A intolerância humana.docx

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A intolerância humana – O mito de Procusto Ano passado os noticiários repetiam amiúde um fato assustador de intolerância que chocou muitos brasileiros, uma gang de garotos de classe média atacou gratuitamente três homossexuais em plena Avenida paulista, aquela cena de homofobia faz lembrar o mito de Procusto. Procusto era um ladrão que vivia de roubar quem passasse pela estrada que ligava Mégara a Atenas, só poderia cruzar seu caminho quem passasse por um terrível julgamento, o bandido possuía uma cama de ferro de seu tamanho exato, nenhum centímetro a mais ou a menos, onde ele fazia sua vítima deitar-se, se a pessoa fosse maior que a cama amputava-lhe as pernas, se fosse menor era esticada até atingir o tamanho desejado. Esse horror só teve fim quando o herói Teseu fez a ele o mesmo que ele sempre fazia às suas vítimas, colocou-o na cama, mas um pouco para o lado, sobrando assim a cabeça e os pés que foram amputados pelo herói. O mito de Procusto é uma alegoria da intolerância. Apesar de diversidade ser uma característica humana, o ser humano tem agido como Procusto, em grande parte acreditando estar sendo justo. Num dos episódios desse mito, Atena, a deusa da sabedoria, incomodada pelos gritos das vítimas resolveu tomar uma providência e foi ter com o bandido, mas ficou sem palavras quando este argumentou que estava fazendo justiça porque sua cama nada mais fazia do que acabar com as diferenças entre as pessoas. O silêncio de Atena foi interpretado como aprovação e só fez reforçar a crueldade do bandido. Quando Teseu procurou por Procusto, o ladrão pensando que seria uma visita amigável, tentou convencer o herói da legitimidade de suas ações. No entanto, Teseu responde que injusto é tentar igualar as pessoas que são diferentes por natureza, por isso cada uma tem o direito de ser como é.

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A intolerncia humana O mito de Procusto Ano passado os noticirios repetiam amide um fato assustador de intolerncia que chocou muitos brasileiros, uma gang de garotos de classe mdia atacou gratuitamente trs homossexuais em plena Avenida paulista, aquela cena de homofobia faz lembrar o mito de Procusto. Procusto era um ladro que vivia de roubar quem passasse pela estrada que ligava Mgara a Atenas, s poderia cruzar seu caminho quem passasse por um terrvel julgamento, o bandido possua uma cama de ferro de seu tamanho exato, nenhum centmetro a mais ou a menos, onde ele fazia sua vtima deitar-se, se a pessoa fosse maior que a cama amputava-lhe as pernas, se fosse menor era esticada at atingir o tamanho desejado. Esse horror s teve fim quando o heri Teseu fez a ele o mesmo que ele sempre fazia s suas vtimas, colocou-o na cama, mas um pouco para o lado, sobrando assim a cabea e os ps que foram amputados pelo heri.O mito de Procusto uma alegoria da intolerncia. Apesar de diversidade ser uma caracterstica humana, o ser humano tem agido como Procusto, em grande parte acreditando estar sendo justo. Num dos episdios desse mito, Atena, a deusa da sabedoria, incomodada pelos gritos das vtimas resolveu tomar uma providncia e foi ter com o bandido, mas ficou sem palavras quando este argumentou que estava fazendo justia porque sua cama nada mais fazia do que acabar com as diferenas entre as pessoas. O silncio de Atena foi interpretado como aprovao e s fez reforar a crueldade do bandido. Quando Teseu procurou por Procusto, o ladro pensando que seria uma visita amigvel, tentou convencer o heri da legitimidade de suas aes. No entanto, Teseu responde que injusto tentar igualar as pessoas que so diferentes por natureza, por isso cada uma tem o direito de ser como . A intolerncia traz angstia, infelicidade e solido. Deixar o ser, ser o que , sem resistncia, pode ser o incio de uma vida mais harmnica e feliz. E ser feliz o que todos almejam, independente de estilo de vida, etnia, crena religios, n de manequim, nacionalidade, orientao sexual ou classe social.

O ANEL DE GIGES

O pastor Giges servia ao soberano da Ldia, Caundales. Certa vez, Giges ficou exposto a uma forte tempestade seguida de terremoto, ocasio em que o solo se rasgou e fez surgir uma fenda no pasto onde ele apascentava o rebanho. Ao contemplar os destroos causados pelo tremor de terra, viu um cavalo de bronze, oco e, dentro, um cadver, com um anel de ouro na mo. Estando, depois, reunido com os companheiros para prestar contas ao rei e de posse do anel, que havia surrupiado, descontraidamente gira o engaste do anel para dentro. Num passe de mgica, Giges se torna invisvel. Admirado, passa de novo a mo pelo anel, e gira-o para fora. E se torna visvel. Senhor do anel e dono da situao, consegue chegar a primeiro-ministro, seduz a mulher do soberano e, com o auxlio dela, mata o rei e toma o poder. Foi o fundador da dinastia dos Mermnades, sculo VII a. C.

O que esse mito tem a nos ensinar pode ser alcanado por uma reflexo sobre nossa conduta, agimos bem porque somos cumpridores das normas e dos bons costumes, ou estamos preocupadas com os olhos dos outros?