A Terceira Geração da Escola dos Annales

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A terceira geração Não houve nesse período um domínio como nos tempos de Bloch, Febvre e Braduel. Por isso, a terceira geração é tida como uma geração difícil de traçar um perfil, pois estes historiadores vão trabalhar com uma história fragmentada, onde vão ser apontadas várias perspectivas e inúmeras vertentes de estudo dentro desta geração. A história nova como é conhecida a terceira geração teve como principais correntes do momento o retorno da história política, as mentalidades e o ressurgimento da narrativa histórica. A nova história política tem como característica o interesse pelo poder e a relação dos micropoderes existentes na vida cotidiana, o uso político dos sistemas de representação, abrindo espaço para a história vista de baixo, preocupada com as grandes massas anônimas, com o individuo comum, não apenas dando enfase mais excepcionalmente as grandes figuras da política e da diplomacia. As mentalidades têm como características o enfoque da sociedade relacionada ao mundo mental e aos modos de sentir, onde os seus olhares se dirigem para o universo mental, os modos de sentir, os âmbitos mais espontâneos das representações coletivas e também do inconsciente coletivo, analisando a vivencia, a subjetividade, como a pessoa sente, vive e percebe o mundo social que a cerca, onde o conceito de imaginário não trabalha a realidade em sim, mas a forma como esta é pensada ou representada pelos sujeitos sociais.

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Terceira Geração da Escola dos Annales

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A terceira gerao

No houve nesse perodo um domnio como nos tempos de Bloch, Febvre e Braduel. Por isso, a terceira gerao tida como uma gerao difcil de traar um perfil, pois estes historiadores vo trabalhar com uma histria fragmentada, onde vo ser apontadas vrias perspectivas e inmeras vertentes de estudo dentro desta gerao.A histria nova como conhecida a terceira gerao teve como principais correntes do momento o retorno da histria poltica, as mentalidades e o ressurgimento da narrativa histrica. A nova histria poltica tem como caracterstica o interesse pelo poder e a relao dos micropoderes existentes na vida cotidiana, o uso poltico dos sistemas de representao, abrindo espao para a histria vista de baixo, preocupada com as grandes massas annimas, com o individuo comum, no apenas dando enfase mais excepcionalmente as grandes figuras da poltica e da diplomacia. As mentalidades tm como caractersticas o enfoque da sociedade relacionada ao mundo mental e aos modos de sentir, onde os seus olhares se dirigem para o universo mental, os modos de sentir, os mbitos mais espontneos das representaes coletivas e tambm do inconsciente coletivo, analisando a vivencia, a subjetividade, como a pessoa sente, vive e percebe o mundo social que a cerca, onde o conceito de imaginrio no trabalha a realidade em sim, mas a forma como esta pensada ou representada pelos sujeitos sociais. A narrativa histrica e o seu retorno tm como caractersticas a questo relacionada micro historia que estuda as partes e no o todo, fazendo uma descrio detalhista e minuciosa.Os principais historiadores e intelectuais dessa gerao ou os mais destacados so: Phillipe ries, Jean Delameau, George Duby, Jacques Le Goff, Roger Chartier, Pierre Bordieu, Michel de Certau, Le Roy Ladurie e Michel Foucault.Phillipe ries tem seus interesses na relao entre a natureza e a cultura e as formas pela qual uma cultura v e classifica fenmenos tais como infncia e morte.Jean Delameau possua o estilo americano de pisicohistria, orientando no sentido de estudo dos indivduos, at finalmente encontrar a psicologia histrica francesa, onde se dirige a pesquisa no sentido dos grupos, ou seja, fazia a interao entre o pensamento individual e do grupo, ou da cultura imposta para se compreender um determinado processo histrico.Le Roy Ladurie tem seus interesses pela antropologia social, fazendo anlise de estruturas de classes no inicio da sociedade moderna, onde faz uma anlise estrutural das lendas, os estudos dos gestos simblicos da vida social, tratando os acontecimentos como ralao ou respostas as mudanas estruturais.Le Goff e Duby so historiadores medievalistas que trabalham com o imaginrio social, o primeiro e o segundo com ideologias. Le Goff insiste na mediao de estruturas mentais, de hbito de pensamento ou de aparatos intelectuais ou em outras palavras mentalidades, onde faz uma relao entre o material e o mental no decorrer das mudanas sociais, atravs da representao coletiva da sociedade feudal e sua estrutura tripartite. Duby preocupa-se com a histria das ideologias, da reproduo cultural e do imaginrio social e econmico da Frana medieval, em que procura combinar com a histria das mentalidades, fazendo uma relao da representao coletiva da sociedade dividida em trs partes: os que rezam os que guerreiam e os que trabalham. Duby acredita que a ideologia, no um reflexo passivo da sociedade, mas um projeto para agir sobre ela, onde integra a relao do imaginrio dos indivduos com a sua existncia real.Bordieu e Certau abordaram uma histria antropolgica, onde Bordieu possui o ideal de educao como reproduo social. Certau foi um especialista da histria da religio, porm contribuiu em outros trs campos: analisando a poltica da linguagem, o estudo do coletivo sobre a vida cotidiana e a escrita da histria social concentrando-se sobre o processo que descreve a construo do outro, freqentemente o inverso da imagem que se tem de si mesmo.Roger Chartier trabalha com a histria dos livros, onde se preocupa com a mudana na abordagem da histria e com a sua reescrita, com as transformaes sofridas pelos textos particulares quando adaptados s necessidades do pblico ou escalamento de pblicos sucessivos.Michel Focault tem seu estudo voltado a historia cultural da sociedade e sobre o imaginrio coletivo, onde a histria cultural da sociedade ou a sociedade em si mesma uma representao coletiva.O que se pode concluir que a terceira gerao dos Annales no se preocupou apenas com uma vertente ou perspectiva, porm a uma busca da construo de uma histria totalizante, procurando cada um de acordo com sua tendncia historiogrfica fazer um estudo na rea em que so especialistas, onde transferido o estudo da base econmica superestrutura cultural, trata-se em primeiro lugar de uma mudana que vai do Poro ao Sto.Referencia bibliogrficaBURKE, Peter. A Escola dos Annales: (1929 - 1989). So Paulo: UNESP, 1991