1-Enfermeira. Especialista em Enfermagem Pediátrica e Neonatal pela Atualiza Pós-Graduação. E-mail: lennealmeida@yahoo.com.br. 2-Enfermeira. Especialista em Enfermagem Pediátrica e Neonatal pela Atualiza Pós-Graduação.E-mail: thauanarocha@yahoo.com.br. 3-Enfermeira. Doutoranda. Docente da Associação Atualiza Cursos. E-mail: mendes_amc@yahoo.com.br

A IMPORTÂNCIA DO PAPEL DO ENFERMEIRO NAS CONSULTAS DE PUERICULTURA NA ATENÇÃO BÁSICA: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO

THE IMPORTANCE OF NURSE’S ROLE DURING CHILDCARE VISITS TO

PRIMARY CARE: A BIBLIOGRAPHIC STUDY

Charlene Cruz Almeida Pinto1

Thauana Oliveira Rocha2

Ana Márcia Chiaradia Mendes3

RESUMO A consulta de puericultura é entendida como sendo um conjunto de regras e noções sobre a arte de cuidar fisiológica e higienicamente das crianças. O Enfermeiro é o profissional que monitoriza a evolução da criança, apóia e orienta a família, compreendendo e lidando com os efeitos dos determinantes culturais, sociais e ambientais, intervindo de forma apropriada para manter saudável esse pequenino ser. Diante disso o presente estudo tem como objetivo descrever a importância do papel do enfermeiro nas consultas de puericultura da Atenção Básica, através de uma abordagem bibliográfica, de caráter descritivo realizado no período de janeiro a setembro de 2010, utilizando 11 artigos disponíveis nas bases de dados informatizadas, publicados no período de 2005 a 2010, elaborados por enfermeiros, cujos temas estão relacionados ao papel deste profissional nas consultas de puericultura na atenção básica. Com base nas obras analisadas, constatamos que o papel do enfermeiro é e continuará sendo de fundamental relevância no intere da saúde da criança dentro do contexto da atenção primária, o que favorece a um aumento dos atendimentos de melhor qualidade aos infantes. Descritores: Puericultura. Enfermagem. Atenção Básica.

ABSTRACT A childcare visit is understood as a conjunct of rules and notion about art of cares physiologic and hygienic of children. The nurses is the professional who monitors the children evolution, supports and orients the families, understanding and dealing with the effects of determinants of cultural social and environmental intervened appropriately to stay healthy this tiny child. Therefore this study aims to describe the important nurses ‘ role during childcare visits to primary care, through an integrated bibliographic and descriptive carried out from January to September 2010, using 11 items available in databases computerized, published between 2005 to 2010, prepared by nurses, whose themes are related to the professional’s role during childcare visits to primary care. Based on the works analyzed, we found that the nurse's role is and will be of fundamental importance in the interest of the child's health within the context of primary care, which favors an increase in better quality care to infants. Descriptors: Childcare. Nursing. Primary care.

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1 INTRODUÇÃO

O termo puericultura surgiu em 1762, em um tratado do suíço Jacques

Ballexserd, chegando ao Brasil por meio de Moncorvo Filho, fundador do Instituto de

Proteção e Assistência à Infância do Rio de Janeiro, em 1899. (GARCIA et. al.,

2008).

Segundo Low & cols. (2009), esta atividade emerge com um foco

essencialmente na saúde pública, a posteriore, firma-se como uma complementação

da pediatria personalizada dos ambulatórios. Sendo então de fundamental

relevância, pois através dela, o enfermeiro tem subsídios para averiguar de modo

mais precoce os diversos desequilíbrios nas áreas do crescimento, da nutrição e do

desenvolvimento neuropsicomotor da criança.

Para Rocha S. M. M. (1990) apud Lima & cols. (2009), a consulta de

puericultura é entendida como sendo um conjunto de regras e noções sobre a arte

de cuidar fisiológica e higienicamente das crianças, a qual tem como objeto a

criança sadia e sua meta é um adulto saudável fisicamente, psicologicamente

equilibrado e socialmente útil.

Del Ciampo & cols. (2006) entendem que as ações de puericultura priorizam a

saúde em vez da doença e seus objetivos básicos contemplam a promoção da

saúde infantil, prevenção de doenças e educação da criança e de seus familiares,

por meio de orientações antecipatórias aos riscos de agravos à saúde, podendo

oferecer medidas preventivas mais eficazes.

Acredita-se que a equipe de saúde, ao considerar as vulnerabilidades em que

a criança e sua família estão inseridas, pode planejar e executar um cuidado integral

à saúde, favorecendo, desta forma, a identificação e a construção de redes de

apoio, tanto em nível hospitalar quanto domiciliar. (PEDROSO et. al., 2010).

O infante deve ser atendido por uma equipe interdisciplinar que compreenda

suas necessidades e direitos como indivíduo. Entre os eixos de ações a serem

desenvolvidos estão o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil,

incentivo ao aleitamento materno e alimentação saudável, combate à desnutrição e

anemias, imunização, prevenção de acidentes, maus tratos/violência e trabalho

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infantil, atenção às doenças prevalentes, atenção à saúde bucal e mental e atenção

a portadores de deficiência (GEHRMANN & cols., 2007).

Silva & cols. (2009), ressaltam que a assistência de enfermagem em

puericultura, associada à visita domiciliar, é oportuna para intervenções educativas

e/ou assistenciais.

Almeida M. C. P. (1991) apud Peña & cols. (2006), afirma que a enfermagem,

como prática social permite estudar o seu próprio desempenho, identificando seus

momentos de atenção, agentes de trabalho, instrumentos e finalidade, para o qual

foi considerado o conceito de organização tecnológica do trabalho. Desta forma, o

enfermeiro integra uma rede de profissionais altamente qualificados e habilitados

para refletir/atuar sobre o processo saúde-doença, no contexto das consultas de

puericultura na atenção básica, viabilizando a qualidade desse serviço.

Subsidiado por essas questões, o presente artigo tem como objetivo

descrever a importância do papel do enfermeiro nas consultas de puericultura da

atenção básica.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliográfico, de caráter descritivo realizado no período

de janeiro a setembro de 2010. De acordo com Minayo (2007), tal pesquisa é

caracterizada quando elaborada a partir de material já publicado, constituído

principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material

disponibilizado na internet.

De acordo com Cervo & Bervian (2002), pesquisa bibliográfica é aquela a que

se empenha em explicar um problema tendo como suporte às referencias teóricas

publicadas em documentos, os quais trazem contribuições culturais e cientificas do

passado vivenciado e analisa por sua vez um determinado assunto, tema ou

problema.

Inicialmente foram encontrados 100 artigos, desses foram selecionadas 11

obras, especificamente, de acordo com a temática vigente e aquelas publicadas em

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periódicos nas línguas, portuguesa e espanhola, indexados nas bases de dados

informatizadas, dentre elas: SCIELO, MedLine, BDENF (Base de Dados de

Enfermagem – Bireme) e LILACS (Literatura Latina Americana e do Caribe em

Ciências da Saúde). Para tanto foram utilizadas as terminologias registradas na

Bireme: “puericultura”, “atenção básica” e “papel do enfermeiro”, realizando

cruzamentos entre elas com o intuito de encontrar a produção científica referente ao

tema em estudo. Além de se utilizar de bibliografias referenciadas específicas ao

tema em questão como forma de fundamentação teórica embasada em preceitos

reafirmados acerca da temática envolvida.

Foram utilizados os seguintes critérios de inclusão para os artigos

pesquisados: temas relacionados ao papel do enfermeiro nas consultas de

puericultura na atenção básica, publicações no período de 2005 a 2010 e o

enfermeiro inserido como autor ou co-autor.

Após a leitura dos artigos encontrados, de acordo com os critérios de

inclusão, foram selecionados um total de onze (11) publicações. A partir disso,

realizou-se a leitura dos mesmos com a finalidade de se obter as informações

pertinentes, de forma a organizá-las por subtemas, facilitando a análise e

compreensão do estudo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 A Consulta de Puericultura na Atenção Básica

A atenção básica, após a Conferência de Alma -Ata, em 1978, foi reconhecida

como uma ação integral e permanente devendo compor os sistemas de saúde bem

estruturados e comprometidos com a qualidade de vida dos cidadãos, tratando

simultaneamente o indivíduo e a sua comunidade. (DEL CIAMPO et. al., 2006).

No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) instituiu estratégias básicas de atenção

à Saúde da Criança, por meio do PAISC – Programa Nacional de Atenção à Saúde

da Criança. O qual estabelecia diretrizes e objetivos para a execução de ações que

favoreciam o crescimento, o desenvolvimento, a qualidade de vida da criança; a

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redução da mortalidade infantil; o atendimento periódico e contínuo; o

acompanhamento do processo de crescimento e desenvolvimento (CD) da criança;

o incentivo ao aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade; orientação

alimentar no primeiro ano de vida; a imunização efetiva; a identificação dos

processos patológicos, favorecendo o diagnóstico e o tratamento precoce. (BRASIL,

1984).

O MS propõe um calendário mínimo de consultas, sendo distribuídas da

seguinte maneira: 01 (uma) consulta até os 15 dias de vida; consultas com 01 mês,

04, 06, 09 e 12 meses de idade, totalizando assim, 07 (sete) consultas no primeiro

ano de vida da criança. (BRASIL, 2002).

Segundo Ricco & cols. (2005), as ações desenvolvidas numa consulta de

puericultura na atenção básica, além de serem direcionadas às crianças, refletem

sobre o seu meio sócio-cultural, principalmente considerando o papel da família

neste contexto, pois sem o apoio da mesma, tais ações não obtêm o devido

sucesso.

A assistência às famílias e às crianças, nos domicílios e nas unidades básicas

de saúde, podem modificar positivamente o atual padrão epidemiológico da saúde

da criança. O diagnóstico precoce e decisões apropriadas, quer seja através da

assistência no nível local do sistema de saúde, ou nos serviços de maior

complexidade tecnológica – níveis secundário e terciário – podem ser facilitados a

partir do uso de protocolos clínicos e normas de atendimento. (CEARÁ, 2002)

Del Ciampo & cols. (2006) enfatizam que a puericultura voltada para os

aspectos de prevenção e de promoção à saúde, atua no sentido de manter a criança

saudável garantindo seu pleno desenvolvimento, de modo a atingir a vida adulta

sem influências desfavoráveis de problemas vivenciados na infância.

MONTEIRO et. al. (2000) apud CORREIA & cols. (2010) reforça que os

recursos como a puericultura, que teve seu início datado do século XIX, na França, e

se estendeu por outros países, auxiliam até hoje, os profissionais da atenção básica

na assistência à saúde infanto-juvenil, familiar e comunitária. Dessa forma, contribui

intensamente no melhor atendimento ao infante.

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3.2 O papel do Enfermeiro nas Consultas de Puericultura

As crianças têm chamado a atenção do sistema de saúde por se considerar

que a infância é uma das fases da vida na qual ocorrem as maiores modificações

biopsicológicas e físicas, bem como por esse grupo ser mais vulnerável aos agravos

de saúde, requerendo, por isso, um acompanhamento mais de perto. (OLIVEIRA &

CADETE, 2007).

Segundo CEARÁ, (2002) o Enfermeiro é o profissional que monitoriza a

evolução da criança, apóia e orienta a família interagindo com a mesma,

compreendendo e lidando com os efeitos dos determinantes culturais, sociais e

ambientais, intervindo de forma apropriada para manter saudável esse pequenino

ser.

Low e cols. (2009) relatam que as ações de enfermagem na puericultura

iniciam-se pelo Acolhimento, visto que a recepção das mães e recém-nascidos é de

fundamental importância para um bom atendimento. Isso é um aspecto de

fundamental importância para o equilíbrio entre a relação enfermeiro-família-criança.

Pedroso & Rosa, (2009) encaram a consulta de enfermagem de forma que

esta deve conter em seu âmago a identificação e procura de soluções para um

determinado problema, demonstrando o seu caráter educativo, e assim, favorecer

para a aquisição e troca de saberes. Tais autores ainda ressaltam que esta atividade

é privativa do Enfermeiro, e consiste na aplicação do processo de enfermagem ao

indivíduo, à família e à comunidade.

Para Silva & cols. (2009) a consulta de enfermagem aliada à visita domiciliar

permite a prevenção de doenças, a promoção da saúde e ações de cura e

reabilitação da saúde do indivíduo, se utilizando de metodologias que propiciem

ações educativas e assistenciais baseadas no contexto social e em um cuidado

integral que busca a continuidade e qualidade da assistência.

De acordo com Del Ciampo & cols. (2006) as visitas domiciliares, previamente

agendadas pelo enfermeiro e em companhia dos agentes comunitários de saúde

(ACS), têm relação intrínseca com as consultas de puericultura, pois tem como

objetivo inicial conhecer as crianças em seu âmbito familiar e social. Permitindo

assim, identificar as necessidades e possibilidades da criança, considerando as

relações sociais e os recursos disponíveis. E então, verificar a analogia da

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dependência dessa criança, de suas características físicas; de personalidade;

princípios e valores herdados entre tais. Isso pode interferir diretamente ou

indiretamente no processo saúde-doença.

Para tanto, cabe salientar que os profissionais de saúde, em particular o

enfermeiro, necessitam de saberes e práticas de cuidados bem compreendidos em

sua teoria e prática, simultaneamente, levando-se em consideração que o cuidar

implica em conhecer; respeitar; valorizar; confiar e interagir com o outro.

Destacando-se dessa maneira, a formação de conhecimento e o crescimento

mútuos, através das vivências das mães e familiares responsáveis pelo infante,

acerca da promoção adequada do crescimento e desenvolvimento da criança.

(ZANATTA & MOTA, 2007).

Desta forma, Oliveira & Cadete (2007) ressaltam que a consulta de

enfermagem em puericultura, não deve perder de vista a promoção da saúde por

meio de ações educativas, que consistem em avaliar e promover a aquisição de

competências para atender também a outras necessidades das crianças, tais como

comunicação, higiene, imunização, sono, nutrição, afeto, amor, solicitude e

segurança. Sendo de grande relevância que haja uma orientação eficaz para as

mães, e assim, incentivá-las e assegurá-las no que diz respeito ao cuidado com

seus filhos.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer do estudo em questão vale ressaltar que o enfermeiro se destaca

como um dos profissionais mais citados pelos autores como o profissional

capacitado e habilitado para intervir na melhoria organizacional das consultas de

puericultura na atenção básica. O seu papel é, e continuará sendo de fundamental

relevância no intere da saúde da criança dentro do contexto na pesquisa em

questão, o que favorece a um aumento dos atendimentos de melhor qualidade aos

infantes.

Observou-se durante a elaboração desta pesquisa que ainda existem poucas

publicações referentes à especificidade da relevância do papel do enfermeiro

perante as consultas de puericultura, porém percebeu-se que há uma evolução nas

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produções científicas por parte dos profissionais enfermeiros, o que se constata a

real necessidade desta classe de refletir ainda mais sobre o seu papel neste

processo e progredir muito mais nas suas pesquisas e publicações, levando assim,

à melhoria da qualidade da assistência do enfermeiro nas consultas de puericultura.

5 REFERÊNCIAS BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Centro de Documentação. Assistência integral à saúde da criança: ações básicas. (Série B: Textos Básicos de Saúde, n.7). Brasília, 1984. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil / Brasília: Ministério da Saúde, 2002. CEARÁ. SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO. Manual de Normas para Saúde da Criança na Atenção Primária. Fortaleza: SESA, 2002. CERVO, L. A.; BERVIAN, A. P.; Metodologia Cientifica. 3ª. Ed. São Paulo: Mc Graw-Hill do Brasil, 1983. CORREIA, W.T.F; RODRIGUES, A.F.S.F; MESQUITA, V. L. S. A Assistência de Enfermagem na Puericultura Frente a Casos de Escabiose. Rev. APS, Juiz de Fora, v. 13, n. 2, p. 224-230, abr./jun. 2010. DEL CIAMPO, L. A.; RICCO, R. G.; DANELUZZI, J. C.; DEL CIAMPO, I. R. L; FERRAZ, I. S., ALMEIDA, C. A. N.; O Programa de Saúde da Família e a Puericultura. Rev. Ciência & Saúde Coletiva, v.11, n. 3, novembro, 2006. GARCIA, B. L. de; MACHADO, C. M.; FERNANDES, J. M.; MIRAPALHETE, I. M. C; BURILLE, A.; QUADROS, L. de C. M. de. Avaliação do Programa de Puericultura em uma Unidade Básica no Município de Pelotas/RS. Anais do XVII CIC (Congresso de Iniciação Científica) – Conhecimento sem fronteiras – 2008. GEHRMANN, T.; PAIVA, K. V.; AQUINO, M. W.; BOEHS, A. E. O grupo como estratégia para a atenção integral da criança lactente. Rev. Cienc. Cuid. Saúde. (SC) - Jan/Mar, 2007.

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