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    1 INTRODUÇÃO

    Pesquisar sobre a segurança pública brasileira talvez seja um dos mais

    audaciosos desafios da atualidade, principalmente no contexto da sociedade

    brasileira. No que tange à função da Polcia !ivil, tais desafios não são diferentes.

    "esde o momento em que formam#se novos Policiais atrav$s do processo seletivo

    do tradicional concurso público, surgem novas expectativas para a sociedade em

    termos de segurança pública, para a Polcia !ivil e para os pr%prios Policiais rec$m#

    formados. No entanto, com a passar do tempo, muitas dessas expectativas tornam#

    se em frustraç&es, principalmente para os Policiais, uma vez os seus direitos sãoviolados e suas condiç&es de trabal'o tornam#se cada vez mais prec(ria,

    estressante e perigosa.

     ) Polcia !ivil do *stado do +io rande do Norte possui uma caracterstica

    impar sobre a questão da segurança pública do *stado. Por possuir uma função

    peculiar de investigação, necessita#se que seus profissionais estejam preparados

    para o exerccio de suas funç&es, tanto em termos de 'abilidades e compet-ncia,

    quanto no quesito de segurança e estabilidade emocional.No entanto, percebe#se que o *stado não oferece o suporte necess(rio para

    estes profissionais, desrespeitando inclusive seus direitos garantidos pelo Novo

    !%digo !ivil e !onstituição ederal, principalmente no que diz respeito às

    verdadeiras funç&es das delegacias de polcia existentes em todo o estado do +io

    rande do Norte, contribuindo dessa forma, com a perda do rendimento funcional

    desses profissionais, al$m de causar uma grande dose de estresse no que diz

    respeito ao pleno exerccio de suas funç&es./ais consideraç&es são concretizadas a partir da percepção do pr%prio

    pesquisador, uma vez que o mesmo atua neste ambiente de pesquisa, como policial

    civil em uma das delegacias do *stado, mais precisamente no municpio de

    Parnamirim0+N, em um ambiente onde se encontra aproximadamente 122 detentos,

    atuando, na maioria das vezes, como carcereiro, dormindo durante a noite na

    cobertura da delegacia para evitar a fuga de presos. )l$m dessa inconveni-ncia, nos

    'or(rios de visita, tornava#se impossvel revistar as mul'eres, uma vez que não

    'avia agentes femininas na sua equipe e, como a viatura passava boa parte da

    semana sem gasolina e apresentando problemas mec3nicos, torna#se praticamente

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    impossvel providenciar mais agentes para aquele distrito ou realizar qualquer 

    atividade neste sentido.

    /odos estes imprevistos contribuam bastante para o aumento do estresse

    neste ambiente de trabal'o, diante da impot-ncia dos profissionais quanto ao

    exerccio da sua função como policial civil, diante da impossibilidade de poder 

    garantir a segurança pública da sociedade, no que diz respeito ao ofcio da sua

    função.

    "iante desta realidade, esta pesquisa cientfica visa observar a questão da

    segurança pública no *stado do +io rande do Norte e o nvel de estresse neste

    contexto, presentes no ambiente de trabal'o da Polcia !ivil, analisando suas

    possveis causas e consequ-ncias. Para que este objetivo seja alcançado, torna#senecess(rio discorrer acerca dos principais conceitos sobre a segurança pública e a

    sua import3ncia para a sociedade, atrav$s de um referencial te%rico que possa

    relacionar a segurança pública, a Polcia !ivil e a questão do estresse no ambiente

    de trabal'o, para a posteriori  analisar a principal problem(tica da segurança pública

    versus estresse ocupacional atrav$s de jurisprud-ncias, dissertaç&es e teses sobre

    este assunto. inalmente, necessita#se tecer algumas consideraç&es finais sobre os

    resultados observados para, caso seja necess(rio, propor algumas sugest&es quepossam contribuir para a administração ou minimização do estresse neste ambiente

    de pesquisa.

     ) sua viabilidade pode ser comprovada diante do seu valor psicossocial e

    cientfico, uma vez que tanto a sociedade quanto qualquer profissional, graduando

    ou interessados no assunto, podem se beneficiar dos resultados obtidos a partir 

    desta pesquisa, dando continuidade a este importante estudo. )l$m do mais, trata#

    se de um estudo de f(cil acesso às informaç&es e dados necess(rios, uma vez queo pesquisador faz parte diretamente do contexto da pesquisa, possui um baixo custo

    diante da possibilidade de se col'er as informaç&es in loco, al$m de ser de grande

    interesse para o pr%prio pesquisador, diante da sua afinidade com o conteúdo da

    pesquisa e desejo de poder futuramente se aprofundar um pouco nesta

    problem(tica.

    2 SEGURANÇA PÚBLICA: PRINCIPAIS CONCEITOS

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    4.1 ) 5*6+)N7) P89:;!) * ) !??,

    quando observa#se no caput  do seu artigo 1@@ o seguinte textoA

     )rt. 1@@ B ) segurança publica, dever do *stado, direito e responsabilidadede todos, $ exercida pela preservação da ordem pública e da incolumidadedas pessoas e do patrimCnio, atrav$s dos seguintes %rgãosA; B polcia federalD;; B polcia rodovi(ria federal;;; B polcia ferrovi(ria federal;E B polcias civisE B polcias militares e coro de bombeiros militares. F9+)5;:, 4224G.

    No que compete a Polcia !ivil, encontra#se neste mesmo artigo, no seu

    par(grafo @H o seguinte textoA

    I @. às polcias civis, dirigidas por delegados de polcia de carreira,incumbem, ressalvada a compet-ncia da 6nião, as funç&es de polcia judici(ria e a apuração de infraç&es penais, exceto as militares.

    No entanto, torna#se relevante observar que esta segurança pública comodireito de todos os cidadãos, tem a sua fundamentação no captulo ;, artigo JH da

    pr%pria !onstituição, quando observa#se o seguinte textoA

     )rt. J. /odos são iguais perante a :ei, sem distinção de qualquer natureza,garantindo#se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no pas ainviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e àpropriedade F...G. F9+)5;:, 4224G.

    "iante do exposto, observa#se que, como parte d sociedade, todos sãoconscientes dos seus direitos e deveres, como tamb$m, sobre o que compete ao

    *stado em relação ( preservação de seus direitos como cidadão.

    4.4 P

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    < policial civil do +io rande do Norte $ amparado pela :ei !omplementar 

    n. 4K2, de 1L de fevereiro de 422@, e pela !onstituição do *stado do +io rande do

    Norte, mais precisamente o seu captulo E;; que trata da segurança pública do

    *stado.

    Neste contexto, quando o policial civil ingressa no serviço público atrav$s de

    concurso, este a priori   sente orgul'o em saber que a sua principal função $

    contribuir com a segurança pública do seu *stado, segundo suas compet-ncias,

    al$m da certeza de um emprego est(vel, garantido pela pr%pria !onstituição

    ederal.

    *ste tipo de entusiasmo e orgul'o ao mesmo tempo, impede o Policial

    durante o seu ingresso à Polcia Militar, de encarar a verdadeira realidade do quesignifica segurança pública em um pas como o 9rasil, onde o ndice de

    criminalidade atinge patamares difceis de serem controlados, diante de um

    segmento desestruturado do *stado, respons(vel pela segurança nacional, onde

    não garante ao menos a seguranças de seus representantes, ou seja, dos pr%prios

    %rgãos Policiais garantidos pela !onstituição.

    *ssa realidade sempre oculta diante da necessidade de trabal'o e qualidade

    de vida, sempre surgiu como uma carrasca para muitas categorias de profissionaisdesde os prim%rdios da *ra ;ndustrial, quando j( se observava caractersticas

    anteriormente descon'ecidas, tais como, exig-ncia de tempo e de ritmo de trabal'o,

    exig-ncias estas denominadas como fisiol%gicas, descobertas durante a introdução

    do talorismo, mais precisamente entre a Primeira uerra Mundial e o incio da

    d$cada de 1>K2, onde o trabal'o intelectual passa a ser separado do trabal'o

    manual, neutralizando#se a atividade mental dos oper(rios. "iante destes

    acontecimentos, "ejours F1>>4, p. 1>G defende queA

    "esse modo, não $ o aparel'o psquico que aparece como primeira vtimado sistema, mas sobretudo o corpo d%cil e disciplina, entregue, semobst(culos, à influ-ncia da organização do trabal'o, ao engen'eiro deprodução e à direção 'ierarquizada do comando. !orpo sem defesa, corpoexplorado, corpo fragilizado pela privação de seu protetor natural que $ oaparel'o mental. !orpo doente, portanto, ou que corre o risco de torar#sedoente.

     )nalisando a fala do autor acima, surge uma questão f(cil de ser 

    respondida, por$m bastante relevante para esta ocasiãoA o que o Policial civil tem a

    ver com tais acontecimentos e, mais precisamente, com este tipo de separação de

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    trabal'o existentes nas classes oper(rias, no Oc'ão de f(brica das indústriasQ

     )parentemente, parece ser uma colocação deslocada neste discurso. No entanto,

    ao observar que o policial civil cumpre a sua função, segundo as ordens

    previamente estabelecidas e que, mesmo possuindo condiç&es de utilizar o seu

    trabal'o mental, quase nada pode fazer diante da falta de estrutura em utilizar o seu

    trabal'o mental, quase nada pode fazer diante da falta de estrutura em sua volta,

    cabe a este profissional apenas o dever de investigar, fazer dilig-ncias, efetuar 

    pris&es e, consequentemente, Ovigiar seus presos que se encontram amontoados

    nas delegacias de polcia, para que não aconteçam rebeli&es, motins ou fugas em

    massa.

    3 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: ENTRE O REAL E O IDEAL

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    6ma das principais metas de qualquer profissional ao ingressar no mercado

    de trabal'o $ garantir uma qualidade de vida mel'or para si e para seus familiares.

    !omo j( foi discutido anteriormente, o Policial civil possui o mesmo ideal,

    principalmente por saber que prestou exame classificat%rio e seletivo entre muitos

    outros candidatos, como forma de garantir algo mais est(vel. No entanto, ao passar 

    do tempo essa qualidade de vida tão almejada se transforma para muitos em

    pesadelo, uma vez que ela s% existe de fato apenas na teoria.

     )ntes de aprofundar neste fenCmeno social, necessita#se primeiramente

    discursar acerca do que se pode definir como qualidade de vida no trabal'o nos dias

    atuais. 5egundo a opinião de !arneiro Fapud *+N)N"*5, 1>>R, p. L?GA

    Sualidade de Eida no /rabal'o $ ouvir as pessoas e utilizar ao m(ximo suapotencialidade. ?2 apud *+N)N"*5, 1>>R, p. @LG o seguinte enunciadoA

    Oquando o trabal'ador não se sente integrado e aceito em seu ambiente de trabal'o,

    tende a cuidar, primeiramente, de seus interesses particulares e, se sobrar tempo,

    trabal'ar pela empresa. Neste sentido, compreende#se algumas atitudes entrePoliciais civis, por exemplo, quando encontram#se desmotivados e desacreditados

    sobre a sua verdadeira função, seu real valor para a sociedade, principalmente

    quando esta última busca seus serviços nas delegacias, tais comoA registro de

    boletins de ocorr-ncia, extravios de documentos, 'omicdio, etc.

    5obre a questão da necessidade de Sualidade de Eida no /rabal'o,

    +odrigues F4224, p. KRG defende que

    a Sualidade de Eida no /rabal'o tem sido uma preocupação do 'omemdesde p incio da sua exist-ncia. !om outros ttulos em outros contextos,

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    mas sempre voltada para facilitar ou trazer satisfação e bem#estar aotrabal'ador na execução de sua tarefa.

    *m outras palavras, todas as nossas aç&es visam um objetivo final e este

    objetivo almejado $ o que motiva e impulsiona o 'omem na realização de suas

    atividades.

    Neste contexto, torna#se relevante observar a definição de Sualidade de

    Eida no /rabal'o defendida por 9ergeron F1>?4 apud *+N)N"*5, 1>>R, p. @LG ao

    afirmar que a mesma consiste na aplicação concreta Ode uma filosofia 'umanista

    pela introdução de m$todos, visando modificar um ou v(rios aspectos do meio

    ambiente do trabal'o, a fim de criar uma nova situação mais favor(vel à satisfação

    dos empregados e à produtividade da empresa. Suando esta qualidade de vida no

    trabal'o não $ alcançada, observa#se transtornos psicopatol%gicos no ambiente de

    trabal'o, tais como a desmotivação pelo trabal'o e o aumento do ndice de estresse

    entre os profissionais da organização.

    inalmente, 9om 5ucesso F1>>K, p. 4>G inicia o seu captulo sobre

    Sualidade de Eida no /rabal'o, afirmando queA

     ) escol'a da profissão, as caractersticas da cultura organizacionalconfigurada pelos valores e pr(ticas predominantes na empresa, ainfraestrutura familiar constituem fatores relevantes para a Sualidade deEida no /rabal'o. )l$m disso, as relaç&es interpessoais, os conflitos e emespecial a maneira como a pessoa se relaciona na equipe afetam asatisfação no trabal'o, a auto#estima e a forma como se sente em relação asi mesma F...G.

    !omo pode#se observar, trata#se de um objetivo maior entre todos os

    profissionais que não deve ser desprezado pela organização na busca de seus

    objetivos. *m relação ao Policial civil, o *stado necessita urgente rever suaspolticas de segurança, principalmente no que tange a infraestrutura organizacional,

    valorização da função dos agentes e possibilidades reais de trabal'o no que se

    refere a viaturas em perfeito funcionamento, com combustvel, al$m de ambiente

    interno das delegacias à disposição para atividades inerentes às suas verdadeiras

    atribuiç&es, não apenas como locais de detenção.

    L.1 M

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    "iversos autores resolvem discursar sobre esta tem(tica em momentos

    distintos, muitas vezes ordenando a motivação em um primeiro plano, para depois

    dedicar#se ao estudo e conceituação do estresse. No entanto, no ambiente de

    pesquisa, ambos os temas parecem andar de mãos dadas, at$ que a motivação seja

    completamente sucumbida diante do fortalecimento de situaç&es de estresse. Na

    realidade, o que mant$m acesa a c'ama dos deveres e obrigaç&es do policial !ivil

    são exatamente a alimentação de alguns flashes  motivacionais, oriundos do

    relacionamento interpessoal no ambiente de trabal'o, al$m de outros fatores

    relacionados ao seu dia a dia familiar e social.

    Na opinião de 9roxado F4221, p. LG a motivação trata#se de Oum impulso quevem de dentro, isto $, que tem suas fontes de energia no interior de cada pessoa.

    5eguindo esta lin'a de raciocnio, o autor acrescenta ainda que os impulsos

    externos do ambiente servem apenas como condicionantes diante desse impulso

    motivador.

    No entanto, a motivação est( diretamente relacionada às satisfaç&es do ser 

    'umano a partir de suas necessidades. 5obre esta afirmação, :opes F1>?2 apud

    +>@, p. @2G afirma queA

    F...G as necessidades 'umanas estão organizadas numa 'ierarquia de valor ou prem-ncia, quer dizer, a manifestação de uma necessidade se baseiageralmente na satisfação pr$via da outra, mais importante ou premente. <'omem $ um animal que sempre deseja. Não '( necessidade que possaser tratada como se fosse isoladaD toda necessidade se relaciona com oestado de satisfação ou insatisfação de outras necessidades.

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    "iversos são os fatores que poderão influenciar essas necessidades, uma

    vez que estas podem surgir de forma consciente e inconsciente, sendo mais

    frequente esta última forma, em qualquer um dos tipos das necessidades

    fundamentais, classificadas pelo autor supracitado.

    inalmente, onseca F1>>@, p. @4G conclui sua tese sobre a motivação

    segundo a /eoria de MasloU, esclarecendo que Oa satisfação de uma necessidade $

    induzida pelo comportamento individual, que serve como apoio para explicar as

    reaç&es das pessoas às diversas forças motivacionais. *sta colocação torna#se

    bastante relevante para o ambiente de estudo em questão, sendo necess(rio para

    tanto analisar a questão do estresse tamb$m neste mesmo contexto.

    Suando se considera que a motivação e o estresse no ambiente de trabal'osão duas faces da mesma moeda, procura#se no entanto observar que ambos fazem

    parte do dia a dia de qualquer profissional, dentro ou fora do seu ambiente de

    trabal'o. !omo todo o trajeto da vida 'umana $ formado por alegrias e tristezas,

    sucessos e fracassos, comemoraç&es e frustraç&es, como se tratassem de uma

    dicotomia 'armCnica e, algumas vezes, complementar, o estresse pode em alguns

    momentos ser percebido como algo positivo e às vezes necess(rio para

    alcançarmos nossos objetivos pessoais e profissionais. No entanto, o contexto doestresse neste momento deve ser voltado para o seu valor ou intensidade

    considerada prejudicial para o indivduo.

    Para que se possa entender o estresse de forma negativa e ameaçadora

    para a qualidade de vida no trabal'o, "elboni F1>>K, p. 1G esclarece que Oquando

    nos sentimos ameaçados, uma s$rie de reaç&es org3nicas são desencadeadas ao

    mesmo tempo. ) ameaça pode ser real ou podemos perceb-#la, consciente ou

    inconsciente, como se fosse verdadeira. Para este autor, esta seria uma forma decaracterizar o estresse. Na sua opinião, quando o processo consegue se

    desenvolver em certo grau necess(rio ao organismo, colaborando co o bom

    desempen'o das funç&es org3nicas e psquicas, trata#se de um nvel positivo de

    estresse definido como eustresse. !aso contr(rio, se as situaç&es boas ou m(s se

    repetem com frequ-ncia, , transformando#se em situaç&es de estresse constante,

    trata#se de um processo negativo caracterizado por situaç&es aflitivas denominadas

    de distresse.

    "entro do ambiente de pesquisa, caracterizado por situaç&es de impot-ncias

    diante da percepção de não poder realizar suas funç&es normalmente Fpor exemploA

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    necessita#se fazer uma dilig-ncia, no entanto, a viatura encontra#se quebrada ou

    sem gasolina, sem previsão de quando o problema possa ser resolvidoG, "elboni

    F1>>K, p. 14G faz uma colocação bastante oportuna, ao afirmar que Oa baixa auto#

    estima surge como reflexo da sensação de impot-ncia para solucionar e de uma

    auto#imagem desqualificada em função do desgaste provocado pelo stress. /ais

    fatores são os principais respons(veis pelo surgimento da depressão. Suando

    estes fatores continuam sem solução, transformando#se em sentimentos confusos

    ou mal resolvidos, cria#se um ambiente propcio para o surgimento de sintomas

    causadores de doenças relacionadas ao trabal'o.

    5obre esta questão, "et'lefsen e "a'lVe Fapud "*:9>K, p. 14G

    afirmam que Oa doença $ um estado do ser 'umano que indica que, na suaconsci-ncia, ele não est( mais em ordem, ou seja, sua consci-ncia registra que não

    '( 'armonia. *ssa perda de equilbrio interior se manifesta no corpo como um

    sintoma. Suando esse primeiros sintomas se manifestam, trata#se da 'ora de tomar 

    alguma provid-ncia à respeito da verdadeiras causas que, na maioria das vezes, se

    relacionam à fatores comportamentais e podem ser solucionados atrav$s de um

    tratamento adequado.

    4 DOUTRINA JURÍDICA E A POLÍCIA CIVIL

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    < policial !ivil encontra#se amparado atrav$s da doutrina jurdica, no que se

    refere aos seus direitos, deveres e obrigaç&es, de forma que as suas atividadespossam ser desenvolvidas nos ditames da :ei.

    No que tange à sua organização, direitos e deveres, no artigo 4@ da

    !onstituição ederal, mais precisamente em seu inciso WE;, encontra#se o seguinte

    textoA

    WE; #

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    que cada *stado possui compet-ncia para gerir suas pr%prias atividades, sob o

    comando de um "elegado /itular designado pelo "elegado#eral de Polcia !ivil,

    previamente escol'ido dentre os servidores integrantes da carreira de "elegado de

    Polcia !ivil do *stado. 5egundo o artigo L1 da referida :ei, a Polcia !ivil possui

    cargos bem definidos, tais como, cargos integrantes de carreira de "elegado, de

    *scrivão e de )gentes, todos com suas devidas atribuiç&es especficas definidas na

    referida :ei !omplementar.

    /alvez estas sejam os principais adjetivos, al$m da investidura dos cargos

    atrav$s de !oncursos Públicos, que desperta em muitos profissionais a vontade de

    ingressar no Mercado de /rabal'o como policial civil, uma vez que suas atribuiç&es

    na sociedade demonstram ser bastante relevantes.*ntre os cargos anteriormente citados, torna#se importante observar as

    atribuiç&es do !argo de )gente da Polcia !ivil, considerado entre os demais cargos

    neste segmento de trabal'o como o mais ativo, operacional e, ao mesmo tempo,

    que mais compartil'a com situaç&es de estresse em seu ambiente de trabal'o.

    5egundo o artigo L@ da :ei !omplementar 4K2, anteriormente citada, observa#se o

    seguinte textoA

     )rt. L@. !ompete ao )gente de Polcia !ivilA; B levantar todas as informaç&es que conduzam ao esclarecimento dosdelitos denunciados, subsidiando o "elegado de Polcia !ivil com oselementos necess(rios para a conclusão do inqu$rito policialD;; B efetuar pris&es em flagrante, busca pessoal e apreens&esD;;; B cumprir mandados expedidos pela autoridade policial competenteD;E B dirigir, conforme 'abilitação e de acordo com a devida designação,veculos automotores em miss&es policiais e no desempen'o de atividadesnos diversos setores da Polcia !ivilDE B operar equipamentos de comunicação, zelando por sua segurança emanutençãoD

    E; B executar revista e vigil3ncia de presos apenas durante o perodo doinqu$rito policial do r$u presoDE;; B cumprir e fazer cumprir as ordens, normas e instruç&es emanadas de5uperior 'ier(rquicoD eE;;; B exercer outras atividades correlatas ao cargo.

    !omo pode#se observar, suas atribuiç&es são teoricamente bem detal'adas

    e f(cil de serem compreendidas, no entanto, quando se trata de exercer outras

    atividades correlatas ao cargo, por exemplo, não se esclarece o que poder( ser 

    considerado como correlato. "iante disso, muitas vezes são atribudas funç&es a

    estes profissionais, incompatveis com a sua função, al$m do perodo de inqu$rito

    policial do r$u preso, quando este último $ completamente esquecido nas celas das

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    "elegacias de Polcia, transformando as atividades atribudas ao )gente durante o

    perodo de inqu$rito policial em uma nova função, por tempo indeterminado, uma

    vez que este r$u continua permanecendo detido na mesma "elegacia.

    No que compete a autonomia administrativa da Polcia !ivil em relação a

    sua gestão orçament(ria e, consequentemente, reais condiç&es de trabal'o de seus

     )gentes, existe uma grande estagnação decorrente da falta de 'armonia entre o

    orçamento planejado e o executado. No relat%rio situacional das "elegacias de

    Polcia !ivil das comarcas do interior do *stado, comenta#se que tal autonomia dos

    recursos alocados em seu orçamento sofre restriç&es devido ao enunciado do artigo

    4 da :ei !omplementar 4K2, quando em seu par(grafo único, inciso ; vincula uma

    proposição ao 5ecret(rio do *stado da 5egurança Pública e da "efesa 5ocial, noque diz respeito ao seu planejamento e, consequentemente, a sua programação de

    recursos. Nestas circunst3ncias $ que se observa o desvio de função destes

    profissionais, gerando um número bastante preocupante de problemas, como por 

    exemplo, o baixo ndice de processos investigat%rios finalizados, contribuindo com a

    expansão da viol-ncia e criminalidade no estado, uma vez que a maioria dos

    inqu$ritos policiais efetivamente instaurados não c'ega a ser concludos a tempo de

    se realizar as dilig-ncias e coletar provas suficientes à punição dos respons(veisF"*:*)!;), 422>G.

    5 CONDIÇÕES PSICOSSOCIAIS DE TRABALHO DOS POLICIAIS CIVIS DO RN

    SEGUNDO OS ENTREVISTADOS

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    !om o principal objetivo de responder a problem(tica deste trabal'o, foi

    elaborado um question(rio com perguntas semiabertas de igual forma e teor, onde

    4J policiais civis responderam tais perguntas, coletando#se os seguintes dadosA

    J.1 +*S6XN!;) P)+) )Y*+ )5 /)+*)5 "* /+)9):T< !

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    agentes neste ambiente, sobrecarregando os demais agentes, uma vez que seria

    necess(rio realizar novos concursos públicos e contratar mais profissionais.

    J.L )NZ:;5* ") *W;XN!;) "< /+)9):T< *M +*:)7=< )< P+

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    vezes são cumpridas dentro do tempo previsto, enquanto que, para os @?[

    restantes dos entrevistados, suas tarefas raramente são cumpridas dentro do prazo

    estipulado.

    J.J

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    G!"#$% @: P%//###,'/ ' ,-'+' $%#/,/ +%>,/ +% 0,,%6&%+0': D,%/ $%'0,%/ 7281296

    "iante dos dados observados no gr(fico acima, observa#se que todos os

    policiais pesquisados foram un3nimes em afirmar que apenas às vezes existe

    alguma possibilidade de aprender coisas novas no ambiente de trabal'o, o que pode

    caracterizar uma rotina.

    J.K *W;XN!;) "* M6;/) T)9;:;")"*

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    suas tarefas. "essa forma, trona#se um motivo relevante para que os mesmos

    possam se dedicar um pouco mais às suas atividades, segundo a :ei, para que as

    suas atribuiç&es possam ser cumpridas e a sociedade possa realmente usufruir de

    seus serviços com qualidade e efici-ncia, tornando os policiais motivados com seu

    pr%prio desempen'o funcional.

    J.? N*!*55;")"* "* /, +, ''$)

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    G!"#$% : N'$'//#,' ' '-'0# >!#,/ >'.'/ , '/, 0,'",6

    &%+0': D,%/ $%'0,%/ 7281296

    !omo se pode observar atrav$s dos dados coletados, todos os entrevistados

    afirmam que necessitam repetir o mesmo tipo de tarefa por diversas vezes, at$ que

    a tarefa seja definitivamente cumprida. *sta pr(tica, al$m de desperdiçar tempo,

    gera desgastes fsicos e psicol%gicos nos profissionais, que tornam#se impotentes

    na realização (gil de suas tarefas, por saberem que algo vai ter que ser refeito.

    J.12 *5!

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    oportunidade ocorre raramente com eles.

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    G!"#$% 12: E#/0*+$#, ' ) ,#'+0' $,% ' ,;,!>' +% %$, ' 0,,%6&%+0': D,%/ $%'0,%/ 7281296

    "iante destes dados coletados, observa#se que R2[ dos entrevistados

    acreditam que às vezes o seu ambiente de trabal'o torna#se calmo e agrad(vel,

    enquanto 4@[ considera que essa percepção pode#se ter frequentemente do

    ambiente de trabal'o. Por outro lado, os demais entrevistados, representando 1R[

    da amostra, disseram que quase nunca este tipo de ambiente $ observado.*ste resultado mostra claramente que se trata de um ambiente de trabal'o

    onde não existe um clima organizacional agrad(vel, mesmo que os profissionais se

    esforcem para cri(#lo, diante dos demais dados observados que impedem tal

    fenCmeno, tais comoA trabal'o em excesso, atividades incompatveis com sua

    função, entre outros. ) maioria dos casos que envolvem distúrbios psicol%gicos e patologias

    crCnicas nos profissionais ocorre diante da constante busca por um ambiente

    mel'or, onde as pessoas se esforçam para mud(#lo mas, por algum motivo externoà sua vontade, esta mudança nunca acontece. Nos anexos serão analisados atrav$s

    de fotos alguns desses casos que possibilitam um ambiente completamente adverso

    àquele esperado pelos profissionais pesquisados. Muitas dessas atividades estão

    protegidas por lei atrav$s do que se define como atividades correlatas, quando

    nunca $ discutido que atividades são estas.J.1L 9

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    G!"#$% 13: B% ',$#%+,'+0% +% 0,,% $% $%';,/ ' /)-'#%'/6&%+0': D,%/ $%'0,%/ 7281296

    *ste gr(fico trata#se da representação de um dos mais importantes dados

    que permitem observar a influ-ncias de fatores negativos que se encontram al$m do

    desejo e do controle desses profissionais. /odos os entrevistados afirmaram que

    possuem um bom relacionamento interpessoal com seus colegas e superiores

    frequentemente, o que para muitas organizaç&es, onde o problema não se encontra

    no fluxo de atividades desenvolvidas, seria a c'ave mestra para o sucesso de seus

    objetivos finais. Neste caso, o problema neste ambiente encontra#se al$m das

    fronteiras entre os seus superiores que, da mesma forma, sentem#se envolvidos

    com o mesmo problema enfrentado pelos agentes em termos de poder de decisão e

    real controle da situação.

    J.1@ P

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    G!"#$% 15: B% ',$#%+,'+0% $% % $'"'6&%+0': D,%/ $%'0,%/ 7281296

    *ste resultado encontra#se inserido no item J.1L que trata do relacionamentono trabal'o com colegas e superiores, onde todos os entrevistados confirmam que

    frequentemente existe um bom relacionamento com seu c'efe, uma caracterstica

    bastante interessante no investimento da qualidade do clima organizacional no

    ambiente pesquisado.

    J.1R

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    forma como são tratados pelos %rgãos superiores que deixam de atender às suas

    reivindicaç&es, o gosto pelo trabal'o aos poucos vai se perdendo e a sua função

    deixa de fazer sentido para este profissional.

    J.1K ;!)+ ;++;/)"< P

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    onde o pesquisador elaborou um question(rio com 12 perguntas abertas, como pode

    ser observado no anexo 4 deste trabal'o, obtendo os resultados que serão

    discutidos neste captulo.

     ) "outora 5ueli erreira quando questionada sobre as reclamaç&es mais

    comuns dos policiais civis, relatou que tais reclamaç&es podem ser expostas da

    seguinte formaA falta de recon'ecimento e apoio por parte dos superioresD rigidez da

    ;nstituiçãoD pressãoD carga 'or(ria elevada de trabal'oD e falta de investimento em

    estrutura e equipamentos. *stas respostas estão em concord3ncia com as quest&es

    anteriormente apresentadas pelos policiais civis entrevistados e analisados atrav$s

    dos dados estatsticos.

    5obre a questão das principais patologias dos policiais, o pesquisador obteve a seguinte respostaA depressãoD sndromesD angústiasD depend-ncia qumica

    Falguns ficam viciados em todo tipo de droga em função da facilidade de encontrar 

    tais entorpecentesGD e estresse. Muitos policiais, diante da impot-ncia em não poder 

    realizar suas atividades com efici-ncia, passam a apresentar um quadro patol%gico

    considerado crCnico, difcil de ser combatido.

     ) respeito do tratamento que estes policiais recebem, de acordo com a

    patologia apresentada, a "outora 5ueli erreira informou que, as tr-s primeiraspatologias anteriormente citadas, em geral, necessitam tamb$m de um

    acompan'amento m$dico psiquiatra, para que atrav$s de uma medicação adequada

    ao seu quadro, 'aver uma integração com o acompan'amento psicol%gico. Por isso

    o servidor $ orientado, e quando possvel encamin'ado a um clnico. 5obre o

    problema da depend-ncia qumica, al$m da necessidade imediata de um

    acompan'amento de um m$dico psiquiatra e do acompan'amento psicol%gico, $

    feita uma avaliação com o servidor, quanto à necessidade de uma internação ounão. !aso seja necess(rio a internação, os profissionais da (rea psicossocial,

    encamin'am e acompan'am at$ o fim desta. *sta internação $ feita em uma

    comunidade terap-utica, com a qual o !;)5P tem parceria F!omunidade Nova

     )liança0PiumG. Suando o servidor com depend-ncia qumica não quer, ou quando

    não '( necessidade de internação, encamin'a#se tamb$m para participar do

    tratamento oferecido pela 6nidade de /ratamento e )poio para "ependentes

    F6/)"G, do Tospital 6niversit(rio

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    5obre as aç&es do *stado para solucionar tais problemas, a "outora 5ueli

    erreira afirmou que o !;)5P $ um %rgão subordinado a 5ecretaria de *stado da

    5egurança Pública e da "efesa 5ocial F5*5*"G, tendo o apoio necess(rio para

    desenvolver as aç&es a que se destina, vale salientar que a implementação do

    !;)5P representa um avanço por parte do *stado, atrav$s da 5*5*", no que

    concerne ao bem#estar e saúde dos servidores da (rea de segurança pública por$m

    isto representa apenas um passo para o trato nas quest&es referente a qualidade de

    vida e da saúde dos servidores da (rea de segurança.

    *m relação a quantidade de policiais civis que são assistidos pelo !;)5P,

    observou#se que se trata de 1L2 'omens e 11 mul'eres, mesmo existindo a procura

    eventual de outros agentes a este referido %rgão.5obre a questão da quantidade de policiais casados e solteiros e a

    exist-ncia de policiais 'omossexuais declarados, a "outora 5ueli erreira não soube

    responder atrav$s de números exatos, afirmando mesmo assim que, em relação aos

    'omossexuais, existem aqueles que são declarados e que se sentem bastante à

    vontade por serem bem acol'idos pelo !;)5P.

     )s consultas são marcadas, observou#se que existe uma m$dia di(ria de @ a

    J policiais atendidos, uma m$dia mensal de 4? a L2 atendimentos mensais e,consequentemente, de 1J2 a 4L2 policiais atendidos por ano.

     )s consultas são marcadas no !;)5P de acordo com as seguintes

    demandasA espont3neaD atrav$s do telefoneD encamin'amento atrav$s de seus

    superioresD quando o policial não tem condiç&es de se locomover at$ o !;)5P, os

    profissionais da (rea psicossocial realizam visita social em sua resid-ncia, 'ospital e

    quando possvel ao interior do *stado.

     ) idade m$dia dos policiais assistidos $ entre L2 e @2 anos. < ambiente detrabal'o desses servidores influencia de uma forma determinante em toda sua

    'ist%ria de trabal'o, pois o policial $ um ser 'umano com suas pr%prias

    caractersticas, com seu problema familiar igual a todo mundo. *nfrenta uma

    profissão que $ considerada de maior estresse e de grande risco. *ntão ao c'egar 

    ao seu trabal'o necessitam de um apoio e de uma estrutura que l'e garantisse

    equilbrio, apoio e segurança. No entanto, este tipo de estrutura a instituição de

    segurança pública, no *stado e no pas não disp&e.

    inalmente, sobre a opinião da pr%pria entrevistada quanto à estrutura de

    apoio do *stado em relação a Polcia !ivil e respectivamente à segurança pública

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    como todo, ficou esclarecido que o *stado conta apenas, na capital, com o !;)5P, o

    qual disp&e de uma equipe ainda pequena para atender a aproximadamente 1L mil

    policiais Fentre policiais militares, civis e bombeirosG em todo o *stado. No entanto, a

    equipe do !;)5P $ composta por apenasA tr-s psic%logos, quatro assistentes

    sociais, um administrador, um fisioterapeuta e um nutricionista.

     

    CONDIÇÕES PSICOSSOCIAIS DE TRABALHO DOS POLICIAIS CIVIS DO RN

    SEGUNDO DADOS COLETADOS ATRAVS DA IFPRENSA 7NA ÍNTEGRA9

    *ste captulo procura analisar dados referentes a mat$rias publicadas pelos

    principais sites de notcias do *stado, referente às condiç&es dos policiais civis,

    "elegacias e detentos do *stado do +io rande do Norte, mais precisamente naunidade de Parnamirim0+N, onde o pesquisador trabal'a. *stas informaç&es serão

    viabilizadas neste trabal'o, na ntegra, para que se ten'a uma mel'or visão sobre a

    natureza dos fatos, suas causa e principais consequ-ncias como realmente $

    percebida pela sociedade.

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    K.1 :*E)N/)M*N/< "< 5;NP presos) *ue tam/"m

     podem escapar a *ual*uer momento

    : $inpol alerta *ue v+rios municípios apresentam n#meros preocupantes)

    como " o caso de $anta Cru? 766 presos8) Pau dos .erros 7(( presos8) Guamar" 7@5

     presos8 $;o Paulo do Potengi 7@6 presos8) Apodi 72( presos8) ,ucurutu 72@ presos8)

    ouros 72@ presos8) Acari 7&B presos8 e Patu 7&6 presos8

    1 "isponvel emA 'ttpA00portalbo.com0materia0:evantamento#do#5;NP

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    : levantamento chamou aten-;o da Diretoria do $indicato) *ue se*uer pde

    comemorar a retirada dos presos das delegacias da Grande Natal) recentemente

    !stamos tentando uma audiEncia com o novo gestor da $eFuc) at" por*ue ao final 

    da nossa greve no ano passado) o Governo assinou um acordo conosco no ri/unal 

    de ,usti-a se comprometendo n;o apenas com a solu-;o da regi;o metropolitana)

    mas esta/elecer um cronograma de a/ertura de novas cadeias p#/licas para ir 

    resolvendo o pro/lema do interior ueremos sa/er como anda a situa-;o) at"

     por*ue este n#mero de presos nas delegacias s3 cresce) por*ue as transferEncias

     para CDPs sempre s;o menores *ue os n#meros de prisHesI) o/serva a viceJ

     presidente da entidade) Renata Pimenta : relat3rio completo ser+ disponi/ili?ado a

    .+/io de 0olanda) assim *ue ele confirme a data da reuni;o *ue vem sendo tentada pelo $inpol

    CADEIÃO 

    : $KNP:L o/serva *ue apesar da retirada de presos das delegacias da

    Grande Natal) a D!G!P:L ainda administra o Cadei;oI) no lugar da $eFuc) *ue " a

    $ecretaria respons+vel pela cust3dia de presos de Fusti-a : fato " /astante

    criticado) uma ve? *ue mesmo os policiais civis n;o sendo o/rigados a custodiar os

     presos de l+) a Polícia Civil continua tendo *ue administrar um pro/lema *ue n;o "seu Para se ter no-;o) o local amontoa presos como /ichos) do mesmo Feito de

    ocorria ilegalmente nas delegacias) tendo recentemente ocorrido fuga de oito

     presos) fato /astante noticiado na imprensa local

    *sta mat$ria se contextualiza muito bem nas circunst3ncias apresentadas

    pelos policiais civis anteriormente entrevistados, como tamb$m, na entrevista

    realizada com a psic%loga do !;)5P, "outora 5ueli erreira.

    K.4 "*:*)"

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    reuni;o com o delegado geral da Polícia Civil) .+/io Rog"rio $ilva At" o final do

    mEs de Faneiro de 2>&2) os homens dever;o se ver livres dos cargos administrativos

    em *ue ocupam A #nica possi/ilidade de a categoria rever a decis;o " com a

    convoca-;o integral dos aprovados em concurso no ano de 2>>5

    $o/ responsa/ilidade de cada um dos delegados regionais est;o a

    investiga-;o de crimes ocorridos em &() &6 e at" mesmo 2> cidades do RN A

    so/recarga de tra/alho come-a a gerar indigna-;o nos delegados) *ue se reuniram

    ontem para decidir medidas visando a melhoria do servi-o prestado < popula-;o

    Para a presidenta da Associa-;o dos Delegados 7Adepol8) Ana Cl+udia $araiva)

    n;o h+ mais condi-Hes de continuar assimI

     A decis;o pela entrega dos cargos foi deli/erada ontem durante reuni;o nasede da Adepol) no /airro de ;e Luí?a M ?ona Leste de Natal Como delegado

    regional " um cargo administrativo indicado pelo delegadoJgeral) h+ a possi/ilidade

    de pedir e1onera-;o sem preFuí?o legal A protocola-;o da decis;o ocorrer+ na

     pr31ima *uartaJfeira durante reuni;o na Delegacia Geral de Polícia 7Degepol8 A reivindica-;o da categoria " *ue haFa a nomea-;o de mais de (> 

    delegados concursados para *ue eles ocupem) no mínimo) todas as sedes de

    comarca do !stado : Rio Grande do Norte conta com 6( Comarcas) das *uais

    apenas 29 contam com e*uipe da Polícia Civil: delegado Get#lio edeiros) da B DRP em Patu) esclarece *ue o

     pro/lema da so/recarga teve início *uando houve a determina-;o para a Polícia

    ilitar n;o mais reali?ar o papel da Polícia Civil) no registro e investiga-;o de

    ocorrEncias Aceitamos o desafio em nome da seguran-a p#/lica) pois disseram

     para a gente *ue logo haveria um concurso e as comarcas seriam ocupadas 0ouve

    o concurso) s3 *ue os aprovados ainda n;o foram nomeadosI) disse edeiros M

    respons+vel por &9 cidades !le classificou como humanamente impossívelI condu?ir in*u"ritos em tantos municípios diferentes Chegamos ao nosso limite e

    senti enganado ao assumir o compromisso e n;o ver a contrapartida do governo em

    au1iliar a seguran-a p#/licaI!m situa-;o similar) est+ o delegado Petrus Antonius Gomes .erreira) da 5 

    DRP em $anta Cru? Respons+vel por &2 cidades) Petrus possui um agente e n;o

    h+ escriv;o para au1ili+Jlo na tarefa de polícia Fudici+ria A estrutura da Polícia Civil 

    nessas &2 cidades se resume a mim) o delegado !stou so/recarregado com a

    demanda do servi-oI) reclama Petrus Antonius

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    Para a presidenta da Adepol) a decis;o de dei1ar os cargos ocorre no

    sentido de pressionar a administra-;o para melhorias na Polícia Civil ueremos a

    nomea-;o dos aprovados ,+ deu para perce/er *ue do Feito *ue est+ n;o pode

    continuarI) afirmouDelegado responde por 15 municípios

    : /icho vai pegarI com essa frase *ue um policial militar reage *uando

    informado so/re a possi/ilidade dos delegados regionais entregarem seus postos :

    P) *ue n;o *uis revelar sua identidade) " lotado no @' Pelot;o de Polícia ilitar de

    $;o Paulo do Potengi No município) distante B& *uilmetros de Natal e com *uase

    &6 mil ha/itantes) apenas dois Ps fa?em a seguran-a da popula-;o Al"m disso) "

    l+ onde funciona a & Delegacia Regional do Rio Grande do Norte No pr"dio de dois

     pavimentos) os policiais civis dividem o espa-o com 9B presos do Centro de

    Deten-;o Provis3ria 7CDP8 *ue e1iste no local : titular da Delegacia) :tacílio

    edeiros) responde por &( municípios e) assim como os demais delegados

    regionais) *uer entregar o cargo pr31ima semana$egundo o delegado) a seguran-a p#/lica no interior do !stado vive num

    mundo de ilusHesI !u fa-o de conta *ue sou delegado dos &( municípios e todos

    fa?em de conta *ue e1iste polícia Fudici+ria no interiorI) disse por telefone $omando

    a popula-;o de todas as cidades *ue :tacílio deve prestar assistEncia) chegamos <marca de &9@B5B ha/itantes Para o tra/alho de investiga-;o e elucida-;o dos

    crimes) o delegado conta com a aFuda de &9 homens e apenas duas viaturas  

    humanamente impossível tra/alhar nessas condi-Hes $;o cinco sedes de comarca

    *ue tenho *ue dar contaI) afirmou: pr"dio da & Delegacia Regional 7DR8 est+ locali?ado logo na entrada de

    $;o Paulo do Potengi Por fora) " possível notar marcas de descuido com o /em

     p#/lico Paredes suFas) rachadas e mofadas d;o ao local um aspecto de a/andono

     Animais a/andonados rondam o pr"dio Por tr+s da delegacia) no *uintal) uma

    cria-;o de /odes convive com a suFeira ocasionada pela falta de limpe?a e

    manuten-;o do sistema de esgoto No t"rreo) funciona o CDP O direita) ainda do

    lado de fora) uma escada d+ acesso

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    a*ui " o delegado N;o sei di?er nada n;oI) disse o servidor *ue n;o autori?ou a

    e*uipe de reportagem fotografar as instala-Hes internas: agente n;o sou/e di?er *uantos oletins de :corrEncia 7:Qs8 foram

    registrados este ano) mas informou *ue h+ documentos de pessoas provenientes demunicípios de toda regi;o em gente de todo lugar para prestar *uei1a a*ui na

    delegacia Desde perda de documento) a crimes mesmoI) relatouPara tentar otimi?ar o tempo) o delegado :tacílio edeiros afirmou *ue

    elegeu as cidades mais importantes para visitar pelo menos uma ve? por semana

    !m $;o Paulo do Potengi) o delegado vai presos) a/riga 9B detentos Cinco deles) acusados de

    cometer estupro) est;o detidos na garagem da delegacia : delegado :tacílioedeiros reclama *ue) apesar de n;o ser o respons+vel pelos presos) a presen-a

    deles incomoda e representa um riscouem chega < Delegacia Regional " surpreendido pela presen-a de dois

     presos passeando livremente pelo local Apenas um agente penitenci+rio "

    respons+vel pela seguran-a dos homens $em revelar o nome) ele e1plicou o motivo

    dos dois detentos estarem fora das celas !les aFudam nos servi-os gerais N;o

    tem *uem fa-a a limpe?a) por e1emploI) disse .rancisco .ideles est+ detido no

    local h+ dois anos e trEs meses !le aguarda ser Fulgado pela ,usti-a por ter 

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    cometido um homicídio em $;o Paulo do Potengi $ou comportado) n;o *uero fugir)

     por isso aFudo os agentes nas tarefas *ue tem a*uiI) e1plicouES!""!A

    $;o apenas duas celas no CDP Dos 9B presos) nove est;o no regime semiJ

    a/erto e v;o ao local apenas para passar a noite &B F+ est;o condenados e

    deveriam estar em cadeias p#/licas :ito) segundo o agente penitenci+rio) deveriam

    estar soltos as a ,usti-a n;o resolve e vai acontecendo esse pro/lema a*ui)

    n"SI) indagou:s presos) atualmente) est;o so/ cust3dia de secretaria de !stado da

    ,usti-a e da Cidadania 7$eFuc8) por"m) para o delegado :tacílio) a presen-a do CDP 

    representa perigo um perigo esses homens na*uele local Alguns F+ fugiram

    em criminoso de todo tipo ali : ideal seria *ue a delegacia estivesse em outro pr"dioI) disse

    :s agentes penitenci+rios reclamam da falta de estrutura e condi-Hes de

    tra/alho : ar condicionado do aloFamento est+ *ue/rado h+ mais de seis meses

    as isso " o de menos Nem arma a gente tem A arma *ue eu uso " minha) n;o foi 

    dado pela secret+ria n;oI) revelou um dos agentesPoliciais aguardam nomeaç#es

    : Rio Grande do Norte possui um deficit de (@56 policiais civis) entre

    delegados) escriv;es e agentes !studo apresentado pelo $indicato de PoliciaisCivis e $ervidores de $eguran-a P#/lica do RN 7$inpol%RN8) seriam necess+rios 6 

    mil agentes) 4>> escriv;es e (>> delegados para atender 2B ha/itantes do !stado) distri/uídos nos &6B municípios da unidade

    federativa !n*uanto isso) no dia &B de novem/ro completouJse um ano *ue (&6 

    aprovados no concurso da Polícia Civil J e F+ capacitados J) aguardam pela

    nomea-;o e início das atividades A a/ertura do edital para o certame aconteceu em

    ( de de?em/ro de 2>>4 Desde novem/ro do ano passado foi concluída a #ltima parte do processo) o Curso de .orma-;o *ue durou apro1imadamente *uatro

    meses Ao todo s;o 5> delegados) &@2 escriv;es e 259 novos agentes de polícia <

    espera de uma defini-;o do Governo: !1ecutivo alega *ue a Lei de Responsa/ilidade .iscal 7LR.8 tem sido o

    motivo do impedimento dessas contrata-;o de pessoal para a $esed : gasto

    mensal com a nomea-;o dos aprovados no concurso p#/lico da Polícia Civil seria

    da ordem de RT &6(299&)@>) apontam c+lculos apresentados pelo P em

    audiEncia ocorrida em setem/ro #ltimo e *ue tratava da situa-;o da seguran-a

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     p#/lica no RN Ksso representa um impacto mensal de >)6U na folha mensal de

     pagamento do !stadoIn$erior% Segurança & defici$'ria

     A deficiEncia da seguran-a p#/lica no interior do !stado F+ " conhecida da

     popula-;o e dos /andidos :s casos de desmorali?a-;o e afronta < polícia s;o

    recorrentes 0+ menos de @> dias) a cidade de Para?inho viveu momentos de terror

    :s moradores do município foram surpreendidos por uma *uadrilha *ue reali?ou um

    verdadeiro arrast;o por esta/elecimentos comerciais da localidade Rendidos) os

    dois policiais militares de servi-o nada puderam fa?er para com/ater a a-;o

    criminosa A atua-;o da *uadrilha surpreendeu pela ousadia : rou/o de armas e

    fardamento do destacamento da P da cidade facilitou os assaltos conseguintes

     Assim *ue chegaram < cidade) por volta das &&h do domingo passado) fi?eram da

    delegacia da cidade o primeiro alvo !m um intervalo de um ano foram registrados

    casos similares nos municípios de oa $a#de e reFinho) para citar alguns : efetivo

    total da cidade de Para?inho " composto por *uatro policiais) sendo um sargento e

    trEs soldados *ue se reve?am :s crimes da cidade s;o investigados pela delegacia

    regional em ,o;o CVmara J *ue al"m de Para?inho) " respons+vel por outras &( 

    cidades

    !omo pode ser observado nesta mat$ria, a quantidade de problemas a

    serem resolvidos $ imensa, afetando todos os cargos existentes na Polcia !ivil,

    desde o )gente ]udici(rio at$ o "elegado, observando#se inclusive a quantidade

    excessiva de tarefas para todos os cargos, como no caso do "elegado que

    responde por 1J municpios ao mesmo tempo.

    K.L "*:*)!;)5 "< ;N/*+; processos ficar;o

    3 "isponvel emA 'ttpA00tribunadonorte.com.br0noticia0delegacias#do#interior#do#rn#

    fec'am01>4@2>. Publicado em 1R ago. 4211. )cesso emA L2 abr. 4214.

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     parados :s delegados de Pau dos .erros e Ale1andria F+ anunciaram *ue v;o

    WfecharW as portas sem seus militares

    &%0% 2: P%#$#,#/ ##0,'/ '/0,>, 0,,,+% ' /'>#>5) mostra *ue apenas

    22)BU dos municípios potiguares tEm policiais civis 7muitos com apenas um agente8

    Das &6B cidades potiguares) &25 delas n;o tEm policiais civis e o tra/alho de

    investiga-;o vinha sendo feito com o apoio de policiais militares) *ue eram cedidos pelos /atalhHes

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    escriv;oS N;o tem como se tra/alhar sem essa pessoa $e hoFe a P tirar todo

    mundo fechaWDe todas as cidades da regi;o) uma das situa-Hes mais graves foi na

    delegacia de Apodi A unidade tem somente um escriv;o de Polícia Civil : tra/alhoinvestigativo era feito por cinco policiais militares) todos reintegrados ontem <

    Companhia de Polícia ilitar de Apodi A delegacia fechou as portas pela manh;

     A/riu < tarde) mas n;o teve condi-Hes de reali?ar nenhum procedimento A unidade

    tra/alha hoFe somente com o registro de ocorrEncias policiais !m ossor3) a

    Delegacia !speciali?ada em .urtos e Rou/os 7D!.XR8 foi uma das mais afetadas)

     F+ *ue perdeu *uatro militares A Delegacia de Narc3ticos) sediada em ossor3) " outra *ue foi muito

    afetada com a decis;o A e*uipe era formada por um escriv;o) dois agentes e

    *uatro policiais militares :s militares representavam mais de (>U do efetivo da

    delegacia) *ue se apresentava como uma das mais atuantes da cidade $em os

     policiais militares) Denys Carvalho) delegado da Narc3ticos) adiantou *ue a

    *uantidade de opera-Hes de com/ate ao tr+fico de entorpecentes tende a cair 

    significativamente Na Divis;o de Polícia do :este) tam/"m em ossor3) o cen+rio

    " o mesmo Ps eram mais de (>U do efetivo

     A $ecretaria de !stado da $eguran-a P#/lica e da Defesa $ocial 7$!$!D8do RN anunciou *ue far+ a reposi-;o dos policiais militares) colocando agentes e

    escriv;es civis !ntretanto) at" o fim da tarde de ontem) a reposi-;o ainda n;o havia

    acontecido Para a regi;o de ossor3) est+ prevista a chegada de 2> novos

     policiais Knicialmente) a $esed tentou repor de maneira volunt+ria as nenhum

     policial de Natal se candidatou < mudar para o interior Diante disto) os policiais

    ser;o indicados de acordo com as especificidades da categoriaComandan$e (uer reforçar prevenç)o

    :s policiais militares *ue foram retirados das delegacias de Polícia Civil est;o sendo integrados ao tra/alho de policiamento ostensivo) o *ue segundo o

    comandanteJgeral da P no RN) coronel .rancisco Ara#Fo $ilva) ir+ aFudar a redu?ir 

    os índices de violEncia Ara#Fo enfati?ou *ue os militares estavam sendo desviados de suas reais

    fun-Hes) atuando como agentes) escriv;es e at" carcereiros) principalmente no

    interior do Rio Grande do Norte Com esse refor-o de apro1imadamente &>> 

    homens) Ara#Fo espera conseguir aumentar as a-Hes ostensivasW!stamos tra?endo os policiais para o policiamento ostensivo por*ue

    estamos sendo co/rados A co/ran-a est+ sendo feita a partir da $ecretaria de

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    $eguran-a) co/rando maior ostensividadeW) refor-ou Ara#Fo : oficial lem/ra *ue)

    devido o desvio de fun-;o) o efetivo dos /atalhHes foi redu?ido!le destacou *ue recentemente os índices de homicídio avan-aram de

    maneira preocupante em ossor3 e policiais militares foram enviados de unidadesda capital para intervir !ntretanto) Ara#Fo lem/rou *ue essas opera-Hes

    representam um custo alto para o Governo do RN) F+ *ue os policiais s;o

    deslocados mediante o pagamento de di+rias operacionais) fora os custos com

    com/ustível e manuten-;o dos veículos *ue vEm da capitalEm algumas unidades* mais da me$ade do efe$ivo & de P+s

    :s delegados regionais de Pau dos .erros e Ale1andria) *ue Funtos

    atendem *uase @> cidades do Alto :este Potiguar) anunciaram *ue *uase todas

    atividades reali?adas na*uela regi;o ser;o suspensas) caso os policiais militares*ue tra/alham como policiais civis seFam realmente retirados das DPs Kn+cio

    Rodrigues de Lima) *ue " delegado regional de Pau dos .erros e responde por &4 

    cidades do Alto :este) conta hoFe *uase *ue e1clusivamente com os policiais

    militares para manter em pleno funcionamento a atividade policial nessas *uase 2> 

    cidades *ue atua0oFe) a Delegacia Regional de Pau dos .erros tem &2 policiais militares e

    cinco agentes civis 7Ps atuam como escriv;o8 WCom cinco policiais) a delegacia

    fecha ai funcionar como plant;o Aca/a a Polícia Civil de Pau dos .erros Aca/a

    servi-o de investiga-;o) com/ate ao tr+fico de drogas) investiga-Hes *ue F+ est;o

    em andamento N;o tem como continuar sem esses policiaisW) adiantou o Kn+cio

    Rodrigues A previs;o) segundo disse ontem o comandanteJgeral da Polícia ilitar) "

    *ue todos esses policiais esteFam de volta ao servi-o de policiamento ostensivo

    ainda no mEs de agosto : delegado regional de Ale1andria) C"lio .onseca) F+

    anunciou *ue n;o ter+ como manter a atividade policial sem a aFuda dos militares!le hoFe " respons+vel pela Polícia Civil em sete cidades $;o dois agentes civis e

    dois militares) *ue tra/alham como escriv;esWApesar do meu contingente ser pe*ueno) s;o apenas dois policiais

    militares) eles tra/alham os sete dias da semana) reve?ando os dois $eria um

     preFuí?o muito grande para n3s) nesse caso $e n;o houver a reposi-;o) "

    impossível manter o funcionamento da Polícia Civil na minha regi;o Precisaria de)

    no mínimo) *uatro escriv;es) para tra/alharem no mesmo regime *ue tra/alho hoFe

    com os policiais militares !u n;o digo *ue fecharia as portas) mas ficaria impossível 

    de tra/alharW) avaliou C"lio

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    "e acordo com o teor desta reportagem, o Poder Público não demonstra

    interesse em pelo menos facilitar o trabal'o dos Policiais !ivis, que se encontram

    com um quadro de agentes bastante defasado, retirando a maioria dos PoliciaisMilitares que se encontram nas cidades do interior, auxiliando os serviços

    necess(rios. *m alguns casos, como em Pau dos erros0+N, citado nesta

    reportagem, com apenas cinco agentes da Polcia !ivil, a delegacia corre o risco de

    fec'ar, por não ter condiç&es de atender a toda a população, al$m do risco de falta

    de segurança naquele distrito.

    K.@ 5*M E))5 N) !*:), "*:*)!;) ;MP+

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    a superlota-;o em todas as unidades prisionais da Grande Natal e na maioria

    da*uelas situadas no interior do Rio Grande do Norte A informa-;o tem como fonte

    o titular da Coordenadoria de Administra-;o Penitenci+ria !stadual) ,os" :límpio da

    $ilva) *ue revelou e1istirem em todo o RN (B6B presos se espremendo em apenas

    2>4( vagas disponi/ili?adas pelo setorW!st+ tudo lotado e a tendEncia " piorar en*uanto novas vagas n;o forem

    criadas com a constru-;o de outras unidades e o fim das o/ras na*uelas *ue foram

    iniciadasW) prevE o agente penitenci+rio Dentre a*ueles *ue surgem como /+lsamo

     para a ferida social *ue se tornou a superlota-;o de cadeias p#/licas) presídios e

    centros de deten-;o provis3ria) est;o o pr"dio da antiga Delegacia !speciali?ada

    na Defesa da Propriedade de eículos e Cargas 7Deprov8) na ?ona Norte da capital)*ue vem sendo preparado para rece/er &>> presos provis3rios : novo pavilh;o de

     Alca-u? cuFa estrutura deve permitir a a/sor-;o de mais 9>2 presos condenados

    deve) < curto pra?o) ser um paliativo para o pro/lema mencionado A situa-;o apresentada por :límpio na ponta do l+pis) " assustadora

    $omente nos Centros de Deten-;o Provis3ria da Grande Natal e1istem hoFe 4B9

     pessoas em conflito com a lei < espera de Fulgamento) *uando o limite de vagas

    corresponde a @(( lugares

    DelegaciasN;o h+ solu-;o em curto pra?o anunciada Na manh; desta *uartaJfeira 7>B8

    a delegacia de Plant;o da ?ona $ul tinha (@ presos custodiados entre uma cela na

    *ual estavam @2 presos J espa-o onde ca/eriam apenas &> pessoas J e o sol+rio)

    no *ual 2& homens esperavam por uma decis;o Fudicial *ue determinasse um novo

    endere-o A situa-;o da DP " prec+ria h+ v+rios meses A RKXNA D: N:R! F+

     pu/licou v+rias reportagens mostrando detentos presos a motocicletas ou em

    corredores por falta de vagas ! nesse período )a situa-;o s3 piora

    esmo diante do desconforto e risco) a*ueles profissionais *ue lidamdiretamente com tal cen+rio J os policiais civis em desvio de conduta) uma ve? *ue

    alguns atuam como agentes penitenci+rios J aceitam falar so/re o assunto so/ a

    condi-;o de ter a identidade preservada Xm agente da polícia Civil relata *ue a

     presen-a dos detentos no local preFudica o servi-o prestado a popula-;o) uma ve? 

    *ue a aten-;o dos *ue ali permanecem em servi-o tem de ser dividida entre presos

    e os *ue /uscam a delegacia WKsso a*ui " uma /om/a rel3gio prestes a e1plodirW)

    ilustrou o APC

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    &%0% 4: P% ",0, ' '/-,#' % '/% '/-,

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    a li/era-;o do parente W! ele fica no meio dessa ZrumaZ de homem um perigo

    muito grandeW) aponta a senhora Arma

     Ainda na mesma unidade) *uem tam/"m fala das dificuldades e temores

     pelos *uais tem passado " a esposa de Ale1andro athias) 2@) preso em 2>>4 por 

     porte ilegal de arma W!le ficou preso no CDP da Ri/eira uns *uatro meses) em

    2>>4) e depois foi li/erado as ontem 7>68 ele se apresentou por*ue tinham

    mandado uns documentos e ele n;o tinha se apresentado ao ,ui? as nunca ficou

    claro *ue era pra ele ir de novo) por*ue n3s n;o rece/emos esse papel :

    documento *ue eu tenho " di?endo *ue ele t+ no regime semiJa/ertoW) contou ela

     parte da hist3ria do esposo A Fovem disse ainda *ue o Ale1andro " o provedor da

    família e *ue as duas filhas) uma de && meses e a outra com sete anos) est;o

    sofrendo com a ausEncia do pai e do dinheiro *ue ele levava para casa

    *sta reportagem mostra exatamente a realidade das "elegacias,

    superlotadas de presos e sem condiç&es de dar a devida assist-ncia aos familiares

    dos presos e a pr%pria sociedade. ) pr%pria burocracia que $ mal utilizada no

    ambiente de trabal'o, dependendo de vistos e documentos de superiores, muitas

    vezes pouco esclarecidos, faz com que a sociedade fique receosa sobre a qualidade

    dos serviços prestados e a pr%pria questão da 5egurança.

    K.J 6)5 *M "*:*)!;)5 +*P+*5*N/)M M);5 /+)9):T< P)+) ) P>4>0 )cesso emA L2 abr. 4214.

     As constantes fugas nas delegacias do Rio Grande do Norte sem d#vida

    mostram a fragilidade do nosso sistema prisional No entanto) a atua-;o da polícia e

    das pr3prias $ecretarias de $eguran-a P#/lica e ,usti-a e Cidadania tem colocado

    em che*ue a atual situa-;o dos presos esmo com as delegacias sem estrutura

    ade*uada para a/rigar de?enas de homens) policiais e at" mesmo delegados s;o

    investigados por facilita-;o de fugas

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    No entanto) para o titular da delegacia mais lotada da grande Natal) a de

    Parnamirim) a fuga de presos s3 representa mais tra/alho para a polícia $e eu n;o

    me esfor-asse para impedir *ue homens fugissem da*ui) com certe?a seria pior 

     para mim) *ue teria mais um /andido perigoso assustando a sociedade !nt;o)

    mesmo com todas as dificuldades n3s fa?emos de tudo para evitar as fugasI) e1plica

    Graciliano Lord;o

    &%0% 5: D'';,$#, ' P,+,## $%% 1 -'/%/ #>##%/ ' /'#/ $',/6&%+0': TM,;% F,$'%6 J%+, N% #+)0% on line ,-.1-/0 

     As dificuldades apontadas pelo delegado s;o os 5& presos aloFados em seis

    celas) *ue deveriam ter no m+1imo oito homens cada Contudo) desde maio de

    2>>B n3s n;o registramos uma fuga na Delegacia de Parnamirim ,+ tivemos "poca

    com &>4 presos e sempre conseguimos contornar a situa-;o) identificando possíveis

    tentativas re/eli;o ou fugaI Apesar de e1emplos como o da DP de Parnamirim) algumas delegacias e

     policiais est;o so/ investiga-;o de facilita-;o para *ue presos tenham fugido

    $egundo fontes do N%#+)0%6$%) inclusive um delegado da Polícia Civil "

    investigado por uma fuga ocorrida na cidade de Cear+Jirim) no ano passado Na

    "poca) ele teria incitado os presos a derru/arem as grades das celas

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    Por coincidEncia) esse mesmo delegado foi transferido para o &9' Distrito

    Policial) em .elipe Camar;o) e en*uanto ele esteve l+) duas fugas foram

    registradasI) informou a fonte) *ue n;o *uis se identificar : policial complementou

    di?endo *ue a falta de condi-Hes de tra/alho desestimula os agentes) *ue aca/am

    n;o se importando se um preso vai fugir ou n;oNas delegacias de plant;o) por e1emplo) os presos ficam no sol+rio e

     poucos policiais tra/alham na unidade Com isso) a possi/ilidade de fuga " muito

    grande) como a *ue ocorreu no fim de semana na Plant;o ?ona $ulI) afirmaPor outro lado) o delegado Graciliano Lord;o destaca *ue a

    responsa/ilidade tem *ue ser desde os agentes at" as autoridades estaduais e a

     Fusti-a N3s temos presos *ue est;o a*ui em Parnamirim h+ mais de um ano e F+

    tivemos um *ue ficou *uatro anos :u seFa) eles s3 saem da*ui condenados de

     Fusti-a Com isso) ca/e a n3s cuidarmos para *ue eles n;o fuFamI: delegado ressaltou *ue a cidade de Parnamirim cresceu /astante nos

    #ltimos anos e a criminalidade acompanha esse crescimento Apesar disso) a

    delegacia continua do mesmo Feito !ssa cidade F+ era pra ter uma cadeia p#/lica)

    mas) ao contr+rio disso) n;o h+ nenhuma perspectiva dessa situa-;o ser resolvidaI)

    desa/afa

    "iante do exposto, esta s$rie de reportagens serve como um norteador 

    sobre a veracidade dos fatos que foram apresentados pelos policiais civis

    entrevistados, como tamb$m, pela pr%pria psic%loga do !;)5P, a "outora 5ueli

    erreira, ao descrever a situação de trabal'o destes profissionais, como tamb$m ao

    nvel de estresses e de patologias causadas em consequ-ncias do pr%prio trabal'o,

    como foi analisado anteriormente.

    CONSIDERAÇÕES &INAIS

    < ambiente de trabal'o do policial !ivil, diante da falta de estrutura fsica,

    gestora e financeira, torna#se bastante promissor para o desenvolvimento do

    estresse, no transcorrer de suas funç&es. < policial em si, $ consciente da

    import3ncia da sua função, do seu valor para a sociedade no que compete ao %rgão

    da Polcia !ivil sobre a questão da segurança pública. No entanto, sua decepção

    diante da impossibilidade em exercer sua função conforme a lei, causa#l'e umasensação de impot-ncia, de tal forma que passa a ser percebida pela sociedade

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    diante das suas reivindicaç&es não atendidas, al$m dos pr%prios infratores que

    veem#se beneficiados e encorajados a praticarem seus delitos, diante da impot-ncia

    da polcia em poder repreend-#los.

    *ntre a satisfação em fazer aquilo que gosta e a desmotivação por saber 

    que seu trabal'o não pode ser executado de forma eficiente, causa nveis de

    estresse bastante preocupante entre os Policiais civis, contribuindo inclusive para o

    surgimento de patologias crCnicas comprometedoras em relação à saúde destes

    profissionais.

    Necessita#se neste ambiente, uma reestruturação geral quanto ao seu

    espaço fsico e a forma de execução de suas tarefas, de forma que estesprofissionais possam sentir#se motivados no exerccio da sua função, suas

    atividades realizadas normalmente e que a sociedade possa ter um novo ol'ar sobre

    a import3ncia do seu trabal'o no que tange à necessidade da manutenção da

    segurança pública nacional. !abe ainda ao *stado se conscientizar de que as

    delegacias de polcia não podem ser confundidas com pris&es e que os agentes da

    Polcia !ivil não devem ser desviados de suas verdadeiras funç&es, para servirem

    de agentes penitenci(rios ou carcereiros, e um ambiente de trabal'o completamentesucateado e abandonado pelos representantes da 5ecretaria de 5egurança Pública

    do *stado.

    < pr%prio volume de atendimento no !;)5P revela a urg-ncia desses

    profissionais, em novos investimentos na estrutura organizacional, burocr(tica e

    'umana, por parte das autoridades competentes, de forma que ) segurança pública

    seja visualizada de forma clara.

    "essa forma, este trabal'o c'ega preliminarmente ao seu final, desejando#

    se que, pelo menos, possa servir como fonte de informação e conscientização sobre

    a verdadeira função da Polcia !ivil em todo o territ%rio nacional, mais precisamente

    no *stado do +io rande do Norte, em um momento em que o policial civil enfrenta

    um nvel de estresse bastante superior a um ndice consideravelmente aceito como

    normal, que debilita aos poucos suas condiç&es fsicas e psquicas, impossibilitando#

    o de exercer a sua função de acordo com as necessidades reais da sociedade e o

    seu verdadeiro teor presente na !onstituição 9rasileira em vigor.

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    RE&ERNCIAS

    9, % B,/#:promulgada em J de outubro de 1>??.

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