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Re v Br as M ed Esport e  Vo l.11, N º 6 –N ov/Dez, 20 05 357 1. C l ub e P ai ne i r as do M or um by, SP, B r asil. 2. La bo r at óri o d e Fisiol og ia do Exe r cício, Fa cu lda de de Educaçã o F ísica, Uni FM U - S P, B r asi l. 3. Insti t ut o de Ci ên ci as B i om édicas, U ni versidad e de São Paulo, S P, B r a- si l. R ece bi do em 17 / 5/ 05 . Ve r são fi nal r ece bi da em 9/ 8/ 05 . A ceito em 5/ 9/ 05 . Endereço para correspondência:  Pr of. D r.M ar celo Salda nh a A ok i , P r édio 20 –Fa cu ldade de E du caçã o F ísica – U ni FM U , La borat óri o d e F isiol og i a do Exercí ci o, R ua G alvão B ue no , 707, Li be r dad e –015 06- 00 0 –São Paulo, SP. E- m ai l: saldanha@ f m u.br C o m por t am ento d e variáveis fisiol ó gicas em at let as de n ado sincro n izado dur an te u m a sessão de trei n am ento n a fase de preparação para as O li m p íadas de A tenas 2004 M ar ina G ui m ar ães A ntunes Pazikas 1, 2 , A ndr éa C uri 1  e M ar cel o S al danha A oki 2, 3 R ELATO  DE  E XP ERIÊNCI A Palavras-chave: G l i ce m i a. C ort i so l . C orpos ce t ôn i co s. C K .LD H .Freq üê nc ia cardía- ca.  N ado si ncroni zado . Keywords: G lyce m ia. C ort i sol . K etoni c b od i es. KC . LD H . H eart r at e. Syn chro- ni zed sw im m ing. Palabras-clave: G lice m ia. C ortisol. Cuer po s ce t on i co s. C K . LD H . Frecu en ci a cardiaca.N ad o si nc ronizado. RESUMO O obj et ivo do p r ese nt e estud o foi avaliar o co m port am en t o d e vari áve i s fi si o l ó gicas durante u m a s es são de trei no de na d o si n cr o- nizado realizada n a f ase de pr epar ação para as O l i m píadas de A t e- nas 2004.Materiais e métodos:  A am o str a u tili zad a foi co nsti tuída pelo dueto (24 ± 0 an os) represent ant e do B rasilem A t enas 2004. A col et a de dados foirealizada dur ante um a se ssão de t r ei nam en to com du r ação de 198 m inutos. O trei no se iniciou co m a par t e f í si ca, seguida da par t e t écn i ca. P ara a de t er m i naç ão da gli ce m ia e da con- cen t ração de β- hidroxi b ut i r ato f oi u t ili zad o o m o ni t or O pt ium  ®  com su as r espec t ivas ti r as. A s co n ce ntr açõ es de co r t i so le das enzi m as l act ato desi d r og en ase ( L D H ) e creat i na q ui na se ( C K ) f oram d eter m i- nad as p or radi oi m unoe nsai o ( D PC © ) e ki t s com erci ai s ( C E L M  ® ) , res- pecti vam ente. O acom pan ham ent o d a f req üê nci a car aca ( FC ) foi real i zado com o f req üê nci m et ro A dvan t age P olar ® .Resultados:  Fo i observada redução ( ~ 2% ) do pe so co r po ral. A gl icem i a t am m aprese nt ou qu eda (~30% )em com par ação ao val or ob t ido no i cio do t rei n o. E m co ntr ap ar ti da , f o i o bs ervada elev ação na co nc en tra- ção de cor t i sol (salivar 22% e pl asm át ica 29% )e de β- hi d r oxibut i ra- t o (~ 34 0% ). N ão f o iob se rvada al t e r ão si gn i f icati va n a co nce n tra- ção pl asm át ica de C K e d e LD H . O acom panham ent o da FC dem onstrou que dos 1 98 m i nut os que constituíram a sessão de t rei no , 3 6,5 ± 0, 7 m i nu t o s f oram r e ali zado s e m i nten si da de l ev e; 103,5 ± 0,7 m i nu t os e m i nt en si dad e m oder ada, 54,0 ± 2,1 m i nu t os em i nt en sidad e al ta e 4, 0 ± 0, 0 m i nu t os e m i nt en sidad e m ui t o al ta. Conclusões:  A perda de peso i nd ica que a r ep osi ção hídri ca n ão f oi adequada. A redu ção n a gli cem ia e o aum ento na concentr ação de corpos cet ôn i cos e de cortisolr ef orçam a i m po r t ânci a d a su pl em en- t ação de car bo idrato durante o treino de l on ga d ur ação .O com po r - t am en t o da F C de m onstra que a sessão de t rei nam en t o f oirealiza- da em um a i ntensidade moderada, porém com br eves m om entos de i nt en si d ad e al t a, no s q uais foram reali zad as as r o t i nas. ABSTRACT Beha vior of physiological variables in synchronized swimming  athletes during a training session preparing for the Athens  2004 Olympic Games  The pu r po se of t hi s st udy w as to eva l ua te t he be hav ior of ph ysi- ol ogical variab l es dur i ng a synch ronized sw im m i ng t r ai ni ng sessi on pe r f or m ed i n at hlet es p r ep ar i ng for t he Athe ns 2 00 4 O l ym pi c G am es. Materials and methods:  Th e sam pl i ng use d w as con st i t ut ed by the du et ( 24 ± 0 y ears) w ho w as r ep r esenting B razilin the A t he ns 2004 O l ym pi c G am es. Data coll ect ion w as per f or m ed duri ng a 1 98 m i nute t r aini ng se ssi on. The t r ai ni ng st arted w i th t he physi cal por - t i on, f oll ow ed by the t ech ni cal por t i on. I n or der t o det er m i ne t he gl yce mi a an d t he ß - hyd r oxy bu t yr at e, it w as u sed an O pt i um  ®  m on-  i t or w i t h i ts respective st r i pes. The co r t i so land t he dehyd r ogenase l act ate enzym es ( LD H ) , co nc entr at ions,as w ellas the ki na se cr ea t - i ne ( K C ) co nce nt r at i on w er e de t er m i ne d t hr ou gh t he r ad ioi m m u- no assay ( R I A © ) an d thr ough com m er cial l y avail ab le ki t s ( C E LM © ) , r es pe ct ive l y. The fol l ow - up of t he hea rt r at e ( H R ) w as p er f orm ed usi ng an A dvan t age P olar ®  heart r ate m oni t or .Results:  I t w as no ted a r ed uc t i on ( ~ 2% ) i n t he bo dy w eigh t . Th e glyce m i a al so p r esented a f al l ( ~ 30% ) co m par ed t o t he val ue at t ai ned i n t he beg i nni ng of t he trai ni ng se ssi on . O t her w i se, it w as obs er ve d an el evati on i n t he co r t i so l co nce nt r at i on ( sal i vary, 22% , an d plasm at ic, 29% ) and in the ß - hy droxyb utyr at e ( ~ 340% ) . N o s i gn i f i can t ch an ges i n the pl as- m at ic con cen t r at i on of the KC and LD H w er e o bse r ved . Th e f ol l ow - up of the H R sh ow ed that f rom all198 m i nu tes of t he t r ai ning se s- si on ,36.5 ± 0.7 m i nutes w er e pe r f or m ed at a l i gh t i nt ens i ty; 10 3.5 ± 0. 7 m i nutes at a m od erat e intensi t y, 54.0 ± 2. 1 m i nutes at a high i ntensi t y, and 4.0 ± 0.0 m i nutes at a v er y h i gh i nt ensi t y.Conclu-  sions:  T he w ei ght l os s i ndi cat es t hat t he hyd r ic rep osi t ion w as n ot ad eq ua t e. The r edu ct ion i n the g l yce m ia and the i nc r ea se i n the ke t oni c bodi es an d cor t isol co nce nt r at i ons r ei nf orce t he i m portance of a car bo hy drat e su pp lem en t du ring t he long e ndu r an ce tr ai ni ng. Th e H R be havior sho w s that the trai ni ng session w as pe r f or m ed at a m oderat e i nt ensity,but having fast m om ent s o f hi gh i nt ensi t y,in w hi ch r ou t i ne s w er e pe r f or m ed . RESUMEN Comportamiento de variábles fisiológicas en atletas de nado  sincronizado durante una sesion de entrenamiento en la fase  de preparación para las Olimpíadas de Atenas 2004  E l obj e t i vo del pr ese nt e e st udio f ue el de eval uar l a co nduct a d e al g unas va r iab l es f i siológi cas dur an t e u na se si ón d e e n t r enam i en- to de na d o s i nc r onizado cu m p l i do e n l a fase de l a p r ep ar aci ón pa r a los Ju eg os O l í m pi cos d e A t en as 20 04.Materiales y métodos:  La m ue st r a usada se co nst i t uyó po r elduet o ( 24 ± 0 añ os) r ep r ese n- t an t e d e B rasilen At en as 2 00 4. La c ole cci ón de da t os fue cu m pl i - da d ur ant e u na se sión de en t r en am i en t o co n u na d uración de 19 8 m i nu t os . L os e ntr en am i en t os e m pe zaron con l a part e f í si ca, m i - e nt r as er a seg ui da p or l a p ar t e t écn i ca. P ar a l a d e t er m i naci ó n de l a g li ce mi a y de l a conce nt r aci ón de ß - hi droxibut irato el exp er i m en- t ado r usó O pt ium  ®  co n las ci nt as resp ecti vas . Las co nce n t r aci o- nes del co r t isol y d e las en zi m as l act ico de sh i droge na sa ( LD H ) y cr ea t inqui na se ( C K ) f ue ron m ed idas po r el r ad io-i m un o- ensayo ( D PC © ) con equi po s com er cial es ( C E LM  ® ) , r esp e ct i vam en te. La asi st enci a d e l a f r ecu enci a del co r azó n ( FC ) f ue cum plida con el

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1. C lube Paineiras do M orum by, SP, B rasil.

2. Laboratório de Fisiologia do Exercício, Faculdade de Educação Física,U niFM U -SP, B rasil.

3. Instituto de C iências B iom édicas, U niversidade de São Paulo, SP, B ra-sil.

R ecebido em 17/5/05. Versão final recebida em 9/8/05. A ceito em 5/9/05.

Endereço para correspondência: Prof. D r. M arcelo Saldanha A oki, Prédio20 –Faculdade de Edu cação Física –U niFM U , Laboratório de Fisiologia do

Exercício, R ua G alvão B ueno, 707, Liberdade –01506-000 –São Paulo,SP. E-m ail: saldanha@ fm u.br

Com portam ento de variáveis fisiológicas em atletas denado sincronizado durante um a sessão de treinam ento nafase de preparação para as O lim píadas de A tenas 2004M arina G uim arães A ntunes Pazikas1,2, A ndréa C uri1 e M arcelo S aldanha A oki2,3

R ELATO  D E E XP ER IÊN C IA

Palavras-chave: G licem ia. C ortisol. C orpos cetôn icos. C K. LD H . Freqüê ncia cardía-

ca. N ado sincronizado.

Keywords: G lycem ia. C ortisol. Ketonic b odies. KC . LD H . H eart rate. Synchro- 

nized sw im m ing.

Palabras-clave: G licem ia. C ortisol. C ue rpo s ceton icos. C K . LD H . Frecu en cia

cardiaca. N ado sincron izado.

RESUMO

O objetivo do presente estudo foi avaliar o com portam ento devariáveis fisiológicas durante um a sessão de treino de nado sincro-nizado realizada na fase de preparação para as O lim píadas de A te-nas 2004.Materiais e métodos: A am ostra utilizada foi constituídapelo dueto (24 ± 0 anos) representante do B rasil em A tenas 2004.A coleta de dados foi realizada durante um a sessão de treinam entocom duração de 198 m inutos. O treino se iniciou com a parte física,seguida da parte técnica. Para a determ inação da glicem ia e da con-centração de β-hidroxibutirato foi utilizado o m onitorO ptium   ® comsuas respectivas tiras. A s concentrações de cortisol e das enzim aslactato desidrogenase (LD H ) e creatina quinase (C K) foram determ i-

nadas por radioim unoensaio (D PC © ) e kits com erciais (C ELM   ®), res-pectivam ente. O acom panham ento da freqüência cardíaca (FC ) foirealizado com o freqüêncim etro A dvantage Polar ®.Resultados: Foiobservada redução (~2% ) do peso corporal. A glicem ia tam bémapresentou queda (~30% ) em com paração ao valor obtido no iníciodo treino. Em contrapartida, foi observada elevação na concentra-ção de cortisol (salivar 22% e plasm ática 29% ) e de β-hidroxibutira-to (~ 340% ). N ão foi observada alteração significativa na concentra-ção plasm ática de C K e d e LD H . O acom panham ento da FCdem onstrou que dos 198 m inutos que constituíram a sessão detreino, 36,5 ± 0,7 m inutos foram realizados em intensidade leve;103,5 ± 0,7 m inutos em intensidade m oderada, 54,0 ± 2,1 m inutosem intensidade alta e 4,0 ± 0,0 m inutos em intensidade m uito alta.Conclusões: A perda de peso indica que a reposição hídrica não foiadequada. A redução na glicem ia e o aum ento na concentração decorpos cetônicos e de cortisol reforçam a im portância da suplem en-tação de carboidrato durante o treino de longa duração. O com por-tam ento da FC dem onstra que a sessão de treinam ento foi realiza-da em um a intensidade m oderada, porém com breves m om entosde intensidade alta, nos quais foram realizadas as rotinas.

ABSTRACT 

Behavior of physiological variables in synchronized swimming athletes during a training session preparing for the Athens 2004 Olympic Games 

The purpose of this study w as to evaluate the behavior of physi- 

ological variables during a synchronized sw im m ing training session perform ed in athletes preparing for the A thens 2004 O lym pic G am es.

Materials and methods: The sam pling used w as constituted by 

the duet (24 ± 0 years) w ho w as representing B razil in the A thens 

2004 O lym pic G am es. D ata collection w as perform ed during a 198 

m inute training session. The training started w ith the physical por-

tion, follow ed by the technical portion. In order to determ ine the 

glycem ia and the ß-hydroxybutyrate, it w as used an O ptium   ® m on-

itor w ith its respective stripes. The cortisol and the dehydrogenase 

lactate enzym es (LD H ), concentrations, as w ell as the kinase creat-

ine (KC ) concentration w ere determ ined through the radioim m u- noassay (R IA © ) and through com m ercially available kits (C ELM © ),

respectively. The follow -up of the heart rate (H R ) w as perform ed 

using an A dvantage Polar ® heart rate m onitor.Results: It w as noted 

a reduction (~ 2% ) in the body w eight. The glycem ia also presented 

a fall (~ 30% ) com pared to the value attained in the beginning of the 

training session. O therw ise, it w as observed an elevation in the 

cortisol concentration (salivary, 22% , and plasm atic, 29% ) and in 

the ß-hydroxybutyrate (~340% ). N o significant changes in the plas- 

m atic concentration of the KC and LD H w ere observed. The follow -

up of the H R show ed that from all 198 m inutes of the training ses-

sion, 36.5 ± 0.7 m inutes w ere perform ed at a light intensity; 103.5 

± 0.7 m inutes at a m oderate intensity, 54.0 ± 2.1 m inutes at a high 

intensity, and 4.0 ± 0.0 m inutes at a very high intensity.Conclu- sions: The w eight loss indicates that the hydric reposition w as not 

adequate. The reduction in the glycem ia and the increase in the 

ketonic bodies and cortisol concentrations reinforce the im portance 

of a carbohydrate supplem ent during the long endurance training.

The H R behavior show s that the training session w as perform ed at

a m oderate intensity, but having fast m om ents of high intensity, in 

w hich routines w ere perform ed.

RESUMEN 

Comportamiento de variábles fisiológicas en atletas de nado sincronizado durante una sesion de entrenamiento en la fase de preparación para las Olimpíadas de Atenas 2004 

El objetivo del presente estudio fue el de evaluar la conducta de 

algunas variables fisiológicas durante una sesión de entrenam ien-

to de nado sincronizado cum plido en la fase de la preparación para

los Juegos O lím picos de A tenas 2004.Materiales y métodos: Lam uestra usada se constituyó por el dueto (24 ± 0 años) represen- 

tante de B rasil en A tenas 2004. La colección de datos fue cum pli-

da durante una sesión de entrenam iento con una duración de 198 

m inutos. Los entrenam ientos em pezaron con la parte física, m i-

entras era seguida por la parte técnica. Para la determ inación de la

glicem ia y de la concentración de ß-hidroxibutirato el experim en-

tador usó O ptium   ® con las cintas respectivas. Las concentracio-

nes del cortisol y de las enzim as lactico deshidrogenasa (LD H ) y 

creatinquinase (C K) fueron m edidas por el radio-im uno-ensayo 

(D PC © 

) con equipos com erciales (C ELM   ®

), respectivam ente. Laasistencia de la frecuencia del corazón (FC ) fue cum plida con el

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358 R ev Bras M ed Esporte _ Vo l. 11, N º 6 –N ov/D ez, 2005

frecuencím etro P olar ®.Resultados: La reducción fue observada(~ 2% ) en el peso corporal. La glicem ia tam bién presentó una caí- 

da (~ 30% ) com parada con el valor obtenido al principio del entre- 

nam iento. En contra de la salida, se observó una elevación en la

concentración del cortisol (en saliva 22% y plasm ático 29% ) y del

ß-hidroxibutirato (~ 340% ). N o se observó una alteración signifi- 

cante en la concentración plasm ática de C K y de LD H . El control

de la de FC dem ostró a los 198 m inutos de la sesión de entrena- 

m iento, que 36,5 ± 0,7 m inutos eran cum plidos en una intensidad 

ligera; 103,5 ± 0,7 m inutos en una intensidad m oderada, 54,0 ± 

2,1 m inutos en la intensidad alta y 4,0 ± 0,0 m inutos en una inten- 

sidad m uy alta.Conclusiones: La pérdida de peso indica que elrem plazo hidrico no se adaptó. La reducción en el glicem ia y el

aum ento en la concentración de los cuerpos cetónicos y de corti- 

sol ellos refuerzan la im portancia del suplem entación de hidratos 

de carbono durante el entrenam iento de larga duración. La con- 

ducta de FC dem uestra que la sesión de entrenam iento fué cum - 

plida en una intensidad m oderada, sin em bargo en los m om entos 

breves de intensidad alta, m ientras, las rutinas eran cum plidas.

INTRODUÇÃO

A N atação S incronizada apresentou-se nos Jogos Pan-am erica-nos em 1951, sendo adm itida com o esporte integrante em 1955.N os Jogos O lím picos, a m odalidade foi exibida diversas vezes des-de 1952. Porém , som ente em 1984, a natação sincronizada pas-sou oficialm ente a integrar a program ação dos Jogos O lím picos(1).Inicialm ente, a com petição era com posta pela realização de figu-ras obrigatórias e rotinas livres. C om a evolução do esporte, a com -petição passou a ser dividida em duas etapas: rotinas técnicas erotinas livres. A rotina técnica é com posta de elem entos obrigató-rios determ inado s pela Fe deração Internacional de N atação(FIN A )(1). Já a rotina livre, com o o próprio nom e sugere, baseia-sena criatividade de cada equipe(1).

A s rotinas, tam bém cham adas de coreografias, realizam -se den-tro de um tem po determ inado pela FIN A , para cada tipo de apre-sentação; solo, dueto ou equipe; podendo as m esm as variar do

tem po m ínim o de dois m inutos ao m áxim o de cinco m inutos, de-pendendo do tipo de coreografia e da faixa etária da atleta(1).

G em m a e W ells(2) descrevem a natação sincronizada com o um am istura de ginástica, balé e dança, com elem entos de patinaçãoartística. Figura et al.(3) definem o nado sincronizado com o um acom binação de natação e ginástica rítm ica na água, associada àm úsica.

Sob a perspectiva fisiológica, este esporte apresenta desafiosúnicos. A m aioria dos m ovim entos é realizada com a face subm er-sa e em apnéia(2,3). A lém disso, G em m a e W ells(2) destacam que anatação sincronizada exige a execução de técnicas que dem an-dam força e resistência, no entanto, com graça e estilo. Para tan-to, segundo os m esm os, as atletas devem ter um dom ínio total danatação, do controle respiratório, da precisão de tem po, da coor-

denação m otora e da força m uscular(2,4).N o nado sincronizado, as atletas tam bém precisam lidar com

forças opostas, com o a gravidade e a resistência dinâm ica (drag force ) exercida pela água. D urante as rotinas, existem m om entosde flutuação de costas ou de frente que são sim étricos e estáveis.C onform e a atleta se m ovim enta, a resistência dinâm ica (drag for- ce ) é am plificada por m ovim entos assim étricos, exigidos em cadaparte específica da rotina(3). Todos estes desafios dem onstram acom plexidade e dificuldade deste esporte.

A lguns estudos disponíveis na literatura avaliaram o com porta-m ento de variáveis fisiológicas no nado sincronizado. G em m a eW ells(2), assim com o Figura et al.(3), acom panharam respostas fi-siológicas durante a execução de figuras obrigatórias. M ais recen-

tem ente, Yam am ura et al.(5)

 relataram o com portam ento do lacta-to sanguíneo durante a execução de rotinas livres e técnicas.

N o presente relato, foram avaliados parâm etros fisiológicos du-rante um a sessão com pleta de treinam ento de nado sincronizado.O acom panham ento destes parâm etros durante o treino fornece-rá inform ações valiosas aos técnicos, preparadores físicos, nutri-cionistas e fisiologistas, que poderão utilizá-las, com intuito deaprim orar estratégias específicas, visando o aum ento da perfor- 

m ance .Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar o com porta-

m ento de variáveis fisiológicas (peso, glicem ia, concentração decorpos cetônicos, concentração de cortisol na saliva e no plasm a,concentração plasm ática de creatina quinase, concentração plas-

m ática de lactato desidrogenase e perfil da freqüência cardíaca)durante um a sessão de treino realizada na fase de preparação paraos Jogos O lím picos de A tenas 2004.

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostra

A am ostra utilizada foi constituída pelo dueto (duas m ulheres,com idade de 24 anos, 179cm , 63,3 ± 0,8kg), representante doB rasil nos Jogos O lím picos de A tenas 2004. Seguindo a resoluçãoespecífica do C onselho N acional de Saúde (no 196/96), as partici-pantes foram inform adas detalhadam ente sobre os procedim en-

tos utilizados e concordaram em participar de m aneira voluntáriado estudo, assinando um term o de consentim ento inform ado eproteção da privacidade. A s participantes foram instruídas a se-guir um cardápio padrão(6), com horários estabelecidos, 24 horasantes das coletas de sangue.

Descrição da sessão de treino

D urante a fase de preparação para as O lim píadas de A tenas,m ais exatam ente a três m eses da com petição, foi realizada a co-leta de dados de um a sessão com pleta de treinam ento. Esta ses-são teve duração controlada de 198 m inutos. A tem peratura daágua foi m antida constante entre 27-28 oC . O treino se iniciou coma parte física seguida da parte técnica, am bas detalhadas abaixo.

–P arte física:Foi realizado um breve alongam ento (15 m inutos), seguido de45 m inutos de exercícios com peso na água (realização de seg-m entos da coreografia e posições básicas)

–Parte técnica:A parte técnica foi subdividida, inicialm ente em 45 m inutos de

execução elem entos obrigatórios (1. em vertical, m eio-giro segui-do por um tw irl na direção oposta, finalizado por um parafuso des-cendente; 2. alçada de tronco com dois braços fora da água; 3.egg beater  contendo um a seqüência de m ovim entos com os doisbraços fora da água; 4. com binação de can-can ; 5. barracuda comtw irl; 6. ariana; 7. partindo da posição de garça seguido por umparafuso descendente, atingindo a posição vertical; e parafuso as-cendente, voltando para posição inicial; 8. alça de abertura segui-

da por parafuso 360 graus), posições básicas (vertical, guindaste,garça, can-can  e abertura) e palm ateios (suporte e giro). Posterior-m ente, foi realizado o treinam ento de rotinas, com duração deaproxim adam ente 90 m inutos. N este m om ento foi dada ênfase àlim peza da coreografia, à execução segm entada da coreografiapara acerto da sincronia e dos ângulos de execução dos m ovi-m entos e, finalm ente, a execução da rotina com pleta.

Determinação da concentração plasmática de glicose

Para a determ inação da glicem ia foi utilizado o m onitorO ptium   ®

com suas respectivas tiras, seguindo as instruções de uso. A con-centração de glicose plasm ática (m m ol.L-1) foi determ inada a par-tir do princípio de bioam perom etria, no qual a glicose é transfor-

m ada pela glicose desidrogenase em glicolactona. A glicem ia foiacessada antes e após o treino.

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Determinação da concentração plasmática de creatina qui-nase e lactato desidrogenase

A s am ostras de plasm a foram coletadas antes e depois do trei-no. Para as determ inações enzim áticas foram utilizados kits  co-m erciais (C ELM   ®) para lactato desidrogenase (LD H ) e creatina qui-nase (C K) (U .L-1).

Determinação da concentração plasmática de βββββ-hidroxibu-tirato

Tam bém foi utilizado o m onitor O ptium   ® com suas respectivas

tiras, para a de term inação da concen tração β-hidroxibutirato(m m ol.L-1).

Determinação da concentração de cortisol no plasma e nasaliva

A pós um a hora de jejum , o sangue e a saliva foram coletadosantes da sessão de treinam ento às 8:15 da m anhã. A fim de carac-terizar um a situação de repouso, as atletas perm aneceram senta-das durante 15m in antes da coleta inicial. Logo após o térm ino dasessão de treinam ento o procedim ento de coleta foi repetido. Paraa coleta de saliva, a cavidade oral é previam ente lim pa com águafiltrada. A s am ostras de saliva foram centrifugadas a 2000rpm porcinco m inutos e o sobrenadante separado e estocado a –20°C ,para posterior dosagem do cortisol. O sangue coletado foi acondi-

cionado em tubos heparinizados e posteriorm ente centrifugado.Feito isto, o plasm a foi estocado a –20°C, para posterior determ i-nação da concentração de cortisol no plasm a.

Para avaliar a concentração de cortisol foram utilizados os kits 

por radioim unoensaio CO AT-A -C O U N T®, D PC . A s dosagens hor-m onais foram conduzidas no Instituto de C iências B iom édicas daUSP.

Descrição do comportamento da freqüência cardíaca

O acom panham ento da freqüência cardíaca foi realizado com autilização do Polar A ccurex P lus  (Interface Polar Plus © /softw are 

versão 1.02 © ) em intervalos de gravação de cinco segundos. A satletas foram m onitoradas durante um a sessão de treino, com du-ração de 198 m inutos.

O critério de classificação da FC utilizado no presente estudofoi proposto pelo A C SM (7). Esta classificação é baseada em seiscategorias:

Intensidade % da FCmax

M uito leve leve abaixo de 35%Leve entre 35 a 54%

M oderada entre 55 a 69%

A lta entre 70 a 89%M uito alta igual ou acim a de 90%

M áxim a 100%

A FC m axprevista para a idade é de 196 batim entos por m inuto.Para a avaliação do com portam ento de freqüência cardíaca foram

desconsiderados os registros nulos no m onitor. Tam bém foramexcluídos os registros inferiores à freqüência cardíaca basal dosavaliados, bem com o séries de valores de freqüência cardíaca quecontinuam ente se repetiam nos registros e que pareciam indicaralgum tipo de falha do aparelho de registro, ou ainda seqüênciasde valores dem onstrando intervalos decrescentes m uito distan-tes para o intervalo de gravação adotado (cinco segundos).

Procedimento experimental

N o dia anterior ao dia ao experim ento, as atletas m antiveramsua rotina norm al de treino e alim entação. N o dia do experim ento,as atletas ingeriram ~ 60 gram as de carboidrato de baixo-m odera-do índice glicêm ico, 60 m inutos antes da coleta inicial de dados.

D urante o treino, a ingestão de água foiad libitum . O consum om édio de água foi de 430 ± 40m L. A coleta inicial foi realizada às

8:15 pela m anhã. O treino teve início, im ediatam ente após estacoleta, tendo com o duração 198 m inutos. D urante o treino foramrealizadas as rotinas (técnica e livre) apresentadas nas O lim píadasde A tenas 2004. Term inado o treino, foi realizada a coleta final.

RESULTADOS

A través do acom panham ento da FC foi possível constatar que,dos 198 m inutos da sessão de treino, 36,5 ± 0,7 m inutos foramrealizados em intensidade leve (35-54% da FC m ax); 103,5 ± 0,7m inutos em intensidade m oderada (entre 55-69% da FC

m ax) e 54,0

± 2,1 m inutos em intensidade alta (70-89% da FC m ax) e 4,0 ± 0,0m inutos em intensidade m uito alta (> 90% da FC m ax) (tabela 1).Tam bém foi avaliado o com portam ento da freqüência cardíacadurante as rotinas (livre e técnica) apresentadas nas O lim píadasde A tenas 2004. A intensidade na qual foram realizadas as rotinasfoi classificada com o alta (70-89% da FC

m ax) (tabelas 2 e 3).

TABELA 1Distribuição do tempo de treino em diferentes

intensidades em relação à freqüência cardíaca máxima

Intensidade Tempo de treino (min)

Leve (35-54% FC m ax) 036,5 ± 0,7M oderada (55-69% FCm ax

) 103,5 ± 0,7

A lta (70-89% FC m ax) 054,0 ± 2,1M uito alta (> 90% FC

m ax) 004,0 ± 0,0

R esultados e xpressos em m édia e desvio-padrão.

TABELA 2Comportamento da freqüência cardíaca durante a rotina

técnica apresentada nas Olimpíadas de Atenas 2004

Intensidade Tempo (min) FC (bpm)

Leve 0:00 090,0 ± 1,4

A lta 0:15 161,5 ± 0,7A lta 0:30 161,5 ± 0,7

A lta 0:45 165,5 ± 6,4A lta 1:00 166,5 ± 0,7

A lta 1:15 158,0 ± 7,1

A lta 1:30 160,0 ± 5,7A lta 1:45 169,0 ± 5,7

M uito alta 2:00 177,5 ± 3,5

M uito alta 2:15 178,0 ± 4,2A lta 2:30 169,0 ± 8,5

R esultados e xpressos em m édia e desvio-padrão.

TABELA 3Comportamento da freqüência cardíaca durante a

rotina livre apresentada nas Olimpíadas de Atenas 2004

Intensidade Tempo (min) FC (bpm)

M oderada 0:00 120,0 ± 5,7

A lta 0:15 156,5 ± 0,7A lta 0:30 159,5 ± 4,9

A lta 0:45 158,0 ± 2,8

A lta 1:00 170,5 ± 3,5A lta 1:15 160,0 ± 8,5

M uito alta 1:30 179,5 ± 4,9

A lta 1:45 166,0 ± 0,0A lta 2:00 166,5 ± 9,2

M uito alta 2:15 178,0 ± 5,7

A lta 2:30 164,0 ± 7,1A lta 2:45 165,0 ± 2,8

A lta 3:00 162,5 ± 4,9A lta 3:15 162,0 ± 2,8

A lta 3:30 149,5 ± 0,7

R esultados e xpressos em m édia e desvio-padrão.

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Foi observada redução (~ 2% ) do peso corporal (1,3 ± 0,2kg). Aglicem ia tam bém apresentou queda (30% ) em com paração como valor obtido no início do treino (4,8 ± 0,3 vs . 3,4 ± 0,4m m ol.L-1).Em paralelo à queda da glicem ia, foi observado aum ento na con-centração de β-hidroxibutirato ao final do treino (~ 340% ). C omrelação ao cortisol, foi observado aum ento nas concentrações sa-livar e plasm ática da ordem de 22% e 29% , respectivam ente. A senzim as creatina quinase e lactato desidrogenase não apresenta-ram alteração no seu valor ao final do treino; em relação ao valorde repouso (tabela 4).

quelético, foi determ inada a concentração plasm ática das enzim asC K e LD H . N ão foi detectada diferença na concentração destasenzim as após o treino. Entretanto, é im portante ressaltar a exis-tência de um a adaptação que parece m inim izar a elevação destesm arcadores de lesão m uscular em indivíduos altam ente treina-dos. Já foi reportado que, em atletas, a elevação da enzim a C K noplasm a é m enor do que em indivíduos sedentários subm etidos àm esm a atividade (15,16).

A lém disso, a concentração destas enzim as (C K e LD H ) nemsem pre reflete o grau de lesão da m usculatura(14). Portanto, a au-sência de alteração na concentração destes m arcadores de lesão

não garante que o m úsculo não tenha sido estressado pelo treino.Entre os principais fatores lim itantes do exercício prolongado

destacam -se: a redução da glicem ia, o com prom etim ento dos es-toques endógenos de carboidrato e a desidratação(17). A pesar de otreino ser realizado no m eio aquático, no qual a perda de calor porconvecção é m uito eficiente, foi observada considerável perda hí-drica (~ 2% do peso corporal) por parte das atletas.

D urante o exercício prolongado, o glicogênio m uscular e a gli-cose sanguínea são im portantes substratos energéticos. O exer-cício é um potente estím ulo para o transporte de glicose, drenan-do-a do sangue para o m úsculo(18). A conseq üência disso, noexercício de longa duração, será a redução da glicem ia. N o pre-sente estudo, após de 198 m inutos de treino, foi observado m ar-

cante decréscim o (~ 30% ) na concentração de glicose.A glicose sanguínea é o principal substrato energético para osistem a nervoso. D essa form a, a m anutenção da glicem ia duran-te o exercício é um im portante desafio para a hom eostase. C on-seqüentem ente, quando a hom eostase glicêm ica é alterada, di-versos m ecanism os fisiológicos são desencadeados, tais com o, aliberação de horm ônios contra-reguladores (glucagon, catecolam i-nas, G H e cortisol).

O s efeitos da concentração de glicocorticóides no exercício vêmsendo objeto de estudo por m ais de 40 anos(19). A través dessesestudos, sabe-se que a secreção do cortisol é dependente da in-tensidade e duração do exercício(20,21). Tam bém está bem estabe-lecido que a elevação de concentração de cortisol induzida peloexercício está associada à im unosupressão(22,23).

Entretanto, pouco se sabe sobre o papel fisiológico do cortisoldurante o exercício em hum anos(24). N o repouso, o cortisol exercediversas funções im portantes para m anutenção da hom eostaseenergética, tais com o: aum ento na produção de glicose; aum entona síntese de enzim as envolvidas na gliconeogênese hepática; pro-teólise (a fim de realizar anaplerose do ciclo de Krebs e gliconeo-gênese); lipólise; cetogênese e redução da captação de glicosem ediada por insulina, garantido a oferta de glicose para o sistem anervoso(25-31).

Portanto, seria plausível que, durante o exercício de longa dura-ção, este horm ônio tam bém exerça papel relevante, principalm entecom relação à disponibilidade de substratos. D e fato, isso podeser observado no presente estudo. A elevação significativa naconcentração de cortisol (salivar e plasm ático), em contrapartida àqueda da glicem ia, reforça a sua im portância na m odulação dom etabolism o energético durante o exercício prolongado.

Vale lem brar que o treino foi iniciado por volta de 8:00 da m a-nhã, duas horas após o despertar das atletas. U m a vez que o picode cortisol está relacionado ao despertar, isto explicaria a elevadaconcentração de cortisol antes do início do treino. Em condiçõesde repouso, a concentração de cortisol apresenta tendência deredução após o seu pico. N o entanto, ainda assim , após 198 m inu-tos de treino foi observado aum ento na concentração desse hor-m ônio, tanto na saliva com o no plasm a.

Esse aum ento do cortisol foi associado tam bém ao aum ento naconcentração de β-hidroxibutirato. Em situações nas quais a ofer-ta de glicose é reduzida, a degradação parcial dos ácidos graxos

livres leva à form ação de corpos cetônicos (acetoacetato,β-hidro-xibutirato e acetona)(32). Estes com postos reduzem a utilização de

TABELA 4Avaliação do peso corporal, glicemia, concentração de

βββββ-hidroxibutirato, concentração de cortisol, concentraçãode CK e de LDH no início e no final da sessão de treino

Parâmetros avaliados Início Final

Peso corporal (kg) 63,3 ± 0,8 62,0 ± 0,6

G licem ia (m m ol.L-1) 04,8 ± 0,3 03,4 ± 0,4β-hidroxibu tirato (m m ol.L-1) 0,14 ± 0,05 0,48 ± 0,1

C ortiso l salivar (ηm ol.L-1) 15,2 ± 3,80 18,6 ± 4,5

C ortisol plasm ático (ηm ol.L-1) 381,2 ± 57,70 491,6 ± 72,3C K (U .L-1) 179,5 ± 40,40 185,3 ± 47,2

LD H (U .L-1) ,210 ± 38,4 ,0205 ± 29,6

R esultados e xpressos e m m édia e desvio-padrão.

DISCUSSÃO

A freqüência cardíaca (FC ) é parâm etro utilizado para a determ i-nação da intensidade do exercício(8). Entretanto, a utilização da FCcom o indicativo de intensidade em esportes aquáticos apresentaalgum as lim itações. A im ersão do corpo até o pescoço aum enta apressão sobre a sua parte inferior, facilitando o retorno venoso.Esta otim ização do retorno venoso reduz a sobrecarga sobre osistem a cardiovascular.

A lém disso, a im ersão da face na água prom ove um a respostade bradicardia associada ao m aior tônus vagal(9,10). Para Takam oto

e M utoh(11), esta resposta fisiológica dificulta a utilização da FCcom o parâm etro preciso de intensidade para o nado sincronizado.A l-A niet al.(12) observaram que a im ersão da face prom oveu signi-ficativa redução da FC (–21 ± 2bpm em m ulheres e –19 ± 2bpmem hom ens). N o entanto, quando a im ersão era associada ao es-forço físico, foi observada discreta elevação da FC (+ 9 ± 3bpm emm ulheres e +11 ± 3bpm em hom ens)(12). Portanto, a bradicardiainduzida pela im ersão parece ser atenuada pelo esforço físico (12).

D e qualquer form a, ao analisar os resultados referentes ao m o-nitoram ento da FC , é im portante considerar a possibilidade de queintensidade da atividade pode estar sendo subestim ada. SegundoYam am ura et al.(5), outra possível abordagem , para a determ ina-ção da intensidade das rotinas, seria traçar o com portam ento dolactato sanguíneo.

A pesar destas lim itações, a avaliação do com portam ento da FCdas rotinas (livre e técnica) sugere que a intensidade, na qual asm esm as são realizadas, pode ser considerada alta. Já ao observaro com portam ento da FC durante o treino com pleto, é possívelafirm ar que em grande parte do treino a FC perm aneceu em umintervalo de intensidade m oderada. D urante o treino são realiza-dos m uitos intervalos, nos quais as atletas ficam na beira da pisci-na para receber instruções e correções técnicas. Isso caracterizaesta sessão de treino com o um a atividade interm itente, na qualsão realizados m om entos de alta intensidade, com o as rotinas,porém , com m uitos m om entos de pausas para instrução.

Pesquisas têm dem onstrado que exercício de alta intensidade,especialm ente as atividades que envolvem contrações excêntri-

cas, são freqüentem ente associadas à lesão m uscular(13,14)

. A fimde averiguar o estresse im posto pelo treino sobre o m úsculo es-

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glicose, atenuam a proteólise e tam bém servem com o um subs-trato alternativo para sistem a nervoso (32). A ssim com o outras pes-quisas(26,31), os resultados do presente estudo sugerem um a rela-ção positiva entre a concentração de cortisol e de β-hidroxibutirato.

C onform e dem onstrado previam ente, a cetose suprim e a gere-ção de espécies reativas de oxigênio em neutrófilos hum anos,provavelm ente, através da inibição da N A D PH -oxidase (33). Estesresultados indicam que a inibição da função antim icrobiana exer-cida pelos neutrófilos pode estar relacionada a m aior suscetibili-dade a infecções por parte de atletas, um a vez que tanto o cortisolcom o os corpos cetônicos têm suas respectivas concentrações

elevadas após o exercício extenuante. C onfirm ando essa hipóte-se, Fukatsu et al. (1996) observaram que o exercício de enduran- 

ce  (corrida de 50 m ilhas) prejudica a função de neutrófilos(34). Se-gundo estes autores essa inibição é decorrente do aum ento docortisol e dos corpos cetônicos(34).

O utros estudos reforçam a idéia de que a im unossupressãoobservada em atletas subm etidos a treinos extenuantes está rela-cionada à elevação na concentração de cortisol(35,36). Tam bém jáexistem fortes evidências de que o consum o de carboidrato du-rante o exercício pode atenuar a elevação do cortisol, e a conse-qüente im unossupressão(6,35-37). Estas evidências científicas de-m onstram a im portância da m odulação neuroendócrina sobre osistem a im unológico durante o exercício extenuante.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O com portam ento da FC dem onstra que o treino foi realizadoem um a intensidade m oderada (predom inância aeróbia), porémcom alguns breves m om entos de alta intensidade. Vale ressaltarque durante a realização das rotinas (livre e técnica), a freqüênciacardíaca perm aneceu em um intervalo classificado com o intensi-dade alta, indicando m aior participação do sistem a glicolítico. Aperda de peso observada durante o treino indica a necessidade deum a estratégia de reposição hídrica durante o treino, um a vez quea perda hídrica referente a 2% do peso corporal já com prom ete odesem penho. A redução na glicem ia reforça a im portância da su-

plem entação de carboidrato durante o exercício de longa duração.B aseado nestes dados, sugere-se a ingestão de um a solução decarboidrato durante o treino, com o intuito de m anter a glicem ia eo balanço hídrico.

Portanto, através destes dados conclui-se que a sessão de trei-no de nado sincronizado, em bora apresente intensidade m odera-da, altera variáveis fisiológicas que são im portantes para a m anu-tenção da hom eostase, com o a glicem ia e o balanço hídrico,provavelm ente pela sua longa duração. Essas alterações afetamparâm etros endócrinos, por exem plo, a concentração de horm ô-nios contra-reguladores, com o o cortisol. Este últim o, por sua vez,

é im portante indicativo do nível de estresse im posto pelo exercí-cio, tam bém sendo capaz de m odular a atividade do sistem a im u-nológico.

A s inform ações levantadas no presente estudo sobre as altera-ções fisiológicas induzidas por sessão com pleta de treinam entode nado sincronizado são extrem am ente valiosas para o m elhorentendim ento deste esporte. Essas inform ações podem auxiliaros técnicos, preparadores físicos, nutricionistas e fisiologistas naelaboração de estratégias a fim de atenuar os fatores lim itantesda atividade e prom over um m elhor desem penho. Entretanto, ain-da são necessários estudos adicionais, a fim de caracterizar o per-fil fisiológico deste fascinante esporte, principalm ente em dife-rentes m om entos da periodização do treinam ento.

AGRADECIMENTOS

A gradecem os o apoio do P rof. Flávio D elm anto, diretor do N úcleo daSaúde e C iências B iológicas do U niFM U , e do P rof. H am ilton Luiz de Sou-za, preparador físico da equipe de nado sincronizado do C lube P aineirasdo M orum by. Tam bém gostaríam os de agradecer ao Prof. D r. A nselm oSigari M oriscot, coordenador do Laboratório de P lasticidade M uscular doIC B U SP, por ter disponibilizado seu laboratório para as dosagens horm o-nais e enzim áticas.

Todos os autores declararam não haver qualquer potencial confli-

to de interesses referente a este artigo.

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