ABC da Caatinga Nr. 17- 24 de maio

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Fortaleza-Ceará-Brasil Terça-feira, 24 de maio de 2011 8 Verde Verde DIVULGAÇÃO A Caatinga nordestina, região semi- árida mais rica em biodiversidade do mundo e com espécies únicas, está, ano a ano, sendo transformada em le- nha e carvão. Segundo estudo lançado na publicação Uso Sustentável e Recursos Flo- restais da Caatinga do Ministério do Meio Ambiente (2010), só em 2006 foram con- sumidos 7 milhões e 530 mil m³ de lenha e carvão, o que equivale a quase três estádios do Maracanã lotados até o topo. Os prin- cipais destinos são os fornos das indústrias produtoras de cerâmica, ferro e gesso; jun- tas consomem quase 80% da lenha e carvão usados em todos os setores da indústria nor- destina. O setor comercial alimentício tam- bém tem a sua contribuição: churrascarias, restaurantes e pizzarias consomem, juntos, 50% da lenha e carvão utilizada por todo o setor, são cerca de 105 mil m³. A área total de caatinga é de 826 mil km², segundo dados do IBGE, porém 45% dessa área já foi desmatada, ou seja, mais de 300 mil km² de caatinga nativa foram perdidas. A média anual de desmatamento é de 0,33%, ou seja, cerca de 2.763 km² de caatinga des- truída por ano, o que equivale ao tamanho do município de Morada Nova/CE. A caatinga abriga uma grande diversida- de de plantas medicinais e substâncias ain- da desconhecidas. Porém, o impacto da ex- ploração da caatinga como fonte energética vai além da perda de biodiversidade, ele contribui para o aquecimento global a me- dida que CO2 é lançado para a atmosfera através da queima. O semiárido nordestino é o ecossistema que mais sofrerá o impacto das mudanças climáticas no Brasil e sem a cobertura vegetal da caatinga, as adaptações a essas mudanças serão ainda mais difíceis. Disseminar técnicas de manejo susten- tável da caatinga e possibilitar ao pequeno produtor rural o acesso ao conhecimento é de extrema importância para a redução do desmatamento. Diminuir os custos da le- galização do manejo florestal, capacitar o agricultor e disponibilizar assistência téc- nica, intensificar a fiscalização da atividade clandestina, são alguns dos passos a serem percorridos para que a atividade venha a ser sustentável um dia e venha a gerar renda e dignidade para milhares de famílias. ABC da Caatinga Conheça mais em: www.acaatinga.org.br SINTA O CLIMA DA CAATINGA A Associação Caatinga preocupada com queimadas descontroladas pelas ativida- des do carvão e limpeza da terra para agricultura em Crateús, realiza através do pro- jeto “No Clima da Caatinga” a capacitação dos produtores rurais sobre queimada controlada no preparo do solo. Os cursos são voltados para as 16 comunidades que vivem no entorno da Reserva Natural Serra das Almas. Além da capacitação é dis- ponibilizado um número com chamadas gratuitas para agendamento de queimadas onde um técnico é acionado para o acompanhamento do procedimento na comuni- dade. Esse projeto tem o patrocínio da Petrobrás através do Programa Petrobrás Ambiental. Saiba mais em: www.noclimadacaatinga.org.br Madeira retirada da Caatinga daria para preencher três Maracanãs BIODIVERSIDADE DA CAATINGA Pau Branco Nome científico: Auxemma oncocalyx Nomes populares: Pau-branco, pau-branco do sertão e pau-preto O pau-branco é uma espécie endêmica da caatinga, ou seja, exclusiva desse ambiente, não sendo encontrada em nenhuma outra parte do planeta. A árvore perde as folhas na estação seca e chega a atingir 8 m de altura. Durante a esta- ção chuvosa surgem suas belas flores brancas que são polinizadas por moscas. Apenas 18% das sementes germinam, devido ao ataque de fungos que provoca a mortalidade das plântulas recém germinadas. Seu crescimento é relativamente rápido e a madeira é usada em vigamentos, estacas, mourões, caibros, ripas e também para lenha e carvão. É uma espécie vulnerável devido a sua exploração desordenada. A planta tem valor medicinal, pode ser usada para alimentação animal, em sistemas agroflorestais e em reflorestamento de áreas degradadas. À esquerda árvore do pau-branco flo- rida e à esquerda detalhe das flores do pau-branco.

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ABC do Jornal O Estado

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Fortaleza-Ceará-BrasilTerça-feira, 24 de maio de 20118 VerdeVerde

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DIVULGAÇÃO

A Caatinga nordestina, região semi-árida mais rica em biodiversidade do mundo e com espécies únicas,

está, ano a ano, sendo transformada em le-nha e carvão. Segundo estudo lançado na publicação Uso Sustentável e Recursos Flo-restais da Caatinga do Ministério do Meio Ambiente (2010), só em 2006 foram con-sumidos 7 milhões e 530 mil m³ de lenha e carvão, o que equivale a quase três estádios do Maracanã lotados até o topo. Os prin-cipais destinos são os fornos das indústrias produtoras de cerâmica, ferro e gesso; jun-tas consomem quase 80% da lenha e carvão usados em todos os setores da indústria nor-destina. O setor comercial alimentício tam-bém tem a sua contribuição: churrascarias, restaurantes e pizzarias consomem, juntos, 50% da lenha e carvão utilizada por todo o setor, são cerca de 105 mil m³.

A área total de caatinga é de 826 mil km², segundo dados do IBGE, porém 45% dessa área já foi desmatada, ou seja, mais de 300 mil km² de caatinga nativa foram perdidas. A média anual de desmatamento é de 0,33%, ou seja, cerca de 2.763 km² de caatinga des-

truída por ano, o que equivale ao tamanho do município de Morada Nova/CE.

A caatinga abriga uma grande diversida-de de plantas medicinais e substâncias ain-da desconhecidas. Porém, o impacto da ex-ploração da caatinga como fonte energética vai além da perda de biodiversidade, ele contribui para o aquecimento global a me-dida que CO2 é lançado para a atmosfera através da queima. O semiárido nordestino é o ecossistema que mais sofrerá o impacto das mudanças climáticas no Brasil e sem a cobertura vegetal da caatinga, as adaptações a essas mudanças serão ainda mais difíceis.

Disseminar técnicas de manejo susten-tável da caatinga e possibilitar ao pequeno produtor rural o acesso ao conhecimento é de extrema importância para a redução do desmatamento. Diminuir os custos da le-galização do manejo fl orestal, capacitar o agricultor e disponibilizar assistência téc-nica, intensifi car a fi scalização da atividade clandestina, são alguns dos passos a serem percorridos para que a atividade venha a ser sustentável um dia e venha a gerar renda e dignidade para milhares de famílias.

ABC da CaatingaCaatingaCaatingaConheça mais em: www.acaatinga.org.br

SINTA O CLIMA DA CAATINGAA Associação Caatinga preocupada com queimadas descontroladas pelas ativida-

des do carvão e limpeza da terra para agricultura em Crateús, realiza através do pro-jeto “No Clima da Caatinga” a capacitação dos produtores rurais sobre queimada controlada no preparo do solo. Os cursos são voltados para as 16 comunidades que vivem no entorno da Reserva Natural Serra das Almas. Além da capacitação é dis-ponibilizado um número com chamadas gratuitas para agendamento de queimadas onde um técnico é acionado para o acompanhamento do procedimento na comuni-dade. Esse projeto tem o patrocínio da Petrobrás através do Programa Petrobrás Ambiental. Saiba mais em: www.noclimadacaatinga.org.br

Madeira retirada da Caatinga daria para preencher três Maracanãs

BIODIVERSIDADE DA CAATINGA

Pau BrancoNome científi co: Auxemma oncocalyx Nomes populares: Pau-branco, pau-branco do sertão e pau-preto

O pau-branco é uma espécie endêmica da caatinga, ou seja, exclusiva desse ambiente, não sendo encontrada em nenhuma outra parte do planeta. A árvore perde as folhas na estação seca e chega a atingir 8 m de altura. Durante a esta-ção chuvosa surgem suas belas fl ores brancas que são polinizadas por moscas. Apenas 18% das sementes germinam, devido ao ataque de fungos que provoca a mortalidade das plântulas recém germinadas. Seu crescimento é relativamente rápido e a madeira é usada em vigamentos, estacas, mourões, caibros, ripas e também para lenha e carvão. É uma espécie vulnerável devido a sua exploração desordenada. A planta tem valor medicinal, pode ser usada para alimentação animal, em sistemas agrofl orestais e em refl orestamento de áreas degradadas.

À esquerda árvore do pau-branco fl o-rida e à esquerda detalhe das fl ores

do pau-branco.