A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA INDEPENDENTE

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A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA INDEPENDENTE Uma Visão Panorâmica e Crítica O objetivo do presente texto é apresentar de forma resumida uma visão ampla e critica da psicologia contemporânea. Recentemente surgiu o conceito de ciência para psicologia, e mais recente ainda que começaram a elaborar os primeiros projetos de psicologia como ciência independente, ela surgiu a partir da segunda metade do séc. XIX. Só então passou a existir a figura do psicólogo, e assim foram criadas as instituições voltadas para a produção e transmissão de conhecimento psicológico. O objetivo da Psicologia É preciso lembrar que a psicologia tem um objetivo próprio e métodos adequados ao estudo desse objeto, que é o homem, ou seja, ela é capaz de firmar-se como uma ciência independente das outras áreas do saber. A Psicologia como Ciência Independente Embora todas as demais ciências estudem o comportamento humano dentro de sua própria área, a psicologia como ciência procura compreender, entender o comportamento da mente num parâmetro abrangente. A situação da Psicologia Científica Portando a sua situação é firmar- se como uma ciência entre as ciências: biológicas, exatas, sociais etc.; ou seja, a principal função é tentar compreender as origens e as implicações dessa disciplina, por mais caótica que ela seja ou nos pareça. PRECONDIÇÕES SOCIOCULTURAIS PARA O APARECIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA NO SÉCULO XIX Condições de Conhecimento Psicológico As duas condições necessárias para conhecer cientificamente o “psicológico”, são: (A) Uma experiência muito clara da

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A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA INDEPENDENTE

Uma Visão Panorâmica e Crítica

O objetivo do presente texto é apresentar de forma resumida uma visão ampla e critica da psicologia contemporânea.Recentemente surgiu o conceito de ciência para psicologia, e mais recente ainda que começaram a elaborar os primeiros projetos de psicologia como ciência independente, ela surgiu a partir da segunda metade do séc. XIX.Só então passou a existir a figura do psicólogo, e assim foram criadas as instituições voltadas para a produção e transmissão de conhecimento psicológico.

O objetivo da Psicologia É preciso lembrar que a psicologia tem um objetivo próprio e métodos adequados ao estudo desse objeto, que é o homem, ou seja, ela é capaz de firmar-se como uma ciência independente das outras áreas do saber.

A Psicologia como Ciência Independente Embora todas as demais ciências estudem o comportamento humano dentro de sua própria área, a psicologia como ciência procura compreender, entender o comportamento da mente num parâmetro abrangente.

A situação da Psicologia Científica Portando a sua situação é firmar-se como uma ciência entre as ciências: biológicas, exatas, sociais etc.; ou seja, a principal função é tentar compreender as origens e as implicações dessa disciplina, por mais caótica que ela seja ou nos pareça.

PRECONDIÇÕES SOCIOCULTURAIS PARA O APARECIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA NO SÉCULO XIX

Condições de Conhecimento Psicológico As duas condições necessárias para conhecer cientificamente o “psicológico”, são:(A) Uma experiência muito clara da subjetividade privatizada.(B) A experiência da crise dessa subjetividade.

A experiência e a crise da Subjetividade Privatizada

Ter uma experiência da subjetividade privatizada bem nítida, para nós é muito fácil e natural (experiência íntima que ninguém tem acesso) Ex: Sentimos como, alegrias e tristezas intensas que às vezes procuramos escondê-las.Ainda com a maior freqüência, temos a sensação de que aquilo que estamos vivendo nunca foi vivido antes por ninguém, de que a nossa vida é única e o que sentimos e pensamos é totalmente original e quase incomunicável, isto pode se denominar como

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crise da subjetividade privatizada.No Campo das Artes O indivíduo expressa seus sentimentos e desejos

muitas vezes opostos ao que a sociedade dele espera.No Campo Religioso O pensamento acompanha esse processo de

subjetivação e individualização, que nos momentos de crise de desagregação sociocultural surgem novos sistemas religiosos, ou variantes de antigos, e absurdos que enfatizam a responsabilidade individual e atribuem a consciência e as intenções mais valor do que aos próprios atos e obras.

No Campo Pessoal Boa parte de nós, sentimos bastante incômodo quando esta crença é colocada em dúvida, ou seja, resistimos a ideia de que não temos controle de nossas vidas, em geral não estamos dispostos a por em risco nossos valores, essa imagem é completamente ilusória, e uma das tarefas da psicologia será talvez a de revelar essa ilusão.

CONSTITUIÇÃO E DESDOBRAMENTOS DA NOÇÃO DE SUBJETIVIDADE NA MODERNIDADE

Noção de Subjetividade De forma simples, podemos dizer que nossa noção de subjetividade data aproximadamente dos últimos três séculos: da passagem do Renascimento para a Idade Moderna.

Sujeito Moderno O sujeito moderno teria se constituído nessa passagem e sua crise viria a se consumar no final do século XIX.

A importância do Renascimento (mudança na atitude do homem)

O Renascimento nos trouxe a perda de referências, lançando o homem numa condição de desamparo, essa experiência fazia com que o homem se sentisse parte de uma ordem superior que o amparava e o constrangia ao mesmo tempo.

O que foi o Renascimento O Renascimento foi por tudo isto, um período muito rico em variedade de formas, experiências e de produção intensa do conhecimento

E Deus onde fica? A crença em Deus não desapareceu, mas se distanciou e colocou-se sobre o mundo, e deram importância ao materialismo, admitindo como realidade apenas a matéria, explicando os fenômenos não por reflexões ou mitos, mas pela observação da realidade, substituindo Deus pela razão ou pelo homem.

Difusão da Leitura Silenciosa No século XVI surgem diversos personagens reais e fictícios, donos de um “mundo interno” rico e profundo, com isto contribuíram também para a construção da particularidade dos leitores.O surgimento da imprensa proporcionou uma das experiências mais decisivas da modernidade: A DIFUSÃO DA LEITURA.Uma das principais possibilitações foi o acesso da leitura aos textos sagrados, que antes eram apenas permitidos aos sacerdotes, surgindo assim à reforma protestante, através de Martinho Lutero.

As Influências dos Pensadores * Michel de Montaigne (1533 – 1592) Ele trouxe o

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surgimento da valorização de cada indivíduo, da construção de individualidade única. Atribuíram as suas obras como um fruto de sua própria vaidade, pois ele valorizava o seu “eu”, e ao mesmo tempo Montaigne denunciava a grande ilusão do homem de possuir o conhecimento do mundo, e isto fez renascer os valores céticos.* Pico Della Mirandola (1463 – 1494) Chegou à concepção de que a liberdade teria sido o grande e exclusivo dom que Deus teria dado ao homem.

*René Descartes (1596 – 1650) os estudos sobre a modernidade se identificam com os pensamentos de Descartes, o fundador do racionalismo moderno. A modernidade é complexa e longa, mas ele foi um marco estabelecendo condições de possibilidade para obtermos um conhecimento seguro da verdade. Uma de suas frases mais conhecidas é “Penso, logo existo!”, tomando como realidade a capacidade de que o homem pensa,e se pensa ele existe, e existindo, a verdade reside dentro dele.

*Francis Bacon (1561 – 1626) Fundador do moderno empirismo, sua preocupação era a mesma que Descartes, estabelecer bases seguras para o conhecimento válido.

A CRISE DA MODERNIDADE E DA SUBJETIVIDADE MODERNA EM ALGUMAS DE SUAS EXPRESSÕES FILOSÓFICAS

Expondo o assunto A crença de que o homem pode atingir a verdade absoluta e indubitável, desde que siga estritamente os preceitos do método correto, o racional de Descartes ou o empírico de Bacon acabou por ser criticado no século seguinte.

Iluminismo Este movimento surgiu na França do século XVII e defendia o domínio da razão sobre a visão teocêntrica que dominava a Europa desde a Idade Média. Segundo os filósofos iluministas, esta forma de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade.

* Os ideais iluministas: Os pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que o pensamento racional deveria ser levado adiante substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que, segundo eles, bloqueavam a evolução do homem. O homem deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as questões que, até então, eram justificadas somente pela fé.

Romantismo Nasceu no final do século XVIII, na Alemanha,

exatamente como uma crítica ao Iluminismo.

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*Ideais do Romantismo: é a ideia confiante de que o homem é essencialmente um ser racional, é a contraposta de que o homem é um ser passional e sensível. O Romantismo representa uma crítica a modernidade e uma saudade de um estado anterior perdido, trazendo a experiência de que o homem possui níveis de profundidade que ele mesmo no entanto desconhece.

Sistema Mercantil e Individualização O ideal principal deste contexto é o seguinte: Vender o seu melhor e comprar aquilo que necessita para sobrevivência, porém todos que compram ou vendem precisam ter um lucro sobre a negociação, isto é, pesquisar o melhor preço entre os valores estabelecidos pelos fornecedores. Partindo desta idéia de pensamento o individuo que não tem sua especialidade, usa de sua mão de obra a fim de conseguir sustento para suas necessidades, gerando assim um processo individual para que não saia no prejuízo perante o sistema mercantil.

IDEOLOGIA LIBERAL ILUMINISTA, ROMANTISMO E REGIME DISCIPLINAR

Formas de pensamento Nos séculos XVIII e XIX, desenvolveram-se na cultura ocidental duas formas de pensamento do subjetivo privado numa sociedade mercantil em pleno processo de desenvolvimento.

Ideologia liberal Iluminista Suas principais idéias manifestaram-se na Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade), os homens sendo iguais em capacidade e direitos, ou seja, livres. Todos devem ser solidários uns com os outros, afim de que a liberdade não se transforme em um caos.

A CRISE DA SUBJETIVIDADE PRIVATIZADA OU A DECEPÇÃO NECESSÁRIA

Por dentro do assunto A subjetividade privatizada entra em crise quando se descobre que a liberdade e a diferença são, em grande medida, ilusões, quando se descobre a presença forte, mas sempre disfarçada, das Disciplinas em todas as esferas da vida, inclusive nas mais íntimas e profundas, com esta crise surgiu à psicologia.

Pondo em prática o pensamento Pensar acerca das causas e do significado de tudo que fazem, sentem e pensam sobre eles mesmos. Os tempos estão ficando maduros para uma psicologia cientifica.

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A PRÁTICA CIENTÍFICA E A EMERGÊNCIA DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

Conhecimento Científico: Privacidade e diferença

As condições socioculturais deram base para elaborar os projetos de psicologia como ciência independente. Para compreender com mais clareza o começo da psicologia “científica” devemos analisar o que se passava entre os cientistas e os filósofos do séc. XIX, pois eles iniciaram a demarcação desse novo domínio de conhecimento: ciência.

Contradições nas práticas científicas modernas O cientista sente-se com o poder e direito de lidar com os fenômenos naturais para conhecê-los, desvendar seus mistérios, dominá-los, manipulá-los em experimentos bem controlados, etc.

Ponto de Vista da Ciência Moderna Ela está baseada na suposição de que o homem é o senhor que tem o poder e o direito de colocar a natureza seu serviço.

A experiência subjetiva individualizada Visa elaborar suas crenças e avaliá-las a partir de suas experiências pessoais, de suas conveniências e interesses, livres das restrições impostas pelas tradições.

O progresso da Ciência Assim que o homem, o sujeito individual, deixa de ser apenas um possível pesquisador para vir a se tornar um possível objeto da ciência. Epistemologia (teoria do conhecimento) e a Metodologia (regras e procedimentos da produção do conhecimento válido) são ferramentas da psicologia.

Questões relacionadas aos temas abordados:

1)O que foi o Renascimento?

Um período muito rico em variedade de formas, experiências e produção intensa de conhecimento, ou seja, mudança na atitude do homem.

2)A psicologia esta ai, com suas pretensões de autonomia e, independentemente da conclusão a que cheguemos, o que é importante tentar compreender?

O importante é tentar compreender as origens e as implicações da existência dessa disciplina, por mais caótica que ela seja ou nos pareça.

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FIGUEIREDO, Luis Claudio M., SANTI, Pedro Luiz Roberto. Psicologia Uma nova introdução. São Paulo: EDUC, 2003.

Fizemos um fichamento sobre as páginas 13 à 57, conforme foi solicitado pela Profª. Mª Eufrásia, docente da disciplina Epistemologia da Psicologia das Faculdades Integradas Einstein

de Limeira (FIEL).

Alunos do 1º Semestre de Psicologia:Franciele Verzenhassi

Lucas Ant. BorgesSarah G. P. Miranda

Março/2011

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EPISTEMOLOGIA

DA

PSICOLOGIA