmotora,comestruturagramaticalprpria,constituemumsistemalingsticodetransmissodeidiasefatos,oriundosdecomunidadesdepessoassurdasdoBrasil.

    Art.2oDevesergarantido,porpartedopoderpblicoemgeraleempresasconcessionriasdeserviospblicos,formasinstitucionalizadasdeapoiarousoedifusodaLnguaBrasileiradeSinaisLibrascomomeiodecomunicaoobjetivaedeutilizaocorrentedascomunidadessurdasdoBrasil.

    Art.3oAsinstituiespblicaseempresasconcessionriasdeserviospblicosdeassistnciasadedevemgarantiratendimentoetratamentoadequadoaosportadoresdedeficinciaauditiva,deacordocomasnormaslegaisemvigor.

    Art.4oOsistemaeducacionalfederaleossistemaseducacionaisestaduais,municipaisedoDistritoFederaldevemgarantirainclusonoscursosdeformaodeEducaoEspecial,deFonoaudiologiaedeMagistrio,emseusnveismdioesuperior,doensinodaLnguaBrasileiradeSinaisLibras,comoparteintegrantedosParmetrosCurricularesNacionaisPCNs,conformelegislaovigente.

    Pargrafonico.ALnguaBrasileiradeSinaisLibrasnopodersubstituiramodalidadeescritadalnguaportuguesa.

    Art.5oEstaLeientraemvigornadatadesuapublicao.

    Braslia,24deabrilde2002181odaIndependnciae114odaRepblica.

    FERNANDOHENRIQUECARDOSOPauloRenatoSouza

  • 42