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A presença das categorias de imanência e transcendência nos discursos explicativos sobre a realidade a partir de Nietzsche Autor: Felipe Augusto de Luca Orientador: Cássio Donizete Marques Curso de Licenciatura em Filosofia – 4º. período UNISAL - Lorena

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A presença das categorias de imanência e transcendência nos discursos explicativos sobre a

realidade a partir de Nietzsche

Autor: Felipe Augusto de Luca

Orientador: Cássio Donizete Marques

Curso de Licenciatura em Filosofia – 4º. período

UNISAL - Lorena

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A presença das categorias de imanência e transcendência nos discursos explicativos sobre a realidade a partir de Nietzsche

Para o ser humano sempre haverá a necessidade de entender e explicar a realidade em que está inserido e atua;

Desde o seu nascimento, o indivíduo é iniciado em rituais, crenças, práticas, concepções, maneiras de se expressar, etc., que vão forjando o seu intelecto a interpretar o mundo;

Sob essas influências, percebemos que ao se pronunciar sobre situações, experiências, vivências, o indivíduo pode construir uma argumentação com base transcendente (religiosa, metafísica) ou com base imanente (científica, artística, materialista, etc.).

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O ser humano está constantemente interpretando as coisas ao seu redor, dando sentido a cada coisa.

Mas essa dinâmica de dar sentido às coisas não é “pura”, neutra, mas são interpretações a partir de outras pré-existentes, e que sempre fazem sentido dentro de uma cultura.

Assim, o ser humano é capaz de suportar infortúnios, pobreza, solidão, dor, mas não suporta uma vida sem sentido;

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Significado de transcendência:

[...] o termo vincula-se a concepção neoplatônica de divindade [...] Plotino repete que o Uno está “além da substância [...] além do ser [...] além da mente [...] S. Agostinho dizia: “se vires mutável a tua natureza, transcende também a ti mesmo”; e acrescentava: Lembra que no transcender a ti mesmo, transcende a uma alma racional e que portanto, deves mirar ao ponto do qual depende toda a luz da razão”.(ABBAGNANO, 1998, p.931).

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A transcendência é mais bem compreendida na sua expressão religiosa, porque ali o ser humano se coloca não apenas diante do sentido último da sua existência, mas diante do sentido último da existência dos outros humanos, de todos os seres vivos e de todo o cosmo. É dessa forma que o transcendente religioso é visto como Absoluto, como a unidade máxima geradora de sentido para tudo o que existe.

Mas buscar entender a transcendência na concepção de Nietzsche é buscar a perplexidade. Trata-se de uma concepção denunciada como alienação, ressentimento ou ilusão que, ao trazer uma perspectiva dualista do mundo (real e ideal) aponta o mundo sensível como um mundo de erro, de engano e que deve ser deixado de lado em relação ao superior e completo mundo ideal, que deve ser perseguido. (Crítica a Platão)

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Já para o termo “imanência”, constatamos que Aristóteles a considerava como “o permanecer da finalidade no agente” e, depois Spinoza a empregou afirmando que “Deus é causa imanente, não transitiva de todas as coisas” e “Deus é causa das coisas que estão nele”. Desse modo, podemos entender que o conceito de imanente é aquilo que, fazendo parte da substância de uma coisa, não subsiste fora dela.

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Nietzsche encontra no filósofo pré-socrático Heráclito a base do pensamento que orienta sua filosofia: “O ETERNO RETORNO”.

Da guerra dos opostos nasce todo vir-a-ser: as qualidades determinadas, que nos aparecem como duradouras, exprimem apenas a preponderância momentânea de um dos combatentes, mas com isso a guerra não chegou ao fim, a contenda perdura pela eternidade (NIETZSCHE, A Fil. Na época trágica dos gregos, § 5,).

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Desse modo, a suposição do eterno retorno (afirmação da vida) implica:

1º - Rompimento com a linearidade cristã (princípio – fim escatológico);

2º - Aceitação* da possibilidade de viver de maneira radical a finitude e a morte sem a necessidade de consolos metafísicos (Deus, outros mundos, eternidade pós-morte, salvação, etc.);

3º - Cada gesto*, cada ato, cada comportamento, cada pensamento tem que ser realizado de tal maneira que se pudesse querer que ele fosse infinitamente repetido.

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Justificação estética da existência (existência como uma obra de arte):

“A retirada de qualquer sofrimento, qualquer dor, descaracterizaria o conjunto da obra de arte, da harmonia da música”.

Neste sentido se há algum tipo de redenção, ela é imanente; não é exterior ao homem, mas se traduz na superação de si, dos medos e dos sofrimentos a partir da afirmação de cada um deles (condições do seu oposto).

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Afirmação da vida:

Afirmação de sua originalidade e singularidade;

Saída da passividade (joguete de forças exteriores), e das várias tutelas que se impõe e buscam enquadrar a subjetividade;

Tarefa existencial: Colocar-se como responsável, dar caráter único à existência (assim como o artista quando cria) e, portanto, criar novas formas de subjetivação (alargamento das fronteiras do pensamento), que fogem às formulações tradicionais de ser humano (exercício de si).

O corpo não é mais prisão do espírito, mas a grande razão (processo físico/psíquico) que permite o experimentar/interpretar

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BIBLIOGRAFIA

AZEREDO, Vânia D., Os juízos de valor em Nietzsche e seus reflexos na educação, São Paulo: USP, 2006

GIACOIA JUNIOR, O. . Folha Explica: Nietzsche, São Paulo: Publifolha, 2000

KELLNER, Douglas, A crítica de Nietzsche à cultura de massa. Revista Famecos. Porto Alegre, nº13. Dez 2000. Disponível em: http://www.pucrs.br/famecos/pos/revfamecos/13/kellner.pdf. Acesso em 10 out 2009

LUCCHESI, B. Cadernos Nietzsche: Filosofia dionisíaca, vir-a-ser em Nietzsche e Heráclito, São Paulo: USP, 2000.

NIETZSCHE, F. [1885-1886] Para Além do Bem e do Mal, São Paulo: Hemus, 2004