A UTILIZAÇÃO DA MANIHOT ESCULENT CRANTZ … · substituindo a farinha de trigo por farinha de...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR
CENTRO TECNOLGICO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL
MNICA SABAA SRUR DO NASCIMENTO
A UTILIZAO DA MANIHOT ESCULENT CRANTZ (MANDIOCA) NA INDSTRIA DE CHAPAS DE
COMPENSADOS DE MADEIRA E SEU IMPACTO ECONMICO E SOCIAL NA CONSTRUO CIVIL
Belm
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR
CENTRO TECNOLGICO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL
MNICA SABAA SRUR DO NASCIMENTO
A UTILIZAO DA MANIHOT ESCULENT CRANTZ (MANDIOCA) NA INDSTRIA DE CHAPAS DE
COMPENSADOS DE MADEIRA E SEU IMPACTO ECONMICO E SOCIAL NA CONSTRUO CIVIL
Dissertao apresentada Universidade Federal
do Par UFPA, para a obteno do ttulo de
Mestre em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. Alcebades Negro Macedo
Co-Orientador: Prof. Dr. Osmar Jos Romeiro de Aguiar
Co-Orientadora: Profa. Dra. Lindaura Arouk Falesi
Belm
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA
CENTRO TECNOLGICO PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL
MNICA SABAA SRUR DO NASCIMENTO
A UTILIZAO DA MANIHOT ESCULENT CRANTZ
(MANDIOCA) NA INDSTRIA DE CHAPAS DE COMPENSADOS DE MADEIRA E SEU IMPACTO ECONMICO E SOCIAL NA CONSTRUO CIVIL
Aprovado em ............ de ............ de
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Alcebades Negro Macdo Presidente e orientador/Universidade Federal do Par
Prof. Dr. Osmar Jos Romeiro de Aguiar Co-orientador/EMBRAPA Profa. Dra. Lindaura Arouk Falesi Co-orientadora/Universidade Federal do Par Prof. Dr: Andr Lus Guerreiro Cruz Membro/ Universidade Federal do Par
Belm 2007
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Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) Biblioteca Central/ UFPA, Belm-PA
Nascimento, Mnica Sabaa Srur. A Utilizao da Manihot esculent crantz (mandioca) na indstria de chapas de compensados de madeira e seu impacto econmico e social na construo civil / Mnica Sabaa Srur Nascimento; Orientador: Prof. Dr. Alcebades Negro Macedo, Co-Orientador: Prof. Dr. Osmar Jos Romeiro de Aguiar, Co-Orientadora: Profa. Dra. Lindaura Arouk Falesi 2007.
Dissertao (Mestrado) - Universidade Federal do Par, Centro Tecnolgico, Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil, Belm, 2007. 1. Construo Civil - Materiais. 2. Construo Civil Aspectos econmicos. 3. Madeira. 4. Compensado. 5. Mandioca. 6. Adesivo. I. Ttulo
CDD - 21. ed. 624.184
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Dedico este trabalho em especial ao meu filho
Victor e aos meus pais por terem apoiado e
incentivado os meus estudos.
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Agradecimentos
Deus como o maior criador do universo e a razo de toda a
existncia.
Ao meu filho Victor que a luz de todos os momentos.
minha me e ao meu pai pelo apoio, amor e companheirismo em
todas as horas.
universidade Federal do Par UFPA, pelo curso realizado.
Ao Prof. Dr. Alcebades Negro Macedo pelos valiosos conhecimentos
transferidos na qualidade de orientador, sempre com amizade, bom humor, erudio
e senso meticuloso e criterioso das questes concernentes.
Ao Prof. Dr. Osmar Jos Romeiro de Aguiar pela coorientao e pelo
dialogo franco e amigo, aos incentivos, aos ensinamentos e a liderana, pois atravs
de sua criao veio a iluminao do trabalho.
Profa. Dra. Lindaura Arouk Falesi pela Coorientao, pelos
conhecimentos alm dos incentivos e o apoio no transcurso do trabalho.
Ao Prof. Dr. Andr Lus Guerreiro Cruz pelos conhecimentos
transmitidos de forma assertiva e de extrema contribuio para o trabalho.
Dra. Dalva Maria da Mota por toda a ateno, interesse e pelos
conhecimentos transmitidos durante a elaborao do trabalho.
A Carlos Eduardo Moutinho Faria pelo apoio fornecido na estrutura de
produo industrial durante a pesquisa em campo.
A todos os professores do curso de mestrado em Engenharia Civil
UFPA pelos conhecimentos transmitidos.
As empresas Ferroplac S.A. e xito Engenharia LTDA pela
colaborao no transcurso da pesquisa.
A todos que direta e indiretamente colaboraram na elaborao do
trabalho.
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RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo determinar as vantagens socioeconmicas
para produo de chapas de compensados de madeira na construo civil
substituindo a farinha de trigo por farinha de raspa de mandioca na formulao da
cola de compensado de madeira. Abordou-se acerca da estrutura anatmica da
madeira e suas propriedades, os tratamentos e processos industriais, a estrutura e o
processo de produo de compensado alm da substituio do insumo na
formulao da cola de uria-formoaldedo desenvolvendo-se ento uma avaliao
econmica de benefcio-custo do compensado de madeira utilizado em fundao e
estrutura em uma obra de edificao atravs da anlise de preos dos insumos da
cola de mandioca em substituio a cola de trigo. A anlise mostra que em nvel de
composio de insumo principal de produo houve uma reduo de 7,3% no custo
da cola. Para a construo civil a chapa de compensado de madeira com adesivo de
mandioca utilizada em fundao e estrutura no representa um percentual
significativo de reduo de custos, sendo o percentual do custo do compensado de
madeira em uma obra padro de apenas 0,84% para economia. Em nvel social o
governo criou o Programa Nacional para o Fortalecimento da Agricultura Familiar
para apoiar o desenvolvimento das indstrias de base da economia como a indstria
da construo civil.
Palavras-chave: Adesivo. Mandioca. Chapa de Compensado. Construo
Civil. Economia.
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ABSTRACT
This research had as objective to determine the social and economics
advantages for plywood production in the civil construction substituting the flour of
wheat for cassava scrap flour in the glues manufacturing used in manufacturing of
plywood. Its discuss about the anatomical structure of the wood and its properties,
the industrial treatments and processes, the structure and the process of production
of plywood beyond the substitution of raw material in the ureia-formoaldedo glues
manufacturing, so the plywood used in buildings constructions has its benefit rise
and the cost decreases by this substitution. The analysis show that in composition of
raw material had a reduction of 7,3% in the cost of the glue. For the civil construction
the plywood with cassava glue used in buildings constructor doesnt represent a
great reduction of costs, because the cost of a plywood in a build construction is only
0,84% to economics. The government created a program to incentive the families do
agriculture so supporting the development important industries like civil construction.
Key words: Glue. Cassava. Plywood. Civil Construction. Economics
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SUMRIO
1 INTRODUO...................................................................................................................................................... 01 2 MADEIRA.................................................................................................................................................................. 06
2.1 TAXONOMIA DAS MADEIRAS............................................................................................................ 06
2.2 A ESTRUTURA ANATMICA DA MADEIRA........................................................................... 06
2.3 COMPOSIO QUMICA E MICRO-ESTRUTURA............................................................. 09
2.4 PROPRIEDADES FSICAS E MECNICAS DA MADEIRA........................................... 10
2.5 PROPRIEDADE ORGANOLPTICAS........................................................................................... 12
2.6 PODER CALORFICO................................................................................................................................. 14
2.7 DURABILIDADE NATURAL.................................................................................................................... 14
2.8 TRABALHABILIDADE................................................................................................................................. 15
2.9 PROPRIEDADES ACSTICAS........................................................................................................... 16
2.10 ISOLAMENTO TRMICO, ELTRICO E SONORO......................................................... 16
2.11 TRATAMENTOS E PROCESSOS INDUSTRIAIS PARA MADEIRA.................... 16
2.11.1 Secagem....................................................................................................................................................... 16 2.11.2 Preservao............................................................................................................................................... 17
2.11.3 Colagem........................................................................................................................................................ 17 3 ESTRUTURA DE MERCADO DA ATIVIDADE MADEIREIRA NO BRASIL........ 19
3.1 A PRODUO E O CONSUMO DA MADEIRA...................................................................... 19
4 CHAPA DE COMPENSADO DE MADEIRA.................................................................................. 23
4.1 HISTRICO DA CHAPA DE COMPENSADO.......................................................................... 23
4.2 A INDSTRIA DE COMPENSADO DE MADEIRA.............................................................. 24
4.2.1 A Chapa de Compensado de Madeira................................................................................... 26 4.2.2 A Estrutura de Produo.................................................................................................................. 28
4.2.2.1. O Processo de Produo de Compensado...................................................................... 28
4.2.3 Performance da Colagem dos Compensados com Mandioca........................ 36
4.2.3.1 O Processo de Produo de Farinha de Raspa da Mandioca............................. 38
5 O ESTADO E A AGRICULTURA NO BRASIL............................................................................ 40
5.1 A IMPORTNCIA DA AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL.................................. 41
5.1.1 Sistema de Produo de Mandioca no Estado do Par........................................ 44 5.1.2 Mercado Nacional da Mandioca................................................................................................. 45
5.1.2.1 A Mandioca e suas Propriedades Tecnolgicas como Insumo para a
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Fabricao de Compensado........................................................................................................................... 46
5.2 O SALDO DA IMPORTAO DO TRIGO NA BALANA COMERCIAL
PARA A INDSTRIA DE CHAPA DE COMPENSADO.............................................................. 52
5.2.1 A Estrutura do Gro de Trigo....................................................................................................... 53 6 A TEORIA SCHUMPETERIANA DA CONCORRNCIA E O PAPEL DAS
INOVAES NA ECONOMIA...................................................................................................................... 57
6.1 ESTRUTURA DE MERCADO E INOVAO............................................................................ 59
7 A EDIFICAO.................................................................................................................................................... 63
7.1 SISTEMAS DE FRMAS PARA ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO 66
7.1.1 Pilares................................................................................................................................................................ 68
7.2 VIGAS...................................................................................................................................................................... 70
7.3 LAJES.................................................................................................................................................................... 70
7.4 CLASSIFICAES DOS SISTEMAS DE FRMAS PARA CONCRETO........... 71
7.4.1 Frmas para elementos verticais.............................................................................................. 72
7.4.1.1 Sistema modular..................................................................................................................................... 72
7.4.2 Frmas para elementos horizontais....................................................................................... 73
7.4.2.1 Sistema Modular..................................................................................................................................... 73
8 METODOLOGIA.................................................................................................................................................. 75
8.1 MATERIAL........................................................................................................................................................... 75
8.1.1 A Mandioca como Insumo de Produo para Cola de Uria- Formoaldido........................................................................................................................................................... 75
8.2 MTODOS........................................................................................................................................................... 77
8.2.1 A Relao Benefcio-Custo para a Economia................................................................ 78 9 DISCUSSO DOS RESULTADOS....................................................................................................... 83 10 CONCLUSO..................................................................................................................................................... 86 REFERNCIAS......................................................................................................................................................... 87
ANEXOS........................................................................................................................................................................ 95
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LISTA DE ILUSTRAES
2.1 A Madeira........................................................................................................................................................ 07
2 2 As Partes do Lenho.................................................................................................................................. 08
2.3 A Parede Celular de Uma Fibra de Madeira......................................................................... 10
3.1 A Produo de Madeira por Estado............................................................................................. 21
3.2 O Consumo Nacional de Madeira................................................................................................. 21
4.1 Produo e Consumo de Compensados no Brasil nos ltimos Doze Anos 25
4.2 Atividade Econmica do Brasil no Pib 2002..................................................................... 26
4.3 Atividade Industrial Brasileira no PIB Industrial - 2002................................................. 26
4.4 Torno Desfoliador...................................................................................................................................... 29
4.5 Torno Desfoliador...................................................................................................................................... 30
4.6 Secadora.......................................................................................................................................................... 31
4.7 Classificao e Correo de Defeitos........................................................................................ 32
4.8 Colagem........................................................................................................................................................... 33
4.9 Prensagem..................................................................................................................................................... 34
4.10 Prensagem.................................................................................................................................................. 34
4.11 Acabamento................................................................................................................................................ 35
4.12 A chapa de compensado de madeira de farinha de raspa de mandioca..... 38
4.13 Mandiocas descascadas................................................................................................................... 38
4.14 O Fluxograma do Processo de Farinha de Raspa de Mandioca........................ 39
5.1 Manihot Esculent Crantz (Mandioca).......................................................................................... 46
5.2 A Estrutura do Gro de Trigo............................................................................................................ 54
7.1 Perspectiva de uma frma para pilar com molde formado por painis
estruturados e no estruturados e com travamento constitudo por sarrafos,
pontaletes, vigas horizontais e barras de ancoragem............................................................. 68
7.2 Corte do pilar com frma com travamento composto por vigas de
travamento, barras de ancoragem e tensores e mo francesa com sarrafo......... 69
7.3 Esquema genrico de frma para pilar com molde em tbuas e madeira
travamento constitudo por gravatas metlicas e vigas de travamento em
com barra de ancoragem.............................................................................................................................. 69
7.4 Viso geral de um sistema de frmas........................................................................................ 71
7.5 Esquema genrico de frma para parede utilizando o sistema tramado
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Viso geral de um sistema de frmas................................................................................................. 73
8.1 Batedora de Cola...................................................................................................................................... 76
8.2 Cozinha de Cola......................................................................................................................................... 77
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LISTA DE TABELAS
4.1 Extenso da Farinha de Trigo (testemunha)........................................................................... 37 4.2 Extenso da Farinha de Raspa de Mandioca (tratamento).......................................... 37 5.1 Anurio Estatstico do Crdito Rural do Banco Central, para o ano de 1999 43
5.2 Produo Brasileira de Mandioca em 2002............................................................................. 48 5.3 Produo Agrcola Municipal............................................................................................................... 49 5.4 Levantamento Sistemtico da Produo Agrcola 2007............................................ 50 5.5 Produo Brasileira de Trigo............................................................................................................... 56
8.1 Tabela de Custos da Cola de Trigo................................................................................................ 80 8 2 Tabela de Custos da Cola de Mandioca..................................................................................... 80 8.3 A rea Construda....................................................................................................................................... 81 9.1 Tabela de Custo-Comparao entre Insumos para uma Batida de Cola.......... 83
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1
1 INTRODUO
O setor da construo civil reconhecido como um dos mais importantes
da economia do pas, pois o grande setor capaz de reduzir o denominado custo
Brasil. A construo civil tem o poder de crescimento maior que qualquer outro
setor, na medida que envolve todos os setores das indstrias. o nico setor
capaz de absorver a mo de obra que est em excesso em outras reas. O
macrossetor ou cadeia produtiva da construo civil composto por todas as
atividades de construo civil, somados a todas as atividades industriais e de
servios. A importncia social e o peso econmico do macrossetor da construo
no Brasil podem ser avaliados a partir do volume de sua participao no PIB
Produto Interno Bruto do pas, que segundo a Fundao Getlio Vargas, 2002,
19,26% do total das riquezas produzidas em territrio nacional foram geradas por
este setor.
Segundo o IBGE, 2004, o macrossetor formado pelas seguintes
atividades como o aluguel de equipamentos de construo e contratao de
operrios, terraplanagem, construo de edifcios e obras de engenharia civil,
obras de infra-estrutura para engenharia eltrica e telecomunicaes, e
construo por trabalhadores autnomos que o maior componente do
macrossetor da construo, correspondendo 73,45% do seu total. Pela sua
participao majoritria apenas a construo civil responsvel diretamente por
10,31% do PIB brasileiro, e a participao direta do macrossetor na economia
nacional de 14,04%. compem ainda este macrossetor toda a indstria
associada construo e os servios a ela ligados. A indstria participa com
20,34% e os servios com outros 6,21%.
A movimentao deste setor industrial especfico envolve a fabricao de
cimento, artefatos de cimentos, vidro plano, tijolos, telhas de vidro, produtos
siderrgicos, laminados, arames, fios no eltricos, canos, tubos, conexes,
cilindros, outros produtos metalrgicos, mquinas e equipamentos, material
eltrico e a indstria da madeira, todos associados construo. Os servios
relacionados construo so os de aluguel de mquinas, terraplanagem e
caminhes basculantes, alm dos que envolvem corretagem na compra e venda
de bens imveis de terceiros e o comrcio associado a produtos da construo. O
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2
macrossetor responsvel por 26% do total de impostos indiretos sobre produtos
para o consumo intermedirio da economia, sendo assim 67,55% do valor da sua
produo destinam-se aos investimentos em esfera econmica. Investimentos no
setor trariam respostas concretas economia como o aumento no nvel de
emprego, a reduo da taxa de inflao e conseqentemente no aumento no
consumo e na produo nacional.
O setor da construo no pressiona a balana comercial brasileira, pois
apenas 7,11% do total dos insumos importados pelo pas destinam-se a
construo, o mesmo no acontece no setor da agroindstria, pois a importao
do trigo torna-se um grande caos para a economia brasileira, cuja produo no
suplanta o consumo na indstria de alimentos e outros.
Dentre todos os materiais utilizados na construo civil em fundao e
estruturas tradicionais e no tradicionais destaca-se a madeira, que dentro da
cadeia do desenvolvimento sustentvel um material totalmente adequado aos
princpios da construo ecolgica. um material de pouco consumo energtico,
tanto durante a fase de formao, quanto desdobro e aplicao. Apresenta boa
resistncia mecnica e proporciona estruturas leves, alm de ser durvel quando
bem utilizado dentro de sistema construtivo adequado.
A cada ano a presena dos denominados produtos engenheirados
ganham mais espao na economia brasileira, medida que representam um
grande salto na tecnologia da utilizao racional da madeira e aceleram o
processo de valorizao econmica dos produtos derivados. A produo dos mais
diferentes tipos de painis e chapas que se encontram no mercado um campo
bastante promissor em expanso na engenharia e vem acompanhando uma
tendncia mundial.
As interligaes entre as variveis do processo de produo de
compensados so bastante abrangentes. Tambm de suma importncia as
caractersticas inerentes madeira, o tipo, a quantidade e a composio do
adesivo, bem como os procedimentos empregados na colagem de lminas, que
compem a qualidade das chapas. Pois a composio do adesivo, as diferentes
propores de resina, de extensor, de gua e de catalisador esto relacionadas
com a resistncia da linha de cola das chapas produzidas.
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A substituio da farinha de trigo pela farinha de raspa de mandioca na
composio do adesivo para fabricao de chapas de compensado de madeira
pode ser uma alternativa de material de construo civil. Bem como uma
alternativa de mercantilizao de um novo produto derivado da mandioca, alm
da comercializao da mesma, podendo contribuir na formulao do pleno
emprego, na gerao de renda para o estado e divisas para o pas, na
verticalizao das indstrias, na valorizao da cultura nacional. Para apoiar o
sistema agrcola o governo criou o Programa Nacional para o Fortalecimento da
Agricultura Familiar PRONAF.
Para economia segundo Schumpeter, 1985 e Nali de Jesus, 1992 na
medida em que aparecem novas combinaes ou inovaes tecnolgicas como a
fabricao de um novo produto, novo mtodo de produo, abertura de novos
mercados, aquisio de uma nova fonte de matria prima e uma nova
organizao econmica, conseqentemente desabonam as anteriores.
Neste sentido necessrio pesquisar sobre a utilizao da farinha de
raspa de mandioca como produto extensor da cola de uria formoaldedo para
fabricao de adesivo na indstria de chapas de compensados de madeira
utilizada na construo civil. Esta pesquisa pode trazer benefcios econmicos e
sociais e apresentar uma alternativa de material de construo de obras de
edificao habitacionais e comerciais. Para desenvolver este trabalho
necessrio a concluso dos seguintes objetivos.
Objetivos
Geral: Determinar as vantagens scio-econmicas para a produo de
chapas de compensados de madeira na construo civil utilizando-se a farinha de
raspa de mandioca na formulao da cola em substituio total da farinha de
trigo.
Especficos:
Avaliar o investimento, tendo como parmetro de produo a relao
benefcio custo.
Determinar a relao tcnica entre a quantidade produzida e a
quantidade de fator empregado.
Avaliar as vantagens para indstria de compensado e o retorno dos
investimentos para construo civil.
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4
Determinar as vantagens sociais para a regio da substituio da
farinha de trigo para farinha de mandioca na indstria de compensado de
madeira.
Este trabalho est estruturado em captulos, a seguir:
O capitulo 1 apresenta as principais caractersticas do trabalho como a
introduo, a problemtica que norteia a economia ao macrossetor da construo
civil bem como os objetivos, a estrutura mercadolgica e suas devidas
consideraes.
O capitulo 2 aborda a estrutura anatmica da madeira, os tratamentos e
os processos industriais.
O capitulo 3 aborda sobre a estrutura de mercado, a produo e o
consumo da madeira. Em seguida o capitulo 4 define a estrutura e o processo de
produo da chapa de compensado, bem como o processo de produo da
farinha de raspa de mandioca.
No capitulo 5 evidenciado a importncia e o sistema de produo
agrcola da mandioca e do trigo.
Os captulos 6 e 7 desenvolvem uma inovao no sentido amplo, que o
resultado da maximizao dos lucros, mediante a obteno de vantagens
competitivas entre as agentes (empresas de construo civil) que objetivam
diferenciar-se umas das outras no processo competitivo de mercado e na
tecnologia, nos processos produtivos, nos insumos de produo, na organizao
industrial e nos servios.
No capitulo 8 caracterizado o material e a metodologia de execuo
realizada em duas etapas a seguir:
A mandioca como insumo de produo para cola de uria-formoaldedo.
Onde testou-se a substituio da farinha de trigo pela farinha de mandioca na
composio da cola do compensado de madeira e trazendo mais consistncia e
durabilidade.
A relao benefcio-custo para economia. A anlise de viabilidade
econmica feita em cima das comparaes dos preos dos referidos produtos
no mercado e da participao do compensado de madeira utilizado em fundao
e estrutura na construo civil.
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5
O capitulo 9 apresenta os resultados da anlise de viabilidade econmica
que foi realizada a partir da comparao entre os custos dos insumos de
produo para uma batida de cola (unidade de produo), bem como a evidencia
do governo em desenvolver polticas pblicas no setor da agricultura como o
PRONAF Programa Nacional para o Fortalecimento da Agricultura Familiar.
O capitulo 10 apresenta a concluso para o trabalho.
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2 MADEIRA
2.1 TAXONOMIA DAS MADEIRAS
De acordo com a taxonomia, ou classificao botnica, as madeiras
podem ser do grupo das Gimnospermas, denominadas conferas, resinosas, no
porosas ou softwoods, e do grupo das Angiospermas, chamadas de folhosas,
porosas e hardwoods. Segundo Panshin & Zeeuw (1970) ambos os termos tem
origem no grego e significam vegetais com sementes nuas para as
Gimnospermas (gimmo=nu; sperma=semente), e vegetais com sementes
encapsuladas, para as Angiospermas (angio=cpsulas; sperma=semente).
Segundo Joly (1979), as Angiospermas so vegetais superiores que de
modo geral produzem flores, um dos maiores grupos de plantas do mundo e o
que domina a flora terrestre, sendo composto por cerca de 344 famlias e mais de
200.000 espcies.
2.2 A ESTRUTURA ANATMICA DA MADEIRA A madeira, quanto estrutura anatmica macroscpica, um organismo
heterogneo formado por conjuntos de clulas com propriedades especficas para
desempenhar as funes vitais de crescimento, conduo de gua,
transformao, armazenamento e conduo de substncias nutritivas, e,
sustentao do vegetal (PANSHIN & ZEEUW, 1970).
De acordo com Lisboa (1991), as clulas que constituem o tecido
lenhoso, a princpio, so muito semelhantes. Com o crescimento, no entanto,
essas clulas adquirem formas especializadas, passando a ser clula dos
parnquimas axial e radial, de fibras, de vasos, etc. Cada uma delas apresenta
atividade fisiolgica e/ou mecnica especfica. So exemplos de funes
especficas das clulas de madeira: as fibras participam do mecanismo de
sustentao da planta; as clulas dos parnquimas tm funes diversas, sendo
que uma das principais o armazenamento de substncias nutritivas, e, os vasos
de xilema (lenho) tm a funo de conduzir a seiva bruta, a qual formada por
gua e sais minerais retirados do solo por meio dos plos absorventes das razes.
Em um corte transversal de um tronco pico, as seguintes partes se
destacam: casca (ritidoma e floema), regio cambial, anis de crescimento (lenho
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7
inicial e lenho tardio) alburno, cerne, raios e medula. Como pode ser observado
na Figura 2.1
Figura 2.1 A Madeira Fonte: White, 1980)
Segundo Richter & Burger (1978) e Lepage et al. (1986) as
caractersticas e funes das partes constituintes do tronco e do lenho da madeira
folhosas so:
A casca constituda pelo floema, responsvel pelo armazenamento e conduo de nutrientes, e pelo ritidoma ou crtex, que tem a funo de proteger
o vegetal contra o ressecamento, ataques fngicos, injrias mecnicas e
variaes climticas. A regio cambial localiza-se entre o alburno e o floema e
constituda por uma faixa de clulas que so responsveis pela formao e o
crescimento das clulas do lenho e da casca. Os anis de crescimento
representam o incremento anual de lenho, pois a cada ano se forma um anel, que
permite conhecer a idade de uma rvore. O cerne do tronco de uma rvore,
geralmente se distingue por sua colorao mais escura, cuja causa fisiolgica
que medida que a madeira envelhece, suas clulas perdem suas funes vitais,
sobrevindo deposio de tanino, resinas, gorduras, carboidratos e outras
substncias, o que faz com que o cerne tenha a constituio mais compacta,
menos arejada e com menos substncias nutritivas, conferindo-lhes maior
resistncia mecnica e ao ataque de organismos xilfagos. O alburno a parte
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ativa do tronco, sendo que suas clulas possuem grande quantidade de gua e
substncias nutritivas, alm de menor quantidade de impregnaes
enriquecedoras. Isto lhe confere menor resistncia mecnica e tambm menor
resistncia biolgica ao ataque de organismos xilfagos. Os raios so faixas de
clulas, dispostas horizontalmente ao tronco, que desempenham a funo de
armazenamento e transporte horizontal de gua e substncias nutritivas. A medula ocupa o centro do tronco e tem como funo o armazenamento de
substncias nutritivas. Por essa razo normalmente susceptvel a organismos
xilfagos.
O lenho de uma folhosa (Angiosperma) constitudo pelas seguintes
partes: a) clulas longas e estreitas denominadas fibras, que possuem a funo
de sustentao do vegetal; b) vasos ou poros, que so dispostos na direo
longitudinal ao tronco, com a funo de conduo de substncias nutritivas e
gua; c) parnquima axial, disposto ao longo dos vasos e que tem a funo principal de armazenamento de substncias nutritivas; d) parnquima radial e raios, dispostos na direo horizontal do cmbio para a medula, que tem as
funes de armazenamento e de conduo de substncias nutritivas para o
alburno. A disposio das principais partes do lenho nos trs planos espaciais de
observao mostrada na figura 2.2.
Figura 2.2 As Partes do Lenho Fonte: Mart & Jay, 1961
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2.3 COMPOSIO QUMICA E MICRO-ESTRUTURA
Segundo Lepage et al.(1986), a madeira um biopolmero tri-dimensional
composto, principalmente de celulose, hemiceluloses e lignina. A celulose, o
principal componente da madeira, quimicamente definida como um carboidrato
complexo, polissacardeo, insolvel em gua e formada por grandes cadeias de
molculas de glicose. Estes polmeros formam a parede celular da madeira e so
responsveis pela maioria das suas propriedades fsicas, mecnicas e qumicas.
A celulose forma um esqueleto imerso numa matriz de hemiceluloses e
lignina, que o material aglutinante. O menor elemento constituinte do esqueleto
celulsico considerado por muitos autores como sendo a fibrila elementar.
Esta fibrila formada por um feixe paralelo de 36 molculas de celuloses ligadas
entre si por meio de pontes de hidrognio. As fibrilas, tambm conhecidas como
micelas, so agregadas em unidades maiores chamadas microfibrilas, visveis em microscpio eletrnico. As microfibrilas so combinadas em microfibrilas e lamelas (paredes primria e secundria da clula). Molculas desordenadas de
celulose, bem como da lignina e hemioceluloses esto localizadas nos espaos
entre as microfibrilas. As hemiceluloses so consideradas amorfas, embora sejam
aparentemente orientadas na mesma direo das microfibrilas de celulose. A
lignina tambm amorfa, alm de ser isotrpica. Esses elementos constituem a
parede celular de uma fibra, ou clula, de madeira. Como pode ser observado na
figura 2.3
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10
Figura 2.3 A Parede Celular de uma Fibra de Madeira Fonte: Siau, 1984
De acordo com Brito & Barrichelo (1981) a composio qumica
elementar da madeira varia pouco com a espcie, tanto que se pode admitir que
a madeira contenha: 49 e 50% de Carbono; 6% de Hidrognio; 44% de Oxignio;
e, 0,1 a 0,5% de Nitrognio. No entanto, as madeiras podem apresentar teores
muito variveis de madeiras minerais (Ca, Mg, Na, K, Fe, Si, P, S, etc), os quais
so presentes em quantidades menos expressivas. Se a composio qumica
elementar da madeira sensivelmente constante, o mesmo no ocorre com seus
constituintes qumicos, que so bastante variveis: lignina 22 a 40%; celulose
30 a 50%; pentosanas 9 a 28%, mananas e galactanas 0 a 12%; e, produtos
extratveis 0,2 a 20%.
2.4 PROPRIEDADES FSICAS E MECNICAS DA MADEIRA
As propriedades fsicas e Mecnicas das Madeiras so muito importantes
no que se refere s aplicaes que sero destinadas, adicionados a outros
aspectos como econmicos, estticos, a durabilidade, a trabalhabilidade, etc., de
acordo com essas propriedades as madeiras podem ser classificas e agrupadas
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11
em usos como, por exemplo: em estruturas, em uso em ambientes internos e
externos de habitaes, mveis, painis, embalagens, etc.
Entre as vrias propriedades da madeira, a massa especfica aquela
que mais se destaca. De acordo com Nahuz (1974), a massa especfica uma
medida que revela a quantidade do material madeira da parede celular, e
conseqentemente, relaciona-se com suas propriedades fsicas e mecnicas,
sendo assim a massa especfica de madeira duras tropicais tem importantes
implicaes nos processos de explorao e converso, manuseio, transporte e
usos finais. Para Richter & Burger (1978), a massa especfica, a qual tem relao
direta com a composio qumica e o volume da matria lenhosa por massa,
talvez a caracterstica tecnolgica mais importante da madeira, pois a ela esto
estreitamente relacionadas s outras propriedades como resistncia mecnica,
grau de alterao dimensional, etc.
Segundo Siau (1984), a gua ou umidade que existem na madeira so:
1. gua impregnada na parede celular entre as molculas de celulose,
2. gua lquida em estado livre nas cavidades das clulas, poros,
elementos estruturais de conduo, etc.
A madeira um material higroscpico e apresenta os fenmenos de
contrao e inchamento (estabilidade dimensional) pela perda ou absoro da
umidade. A entrada de gua entre as molculas de celulose da parede celular
provoca o afastamento das mesmas e como conseqncia o inchamento. O
processo contrrio produz a aproximao das molculas de celulose, resultando
na contrao da madeira (PANSHIN & ZEEUW, 1970).
A madeira sendo um material anisotrpico possui diferentes
comportamentos de contrao e inchamento nas trs direes espaciais (radial,
tangencial e longitudinal) Segundo Siau (1984), a contrao na direo
longitudinal para a maioria das madeiras pode ser considerada desprezvel (varia
entre 0,1 e 0,3%). A contrao na direo tangencial usualmente o dobro da
contrao na direo radial, tanto que se pode assumir que dois teros da
contrao volumtrica devido contrao tangencial e um tero radial. Para
(Panshin & Zeeuw, 1970), a menor contrao na direo radial devido presena
das clulas, dos raios, as quais possuem faixas de madeiras juvenis de baixa
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massa especfica intercaladas com faixas de madeira tardia de alta massa
especfica.
Aspectos anatmicos como tamanho, quantidade e a distribuio dos
poros, alm da presena ou no de substncias obstrutoras, influem
intensamente sobre o grau de permeabilidade da madeira, que uma propriedade
fsica de destaque, especialmente para a secagem e a preservao da madeira.
De modo geral as madeiras de alta massa especfica so mais difceis de serem
secadas ou impregnadas com solues preservativas. A maior penetrao ou a
sada de lquidos nas madeiras se da principalmente atravs dos elementos
estruturais que desempenham a funo de conduo no lenho (BROWN et al.,
1949).
Uma das grandes limitaes da madeira a sua heterogeneidade e
variabilidade, pois nem mesmo duas amostras de uma mesma rvore apresentam
valores de propriedades fsicas e mecnicas absolutamente iguais. Segundo
Brown et al. (1949), estas diferenas podem ser atribudas localizao da
amostra no tronco (alturas, distncia de medula e posio no anel de
crescimento), defeitos da madeira, etc. Sabe-se que a composio de lenho, a
estrutura e a organizao de seus elementos constituintes so fatores
determinantes das propriedades fsicas e mecnicas da madeira (WANGAARD,
1950). Segundo Rocha (1994), observa que a madeira um material heterogneo
por ser formada por diversos tipos de clulas com funes especficas, por ser
constituda de uma srie de compostos qumicos, orgnicos e inorgnicos, e
tambm por sofrer influncia de fatores que afetam o desenvolvimento das
rvores, tais como clima, solo, local de crescimento e genticos. Este conjunto de
fatores responsvel pelas variabilidades de madeira.
2.5 PROPRIEDADE ORGANOLPTICAS
As principais propriedades organolpticas que tem importncia para a
identificao e classificao de madeiras so: a cor, o cheiro, o gosto, a
disposio de gr, a textura e o brilho.
A cor da madeira est associada deposio de substncias corantes
nas paredes das clulas lenhosas, bem como s reaes qumicas dessas
substncias aps a exposio aos elementos atmosfricos e a luz. Varia do quase
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branco ao negro, e tem importncia do ponto de vista decorativo. Para a
descrio da cor da madeira, normalmente so utilizadas observaes
macroscpicas visuais, onde as cores so nomeadas a partir de padres de
cores.
Alguns institutos de pesquisa utilizam escalas de cores usadas na
classificao de solos (Munsell Soil Color Charts, 1975, citado em IBDF, 1981),
onde cada cor possui uma codificao especfica. Um modo sofisticado para
determinar a cor da madeira pelo mtodo calorimtrico, onde so medidos
valores reflectantes das trs cores bsicas (vermelho, verde e azul) por meio de
um fotmetro com filtro de leitura de refletncia (VAN DER SLOOTEN, 1993).
O cheiro da madeira atribudo presena de substncias volteis,
depositados principalmente no cerne, onde o odor mais pronunciado. Devido a
volatibilidade das substncias, o cheiro diminui gradativamente mediante a
exposio ao ar. O cheiro uma propriedade importante para a utilizao final da
madeira. O gosto da madeira associado ao cheiro e provavelmente atribudo
as mesmas substncias volteis presentes. Sua importncia semelhante
apontada para o cheiro.
A gr da madeira refere-se ao arranjo, direo ou paralelismo, dos
elementos celulares constituintes do lenho em relao ao eixo longitudinal do
tronco. A gr tem influncia nas propriedades mecnicas e na secagem da
madeira. Normalmente os tipos so: gr direita (os elementos se dispem mais ou
menos paralelos ao eixo do tronco); gr espiral ou helicoidal (os elementos se
dispem espiraladamente ao longo do eixo do tronco); gr entrecruzada ou
reversa (os elementos tm arranjo irregular em diversas direes ao eixo do
tronco); gr ondulada ou crespa (os elementos mudam constantemente de
direo ao eixo do tronco. Na face longitudinal,surgem faixas com diferentes
tonalidades devido a reflexo da luz); gr inclinada ou oblqua (os elementos
longitudinais apresentam desvio angular ao eixo do tronco).
A textura da madeira refere-se impresso visual produzida pelas dimenses, distribuio e percentagem dos seus elementos estruturais. Nas
folhosas esses elementos so os poros, vasos e parnquima axial e nas conferas
pela maior ou menor nitidez dos anis de crescimento.
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O brilho da madeira refere-se capacidade das paredes celulares
refletirem a luz. Normalmente as madeiras so mais brilhantes nas faces radiais
devido exposio dos raios. O brilho afetado pelo ngulo de reflexo da luz.
A figura da madeira relaciona-se ao desenho natural das suas faces que
resulta das vrias caractersticas macroscpicas (cerne, alburno, cor, gro, anis
de crescimento e raios). E so importantes no aspecto decorativo.
2.6 PODER CALORFICO
A madeira um material combustvel, sendo assim queima atravs de
reaes qumicas de combusto dos elementos da parede celular e outros
materiais presentes no seu interior. Segundo Brito (1990), a ao do calor sobre a
madeira, material predominantemente orgnico, implica na sua total degradao,
surgindo como conseqncia uma pequena frao residual que denominada de
cinzas, e que corresponde aos elementos minerais quantitativamente
minoritrios originalmente presentes na madeira.
As madeiras de alta massa especfica apresentam maior poder calorfico
por volume do que madeiras de baixa massa especfica, pois este estreitamente
relacionado quantidade de matria lenhosa. O poder calorfico tambm
influenciado pela presena de materiais extrativos inflamveis como os leos, as
resinas e as ceras, etc., podendo aument-lo consideravelmente, alm de serem
responsveis pelo odor exalado pela madeira ao ser queimada (Brow et al, 1949).
2.7 DURABILIDADE NATURAL
Por resistncia ou durabilidade natural entende-se como grau de
suscetibilidade da madeira ao ataque de agentes destruidores como fungos,
insetos e brocas marinhas. A durabilidade natural tambm pode ser, alm dos
agentes mencionados, foras mecnicas naturais como: os ventos, os choques
causados por quedas de galhos, decomposio fsica (intemperismo) e qumica.
As madeiras de alta massa especfica so as que apresentam uma estrutura
menos porosa e freqentemente elevada teor de substncias especiais,
impregnando as paredes de suas clulas, so mais resistentes ao destes
inimigos (RICHTER & BURGER, 1978).
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A grande quantidade de tecido parenquimtico (raios e parnquimas
axial) proporciona baixa resistncia natural madeira, por ser mole e de fcil
penetrao, sobretudo por atrair os agentes destruidores atravs dos contedos
nutritivos que so armazenados em suas clulas (amidos, acares, protenas,
etc). A presena de substncias especiais nas clulas (slica, alcalides, taninos),
so geralmente de ocorrncia mais acentuada no cerne dos troncos, aumentam a
durabilidade natural da madeira devido ao txica que freqentemente
apresentam sobre os agentes xilfagos. A slica tem acentuada resistncia natural
s madeiras utilizadas em contato com a gua do mar, considerada como a
condio de uso mais drstica e severa. A presena de substncias no lenho
produz na madeira uma colorao acentuada, por isso que madeiras escuras
so em geral mais durveis, o cerne que a parte escura no tronco apresenta
maior resistncia natural (RICHTER & BURGER, 1978).
2.8 TRABALHABILIDADE
A trabalhabilidade ou usinagem refere-se principalmente a facilidade de
se processar a madeira com instrumentos ou mquinas de processamentos
secundrios (aplainamento, acabamento superficial, etc). Para avaliar a
trabalhabilidade das madeiras so executados ensaios tecnolgicos especficos.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente dos Recursos Naturais
Renovveis IBAMA (1997), entre as operaes industriais secundrias mais
comuns que utilizam instrumentos de processamento esto: aplainar, lixar,
tornear, furar (com brocas) e pregar.
Segundo Richter & Burger (1978), a trabalhabilidade, a gr da madeira
fornece uma idia da facilidade de se conseguir um bom acabamento superficial
das peas. Madeiras com gr reta no apresentam dificuldades neste sentido,
porm aquelas com gr irregular apresentam superfcies speras nas regies
onde um instrumento passou em sentido contrrio direo normal dos tecidos.
Madeiras excessivamente moles, ou seja, baixa massa especfica apresentam
tambm dificuldade na obteno de superfcies lisas. No entanto as espcies com
massa especfica muito alta so difceis de serem trabalhadas por provocarem
grande desgaste das ferramentas em vista de sua acentuada dureza. As
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16
substncias como a slica nas clulas pode causar danos nos equipamentos
prejudicando o aproveitamento da madeira.
2.9 PROPRIEDADES ACSTICAS
As propriedades acsticas da madeira destinam-se a sua sensibilidade
em responder sonoramente a estmulos ou vibraes energticas mecnicas,
principalmente quando utilizada na confeco de peas de instrumentos
musicais. Para Van der Slooten (1993), os princpios da ressonncia e as
propriedades de radiao do som na madeira foram aplicados durante sculos na
construo de instrumentos musicais em madeira, antes mesmo de serem
cientificamente comprovados.
2.10 ISOLAMENTO TRMICO, ELTRICO E SONORO
A madeira considerada m condutora de calor, de correntes eltricas e
de ondas sonoras. O que lhe confere qualidades adequadas de isolamento a
esses agentes fsicos. Para Lepage et al (1986), comentam que a madeira ocupa
lugar de destaque no somente devido sua elevada resistncia mecnica em
relao prpria massa, facilidade de usinagem, resistncia qumica aprecivel e
etc, mas em virtude de suas boas propriedades de isolamento trmico e eltrico.
2.11 TRATAMENTOS E PROCESSOS INDUSTRIAIS PARA MADEIRA
2.11.1 Secagem
A secagem uma operao da retirada da gua da madeira, podendo ser
considerada como uma das fases mais decisivas para o sucesso de operaes
industriais para utilizao final da madeira. A secagem da madeira pode ser
promovida naturalmente em processo lento, onde a madeira fica exposta ao ar at
atingir o equilbrio com a umidade do ambiente em que se encontra, ou
artificialmente em processo acelerado, realizado em equipamentos (estufas)
prprios para essa finalidade. A reduo de teor de umidade na madeira envolve
gastos de energia atravs do processo de secagem, e o custo de secagem
representativo nos processos industriais de madeira (SILVA et al, 1998).
As madeiras so classificadas com relao ao grau de facilidade de
secagem, o qual em funo do tempo de secagem e dos defeitos derivados do
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17
processo de secagem. De acordo com Silva et al (1998), a operao de secagem
da madeira deve remover uma quantidade de gua pr-determinada e promover
uma distribuio uniforme da umidade no interior da madeira. A quantidade de
gua a ser removida em funo da finalidade a que se destina o produto de
madeira, bem como da condio de servio.
2.11.2 Preservao
o processo que tem por objetivo dotar a madeira de resistncia contra a
ao deterioradora de agentes biticos (insetos, fungos, bactrias, etc) e abiticos
(intemperismo, produtos qumicos, fogo, e etc), conferindo-lhe maior durabilidade.
O tratamento consiste em incorporar a madeira produtos qumicos
preservativos ou acabamentos superficiais protetores. Uma importante limitao
desse tratamento refere-se a impregnabilidade, ou impenetrabilidade, do cerne da
maioria das madeiras duras amaznicas a produtos preservativos, entretanto
essa impregnabilidade tem em geral uma relao inversa com a durabilidade
natural dessas madeiras, ou seja, quanto mais dura e impregnvel for a madeira
maior a sua durabilidade natural.
So vrios os processos de preservao de madeiras. Segundo
Jankowsky (1990), esses processos dividem-se em duas categorias: 1) Os
processos com presso ou industriais, que utilizam grandes recipientes cilndricos
de ao, onde com uso adequado de vcuo e presso, produtos qumicos com
propriedades preservativas so injetados no interior da madeira; e, 2) Os
processos sem presso, ou caseiros, que dispensam o uso de equipamentos
sofisticados possveis de serem efetuados pelos prprios interessados, e que so
capazes economicamente de proteger e aumentar a durao natural da madeira.
2.11.3 Colagem
De acordo com Silva et al (1998), o contedo de umidade do substrato
(madeira), um fator muito importante para se obter ligaes que apresentam um
comportamento adequado em servio. Em processo de colagem da madeira, a
maioria dos adesivos no forma uma linha de cola satisfatria em teores de
umidade acima de 20%. A textura da madeira tem grande importncia sob o
comportamento face colagem e aplicao de revestimentos superficiais. Os
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madeirais com textura grossa absorvem em grande quantidade as substncias
que lhe so aplicadas. No caso de pinturas so necessrias vrias demos para
se obter um bom revestimento. Sobre o ponto de vista da colagem a excessiva
absoro do adesivo por uma superfcie porosa pode causar uma m colagem,
alm do perigo da ultrapassagem da cola at a outra face da lmina de madeira
prejudicando sua aparncia. As madeiras de estrutura muito fechada e superfcies
lisas devido deficincia de penetrao do adesivo, apresentam freqentemente
uma linha de cola fraca para a maioria dos adesivos.
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19
3 ESTRUTURA DE MERCADO DA ATIVIDADE MADEIREIRA NO BRASIL
3.1 A PRODUO E O CONSUMO DA MADEIRA
Na floresta amaznica, o que corresponde ao territrio brasileiro cobre
uma rea de cerca de 290 milhes de hectares (Harcout e Sayer, 1996). De
acordo com os inventrios florestais realizados na regio registram um volume
mdio de madeira em torno de 200 m3 / ha (Pandolfo, 1978). Segundo a FAO
(2000), quase 50% das reservas mundiais de floresta tropical se encontram na
regio amaznica. a mais extensa e heterognea de todas as florestas tropicais
do globo, so milhares de espcies de madeira catalogadas, com uma
variabilidade de at 300 diferentes espcies de plantas produtoras de madeira por
hectare (Souza, 1997). Xilotecas brasileiras guardam mais de 2.300 registros de
espcies lenhosas, distribudas em cerca de 700 gneros e 120 famlias, sendo
que boa parte dessas espcies produto de madeira (LISBOA, 1991).
Segundo Viana (2000), o setor florestal brasileiro gera cerca de 1,5
milhes de empregos diretos, favorecendo uma relao de pleno emprego para o
pas, pois a contribuio do setor florestal para a balana de pagamentos do
Brasil tem sido bastante significativa desde 1980, mesmo com o perodo negro
entre 1995 e 1998, quando o saldo da balana comercial brasileira passou a ser
negativo.
Um estudo realizado pela SUDAM (1981), demonstrou que as tendncias
mundiais do mercado de produtos florestais estavam voltadas para o mercado
Europeu, Japo, Estados Unidos e Oriente Mdio, bem como as importaes de
madeira tropicais e o consumo mundial estavam crescendo na mesma proporo
em que as fontes tradicionais do mercado como Nigria, Gana, Tailndia,
Filipinas, Malsia e Costa do Marfim estavam decrescendo. Entretanto o mercado
mundial tendenciaria para as novas fontes de abastecimento como a Indonsia,
ndia, pases da frica Central e a regio da Amaznia brasileira, que surge como
uma nova e grande fonte fornecedora de madeiras e produtos florestais tropicais.
A indstria madeireira de suma importncia na gerao de empregos e
de riquezas para o pas, no entanto essa indstria precisa acompanhar as novas
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tecnologias, enquadrando-se dessa maneira aos novos padres de qualidade aos
requisitos internacionais, para que possa acompanhar o mercado internacional.
Para Souza (1997), com a reduo da oferta no sudeste asitico abrir
novas perspectivas para o Brasil, um novo horizonte que somente poder ser
alcanado se melhorar a produtividade das operaes da indstria.
Em 1997 e 1998 o mercado mundial do setor florestal movimentou cerca
de US$ 140 bilhes ao ano, sendo que a exportao de produtos florestais
brasileiros atingiu cerca de US$ 2,4 bilhes ao ano (FAO, 2000). Em 1997 a
madeira serrada e aplainada de florestas nativas totalizou US$ 79,6 milhes, em
1998 segue com US$ 85,9 milhes, a madeira slida com US$ 251,3 milhes e
US$ 182,9 milhes, respectivamente (Sociedade Brasileira de Silvicultura SBS,
2000).
Os Estados Unidos e Europa so os maiores mercados globais para os
produtos florestais (UN/ECE-FAO, 2000). Os pases industrializados consomem
70% de toda madeira utilizada em processamento industrial, enquanto os pases
em desenvolvimento concentram o consumo da madeira de outras formas,
incluindo a utilizao como energia. Seguindo na proporo, nos prximos anos a
utilizao de madeira pela indstria deve apresentar um crescimento mdio de
1,7% ao ano, enquanto que para o uso de energia deve ter um acrscimo de
cerca de 1,1 % ao ano (FAO, 1999).
Segundo Viana (2000), o Brasil o maior produtor e o maior consumidor
mundial de madeira tropical. Em 1997 a produo de madeira em tora de todos os
nove estados da regio amaznica foi de aproximadamente 28 milhes de m,
sendo que mais de trs quartos so extrados nos estados do Par e Mato
Grosso, sendo que Rondnia o terceiro maior produtor, o estado do Acre tende
a aumentar a sua participao nos prximos anos. (SMERALDI & VERSSIMO,
1999).
A participao por estado da produo de madeira mostrada na figura
3.1
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Figura 3.1 A Produo de Madeira por Estado Fonte: Verssimo, 1998
Mediante a anlise de dados em 1997 revelou que somente 14% da
produo de madeira Amaznica em tora, destinada ao mercado externo e 86%
so consumidos internamente, sendo assim o estado de So Paulo o
responsvel por 20% desse consumo, como mostrou na figura 3.2 (SMERALDI &
VERSSIMO, 1999).
Figura 3.2 O Consumo Nacional de Madeira Fonte: Smeraldi & Verssimo, 1999
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De acordo com Viana (2000), a regio Sul e Sudeste j foram
exportadoras de madeira, atualmente importam cerca de 10 milhes de m3 de
madeira da Amaznia por ano. Nessas regies brasileiras concentram-se o maior
e mais intenso consumo de madeira tropical mundial que representa mais que o
dobro do que importado pelos 15 pases da Unio Europia (SMERALDI &
VERSSIMO, 1999).
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4 A CHAPA DE COMPENSADO
4.1 HISTRICO DA CHAPA DE COMPENSADO
A luz dos recentes conhecimentos histricos pode-se afirmar que a
primeira lmina de madeira foi produzida no Antigo Egito, aproximadamente 3000
a.C. Eram pequenas peas, oriundas de valiosas e selecionadas madeiras, que
tinham como objetivo a confeco de luxuosas peas de mobilirio pertencentes
nobreza, como o trono encontrado na tumba de Tutancmon que reinou de 1361
a 1352 a.C, confeccionado em cedro revestido com finas lminas de marfim e
bano, (que era uma madeira nobre utilizada na transformao de lminas) e uma
cama feita em laburno que apresenta algumas caractersticas essenciais da
moderna chapa de compensado em sua cabeceira (ALBUQUERQUE, 2004).
Surge na Idade Mdia o perodo latente de laminao em conseqncia
da grande opresso poltica e eclesistica ao pensamento criativo. O processo de
laminao ressurge no perodo da Renascena na Europa nos sculos XIV, XV e
XVI, principalmente no reinado de Luiz XV, com nfase aos trabalhos artsticos
em madeira.
Em 1650 as lminas ainda eram obtidas por meio de serras verticais,
reforada pela patente da serra circular em 1777 por Samuel Miller e em 1808 por
William Newberry. A partir da utilizao da serra circular na indstria inglesa em
1805 surge um grande avano na laminao de madeira, principalmente com a
patente da primeira serra circular especfica para laminao empregada na
indstria a partir de 1825, concedida a um mecnico francs em 1812. Em 1834
na Frana surge a primeira mquina laminadora por fraqueamento patenteada por
Charles Picot.
A primeira mquina a produzir lminas contnuas por fraqueamento de
toras em torno desfoliador surgiu em 1818, tambm nos Estados Unidos da
Amrica existe uma patente de torno laminador de 1840, concedida a Dresser e
na Frana outra concedida a Garand em 1844.
As primeiras indstrias a produzirem lminas de madeira surgiram na
Alemanha em meados do sculo XIX, em meio a um rpido desenvolvimento e
aperfeioamento nos tornos laminadores, que contriburam para a evoluo da
indstria de compensados. O emprego das lminas de madeira torna-se mais
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24
significativo a partir dos sculos XVIII e XIX, quando importantes peas de
mobilirio foram confeccionadas, como o Bureau de Campagne de Napoleo,
folheada com jacarand da Bahia, e a introduo do compensado na feitura
de pianos de cauda, realizada por Steinway em 1860.
Com o advento da Primeira Guerra Mundial houve uma acentuada
evoluo na produo de lminas e compensados, alm do surgimento de novos
adesivos, devido utilizao dos produtos em rea militar. No entanto o
derradeiro impulso se deu com o advento da Segunda Guerra Mundial, gerando o
desenvolvimento e a automao dos sistemas de produo contnua,
proporcionando uma gama crescente de produtos de qualidade superior e
menores custos. No Brasil o limiar da produo de lminas de compensado no sul
do pas, surge em decorrncia de medidas de controle de desmatamento e
reflorestamento de florestas.
4.2 A INDSTRIA DE COMPENSADO DE MADEIRA
A indstria de laminas e compensados na Amaznia brasileira iniciaram
h quase meio sculo com a primeira indstria instala em 1955, no municpio de
Portal no Estado do Par. Hoje existem no Estado mais 20 indstrias de
compensados de madeira, as quais produziram no ano 2001, mais de 320 mil m
que correspondente a 39% da produo regional (IBAMA, 2002). A regio
Amaznica exporta para o mercado mundial aproximadamente 230.000m anual
de compensados, como excedente do mercado interno. Este segmento da
indstria madeireira vinha apresentando um aumento constante da produo no
Brasil at meados da dcada de noventa, quando houve uma retrao no
mercado internacional que resultou na queda da exportao. Apesar da flutuao
na produo de compensado no Pas nos ltimos anos, houve um crescimento
mdio de 8%, conforme mostrado na figura 4.1. Atualmente, o mercado de
compensados voltou a crescer, como resultado do aumento das exportaes
brasileiras, decorrente da diminuio da oferta desse produto madeireiro oriundo
do Sudeste Asitico (AGUIAR, 2002).
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Figura 4.1 - Produo e consumo de compensados no Brasil nos ltimos doze anos Fonte: STP e ABIMACI, 2001
O setor madeireiro responsvel pela gerao, de uma importante
parcela de PIB brasileiro, bem como pela gerao de um grande nmero de
postos de trabalho, alm de contribuir significativamente para a balana
comercial, na medida em que ajuda o pas a diminuir a sua dependncia externa
de capitais.
O produto interno bruto do Brasil uma das medidas de referncia na
avaliao macroeconmica de um pas, que em 2002 atingiu o montante de US$
451 bilhes, representados no setor florestal pela produo, a industrializao e a
comercializao em cerca de 4,5% do PIB brasileiro, ou seja aproximadamente
US$ 20 bilhes. As atividades indstrias de base florestal atingem cerca de 2% do
PIB total, ou seja, representam em esfera macroeconmica para o pas. O setor industrial 35,8% para atividade econmica no PIB e para a indstria da
construo civil 23,7% em contribuio para atividade industrial brasileira na
formao do PIB industrial, so valores muito significativos para economia
brasileira como mostram as figuras 4.2 e 4.3 (IBGE 2002).
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Figura 4.2 - Atividade Econmica do Brasil no PIB 2002 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Contas Nacionais
Figura 4.3 - Atividade Industrial Brasileira no PIB Industrial - 2002 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Contas Nacionais
4.2.1 A Chapa de Compensado de Madeira
O compensado a sobreposio de lminas finas de madeira unidas por
adesivo a prova dgua ou resistente gua, prensado de forma que duas
lminas contguas so coladas ortogonalmente, buscando obter uma equivalncia
das propriedades elsticas e de resistncia nas direes principais da chapa
denominado de laminao cruzada. A chapa de compensado (plywood)
normalmente composta de lminas cruzadas entre si ou lminas em combinao
com miolo de sarrafo ou outro tipo de chapa base de madeira.
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27
O cruzamento das lminas d a chapa excelente resistncia mecnica
nas direes paralela e transversal a seu comprimento, tornando-o virtualmente a
prova de rachadura e de movimentao (contrao e expanso). O compensado
composto de um nmero impar de lminas, sendo que os mais comuns so
compostos de 3,5,7 ou 9 lminas, cuja a espessura varia de 6mm a 20mm.
Os painis de madeira dividem-se em trs grupos: compensados,
aglomerados e chapas de fibras comprimidas, onde se insere o MDF, que
produzido a partir de fibras de madeira, aglutinados com resinas sintticas atravs
de temperatura e presso. A chapa de aglomerado formada a partir da reduo
da madeira em partculas. Aps a obteno das partculas de madeira, so
impregnados com resina sinttica que arranjada de maneira consistente e
uniforme, forma um colcho que controlado pela ao do calor, presso e
umidade, adquire a forma definitiva e estvel chamada aglomerado.
A chapa de compensado tem muitas aplicaes como por exemplo, em
mveis e na construo civil, em frmas de fundao e de estrutura de concreto
para pilares, vigas e lajes, divisrias, painis de divisrias, assoalhos, forros,
telhas onduladas, portas internas e embalagens e etc... O produto obtido pela
colagem de lmina de madeira sobrepostas, com as fibras cruzadas
perpendicularmente, o que propicia grande resistncia fsica e mecnica. O
compensado produzido sob duas especificaes: a primeira para o uso interno
com colagem a base de uria-formal, resistente umidade, sendo utilizado na
indstria moveleira e na indstria da construo civil; e a segunda para uso
externo com a colagem base de resina de fenol-formol, a prova dgua, sendo
utilizado principalmente na construo naval.
No processo de colagem das lminas so usados na formulao das
colas, 2 tipos de resinas: uria-formoaldedo e fenol - formoaldido. A cola da UF
representa mais de 80% do consumo total, e empregada na manufatura de
painis resistentes a umidade. Apresenta na sua composio alm da resina UF,
a farinha de trigo como produto extensor, preparados endurecedores e gua. O
produto extensor na cola usado para proporcionar melhor rendimento e/ou
conferir certas propriedades especficas como viscosidade, elasticidade, entre
outras. O processo de colagem se d pela polimerizao total, atravs da ao do
calor ou da presena de catalisadores especficos.
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28
Os adesivos modernos podem ser classificados por diversos critrios,
como por exemplo pelo uso na colagem de diversos tipos de materiais, como os
adesivos estruturais, ou pela composio, baseada no ingrediente principal, como
uma resina termoplstica. Os adesivos de resina sinttica so utilizados
principalmente quando se quer ter resistncia gua ou quando atendem as
condies especiais. Os adesivos base de uria formoaldido, sozinha ou
combinadas com adesivos base de mandioca, so utilizados quando se quer ter
uma certa resistncia gua. Os de resina fenlica so baseados no fenol e seus
derivados como ao resorcinol e so aldedos ou cetonas condensadas, so
termoestveis e exigem um tempo cura para polimerizao completa, o seu
principal emprego est na colagem de madeira. A seleo do adesivo a ser usado
depende da espcie de madeira usada, de sua densidade, teor de umidade,
dimenso ou espessura das lminas, uso destinado ao produto (chapa) e
principalmente do processo e do equipamento disponvel para produo.
4.2.2 A Estrutura de Produo
4.2.2.1 O Processo de Produo de Compensado
A estrutura produtiva da empresa dividida em 9 reas de produo em
cho de fabrica, que so:
1 rea do Ptio
2 rea de Laminao
3 rea de Preparao
4 rea de Colagem
5 rea de Prensagem
6 rea de Esquadrejamento
7 rea de Lixamento
8 rea de Acabamento
9 rea de Embalagem
1 rea do Ptio
Corresponde a primeira etapa do processo produtivo aonde realizado a
seleo das toras por espcie de madeira, onde tambm ocorre a etapa de tirar o
defeito da tora ou seja a preparao da tora.
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29
A remoo da casca ou descasca uma das primeiras operaes, a qual
elimina a possibilidade de danificar a faca do torno da laminao por pedras ou
outros matrias embebidos na casca. As toras so normalmente condicionadas
em vapor ou em gua quente (cozimento) para torn-las mais moles e plsticas, o
que possibilita a obteno de lminas menos quebradias e mais lisas. O tempo e
a temperatura requeridos para o amolecimento das fibras da madeira variam de acordo com a espcie e dimetro da tora em tratamento. Posteriormente feito o
corte nas medidas de 1,40 e 2,70 para uso do torno. Como pode ser mostrado
nas figuras 4.4 e 4.5.
Figura 4.4 Torno Desfoliador Fonte: Pesquisa direta
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Figura 4.5 Torno Desfoliador Fonte: Pesquisa direta
2 rea de Laminao
Nesta etapa ocorre a transformao da tora em laminas em diversas
espessuras conforme a necessidade da colagem (1.6, 2.6, 3.2, 3.5) da capa, do
miolo e da contra capa, posteriormente so cortados nas medidas de 1.30 por
2.60.
As laminas verdes so levadas do secador para retirada de umidade,
ficando entre 6 a 8% o teor de umidade.
Uma importante segregao de cerne e alburno realizada ainda no
setor de lminas verdes. O alburno a camada externa da tora ou rvore e
contm muito mais unidade do que a parte interna da tora ou cerne. Sendo assim
o alburno exige mais tempo para a sua secagem.
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Figura 4.6 Secadora Fonte: Pesquisa direta
3 rea de Preparao
Faz-se a classificao, a correo de defeitos e a preparao, para o
sanduwich.
Na classificao as lminas secas so retiradas da secadora e devem ser
selecionadas e empilhadas de acordo com a largura e a classe. Na correo de
defeitos, os selecionadores devem ser capazes de estimar o tamanho e o nmero
de defeitos bem como as caractersticas de gr das diferentes lminas. A
correo de defeitos realizada atravs das juntadeiras Minami e Fezer.
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Figura 4.7 Classificao e Correo de Defeitos Fonte: Pesquisa direta
4 rea de Colagem
A composio do compensado feita logo aps a aplicao de adesivo
nas lminas, onde so agregados o miolo da cola com o sanduwich,
independente do mtodo de aplicao do adesivo adotado, a operao de
montagem do compensado deve ser rpida e cuidadosa, rpida porque aos
adesivos deve ser aplicada presso dentro de certo intervalo de tempo, ou eles sofrem a pr-cura.
O adesivo um polmero usado para unir dois materiais por atrao
superficial. Ele deve apresentar uma grande fora de atrao superfcie do
substrato e ao mesmo tempo uma boa resistncia coesiva. Um bom adesivo deve
ter os seguintes requisitos:
- Fluir ou espalhar-se sobre a superfcie a ser colado;
- Transferir-se para outra superfcie que est sendo colado;
- Umidificar a superfcie onde est sendo aplicado;
- Solidificar por evaporao, resfriamento ou reao qumica;
- No onerar em excesso o produto final.
- As vantagens de uma superfcie colada com a Uria-formoaldedo em
relao a outros tipos de ligaes como pregada, parafusada ou
rebitada so:
- Excelente resistncia umidade;
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33
- Custo baixo em relao a outros adesivos;
- Curvel a temperatura ambiente ou a temperaturas altas variando de
90C a 130C mantendo-se suas caractersticas;
- Colorao clara;
- Possibilidade de combinao com extensores de origem vegetal para
reduzir ainda mais o seu custo;
- No resiste ao ambiente muito mido e quente;
- Sua vida til, no estado liquido, muito limitada, no mximo 90 dias.
Figura 4.8 Colagem Fonte: Pesquisa direta
5 rea de Prensagem
O processo de prensagem composto primeiramente pela Pr-prensa
que feita a frio permitindo a consolidao das lminas e depois a prensa quente
originando o compensado bruto.
Quanto prensa totalmente carregada, a mesma sofre o processo de
fechamento, exercendo aos pratos, normalmente uma presso de 12 a 15
kgf/cm. A temperatura dos pratos controlada a um certo nvel, variando a sua
temperatura entre 100 a 160C, dependendo do tipo de adesivo aplicado. O
tempo de permanncia do compensado depende tambm do tipo de adesivo e da
espessura da chapa produzida.
Para se produzir compensado de uma determinada espessura e
composio, com mnimo de perda, deve-se levar em considerao:
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- A contrao ou perda de espessura sofrida durante a secagem;
- A deformao ocorrida durante a prensagem por compresso;
Figura 4.9 Prensagem Fonte: Pesquisa direta
Figura 4.10 Prensagem Fonte: Pesquisa direta
6 rea de Esquadrejamento
Aps a prensagem feito o primeiro emassamento com a finalidade de
corrigir os defeitos da superfcie da capa e da contra capa, em seguida ela
esquadrejada na medida padro exportao 2,44 X 1,22 (8x4 ps).
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7 rea de Lixamento ou Calibragem
a rea destinada para os ltimos retoques ou reparos e posteriormente
passa para a prxima etapa que seria o controle final, ou seja, o controle de
qualidade.
8 rea de Acabamento
o momento da produo aonde realizado o acabamento final
separado, a classificao e a separao por qualidade. Os que esto com defeito
feito a ultima correo, como por exemplo, os que esto com rachadura aberta
poder ser aplicado massa, posteriormente lixar, como procedimento de reparo, no entanto dependendo da rachadura.
Figura 4.11 Acabamento Fonte: Pesquisa direta
9 rea de Embalagem
Perfaz a ultima rea completando a produo de um compensado em
escala industrial, armazenando, embalando, o produto pode comportar uma
embalagem padro ou conforme a especificao do cliente, com capa protetora
de carto e fita metlica de grande resistncia e finalmente expedindo o mesmo
para o seu destino mercantil.
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4.2.3 Performance da Colagem dos Compensados com Mandioca
De acordo com Aguiar (2002), durante os estudos, foi criada a
composio da cola utilizando a farinha de raspa de mandioca. Foi produzida a
partir de mandiocas, cultivadas no campo experimental da Embrapa Amaznia
Oriental. Aps a retirada da pelcula protetora, as razes foram cortadas em
pedaos de aproximadamente 5 cm e desidratadas at atingirem umidade em
torno de 12%.
No processo industrial utilizou-se a chapa de madeira de 5,2 e 18 mm,
nos quais se testou a substituio total e parcial da farinha de trigo pela farinha de
raspa de mandioca.
Para a manufatura dos painis de compensado de 5,2 e 18 mm foram
utilizadas as seguintes formulaes de colas:
Formulao de cola UF, padro da indstria (Tradicional):
80,00 kg de resina UF
42,00 kg de farinha de trigo
40,00 l dgua (viscosidade)
0,70 kg de imunizante
1,60 kg de catalisador
Formulao de cola UF para o teste (Mandioca em substituio do
Trigo):
80,00 kg de resina UF
42,00 kg de farinha de mandioca
40,00 l dgua (viscosidade)
0,70 kg de imunizante
1,60 kg de catalisador
Na avaliao do processo industrial foram feitas a montagem, a
prensagem, o esquadrejamento, o lixamento e a classificao dos compensados
para expedio, tambm foram realizadas os testes de Determinao da
Resistncia da Colagem ao Esforo de cisalhamento a mido realizado em
amostras de compensados que usaram 100% de mandioca em substituio a
farinha de trigo, os corpos de prova foram submergidos completamente em gua
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37
durante 24 horas. A eficincia da colagem obtida atravs de dois parmetros
associados que so a resistncia mecnica que indica que quanto maior forem os
valores obtidos nos testes (kg/cm), melhor a resistncia da colagem e o
percentual de fibra que indica se a ruptura ocorreu na madeira ou na cola. Quanto
maior a porcentagem de fibra maior a resistncia da cola.
Considerando que o principal objetivo desta pesquisa era a substituio
total da farinha de trigo pela farinha de raspa de mandioca e que o processo
industrial ter mostrado superioridade em relao aos tratamentos, que o trigo foi
parcialmente substitudo pela mandioca, optou-se em apresentar os resultados da
substituio integral do produto extensor.
Os resultados desses ensaios tanto a seco quanto a mido mostram que
os compensados que utilizaram a farinha de raspa de mandioca como extensor
da cola foram superiores aos dos compensados produzidos com a cola de farinha
de trigo, indicando que a mandioca pode ser usada na linha de produo de
compensados como produto extensor da cola Uria-Formoaldedo, sem
comprometer a qualidade da colagem das lminas, conforme pode ser constatado
nos resultados apresentados nas tabelas 4.1, 4.2 e na figura 4.12.
Tabela 4.1 Extenso da Farinha de Trigo (testemunha)
Seco (kg/cm2) *Fibra (%) mida (kg/cm2) Fibra (%)
25,32 75 17,03 57 Fonte: Aguiar, 2002
Tabela 4.2 Extenso da Farinha de Raspa de Mandioca (Tratamento)
Seco (kg/cm2) *Fibra (%) mida (kg/cm2) Fibra (%)
47,58 95 37,86 75 Fonte: Aguiar, 2002
Obs: O resultado de cada teste representa a mdia de sete corpos de prova.
*fibra a ares da madeira que aps os testes de resistncia mecnica sofre ruptura.
.
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38
Figura 4.12 Chapa de Compensado de Madeira de Farinha de Raspa de Mandioca Fonte: EMBRAPA, - Amaznia Oriental, 2002
4.2.3.1 O Processo de Produo de Farinha de Raspa da Mandioca
De acordo com a pesquisa a farinha de raspa de mandioca usada como
produto extensor da cola uria-formoaldedo. As razes de mandiocas foram
inicialmente lavadas, descascadas e eliminadas a pelcula, posteriormente foram
cortadas em pedaos de aproximadamente 5 cm, e desidratadas at atingirem
umidade em torno de 12%. Como mostra a figura 4.13, mandiocas descascadas.
Figura 4.13 Mandiocas Descascadas Fonte: EMBRAPA Amaznia Oriental, 2002
Para transformao das raspas secas em farinha, utilizou-se um moinho
martelo at atingir uma granulomtrica de 0,1 mm, cujo resultado foi de uma
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39
relao farinha de raspa/raiz de 1.3, que atende ao seguinte processo de
manufatora de produo.
O fluxograma do processo de farinha de raspa de mandioca mostrado
na figura 4.14.
RAIZ DE MANDIOCA
LAVAGEM
DESCASCAMENTO
CORTE
SECAGEM
MOAGEM
FARINHA DE RASPA
Figura 4.14 Fluxograma do Processamento da Farinha de Raspa Fonte: Aguiar, 2002
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40
5 O ESTADO E A AGRICULTURA NO BRASIL
A partir da Revoluo Industrial do sculo XVIII, com a transformao
estrutural das economias nacionais, a participao das atividades urbanas na
formao do produto nacional, aumentou gradativamente, causando a
dependncia das cidades de suprimentos alimentares e de matrias-primas de
origem rural. De acordo com Nbrega (1985), o papel que o campo desempenha
em relao cidade bastante relevante, no sentido de que quaisquer flutuaes
na oferta de produtos agrcolas tendenciam a afetar negativamente o consumidor
urbano, gerando a necessidade de aes governamentais destinadas a conferir
crescente segurana no suprimento de produtos agrcolas e matrias-primas
agrcolas, a preos estveis e relativamente baixos.
A poltica agrcola desenvolvida pelo governo deve atender s
necessidades em decorrncia das instabilidades geradas pelo setor agrcola. A
produtividade nacional reflete na oferta crescente de alimentos e de matrias-
primas, em gerao de poupanas para a formao de capital, em demandas
cada vez maiores por produtos industriais e particularmente de mquinas, tratores
e outros equipamentos agrcolas, fertilizantes e defensivos. Alm de gerar mais
divisas para o pas por intermdio das exportaes, fortalecendo o processo
dinmico da economia.
De acordo com Kindleberger (1976), a agricultura pode definir vrios
papis no desenvolvimento econmico e no apenas se manter de forma passiva,
enquanto o processo de desenvolvimento estimula a indstria, ou seja, h uma
relao positiva entre o crescimento agrcola e o crescimento dos demais setores.
Segundo Rao & Caballero (1990) Apud Souza (1999), essa relao existe
no apenas porque a agricultura apresenta grande participao no Produto Total,
mas tambm por suas interligaes intersetoriais como a indstria. Sendo assim o
crescimento agrcola provocaria um crescimento na economia, por intermdio de
um efeito multiplicador.
Conforme Kindleberger (1976), a agricultura desempenha vrias funes
no processo de desenvolvimento econmico, como:
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Liberar mo-de-obra para a indstria e evitar a elevao dos
salrios pagos, com a finalidade de no deprimir a taxa de lucro
e assegurar a acumulao contnua de capital;
Formar mercados para bens industriais, fortalecendo os
mercados urbanos;
Fornecer poupana para utilizao na indstria ou pelo governo,
para a implantao da infraestrutura econmica e social;
Gerar divisas estrangeiras atravs da exportao de produtos
agrcolas, para financiar o desenvolvimento, contrair importaes
e amortizar a dvida externa;
Fornecer alimentos e matrias-primas para o setor urbano-
industrial, na medida em que a demanda cresce com o
desenvolvimento e com o fortalecimento do processo de
urbanizao.
5.1 IMPORTNCIA DA AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL
A Agricultura vem desempenhando um papel muito importante na
economia do pas. Um dos indicadores dessa importncia o perfil das
exportaes e importaes agrcolas no Brasil, ou seja, o saldo da Balana
Comercial. Na dcada de 80, quando houve a crise da economia brasileira, surge
um direcionamento governamental em relao participao da agricultura no
crescimento econmico. (SANTO, 2001).
A importncia da agricultura familiar no Brasil destaca-se atravs do
abastecimento das mesas das famlias brasileiras e das indstrias de
Processamento de Produtos animais e vegetais. Alm de contribuir para o
desenvolvimento local, atravs da gerao de empregos e de ser a base para o
desenvolvimento agrcola e agroindustrial, proporcionando uma melhor
distribuio de renda e o fortalecimento do mercado interno nacional.
Segundo Guedes & Tavares (2001) apud Portugal e Flores (1998), a
agricultura familiar constitui-se em um grupo social que ocupa uma posio de
destaque na produo agropecuria brasileira, pela capacidade de produzir e
movimentar a economia nos mbitos local e nacional, utilizando de forma
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42
sustentada os recursos naturais e gerando postos de trabalho em ocupaes
sociais e economicamente produtivas.
De acordo com Rosa (2001), a agricultura familiar ocupa apenas 30% da
rea utilizada pela agricultura nacional, responsvel por 38% do valor bruto da
produo agrcola nacional, portanto so 14 milhes de pessoas envolvidas, que
corresponde a 77% do total da agricultura brasileira. Em relao propriedade
rural brasileira, h cerca de 4 milhes de estabelecimentos familiares,
representando mais de 85% do total de estabelecimentos rurais do pas.
As polticas pblicas em prol da agricultura familiar surgiram, no Brasil, a
partir de meado da dcada de 90 em decorrncia do contexto macroeconmico
de reforma do Estado. Foram dois os fatores principais que motivaram o
surgimento dessas polticas pblicas: a crescente necessidade de interveno
estatal frente ao quadro crescente de excluso e o fortalecimento dos movimentos
sociais rurais.
O crescimento da misria, da violncia e da insegurana nas grandes
cidades fez com que tambm crescesse o apoio da sociedade urbana s polticas
de valorizao do meio rural.
O governo atravs de polticas agrcolas criou em 1995, o Programa
Nacional para o Fortalecimento da Agricultura Familiar PRONAF, com o objetivo
de aumentar a produo agrcola, a gerao de ocupaes produtivas e a
qualidade de vida dos agricultores familiares. Atravs de concesso de 3 linhas
de crditos:
1. Financiamento de infra-estrutura e servios nos municpios
(PRONAF Infra-estrutura), voltado para implementao,
ampliao e modernizao da infra-estrutura na agricultura
familiar;
2. Financiamento da Produo da Agricultura Familiar (PRONAF
Crdito), com o objetivo de fomentar as atividades agropecurias
e no agropecurias dos agricultores e suas associaes;
3. Capacitao e Profissionalizao de agricultores familiares
(PRONAF Capacitao), proporciona conhecimentos
necessrios para a elaborao dos planos municipais de
desenvolvimento rural, habilidades e tecnologias de Processos
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43
de Produo, beneficiamento, agroindustrializao e
comercializao da produo familiar. (CABRAL e CORRA,
2001).
Segundo Cabral e Corra (2001), os produtores que esto tendo acesso
ao crdito esto integrados a agroindstria e as grandes redes de distribuio que
produzem fumo e soja para a exportao, concentrados nas regies Sul e
Sudeste. Observa-se uma pequena participao de liberaes para a produo
de arroz, feijo, mandioca e outras culturas que so destinadas ao mercado
interno. Como pode ser observado na tabela 5.1.
Tabela 5.1 Anurio Estatstico do Crdito Rural do Banco Central, para o ano de 1999.
Produto 1996 1997 1998 1999 Algodo 2,0 1,1 0,5 1,0 Arroz 2,2 1,8 1,4 2,1 Bovinos 1,3 0,6 0,3 0,9 Caf 4,7 1,6 1,3 1,8 Feijo 2,6 2,1 2,5 3,1 Fumo 26,1 20,2 18,3 15,2 Mandioca 0,7 2,0 1,0 2,3 Milho 23,6 11,2 10,5 13,3 Soja 15,5 13,3 13,4 7,9 Trigo 4,0 2,1 1,6 0,9 Hortifruticultura 6,0 4,6 2,9 - Outros 11,5 2,0 1,9 0,8 Crdito Rotativo 37,5 44,5 50,71 Total 100 100 100 100 Fonte: Silva, 1999
O Programa alm de financiar o produtor familiar,