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    Fbio Ribeiro Mendes

    A NOVA SALA DE AULA

    Porto Alegre, 2012

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    2012 Autonomia EditoraAv. Carlos Gomes, 1998 sala 1002 | Trs FigueirasCEP: 90480-002 | Porto Alegre, RSFone: (51) 3208-1292

    [email protected]

    Coordenao EditorialAna Carolina Valls

    RevisoMnica Zardo e Magda Collin

    CapaEduardo Nunes

    Projeto Grfico e DiagramaoFelipe Grivicich da Silva / Fluncia Comunicao

    ImpressoIdeograf

    ________________________________________________________M538n Mendes, Fbio Ribeiro A nova sala de aula / Fbio Ribeiro Mendes. Porto Alegre : Autonomia, 2012.

    224 p. ; 21 cm.

    ISBN: 978-85-65717-01.4

    1. Educao. 2. Autonomia (Educao). 3. Professores - Formao Profissional.

    4. Oficinas Pedaggicas. I. Ttulo.

    CDD 370.116

    ________________________________________________________

    Bibliotecria Responsvel

    Ginamara Lima Jacques Pinto

    CRB 10/1204

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    Dedico o livroa todos que amam lecionar.

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    O ser humano s pode tornar-se humanopor meio da Educao.

    Immanuel Kant, Pedagogia, 9:443.

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    Sumrio

    AGRADECIMENTOS 8PREFCIO 12

    INTRODUO 17

    PARTE I O DESAFIO DA EDUCAO 25

    1. O DESAFIO DA EDUCAO 26a) A Misso de ensinar 28b) Estudar chato! 38

    c) Nossas sementes para o futuro 46d) Educ-los como? Para onde? 52e) Obrigao de mudana sem consenso 60

    2. TECNOLOGIA, INFORMAO E INCERTEZA 67a) Tecnologias em espiral 68b) Informao em massa 72c) Trabalho para qual futuro? 77

    3. INSTITUIES DE ENSINO PARA QU? 83a) Lgica de funcionamento 84b) Ensino de contedos em xeque 89c) Necessidade da inovao 92d) Autonomia no horizonte 98

    4. AUTONOMIA E APRENDIZADO 101a) Liberdade 102b) Autonomia e escolha 105

    c) Heteronomia e medo da culpa 109d) Desenvolvendo a autonomia 112e) Autonomia em sala de aula 116

    PARTE II - A NOVA SALA DE AULA 119

    5. MODELO EXPOSITIVO 120

    a) Facilidade e domnio do saber 121

    b) Problemas insuperveis 122b.1) Alunos diferentes, aula-padro 123b.2) Cansao do aluno (caminhada lenta) 124

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    b.3) Muitos contedos e memorizao 125b.4) Desgaste do professor 126b.5 ) Professor autoritrio 127b.6) Aula-espetculo e tecnologias 128

    b.7) Papel passivo no aprendizado 130c) Solues limitadas 132d) Didtica falida 133

    6. MODELO DE OFICINA 136a) Como uma oficina de estudo? 137b)Vantagens da oficina 139

    b.1) Alunos diferentes, ritmo personalizado 139b.2 ) Alunos focados 140b.3) Ateno aos que precisam 140b.4 ) Monitores informais 141b.5) Resgate da autoridade do professor 142b.6) Aula menos desgastante 143b.7) Contedos diferentes no mesmo espao 144b.8) Maior velocidade e resultados palpveis 145b.9) Possibilidade de interao e criatividade 146b.10) Uso de tecnologias 147

    b.11) Ferramentas para estudo em casa 148b.12) Papel ativo no aprendizado 148

    c) Problemas superveis 149c.1) Disperso de alunos 149c.2) Matrias exatas 150c.3) Material didtico inadequado 152c.4) Falta de acesso a livros ou a cpias 153

    d) No pior dos casos... 153

    7. MTODO DAS 4 ETAPAS 156a) Apresentao 157b) Por que 4 etapas? 159c) 1 Etapa: Leitura panormica 160d) 2 Etapa: Marcao 162e) 3 Etapa: Anotaes 164f) 4 Etapa: Exerccios 166g) Ordem das etapas 168

    h) Cada um tem seu jeito de estudar 170i) As 4 etapas na Matemtica 171

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    8. ORIENTANDO OFICINAS DE ESTUDO 175a) Seleo do material 176b) Preparao da sala e do quadro 177c) Acompanhando as etapas 179

    c.1) Para engrenar (1 etapa) 180c.2) Trabalhando o texto (2 etapa) 181

    c.2.1) Selecionar trechos 181c.2.2) Sublinhar palavras-chave 183

    c.3) Fazendo registros (3 etapa) 184c.4) Avano constatado (4 etapa) 186

    d) Desdobramentos 187

    9. OFICINAS NO COTIDIANO ESCOLAR 191a) Dando conta do currculo 192b) Oficinas, interpretao e redao de textos 193c) Oficinas e Projetos interdisciplinares 194d) Oficinas e informtica 194e) Avaliao com base em oficinas 195f) Oficinas e pesquisa 197

    10. REVOLUO SEM RUPTURA 200

    a) Revoluo na Educao 201b) Oficinas como instrumentos da revoluo 205c) Os passos da revoluo 206d) Revoluo para professores 210e) Revoluo para alunos 211f) Revoluo para pais 212g) Revoluo para escola 212h) Revoluo para Governo e sociedade 213

    EPLOGO 216REFERNCIAS 219

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    Agradecimentos

    Este livro resultado de um esforo coletivo, por isso

    indispensvel agradecer a todos aqueles que contriburam

    para que se tornasse realidade. Em primeiro lugar, agradeo aos milhares de alunos,

    pela abertura em receber a proposta aqui descrita e pelo

    incentivo continuidade do trabalho. Agradeo, tambm,

    aos pais, educadores e diretores que se permitiram sonhar

    com este outro horizonte para o ensino. Agradeo aos

    colgios e a suas equipes de todo o Estado do Rio Grande

    do Sul, que depositaram sua confiana neste trabalho e,

    assim, permitiram seu desenvolvimento. So eles: Colgio

    Israelita, Colgio Farroupilha, Colgio Anchieta, Colgios

    Joo Paulo I Zona Sul, Zona Norte e Higienpolis ,

    Colgio Joo XXIII, Colgio Marista Rosrio, ColgioMarista Assuno, Colgio Marista Champagnat, Colgio

    Marista Ipanema, Colgio La Salle Dores, Colgio La Salle

    Santo Antnio, Colgio La Salle So Joo, Colgio La Salle

    Po dos Pobres, Colgio Salesiano Dom Bosco, I. Maria

    Auxiliadora, Colgio Bom Conselho, Colgio Santa Famlia,

    Colgio Santa Ins, I. Santa Luzia, Colgio Monteiro Lobato,

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    Colgio Estadual Jlio de Castilhos, Colgio Estadual Ruben

    Berta, Colgio Estadual Pres. Arthur da Costa e Silva, E. E.

    E. M. Jos do Patrocnio, I. E. Gen. Flores da Cunha, I. E.

    Dom Diogo de Souza, I. E. Rio Branco, Escola Constructor,

    Escola Yellow Kids, Colgio Murialdo, Colgio Pallotti,

    Anglo Vestibulares, Colgio Adventista Marechal Rondon,

    E. E. E. B. Almirante Bacelar, E. E. E. M. Elpdio Ferreira

    Paes, Colgio Adventista Sarandi, Colgio Concrdia,

    Colgio Maria Imaculada, Colgio Adventista Partenon,Colgio Rainha do Brasil, Colgio Sinodal do Salvador, E.

    E. E. F. Itamarati e E. E. E. F. Osrio Duque Estrada, todos

    sediados em Porto Alegre; Colgio So Lus, Colgio So

    Jos, Colgio Sinodal, I. E. Parque do Trabalhador e E. E.

    E. M. Emlio Sander, de So Leopoldo; Colgio Marista

    Graas, E. E. E. M. Prof. Tolentino Maia, E. E. E. F junto

    ao Ana Jobim, E. E. E. M. Orieta, I. E. E. Isabel de Espanha,

    E. E. E. M. Francisco Canquerini e E. E. E. M. Gov. Walter

    Jobim, de Viamo; Colgio Esprito Santo, E. E. E. M. So

    Francisco de Assis, E. E. E. M. rico Verssimo, E. E. E. M.

    Andr Leo Puente, E. E. E. M. Prof. Margot TerezinhaNoal Giacomazzi, E. E. E. M. Baro do Amazonas, E. E. E.

    F. Ftima, E. E. E. M. Miguel Lampert, E. E. E. F. Canoas

    e Colgio Estadual Jussara Maria Polidoro, de Canoas;

    Colgio Fundao Bradesco, Colgio Santa Luzia, E. E. E.

    M. Padre Nunes, Colgio Estadual Prof. Nicolau Chiavaro

    Neto e Colgio Adventista Gravata, de Gravata; Colgio

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    Adventista Alvorada, Colgio Luterano So Marcos, E. E.

    E. M. Nossa Senhora Aparecida, Instituto Estadual Nossa

    Senhora do Carmo, Colgio Estadual rico Verssimo, E.

    E. E. M. Sen. Salgado Filho, Colgio Estadual Antnio de

    Castro Alves, E. E. E. F. Stella Maris, E. E. E. M. Maurcio

    Sirotsky Sobrinho e E. E. E. M. Campos Verdes, deAlvorada;

    E. E. E. F. Olaria Daudt, E. E. E. F. Antonina Ramires da

    Silveira, E. E. E. F. Manuel Bandeira, de Sapucaia do Sul; I. E.

    Manuel de Almeida Ramos, de Capela de Santana; ColgioEstadual Doze de Maio, de Trs Coroas; Colgio Marista

    Pio XII e Instituio Evanglica de Novo Hamburgo, da

    cidade que lhe d nome; Colgio La Salle Esteio e Colgio

    Adventista Esteio, idem; Colgio Adventista Cachoeirinha,

    idem; Colgio Riachuelo e Colgio Marista Santa Maria,

    ambos de Santa Maria; Colgio Mau, de Santa Cruz do

    Sul; Colgio Marista Roque, deCachoeira do Sul; E. E. E.

    F. Irm Branca, Colgio Evanglico Alberto Torres, E. E. E.

    F. Otlia Corra de Lima e Colgio Cenecista Joo Batista

    de Mello, de Lajeado; Colgio Evanglico Alberto Torres, de

    Roca Sales; Colgio Salvatoriano Bom Conselho, de PassoFundo; Colgio Marista Aparecida, de Bento Gonalves;

    Colgio Marista Imaculada, de Canela; Colgio Regina

    Coeli, de Veranpolis; Colgio Cenecista Mrio Quintana,

    de Encantado; E. E. E. M. Dante Grossi e I. E. E. Prof. Irm

    Teofnia, de Garibaldi; I. E. So Jos, deMontenegro; Colgio

    Sinodal, de Porto; Projeto Pescar Fazenda Ranchinho,

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    sediada emMostardas. Alm desses, agradeo Prefeitura

    Municipal de Veranpolis e ao Instituto Unibanco, que

    financiou diversas dessas iniciativas. Divido com todos o

    reconhecimento pblico do trabalho, atravs do PrmioEducao RS 2010, oferecido pelo SINPRO/RS, entidade

    qual tambm estendo meu agradecimento.

    Agradeo, ainda, equipe daAutonomia Solues em

    Educao, comeando pelo scio, amigo e colega Rafael

    Korman, que aceitou o desafio de tornar real o que antes

    era sonho, assim como Ana Carolina Valls, Alessandra

    Sebben, ao Andr Sommer Berto e ao Eduardo Nunes.

    O trabalho incansvel da equipe possibilitou, alm da

    expanso dos projetos, o tempo necessrio para a redao

    do texto. Obrigado: sintam-se coautores desta obra.

    Finalmente, agradeo aos meus amigos e minhafamlia, que tanto incentiva esta empreitada. Obrigado aos

    meus pais, Cuco e Susi; minha irm, Cris; ao meu querido

    afilhado, Joo, e, especialmente, minha companheira de

    vida, Elisa, que tanto se entrega educao de nossas filhas

    amadas, Gabriela e Giovana, que tambm recebem abraos

    e beijos sem fim. Sem t-la ao meu lado, nadadisso seria

    possvel.

    Todos aqui citados, mesmo que indiretamente, fazem

    parte deste projeto. Obrigado pelo apoio de todos. Obrigado

    por aceitarem compartilhar do mesmo sonho.

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    Prefcio

    Aos Professores

    Caros colegas, este livro foi escrito pensando no amore na dedicao dos professores de nosso pas a uma causa,

    possivelmente a maior de todas, a Educao. Nada mais

    fundamentaldo que ensinar pessoas a viver em nosso mundo,

    muitas vezes hostil e duro. Toda produo de conhecimento,

    toda arte ou cincia se justificam pela possibilidade de levar

    as pessoas a uma vida melhor, mais justa ou humana. Por esse

    motivo, no exagero dizer que a finalidade de todo o fazer

    humano educar as prximas geraes. A responsabilidade

    de ser professor , portanto, imensa. Nosso trabalho , por

    esse mesmo motivo, apaixonante.

    Lembro-me do momento em que entrei pela primeiravez em uma sala de aula. Fiz a chamada e olhei nos rostos

    dos alunos. Notei a expectativa nos olhos, curiosos sobre

    quem eu era, o que iria dizer, qual seria o timbre da minha

    voz; as pernas agitadas embaixo das classes esperando o sinal

    do intervalo; os sorrisos entre eles, buscando uma brecha

    para continuar aquela conversa sobre qualquer assunto. Foi

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    mgico estar naquele instante no outro lado, frente da

    lousa, com a responsabilidade de fazer daquele momento

    digno de alguma lembrana, nem que fosse pelo afetoque

    sentia por eles. Mal comecei a falar e notei que vontade

    eu tinha de realmente ensinar-lhes o que sabia. Eles eram

    plantas em crescimento, buscando sol, gua, nutrientes,

    desenvolvendo-se para suportar a chuva, o vento, a seca. Eu

    senti que tinha a responsabilidade de fazer o meu melhor. Se

    eu no estivesse ali, quem estaria? Foi esse sentimento queme fez perceber que eu era umprofessor.

    Dei aulas regulares por apenas dois anos, sendo

    professor de Filosofia no Ensino Mdio. Fiz de todo o

    corao. Entreguei-me atividade. Vivi momentos de

    conquista e de decepo. Senti meu corao sangrar toda vez

    que precisei retirar um aluno da sala de aula. Surpreendi e

    fui surpreendido. Tive a felicidade de fazer timas amizades

    e ver os alunos crescendo com o que ensinava, mas a tristeza

    de ver alguns ficando pelo caminho.

    Paralelamente s aulas regulares, investi no projeto de

    ensinar aos alunos algo que gostaria de ter aprendido nocolgio: como estudar sozinho. Escrevi um livro e passei a

    realizar palestras e oficinas sobre o tema. O crescimento

    desse trabalho me levou pesquisa e, aps, precisei deixar o

    colgio prematuramente. Senti a falta daqueles alunos que via

    todos dias, assim como da fome que tinha por fazer crescer

    a instituio, de fazer o meu melhor naquele microcosmo

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    como um modo de lutar por um mundo melhor. Por outro

    lado, tambm, ganhei outros alunos, aqueles das diversas

    escolas onde desenvolvia os projetos, podendo somar meu

    esforo aos daqueles profissionais que ali batalhavam em

    seu dia a dia. Tive a oportunidade singular de, em poucos

    anos, trabalhar com dezenas de escolas, das mais diversas

    realidades. Notei que o que levava para essas instituies

    ajudava no dia a dia de alunos, de pais, de professores e de

    diretores. Porm, ainda sentia como se tivesse deixado delado o que eu mais queria ser, professor, at que, em 2010,

    tive a felicidade de receber do Sindicato dos Professores

    do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (SINPRO/RS) o

    Prmio Educao RS, na categoria Profissional! Essa foi a

    constatao de que o trabalho poderia, sim, ir ainda mais

    longe, uma vez que era reconhecido pelo sindicato daqueles

    que ensinam.

    Tanto percorri que encontrei um scio, o Rafael, um

    estudante que havia lido meu primeiro livro e aplicava

    as ideias ali divulgadas na sua escola do corao. Juntos,

    levamos este trabalho a mais de 10.000 alunos de cerca de40 escolas no espao de apenas um ano. Trata-se de uma

    aventura que luta contra a mar, ao abordar os alunos

    ensinando a eles o que eles dizem odiar, o estudo. A surpresa,

    porm, que eles gostam do trabalho. Notei que, ao invs de

    desmotivados, eles esto com um grau de expectativa to

    alto que desgua em insatisfao. Eles esperam da Escola,

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    mas principalmente dos professores, respostas sobre este

    mundo to diverso, rpido e desafiador. Eles se entediam e

    se irritam quando so convidados a aprender os contedos

    que seus pais tiveram e esqueceram. Em suma, o trabalho

    que tenho realizado me permitiu perceber que h, sim,

    esperana de realizar aquilo com o que tanto sonhamos:

    uma educao de verdadeiro significadopara os alunos, que

    os reaproxime do afeto e da dedicao que temos por essa

    causa.Este livro , ento, voltado principalmente aos colegas

    professores. O objetivo divulgar a possibilidade de realizar

    aulas segundo uma outra didtica, diferente da tradicional

    exposio: refiro-me ao que tenho chamado de oficinas de

    estudo. Como poder ser constatado, talvez com surpresa,

    podemos, sim, modificar o modo como ensinamos os

    contedos se mudarmos a lgica, passando a iniciativa

    aos alunos. Como isso possvel, j que se sabe que nunca

    estiveram to desmotivados, tratado ao longo do livro. O

    que peo um voto de confiana, uma aberturapara pensar

    o novo, uma outra chance para termos esperana no queseria a revoluo na Educao.

    Convido todos os colegas, professores e professoras

    a criticar e a desenvolver a prtica que aqui apresento,

    refletindo sobre ela. Acredito que cada professor, mesmo

    que hoje j esteja calejado por anos de trabalho e de

    frustraes das mais diversas, tenha dentro de si uma chama

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    de esperana. Apenas ela, a esperana, justifica a escolha

    da profisso. Ser professor envolve acreditar no futuro, na

    renovao, na capacidade das crianas e dos jovens. Pois o

    que trago aqui combustvel para a esperana que temos

    dentro de ns. Deixemo-la queimar, mais e mais forte, at

    iluminar o caminho de todaa sociedade.

    Sim, se o assunto Educao, a iniciativa cabe a ns.

    S os professores podem, de fato, modificar o dia a dia das

    escolas. Vamos construir juntos a soluo, confiantes nacapacidade dos alunos que transborda pelo brilho dos seus

    olhos.

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    INTRODUO

    Introduo

    O mundo de hoje apresenta desafios to novos e

    imprevisveis, que se faz necessrio repensaro modo comoeducamos as futuras geraes. Nossas escolas, e mesmo as

    universidades, estruturam suas rotinas em resposta a desafios

    vividos em outras pocas. Se os desafios mudaram, nada

    mais natural do que modificar apreparaodaqueles que os

    enfrentaro. Que tipo de formaoos futuros membros da

    sociedade devem ter para viver em um mundo de constante

    mudana e de incerteza? Ser que nossas atuais instituies

    de ensino so capazes deproporcionartal formao?

    A primeira das questes colocadas merece a seguinte

    resposta: se o futuro incerto e os desafios se renovam

    rapidamente, preciso dar uma formao que leve crianase jovens a terem umpapel ativona construo do seu corpo

    de conhecimento, renovando seus saberes continuamente,

    segundo a necessidade. Assim, acima e alm de contedos

    importantes, a Escola deve ensinar habilidades, cultivando a

    capacidade de iniciativados alunos em relao aquisio,

    crtica e at mesmo produode conhecimento.

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    A NOVA SALA DE AULA

    A segunda das questes, sobre a adequao de nossas

    atuais instituies promoo de tal formao, parece

    merecer, pelo menos primeira vista, uma resposta negativa:

    apesar do esforo coletivo para encontrar alternativas para

    reformar a Educao, o que se nota so alunos, professores e

    pais insatisfeitos. A sensao , na verdade, de que os alunos

    esto cada vez mais desmotivadosa aprender; os professores,

    cada vez mais soterrados em demandas diversas, tensos,

    frustrados; os pais, cada vez maisperdidos, diante da missode educar para um mundo que no conhecem.

    As escolas, isto fato, funcionam segundo uma lgica

    vlida para outros sculos, quando havia um senso mnimo

    de segurana sobre a relevncia dos contedoscurriculares

    como partes da formao adequada dos jovens. Hoje, porm,

    com a grande renovao tecnolgica e o acesso ilimitado

    informao, todos percebem que o valor dos contedos

    relativoe que, assim, uma formao centrada na passagem

    de contedos tambm . Sem a confiana absoluta na

    capacidade das instituies de ensino em fornecer educao

    adaptada sua poca, elas gradativamente perdem sentido.As aulas expositivas, requisitadas pelo currculo ancorado

    em contedos, cada vez tm menossignificado.

    O presente livro pretende, de uma forma um tanto

    pretensiosa, mas embasada na experincia de milhares

    de estudantes, apresentar uma alternativa didtica

    utilizada em nossas escolas. Por que uma alternativa

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    INTRODUO

    didtica? Ora, porque o ncleo do ensino o modocomo

    os professores instruem seus alunos e, se estes precisam

    aprender atualmente a como conduzir seu prprio processo

    de aprendizado, preciso rever o modo como o professor

    trabalha em sala de aula. Pretende-se oferecer uma didtica

    oposta expositiva mas que ainda assim a comporta ,

    que confira aos alunos o poder de iniciativa em relao ao

    aprendizado dos contedos curriculares. Defende-se, aqui,

    uma reforma sutil no cotidiano escolar, de baixo custo ede rpida implementao, mas com reflexos profundos

    e at mesmo revolucionrios, por atingir diretamente a

    prtica docente e a relao professor-aluno. Trata-se da

    argumentao em prol da adoo de aulas no modelo de

    oficinas de estudo, ao invs do tradicional modelo expositivo.

    Tudo ficar mais claro em seu devido tempo.

    A forte convico na necessidade e na possibilidade

    dessa empreitada vem da experinciade trabalho em escolas

    das mais diversas realidades particulares, pblicas, de

    grande, mdio e pequeno porte, da periferia e do centro,

    do interior e da capital ao longo dos ltimos 5 anos. Estetrabalho surgiu de uma experincia individual de estudo

    bem sucedida, quando precisei estudar por conta prpria

    para um vestibular concorrido e tive a felicidade de passar

    nas primeiras colocaes, que ganhou corpo quando foi

    divulgada para alunos em idade escolar. A chave dessa

    experincia foi a descoberta de que os vrios anos passados

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    A NOVA SALA DE AULA

    na Escola no so suficientes para ensinar os alunos a

    como estudarem sozinhos, com autonomia: eles se formam

    convictos de que s podem aprender diante da presena

    fsica de um professor. Propus, ento, uma prtica para

    instruir esses alunos sobre como fazer para aprender por

    conta prpria, com livros: forneci um contedo indito aos

    alunos e orientei-os sobre mtodo de estudo, para que eles

    prprios pudessem experimentar o aprendizado que pode

    ser obtido com o uso de livros. Para a felicidade de todos,e tambm surpresa, a proposta recebeu aprovao massiva

    dos estudantes que, aliviados, agradeciam as instrues

    e perguntavam por que s agora me ensinaram como

    estudar?. Assim surgiram as oficinas de estudo.

    Os resultados altamente positivos das aulas no modo

    de oficina so to amplos que permitem a esperana

    na possibilidade concreta da to sonhada revoluo na

    Educao. Dentre esses resultados, esto o maior foco dos

    alunos, a possibilidade de o professor personalizar seu

    atendimento, maior velocidade e eficincia das aulas, maior

    gama de instrumentos avaliativos, postura cooperativaentre professores e alunos e estmulo iniciativa. O maior

    dentre todos os resultados, porm, o resgate do significado

    do trabalho realizado em sala de aula, j que os alunos

    identificam imediatamente que esto cultivando uma

    habilidade fundamental para viver no mundo que exige

    formao, adaptao e aprendizado constante. Os contedos

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    INTRODUO

    se tornam meiospara o desenvolvimento desta habilidade

    essencial: a autonomia no aprendizado.

    Para que a defesa da adoo das oficinas de estudo seja

    plenamente justificada, so requisitados dois movimentos.

    O primeiro se resume ao estabelecimento de uma descrio

    minimamente justa do desafioenfrentado hoje na rea da

    Educao. O segundo movimento, que se segue ao primeiro,

    a defesa propriamente dita das oficinas de estudo como

    a respostaadequada a esse desafio. So essas, portanto, aspartes que compem esta obra.

    A primeira parte do livro trata do desafio da Educao.

    O Captulo 1 possui o objetivo de descrever minimamente

    o quadro complexo desse desafio. As perspectivas de

    professores, de alunos, de pais, de escolas, do Governo e da

    sociedade civil so consideradas segundo seus argumentos,

    o que fundamental para comear a empreitada de um

    ponto de vista mais amplo, evitando o risco de desenvolver

    solues parciais, que comprometeriam sua possibilidade

    de realizao.

    O segundo Captulo considera, ento, um pano de fundocomum a todas as perspectivas: o fato de viver-se, hoje, em

    um mundo de altssimo desenvolvimento tecnolgico e

    acesso massificado informao, que provocam, somados,

    grandes reflexos no mercado de trabalho. Constata-se que,

    de fato, a insero em tal realidade depende da capacidade

    de aprendizado dos cidados e dos trabalhadores, mais do

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    A NOVA SALA DE AULA

    que a quantidadede contedos sabidos.

    O terceiro Captulo seguinte trata das instituies de

    ensino, sua lgica de funcionamento e os motivos que as

    tornam incapazes, no formato atual, de dar conta do desafio

    levantado. Chega-se ao ponto em que o desenvolvimento da

    autonomia no aprendizado identificado como o horizonte

    para a Educao no sculo XXI.

    O Captulo 4, o ltimo da primeira parte, traz uma

    base terica mnima sobre a relao entre autonomiae aprendizado, quando se observa ser a autonomia a

    capacidade do ser humano de agir segundo regras que ele

    mesmo adota, sendo esse o exerccio pleno de sua liberdade,

    capaz de realiz-lo. A autonomia no campo do aprendizado

    surge como possvel de ser cultivada em sala de aula seos

    professores puderem proporcionar as etapas necessrias ao

    seu desenvolvimento. As oficinas de estudo seriam, assim, o

    modo de trabalhar que proporciona esse desenvolvimento.

    A segunda parte do livro apresenta a defesa das oficinas

    de estudo como o modo de trazer aos alunos a nova sala

    de aula. Inicia-se, no Captulo 5, por uma demonstrao dafalnciadas aulas expositivas como um meio adequado de

    estimular a autonomia no aprendizado. Aps, no Captulo

    6, as oficinas de estudo so apresentadas em suas cores, em

    contraste com a aula tradicional. So trazidas tona suas

    vantagense chega-se concluso de que, no pior dos casos,

    as oficinas servem como introduo s aulas expositivas

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    INTRODUO

    a partir dos questionamentos (ou seja, da atividade dos

    alunos).

    O prximo passo, j no stimo captulo, a exposio do

    mtodo de estudoque serve de base para as oficinas: o Mtodo

    das 4 Etapas. Em seguida, nos Captulos 8, 9 e 10, o tema

    a tcnica para a orientaodos alunos nas oficinas, ou seja,

    como instru-los a estudar por conta prpria um material

    a partir do mtodo de estudo j referido. Chega-se, ento,

    ao modo como as oficinas de estudo se relacionam com ocotidiano escolar, com a exigncia de cumprir um currculo,

    com a existncia de projetos interdisciplinares, com as

    possibilidades de avaliao e com o incentivo pesquisa

    dentro da escola, pela Iniciao Cientfica. Finalmente,

    o livro culmina com a descrio de como as oficinas de

    estudo podem ser instrumentos para efetivamente realizar

    uma revoluo na Educao, quando se discute que tipo de

    revoluo deve ser essa, quais seriam seus passos e, claro,

    seus resultados.

    O fato que uma nova era se inaugura com desafios

    ainda nebulosos, mas que deveroser enfrentados. Quantomaior for o nmero de pessoas capazes de individualmente

    buscar conhecimento e propor solues, maiores sero as

    chances de sucesso coletivo. Assim, se todosforem formados

    com uma educao orientada para o desenvolvimento

    dessas capacidades, a multiplicao de mentes e coraes

    unidos em torno dos problemas nascentes ser capaz de

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    A NOVA SALA DE AULA

    fornecer respostas, sempre que elas forem requisitadas.

    Este livro um exerccio de reflexo sobre como seria

    possvel agregar interesses e demandas to fortes na rea da

    Educao. Espero que, acima da adequao deste escrito,

    fique mostra a necessidade de escutar as diferentesvozes

    que compem este debate.