A Psic No Inicio Da Escolastica

21
Introdução «Começamos com um paradoxo, ou com uma contradição aparente, observando que a psicologia é uma das disciplinas académicas mais antiga e, ao mesmo tempo, uma das mais modernas. 1 » As investigações sobre o comportamento e a natureza humana remontam ao século V a. C., quando os filósofos gregos como Platão e Aristóteles, empenhavam-se para resolverem muitos dos problemas de interesse dos psicólogos até hoje tais como memória, aprendizagem, a motivação, o pensamento etc., mas no entanto poderíamos levar uma questão que é a nosso ver pertinente na medida em que tratamos da demarcação de uma disciplina com o seu passado histórico. Como distinguir entre a psicologia moderna da psicologia antiga? Esta distinção esta mais relacionada com a metodologia em busca da resposta do que com os tipos de questionamentos acerca da natureza humana. Em suma a diferença metódica. Não é nosso objectivo fazer uma abordagem exaustiva da história da psicologia senão, de uma forma lacónica dum curto período do desenvolvimento histórico da Psicologia, referimo-nos concretamente a PSICOLOGIA NO INICIO DA ESCOLASTICA. Este labor é constituído de vários subtemas que se entrelaçam, como fundamento da abordagem em epígrafe. O nominalismo e o realismo medieval consequência da contradição entre o materialismo e o idealismo, veremos ainda a psicologia de Tomas de Aquino, por fim falaremos das condições sócias dos povos árabes e de alguns sábios 1 P.SCHULTZ Duane, e ELLEN SCHULTZ Sidney, História da Psicologia Moderna. 8 Ed. São Paulo Cap. 1

description

trata do pensamento psicologia no período escolástico

Transcript of A Psic No Inicio Da Escolastica

Page 1: A Psic No Inicio Da Escolastica

Introdução

«Começamos com um paradoxo, ou com uma contradição aparente, observando que a psicologia é uma das disciplinas académicas mais antiga e, ao mesmo tempo, uma das mais modernas.1» As investigações sobre o comportamento e a natureza humana remontam ao século V a. C., quando os filósofos gregos como Platão e Aristóteles, empenhavam-se para resolverem muitos dos problemas de interesse dos psicólogos até hoje tais como memória, aprendizagem, a motivação, o pensamento etc., mas no entanto poderíamos levar uma questão que é a nosso ver pertinente na medida em que tratamos da demarcação de uma disciplina com o seu passado histórico. Como distinguir entre a psicologia moderna da psicologia antiga? Esta distinção esta mais relacionada com a metodologia em busca da resposta do que com os tipos de questionamentos acerca da natureza humana. Em suma a diferença metódica.

Não é nosso objectivo fazer uma abordagem exaustiva da história da psicologia senão, de uma forma lacónica dum curto período do desenvolvimento histórico da Psicologia, referimo-nos concretamente a PSICOLOGIA NO INICIO DA ESCOLASTICA. Este labor é constituído de vários subtemas que se entrelaçam, como fundamento da abordagem em epígrafe. O nominalismo e o realismo medieval consequência da contradição entre o materialismo e o idealismo, veremos ainda a psicologia de Tomas de Aquino, por fim falaremos das condições sócias dos povos árabes e de alguns sábios árabes. O trabalho consta ainda de uma conclusão e uma nota bibliográfica.

1 P.SCHULTZ Duane, e ELLEN SCHULTZ Sidney, História da Psicologia Moderna. 8 Ed. São Paulo Cap. 1

Page 2: A Psic No Inicio Da Escolastica

CAPITULO I: PSICOLOGIA NO INÍCIO DA ESCOLASTICA

A Escolástica é uma linha dentro da filosofia medieval, de acentos notadamente cristãos, surgida da necessidade de responder às exigências de fé, ensinada pela Igreja, considerada então como a guardiã dos valores espirituais e morais de toda a Cristandade. Por assim dizer, responsável pela unidade de toda a Europa, que comungava da mesma fé. A Filosofia que até então possuía traços marcadamente clássicos e helenísticos sofreu influências da cultura judaica e cristã, a partir do século V, quando pensadores cristãos perceberam a necessidade de aprofundar uma fé que estava amadurecendo, numa tentativa de harmonizá-la com as exigências do pensamento filosófico. Alguns temas que antes não faziam parte do universo do pensamento grego, tais como: Providência e Revelação Divina e Criação a partir do nada passaram a fazer parte de temáticas filosóficas. A Escolástica possui uma constante de natureza neoplatônica, que conciliava elementos da filosofia de Platão com valores de ordem espiritual, reinterpretadas pelo Ocidente cristão. E mesmo quando Tomás de Aquino introduz elementos da filosofia de Aristóteles no pensamento escolástico, esta constante neoplatônica ainda é presente.

Basicamente, a questão chave que vai atravessar todo o pensamento escolástico é a harmonização de duas esferas; a fé e a razão. O pensamento de Agostinho, mais conservador, defende uma subordinação maior da razão em relação à fé, por crer que esta venha restaurar a condição decaída da razão humana. Enquanto a linha de Tomás de Aquino defende uma certa autonomia da razão na obtenção de respostas, por força da inovação do aristotelismo, apesar de em nenhum momento negar tal subordinação da razão à fé.

Para a Escolástica, algumas fontes eram fundamentais no aprofundamento de sua reflexão; os filósofos antigos, as Sagradas Escrituras e os Padres da Igreja, autores dos primeiros séculos cristãos que tinham sobre si a autoridade de fé e de santidade.

Os maiores representantes do pensamento escolástico são os dois pensadores citados acima, que estão separados pelo tempo e pelo espaço: Agostinho de Hipona, nascido no norte da África no fim do século IV e Tomás de Aquino, nascido na Itália do século XIII. Embora seja arriscado dizer que sejam as únicas referências relevantes do período medieval, ambos conseguiram sintetizar questões discutidas através de todo o período; Agostinho enquanto mestre de opinião relevante e autoridade moral e Tomás de Aquino, pelo uso de caminhos mais eficazes na obtenção de respostas até então em aberto.

Outros nomes da Escolástica são; Alberto Magno, Robert Grosseteste, Roger Bacon, Boaventura de Bagnoreggio, Pedro Abelardo, Bernardo de Claraval, Escoto Eriúgena, Anselmo de Aosta e João Duns Scot

Page 3: A Psic No Inicio Da Escolastica

Alguns talvez poderiam perguntar-se mais afinal de contas o que é que a escolástica trouxe de novo para a psicologia? Um dos temas fundamentais que a escolástica introduziu foi o conceito de imortalidade da alma, consequência da natureza humana outro aspecto é a dimensão da fé a crença numa vida plena após a morte. Estes temas implicaram uma mudança de comportamento do homem que procura conhecer o sumo bem e orientar-se segundo a sua vontade. Quando falarmos sobre a psicologia de são Tomas veremos claramente esta dimensão.

2.1-NOMINALISMO E REALISMO MEDIEVAL DO SÉCULO IX-XIII

Como dissemos na introdução, o realismo e o nominalismo são consequências de duas maneiras de encarar a realidade o idealismo e o materialismo. Começamos a nossa abordagem destrinçando os termos:

Nominalismo: entende-se por nominalismo a teoria segundo o qual nada há de universal no mundo para além das denominações, porque as coisas nomeadas são todas individuais e singulares2. O nominalismo desenvolveu-se a partir da Idade média, com Guilherme de Occam e constitui uma resposta ao problema dos universais: haverá realidades universais que correspondem às palavras gerais das quais nos servimos (homens, beleza, cão.)? Alguns filósofos, sustentando aquilo a que chamamos um realismo da significação, respondem efectivamente pela afirmativa: se a beleza é um nome então qualquer coisa como a beleza em si ou a essência da beleza existe na realidade. Isso conduziu Platão a afirmar a existência de um mundo inteligível.

Ao mesmo problema, os nominalistas dão uma resposta inversa: os nomes apenas são etiquetas graças ás quais podemos representar as classes de indivíduos; as ideias não têm um objecto geral: são abstracções obtidas por intermédio da linguagem. O nominalismo em suma permite assim uma crítica radical das entidades metafísicas e foi sobretudo defendido por filosofias empiristas.

Realismo: toda doutrina que afirma que existe uma realidade independente do pensamento.

O realismo é uma atitude espontânea. Naturalmente, pensamos que a realidade não apenas existe no exterior do nosso espírito, mas também que o nosso espírito nos permite conhecê-la. Ora esta forma de realismo é justamente o que recusa a filosofia, na medida em que critica as certezas imediatas e mal fundamentadas. Exemplar relativamente a este tema é os esforços de Platão, que desenvolve um realismo de segundo nível, em completa oposição com o realismo… «ingénuo» e não reflectido. Nos seus Diálogos, Platão esforça-se por demonstrar que o mundo sensível que acreditamos conhecer é um facto que muda, contraditório. A única realidade, a realidade verdadeira, é segundo ele, a do mundo inteligível. As ideias que servem de fundamento às coisas, existem externamente a estas últimas e ao nosso espírito. Em suma este realismo exprime a doutrina segundo o qual as ideias gerais ou universais, existem no exterior do espírito que as concebe.

2 CLÉMENT Elisabeth, DEMONQUE chantal at all dicionário prático de Filosofia. 2 Ed. Terramar. Pag.270

Page 4: A Psic No Inicio Da Escolastica

Em quanto o nominalismo nega a possibilidade da constituição de uma ciência, o realismo abre as portas para a criação de uma ciência experimental cujo método se baseia-se na experiencia.

2.2- A PSÍCOLOGIA DE SÃO TOMÁS DE AQUINO

Não é nossa pretensão fazer uma abordagem exaustiva sobre a doutrina filosófica de São Tomás de Aquino, embora tal seria necessária para compreendermos melhor aquele aquém a escolástica deveu seu maior contributo. Razão pela qual, falaremos do seu percurso e posteriormente da sua psicologia.

A). Tomás de Aquino (1225-1274) foi o filósofo medieval mais desenvolto no tratamento da filosofia da religião, ao mesmo tempo que reorientou o questionamento, até então dominantemente platônico-agostiniano, para um tratamento cristalinamente aristotélico. Legítimo europeu, de origem alemã pelo lado paterno, normando pelo lado materno, nascido italiano, no Castelo de Rocca Secca, dos Condes de Aquino, uma pequena localidade perto de Nápoles. Feitos estudos de filosofia na universidade de Nápoles, seguiu em 1245 para Paris, agora como ingresso na Ordem dos Dominicanos, contrariando a vontade de seus progenitores.

Teve uma actuação expressiva em diversos estabelecimentos de ensino, ao mesmo tempo que uma produção abundante, em um curto espaço de vida, de apenas 49 anos.

Em 1248 deixou Paris, com seu mestre, o seu companheiro de Ordem, Alberto Magno, para fundarem os Estudos Gerais (Studium Generale), de Colónia, na Alemanha. Retornou em 1252 a Paris. Obteve o grau de mestre em 1257, o que lhe facultava ensinar agora publicamente. Entretanto já vinha leccionando desde antes no âmbito de sua Ordem, e já produzira alguns textos. Em Paris, seu principal magistério foi de 1256 a 1259.

Seguiu para a corte pontifícia, leccionando na Itália de 1260 a 1268. De novo actuou em Paris, de Janeiro de 1269 a 1272, desta vez em forte conflito com o averroismo.   Por último, passou 2 anos na Itália, - Anagni, Orvieto, Roma, Nápoles, - aqui até o começo de 1274, leccionando nos Estudos Gerais (Studium Generale), que ali estavam sendo instalados. Seguindo em Março daquele ano de 1274 para o Concílio de Lyon, morreu no curso da viagem, prematuramente.

B). A Filosofia Tomista, conforme se fez conhecer o sistema de Tomás de Aquino, é a filosofia de Aristóteles como foi criada em seus fundamentos, enucleada em suas virtualidades, sobretudo de seu fundamento gnosiológico e de sua ontologia, dali seguindo para uma teologia natural coerente.

a) Já na gnosiológia começa a diferença do aristotelismo Tomista com o platonismo e seu derivado agostiniano.  

Page 5: A Psic No Inicio Da Escolastica

Saem juntos bem no início, porque de um e de outro lado se admite o realismo imediato. Não ocorre neles o realismo mediato, como acontecerá depois com Descartes.   Ambos os lados ainda são racionalistas, todavia o platonismo e o agostinianismo são racionalistas radicais, enquanto Aristóteles e Tomás de Aquino são racionalistas moderados.   Tomás se estabeleceu num racionalismo moderado, como o de Aristóteles e Pedro Abelardo, com o ponto de partida no ser captado pela inteligência no âmbito do conhecimento sensível.   Posto o ser sensível, dela a inteligência abstrai o ser inteligível, para a seguir caminhar para os novos resultados da especulação sem nunca ultrapassar o âmbito limitado daquele primeiro ser, que serviu de ponto de partida. Portanto, todos os cumes alcançados pela metafísica do ser são atingidos senão por analogia com o ser intuído pela inteligência no ser sensível.   Rejeitou, assim Tomás de Aquino, como já o fizera Aristóteles, o ponto de partida platónico e agostiniano, cujos princípios universais se desenvolviam independentemente do ser sensível.

A diferença de resultados, decorrente da diferença de gnosiológia, vai evidenciar-se na ontologia e na filosofia da religião, que já não serão iguais em um e outro sistema.

b) Em ontologia, em cuja continuidade está a filosofia da religião, o ser geral é alcançado apenas por analogia, porquanto o ponto de partida fora um ser particular.   E assim também Deus, uma vez concebido como ser absoluto, sem qualquer limite, não é alcançado adequadamente pela inteligência humana, senão pela via analógica com o ser do sensível modestamente apreendido pela inteligência. Divide Tomás, de acordo com Aristóteles, o ente em ato e potência, divisão que é real nas criaturas, e não pode ser real em Deus, no qual ato e potência são a mesma coisa. O ser de Deus tem como essência ser a existência, porque também essência e existência não podem ser distintas em Deus.·  c) Deus é atingido como princípio explicativo de fatos que, sem Ele, não se explicariam. Tais provas, supondo fatos a explicar, são portanto a posteriori.

O argumento a priori, exposto por Santo Anselmo (1033-1109), é reduzido por Tomás de Aquino à uma passagem inconsequente da logicidade da ideia para a realidade. Somente conduzem a Deus argumentos a posteriori, ou seja, a partir de fatos a explicar, e que somente se explicam por Ele. Cinco são as vias que conduzem argumentativamente a Deus; são tantas as provas, quantas forem as espécies de fatos a explicar mediante os princípios gerais metidos em sua base.   Num primeiro tempo das provas da existência de Deus se alegam os princípios, e num segundo tempo os fatos a serem explicados através deles. A primeira via argumenta com o fato do movimento, o qual reclama um primeiro motor, que mova sem ser movido, conforme já advertia Aristóteles.   A segunda via toma partida do fato das causas em sequência, em cuja série tem de haver uma primeira causa incausada.  

A terceira prova: considera o fato de que as coisas que se apresentam no mundo são contingentes e que, nesta condição, não existiriam, se não houvesse um ser não contingente; nesta via pode-se alegar a influência de Avicena.  

Page 6: A Psic No Inicio Da Escolastica

O quarto argumento: tipicamente platónico, alega os graus de perfeição constatados nos seres que conhecemos, e que postulam um grau máximo de perfeição.  

A quinta via: bem colocada como última por ser a mais contestável, toma como ponto de partida a ordem do mundo, dada como um fim intencional; de outra parte, como as coisas sem conhecimento não têm capacidade de querer um fim, deve-se admitir que a ordem do mundo prova a existência de um ordenador exterior a ele, - Deus.

O mundo foi criado, conforme a Bíblia, mas Deus o poderia ter criado desde toda a eternidade; aqui contrariava Tomás a doutrina dos agostinianos.

d). A filosofia da natureza, ou seja do ser criado, seja do espírito, seja dos corpos, de acordo com o tomismo, segue um moderno dualista moderado, que contraria o dualismo radical de Platão.   Enquanto para o platonismo a alma simplesmente habita no corpo material, para Aristóteles e Tomás de Aquino ela pode ser forma incompleta, a qual se completa compondo-se com a matéria, completando-se a si mesma e ainda completando à referida matéria.

Ainda contra o platonismo e os agostinianos, Tomás de Aquino estabeleceu a distinção em matéria e forma como peculiar apenas à essência dos corpos.   A referida matéria é inteiramente potencial; não contém alguns elementos determinados, como querem platónicos e agostinianos; não pode consequentemente diferenciar-se em várias espécies de matéria, como se uma fosse a matéria dos corpos e outra a matéria dos espíritos.   A multiplicação dos indivíduos dentro de sua espécie, se dá a partir da matéria, que fica sendo portanto o princípio de individuação; por isso, a mesma forma se multiplica em muitos indivíduos materiais. Nos seres inteiramente espirituais não há matéria, como quer os agostinianos.  

Consequentemente, os espíritos não se multiplicam na mesma espécie; cada anjo é de uma outra espécie.  As almas humanas, por não terem matéria, somente se individualizam, porque, sendo substâncias incompletas, se completam como forma de seus respectivos corpos. Mesmo depois de separadas, por efeito da morte, continuam substâncias incompletas, e por isso diferenciadas umas das outras, e sempre referenciadas a um corpo. Esta maneira de ver, peculiar ao dualismo moderado, vem explicar também como seria o processo da ressurreição.

Todo este discurso é fundamental para compreendermos a psicologia de Tomás de Aquino.  e) A psicologia filosófica de Tomás de Aquino se desenvolveu atenta aos procedimentos da teoria geral de matéria e forma, ato e potência. Assim foi que ofereceu notável desenvolvimento, no que se refere à explicação do processo cognoscitivo, dos impulsos volitivos e estados afectivos. Coerentemente, os processos de conhecimento e vontade, em Deus, são distintos, ao mesmo tempo que analógicos aos humanos. Como dissemos a base do pensamento Tomista assenta na filosofia

Page 7: A Psic No Inicio Da Escolastica

aristotélica, porém, este dado não escamoteou a influência do agostinismo no que concerne ao testemunho imediato da consciência.

Tomás aborda na sua psicologia temas como: a percepção, a memória os sentidos externos e internos, a alma e suas potências.

Sobre a alma afirma que esta é caracterizada pela espontaneidade da vida. Portanto, a alma humana é duma natureza diferente. Não é um corpo, mas o acto do corpo, o princípio de que dependem os seus movimentos e as suas acções. Uma vez que esse

princípio é simultaneamente incorporal e substancial ela tem a garantia de não se dissolver com o organismo e o desejo de imortalidade que o homem experimenta é ontologicamente justificado. Esta alma imaterial, unida ao corpo sem intermediário, preside no homem a vida vegetativa, sensitiva e intelectual. Indivisível está presente em todo o corpo com perfeição da sua essência mas com poderes ligados aos sentidos com funções particularizadas. Se as potências sensitivas da alma têm, nos animais, a mesma natureza, revestem-se no homem duma eficácia maior, em virtude da inteligência.

Os sentidos externos

No entanto, para se elevar até ao conhecimento, o homem dispõe de materiais que provem duma dupla fonte: os sentidos externos e os sentidos internos. Ao nível mais baixo, a alma realiza operações de ordem natural no corpo a que está unida; depois da por meio de órgãos corporais, operações de ordem sensível e já imateriais; finalmente sem órgãos corporal, espécies despojadas simultaneamente de matéria e das condições de individualidade. Portanto surge uma questão: como explicar essa espécie de assimilação constituída pela presença do objecto no sujeito conhecente? Segundo S. Tomás isto dá-se por causa da presença de características muito particulares, pois o sujeito não deixa de ser ele próprio nem perde a sua disponibilidade para ser outra coisa. Para tal tomas introduz a noção de espécie destinada a explicar o facto da coisa conhecida não invadir o pensamento e ser conhecida justamente pela presença nele da sua espécie.

Senso comum

A unificação necessária das actividades sensoriais, implica por conseguinte, a admissão dum senso comum, ao qual se referem as apreensões dos sentidos. O papel desse senso comum e considerado por Tomas como indispensável àquilo que hoje chamamos «tomada de consciência», pois incide sobre as próprias operações sensitivas, ao passo que o senso próprio conhece apenas a forma sensível que o afecta.

Para além destes temas Tomas aborda na sua filosofia outros temas de âmbito Psicológicos, estes são apenas reflexo daquilo que temos vindo a sustentar desde o princípio desta cadeira e consequentemente deste trabalho de que a Psicologia antes de

Page 8: A Psic No Inicio Da Escolastica

tornar ciência independente este ligada a Filosofia por outras palavras antes da Psicologia moderna existia a Psicologia antiga sob forma de filosofia.

2.3- AS CONDIÇÕES SOCIAIS DO POVO DO MÉDIO ORIENTE

O Médio Oriente ou Oriente Médio é um termo que se refere a uma área geográfica à volta das partes leste e sul do Oceano Mediterrânico, um território que se estende desde o leste do Mediterrâneo até ao Golfo Pérsico. O Médio Oriente é uma sub-região da África-Eurásia, sobretudo da Ásia e uma pequena parte da África.

Fronteiras:

O termo médio-oriente define uma área de forma pouco específica. Não define fronteiras precisas. Geralmente considera-se incluir: Bahrain, Egipto, Irão, Turquia, Iraque, Palestina, Faixa de Gaza e Cisjordânia, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Oman, Qatar, Arábia Saudita, Síria, Emirados Árabes Unidos e Yemen.

Os países do Magrebe (Argélia, Líbia, Marrocos e Tunísia) são frequentemente associados ao Médio Oriente devido às ligações históricas, culturais e religiosas (são países islâmicos), tal como o Sudão. Os países africanos Mauritânia e Somália também têm este tipo de ligações. A Turquia e Chipre, apesar de geograficamente próximos, são normalmente considerados mais próximos da Europa.

 2.4 ALGUNS SÁBIOS ÁRABES

AVERRÓIS

Globalmente apreciado, o averroismo latino, - de que Siger de Brabante foi o principal representante, - significava um novo avanço nos estudos aristotélicos em Paris, dada a importância dos comentários de Averróis. A física e a metafísica se desenvolveram, autonomizando-se da teologia.  

Em psicologia a tese característica de Averróis e do averroismo latino foi a da unidade da inteligência, mono psiquismo peculiar aos filósofos árabes, estopim principal que despertou, além da reacção doutrinária, ainda a da repressão da Igreja.  

Para o averroismo, a alma individual é puramente sensível e sob este aspecto perecível. Somente a alma racional é imortal, ao mesmo tempo que única e universal, apenas se individualizando em suas manifestações sensíveis humanas.  

Page 9: A Psic No Inicio Da Escolastica

Dadas as obras de Siger de Brabante e de Averróis, reviverá, no curso da Renascença, o averroismo na Universidade de Pavia, da Itália.  

AVICENA

Abu Ali al-Hussayn ibn Abd-Allah ibn Sina, filósofo e médico árabe conhecido no Ocidente como Avicena, nasceu em Bukhara, Pérsia, em 980 e morreu em Hamadan, também na Pérsia, em 1037.

Sua cultura foi enciclopédica. Além de gramática, geometria, física, medicina, jurisprudência e teologia, estudou profundamente a filosofia platónica e aristotélica. Suas obras sobre medicina ainda eram reimpressas no século XVII.

Como filósofo, continuou a tradição aristotélico-platônica de Alkindi e Alfarabi. Pressupondo a unidade da filosofia, tentou conciliar as doutrinas de Platão e Aristóteles. Avicena considerava o universo formado por três ordens: o mundo terrestre, o mundo celeste e Deus.

Do mundo terrestre, a inteligência, através de uma intuição mística, estabelece contacto com o mundo celeste. Deus, além de ser ato puro e o Primeiro Motor (como no pensamento de Aristóteles), representa o Ser necessário, cuja essência se equipara à sua própria existência e que constitui a base de todas as possibilidades.

Avicena também tentou conciliar a fé na providência servindo-se da teologia de Aristóteles, supondo uma relação necessária entre o criador (ou Deus) e a criatura.

Alberto Magno e Tomás de Aquino nutriam grande admiração por Avicena. Sua influência no Oriente não foi duradoura devido à oposição dos teólogos ortodoxos. No Ocidente, contudo, Avicena foi decisivo para a difusão do pensamento de Aristóteles nos séculos XII e XIII.3

Algazali

Abu Hamid Muhammad al-Ghazzali, (1059 – 1111). Filósofo árabe de vertente céptica e racionalista, expôs sua doutrina especialmente em Autodestruição dos filósofos (em árabe Tahafut al-falasifah). Nesta obra, Algazali se opõe tanto ao aristotelismo de Avicena quanto ao neoplatonismo dos demais filósofos árabes.

CONCLUSÃO.

3 "http://pt.wikipedia.org/wiki/Avicena"

Page 10: A Psic No Inicio Da Escolastica

A psicologia é uma ciência em constante evolução e seus progressos são fruto de um longo caminhar da história da humanidade.

Não é nossa pretensão encerrarmos o discurso mas abrir portas para novos saberes, estamos convicto da nossa pequenez diante deste gigante em estudo mais acreditamos ter encontrado elementos fundamentais para compreendermos a vastidão desta disciplina.

Ao decorrer do estudo, evidenciou-se uma questão metodológica que consideramos especialmente relevante para a nossa discussão: na construção deste novo saber elaborado pela escolástica, a “experiência psicológica” articula-se inevitavelmente em conjunto com outras dimensões da experiência humana (a dimensão somática e dimensão espiritual), sendo impossível, portanto, concebê-la de modo autónomo (conforme pelo contrário entende a Psicologia moderna). Desse modo, é preciso um grande cuidado para identificar o que é concebido como estritamente “psicológico” e para reconhecer como este é “ordenado” no âmbito de uma estrutura e de uma dinâmica mais complexas, constitutivas, do ser humano em sua totalidade, conforme a visão da época. De fato, nos Exercícios Espirituais e nas demais obras de São Tomás os fenómenos propriamente psicológicos, por exemplo são vistas desde o âmbito espiritual na tentativa de conciliar a fé e a razão. Por outro lado é fundamental dizer que a psicologia hoje difere deste não tanto pelo conteúdo senão pelo método utilizado para explicar tais fenómenos. De qualquer forma, é inegável a contribuição que a produção escolástica representa no âmbito do processo cultural que - ao longo dos séculos -visa a obter a construção de formas novas de conhecimento do homem e da sociedade. Pois, conforme bem assinala Maravall 4(1997), a característica peculiar que o conhecimento de si mesmo adquire neste período, é o valor “táctico e eficaz, segundo o qual não se vai

em busca de uma verdade última, mas de regras que permitem àqueles que as alcancem adequar-se às circunstâncias da realidade entre as quais se move.” (1997, p. 123). Conhecer-se a si mesmo, em suma, para tornar-se dono de si e da realidade ao redor, conhecer-se para refazer-se.

4Chauí, M. (1995) Convite à filosofia (3a. ed.). São Paulo: Ática.

-

Page 11: A Psic No Inicio Da Escolastica

BIBLIOGRAFIA

1- P.SCHULTZ Duane, e ELLEN SCHULTZ Sidney, História da Psicologia Moderna. 8 Ed. São Paulo Cap. 12- CLÉMENT Elisabeth, DEMONQUE chantal at all dicionário prático de Filosofia. 2 Ed. Terramar. pag.2703- Chauí, M. (1995) Convite à filosofia (3a. ed.). São Paulo: Ática

4- DE CASTRO, Francisco Lyon, história da psicologia, ed. 106011. Janeiro 2001

UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

Page 12: A Psic No Inicio Da Escolastica

ISCED/LUBANGO

TEMA: PSICOLOGIA NO INICIO DA ESCOLASTICA

Trabalho apresentado para avaliação de rendimento escolar

na disciplina de História da Psicologia, do Instituto Superior de Educação ISCED/LUBANGO, no curso de Psicologia, do 1ºano ministrada Pela professora Alice Inocêncio.

.

LUBANGO/2009

UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

Page 13: A Psic No Inicio Da Escolastica

ISCED/LUBANGO

DISCIPLINA: HISTÓRIA DA PSÍCOLOGIA

TEMA: A PSÍCOLOGIA NO INICIO DA ESCOLÁSTICA.

LUBANGO/2009

Page 14: A Psic No Inicio Da Escolastica

INDICE

Introdução………………………………………………………………………… 3

Capitulo II: A PSÍCOLOGIA NO INÍCIO DA ESCOLÁSTICA

2.1-NOMINALISMO E REALISMO MEDIEVAL DO SÉCULO IX-XIII……. 5

2.2- A PSÍCOLOGIA DE SÃO TOMÁS DE AQUINO…………………………. 6

2.3- AS CONDIÇÕES SOCIAIS DO POVO DO MÉDIO ORIENTE………. …. 9

2.4- ALGUNS SÁBIOS ÁRABES………………………………………………. 12

CONCLUSÃO……………………………………………………………………13

BIBLIOGRAFIA…………………………………………………………………14

 

 

Page 15: A Psic No Inicio Da Escolastica

ELEMENTOS DO GRUPO Nº 2

1- ABEL MEZES SEBASTIÃO2- ALBERTO DOMINGOS FERRAMENTA NDOLUKA3- ALBERTO NGUINAMAU DITUTALA4- ANA LÍDIA DE JESUS BURQUI5- ANDRÉ MANUEL SAMPAIO ADRIANO