A imprensa no jogo das representações: discursos sobre a...

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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – São Paulo - SP – 05 a 09/09/2016 1 A imprensa no jogo das representações: discursos sobre a mulher através da revista A Pilhéria 1 Camila Gallindo CORNÉLIO 2 Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE Resumo O objeto de investigação dessa pesquisa são as representações construídas em relação à figura da mulher nos anos iniciais do século XX, analisadas a partir de discursos veiculados nas edições da revista A Pilhéria que circularam em 1925, na cidade do Recife. Objetivou- se refletir sobre os significados e as classificações atribuídas à mulher no intuito de identificar que posições ocupavam no imaginário social recifense. Nesse sentido, foram consideradas as práticas, os costumes, hábitos e comportamentos assumidos pela mulher, que indicam outra forma de apresentar-se através da moda e uma penetração na esfera pública devido à ultrapassagem do universo privado do lar. Apesar dessas modificações, identifica-se a construção de representações conflituosas acerca da mulher, misto de permanências e rupturas. Palavras-chave: Representação da Mulher; Revista A Pilhéria; Recife. Este artigo expõe os resultados do trabalho monográfico apresentado como requisito final à obtenção do título de bacharel em História, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 2014, onde procurou-se analisar as representações da mulher nos anos iniciais do século XX, identificando os significados e as posições que tal categoria ocupava no imaginário social da cidade do Recife. A fonte selecionada foi a revista A Pilhéria, examinada através dos textos publicados em 1925, nos quais a mulher figurava como personagem, e que foram tratados a partir dos sentidos engendrados pelos seus discursos. O caminho percorrido para alcançar o objetivo de estudar a temática da representação da mulher passou pela investigação dos espaços ocupados, os papeis desempenhados e os costumes adotados pela mulher, bem como a atuação da imprensa enquanto (re)produtora da realidade. As representações são formas de conhecimento coletivamente elaboradas e compartilhadas, que indicam o pensamento e valores de uma sociedade, sendo contaminadas por ideologias, sensações e sentimentos, nem sempre geradoras de 1 Trabalho apresentado no GP Jornalismo Impresso do XVI Encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Bacharel em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), licenciada e bacharel em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPE, email: [email protected].

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A imprensa no jogo das representações: discursos sobre a mulher através da revista A

Pilhéria1

Camila Gallindo CORNÉLIO2

Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE

Resumo

O objeto de investigação dessa pesquisa são as representações construídas em relação à

figura da mulher nos anos iniciais do século XX, analisadas a partir de discursos veiculados

nas edições da revista A Pilhéria que circularam em 1925, na cidade do Recife. Objetivou-

se refletir sobre os significados e as classificações atribuídas à mulher no intuito de

identificar que posições ocupavam no imaginário social recifense. Nesse sentido, foram

consideradas as práticas, os costumes, hábitos e comportamentos assumidos pela mulher,

que indicam outra forma de apresentar-se através da moda e uma penetração na esfera

pública devido à ultrapassagem do universo privado do lar. Apesar dessas modificações,

identifica-se a construção de representações conflituosas acerca da mulher, misto de

permanências e rupturas.

Palavras-chave: Representação da Mulher; Revista A Pilhéria; Recife.

Este artigo expõe os resultados do trabalho monográfico apresentado como requisito final à

obtenção do título de bacharel em História, pela Universidade Federal de Pernambuco

(UFPE), em 2014, onde procurou-se analisar as representações da mulher nos anos iniciais

do século XX, identificando os significados e as posições que tal categoria ocupava no

imaginário social da cidade do Recife. A fonte selecionada foi a revista A Pilhéria,

examinada através dos textos publicados em 1925, nos quais a mulher figurava como

personagem, e que foram tratados a partir dos sentidos engendrados pelos seus discursos. O

caminho percorrido para alcançar o objetivo de estudar a temática da representação da

mulher passou pela investigação dos espaços ocupados, os papeis desempenhados e os

costumes adotados pela mulher, bem como a atuação da imprensa enquanto (re)produtora

da realidade.

As representações são formas de conhecimento coletivamente elaboradas e

compartilhadas, que indicam o pensamento e valores de uma sociedade, sendo

contaminadas por ideologias, sensações e sentimentos, nem sempre geradoras de

1 Trabalho apresentado no GP Jornalismo Impresso do XVI Encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação, evento

componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.

2 Bacharel em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), licenciada e bacharel em História pela

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPE, email:

[email protected].

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atribuições positivas à sociedade e aos indivíduos que dela fazem parte (MEDITSCH,

1997)3. Nesse sentindo, parece haver uma relação dialética entre indivíduo e sociedade,

configurando-se as representações enquanto indicativo do conjunto de conceitos,

explicações e afirmações interindividuais. O cotidiano, as informações, os acontecimentos e

as pessoas entram no bojo do que se é representado. De forma geral, dizem respeito “aos

conhecimentos que acumulamos a partir de nossa experiência, das informações, saberes e

modelos de pensamento que recebemos e transmitimos pela tradição, pela educação e pela

comunicação social” (JODELET apud COSTA e ALMEIDA, 2013).

O jornalismo entra no âmbito da comunicação social. “Como produto social, o

jornalismo reproduz a sociedade em que está inserido, suas desigualdades e suas

contradições. Nenhum modo de conhecimento disponível está completamente imune a isto”

(MEDITSCH, 1997). A forma como tal conhecimento é reproduzido aponta para a

utilização de padrões pré-estabelecidos pelo senso comum, a repetição de ideias

generalizantes e a reprodução de padrões sociais. Abre-se caminho, assim, aos estereótipos

no discurso jornalístico, o que contribui para a deturpação da realidade e reafirmação de

rótulos associados a categorias sociais específicas.

A mulher, enquanto categoria social, inclui-se na lógica das representações, e,

dentro dessas, nas realizadas pelo jornalismo. Quando Simone de Beauvoir (1980), na

famosa introdução de O Segundo Sexo, fala que se subtende ao emprego das palavras

“feminino” e “mulher”, o “[...] estado atual da educação e dos costumes” (p. 7), quer dizer

que a forma como essas categorias são apreendidas na sociedade relaciona-se a um dado

contexto. Considera-as, portanto, em sua historicidade ao invés de acreditar em uma

essência imutável. Assim, mobilizam-se, ao mesmo tempo em que são criados, conceitos e

ideias entrecruzados por jogos de poder.

Dentro do contexto englobado por esse trabalho, os anos iniciais do século XX, a

mulher entra em um período transicional. Aos papeis tradicionais e lugares-comuns

designados ao feminino, somam-se, articulam-se e opõem-se novas práticas e sociabilidades

que lhe põe em evidência. Fosse através da moda, com o uso de vestidos mais curtos,

maquiagem e os cabelos cortados no estilo à la garçonne, ou desempenhando atividades

tais quais fumar, fazer compras sozinhas, dirigir automóveis e ir ao cinema, a vida das

mulheres parecia mudar. A configuração dessa situação tem a ver com um escapar da esfera

privada doméstica, em contrapartida, a uma penetração na esfera pública oferecida pela

3 Disponível em: <http://www.bocc.uff.br/pag/meditsch-eduardo-jornalismo-conhecimento.pdf>. Acessado em:

22/08/2013.

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sociedade burguesa4, não significando a inércia da mulher em outras épocas, apenas que,

antes, a movimentação se dava de forma mais restrita e pré-determinada a cada um dos

sexos (BARROS, 2007). Fala-se da saída do lar para o ambiente da rua enquanto símbolo

das atribuições que a mulher assume e espaços que passa a ocupar, o que não ocorria,

somente, por motivos de diversão ou compras, mas também devido ao trabalho.

No Brasil, alguns limites eram impostos à entrada no mercado de trabalho das

moças das camadas médias e altas. Professora, datilógrafa, enfermeira,

telefonista, caixeiras de lojas, operárias de indústrias têxteis e alimentícias, eram

algumas das profissões permitidas às que procuravam o mercado de trabalho

(COUCEIRO, 2003, p. 170).

O fato de que haviam profissões permitidas implica a existência de empregos

adequados, ou não, à mulher (e, por outro lado, aos homens). Provavelmente, seriam os que

não afetassem a perda do que se entendia/atribuía como sua feminilidade. Assim, tal

deslocamento para a “rua”, como se percebe, precisa ser colocado entre aspas. Ele não vem

acompanhado de uma amenização das exigências morais, mas de um discurso machista,

defensor dos bons costumes, fortemente influenciado pelos princípios católico, jurídico e

médico, pois “[...] quanto mais ela escapa da esfera privada doméstica, tanto mais a

sociedade burguesa lança sobre seus ombros o anátema do pecado, o sentimento de culpa

diante o abandono do lar, dos filhos carentes, do marido extenuado pelas longas horas de

trabalho” (RAGO, 1993, p. 63 apud BURITI, 2004, p. 2).

O deslocamento na identidade do gênero feminino e a possibilidade, ainda que

rabiscada, de emancipação eram vistos com temor e espanto pelos mais resistentes às

mudanças que então eram engendradas. Dentre os discursos que intentavam reafirmar e

construir o estereótipo da mulher, está aquele que articula os caminhos da nação, a defesa

da família e o papel da mãe/esposa/filha. A relação é vista da seguinte forma: a mulher é

percebida enquanto base da família, a qual, por sua vez, é apreendida como fundamento da

nação. Tal correspondência é permeada pela ideia de honra, assimilada como “[...] uma

marca de superioridade moral e de civilização avançada” (BURITI, 2004, p. 3). A família

honrada, calcada na figura da mulher, representava o modelo básico do que deveria ser a

4 Na verdade, tanto os homens quanto as mulheres passaram a vivenciar o espaço público com mais intensidade. Tal

vivencia, entretanto, não se deu sem conflitos. A hierarquia social se mantinha, a rua não era de todos. Havia disputas pela

ocupação e uso do espaço público entre as camadas populares, a classe média e a elite. (COUCEIRO, 2003).

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sociedade brasileira e constituía-se como primordial na formação do caráter nacional

(COUTO, 1994)5.

As moléculas que formam uma pátria honrada são fabricadas no laboratório do

lar, sendo a mãe a principal bioquímica que, com as fórmulas do amor, da lúcia,

da submissão, construirá, junto ao marido, uma família e uma pátria

engrandecidas, honrada e cristã, impondo-se como superior às ‘mulheres da

rua’” (BURITI, 2004, p. 3).

Essa mulher, entretanto, não era “qualquer uma”, mas aquela devota, submissa a seu

papel de mãe e esposa exemplar, destituída de utilidade produtiva fora do lar e do

casamento, ordeira, recatada, casta, pudica, fiel. Também ela era circunscrita pela honra,

cuja presença ou ausência produzia dois modelos dicotômicos de mulher: a virtuosa e, sua

antítese, a maledicente, vulgar, louca, impura. Ainda segundo Buriti (2004), a desonra era

considerada um insulto a diversos poderes que visavam normatizar e controlar o

comportamento feminino: “[...] a) à autoridade paterna; b) às normas estabelecidas pelo

discurso católico quanto ao casamento e ao batizado; c) à reputação pública da família; d) a

sua própria integridade moral; e) ao patrimônio familiar; f) ao Estado” (p. 3).

Também não era a imagem da mulher pertencente à camada popular que estava

vinculada à nação, mas a da elite. Através da imprensa, aonde eram discutidas e veiculadas

as novas formas de ser e estar no mundo, tampouco, eram os hábitos da mulher pobre que

figuravam, “suas práticas cotidianas, longe de serem exaltadas por cronistas e colaboradores

dos jornais e revistas, foram relegadas aos fins de página e em letras pequenas. Um outro

mundo lhes era reservado. Mas isso é outra história” (BARROS, 2007, p. 20).

Entretanto, deve-se considerar que normas, valores, ideias e práticas se

movimentavam por entre diferentes redes sociais. O conteúdo propagado e construído pelos

meios de comunicação era colocado em circulação através do contato entre as distintas

camadas. As mulheres de classe média podiam ser compreendidas, segundo Barros (2007),

desempenhando o papel de “[...] multiplicadoras dos valores e ideias que lhes chegavam

através dos jornais e revistas” (p. 68), exercendo forte influência nas mulheres das camadas

populares. A questão de classe, contudo, não deve ser ignorada, posto que se relacione com

os modos de viver e perceber-se no mundo. “Dito de outra forma, os homens e as mulheres

das camadas populares apreendiam as diferenciações de gênero em outros espaços e por

outras pedagogias [...]” (ibidem, p. 20).

5 Disponível em: <http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/cp/arquivos/882.pdf>. Acessado em: 02/07/2014.

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Os lugares do feminino abordados nessa pesquisa são aqueles atribuídos à mulher da

classe média urbana, limitação imposta, de certa forma, pela fonte selecionada: A’Pilhéria,

entre outras produções do início do século 20, voltava-se para a divulgação do dia-a-dia

daquela classe (MEDEIROS, 2010)6. Fosse para exaltá-la, condená-la ou satirizá-la.

“Entende-se que os leitores e leitoras do semanário eram majoritariamente pertencentes às

classes médias urbanas, e ser da ‘Elite’, ou pelo menos, parecer ser dela, havia se tornado

desejo comum a muitos daquela época” (MELO, 2011, p. 401)7. Suas práticas são o

parâmetro para as representações e os discursos construídos e, portanto, para a análise aqui

empreendida.

Em conclusão, a introdução no mundo público, inicialmente, não se configura como

um indicativo de uma transformação no status de mulher aos olhos de seus

contemporâneos, “[...] pelo menos não nos de que se expressavam nas dezenas de revistas

que estavam circulando” (BARROS, 2007, p. 80). “Da casa para rua” tem mais a dizer

sobre outras formas pelas quais a mulher vai se percebendo no mundo e reconstruindo sua

subjetividade do que de um rearranjo nas relações de poder instituídas, que relegavam à ela

o papel de “mãe de família”, “dona de casa”, “sexo frágil”.

É necessário aqui pensar que as décadas iniciais do século XX não foram de um

progresso inquestionável para as mulheres em termos políticos, no entanto, por

estarem ultrapassando mais enfaticamente as soleiras das portas, causaram uma

impressão de invasão feminina aos olhos de homens e mulheres educados nas

famílias patriarcais. O discurso que vaticina uma quebra de fronteiras é, no nosso

entender, muito mais retórico e emblemático de uma perda de mando por parte

dos homens, e menos uma prática que estivesse acontecendo (ibidem, págs. 36-

37).

A visibilidade de comportamentos que fogem à norma através da imprensa e nos

espaços públicos, entretanto, pode ser apreendida como um esboço, intencional ou não, de

uma outra ideia de mulher e do feminino, que vai na direção contrária a essencialismos

redutores ou a discursos universalizantes que aprisionam – mulher e homem – a definições

homogeneizadoras; ignorando, portanto, a pluralidade do ser, a dinamicidade da vida e a

capacidade de reinvenção do humano.

Até aqui foram discutidas as práticas e costumes assumidos pela e atribuídos à

mulher nos anos iniciais do século XX. Doravante, discutir-se-á sobre a construção e

6 Disponível em: <http://revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180302022010093/1609>. Acessado em:

03/07/2014.

7 Disponível em: <http://www.unicap.br/coloquiodehistoria/wp-content/uploads/2013/11/5Col-p.397-408.pdf>. Acessado

em: 03/07/2014.

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(re)apresentação da imagem da mulher pela imprensa, evidenciado-se os discursos

engendrados pela revista A Pilhéria.

A importância em refletir sobre tal questão reside no poder que jornais e revistas

possuem em propor imaginários8, os quais podem ser compartilhados por membros de uma

sociedade sem que haja, necessariamente, interação entre eles. Dentre outras hipóteses

possíveis para tal fato, está a função desempenhada pela imprensa de gerar quadros

culturais orientadores do imaginário de um grupo, “[...] veiculando significados simbólicos,

valores e aspirações sociais [...]” (ALVES-MAZZOTTI, 2008, p. 32) que serão apropriados

pelo público leitor dos periódicos, mas também propagados através das redes sociais com as

quais este mantém relações. Subjaz aí uma ideia de circulação cultural. A imprensa não

opera, nessa direção, necessariamente como um espelho da sociedade, mas em seu processo

de construção, no sentido de que forja “[...] uma espécie de campo simbólico, dentro do

qual se moldaria uma certa identidade social [...]. Dá significado ao mundo. É disso que

realmente se trata; é para isso que, na sua pluralidade, concorrem as práticas discursivas”.

(TEIXEIRA, 1995, págs. 94-95).

As reflexões de Teixeira (1995) sobre os intelectuais e a modernidade nos anos 20,

apesar de não tratarem especificamente acerca da construção de uma imagem de mulher,

dão indícios para se pensar na imprensa como instituidora de representações sociais. Os

intelectuais, no início do século XX, eram figuras regulares na imprensa, empenhavam-se

em atender aos pedidos que faziam “[...] as revistas mundanas, os dirigentes e mandatários

políticos da oligarquia e que assumiam a forma de críticas, rodapés, crônicas, discursos,

elogios, artigos de fundo, editoriais” (MICELI, 2001 apud LUCA, 2008, p. 146). Nessa

época, o jornalismo conferia um status equivalente ao de escritor àqueles que o praticavam.

Assim, a imprensa, enquanto canal de escoamento das ideias dos intelectuais, e os

intelectuais, enquanto agentes da imprensa, associaram-se de forma a agendar a difusão de

opiniões, a propagação de atitudes e a construção de representações e estereótipos. A ideia

de agendar, no universo das teorias clássicas da comunicação, relaciona-se com os efeitos

exercidos pela imprensa em longo prazo, o que tem a ver com o poder desta sobre a opinião

pública (WOLF, 2003).

O agendamento é consideravelmente mais que a clássica asserção que as notícias

nos dizem sobre o que pensar. As notícias também nos dizem como pensar nisso.

Tanto a seleção de objetos que despertam a atenção como a seleção de

8 “[...] tem-se a noção de imaginário enquanto um conjunto de representações e historicamente construídas” (TEIXEIRA,

1995, p. 95).

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enquadramentos para pensar esses objetos são poderosos papéis do agendamento

(MCCOMBS & SHAW, 1993, p. 62 apud TRAQUINA, 2001, p. 33).

O fato de influenciar “como pensar” não significa que há um descolamento dos

intelectuais – “homens da imprensa” (TEIXEIRA, 1995) –, tampouco da própria imprensa,

de uma realidade concreta, com a qual se vinculam, identificam-se e são identificados

(PÉCAUT, 1990 apud TEXEIRA, 1995). Desse modo, as páginas das publicações, que

circulavam nos primórdios do século XX, são entrecortadas pela imprecisão peculiar

àqueles anos. Nelas se materializaram representações ambíguas sobre tradição e

modernidade, “mulher moderna” e “mulher tradicional”. No caso do presente estudo, trata-

se de analisar os discursos construídos pela revista A Pilhéria. “Isso porque a representação

do gênero é também sua construção e o discurso é um lócus privilegiado de disputa de

significados sociais, pois, nele estes significados podem ser revisados e subvertidos”

(BARROS, 2007).

A compreensão d’A Pilhéria como veículo significativo de representações sociais

passa pelo entendimento do surto das revistas ilustradas ou de variedades. Dentre as

diversas publicações que circulavam nos “tempos eufóricos”, essas revistas emergem como

“[...] principal produto da indústria cultural que então despontava” (LUCA, 2008, p. 121),

sendo sua proliferação impulsionada pelo desenvolvimento da impressão e reprodução. Elas

renovaram a forma em apresentar-se ao público através da inclusão de ilustrações,

fotografias e anúncios publicitários. Esses últimos tendo se convertido na sua principal

fonte de financiamento. Não só a estética era outra, mas o conteúdo diversificado dava

abertura para que fossem discutidos assuntos que iam desde casos policiais às últimas

fofocas da sociedade. O fato de relatarem acontecimentos ligados ao dia-a-dia dos leitores

em suas páginas, posicionou tais revistas em um horizonte de proximidade com o público,

“[...]diferente dos jornais, em que a primeira página trazia, invariavelmente, notícias de fora

do estado e do País” (MEDEIROS, 2010, p. 98).

As revistas ilustradas, novidade que se propagou e se impôs no início da centúria

passada, jogaram um papel fundamental não apenas na difusão de hábitos,

costumes, valores e sociabilidades urbanas [...], mas também na constituição da

visualidade e sensibilidade modernas, com suas páginas coloridas, tomadas por

fotos que tendiam a subordinar o texto [...] (LUCA, 2010, p. 8).

Dentre aquelas “[...] fundamentais para rotinizar o moderno e habituar o público às

novas exigências espaçotemporais [sic]” (ibidem, p. 9), encontra-se A Pilhéria: revista

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humorística de publicação semanal, que entra em circulação em três de setembro de 1921,

encerrando suas atividades em 19 de março de 1932, depois de 460 edições

(NACIMENTO, 1982). Comportava colunas e sessões, tais quais “O qui nós vê na capitá”,

“Bataclan”, “Perguntas Indiscretas”, “Crônica Social”, “Despachos”, “Vida Alheia”,

“Teatros e Desportos”, “Futilidades”, “Elegâncias”, “Mlle. Recife”, “De Monóculo”, entre

tantas outras que iam e vinham, sendo constantemente substituídas devido ao revezamento

dos colaboradores9, cuja quantidade era por vezes definida pela ampliação ou redução do

número de páginas.

Segundo Barros (2007), apesar de ser uma revista de variedades, conclamava

especialmente as mulheres a comprarem seus exemplares, política que funcionou, segundo

a autora, como aponta os quase dez anos ininterruptos nos quais foi veiculada. De forma

geral, o público-alvo era a classe média urbana, como já se procurou pontuar. Nessa

direção, sendo as representações “[...] determinadas pelos interesses de grupos que as

forjam” (CHARTIER, 2002, p. 17 apud MELO, 2011, p. 400) deve-se considerar, para a

análise dos textos do periódico, que os conhecimentos relativos ao objeto/sujeito da

representação – no caso dessa pesquisa, a mulher – vinculam-se com as perspectivas,

necessidades e valores do grupo social de onde emergem, estando aí inclusos não só os

produtores da mensagem (jornalistas, intelectuais), mas também aqueles para os quais ela se

direciona: os receptores. Isso por que eles não são passivamente influenciados pelo que

leem, se não chegam a pautar as notícias e o modo pelo qual serão veiculadas,

ressignificam-nas de acordo com seus repertórios pessoais e visões de mundo. As

representações, assim, são entrecortadas por múltiplas trajetórias de sentido. O que não

elimina o fato de serem elas “[...]construídas por meio de um discurso elaborado e exposto

a uma determinada sociedade por um grupo dominante” (MELO, 2011, p. 400).

Deve-se destacar o caráter humorístico d’A Pilhéria, que, como indica o próprio

nome, propõe-se a fazer graça, piada, zombaria, troça. Medeiros (2010) considera que o

humor é capaz de adquirir um duplo poder, pois, ao mesmo tempo em assume uma função

de controle, “[...] suaviza o conflito, amaina os ânimos e permite que se fale das coisas do

dia-a-dia com um distanciamento, como se tratássemos de um capítulo na vida de pessoas

distantes” (p. 100). Nesse sentido, o tom de anedótico, através do qual as coisas são ditas,

atenua ou disfarça o discurso humorístico enquanto produtor de significados, identidades,

representações, modelos. Afinal, sempre se pode dizer: “é só uma brincadeira”. Ainda cabe

9 Apesar do caráter intermitente das colunas, “[...] não faltava, jamais, a página ‘O qui nós vê na capitá’”

(NASCIMENTO, 1982, p. p. 128).

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sublinhar que não há tal coisa como uma ontologia do humor. Ele é um fenômeno cultural e

histórico, vincula-se a determinadas realidades e contextos e é dotado de uma significação

social (BREMMER, e ROODENBURG, 2000). Não se ri de algo quando não se entende a

mensagem.

Os discursos d’A Pilhéria localizam-se nesse universo de reflexões, os quais devem

ser levados em consideração para a realização das análises empreendidas. Finalmente, a

reflexão de Barros (2007) arremata as relações que se ensejou estabelecer entre o periódico

supracitado, o humor e a criação de representações.

Num tom jocoso e irônico, os colaboradores não perdiam oportunidade de

alfinetarem as transformações nas relações entre homens e mulheres e as

alterações na própria maneira de se vivenciar um e outro papel naquele período

de intensa remodelação urbana. Esta revista é um rico material para

acompanharmos as descrições das práticas femininas e masculinas na cidade e as

opiniões dos contemporâneos (p. 69).

As representações que figuravam nas páginas d’A Pilhéria, assim como em outras

tantas publicações que circulavam nos primórdios do século XX, não só refletiam as

transformações das práticas e dos papeis femininos, perpassadas por um movimento

conflituoso de permanências e rupturas, mas também eram geradas pela própria imprensa

através dos seus discursos e imagens. A análise dos discursos d’A Pilhéria pretende

entender quais eram as representações produzidas e reproduzidas sobre a mulher, partindo-

se do pressuposto de que não há tal coisa como uma “essência de mulher”, mas concepções

historicamente situadas.

Poder-se-ia dizer que as categorias de representação predominantemente

evidenciadas na revista constroem-se em torno das condutas desejáveis e admissíveis e

daquelas que não o são. Por sua vez subdivididas nos modos de se apresentar e nos papeis

assumidos, compreendidos através das relações com os espaços públicos e privados.

Certamente que não se configuram em categorias excludentes, nem carregam em si um

significado absoluto. Pelo contrário, interpolam-se e se sustentam umas nas outras, estando

todas elas perpassadas pelos sentidos e conflitos engendrados naquela época, materializados

nos modos de ser e agir perante no mundo.

O que se entende por “desejáveis e admissíveis” são aquelas condutas que estão na

ordem do dia de uma determinada sociedade, contextualizada no tempo e espaço. As que

não o são referem-se aos comportamentos estranhos e/ou perigosos. Na verdade, trata-se de

uma leitura de mundo tecida por alguém com poder para tal, não de uma verdade universal.

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A questão dos modos de se apresentar refere-se, principalmente, à moda: são

condenados os cabelos cortados à la garçonne e também os pintados de tinta loira

(oxigenados), o uso de maquiagem (batons vermelhos e lápis de olho) e de vestidos acima

do joelho, com ombros nus e tecidos transparentes, sendo a principal representação a da

melindrosa, personagem a quem se atribui o caráter de frívola, exibida, dissimulada,

maliciosa, perigosa, sedutora e, até mesmo, degenerada, imoral e pecadora; por sua vez,

aceitam-se vestimentas consideradas recatadas e que não indiquem um insinuar-se da

mulher, ou seja, que cubram e ocultem ao máximo o corpo feminino, desprovido de

sexualidade e cuja principal utilidade é a reprodução. Na verdade, as representações falam

de outra estética, mas não remodelam as formas de aceitar a feminilidade.

Chega-se, então, no ponto dos papeis assumidos: são, não só aceitos, mas exigidos

pela sociedade, o desempenho das funções de mãe, esposa, filha, as quais se vinculam com

a ideia de família e honra. Em oposição, têm-se aquelas mulheres que adentram no mundo

do trabalho e nos espaços de consumo capitalista. Elas próprias se tornam freguesas das

casas de chá, dos cinemas e teatros, das lojas de automóveis, indumentárias e cosméticos.

Nesse sentido, percebe-se a grande quantidade de publicidade veiculada n’A Pilhéria

voltada ao público feminino e responsável por grande parte do financiamento da revista. No

primeiro caso, o âmbito aonde as mulheres circulam é a esfera privada do lar, sendo tratadas

enquanto honradas, puras, prendadas. Essa é a representação naturalizada da figura da

mulher. Por outro lado, o segundo caso indica uma penetração no espaço público. A

ultrapassagem do cerco doméstico não quer dizer, necessariamente, um rearranjo nas

relações de poder instituídas, mas trazem em si a possibilidade de outra existência.

Essas representações parecem estruturar-se, predominantemente, de forma

dicotômica, apesar de entrecruzadas nos discursos analisados d’A Pilhéria. É inconcebível

uma mãe honrada ou boa esposa trajar um vestido curto, sair pela rua sozinha, dirigir seu

automóvel; dá-se permissividade as “vitalinas” de usarem maquiagem, mas não as moças

jovens; aceita-se o feminismo, resumido à luta por cargos públicos e o direito ao voto, pois

ele não atrapalharia o logro do casamento, já que os homens são necessários às mulheres e

por isso não seriam substituídos; associa-se a degeneração do século com os novos

costumes assumidos por ambos os sexos. Enfim, são múltiplas as representações possíveis,

a fonte investigada apontou para algumas possibilidades interpretativas, as quais,

certamente, não se encerram aqui.

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Outros tempos, novos olhares? Parece esse questionamento condicionar as reflexões

até realizadas. Nas páginas d’A Pilhéria materializaram-se representações ambíguas acerca

da imagem feminina. O despontar de outros hábitos, comportamentos e práticas, nos

primórdios do século XX, não implicaram, nem significaram, necessariamente, um

abrandamento da moral que circunscrevia a mulher. Pelo contrário, suscitaram sensações de

estranhamento e temor para alguns e algumas, sendo alvo de discursos normalizadores

calcados na ideia da preservação da família, da honra, da nação e da decência pública, tais

quais o religioso, o médico e o jurídico.

Contos, crônicas e poesias eram tomados de um saudosismo conservador atrelado a

um arquétipo ideal de mulher predominante em séculos anteriores, perpassados por um tom

condenatório dos novos costumes ou conferiam permissividade restrita a algumas

atividades. Estão em jogo as percepções e os significados socioculturais atribuídos a um

determinado objeto/sujeito da realidade através da produção e veiculação de representações

em sua referência, as quais podem materializar-se através da imprensa. Essas

representações dizem respeito, portanto, a (re)construção e o sentido dado ao mundo social,

atrelando-se a hierarquia de valores prevalentes na sociedade e nos grupos específicos com

os quais se vinculam. No caso desta pesquisa, trabalhou-se com as representações das

mulheres da classe média urbana, principais personagens femininas que figuravam nas

páginas d’A Pilhéria.

Os papeis e hábitos assumidos pela mulher, no início do século XX, são vivenciados

de forma difusa. Não obstante as mudanças no corpo feminino, sua presença cada vez mais

constante fora do âmbito doméstico e a visibilidade que ganha ao circular pelas ruas,

arquitetam-se discursos repressivos, que reafirmam lugares-comuns e as hierarquias

tradicionais de gênero instituídas, atribuindo às mulheres as funções que desempenham no

lar enquanto inerentes à sua natureza. Se não houve de fato uma quebra de fronteiras

naqueles anos iniciais do século XX, a (re)construção de subjetividades e dos modos de

perceber-se permitiram que fosse vislumbrada a possibilidade da criação e o

estabelecimento de outras relações no mundo, com as pessoas.

A melindrosa, a consumidora e a emancipada, a mãe de família e a esposa honrada,

fundamento da nação, são formas paradoxais de representar as mulheres, que se conectam

com os modos pelos quais elas se apresentam e/ou com as suas práticas. Não há um único

modelo, ecoam imagens difusas e dicotômicas que atribuem características positivadas a

algumas e classificam negativamente outras. O que está em jogo é a prática de nomeação,

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classificação, enquadramento posta em ação por esses e outros dizeres, que acaba por

aprisionar os seres em rótulos que não precisariam ser necessariamente excludentes entre si:

afinal, o que de fato impede uma mulher que gosta de ir ao cinema, frequentar casas de chá,

dirigir automóveis, passear pelas ruas, cortar os cabelos, pintar o rosto e trabalhar fora de

casa em ser uma mulher amável? A exclusão se dá porque “alguém” com poder de

enunciação assim o fez, criando universos e papéis femininos e universos e papéis

masculinos. A situação parece perseguir o gênero, perpetuando-se nos dias de hoje através

de formas por vezes imperceptíveis

A tentativa, aqui empreendida, de entender as representações produzidas vai na

direção de historicizá-las para que não sejam tomadas em essência, enquanto verdades

absolutas e imutáveis. Adversamente, revelaram-se em sua fluidez, atravessadas por

interesses que conferem à mulher múltiplos sentidos – os quais se ensejou investigar e os

quais se deseja desconstruir.

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