A moral na administração

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A moral, a ética e a administração

A vivência em comunidade é um processo pelos quais as pessoas adquirem

aspectos padronizados de comportamento que são super-valorizados pelo grupo de

sua convivência e adequados para sua adaptação ao seu ambiente social. Nesse

processo está intrínseco a criação da “moral” como idéia evolutiva e necessária para

crescimento das relações. A moral acha-se intimamente ligada com as ações

conscientes e voluntárias dos indivíduos que afetam outros indivíduos, determinados

grupos sociais ou a sociedade em seu conjunto.

Trazer a tona a discussão implica uma análise muito precisa das relações que

o individuo desenvolve com as outras pessoas, uma vez que, trata-se de um

processo no qual a definição de regras é o limite caracterizado pela necessidade de

manter o respeito como conceito fundamental da comunidade relacionada. Porém

essa idéia vai além da compreensão e do conceito próprio de cada individuo. Como

relações, os fenômenos morais podem ser entendidos como gerados pelas

condições sociais e são conseqüências de sanções sociais sobre a conduta. O

indivíduo, então, percebe-se como um ser “não livre”, mas, submetido a um

elemento externo, no qual o próprio deverá reconhecer como superior e digno de ser

obedecido e respeitado. Existe então, uma série de conflitos concernentes da

relação das morais internas do individuo e a relação com o outro, e que acabam por

delinear a consciência humana.

Discutir o tema moralidade implica em uma análise muito precisa das relações

citadas acima, pois essas relações, trata de um processo no qual a definição de

regras é o limite caracterizado pela necessidade de manter, como foi dito, o respeito

como conceito fundamental. É necessário entender o que seria essa “moral” citada.

As raízes do vocábulo moral derivam do latim “mos”, “Morus”, ou “mores”, onde

direcionam para o sentido de conjunto de normas e regras adquiridas por hábito.

Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em

sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo

cotidiano. Durkheim explicava Moral como a "ciência dos costumes", sendo algo

anterior a própria sociedade. A moral tem caráter obrigatório. No terreno da moral

estão às noções de justiça, ação, intenção, responsabilidade, respeito, limites, dever

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e punição. A moral tem tudo a ver com a questão do exercício do direito de um até

os limites que não violem os direitos do outro.

A moral trabalha o individuo moral, e ele, se orienta por grupos de referencia

que mudam com o desenvolvimento do próprio ser. Assim, a solidariedade e a

cooperação entre individuo se transformam na força motriz de mudança e

consolidação da moral no ser social. Nesse aspecto, percebe-se que nenhuma

realidade moral é inata, o que significa haver uma exigência ao delinear uma

disciplina normativa, sob a qual são desenvolvidas umas séries de relações coletivas

que devem interferir na construção na moral do individuo subjetivo.

O ser humano é uma obra eternamente inacabada, em construção e

reconstrução. O que somos agora serve apenas como base para aquilo que

seremos amanhã. Cada nova experiência, boa ou ruim, acrescenta algo em nós, que

pode nos ajudar ou atrapalhar, mas que de qualquer modo faz parte do que somos.

Assim, torna-se emergente enfatizar que, conduzir-se moralmente é agir conforme

certas normas estabelecidas pela sociedade. Justamente por isso a moral constitui-

se um conjunto de regras definidas previamente e que determinam o modo de ser do

homem.

Pode-se perceber que a assimilação de conceitos morais vem desde a fase

de criança. Piaget (1994, p.23), afirma que:

“...as regras morais que a criança aprende a respeitar, são

transmitidas pela maioria dos adultos, isso significa que a elas

já chegam elaboradas, porém não na medida de suas

necessidades e interesses, mas de uma única vez através da

sucessão ininterruptas das gerações adultas anteriores”.

Percebe-se claramente que Piaget destaca que a moralidade não é um valor

intrínseco ao ser humano, que nasce com ele mesmo, mas a interação vem do meio,

e transforma o individuo, obrigando o homem a adquirir uma postura a respeito da

sua ação, conduzindo-o à reflexão, à definição da personalidade, e a novas ações,

que refletirão num processo sucessivo, às vezes intermitente, mas contínuo, que

trabalha não só na concepção do equilíbrio individual, mas também coletivo.

A ética, por sua vez, é ação. É a maneira de pôr em prática os valores morais.

É um sistema de balizamento ou de codificação para ser usado na tomada de

decisões. É a forma de traduzir a moral em atos. Por exemplo, a verdade pode estar

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numa posição alta na hierarquia pessoal de valores, mas em si, dizer que a verdade

ocupa um lugar importante na vida só vai levar a um estado constante de

contemplação. Praticar a verdade nos atos cotidianos, não mentir, ser autêntico,

estes são princípios éticos que, em função da importância que dou ao valor verdade,

implementado na vida e na maneira pessoal de agir. Até esse momento, se parece

passos simples a serem cumpridos, mas na realidade, a prática de princípios éticos

e morais, são bastante complexos, pois eles exercem efeito no espaço que se situa

entre o que “É” e o que “DEVERIA SER”. São as atitudes que são tomadas durante

a vida que requerem uma firme e clara visão dos valores morais que serão seguidos.

Em conseqüência, já na vida particular de cada individuo, são constantemente

confrontados com dilemas éticos, se transpuser isso para o mundo dos negócios, da

administração, os desafios são ainda muito maiores.

Em termos empresariais, a ética está envolvida na medida que o produto, a

maneira de produzi-lo, e tudo o que faço em relação a ele representam um serviço

para o mercado (ou seja, acrescentar valor), e que a empresa poderá obter como

resultado econômico válido. Nesta perspectiva aquele que domina certos conceitos,

entende que o valor maior é a solidariedade, a profunda interdependência humana,

e o crescimento do outro. Este é o objetivo. O lucro, o beneficio, é um subproduto.

Indispensável, sem dúvida, para a continuidade da comunidade de trabalho que é a

empresa, mas que só vai existir se as outras condições forem preenchidas.

Na verdade, a ética, que se entende como a maneira de por em prática a

hierarquia de valores morais, e o exercício da responsabilidade social da empresa

andam de mãos dadas. E esta é uma visão bastante complexa diante das pressões

do mercado e das outras de todo o tipo, às quais os administradores são submetidos

diariamente nas suas tarefas, e que pode fazer toda a diferença em uma sociedade

capitalista, em que as pessoas buscam um refúgio de valores distorcidos e egoístas

que são tantos na atualidade.

REFERENCIAS

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COHEN, D. Os dilemas da ÉTICA. EXAME. São Paulo, n.10, pg.35-48, 14

mai.2003.

PIAGET, J. O juízo moral na criança. Tradução Elzon L. 2. ed. São Paulo:

Summus, 1994.

ARRUDA, M.C.C. Código de Ética: um instrumento que adiciona valor. São Paulo: Negócio Editora, 2002.