A vida é um circo!

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P A R A B E N S

VOCÊ VENCEU AS RESISTÊNCIAS!Você optou por um livro diferente dos vendidos em livrarias e supermercados. Os livros da scudufum® são artesanais. Nascem do esforço do autor. É ele quem os digita, imprime, encaderna e distribui. O resultado é uma ligação afetiva com cada livro produzido, ou seja, além de textos interessantes, todo livro da scudufum®

carrega amor, rebeldia e esperança em suas páginas. Qualidades que o farão persistir até o próximo livro e insistir até as últimas consequências. Boa leitura!

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A vida é um circo!Projeto gráfico > scudufumeditora Edição > Doutor Scudufum Imagens de capa > Pixabay Image Imagens internas > Creative Commons Revisão > Fernanda Magna.

Fundação Biblioteca NacionalEscritório de Direitos Autorais

HELENO, Luiz Marcelo dos Santos

A vida é um circo! – Doutor Scudufum (Heleno, Luiz Marcelo dos Santos )- Scudufum Editora - São Paulo – 1a.Ed.- 2009.

1.Literatura 2.Crônica

Obra registrada na FBN/EDA 000640289

Todos os direitos de reprodução, total ou parcial, por qualquer meio, protegidos e reservados

pela lei 9.610 de 19/02/98.

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DEDICO Este livro a meu pai e a todos os escritores independentes.

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A vida é um circo!

EU SÓ QUERIA ELOGIAR!

Dia de chuva. Voltei que nem um pato molhado pra casa. Estava com uma fome daquelas e fui ver o que tinha pra comer na geladeira. Estava vazia. Fechei, dei uma volta na cozinha e abri a geladeira de novo. Nada ainda. Já que não tinha nada na geladeira fui checar a dispensa e achei um Miojo dando bobeira.

Dois copos e meio de água fervidos por dois minutos. Adicionar o macarrão e o tempero. Pronto, nunca comi algo com tanto prazer!

Enquanto comia, olhei pra embalagem rasgada perto de mim e vi o número do telefone de atendimento ao cliente. Um desses 0800 da vida. Pensei: - Sabe de uma coisa, vou ligar pra elogiar esse bagulho.

Disquei o número. Primeiro toque e um rapaz com voz jovial atendeu:

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-Nissin-Ajinomoto Alimentos, Serviço de Atendimento ao Cliente, Carlos Augusto, boa noite. Qual a sua reclamação? -Não, não vou reclamar, quero elogiar! -Elogiar?! Ãhn... espere um minuto.

Entra uma musiquinha.

-Alô? -Oi. -Olha senhor, o senhor não pode fazer elogios por aqui não. Aqui são só reclamações. -Como?! Eu quero elogiar o Miojo que eu comi hoje! -Vou ver se eu arranjo pro senhor um telefone para elogios.

Entra de novo a musiquinha.

-Olha, vou ver se transfiro a sua ligação para o gerente de atendimento ao cliente. Vê lá, com ele, se você pode elogiar por aqui. -Mas espere, eu...

Entra a musiquinha. Comecei a ficar puto com aquilo.

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-Nissin-Ajinomoto Alimentos, lavanderia, Maria, boa noite. -Oi, me disseram que iam me transferir pro gerente de atendimento... -Não, aqui é da lavanderia. –Lavanderia?! –Mas vou ver se transfiro pra ele. Gerência de atendimento, né? –É.

Entra a musiquinha.

-Nissin-Ajinomoto Alimentos, Serviço de Atendimento ao Cliente, Carlos Augusto, Boa noite. Qual a sua reclamação? -Você de novo? -Pois não senhor. O senhor conversou com o gerente? -Não, você me transferiu pra lavanderia. -Lavanderia? Desculpe-me, mas é que o ramal da lavanderia é 7812 e o do gerente é 7821. Desculpe, me enganei senhor, vou transferir...

Entra a musiquinha.

-Alô, gerente de atendimento, pois não? -Oi, seu gerente. É o seguinte esse sistema de comunicação de vocês é muito ruim! Estou a

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uma hora tentando falar com o senhor... -Um momento, vou te transferir para o setor de reclamações... -Espere, eu só quero fazer um...

Entra a musiquinha.

-Nissin-Ajinomoto Alimentos, lavanderia, Maria, boa noite. -Oi, você poderia me transferir de volta ao gerente? -Você trabalha aqui? –Não, sou um consumidor do Miojo. –Só um momento, por favor.

Entra a musiquinha.

-Nissin-Ajimoto Alimentos, Serviço de Atendimento ao Cliente, Carlos Augusto, Boa noite. Qual a sua reclamação? -Porra, você de novo?! -Calma senhor. Olha, eu conversei com o gerente. Vou transferir pra ele. Ele já está a par de tudo. -Vê se não me manda pra lavanderia...

Entra a musiquinha.

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-Nissin-Ajinomoto Alimentos, lavanderia, Maria, boa noite. -Nããão! -Ah, você é o cara do gerente, né? -Devo ser...

Entra a musiquinha.

-Alô. -É o gerente? -Eu mesmo. -Eu gostaria de fazer um elogio. -Sim, senhor. -Eu comi um Miojo hoje e foi a melhor coisa que eu já comi na minha vida, então... -Miojo? Peraí, o setor da Miojo é no outro prédio, mas só um momento que eu vou te transferir.

Entra a musiquinha.

-Nissin-Ajinomoto Alimentos, lavanderia, Maria, boa noite.

Pedi pra transferir pro setor de reclamações. Assim não dá!

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A vida é um circo!

HAROLDO, MEU PATINHO

Quando eu era moleque, costumava ficar parte das férias na casa da Dona Jandira, amiga da minha vó. Estava lá quando dei de cara com um pato branco no quintal que a Dona Jandira ganhara de um conhecido. Dei um nome pro bichinho: Haroldo.

Dona Jandira vivia me advertindo: “não se apegue ao bicho!” Mas, não tinha jeito, estava todo dia com ele: fazia carinho, dava comida, brincava com ele, essas coisas de menino fascinado por um bicho que nunca tinha visto antes.

Certo dia, depois de ter acompanhado minha avó ao mercado, corri para o quintal da casa da Dona Jandira. Cadê o Haroldo?! Voltei para procurá-lo na cozinha e vi a Dona Jandira com uns troços esquisitos na mão.

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-Dona Jandira, o que é isso? -As tripas do Haroldo. -Posso brincar com elas? -Pode, mas lave as mãos depois.

As tripas do Haroldo eram mais divertidas do que ele próprio. Pareciam aquelas gelecas de potinho. Tinha uma que parecia um elástico, acho que eram os intestinos. Mas criança é bicho burro mesmo! Brincava com as tripas dele, mas achava que o Haroldo, de verdade, estava escondido em algum lugar. Depois, Dona Jandira explicou o que houve e eu abri o berreiro.

-Eu quero o Haroldo de volta! -Ih, agora ele já tá cozinhando na panela. -Posso ver?

Dona Jandira abriu a panela e vi o pobre coitado nadando na água quente. Parecia calmo. Adeus, Haroldo, meu patinho.

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A vida é mais

engraçada do que

parece à primeira vista!

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