abelhas1

78
Introdução e Histórico O mel, que é usado como alimento pelo homem desde a pré-história, por vários séculos foi retirado dos enxames de forma extrativista e predatória, muitas vezes causando danos ao meio ambiente, matando as abelhas. Entretanto, com o tempo, o homem foi aprendendo a proteger seus enxames, instalá-los em colmeias racionais e manejá-los de forma que houvesse ma ior pr odão de me l sem ca usar pr ej zo pa ra as ab el ha s. Na sc ia , as si m, a ap ic ul tura. Essa atividade atravessou o tempo, ganhou o mundo e se tornou uma importante fonte de renda para várias famílias. Hoje, além do mel, é possível explorar, com a criação racional das abelhas, produtos como: pólen apícola, geléia real, rainhas , polin iz ão, apit oxina e cera . Existem casos de pr oduto res que comerc ializ am enxa mes e cr ias. O Brasil é, atualmente, o 6° maior produtor de mel (ficando atrás somente da China, Estados Unidos, Argentina, México e Canadá), entretanto, ainda existe um grande potencial apícola (flora e clima) não explorado e grande possibilidade de se maximizar a produção, incrementando o agronegócio apícola. Para tanto, é necessário que o produtor possua conhecimentos sobre  biologia das abelhas , técnicas de manejo e  colheita do mel,   pragas e doenças dos enxames , importância econômica, mercado e comercialização . As abelhas são descendentes das vespas que deixaram de se alimentar de pequenos insetos e aranhas para consumirem o  pólen das flores quando essas surgiram, há cerca de 135 milhões de anos. Durante esse processo evolutivo, surgiram várias espécies de abelhas. Hoje se conhecem mais de 20 mil espécies, mas acredita-se que existam umas 40 mil espécies ainda não-descobertas. Somente 2% das espécies de abelhas são sociais e produzem mel. Entre as espécies  produtoras de mel, as do gênero Apis são as mais conhecidas e difundidas. O fóssil mais antigo desse gênero que se conhece é da espécie já extinta  Apis ambruster  e data de 12 milhões de anos. Provavelmente esse gênero de abelha tenha surgido na África após a separação do continente americano, tendo  posteriormente migrado para a Europa e Ásia, originando as espécies  Apis mellifera, Apis cerana, Apis florea, Apis korchevniskov , Apis andreniformis, Apis dorsata, Apis laboriosa, Apis nuluensis e Apis nigrocincta. As abelhas que permaneceram na África e Europa originaram várias subespécies de  Apis mellifera adaptadas às diversas condi ções ambienta is em que se desen volver am. Embora hoje essa espécie seja criad a no continente Ame ricano e na Oceania, elas só foram introduzidas nessas regiões no período da colonização. Histórico da Apicultura Pesquisas arqueológicas mostram que as abelhas sociais já produziam e estocavam mel há 20 milhões de anos, antes mesmo do surgimento do homem na Terra, que só ocorreu poucos milhões de anos atrás.  No início, o homem promovia uma verdadeira "caçada ao mel", tendo que procurar e localizar os enxames, que muitas vezes nidificavam em locais de difícil acesso e de grande risco para os coletores. Naquela época, o alimento ingerido era uma mistura de mel, pólen, crias e cera, pois o homem ainda não sabia como separar os produtos do favo. Os enxames, muitas vezes, morriam ou fugia m, obriga ndo o home m a procu rar novos ninho s cada vez que nece ssita sse retirar o mel para consumo. Há, aproximadamente, 2.400 anos a.C., os egípcios começaram a colocar as abelhas em potes de barro. A retirada do mel ainda era muito similar à "caçada" primitiva, entretanto, os enxames podiam ser transportados e colocados próximo à residência do produtor. Apesar de os egípcios serem considerados os pioneiros na criação de abelhas, a palavra colmeia vem do grego, pois os gregos colocavam seus enxames em recipientes com forma de sino feitos de palha trançada chamada de colmo.  Naquela época, as abelhas já assumiam tanta importância para o homem que eram consideradas sagradas para muitas civilizações. Com isso várias lendas e cultos surgiram a respeito desses insetos. Com o tempo, elas também passaram a assumir grande importância econômica e a ser consideradas um símbolo de poder para reis, rainhas, papas, cardeais, duques, condes e príncipes, fazendo parte de brasões, cetros, coroas, moedas, mantos reais, entre outros.  Na Idade Média, em algumas regiões da Europa, as árvores eram propriedade do governo, sendo proibido derrubá-las,  pois elas poderiam servir de abrigo a um enxame no futuro. Os enxames eram registrados em cartório e deixados de herança por escrito, o roubo de abelhas era considerado um crime imperdoável, podendo ser punido com a morte.  Nesse período, muitos produtores não suportavam ter que matar suas abelhas para coletar o mel e vários estudos iniciaram-se nesse sentido. O uso de recipientes horizontais e com comprimento maior que o braço do produtor foi uma das primeiras tentativas. Nessas colmeias, para colheita do mel, o apicultor jogava fumaça na entrada da caixa, fazendo com que todas as abelhas fossem para o fundo, inclusive a rainha, e depois retirava somente os favos da frente, deixando uma reserva para as abelhas. Alguns anos depois , surg iu a idéia de se traba lhar com recip ientes sobre postos , em que o apicu ltor removeria a parte superior, deixando reserva para as abelhas na caixa inferior. Embora resolvesse a questão da colheita do mel, o produtor

Transcript of abelhas1

  • Introduo e Histrico

    O mel, que usado como alimento pelo homem desde a pr-histria, por vrios sculos foi retirado dos enxames de forma extrativista e predatria, muitas vezes causando danos ao meio ambiente, matando as abelhas. Entretanto, com o tempo, o homem foi aprendendo a proteger seus enxames, instal-los em colmeias racionais e manej-los de forma que houvesse maior produo de mel sem causar prejuzo para as abelhas. Nascia, assim, a apicultura.

    Essa atividade atravessou o tempo, ganhou o mundo e se tornou uma importante fonte de renda para vrias famlias. Hoje, alm do mel, possvel explorar, com a criao racional das abelhas, produtos como: plen apcola, gelia real, rainhas, polinizao, apitoxina e cera. Existem casos de produtores que comercializam enxames e crias.

    O Brasil , atualmente, o 6 maior produtor de mel (ficando atrs somente da China, Estados Unidos, Argentina, Mxico e Canad), entretanto, ainda existe um grande potencial apcola (flora e clima) no explorado e grande possibilidade de se maximizar a produo, incrementando o agronegcio apcola. Para tanto, necessrio que o produtor possua conhecimentos sobre biologia das abelhas, tcnicas de manejo e colheita do mel, pragas e doenas dos enxames, importncia econmica, mercado e comercializao.

    As abelhas so descendentes das vespas que deixaram de se alimentar de pequenos insetos e aranhas para consumirem o plen das flores quando essas surgiram, h cerca de 135 milhes de anos. Durante esse processo evolutivo, surgiram vrias espcies de abelhas. Hoje se conhecem mais de 20 mil espcies, mas acredita-se que existam umas 40 mil espcies ainda no-descobertas. Somente 2% das espcies de abelhas so sociais e produzem mel. Entre as espcies produtoras de mel, as do gnero Apis so as mais conhecidas e difundidas.

    O fssil mais antigo desse gnero que se conhece da espcie j extinta Apis ambruster e data de 12 milhes de anos. Provavelmente esse gnero de abelha tenha surgido na frica aps a separao do continente americano, tendo posteriormente migrado para a Europa e sia, originando as espcies Apis mellifera, Apis cerana, Apis florea, Apis korchevniskov, Apis andreniformis, Apis dorsata, Apis laboriosa, Apis nuluensis e Apis nigrocincta.

    As abelhas que permaneceram na frica e Europa originaram vrias subespcies de Apis mellifera adaptadas s diversas condies ambientais em que se desenvolveram. Embora hoje essa espcie seja criada no continente Americano e na Oceania, elas s foram introduzidas nessas regies no perodo da colonizao.

    Histrico da Apicultura

    Pesquisas arqueolgicas mostram que as abelhas sociais j produziam e estocavam mel h 20 milhes de anos, antes mesmo do surgimento do homem na Terra, que s ocorreu poucos milhes de anos atrs.

    No incio, o homem promovia uma verdadeira "caada ao mel", tendo que procurar e localizar os enxames, que muitas vezes nidificavam em locais de difcil acesso e de grande risco para os coletores. Naquela poca, o alimento ingerido era uma mistura de mel, plen, crias e cera, pois o homem ainda no sabia como separar os produtos do favo. Os enxames, muitas vezes, morriam ou fugiam, obrigando o homem a procurar novos ninhos cada vez que necessitasse retirar o mel para consumo.

    H, aproximadamente, 2.400 anos a.C., os egpcios comearam a colocar as abelhas em potes de barro. A retirada do mel ainda era muito similar "caada" primitiva, entretanto, os enxames podiam ser transportados e colocados prximo residncia do produtor.

    Apesar de os egpcios serem considerados os pioneiros na criao de abelhas, a palavra colmeia vem do grego, pois os gregos colocavam seus enxames em recipientes com forma de sino feitos de palha tranada chamada de colmo.

    Naquela poca, as abelhas j assumiam tanta importncia para o homem que eram consideradas sagradas para muitas civilizaes. Com isso vrias lendas e cultos surgiram a respeito desses insetos. Com o tempo, elas tambm passaram a assumir grande importncia econmica e a ser consideradas um smbolo de poder para reis, rainhas, papas, cardeais, duques, condes e prncipes, fazendo parte de brases, cetros, coroas, moedas, mantos reais, entre outros.

    Na Idade Mdia, em algumas regies da Europa, as rvores eram propriedade do governo, sendo proibido derrub-las, pois elas poderiam servir de abrigo a um enxame no futuro. Os enxames eram registrados em cartrio e deixados de herana por escrito, o roubo de abelhas era considerado um crime imperdovel, podendo ser punido com a morte.

    Nesse perodo, muitos produtores j no suportavam ter que matar suas abelhas para coletar o mel e vrios estudos iniciaram-se nesse sentido. O uso de recipientes horizontais e com comprimento maior que o brao do produtor foi uma das primeiras tentativas. Nessas colmeias, para colheita do mel, o apicultor jogava fumaa na entrada da caixa, fazendo com que todas as abelhas fossem para o fundo, inclusive a rainha, e depois retirava somente os favos da frente, deixando uma reserva para as abelhas.

    Alguns anos depois, surgiu a idia de se trabalhar com recipientes sobrepostos, em que o apicultor removeria a parte superior, deixando reserva para as abelhas na caixa inferior. Embora resolvesse a questo da colheita do mel, o produtor

  • no tinha acesso rea de cria sem destrui-la, o que impossibilitava um manejo mais racional dos enxames. Para resolver essa questo, os produtores comearam a colocar barras horizontais no topo dos recipientes, separadas por uma distncia igual distncia dos favos construdos. Assim, as abelhas construam os favos nessas barras, facilitando a inspeo, entretanto, as laterais dos favos ainda ficavam presas s paredes da colmeia.

    Em 1851, o Reverendo Lorenzo Lorraine Langstroth verificou que as abelhas depositavam prpolis em qualquer espao inferior a 4,7 mm e construam favos em espaos superiores a 9,5 mm. A medida entre esses dois espaos Langstroth chamou de "espao abelha", que o menor espao livre existente no interior da colmeia e por onde podem passar duas abelhas ao mesmo tempo. Essa descoberta simples foi uma das chaves para o desenvolvimento da apicultura racional. Inspirado no modelo de colmeia usado por Francis Huber, que prendia cada favo em quadros presos pelas laterais e os movimentava como as pginas de um livro, Langstroth resolveu estender as barras superiores j usadas e fechar o quadro nas laterais e abaixo, mantendo sempre o espao abelha entre cada pea da caixa, criando, assim, os quadros mveis que poderiam ser retirados das colmeias pelo topo e movidos lateralmente dentro da caixa. A colmeia de quadros mveis permitiu a criao racional de abelhas, favorecendo o avano tecnolgico da atividade como a conhecemos hoje.

    Raas de Abelhas Apis mellifera O habitat das abelhas Apis mellifera bastante diversificado e inclui savana, florestas tropicais, deserto, regies litoraneas e montanhosas. Essa grande variedade de clima e vegetao acabou originando diversas subespcies ou raas de abelhas, com diferentes caractersticas e adaptadas s diversas condies ambientais.

    A diferenciao dessas raas no um processo fcil, sendo realizado somente por pessoas especializadas, que podem usar medidas morfolgicas ou anlise de DNA. A seguir, apresentam-se algumas caractersticas das raas de abelhas introduzidas no Brasil.

    Apis mellifera mellifera,Apis mellifera ligustica,Apis mellifera caucsica,Apis mellifera crnica,Apis mellifera scutellata,Abelha africanizada,Outras raas de abelhas

    Apis mellifera mellifera (abelha real, alem, comum ou negra)

    Originrias do Norte da Europa e Centro-oeste da Russia, provavelmente estendendo-se at a Pennsula Ibrica.

    Abelhas grandes e escuras com poucas listras amarelas. Possuem lngua curta (5,7 a 6,4 mm), o que dificulta o trabalho em flores profundas. Nervosas e irritadas, tornam-se agressivas com facilidade caso o manejo seja inadequado. Produtivas e prolferas, adaptam-se com facilidade a diferentes ambientes. Propolisam com abundncia, principalmente em regies midas.

    Apis mellifera ligustica (abelha italiana)

    Originrias da Itlia. Essas abelhas tm colorao amarela intensa; produtivas e muito mansas, so as abelhas mais populares entre

    apicultores de todo o mundo. Apesar de serem menores que as A. m. mellifera, tm a lngua mais comprida (6,3 a 6,6 mm). Possuem sentido de orientao fraco, por isso, entram nas colmeias erradas freqentemente. Constroem favos rapidamente e so mais propensas ao saque do que abelhas de outras raas europias.

    Apis mellifera caucasica

    Originrias do Vale do Cucaso, na Rssia. Possuem colorao cinza-escura, com um aspecto azulado, plos curtos e lngua comprida (pode chegar a 7

    mm). Considerada a raa mais mansa e bastante produtiva. Enxameiam com facilidade e usam muita prpolis. Sensveis Nosema apis.

    Apis mellifera carnica (abelha carnica)

    Originrias do Sudeste dos Alpes da ustria, Nordeste da Iugoslvia e Vale do Danbio. Assemelham-se muito com a abelha negra, tendo o abdome cinza ou marrom. Pouco propolisadoras, mansas, tolerantes a doenas e bastante produtivas.

  • Coletam "honeydew" em abundncia. So facilmente adaptadas a diferentes climas e possuem uma tendncia maior a enxamearem.

    Apis mellifera scutellata (abelha africana)

    Originrias do Leste da frica, so mais produtivas e muito mais agressivas. So menores e constroem alvolos de operrias menores que as abelhas europias. Sendo assim, suas operrias

    possuem um ciclo de desenvolvimento precoce (18,5 a 19 dias) em relao s europias (21 dias), o que lhe confere vantagem na produo e na tolerncia ao caro do gnero Varroa .

    Possuem viso mais aguada, resposta mais rpida e eficaz ao feromnio de alarme. Os ataques so, geralmente, em massa, persistentes e sucessivos, podendo estimular a agressividade de operrias de colmeias vizinhas.

    Ao contrrio das europias que armazenam muito alimento, elas convertem o alimento rapidamente em cria, aumentando a populao e liberando vrios enxames reprodutivos.

    Migram facilmente se a competio for alta ou se as condies ambientais no forem favorveis. Essas caractersticas tm uma variabilidade gentica muito grande e so influenciadas por fatores ambientais

    internos e externos.

    Abelha africanizada

    A abelha, no Brasil, um hbrido das abelhas europias (Apis mellifera mellifera, Apis mellifera ligustica, Apis mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha africana Apis mellifera scutellata.

    A variabilidade gentica dessas abelhas muito grande, havendo uma predominncia das caractersticas das abelhas europias no Sul do Pas, enquanto ao Norte predominam as caractersticas das abelhas africanas.

    A abelha africanizada possui um comportamento muito semelhante ao da Apis mellifera scutellata, em razo da maior adaptabilidade dessa raa s condies climticas do Pas. Muito agressivas, porm, menos que as africanas, a abelha do Brasil tem grande facilidade de enxamear, alta produtividade, tolerncia a doenas e adapta-se a climas mais frios, continuando o trabalho em temperaturas baixas, enquanto as europias se recolhem nessas pocas.

    Outras raas de abelhas

    Na Tabela 3 so citadas outras raas de abelhas Apis mellifera e o seu local de ocorrncia.

    Tabela 3. Raas de abelhas Apis mellifera e sua distribuio. Raa distribuioApis mellifera adami CretaApis mellifera andansonii Costa Oeste da fricaApis mellifera anatolica Turquia at Oeste do IrApis mellifera armenica ArmniaApis mellifera capennsis Sul da frica do SulApis mellifera cecropia Sul da GrciaApis mellifera cypria Mediterrneo central e Sudoeste da EuropaApis mellifera intermissa Lbia at MarrocosApis mellifera jemenetica Somlia, Uganda, SudoApis mellifera lamarckii Egito, Sudo e Vale do NiloApis mellifera litrea Costa Leste da fricaApis mellifera macedonica Norte da GrciaApis mellifera major MarrocosApis mellifera meda Turquia at Oeste do IrApis mellifera nubica fricaApis mellifera remipes Regio caucasianaApis mellifera sahariensis ArgliaApis mellifera siciliana Siclia - Itlia

  • Apis mellifera syriaca Palestina e SriaApis mellifera unicolor MadagascarApis mellifera yementica Yemen e OmanApis mellifera litorea Costa Leste da fricaApis mellifera monticola Tanznia, em altitude entre 1500 e 3100 m

    Importncia econmica

    Estudos sobre a produo apcola no Brasil mostram dados contraditrios quanto ao nmero de apicultores e colmeias, produo e produtividade. Quanto aos apicultores, as pesquisas apontam os extremos entre 26.315 e 300.000; esses produtores, juntos, possuem entre 1.315.790 e 2.500.000 colmeias e um faturamento anual entre R$ 84.740.000,00 e R$ 506.250.000,00 (Sampaio, 2000; Wiese, 2001).

    Os dados conflitantes refletem a dificuldade em se obterem informaes precisas quanto produo e comercializao no setor agropecurio, entretanto, conseguem passar a idia da importncia dessa atividade para o Pas.

    Produo de mel no Brasil e no mundo

    Dimensionar o volume de mel produzido e comercializado uma tarefa difcil, pois os poucos dados confiveis sobre o assunto so conflitantes. Estima-se que a produo mundial de mel durante o ano de 2001 foi de, aproximadamente, 1.263.000 toneladas, sendo a China o maior produtor (256 mil toneladas). A Tabela 1 demonstra a produo de mel nos continentes e em alguns pases nos ltimos anos.

    Segundo os dados do IBGE, a produo de mel em 2000 no Brasil foi de 21.865.144 kg, gerando um faturamento de R$ 84.640.339,00.

    Os maiores exportadores mundiais so: China, Argentina, Mxico, Estados Unidos e Canad. Juntos, esses pases comercializaram durante o ano de 2001 cerca de 242 mil toneladas, movimentando, aproximadamente, US$ 238 milhes (Tabela 2).

    Entre janeiro e julho de 2002, o Brasil exportou 10.615 toneladas de mel, mas estima-se que o mercado internacional conseguir absorver 170 mil toneladas/ano de mel oriundo do Brasil. Os principais compradores de mel do Pas so: Alemanha, Espanha, Canad, Estados Unidos, Porto Rico e Mxico.

    Tabela 1. Produo Mundial de mel em mil toneladas. Continente/Pas 1998 1999 2000 2001

    sia 401 435 457 465

    China 211 236 252 256

    Amrica do Norte e Central 218 201 208 205

    Canad 46 37 31 32

    Estados Unidos 100 94 100 100

    Mxico 55 55 59 56

    Amrica do Sul 109 133 141 131

    Argentina 75 93 98 90

    Brasil 18 19 22 20

  • Europa 291 293 286 288

    Unio Europia 109 117 112 111

    Oceania 31 29 29 29

    Austrlia 22 19 19 19

    Total 1188 1232 1265 1263

    Fonte: Braunstein, 2002.

    Tabela 2. Principais exportadores de mel (em mil toneladas) e os ganhos (em milhes de dlares).

    Pas 1998 1999 2000 Mel US$ Mel US

    $ Mel US$

    China 79 87 87 79 103 87

    Argentina 68 89 93 96 88 87

    Mxico 32 42 22 25 31 35

    Estados Unidos 5 9 5 9 5 8

    Canad 11 20 15 21 15 21

    Unio Europia 44 46 48

    Fonte: Braunstein, 2002.

    Outros produtos importantes da atividade

    Alm do mel, que ser descrito com maiores detalhes adiante, o produtor poder obter renda de outros produtos como Cera,Prpolis,Plen,Polinizao,Gelia real,Apitoxina.

    CeraUtilizada pelas abelhas para construo dos favos e fechamento dos alvolos (oprculo). Produzida por glndulas especiais (cerferas)situadas no abdome das abelhas operrias. A cera de Apis mellifera possui 248 componentes diferentes, nem todos ainda identificados. Logo aps sua secreo, a cera possui uma cor clara, escurecendo com o tempo, em virtude do depsito de plen e do desenvolvimento das larvas.As indstrias de cosmticos, medicamentos e velas so as principais consumidoras de cera; entretanto, tambm utilizada na indstria txtil, na fabricao de polidores e vernizes, no processamento de alimentos e na indstria tecnolgica. Os principais importadores so: Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Japo e Frana; os principais exportadores so: Chile, Tanznia, Brasil, Holanda e Austrlia.

    PrpolisSubstncia resinosa, adesiva e balsmica, elaborada pelas abelhas a partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas, retirada dos botes florais, gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais.A prpolis usada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do ninho, evitando correntes de ar frias durante o inverno. Em razo das suas propriedades bactericidas e fungicidas, usada tambm na limpeza da colnia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho que no pode ser removido da colnia.Sua composio, cor, odor e propriedades medicinais dependem da espcie de planta disponvel para as abelhas. Atualmente, a prpolis usada, principalmente, pelas indstrias de cosmticos e farmacutica. Cerca de 75% da prpolis produzida no Brasil exportada, sendo o Japo o maior comprador.

    Plen apcola

  • Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e transportado para a colmeia para ser armazenado nos alvolos e passar por um processo de fermentao. Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com at 18 dias de idade. um produto rico em protenas, lipdios, minerais e vitaminas.Em virtude do seu alto valor nutritivo, usado como suplementao alimentar, comercializado misturado com o mel, seco, em cpsulas ou tabletes. No existem dados sobre a produo e comercializao mundial desse produto.

    PolinizaoA polinizao a transferncia do plen (gameta masculino da flor) para o vulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espcie. S aps essa transferncia que ocorre a formao dos frutos.Muitas vezes, para que ocorra essa transferncia, necessria a ajuda de um agente. Alm da gua e do vento, diversos animais podem servir de agentes polinizadores, como insetos, pssaros, morcegos, ratos, macacos; entretanto, as abelhas so os agentes mais eficientes da maioria das espcies vegetais cultivadas.Em locais com alto ndice de desmatamento e devastao ou com predominncia da monocultura, os produtores ficam extremamente dependentes das abelhas para poderem produzir. Com isso, muitos apicultores alugam suas colmeias durante o perodo da florada para servios de polinizao.Embora esse tipo de servio no seja comum no Brasil, ocorrendo somente no Sul do Pas e em regies isoladas do Rio Grande do Norte, nos EUA metade das colmeias usada dessa forma, gerando um incremento na renda do produtor.Dependendo da cultura, local de produo, manejo utilizado e devastao da regio, a polinizao pode aumentar a produo entre 5 e 500%. Dessa forma, estima-se que por ano a polinizao gere um benefcio mundial acima de cem bilhes de dlares (De Jong, 2000).

    Gelia realA gelia real uma substncia produzida pelas glndulas hipofaringeanas e mandibulares das operrias com at 14 dias de idade. Na colmeia, usada como alimento das larvas e da rainha.Constituda basicamente de gua, carboidratos, protenas, lipdios e vitaminas, a gelia real muito viscosa, possui cor branco-leitosa e sabor cido forte. Embora no seja estocada na colmeias como o mel e o plen, produzida por alguns apicultores para comercializao in natura, misturada com mel ou mesmo liofilizada. A indstria de cosmticos e medicamentos tambm a utilizam na composio de diversos produtos.A China o principal Pas produtor, responsvel por cerca de 60% da produo mundial, exportando, aproximadamente, 450 toneladas/ano para Japo, Estados Unidos e Europa.

    ApitoxinaA apitoxina o veneno das abelhas operrias de Apis mellifera purificado. O veneno constitudo basicamente de protenas, polipeptdios e constituintes aromticos, sendo produzido pelas glndulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operria e armazenado no "saco de veneno" situado na base do ferro. Cada operria produz 0,3 mg de veneno, que uma substncia transparente, solvel em gua e composta de protenas, aminocidos, lipdios e enzimas.Embora a ao anti-reumtica do veneno seja comprovada e o preo no mercado seja muito atrativo, trata-se de um produto de difcil comercializao, pois, ao contrrio de outros produtos apcolas, o veneno deve ser comercializado para farmcias de manipulao e indstrias de processamento qumico, em razo da sua ao txica.A tolerncia do homem dose do veneno bastante variada. Existem relatos de pessoas que sofreram mais de cem ferroadas e no apresentaram sintomas graves. Entretanto, indivduos extremamente alrgicos podem apresentar choque anafiltico e falecer com uma nica ferroada.

    Mel Definio e origem, Composio,Propriedades teraputicas

    Atravs dos tempos, o mel sempre foi considerado um produto especial, utilizado pelo homem desde os tempos mais remotos. Evidncias de seu uso pelo ser humano aparecem desde a Pr-histria, com inmeras referncias em pinturas rupestres e em manuscritos e pinturas do antigo Egito, Grcia e Roma.

    A utilizao do mel na nutrio humana no deveria limitar-se apenas a sua caracterstica adoante, como excelente substituto do acar, mas principalmente por ser um alimento de alta qualidade, rico em energia e inmeras outras substncias benficas ao equilbrio dos processos biolgicos de nosso corpo.

    Embora o mel seja um alimento de alta qualidade, apenas o seu consumo, mesmo em grandes quantidades, no suficiente para atender a todas as nossas necessidades nutricionais. Na tabela 4 apresenta-se os nutrientes do mel em relao aos requerimentos humanos.

    Tabela 4: Nutrientes do mel em relao aos requerimentos humanos. Nutriente Unidade Quantidade em 100 g de

    melIngesto diria recomendada

  • ENERGIA Caloria 339 2800

    VITAMINAS: A U.I - 5000

    B1 mg 0,004 - 0,006 1,5

    COMPLEXO B2:

    RIBOFLAVINA mg 0,02 - 0,06 1,7

    NIACINA mg 0,11 - 0,36 20

    B6 mg 0,008 - 0,32 2

    ACIDO PANTOTENICO

    mg 0,02 - 0,11 10

    CIDO FLICO mg - 0,4

    B12 mg - 6

    C mg 2,2 - 2,4 60

    D U.I - 400

    E U.I - 30

    BIOTINA mg - 0,330

    Fig. 1. Mel escorrendo de um quadro recm- desoperculado

    Alm de sua qualidade como alimento, esse produto nico dotado de inmeras propriedades teraputicas, sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associaes como fitoterpicos.

    Definio e origem

    O mel a substncia viscosa, aromtica e aucarada obtida a partir do nctar das flores e/ou exsudatos sacarnicos que as abelhas melficas produzem.

    Seu aroma, paladar, colorao, viscosidade e propriedades medicinais esto diretamente relacionados com a fonte de nctar que o originou e tambm com a espcie de abelha que o produziu.

    Fig. 2. Potes de mel de Apis mellifera, ilustrando a variedade de cores, em razo das diferentes fontes florais que o originaram.

    O nctar transportado para a colmeia, onde ir sofrer mudanas em sua concentrao e composio qumica, para ento ser armazenado nos alvolos. Entretanto, mesmo durante o seu transporte

  • para a colmia, secrees de vrias glndulas, principalmente das glndulas hipofaringeanas, so acrescentadas, introduzindo ao material original enzimas como a invertase (a -glicosidase), diastase (a e amilase), glicose oxidase, catalase e fosfatase.

    Composio

    Apesar de o mel ser basicamente uma soluo saturada de acares e gua, seus outros componentes, aliados s caractersticas da fonte floral que o originou, conferem-lhe um alto grau de complexidade.

    Segundo Campos (1987), a composio mdia do mel, em termos esquemticos, pode ser resumida em trs componentes principais: acares, gua e diversos. Por detrs dessa aparente simplicidade, esconde-se um dos produtos biolgicos mais complexos. A tabela 5 apresenta a composio bsica do mel.

    Acares, gua,Enzimas,Protenas,cidos,Minerais,Outros

    Tabela 5: Composio bsica do mel. Composio bsica do mel

    Componentes Mdia Desvio padro Variao

    gua (%) 17,2 1,46 13,4 - 22,9

    Frutose (%) 38,19 2,07 27,25 - 44,26

    Glicose (%) 31,28 3,03 22,03 - 40,75

    Sacarose (%) 1,31 0,95 0,25 - 7,57

    Maltose (%) 7,31 2,09 2,74 - 15,98

    Acares totais (%) 1,50 1,03 0,13 - 8,49

    Outros (%) 3,1 1,97 0,0 - 13,2

    pH 3,91 - 3,42 - 6,10

    Acidez livre (meq/Kg) 22,03 8,22 6,75 - 47,19

    Lactose (meq/Kg) 7,11 3,52 0,00 - 18,76

    Acidez total (meq/Kg) 29,12 10,33 8,68 - 59,49

    Lactose/Acidez livre 0,335 0,135 0,00 - 0,950

    Cinzas (%) 0,169 0,15 0,020 - 1,028

    Nitrogenio (%) 0,041 0,026 0,00 - 0,133

    Diastase 20,8 9,76 2,1 - 61,2

    Acares

    Os principais componentes do mel so os acares, sendo que os monossacardeos frutose e glicose representam 80%

  • da quantidade total (White, 1975). J os dissacardeos sacarose e maltose somam 10%.

    White & Siciliano (1980) encontraram em alguns tipos de mel, acares incomuns como a isomaltose, nigerose, leucarose e turanose.

    A alta concentrao de diferentes tipos de acar responsvel pelas diversas propriedades fsicas do mel, tais como: viscosidade, densidade, higroscopicidade, capacidade de granulao (cristalizao) e valores calricos (Campos, 1987).

    Alm dos acares, a gua presente no mel tem papel importante na sua qualidade e caractersticas.

    Tabela 6: Comparao de calorias do mel com outros alimentos Alimento Quantidade de calorias/ kg

    ACAR DE MESA 4.130

    MEL DE ABELHA 3.395

    OVOS 1.375

    AVES 880

    LEITE 600

    gua

    O contedo de gua no mel uma das caractersticas mais importantes, influenciando diretamente na sua viscosidade, peso especfico, maturidade, cristalizao, sabor, conservao e palatabilidade.

    A gua presente no mel apresenta forte interao com as molculas dos acares, deixando poucas molculas de gua disponveis para os microorganismos (Verssimo, 1987).

    O contedo de gua do mel pode variar de 15% a 21%, sendo normalmente encontrados nveis de 17% (Mendes & Coelho, 1983). Apesar de a legislao brasileira permitir um valor mximo de 20%, valores acima de 18% j podem comprometer sua qualidade final. Entretanto, nveis bem acima desses valores j foram encontrados por diversos pesquisadores em diferentes tipos de mel (Cortopassi-Laurino & Gelli, 1991; Costa et al., 1989; Azeredo & Azeredo 1999; Sodr, 2000; Marchini, 2001).

    Em condies especiais de nveis elevados de umidade, o mel pode fermentar pela ao de leveduras osmofilticas (tolerantes ao acar) presentes tambm em sua composio. Segundo Crane (1987), a maior possibilidade de fermentao do mel est ligada ao maior teor de umidade e leveduras.

    O processo de fermentao pode ocorrer mais facilmente naqueles mis chamados "verdes", ou seja, mis que so colhidos de favos que no tiveram seus alvolos devidamente operculados pelas abelhas; nessa situao, o mel apresenta teor elevado de gua. Entretanto, mesmo o mel operculado pode ter nveis acima de 18% de gua, caso o apirio esteja localizado em regio com umidade relativa do ar superior a 60%.

    Outros fatores associados ao processo de fermentao esto relacionados com a m assepsia durante a extrao, manipulao, envase e acondicionamento em local no-apropriado (Faria, 1983).

    A prpria centrifugao pode contribuir negativamente na qualidade do mel. A centrfuga pulveriza o mel em micro partculas, favorecendo a absoro de gua pela formao de uma grande superfcie em relao ao volume. Se esse processo ocorrer em local com umidade relativa alta, o mel pode ter seu teor de gua aumentado. O ideal seria que o local fosse equipado com desumidificador. Enzimas

    Segundo Crane (1987), a adio de enzimas pelas abelhas ao nctar ir causar mudanas qumicas, que iro aumentar a quantidade de acar, o que no seria possvel sem essa ao enzimtica.

    A enzima invertase adicionada pelas abelhas transforma 3/4 da sacarose inicial do nctar coletado nos acares invertidos glicose e frutose, ao mesmo tempo, que acares superiores so sintetizados, no sendo presentes no material vegetal original. Sua ao contnua at que o "amadurecimento" total do mel ocorra.

    Dessa forma, pode-se definir o amadurecimento do mel como a inverso da sacarose do nctar pela enzima invertase e sua simultnea mudana de concentrao.

    A enzima invertase ir permanecer no mel conservando sua atividade por algum tempo, a menos que seja inativada pelo aquecimento; mesmo assim, o contedo da sacarose do mel nunca chega a zero. Essa inverso de sacarose em glicose e

  • frutose produz uma soluo mais concentrada de acares, aumentando a resistncia desse material deteriorao por fermentao e promovendo assim o armazenamento de um alimento altamente energtico em um espao mnimo.

    Outras diversas enzimas, como a diastase, catalase, alfa-glicosidase, peroxidase, lipase, amilase, fosfatase cida e inulase, j foram detectadas no mel por diferentes autores (Schepartz & Subers, 1966; White & Kushinir, 1967; Huidobro et al., 1995).

    A diastase quebra o amido, sendo sua funo na fisiologia da abelha ainda no claramente compreendida, podendo estar envolvida com a digesto do plen.

    Como a diastase apresenta alto grau de instabilidade em frente s temperaturas elevadas, sua presena ou no se faz importante na tentativa de detectar possveis aquecimentos do mel comercialmente vendido, apesar de que tambm em temperaturas ambientes ela pode vir a deteriorar-se quando o armazenamento for prolongado.

    A catalase e a fosfatase so enzimas que facilitam a associao acar-lcool, sendo um dos fatores que auxiliam na desintoxicao alcolica pelo mel (Serrano et al., 1994). Entretanto, segundo Weston (2000), a catalase presente no mel se origina do plen da flor e sua quantidade no mel depende da fonte floral e da quantidade de plen coletado pelas abelhas.

    A glicose-oxidase, que em solues diludas mais ativa (White, 1975), reage com a glicose formando cido glucnico (principal composto cido do mel) e perxido de hidrognio, esse ltimo capaz de proteger o mel contra a decomposio bacteriana at que seu contedo de acares esteja alto o suficiente para faz-lo ( Schepartz et al., 1966; Mendes & Coelho, 1983).

    Segundo White et al. (1963), a principal substncia antibacteriana do mel o perxido de hidrognio, cuja quantidade presente no mel dependente tanto dos nveis de glicose-oxidase, quanto de catalase, uma vez que a catalase destri o perxido de hidrognio (Weston et al., 2000). Protenas

    Em concentraes bem menores, encontram-se as protenas ocorrendo apenas em traos. A protena do mel tem duas origens, vegetal e animal.

    Sua origem vegetal advm do nctar e do plen; j sua origem animal proveniente da prpria abelha (White et al., 1978). No segundo caso, trata-se de constituintes das secrees das glndulas salivares, juntamente com produtos recolhidos no decurso da colheita do nctar ou da maturao do mel (Campos, 1987).

    Wootton et al. (1976) constataram em seis amostras de mel australianas os seguintes aminocidos livres: leucina, isoleucina, histidina, metionina, alanina, fenilalanina, glicina, cido asprtico, treonina, serina, cido glutmico, prolina, valina, cistena, tirosina, lisina e arginina.

    Dentre esses aminocidos, a prolina, proveniente das secrees salivares das abelhas, o que apresenta os maiores valores, variando entre 0,2% e 2,8%. Juntamente com o contedo de gua, sua concentrao usada como um parmetro de identificao da "maturidade" do mel (Costa et al., 1999). Segundo Von Der Ohe, Dustmann & Von Der Ohe (1991), necessrio pelo menos 200 mg de prolina/kg de mel. cidos

    Os cidos orgnicos do mel representam menos que 0,5% dos slidos, tendo um pronunciado efeito no flavor, podendo ser responsveis, em parte, pela excelente estabilidade do mel em frente a microorganismos. Na literatura, pelo menos 18 cidos orgnicos do mel j foram citados. Sabe-se que o cido glucnico est presente em maior quantidade, cuja presena relaciona-se com as reaes enzimticas que ocorrem durante o processo de amadurecimento. J em menor quantidade, podem-se encontrar outros cidos como: actico, butrico, ltico, oxlico, frmico, mlico, succnico, pirvico, gliclico, ctrico, butiricoltico, tartrico, malico, piroglutmico, alfa-cetoglutrico, 2- ou 3-fosfoglicrico, alfa- ou beta-glicerofosfato e vnico (Strison et al., 1960; White, 1975; Mendes & Coelho, 1983).

    Tan et al. (1988) constataram alguns cidos aromticos no mel unifloral de manuka (Leptopermum scoparium) que no estavam presentes no nctar de suas flores.

    Os mis de manuka e de viperina (Echium vulgare), apresentam alta atividade antimicrobiana, podendo essa atividade estar relacionada com a presena de alguns tipos de cido (Wilkins et al., 1993-95). Minerais

    Os minerais esto presentes numa concentrao que varia de 0,02% a valores prximos de 1%. White (1975) constatou valores de 0,15% a 0,25% do peso total do mel.

    Entre os elementos qumicos inorgnicos encontrados no mel, podem-se citar: clcio, cloro, cobre, ferro, mangans, magnsio, fsforo, boro, potssio, silcio, sdio, enxofre, zinco, nitrognio, iodo, rdio, estanho, smio, alumnio,

  • titnio e chumbo (White, 1975; Pamplona, 1989). Na tabela 7 pode ser verificado o contedo de minerais no mel de acordo com sua cor e a recomendao de ingesto diria para o homem.

    Embora em concentraes nfimas, vitaminas, tais como: B1, B2, B3, B5, B6, B8, B9, C e D tambm so encontradas no mel, sendo facilmente assimilveis pela associao a outras substncias como o hidrato de carbono, sais minerais, oligoelementos, cidos orgnicos e outros. A filtrao do mel para fim comercial pode reduzir seu contedo de vitaminas, exceto a de vitamina K (Haydak et al., 1943). Segundo Kitzes et al. (1943), tal filtrao retira do mel o plen, responsvel pela presena de vitaminas no mel.

    Tabela 7: Contedo de minerais em mis claro e escuro e os requerimentos humanos Elementos

    (macro e micro)Cor Variana (ppm) Mdia (ppm) Ingesto diria recomendada (mg)

    CLCIO CLARA 23 - 68 49 800

    ESCURA 5 - 266 51

    FSFORO CLARA 23 - 50 35 800

    ESCURA 27 - 58 47

    POTSSIO CLARA 100 - 588 205 782

    ESCURA 115 - 4733 1676

    SDIO CLARA 6 - 35 18 460

    ESCURA 9 - 400 76

    MAGNSIO CLARA 11 - 56 19 350

    ESCURA 7 - 126 35

    CLORO CLARA 23 - 75 52 (300 - 1200)

    ESCURA 48- 201 113

    DIXIDO DE SILCIO

    CLARA 7 - 12 9 (21 - 46)

    como c. SilcioESCURA 5 - 28 14

    FERRO CLARA 1,20 - 4,80 2,40 20

    ESCURA 0,70 - 33,50 9,40

    MANGANS CLARA 0,17 - 0,44 0,30 10

    ESCURA 0,46 - 9,53 4,09

    COBRE CLARA 0,14 - 0,70 0,29 2

    ESCURA 0,35 - 1,04 0,56

    ENXOFRE CLARA 36 - 108 58 -

  • ESCURA 56 - 126 100

    Outros

    Os componentes menores do mel, como os materiais "flavorizantes" (aldedos e lcoois), pigmentos, cidos e minerais, influenciam consideravelmente nas diferenas entre tipos de mel. Sabatier et al. (1992) detectaram alguns flavonides presentes no mel de girassol (conhecidamente rico em flavonides). Em maiores concentraes, foram encontrados os seguintes flavonides: pinocembrina (5,7-dihidroxiflavona), pinobanksina (3,5,7-trihidroxiflavonona), crisina (5,7-dihidroxiflavona), galangina (3,5,7-trihidroxiflavona) e quercetina (3,5,7,3,4-pentahidroxiflavona). Em menores concentraes: tectocrisina (5-hidroxi-7metoxiflavona) e quenferol (3,5,7,4-tetrahidroxiflavona). Bogdanov (1989) usando HPLC constatou a presena de pinocembrina em quatro amostras de mel (duas de origem floral e duas de origem no-floral, o chamado "honeydew"). Propriedades teraputicas

    Esse item tem a finalidade de informar sobre as diversas pesquisas que j foram e que vm sendo desenvolvidas a respeito da utilizao do mel com fins teraputicos. Entretanto, qualquer produto ou substncia que seja utilizada para fins curativos deve ter o devido consentimento mdico.

    A utilizao dos produtos das abelhas com fins teraputicos denominada APITERAPIA, que vem-se desenvolvendo consideravelmente nos ltimos anos, com a realizao de inmeros trabalhos cientficos, cujos efeitos benficos sade humana tm sido considerados por um nmero cada vez maior de profissionais da sade. Pases como a Alemanha j a adotaram como prtica oficial na sua rede pblica de sade.

    Especificamente ao mel, atribuem-se vrias propriedades medicinais, alm de sua qualidade como alimento. Apesar de o homem fazer uso do mel para fins teraputicos desde tempos remotos, sua utilizao como um alimento nico, de caractersticas especiais, deveria ser o principal atrativo para o seu consumo.

    Infelizmente, a populao brasileira, de maneira geral, no o encara dessa forma, considerando-o mais como um medicamento do que como alimento, passando a consumi-lo apenas nas pocas mais frias do ano, quando ocorre um aumento de casos patolgicos relacionados aos problemas respiratrios. No Brasil seu consumo como alimento ainda muito baixo (aproximadamente 300 g/habitante/ano), principalmente ao se comprar com pases como os Estados Unidos e os da Comunidade Europia e frica, que podem chegar a mais de 1kg/ano por habitante.

    Dentre as inmeras propriedades medicinais atribudas ao mel pela medicina popular e que vm sendo comprovadas por inmeros trabalhos cientficos, sua atividade antimicrobiana talvez seja seu efeito medicinal mais ativo (Sato et al., 2000), sendo que no apenas um fator, mas vrios fatores e suas interaes so os responsveis por tal atividade.

    Segundo Adcock (1962), Molan (1992) e Wahdan (1998), os responsveis por essa habilidade antimicrobiana so os fatores fsicos, como sua alta osmolaridade e acidez, e os fatores qumicos relacionados com a presena de substncias inibidoras, como o perxido de hidrognio, e substncias volteis, como os flavonides e cidos fenlicos.

    De maneira geral, destinam-se ao mel inmeros efeitos benficos em vrias condies patolgicas.

    Propriedades antisspticas, antibacterianas tambm so atribudas ao mel, fazendo com que ele seja utilizado como coadjuvante na rea teraputica em diversos tratamentos profilticos (Stonoga & Freitas, 1991).

    Sua propriedade antibacteriana j foi amplamente confirmada em diversos trabalhos cientficos (Adcock, 1962; White & Subers, 1963; White, Subers & Schepartz, 1966; Smith et al., 1969; Dustmann, 1979; Molan et al., 1988; Allen et al., 1991; Cortopassi-Laurino & Gelly, 1991), como tambm sua ao fungicida (Efem et al., 1992), cicatrizante (Bergman et al., 1983 e Efem, 1988; Green, 1988 e Gupta et al., 1993) e promotora da epitelizao das extremidades de feridas (Efem, 1988).

    Popularmente, ao mel ainda se atribuem outras propriedades como antianmica, emoliente, antiputrefante, digestiva, laxativa e diurtica (Verssimo, 1987).

    Atualmente alguns pases, como a Frana e a Itlia j vm objetivando a produo de mel com propostas teraputicas especficas, como nos tratamentos de lceras e problemas respiratrios (Yaniv & Rudich, 1996).

    Apesar de a medicina popular atribuir ao mel inmeras propriedades curativas, sendo muitas delas j comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro, a sua utilizao para fins teraputicos deve ser indicada e acompanhada por profissionais da sade, no cabendo qualquer substituio de medicamentos sem o devido aval mdico.

    Aspectos morfolgicos das abelhas Apis mellifera

    As abelhas, como os demais insetos, apresentam um esqueleto externo chamado exoesqueleto. Constitudo de quitina, o exoesqueleto fornece proteo para os rgos internos e sustentao para os msculos, alm de proteger o inseto contra

  • a perda de gua. O corpo dividido em trs partes: cabea, trax e abdome (Fig. 3). A seguir, sero descritas resumidamente cada uma dessas partes, destacando-se aquelas que apresentam maior importncia para o desempenho das diversas atividades das abelhas. Figura 3. Aspectos da morfologia externa de operria de Apis mellifera.Ilustrao: Eduardo A. Bezerra e Maria Teresa do R. Lopes - adaptada de Snodgrass, 1956.

    Cabea

    Na cabea, esto localizados os olhos - simples e compostos - as antenas, o aparelho bucal (Fig. 4) e, internamente, as glndulas.

    Os olhos compostos so dois grandes olhos localizados na parte lateral da cabea. So formados por estruturas menores denominadas omatdeos, cujo nmero varia de acordo com a casta, sendo bem mais numerosos nos zanges do que em operrias e rainhas (Dade, 1994). Possuem funo de percepo de luz, cores e movimentos. As abelhas no conseguem perceber a cor vermelha, mas podem perceber ultravioleta, azul-violeta, azul, verde, amarelo e laranja (Nogueira Couto & Couto, 2002). Figura 4. Aspectos da morfologia externa da cabea de operria de Apis mellifera.Ilustrao: Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R. Lopes - adaptada de Dade, 1994.

    Os olhos simples ou ocelos so estruturas menores, em nmero de trs, localizadas na regio frontal da cabea formando um tringulo. No formam imagens. Tm como funo detectar a intensidade luminosa.

    As antenas, em nmero de duas, so localizadas na parte frontal mediana da cabea. Nas antenas encontram-se estruturas para o olfato, tato e audio. O olfato realizado por meio das cavidades olfativas, que existem em nmero bastante superior nos zanges, quando comparados com as operrias e rainhas. Isso se deve necessidade que os zanges tm de perceber o odor da rainha durante o vo nupcial.

    A presena de plos sensoriais na cabea serve para a percepo das correntes de ar e protegem contra a poeira e gua.

    O aparelho bucal composto por duas mandbulas e a lngua ou glossa. As mandbulas so estruturas fortes, utilizadas para cortar e manipular cera, prpolis e plen. Servem tambm para alimentar as larvas, limpar os favos, retirar abelhas mortas do interior da colmeia e na defesa. A lngua uma pea bastante flexvel, coberta de plos, utilizada na coleta e transferncia de alimento, na desidratao do nctar e na evaporao da gua quando se torna necessrio controlar a temperatura da colmeia.

    No interior da cabea, encontra-se as glndulas hipofaringeanas, que tm por funo a produo da gelia real, as glndulas salivares que podem estar envolvidas no processamento do alimento e as glndulas mandibulares que esto relacionadas produo de gelia real e feromnio de alarme (Fig. 5) (Nogueira Couto & Couto, 2002). Figura 5. Aspectos da anatomia interna de operria de Apis mellifera. Ilustrao: Eduardo Aguiar e Maria Teresa do R. Lopes - adaptada de Camargo, 1972.

    Trax

    No trax destacam-se os rgos locomotores - pernas e asas (Fig. 3) - e a presena de grande quantidade de plos, que possuem importante funo na fixao dos gros de plen quando as abelhas entram em contato com as flores (Nogueira Couto & Couto, 2002).

    As abelhas, como os demais insetos, apresentam trs pares de pernas. As pernas posteriores das operrias so adaptadas para o transporte de plen e resinas. Para isso, possuem cavidades chamadas corbculas, nas quais so depositadas as cargas de plen ou resinas para serem transportadas at a colmeia. Alm da funo de locomoo, as pernas auxiliam tambm na manipulao da cera e prpolis, na limpeza das antenas, das asas e do corpo e no agrupamento das abelhas quando formam "cachos".

    As abelhas possuem dois pares de asas de estrutura membranosa que possibilitam o vo a uma velocidade mdia de 24 km/h (Nogueira Couto & Couto, 2002).

    No trax, tambm so encontrados espirculos, que so rgos de respirao, o esfago, que parte do sistema digestivo (Meyer & Wiese, 1985) e glndulas salivares envolvidas no processamento do alimento.

  • Abdome

    O abdome formado por segmentos unidos por membranas bastante flexveis que facilitam o movimento do mesmo. Nesta parte do corpo, encontram-se rgos do aparelho digestivo, circulatrio, reprodutor, excretor, rgos de defesa e glndulas produtoras de cera (Fig. 5).

    No aparelho digestivo, destaca-se o papo ou vescula nectarfera, que o rgo responsvel pelo transporte de gua e nctar e auxilia na formao do mel. O papo possui grande capacidade de expanso e ocupa quase toda a cavidade abdominal quando est cheio. O seu contedo pode ser regurgitado pela contrao da musculatura (Nogueira Couto & Couto, 2002).

    Existem quatro glndulas produtoras de cera (cerferas), localizadas na parte ventral do abdome das abelhas operrias. A cera secretada pelas glndulas se solidifica em contato com o ar, formando escamas ou placas que so retiradas e manipuladas para a construo dos favos com auxlio das pernas e das mandbulas.

    No final do abdome, encontra-se o rgo de defesa das abelhas - o ferro - presente apenas nas operrias e rainhas. O ferro constitudo por um estilete usado na perfurao e duas lancetas que possuem farpas que prendem o ferro na superfcie ferroada, dificultando sua retirada. O ferro ligado a uma pequena bolsa onde o veneno fica armazenado. Essas estruturas so movidas por msculos que auxiliam na introduo do ferro e injeo do veneno. As contraes musculares da bolsa de veneno permitem que o veneno continue sendo injetado mesmo depois da sada da abelha. Desse modo, quanto mais depressa o ferro for removido, menor ser a quantidade de veneno injetada. Recomenda-se que o ferro seja removido pela base, utilizando-se uma lmina ou a prpria unha, evitando-se pression-lo com os dedos para no injetar uma maior quantidade de veneno. Como, na maioria das vezes, o ferro fica preso na superfcie picada, quando a abelha tenta voar ou sair do local aps a ferroada, ocorre uma ruptura de seu abdome e conseqente morte. Na rainha, as farpas do ferro so menos desenvolvidas que nas operrias e a musculatura ligada ao ferro bem forte para que a rainha no o perca aps utiliz-lo.

    Organizao e estrutura da colmeia

    As abelhas so insetos sociais, vivendo em colnias organizadas em que os indivduos se dividem em castas, possuindo funes bem definidas que so executadas visando sempre sobrevivncia e manuteno do enxame. Numa colnia, em condies normais, existe uma rainha, cerca de 5.000 a 100.000 operrias e de 0 a 400 zanges (Fig.6).

    Figura 6. Rainha, operrias e zanges adultos de uma colmeia de Apis mellifera.

    A rainha tem por funo a postura de ovos e a manuteno da ordem social na colmeia. A larva da rainha criada num alvolo modificado, bem maior que os das larvas de operrias e zanges, de formato cilndrico, denominado realeira (Fig. 7), sendo alimentada pelas operrias com a gelia real, produto rico em protenas, vitaminas e hormnios sexuais. A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de uma operria (Fig. 6) e a nica fmea frtil da colmeia, apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido.

    Figura 7. Realeiras construdas na extremidade do favo.

    A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vo nupcial para sua fecundao que ocorre, aproximadamente, 5 a 7 dias depois de seu nascimento. A fecundao ocorre em reas de congregao de zanges, onde existem de centenas a milhares de zanges voando espera de uma rainha, conferindo assim uma grande variabilidade gentica no acasalamento.

    A rainha se dirige a essas reas, a cerca de 10 metros de altura, atraindo os zanges com a liberao de substncias denominadas feromnios. Apenas os mais rpidos e fortes conseguem alcan-la e o acasalamento, ou cpula, ocorre em pleno vo. Uma rainha pode ser fecundada por at 17 zanges e o smen armazenado num reservatrio especial denominado espermateca. Esse estoque de smen ser utilizado para a fecundao de vulos durante toda a vida da rainha, pois ao retornar colnia no sair mais para realizar outro vo nupcial. A rainha comea a postura dos ovos na colnia de 3 a 7 dias depois do acasalamento.

    Somente a rainha capaz de produzir ovos fertilizados, que do origem s fmeas (operrias ou novas rainhas), alm de ovos no fertilizados, que originam os zanges. Em casos especiais, as operrias tambm podem produzir ovos, embora no fertilizados, que daro origem a zanges.

    A capacidade de postura da rainha pode ser de at 2.500 a 3.000 ovos por dia, em condies de abundncia de alimento. Ela pode viver e reproduzir-se por at 3 anos ou mais. Entretanto, em climas tropicais, sua taxa de postura diminui aps o primeiro ano. Por isso, costuma-se recomendar aos apicultores que substituam suas rainhas anualmente.

  • A rainha consegue manter a ordem social na colmeia atravs da liberao de feromnios. Essas substncias tm funo atrativa e servem para informar aos membros da colmeia que existe uma rainha presente e em atividade; inibem a produo de outras rainhas; a enxameao e a postura de ovos pelas operrias. Servem ainda para auxiliar no reconhecimento da colmeia e na orientao das operrias. A rainha est sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operrias, encarregadas de aliment-la e cuidar de sua limpeza. As operrias tambm podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos feromnios a outros membros da colmeia.

    Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromnios e de realizar posturas, em virtude de sua idade avanada, ou ainda quando o enxame est muito populoso e falta espao na colmeia, as operrias escolhem ovos recentemente depositados ou larvas de at 3 dias de idade, que se desenvolvem em clulas especiais - realeiras (Fig. 7) - para a produo de novas rainhas. A primeira rainha a nascer destri as demais realeiras e luta com outras rainhas que tenham nascido ao mesmo tempo at que apenas uma sobreviva.

    Em caso de populao grande, a rainha velha enxameia com, aproximadamente, metade da populao antes do nascimento de uma nova rainha. Em alguns casos, quando a rainha est muito cansada, ela pode permanecer na colmeia em convivncia com a nova rainha por algumas semanas, at sua morte natural. Tambm pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga, logo aps o nascimento.

    As operrias (Fig. 6) realizam todo o trabalho para a manuteno da colmeia. Elas executam atividades distintas, de acordo com a idade, desenvolvimento glandular e necessidade da colnia (Tabela 8).

    Tabela 8. Funes executadas pelas operrias de acordo com a idade. Idade Funo

    1 ao 5 dia

    Realizam a limpeza dos alvolos e de abelhas recm-nascidas

    5 ao 10

    So chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentao das larvas em desenvolvimento. Nesse estgio, elas apresentam grande desenvolvimento das glndulas hipofaringeanas e mandibulares, produtoras de gelia real.

    11 ao 20 dia

    Produzem cera para construo de favos, quando h necessidade, pois nessa idade as operrias apresentam grande desenvolvimento das glndulas cerferas. Alm disso, recebem e desidratam o nctar trazido pelas campeiras, elaborando o mel.

    18 ao 21 dia

    Realizam a defesa da colmeia. Nessa fase, as operrias apresentam os rgos de defesa bem desenvolvidos, com grande acmulo de veneno. Podem tambm participar do controle da temperatura na colmeia.

    22 dia at a morte

    Realizam a coleta de nctar, plen, resinas e gua, quando so denominadas campeiras.

    importante ressaltar que a necessidade da colmeia pode fazer com que as operrias reativem algumas das glndulas atrofiadas para realizar determinada atividade, ou seja, se for necessrio, uma abelha mais nova pode sair para a coleta no campo e uma abelha mais velha pode encarregar-se de alimentar a cria.

    As operrias possuem os rgos reprodutores atrofiados, no sendo capazes de se reproduzirem. Isso acontece porque, na fase de larva, elas recebem alimento menos nutritivo e em menor quantidade que a rainha. Alm disso, a rainha produz feromnios que inibem o desenvolvimento do sistema reprodutor das operrias na fase adulta. Em compensao, elas possuem rgos de defesa e trabalho perfeitamente desenvolvidos, muitos dos quais no so observados na rainha e no zango, como a corbcula (onde feito o transporte de materiais slidos) e as glndulas de cera.

  • Os zanges (Fig. 6) so os indivduos machos da colnia, cuja nica funo fecundar a rainha durante o vo nupcial. As larvas de zanges so criadas em alvolos maiores que os alvolos das larvas de operrias (Fig. 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo a adulto. Eles so maiores e mais fortes do que as operrias, entretanto, no possuem rgos para trabalho nem ferro e, em determinados perodos, so alimentados pelas operrias. Em contrapartida, os zanges apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas com maior capacidade olfativa. Alm disso, possuem asas maiores e musculatura de vo mais desenvolvida. Essas caractersticas lhes permitem maior orientao, percepo e rapidez para a localizao de rainhas virgens durante o vo nupcial. Figura 8. Alvolos de zango e de operria de Apis mellifera.

    Os zanges so atrados pelos feromnios da rainha a distncias de at 5 km durante o vo nupcial. Durante o acasalamento, o rgo genital do zango (endfalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe, ocasionando sua morte.

    Desenvolvimento das abelhas

    Durante seu ciclo de vida, as abelhas passam por quatro diferentes fases: ovo, larva, pupa e adulto (Fig.9).

    Figura 9. Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis mellifera.

    A rainha inicia a postura geralmente aps o terceiro dia de sua fecundao, depositando um ovo em cada alvolo. O ovo cilndrico, de cor branca e, quando recm colocado, fica em posio vertical no fundo do alvolo. Trs dias aps a postura, ocorre o nascimento da larva, que tem cor branca, formato vermiforme e fica posicionada no fundo do alvolo, com corpo recurvado em forma de "C" (Fig. 9). Durante essa fase, a larva passa por cinco estgios de crescimento, trocando sua cutcula (pele) aps cada estgio.

    No final da fase larval, 5 a 6 dias aps a ecloso, a clula operculada e a larva muda de posio, ficando reta e imvel. Nessa fase, ela no se alimenta mais, tece seu casulo, sendo comumente chamada de pr-pupa. Na fase de pupa j podem ser distinguidos a cabea, o trax e o abdome, visualizando-se olhos, pernas, asas, antenas e partes bucais. Os olhos e o corpo passam por mudanas de colorao at a emerso da abelha adulta (Fig. 9). Toda a transformao pela qual a abelha passa at chegar ao estgio adulto denomina-se metamorfose.A durao de cada uma das fases diferenciada para rainhas, operrias e zanges (Tabela 9).

    Tabela 9. Perodo de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis mellifera africanizada.

    Perodo de Desenvolvimento (dias)

    Casta Ovo Larva Pupa Total

    Rainha

    3

    5

    7

    15

    Operria

    3

    5

    12

    20

    Zango

    3

    6,5

    14,5

    24

    A longevidade dos adultos das trs castas tambm diferente: a rainha pode viver at 2 anos ou mais apesar de que, em clima tropical, sua vida reprodutiva dura, em mdia, 1 ano; as operrias, em condies normais, vivem de 20 a 40 dias. Os zanges que no acasalam podem viver at 80 dias, se houver alimento na colmeia. Durante o perodo de escassez de alimento, as operrias costumam expulsar ou matar os zanges.

  • Estrutura e uso dos favos

    O ninho das abelhas constitudo de favos, que so formados por alvolos de formato hexagonal (com seis lados). Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espao. Os alvolos tm uma inclinao de 4 a 9 para cima, evitando que a larva e o mel escorram, e so construdos em dois tamanhos: no maior, a rainha faz postura de ovos de zango; j os menores podem ser usados para a criao de operrias e para estocagem de alimento (Fig. 8).

    Durante a maior parte do ano, a prole criada nas partes centrais da colmeia, de forma a facilitar o controle de temperatura pelas operrias. A cria, freqentemente, ocupa o centro dos favos, sendo que os cantos inferiores e superiores so usados para estocagem de alimento, facilitando o trabalho das abelhas nutrizes, que so responsveis pela alimentao das larvas.

    Diferenciao das castas

    Geneticamente, uma rainha idntica a uma operria. Ambas se desenvolvem a partir de ovos fertilizados. Entretanto, fisiolgica e morfologicamente essas castas so diferentes em razo da alimentao diferenciada que as larvas recebem.

    A rainha recebe, durante toda sua vida, um alimento denominado gelia real, que composto das secrees das glndulas mandibulares e hipofaringeanas, localizadas na cabea de operrias (Fig. 5), com adio de acares provenientes do papo. Pesquisas tm indicado que a gelia real oferecida s larvas de rainha superior em quantidade e qualidade, possuindo maior proporo da secreo das glndulas mandibulares e maior concentrao de acares e outros compostos nutritivos (Nogueira Couto & Couto, 2002

    As larvas de operrias, so alimentadas at o terceiro dia com um alimento comumente chamado de gelia de operria, que apresenta maior proporo da secreo das glndulas hipofaringeanas e menor quantidade de acares que o da rainha. Aps esse perodo, passam a receber uma mistura de gelia de operria, mel e plen.

    Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo, uma larva de, no mximo, 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentao adequada. Entretanto, quanto mais nova for a larva, melhor ser a qualidade da rainha e sua capacidade de postura.

    Alm da alimentao, a estrutura onde a larva da rainha criada (realeira) tem grande influncia em seu desenvolvimento, uma vez que maior que o alvolo de operria e posicionada de cabea para baixo, o que deixa o abdome da pupa livre, permitindo pleno desenvolvimento e formao dos rgos reprodutores.Assim, para que uma larva de operria se transforme em rainha, necessrio, alm da alimentao, que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma realeira no local onde se encontra a larva.

    Um resumo sobre a diferenciao das castas em abelhas Apis mellifera apresenta-se na Fig. 10. Figura10. Esquema de diferenciao das castas em Apis mellifera.

    Comunicao

    Entre as abelhas Apis mellifera, a comunicao pode ser feita por meio de sons, substncias qumicas, tato, danas ou estmulos eletromagnticos.

    A transferncia de alimento parece ser uma das maneiras mais importantes de comunicao, uma vez que, durante as transferncias, ocorrem tambm trocas de algumas secrees glandulares. Esse simples gesto de troca de alimento pode informar a necessidade de nctar e gua, odor e sabor da fonte de alimento e as mudanas na qualidade e quantidade de nctar coletado, afetando a postura, criao da prole, secreo de cera e armazenamento do mel, entre outras atividades.Durante esse processo, so transferidos, tambm, feromnios que estimulam aes especficas, como ser visto a seguir.

    O principal meio de comunicao qumico feito pelos feromnios, que so substncias qumicas produzidas e liberadas externamente por indivduos, que produzem uma resposta especfica no comportamento ou fisiologia de indivduos da mesma espcie. Em abelhas esses feromnios so transmitidos pelo ar, contato fsico ou alimento. Na Tabela 10, apresentam-se alguns feromnios produzidos pelas abelhas e as reaes desencadeadas por eles, de acordo com Free (1987), Winston (1987) e Nogueira Couto & Couto (2002).

    Tabela 10. Alguns feromnios produzidos por abelhas Apis mellifera e suas respectivas reaes. Feromnios Reao desencadeada

  • Produzidos por operrias:

    Feromnio de trilha Orienta as operrias na localizao do ninho e de fontes de alimento

    Feromnio de alarme Alerta as operrias para a presena de inimigo prximo colmeia

    Feromnio de defesa Liberado por operrias durante a ferroada, atrai outras operrias para ferroarem o local

    Feromnio de deteno Repele as operrias de fontes sem disponibilidade de alimento

    Feromnio da glndula de Nasonov Liberado na entrada da colmia durante a enxameao e em fontes de gua e alimento, ajuda na orientao e no agrupamento das abelhas

    Produzidos por rainhas:

    Feromnio da glndula mandibularAtrai zanges para o acasalamento, mantm a unidade da colmeia, inibe o desenvolvimento dos ovrios das operrias e a produo de rainhas

    Feromnio das glndulas epidermais

    Atrao das operrias. Age em sinergia com o feromnio da glndula mandibular

    Feromnio de trilha Ajuda a evitar a produo de novas rainhas.

    Produzidos por zanges:

    Feromnio da glndula mandibular do zango Atrai rainhas e outros zanges para a zona de congregao de zanges

    Produzidos por crias:

    Feromnio de criaEstimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovrios das operrias. Permite que as operrias reconheam idade, casta e estado de sanidade das crias

    Fonte: Free (1987), Winston (1987) e Nogueira Couto & Couto (2002).

    A dana outro importante meio de comunicao; por meio dela as operrias podem informar a distncia e a localizao exata de uma fonte de alimento, um novo local para instalao do enxame, a necessidade de ajuda em sua higiene ou, ainda, podem impedir que a rainha destrua novas realeiras e estimular a enxameao.

    O cientista alemo Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicao utilizado para informar sobre a localizao da fonte de alimento, observando que as abelhas costumam realizar trs tipos de dana: dana em crculo, dana do requebrado ou em forma de oito e dana da foice (Wiese, 1985) (Tabela 11).

  • Tabela 11. Tipos de dana realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informaes sobre fontes de alimentos. Dana Funo

    Dana em crculo

    Informa sobre fontes de alimento que esto a menos de cem metros de distncia da colmeia

    Dana do requebrado

    Usada para fontes de alimento que esto a mais de cem metros de distncia. Nessa dana, a abelha descreve a direo e a distncia da fonte

    Dana da foice Considerada uma dana de transio entre a dana em crculo e a do requebrado. utilizada quando o alimento se encontra a at cem metros da colmeia

    As danas podem ser executadas dentro da colmeia, sobre um favo, ou no alvado. Durante a dana, a operria campeira indica a direo da fonte de alimento em relao posio da colmeia e do sol. A distncia da colmeia at a fonte de nctar informada pelo nmero de vibraes (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a dana. Quanto menor a distncia entre a fonte e a colmeia, maior o nmero de vibraes.

    A campeira pode interromper sua dana a curtos intervalos e oferecer s operrias que esto observando, uma gota do nctar que coletou. Assim, ela informa o odor do nctar e da flor e as demais operrias partem em busca desta fonte. O recrutamento aumenta com a vivacidade e a durao da dana.

    Termorregulao da colmeia

    Independentemente da temperatura externa, a rea de cria da colmeia mantida entre 34 e 35 C, temperatura ideal para o desenvolvimento das crias. A ocorrncia de temperaturas fora dessa faixa pode provocar aumento da mortalidade na colnia e as operrias que emergirem podem apresentar defeitos fsicos nas asas ou outras partes do corpo.

    Para baixar a temperatura da colmeia, as abelhas do interior da colnia se distanciam dos favos e se aglomeram do lado de fora da caixa. Algumas operrias ficam posicionadas na entrada do ninho, movimentando suas asas de forma a direcionar uma corrente de ar para o interior da colmeia. Essa corrente de ar, alm de esfriar a colmeia, auxilia na evaporao da umidade do nctar, transformando-o em mel.

    No interior da caixa, outras operrias esto batendo as asas, ajudando na circulao da corrente de ar. Se houver duas entradas na colmeia, o ar aspirado por uma entrada e expelido pela outra; caso contrrio, usa-se parte da entrada para aspirar e outra parte para expelir.

    Se a temperatura do ar estiver muito alta, as operrias coletam gua e espalham pequenas gotas pela colmeia e/ou regurgitam pequena quantidade de gua abaixo da lngua, que ser evaporada pela corrente de ar, auxiliando no resfriamento da colnia. A umidade evaporada do nctar tambm se presta a esse fim.

    A umidade relativa da colmeia mantida por volta dos 40%. Se essa porcentagem aumentar muito com a evaporao do nctar, as operrias imediatamente provocaro uma corrente de ar para o interior da colmeia, na tentativa de diminuir a umidade.

    Em perodos frios, para aumentar a temperatura do interior do ninho, as abelhas se aglomeram em "cachos". Se a temperatura continuar caindo, as operrias aumentam sua taxa de metabolismo, provocando vibraes dos msculos torcicos, gerando calor. Ocorre tambm uma troca de posio: abelhas que esto no centro do cacho vo para as extremidades e vice-versa.

    Equipamentos Martelo de Marceneiro,Arame ,Esticador de Arame,Carretilha de ApicultorIncrustador Eltrico de Cera,Limpador de Canaleta,FumigadorFormo de Apicultor,Vassoura (espanador),Vestimentas,Colmeia

    A prtica apcola requer alguns utenslios especiais, tanto para o preparo das colmeias, como para o manejo em si, sendo

  • de suma importncia o emprego correto desses itens pelo apicultor, para que se possam garantir a produo racional dos diversos produtos apcolas e a segurana de quem est manejando as colmeias, assim como das prprias abelhas.

    Martelo de Marceneiro e Alicate

    Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manuteno das colmeias (Fig. 11 A e B) e principalmente na atividade de "aramar" os quadros (colocao do arame nos quadros para sustentao da placa de cera alveolada). Figura 11. Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeias: (A) martelo de marceneiro, (B) alicate, (C) aram, (D) esticador de arame, (E) quadro de melgueira. Arame

    Arame utilizado para formao de uma base de sustentao e fixao da placa de cera alveolada. Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento, mas que no seja grosso demais, o que iria dificultar a fixao da cera. Normalmente se usa o arame n 22 ou n 24. Recomenda-se a utilizao do arame de ao inx, mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de metal (Fig. 11 C). Esticador de Arame

    Trata-se de um suporte de metal, onde o quadro encaixado, com a finalidade de esticar o arame. Ferramentas como alicates (corte ou de bico) tambm podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realiz-lo plenamente, embora sem a mesma eficincia e praticidade do esticador (Fig. 11 D e Fig. 12). Figura 12. Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B). Carretilha de Apicultor

    Equipamento utilizado para fixao da cera no arame. constituda de uma pea com empunhadura de madeira e parte de metal, com uma roda dentada na extremidade (Fig. 13). Figura 13. Carretilha do apicultor.

    Incrustador Eltrico de Cera

    Aparelho utilizado tambm para a fixao da cera no quadro, por meio do leve aquecimento do arame. constitudo de um suporte onde fixada uma resistncia (chuveiro) e fios para a conduo da corrente eltrica, os quais possuem na extremidade dois terminais de fixao no arame (Fig 14). Figura 14. Incrustador eltrico de cera. Limpador de Canaleta

    Utenslio de metal com extremidade curvada, usado para raspar a cera velha da canaleta do quadro, para incrustao de nova placa de cera. Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade, como facas, canivetes, etc., que podem ser teis ao apicultor em outras situaes (corte de placa de cera, de favo para captura de enxames, etc.). Fumigador

    Equipamento constitudo de tampa, fole, fornalha, grelha e bico de pato (Fig. 15). Tem a funo de produzir fumaa, sendo essencial para um manejo seguro. O fumigador que hoje utilizado pelos apicultores brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil, a partir do modelo anteriormente utilizado, de dimenses menores, aps o processo de africanizao que as abelhas sofreram no Pas. O modelo brasileiro por apresentar maior capacidade de armazenamento da matria-prima a ser queimada, propicia a produo de fumaa por perodos mais longos, sem a necessidade freqente de abastecimento (Fig. 15 e 16). O desenvolvimento desse fumigador, juntamente com outras tcnicas de manejo foram fundamentais para a continuidade da apicultura no Brasil, pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas. Figura 15. Partes que compem um fumigador: (A) tampa, (B) fole, (C) fornalha, (D) grelha, (E) bico de pato. Figura 16. Fumigador montado. Formo de Apicultor

    Utenslio de metal, com formato de esptula (aproximadamente com 20,0 cm de comprimento e 3,0 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig. 17 A). utilizado pelo apicultor para auxili-lo na abertura da caixa (desgrudando a tampa), remoo dos quadros, limpeza da colmeia, raspagem da prpolis de peas da colmeia (tampa, fundo, etc.), remoo de traas, etc.

  • Figura 17. Formo do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B). Vassoura ou espanador apcola

    O espanador uma pequena vassoura de mo utilizada para remover as abelhas dos favos ou de outros locais sem machuc-las (Fig. 17 B). Devem ser fabricadas de cerdas sintticas (cores claras de preferncia), pois as cerdas naturais tm odor muito forte, irritando as abelhas. Vestimentas

    O uso da vestimenta apcola pelo apicultor condio essencial para uma prtica segura. Composta de macaco, mscara, luva e bota, apresenta algumas caractersticas especficas (Fig. 19):

    Macaco: Deve ser de cor clara (cores escuras podem irritar as abelhas), confeccionado com brim (grosso) ou materiais sintticos (nylon, polyester, etc.). Pode ser inteirio ou composto de duas peas (cala e jaleco), com elsticos nas extremidades (pernas e braos), tendo a mscara j acoplada ou no. Os modelos que tm a mscara separada necessitam de chapu (de palha); outros mais modernos, dispensam o seu uso. Recomenda-se que o macaco esteja bem folgado, evitando o contato do tecido com a pele do apicultor. Atualmente, existem no mercado vrios modelos que agregam inmeras solues que facilitam o manejo (reas maiores de ventilao, local que permita a ingesto de lquidos, materiais mais resistentes, etc.).

    Luva: Podendo ser confeccionada com diversos materiais (couro, napa ou mesmo borracha), deve, entretanto, ser capaz de evitar a insero do ferro na pele, principalmente porque as mos do apicultor so reas muito visadas pelas abelhas.

    Bota: Deve ser de cor clara, de preferncia cano alto, confeccionada em borracha ou couro. Figura 19. Vestimenta apcola completa: (A) jaleco com mscara e cala, (B) luvas, (C) bota. Colmeia

    As colmeias so as peas fundamentais na prtica de uma apicultura racional. O desenvolvimento de peas mveis (tampas, fundos, quadros, etc.) permitiu a explorao dos produtos apcolas de forma contnua e racional, sem dano para as abelhas. Existem vrios modelos de colmeias, entretanto, o apicultor deve padronizar seu apirio, evitando a utilizao de diferentes modelos. Uma colmeia racional subdividida em: tampa, sobrecaixa (melgueira ou sobreninho), ninho e fundo e os quadros (caixilhos). A manuteno das medidas padres para cada modelo tambm essencial.

    Para a construo das colmeias, recomenda-se uso de madeiras de boa qualidade (cedro, aroeira, pau d'arco, etc.), que garantam uma maior vida-til para a caixa. A madeira deve estar bem seca, evitando posterior deformao. A espessura da tbua pode variar, desde que sejam respeitadas as medidas internas das colmeias e externas dos quadros.

    O produtor poder optar por usar na parte superior da colmeia a melgueira ou o sobreninho. As caixas podem ser compradas ou feitas pelo apicultor e devem ser pintadas externamente com tinta de cor clara e de boa qualidade (ltex), o que ajuda na conservao do material. Internamente, as colmeias no devem ser pintadas. O modelo indicado pela Confederao Brasileira de Apicultura como padro de colmeia o modelo Langstroth (Fig. 20 a Fig. 23). Esta colmeia idealizada por Lorenzo Lorin Langstroth, em 1852, baseada nas pesquisas que identificaram o "espao abelha".

    O espao abelha considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espao livre que deve haver entre as diversas partes da colmeia, ou seja, entre as laterais e os quadros, quadros e fundo, quadros e tampa e entre os quadros. Esse espao deve ser de, no mnimo, 4,8 mm e, no mximo, 9,5 mm. Se menor, impede o livre transito das abelhas; se maior, ser obstrudo com prpolis ou construo de favos.

    Na construo das colmeias, o espao abelha deve ser rigorosamente respeitado. Figura 20. Colmeia Langstroth vista de frente. Figura 21. Partes da colmeia Langstroth: tampa (A), melgueira (B), ninho (C), fundo (D). Figura 22. Colmeia Langstroth com destaque para o alvado. Figura 23. Colmeia Langstroth aberta mostrando a disposio dos quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B).

    A prtica apcola requer, ainda, outros utenslios e assessrios para as colmeias usados durante o transporte e manejo produtivo e de entressafra.

    Tela Excluidora: armao com borda de madeira e rea interna de malha de metal ou plstico. Colocada entre o ninho e a sobrecaixa tem a finalidade de evitar o acesso da rainha nas sobrecaixas destinadas produo de mel (Fig. 24 e 25).

  • Figura 24. Tela excluidora de rainha com malha de metal. Figura 25. Tela excluidora de rainha com malha de plstico. Tela Excluidora de Alvado: com a mesma estrutura da tela excluidora de ninho, apresenta dimenses

    adequadas para ser encaixada no alvado com a finalidade de evitar a sada da rainha (enxameao). Tela de Transporte: utilizada para o transporte da colmeia, podendo ser de dois tipos: a tela de encaixe no

    alvado e a tela para substituio da tampa (Fig. 26). Esses assessrios permitem a ventilao da colmeias, sem que aja fuga das abelhas por meio tela de "nylon" ou de arame com malha de dimenses inferiores ao tamanho das abelhas (Fig. 26);

    Figura 26. Tela de transporte para substituio da tampa.

    Redutor de Alvado: pea de madeira encaixada no alvado, de forma a reduzir o espao livre. Pode ser utilizado em pocas de temperaturas mais baixas (facilita o trabalho das abelhas na termoregulao do ninho), perodos de entressafra (minimizando a possibilidade de saque por outras abelhas) e em enxames fracos (quantidade menor de abelhas), que tm mais dificuldade de defender a famlia;

    Alimentadores: equipamentos utilizados para a alimentao artificial de abelhas, possuindo vrios modelos que sero descritos posteriormente.

    Povoamento da Colmeia Para facilitar a aceitao das abelhas nova caixa, recomendvel que o apicultor pincele em seu interior uma soluo de prpolis ou extrato de capim-limo ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus) ou esfregar um punhado de suas folhas, deixando a madeira com um odor mais atrativo para o enxame. Para povoar o apirio, o apicultor poder comprar colmeias povoadas, dividir famlias fortes ou capturar enxames.

    Caixa Isca (captura passiva)

    Nas pocas de enxameao (perodos naturais de diviso e deslocamento de enxames), o apicultor deve distribuir algumas caixas com trs a cinco quadros com cera alveolada perto de fontes de gua, engenhos, etc. As colmeias devem ser deixadas fixadas em rvores ou em cima de tocos a uma altura de 1,5 m a 2 m, para que fiquem mais visveis aos enxames. Se preferir, o apicultor poder usar caixas de papelo prprias para capturas de enxames, venda em lojas especializadas, ou ainda confeccionar pequenas caixas de madeira de baixa qualidade. Dessa forma, reduz-se o prejuzo em caso de roubo e facilita-se o transporte do enxame para o apirio. Entretanto, aumenta-se o risco de perder o enxame ao transferi-lo para a caixa padro.

    A cada 10 a 20 dias, necessrio que se realize uma inspeo nas caixas para verificar as que foram povoadas. Aps verificada a captura do enxame, ele deve ser transportado para o apirio em alguns dias (apenas o necessrio para o incio da postura pela rainha), pois sem o acmulo de alimento, o enxame comporta-se- menos agressivamente, facilitando o seu transporte.

    Coleta de Enxame Migratrio (captura ativa)

    Trata-se de um enxame de abelhas (em forma de cacho) instalado provisoriamente em rvores, postes, telhados, etc. Nesse cacho, o apicultor no notar a presena de favos.

    Para capturar o enxame, basta pegar o cacho completo e colocar na caixa contendo quadros com cera alveolada. Pode-se utilizar um balde ou simplesmente colocar a caixa embaixo do enxame e sacudir as abelhas. A caixa deve ser fechada imediatamente e transportada para o apirio.

    Coleta de Enxame Fixo

    Esse enxame tem uma captura mais trabalhosa, uma vez que ser necessrio retirar os favos e transferi-los para a colmeia.

    Aps localizar o enxame, deve-se aplicar bastante fumaa no local e cortar os favos, de forma a encaix-los na armao do quadro, fixando-os com um elstico ou barbante e tomando o cuidado para que os favos cortados fiquem na mesma posio que estavam anteriormente. Os favos com clulas de zango e mel no devem ser aproveitados no enxame.

    As operrias so colocadas no interior da caixa por meio de um recipiente. Se a rainha no for encontrada e observar-se que as abelhas esto entrando naturalmente na colmeia, sinal de que a rainha j se encontra no seu interior.

    Todos os vestgios do enxame devem ser removidos do local, raspando-se bem os restos de favos, evitando-se, assim, que o local continue atrativo para a instalao de um novo enxame (caso no seja de interesse do apicultor). A colmeia deve permanecer no mesmo local onde estava o enxame, com o alvado voltado para o mesmo lado que a antiga entrada da colnia por trs dias no mnimo (tempo necessrio para que as abelhas fixem os favos transferidos).

    Diviso de Enxame

    Quando o apicultor notar que uma de suas colmeias est muito populosa, ele poder dividi-la em duas colnias

  • menores. Entretanto, convm salientar que o apicultor deve privilegiar a manuteno de colnias sempre populosas, ou seja, colmeias fortes, pois sero elas as responsveis pela produo.

    Ao se proceder uma diviso, deve-se repartir igualmente o nmero de quadros contendo favos de cria e alimento nas duas colmeias, deixando o maior nmero de ovos (crias abertas) para a colnia que for ficar sem rainha, uma vez que eles sero necessrios para a formao de uma nova rainha. As operrias tambm devem ser divididas e o espao vazio das caixas deve ser preenchido com quadros com cera alveolada. O enxame que ficar com a rainha deve ser removido para uma distncia mnima de 2 m (Fig. 29). Figura 29. Esquema de diviso de enxames.

    Manejo produtivo das colmeias Reviso das colmeias,Quando e como realizar as revises,O que observar durante as revisesAlgumas situaes encontradas durante as revises e medidas recomendadasFortalecimento e unio das famlias,Fortalecendo enxames, Unio de enxamesDiviso das famlias, Colmeia poedeira, Pilhagem, Troca de quadros e caixas

    Aps a fase de instalao do apirio, o apicultor dever preocupar-se em realizar o manejo eficiente de suas colmeias para que consiga ter sucesso na atividade. Para isso, dever estar sempre atento situao das colmeias, observando a quantidade de alimento disponvel, a presena e a qualidade da postura da rainha, o desenvolvimento das crias, a ocorrncia de doenas ou pragas, etc. Desse modo, muitos problemas podem ser evitados caso sejam tomadas medidas preventivas, utilizando-se tcnicas de manejo adequadas.

    Reviso das colmeias

    As revises so realizadas para avaliar as condies gerais das colmeias e a ocorrncia de anormalidades. Devem ser feitas somente quando necessrio e de forma a interferir o mnimo possvel na atividade das abelhas, evitando causar desgaste ao enxame, uma vez que, durante as revises, geralmente ocorre um consumo exagerado de mel, mortalidade de abelhas adultas na tentativa de defender a colnia, mortalidade de crias em razo da exposio dos quadros ao meio ambiente e interrupo da postura da rainha, alm de interferir na comunicao com a fonte de alimento. Quando e como realizar as revises

    De uma maneira geral, recomenda-se a realizao de revises nas seguintes situaes e intervalos:

    Para enxames recm-coletados, recomenda-se realizar uma reviso cerca de 15 dias aps sua instalao no apirio, verificando seu desenvolvimento inicial do enxame e observar as condies gerais dos favos.

    No perodo anterior s floradas, deve ser realizada uma boa reviso, com o objetivo de deixar a colmeia em timas condies para o incio da produo. Os aspectos a serem observados e as principais medidas adotadas sero descritos a seguir.

    Durante as floradas, devem-se realizar revises nas melgueiras a cada 15 dias, para verificar como est a produo de mel, a quantidade de quadros completos, devidamente operculados, e a necessidade de acrescentar ou no mais melgueiras. Nessa reviso, deve-se evitar o uso excessivo de fumaa junto s melgueiras para que o mel no a absorva.

    Aps o perodo das principais floradas, deve-se realizar novamente uma reviso completa no ninho, verificando se existem anormalidades, com o objetivo de preparar a colmeia para o perodo de entressafra.

    Na entressafra, as revises devem ser menos freqentes, geralmente mensais, para evitar desgaste aos enxames que, normalmente, esto mais fracos. As revises devem ser rpidas, observando-se, principalmente, se h necessidade de alimentar as colmeias, reduzir alvado, controlar inimigos naturais ou unir enxames fracos.

    Para que as revises se realizem de forma eficiente, causando mnimos prejuzos s colmeias, recomenda-se a adoo dos seguintes procedimentos:

    Trabalhar, preferencialmente, em dias claros, com clima estvel. O melhor horrio entre 8 e 11 horas e das 15 s 17horas e 30 minutos, aproveitando que a maioria das operrias est no campo em atividade de coleta. Nunca se deve trabalhar durante a chuva.

    Respeitar a capacidade defensiva das abelhas, utilizando vestimenta apcola adequada, de cores claras, em bom estado de conservao e limpeza (Fig. 19); evitar cheiros fortes (suor, perfume) e barulho que possa irritar as abelhas.

    Utilizar um bom fumigador (Fig. 16) com materiais de combusto de origem vegetal, tais como, serragem, folhas e cascas secas, de modo a produzir uma fumaa branca, fria e sem cheiro forte. No devem ser usados produtos de origem animal ou mineral.

  • aconselhvel que duas pessoas realizem a reviso para que uma fique manejando o fumigador, enquanto a outra realiza a abertura e vistoria da colmeia. Assim, a reviso pode ser feita de forma rpida, eficiente e segura.

    Posicionar-se sempre na parte detrs ou nas laterais da colmeia, nunca na frente, evitando a linha de vo das abelhas (entrada e sada da colmeia).

    Realizar a reviso com calma, sem movimentos bruscos, porm, rapidamente, evitando que a colmeia fique aberta por muito tempo.

    Evitar a exposio demorada dos favos ao sol ou ao frio.

    O uso da fumaa essencial para o manejo das colmeias. Sua funo simular uma situao de perigo (ocorrncia de incndio), fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local. Para isso, a maior parte das operrias passa a consumir o mximo de alimento possvel, armazenando-o no papo. O excesso de alimento ingerido, alm de deixar a abelha mais pesada, provoca uma distenso do abdome que dificulta os movimentos para a utilizao do ferro.

    Na abertura da colmeia, deve-se aplicar fumaa no alvado, aguardar alguns segundos para que a fumaa atue sobe as abelhas, levantar um pouco a tampa, com auxlio do formo, e aplicar fumaa horizontalmente sobre os quadros. Em seguida, retira-se a tampa, evitando movimentos bruscos. Durante a vistoria, a fumaa deve ser aplicada regularmente e sem excesso na colmeia em que se est trabalhando e em colmeias prximas, sempre que se observar aumento da agressividade das abelhas. O que observar durante as revises

    Depois de aberta a colmeia, utilizando-se o formo, devem-se separar os quadros, que geralmente esto colados com prpolis, e retir-los um a um, a partir das extremidades, para observar os seguintes aspectos:

    Presena de alimento (mel e plen) e de crias (ovo, larva, pupa). Presena da rainha e avaliao de sua postura. Para verificar a presena da rainha, no necessrio visualiz-

    la, basta observar a ocorrncia de ovos nas reas de cria. A verificao de muitas falhas nas reas de cria (Fig. 30) um indicativo de que a rainha est velha e, conseqentemente, sua postura est irregular.

    Existncia de espao suficiente para o desenvolvimento da colmeia e armazenamento do alimento. Quando a populao est elevada e o espao restrito, a colnia tende a dividir-se naturalmente, enxameando.

    Presena de realeiras que podem indicar ausncia de rainha ou que a colnia est prestes a enxamear. Sinais de ocorrncia de doenas, pragas ou predadores. reas de cria com falhas (Fig. 30) tambm podem

    indicar a ocorrncia de doenas. Estado de conservao dos quadros, caixas, fundos, tampas e suportes das colmeias.

    Figura 30. reas de crias com poucas falhas (a) e com muitas falhas (b). Algumas situaes encontradas durante as revises e medidas recomendadas

    A ausncia de cria jovem e a existncia de realeiras (Fig. 7) podem indicar que a rainha morreu e est sendo naturalmente substituda. Estas colmeias devem ficar em observao at que se verifique o sucesso da substituio.

    Se no houver crias nem realeiras, mas a rainha est presente, a colmeia poder estar passando por uma situao de fome ou frio que induz uma interrupo da postura da rainha. Essas colmeias devero ento ser alimentadas e os alvados, reduzidos.

    J a ocorrncia de realeiras quando a rainha est presente e sua postura regular indica que a colmeia est preparando-se para enxamear. Nesse caso, devem-se retirar as realeiras e aumentar o espao na colmeia, acrescentando sobrecaixas, ou efetuar a diviso do enxame, cujo procedimento ser descrito posteriormente.

    Quando se observarem uma colmeia sem rainha e sem realeiras e a ocorrncia de forte zumbido das operrias, um indicativo de que a rainha morreu e a colmeia no tem condies de produzir uma nova rainha em virtude da inexistncia de crias jovens. Nesse caso, devem-se introduzir uma rainha ou fornecer condies para que as abelhas a produzam. Para tanto, deve-se introduzir favos com ovos ou larvas bem pequenas, com at 3 dias de idade.

    As revises tambm tm por finalidade a identificao de colmeias fortes e fracas no apirio, a fim de serem executados procedimentos para a sua uniformizao. No caso de colmeias fracas, devem-se adotadar tcnicas de fortalecimento de exames. Em colmeias populosas, pode-se proceder diviso dos enxames, se o apicultor desejar aumentar o nmero de colmeias. Entretanto, ressalta-se que o apicultor deve procurar trabalhar sempre com enxames forte. Maiores detalhes sobre esses procedimentos sero apresentados em itens subseqentes. Fortalecimento e unio das famlias

  • Colnias fracas so, geralmente, conseqncia da falta de alimento disponvel no campo, diviso natural de enxames, rainhas velhas e enxames recm-capturados. Alm de no produzirem, essas colnias so alvo fcil de pragas e doenas. Para evitar esses, problemas o apicultor deve fortalecer ou unir essas colmeias. Fortalecendo enxames

    A alimentao suplementar estimula a postura da rainha e ajuda a aumentar a populao, acelerando o crescimento do enxame. Outra forma de aumentar a populao da colnia introduzir favos com crias fechadas prestes a nascerem nos enxames fracos. Esses quadros, que so retirados de colmeias populosas, no so rejeitados e a abelha quando emerge aceita facilmente no novo ninho.

    importante que o apicultor use nessa operao favos com pupa e no com larvas, pois enxames fracos no conseguem alimentar, aquecer e cuidar de uma grande quantidade de larvas, que acabam morrendo. Alm disso a pupa nasce em pouco tempo e passa a contribuir para o aumento da populao do ninho e produo em menos tempo do que a larva, que ainda ter que completar todo o seu ciclo de desenvolvimento.

    O uso de redutor de alvado e de espao diminui a entrada da colmeia e o espao interno, respectivamente. Essa reduo auxilia as abelhas a defender o ninho e a manter a colnia na temperatura ideal para o desenvolvimento das crias, sendo, portanto, procedimentos importantes a serem seguidos para o fortalecimento da colnia. Unio de enxames

    Outra forma de reforar colmeias fracas a unio de enxames. Existem vrias tcnicas descritas e relatadas, entretanto, muitas delas so traumticas e nem sempre so eficientes. A tcnica da unio de enxames com papel usada com sucesso em todo o Pas e necessita somente de um pouco de mel e duas folhas de papel um pouco maiores que a tampa da colmeia.

    O papel usado deve ser flexvel, da textura do jornal ou de papel de emb