A Revolução têxtil: técnica e criação na produção mecanizada

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Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP Curso de Pós-Graduação em Design Gráfico: Conceito e Aplicação Aluno: Edson Neiva Mutran Jr. Matrícula: 2113102007 Disciplina: Desenho e Estampa Coordenador: Carlos Eduardo L. Perrone Trabalho Complementar na Disciplina Desenho e Estampa A Revolução têxtil: técnica e criação na produção mecanizada A Revolução Industrial e a produção têxtil Ao final do século XVIII e início do século XIX verificou-se um grande avanço da tecnologia industrial com a interferência direta das máquinas na produção manual, substituindo quase que totalmente a mão-de-obra humana. Até então, a população deste período vivia apenas de sua produção de maneira artesanal. Com a Revolução Industrial (1850) o setor têxtil sofreu grandes mudanças. Neste sentido, é possível identificar uma contribuição do design nas mudanças deste setor, pois com a industrialização houve o aumento da procura por tecidos, que consequentemente contribuiu para a produção em larga escala de produtos voltados para bens de consumo. 1 1 “Na metade do século XIX, de todas as indústrias manufatureiras britânicas, somente a produção têxtil estava amplamente mecanizada” (FORTY, 2007, p.63).

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Trabalho da disciplina Desenho e Estampa.

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Fundao Armando Alvares Penteado FAAPCurso de Ps-Graduao em Design Grfico: Conceito e AplicaoAluno: Edson Neiva Mutran Jr. Matrcula: 2113102007Disciplina: Desenho e EstampaCoordenador: Carlos Eduardo L. PerroneTrabalho Complementar na Disciplina Desenho e EstampaA Revoluo txtil: tcnica e criao na produo mecanizada

A Revoluo Industrial e a produo txtil

Ao final do sculo XVIII e incio do sculo XIX verificou-se um grande avano da tecnologia industrial com a interferncia direta das mquinas na produo manual, substituindo quase que totalmente a mo-de-obra humana. At ento, a populao deste perodo vivia apenas de sua produo de maneira artesanal. Com a Revoluo Industrial (1850) o setor txtil sofreu grandes mudanas. Neste sentido, possvel identificar uma contribuio do design nas mudanas deste setor, pois com a industrializao houve o aumento da procura por tecidos, que consequentemente contribuiu para a produo em larga escala de produtos voltados para bens de consumo. [footnoteRef:1] [1: Na metade do sculo XIX, de todas as indstrias manufatureiras britnicas, somente a produo txtil estava amplamente mecanizada (FORTY, 2007, p.63).]

Isto ocasionou em um primeiro momento a rejeio desses produtos feitos em larga escala por parte de grandes reformadores do design na poca, criando, em contrapartida, um movimento de valorizao dos produtos artesanais.[footnoteRef:2] Em meio a este cenrio, eventos foram criados para exibir produtos feitos manualmente ao lado dos que eram produzidos em larga escala, na tentativa de enaltecer a esttica mais rica e pura dos produtos artesanais. Ainda nesse momento, o design no estava diretamente associado ao novo avano tecnolgico. O lucro gerado por essa produo em massa era grande, mas a quantidade de mo-de-obra sofreu drstica diminuio. No entanto, a demanda por profissionais do design s aumentou, assim como o preo de seus desenhos. [2: Aqui refiro-me Grande exposio de 1851 (Idem).]

Na produo de peas de roupas, os tecidos eram comprados de sweaters[footnoteRef:3] que ao receberem os pedidos os direcionavam aos alfaiates e costureiras. Estes por sua vez, passaram a atuar fora de seus atelis, concentrando-se no ambiente fabril e modificando o seu modo de trabalho. Desta forma, a maior parte da produo txtil passou a ser mecanizada e com isso a produo de peas de roupa cresceu, assim como a complexidade destas peas (aplicao de adornos). [3: (...) eram efetivamente pequenos capitalistas que ganhavam dinheiro explorando a fora de trabalho dos alfaiates e costureiras que produziam para eles. (Ibdem, p.74).]

Ainda no sculo XIX, na Gr Bretanha, em vistas a estas mudanas e ao destaque do trabalho dos designers, houve a criao de leis que estabeleciam os direitos de propriedade destes profissionais sobre seus trabalhos, devido grande facilidade em reproduzir seus projetos de forma mecanizada. O cenrio era de grande prosperidade econmica, porm, foi se tornando ainda mais competitivo com o desenvolvimento de novas tcnicas de design e a insero da Frana na disputa por esse mercado.

A produo txtil contempornea

Na era contempornea, fica evidente que no se encontram mais as mesmas dificuldades na produo txtil verificadas nos sculos passados. A mecanizao e o alto e rpido desenvolvimento tecnolgico atual, no s elevaram a produo a nveis inimaginveis, como facilitaram ainda mais o trabalho dos designers e a realizao de seus projetos. Novas mquinas e a informatizao dos processos de criao e produo abriram novas possibilidades para o desenvolvimento de estampas.Diferentemente dos sculos anteriores, a utilizao de programas de computador facilitou a construo desenhos e padres de estamparia. possvel cri-los a partir de formas geomtricas e suas combinaes[footnoteRef:4], assim como pensar novos padres que vo alm dos desenhos manuais e da imaginao do criador. O mesmo avano tecnolgico se aplica aos equipamentos de ltima gerao que produzem as estampas e tecidos. [4: Podemos retomar aqui alguns princpios do desenho e suas formas, pois a criao de uma estampa prev uma unidade ou padronizao para compor o desenho a ser impresso. A discusso mais aprofundada sobre a questo dos padres e suas estruturas pode ser encontrada no livro Forma e desenho de Wucius Wong (1998).]

No comeo do sculo XIX ainda eram utilizados mtodos de estamparia em algodo, por exemplo, feitos atravs de blocos e placas de madeira gravados.[footnoteRef:5] Este modo de produo era o mais rpido para a poca at a chegada das mquinas com prensa cilndrica, resultando em uma enorme acelerao na produo txtil. Atualmente o mtodo com cilindros continua a ser utilizado, juntamente impresso digital, revolucionando a produo atravs da juno destes dois mtodos muito menos agressivos ao meio ambiente. [5: FORTY, 2007, p.67-70]

Hoje, o mercado txtil capaz de alcanar infinitas possibilidades, produzindo a estampa de acordo com a necessidade de seu cliente e, podendo utilizar os mais diversos tipos de tecido sempre com a mais alta qualidade de impresso. Desta forma, a inspirao do designer no encontra limites tcnicos ou muito poucos , pois a criao pode passar facilmente do papel para o computador e, em seguida, para o tecido. A padronizao de formas geomtricas sempre esteve presente nas estampas e ainda utilizada, mas hoje possvel ir alm delas ou combin-las, criando novos padres (por exemplo, a releitura de uma estampa clssica, como o pied de poule).Assim como a tcnica nos permite trabalhar com as formas, o mesmo acontece com as cores. Com maquinrio de alta tecnologia desenvolvido para ser o mais preciso possvel, consegue-se a mesma preciso na traduo das cores para o tecido. Vejamos o exemplo da empresa La Estampa cuja proposta produzir um material de alta qualidade e que encontre na tecnologia disponvel a possibilidade de aplicar as novas tendncias na prtica de seus projetos.O processo de criao muito mais amplo, pode ser feito atravs da internet, visitando as tendncias de outros pases sem que seja preciso se deslocar.[footnoteRef:6] Isso no s facilita o trabalho como propicia uma troca de informaes muito mais rpida em grande volume. Sendo assim, difcil no estar a par do que acontece no mercado. [6: Acessado em: 06 de julho de 2015 s 00:09.]

Quanto ao modo de produo contemporneo a tecnologia se tornou um de seus aliados, pois com ela obteve-se no somente um aumento quantitativo na produo, mas tambm a qualidade de seus produtos e processos pode ser observada em casos como da empresa Pano Digital. A tecnologia ento usada para diminuir os impactos causados na sociedade e no meio ambiente, sem deixar de lado a beleza da arte da estampa.[footnoteRef:7] [7: Acessado em: 06 de julho de 2015 s 00:11.]

Desta forma, pode-se observar que a revoluo tcnica iniciada no sculo XIX produz ainda hoje mudanas significativas no modo de trabalhar e pensar a arte. A indstria txtil acompanha essas transformaes e capaz de reinventar-se e se adaptar as novas demandas do sculo XXI. Hoje possvel obter o produto de melhor qualidade, em material, cor etc, sem deixar de lado a preocupao com os impactos da produo. As novas tendncias ecolgicas podem ser incorporadas s tendncias artsticas mundiais. Sendo assim, o trabalho do designer buscar as ferramentas necessrias para desenvolver suas ideias.

BibliografiaFORTY, Adrian. Objetos de Desejo Design e sociedade desde 1750. So Paulo: Cosac Naify, So Paulo, 2007. WONG, Wucius. Princpios de Forma e Desenho. So Paulo: Martins Fontes, 1998.

Referncias em formato eletrnicoLa Estampa Disponvel em: Pano Digital Disponvel em: < http://www.panodigital.com.br/>